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GEOGRAFIA GEOGRAFIA URBANA Jenifer Ranieri Stagni Barboza Marcelo de Souza Loureiro http://unar.info/ead2 GEOGRAFIA URBANA Profª. Esp. Jenifer Ranieri Stagni Barboza Prof. Esp. Marcelo de Souza Loureiro 2 SUMÁRIO UNIDADE 01. UMA BREVE REFLEXÃO ...................................................................................... 3 UNIDADE 02. ESTUDOS DE MORFOLOGIA URBANA ............................................................. 7 UNIDADE 03. CONCEITOS SOBRE URBANIZAÇÃO .............................................................. 12 UNIDADE 04. CIDADES GLOBAIS ............................................................................................ 17 UNIDADE 05. O INÍCIO DA URBANIZAÇÃO NO BRASIL ...................................................... 22 UNIDADE 06. AS CIDADES MAIS ANTIGAS DO BRASIL E DO MUNDO ............................. 26 UNIDADE 07. O AVANÇO DA URBANIZAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE A PARTIR DO SÉCULO XIX ................................................................................................................................ 30 UNIDADE 08. SEGREGAÇÃO URBANA ................................................................................... 35 UNIDADE 09. HIERARQUIA URBANA ..................................................................................... 40 UNIDADE 10. MACROCEFALIA E PERIFERIZAÇÃO URBANA ............................................... 46 UNIDADE 11. O FENÔMENO DA METROPOLIZAÇÃO ......................................................... 51 UNIDADE 12. MIGRAÇÕES E OS PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO ..................................... 55 UNIDADE 13. NOVOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL .................................... 60 UNIDADE 14. OUTRAS QUESTÕES RELACIONADAS ÀS MIGRAÇÕES ............................... 66 UNIDADE 15. PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS – I ...................................................... 71 UNIDADE 16. URBANIZAÇÃO INADEQUADA E PROBLEMAS POLÍTICOS ......................... 76 UNIDADE 17. PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS – II ..................................................... 81 UNIDADE 18. OCUPAÇÃO IRREGULAR DO SOLO E DESLIZAMENTO DE TERRAS ........... 86 UNIDADE 19. REVITALIZAÇÃO E REFUNCIONALIZAÇÃO DAS CIDADES .......................... 91 UNIDADE 20. BROWNFIELDS .................................................................................................. 95 3 UNIDADE 01. UMA BREVE REFLEXÃO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Apresentar de forma geral os principais conceitos relacionados à Geografia Urbana. Compreender as cidades como criação humana, ou seja, um espaço que é fruto do processo histórico-geográfico e que aparece em constante transformação. ESTUDANDO E REFLETINDO No campo da Geografia vários autores tentaram definir o que é a cidade com a finalidade de melhor entender esse espaço complexo, fruto das relações sociais (trabalho). Para Auzelle a cidade é um lugar de trocas, enquanto para Ratzel é uma forma de aglomeração durável. Já Ana Fani define a cidade como um “campo privilegiado de lutas de classes e movimentos sociais de toda espécie” (CARLOS, 2005). Como lugar de troca ou palco dos conflitos sociais a cidade é constituída de objetos (construções) e fluxos (trocas comerciais, sociais e naturais). De maneira geral pode-se definir o termo como todo aglomerado permanente cujas atividades não se caracterizam como agrícolas. Entender ou definir o que é a cidade torna-se algo complexo à medida que se observa que esta é produto da atuação de diferentes agentes e de vários fatores. Nesse contexto se torna necessário a abordagem de alguns conceitos chaves para a Geografia Urbana, tais como: urbanização, crescimento urbano, sítio urbano, metropolização, redes urbanas, funções urbanas etc. Primeiramente é necessário esclarecer alguns termos que acabam confundindo muitas pessoas, um exemplo seria o uso dos conceitos: Município 4 e Cidade como sinônimos. O Município, grosso modo, é a junção da zona rural com a zona urbana, já a Cidade corresponde ao perímetro urbano. De acordo com a ONU, a cidade é o local onde está instalada a sede administrativa do município. Na imagem a seguir conseguimos perceber melhor essa diferença. Outros dois conceitos que muitas vezes são usados como sinônimos pelo senso comum são: Urbanização e Crescimento Urbano. Vale ressaltar que Urbanização é diferente de Crescimento Urbano, pois o processo de urbanização é fruto do desenvolvimento econômico de uma determinada área e consiste no deslocamento de um grupo de pessoas da zona rural para a zona urbana (cidade). Assim só ocorrerá a urbanização quando a população urbana crescer mais que a população rural. O município de São Caetano do Sul/SP é um dos menores do Brasil. Repare que a cidade ocupa praticamente todo o seu espaço territorial, ao contrário dos vizinhos que tem grandes áreas verdes. 5 ZONA URBANA ZONA RURAL Fotos Hélder Henrique J. Gasperoto Logo, crescimento urbano corresponde à expansão física da cidade, ou seja, esse fenômeno está ligado ao crescimento da área urbana, sendo causado pelo aumento do número de casas, prédios, ruas, praças, estabelecimentos comercias etc. Observe o esquema a seguir que exemplifica o crescimento urbano: http://www.slideshare.net/vallmachado/urbanizao-e-crescimento-urbano-finalizado 6 Observando o esquema do crescimento urbano, percebe-se que a área urbana ao crescer vai ocupando os espaços que antes eram destinados a práticas agrícolas. BUSCANDO O CONHECIMENTO O sitio urbano por sua vez seria o lugar de implantação inicial da cidade. A escolha da posição do sitio urbano é fundamental para o desenvolvimento da cidade, apresentando vantagens e desvantagens para seu desenvolvimento. O relevo, por exemplo, pode facilitar ou dificultar a relação da cidade com os espaços vizinhos, de acordo com Ross (1995), quanto maiores forem às condições que uma cidade possui para se articular territorialmente com outras localidades, facilitando os transportes e as trocas comerciais, maiores serão suas chances de crescer. Outro exemplo interessante seriam os sítios urbanos posicionados próximos a rios, tendo como ponto positivo o fácil abastecimento de água, porém como ponto negativo pode ser citado a grande probabilidade de enchentes e contaminação do lençol freático por produtos químicos/chorume. Mas atualmente os fatores naturais não aparecem mais como limitadores ou facilitadores da expansão urbana, uma vez que os meios de transportes revolucionaram a relação espaço-tempo, e o desenvolvimento tecnológico permitiu a superação de alguns obstáculos que dificultavam a ocupação de determinadas áreas. 7 UNIDADE 02. ESTUDOS DE MORFOLOGIA URBANA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Entender como os fatores naturais podem influenciar na expansão urbana de um município. O estudo da morfologia urbana é indispensável para se pensar o futuro dessas ocupações. ESTUDANDO E REFLETINDO Trabalhos Sobre Morfologia Urbana. Aragão (2006) salienta que os trabalhos sobre morfologia urbana apareceram na Europa no fim do século XIX. Ainda diz que, “Schlüter estabeleceu a morfologia da paisagem cultural em contraposição à geomorfologia (ciência que estuda as formas do relevo), dando ênfase à análise da paisagem urbana nos países industriais” (ARAGÃO, 2006, p. 33). De acordo com Mudon (1997) um grupo relevante nos estudos da morfologia urbana estruturou-se a partir de uma variedade de disciplinas incluindo arquitetos, historiadores, geógrafos e cientistas ligados ao planejamento. Esse grupo incluía indivíduos provenientes da Inglaterra, França,Alemanha, Irlanda, Suíça, Japão, Austrália e EUA. O Seminário Internacional sobre Forma Urbana (ISUF) deu maior evidência aos estudos de morfologia urbana. As reuniões possibilitaram o reconhecimento da expansão da morfologia urbana (Mudon 1997). Nas considerações de Aragão (2006) constata que: 8 O termo “morfologia” vem do grego (morphé + lógos + ía) e significa “a ciência que estuda a forma” ou “a ciência que trata da forma”. Do ponto de vista urbanístico, a morfologia pode ser definida como o estudo da forma urbana ou o estudo dos aspectos exteriores do meio urbano, por meio do qual se coloca em evidência a paisagem e sua estrutura. (ARAGÃO, 2006, p.33). Dois indivíduos são destaque no campo da morfologia urbana: o primeiro, MRG Conzen, geógrafo alemão que migrou para a Inglaterra antes da II Guerra Mundial, para estudar e praticar o planejamento urbano e ensinar geografia. E o segundo, Severio Muratori, arquiteto italiano que ensinou em Veneza e depois em Roma. Ambos os homens com ramos distintos, porém com um interesse em comum, os estudos de morfologia urbana (MOUDON 1997). Para Moudon (1997) há um reconhecimento generalizado de que, em seu nível mais elementar, a análise morfológica é baseada em três princípios: a forma urbana definida por três elementos fundamentais físicos: edifícios e respectivos espaços abertos, terrenos ou lotes e ruas; a forma urbana pode ser entendida em diferentes níveis de resolução. Comumente, quatro são reconhecidos, correspondente ao edifício / lote, a Rua / quadra, a cidade e a região; a forma urbana só pode ser compreendida historicamente uma vez que os elementos de que é composta sofre transformação contínua e substituição de uma arquitetura arcaica, por uma arquitetura moderna. Para Rocha (2010) estudos da morfologia urbana estão relacionados com a busca de como as cidades se desenvolveram ao longo do tempo histórico. De acordo com Lamas (1999), a morfologia urbana é a ciência que estuda a forma urbana nas suas características exteriores, físicas, e na sua evolução no tempo. 9 Nesse sentido, o estudo da morfologia urbana é indispensável para se pensar o futuro dessas cidades devido à concentração populacional, deteriorização do meio ambiente, além de diversos problemas que enfrentam os citadinos. As novas geotecnologias servem de aliadas nesse estudo. Seabra (2003), Colavite (2009), Cordoves (2004) indicam que a qualidade das informações utilizadas na análise sobre as alterações no uso e ocupação do espaço é de fundamental importância para a representação correta da realidade, no Brasil e no mundo. Especialmente na última década, as geotecnologias, tais como, imagens de satélite e as imagens aéreas (provenientes de aerolevantamentos) têm sido usadas como ferramentas de auxílio para o planejamento urbano. As imagens de satélite e as de aerolevantamento proporcionam uma visão sintética, mostrando a dinâmica de extensas áreas ou mesmo de pontos específicos da superfície terrestre ao longo do tempo, permitindo identificar o impacto das ações humanas na ocupação e uso do espaço. Para Orth et al (2000) o Sensoriamento Remoto, aliado as fotos aéreas e as imagens tomadas a partir de satélites, possibilita retratar o espaço terrestre e acompanhar sua evolução morfológica. Ainda acrescenta que: As fotos aéreas – provenientes de levantamentos fotogramétricos – são utilizadas preferencialmente para o levantamento de grandes áreas urbanizadas e seu mapeamento – relevo, ruas, edificações, vegetação, corpos hídricos, etc. Os aerolevantamentos são feitos por uma aeronave, obedecendo a um plano de voo. Para ser fotografada uma área, o avião voa em um determinado sentido, voltando depois segundo linhas pré-estabelecidas, paralelas e igualmente espaçadas. Para cada linha de voo é tirada uma sequência de fotos, para compor uma continuidade depares fotogramétricos que serão utilizados posteriormente em operações de estereocompilação. As imagens de satélites vêm complementar os dados obtidos das 10 aerofotos, pois podem ser obtidas com grande frequência temporal – no mínimo uma imagem por mês -e baixo custo. O grau de detalhamento dos elementos imageados é normalmente inferior aos obtidos nas fotos aéreas, mas a área de abrangência é maior. Suas aplicações são mais adequadas ao monitoramento de fenômenos dinâmicos e de massa – expansão urbana, inundações, vegetação, traçado viário, etc. (ORTH et. al. 2000, p.3). Nesse sentido, as imagens de aerolevantamento e as imagens de satélite vêm para complementar e até mesmo acelerar os estudos de morfologia urbana. BUSCANDO O CONHECIMENTO Podemos dizer que a cidade é o local onde se dá a articulação entre os interesses econômicos e tecnológicos, concomitando em revalorização dos espaços internos, fonte de investimentos procedentes de diversos campos da atividade social e consequentemente, em transformação espacial. As imagens aéreas aliadas às imagens de satélite tornam-se ferramenta eficaz para o planejamento local e regional, de modo que possibilita a tomada de decisões referentes à organização do espaço urbano, no que tange ao estabelecimento da Lei de Zoneamento Urbano, Código de Posturas e Obras e demais leis que visam à mesma destinação, assim como refletir sobre o desenvolvimento regional, ao longo da história e pensar o planejamento futuro. 11 Fonte: Google Imagens – acesso em 30/6/2014. 12 UNIDADE 03. CONCEITOS SOBRE URBANIZAÇÃO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Apresentar os principais conceitos ligados à urbanização e expansão urbana. ESTUDANDO E REFLETINDO Metrópoles: A maioria das pessoas usam o termo como sinônimo de grande cidade ou cidade-mãe. De acordo com Ross (1998), para a Geografia a palavra tem significado preciso e só pode ser usada nos seguintes casos: 1. Um crescimento que expande a cidade, prolongando-a para fora de seu perímetro, e absorve aglomerados rurais e outras cidades. Estas, até então com vida autônoma, acabam comportando-se como parte integrante da metrópole. Com a expansão e a integração, desaparecem os limites físicos entre os diferentes núcleos urbanos – fenômenos chamado de conurbação. 2. A existência de um centro histórico onde se concentram atividades de serviços e a partir do qual surgem subcentros. 3. A dicotomia entre a existência da cidade enquanto espaço edificado e a estruturado político-administrativa. Em outros termos: um único espaço edificado resultante da conurbação, porém com várias administrações político-adminitrativas autônomas, como, por exemplo, São Paulo e o ABCD (Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema). Cada uma dessas cidades tem seu centro administrativo municipal autônomo e juntas formam uma conurbação. 4. Fluxos de circulação de veículos com dois picos de maior intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde, formando o chamado fluxo pendular, atravessando mais de uma cidade. 13 Diante dessa situação exposta por Ross (1998), o autor acaba concluindo que o termo metrópole não se refere somente à cidade-mãe, mas a todo espaço em conurbação com a mesma, formando um todo complexo e profundamente integrado, conhecido como região metropolitana. Conurbação: é quando dois ou mais municípios se unem numa só mancha urbana, quando seu crescimento extrapola os limites territoriais próprios. Ocorre uma junção espacial entre esses municípios, perdendo sua área rural seus limites definidos. Regiões Metropolitanas: é a união de dois ou mais municípios ao redor de uma metrópole, formando uma enorme malha urbana. Geralmente ocorre ao redor da capital do estado. No Brasil estão distribuídas por todas as grandes regiões do país e definidas por leis federais ou estaduais.A maior região metropolitana é a de São Paulo, com 39 municípios, com uma aglomeração de cerca de 20 milhões de habitantes. Segundo dados do IBGE, as "12 redes metropolitanas de primeiro nível" são as seguintes: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia, correspondendo a 50% da população absoluta e a 75,5% do PIB. Este conceito estudaremos mais detalhadamente em uma próxima Unidade. Megalópole: é a conurbação de duas ou mais regiões metropolitanas. No Brasil há uma contradição entre Rio-São Paulo e São Paulo-Campinas. Uns estudiosos dizem que o eixo Rio – São Paulo é uma megalópole, mas entre essas duas metrópoles há uma área sem concentração urbana, com predomínio 14 de áreas rurais. Já o eixo São Paulo – Campinas se une fisicamente em suas regiões metropolitanas. Tecnopolos: eventualmente, dentro de uma região metropolitana ou numa megalópole existem os tecnopolos. São cidades onde estão presentes universidades, centros de pesquisa que vão pesquisar e desenvolver novas tecnologias e aplicá-las na indústria ou serviços. Macrocefalia: nome dado ao crescimento rápido, intenso e desordenado das cidades. Quando ocorre esse tipo de crescimento, geralmente a cidade não está preparada para receber um grande contingente populacional em pouco tempo, então a oferta de serviços públicos básicos é precária como escolas, hospitais, moradias, saneamento básico, energia, asfalto, transporte, lazer, etc. Isso enfatiza o desemprego, a favelização e os distúrbios urbanos. Verticalização: a falta de espaço físico na horizontal (terrenos) faz com que haja a verticalização dos imóveis, com a construção de arranha-céus que vão “suprir a demanda” por habitação. Segregação Espacial: é o foco do poder público em ofertar melhores condições à população socioeconômica mais ativa e omitir às regiões periféricas os serviços básicos à população de baixa renda. Cidades Formais: cidades planejadas para receberem população, ofertando serviços públicos de qualidade e a todos. 15 Cidades Informais: cidades que não foram planejadas adequadamente e que não oferecem serviços públicos a todos, independente do seu tamanho ou do seu ritmo de crescimento. Desconcentração Concentrada: fenômeno que se iniciou na década de 1970 em São Paulo, capital. Como a concentração de indústrias já estava no limite, elas começaram a migrar para o interior do estado ou para outros estados/regiões. Com isso, as pequenas cidades do interior foram recebendo migrantes que iam em busca de trabalho e se tornaram grandes cidades. Houve uma desconcentração da capital (metrópole) e concentração no interior (cidades médias). Rede urbana: as cidades estão interligadas, ocorrendo uma polarização, onde as cidades com melhores equipamentos urbanos e infraestrutura atraem mais formando uma hierarquia urbana. Malha urbana: é uma rede urbana adensada, com ligações mais intensificadas como nas áreas mais urbanizadas da região Sudeste do Brasil. Metrópole Global ou Cidade Global: são cidades com bons equipamentos e infraestrutura urbanas, elas atraem pessoas de todo o mundo, são responsáveis por grande parte do fluxo de pessoas, capitais, informações e mercadorias no âmbito mundial. São exemplos de cidade globais: Tóquio, Nova York, Paris entre outras. Diferenciam-se das demais metrópoles, pois estabelecem uma ligação entre o território do país com as finanças e a economia mundial. É nestas cidades que se estabelecem as maiores Bolsas de Valores, as sedes das grandes 16 empresas, além das mais conceituadas universidades e centros de pesquisas do mundo. Megacidade: são cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Os países subdesenvolvidos estão ampliando este tipo de cidade, devido ao intenso êxodo rural pelo qual estão passando. Exemplos – Tóquio, Nova Iorque, Cidade do México, São Paulo, Lagos, Mumbai (ex-Bombaim). Os conceitos abordados neste capitulo vão ser de enorme importância para que possamos compreender melhor os assuntos tratados nas próximas unidades e as tarefas que virão. BUSCANDO O CONHECIMENTO As maiores cidades globais do mundo. Elas são divididas em 3 níveis: Alfa, Beta e Gama. As 4 cidades nível Alfa, que estão no topo da lista são: Nova Iorque, Tóquio, Paris e Londres. São Paulo está no nível Beta, mas com enorme influência regional ou subcontinental (América Latina). Rio de Janeiro está no nível Gama, exercendo menos influência que São Paulo. Geralmente as capitais dos países são as cidades mais importantes deles. Para saber o ranking das cidades globais poderá acessar o link abaixo. http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_global http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_global 17 UNIDADE 04. CIDADES GLOBAIS CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Entender a formação das cidades globais, seus níveis hierárquicos e localização. ESTUDANDO E REFLETINDO Cidades ou Metrópoles Globais. Desde que a urbanização tornou-se um fenômeno intenso no mundo todo, as grandes cidades de cada país têm sido fundamentais na determinação do ritmo das respectivas economias nacionais. Nas últimas décadas, porém, um grupo de metrópoles passou a influenciar fortemente não apenas o seu entorno, mas todo o planeta, pelas decisões e novidades que se espalham delas para as demais regiões. São centros de poder político, tanto nacional como internacional, e de organização governamental; centros de comércio nacional e internacional, agindo como entrepostos para seus países e às vezes para países vizinhos; ainda, centros bancários, de seguros e serviços financeiros em geral; centros de atividade profissional avançada, na medicina, no direito, em estudo avançado, e de aplicação de conhecimento científico na tecnologia; centros de acúmulo de informação e difusão através da mídia de massa; centros de consumo sejam de artigos de luxo a uma minoria ou de produtos de produção em massa; centros de artes, cultura, entretenimento e de atividades auxiliares relacionadas. Enquanto que a expressão "megacidade" refere-se a uma grande cidade ou área urbana – geralmente com mais de 10 milhões de habitantes –, uma cidade global possui grande influência em nível regional, nacional e internacional. Possuem mais características semelhantes entre si do que com 18 outras cidades do mesmo país. Bruxelas, Chicago, Cingapura, Hong Kong, Londres, Madri, Milão, Moscou, Nova Iorque, Paris, Seul, San Francisco, São Paulo, Shangai, Sydney, Tóquio, Toronto e Washington (DC) são comumente consideradas cidades globais, embora este termo se aplique também a outras cidades. A noção de cidade global vê uma cidade como um container onde habilidades e recursos estão concentrados. Quanto mais uma cidade é capaz de concentrar habilidades e recursos, mais bem-sucedida e poderosa é a cidade, tornando-a suficientemente poderosa para influenciar o que ocorre em torno do mundo. O ambiente de acúmulo de conhecimento em metrópoles como Nova York, Londres e São Paulo permite inovações que afetam o mundo todo, segundo o economista Edward Glaeser, da Universidade de Harvard. Essas metrópoles formam uma rede altamente hierarquizada, governada pelos princípios opostos de competição e cooperação. São os centros de comando do sistema capitalista. Cabe a elas controlar e articular a produção mundial. Nesse pelotão de elite, Londres e Nova York surgem praticamente empatadas como as "capitais do mundo", seguidas por Hong Kong, Paris, Tóquio e Cingapura. Na América Latina, São Paulo emerge como o principal centro financeiro, corporativo e mercantil. Da perspectiva da atividade econômica, a imensa riqueza gerada por essa teia urbana destaca-sedo resto do mundo. Segundo estudo da consultoria PricewaterhouseCoopers, em 2005 as 30 cidades mais globalizadas somavam 260 milhões de habitantes, ou apenas 4% da população mundial. Mas, juntas, geraram US$ 9,8 trilhões, ou 16% do produto bruto global, medido pela paridade do poder de compra. Tal pujança – que tende a crescer cada vez mais nos próximos anos – deve-se à hegemonia do setor de serviços: seus mercados financeiros e sedes 19 corporativas, suas consultorias, firmas de contabilidade, advocacia e tecnologia, suas escolas, universidades e hospitais, seus conglomerados de mídia e equipes esportivas, seus museus, orquestras, teatros e bandas de rock e, ainda, suas lojas, restaurantes e hotéis. Como diz o cineasta e ensaísta americano Eric Burns, as cidades globais são o "laboratório humano supremo". Nelas, a civilização faz suas apostas mais audaciosas, engendrando fusões corporativas, decifrando o código genético e criando obras-primas. "As cidades estão se tornando cada vez mais incubadoras de mudanças e líderes da inovação", escreveu Michael Bloomberg, prefeito de Nova York, em recente artigo publicado na revista The Economist. Embora muitas delas, como Nova York, Frankfurt e São Paulo, não sejam a capital de seus países, as decisões tomadas numa cidade global, seja a fixação do preço do petróleo, seja a proibição do fumo em lugares públicos, têm o poder de reverberar pelo mundo. "Essas cidades exibem dois traços fundamentais, o capital humano e a densidade", diz o americano Edward Glaeser, professor de Harvard e uma das maiores autoridades em economia urbana. "Antes, elas viviam das fábricas e do comércio, mas hoje seu principal motor econômico está nas ideias de sua força de trabalho. E é a densidade demográfica que possibilita a convivência, fator crítico para a criação e a dispersão das ideias." Adaptado do Portal “Exame”. BUSCANDO O CONHECIMENTO Índice de Cidades Globais. Em 2008, a revista estadunidense Foreign Policy, em conjunto com a empresa de consultoria A.T. Kearney e pelo conselho de Chicago sobre assuntos globais, publicou um ranking de cidades globais, com base em entrevistas com 20 Saskia Sassen, Witold Rybczynski e outros. A Foreign Policy observou que "as maiores e mais interconectadas cidades do mundo ajudam a definir as agendas globais, perigos para transnacionais e servem como hubs de integração global. Elas são os motores de crescimento para seus países e os portais para os recursos de suas regiões." Em 2010 o índice foi atualizado. As únicas cidades lusófonas e brasileiras a aparecer no ranking foram São Paulo e Rio de Janeiro, nas posições 35ª e 49ª, respectivamente. As trinta primeiras cidades do ranking foram: 21 Fonte: Wikipédia – acesso em 1/7/2014. 22 Este mapa mostra as primeiras vilas e cidades fundadas no início da colonização. UNIDADE 05. O INÍCIO DA URBANIZAÇÃO NO BRASIL CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Compreender o processo de urbanização do território brasileiro, de acordo com a função do Brasil como colônia. ESTUDANDO E REFLETINDO No início da ocupação portuguesa no Brasil, os primeiros núcleos urbanos (Cidades) foram implantados no litoral como estratégia para a exportação dos produtos agrícolas. A localização favorecia a estas cidades desempenhar a função de porto comercial e à função militar, para garantir a posse da Colônia. Durante os primeiros séculos de colonização o poder político e econômico da Colônia estava alicerçado nas planícies litorâneas do Nordeste, onde estava consolidada a sociedade da cana-de-açúcar. A produção estava voltada para a exportação (espaços extrovertidos) e a força de trabalho utilizada era a mão de obra escrava. As condições naturais - planícies litorâneas e o clima tropical - foram importantes para o estabelecimento das cidades e das áreas de cultivo. Contudo, neste período, as poderosas famílias e seus escravos residiam maior parte do 23 O sitio urbano da cidade de Ouro Preto, era riquíssimo de recursos minerais na época de sua fundação. Contudo, devido ao esgotamento dos minerais a cidade estagnou-se, ficando isolada devido a seu relevo montanhoso e a distância do litoral. A posição do sitio urbano dificultou também o desenvolvimento de atividades agrícolas e do comércio. Esta situação de estagnação só foi se alterar no século XX, com o desenvolvimento da siderurgia. ano nos domínios rurais. Até então, nas cidades residiam funcionários da administração municipal, oficiais da Coroa, artesãos e mercadores - esta situação se manteve até a Independência do Brasil em 1822. Somente nos fins do século XVII e início do século XVIII, quando a mineração se expandiu, é que a Coroa Portuguesa permitiu a fundação de cidades no interior da Colônia. As cidades de Vila Boa/GO, Ouro Preto/MG chamada na época de Vila Rica, Cuiabá/MT e Campinas/SP são exemplos de cidades que foram fundadas no período da mineração do ouro. Porém, esse processo de fundações de vilas e cidades era orientado de acordo os interesses econômicos do mercado externo - caso da cana-de-açúcar, da mineração e posteriormente do café. Conforme iam ocorrendo uma mudança de interesse do mercado externo ou os recursos naturais iam se esgotando, as cidades ficavam sujeitas a estagnação, porém “as grandes cidades mais bem localizadas sempre tiveram seu crescimento de forma mais contínua, principalmente as portuárias” (ROSS, 1995). Foto: Hélder Henrique Jacovetti Gasperoto - Ouro Preto MG vista parcial da cidade 24 A seguir, com a citação de Ross (1995), veremos que as cidades brasileiras cresceram de forma espontânea e desordenada. O plano das cidades brasileiras, fossem elas litorâneas ou do interior, ligadas à mineração, refletia seu crescimento espontâneo e desalinhado. Praças e ruas surgiram de forma muito desordenada. O alinhamento das ruas e das casas resultava da iniciativa particular dos seus moradores [...]. Ruas e praças adaptavam-se às irregularidades do relevo. Estas cidades espontâneas crescem sem um planejamento e apresentam uma morfologia (traçado) irregular, diferentes das cidades planejadas. Podemos observar estes planos irregulares nos centros velhos das cidades de Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo (ou praticamente em qualquer outra cidade do Brasil, principalmente no Sul e Sudeste). Pela foto a seguir observamos a falta de planejamento em relação ao traçado do centro velho de Salvador. Fonte: http://xiquexiquense.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html 25 BUSCANDO O CONHECIMENTO As principais cidades brasileiras começaram a sofrer alterações arquitetônicas com a mudança da Corte Portuguesa para o Brasil. As residências foram construídas de acordo com os padrões europeus. Devido à mudança na capital do Império, saindo de Salvador e indo para o Rio de Janeiro, a oligarquia (ricos fazendeiros) passou para a condição de nobreza. Sendo assim, esta se transferiu para as cidades. Segundo Ross (1995) “estas possuíam duas casas: uma na cidade, perto de suas terras, outra no Rio de Janeiro, com a finalidade de participar da vida na Corte”. A partir da segunda metade do século XIX as principais cidades brasileiras começaram a receber muitas melhorias técnicas, como sistema de distribuição de água, de iluminação, transporte coletivo com tração animal e redes de esgoto. Cidade de São Paulo, século XIX. Fonte: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/6/artigo74831-1.asp 26 UNIDADE 06. AS CIDADES MAIS ANTIGAS DO BRASIL E DO MUNDO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Entender a formação dos primeiros aglomerados populacionais do Brasil e do mundo. ESTUDANDO E REFLETINDO As Cidades Mais Antigasdo Mundo. Jericó (Palestina) - primeiras ocupações: entre 9600 e 9000 a.C. É citada dezenas de vezes na Bíblia e descrita como “cidade das palmeiras”. Ao longo de sua história, Jericó foi destruída e abandonada várias vezes, mas acredita-se que seja ocupada continuamente há, pelo menos, 5 mil anos. A datação das primeiras ocupações do território foi feita a partir de descobertas arqueológicas que incluíram uma muralha de 8 m. Hoje com 20 mil habitantes e cara de vilarejo, a cidade tem ruínas espalhadas que contam histórias de vários tempos passados: dá para ver onde esteve uma igreja Bizantina do século IV e até um palácio de um sultão do século VIII. Damasco (Síria) - primeiras ocupações: entre 9000 e 6300 a.C. A segunda cidade mais populosa da Síria tem cerca de 1,4 milhão de habitantes e é a capital do país. Foi a partir de 1900 a.C. que a região começou a ter mais pompa de cidade. A 80 km do mar Mediterrâneo, está próxima do rio Eufrates, o que ajudou a estabelecê-la como uma das principais rotas comerciais entre Oriente e Ocidente. Atualmente, a cidade antiga possui um grande mercado, um bairro Muçulmano e outro Cristão, além de uma zona judaica. 27 Biblos (Líbano) - primeiras ocupações: 5000 a.C. Ganhou esse nome por causa dos gregos, que compravam ali o papiro egípcio. Aos poucos, o termo “byblos” passou a significar “papiro” e deu origem a palavras como “biblioteca”. Pertenceu primeiro aos fenícios e depois foi conquistada pelos Povos do Mar, dominada pelos árabes e empossada por potências europeias na época das Cruzadas até passar ao Império Turco- Otomano, em 1516. Aleppo (Síria) - primeiras ocupações: Entre 5000 e 4300 a.C. Durante sua história, Aleppo sofreu ocupações de diferentes povos: assírios, gregos, persas, hititas, bizantinos, árabes, mongóis e otomanos. Saladino, então sultão do Egito, também conquistou o território, em 1183. Hoje, com a guerra civil na Síria, a cidade tem sido alvo de constantes ataques. A crise se instalou no país em 2011, quando começaram protestos contra o governo do ditador Bashar al-Assad. Xian (China) - primeiras ocupações: 4000 a.C. Foi a capital da dinastia Qin (221-206 a.C.), que reunificou o país e lançou as bases do império chinês. Durante essa época, foi construído o famoso Mausoléu do imperador Qinshi Huangdi, que abriga os mundialmente conhecidos guerreiros de terracota. Depois do século III, a cidade passou por bons momentos econômicos, mas sofreu devastações causadas por guerras e invasões. Gaziantep (Turquia) - primeiras ocupações: Cerca de 3500 a.C. Pode ter tido assentamentos ainda em 4000 a.C., segundo escavações recentes. Foi uma importante fortaleza durante a Idade Média, mas sofreu várias invasões. Em 1183, foi dominada pelos turcos e por outros povos, até virar parte 28 do Império Otomano. Depois da Primeira Guerra, os britânicos ficaram por lá até 1919 e os franceses até 1921. Também conhecida como Antep, a região tem uma forte produção de vinho. Plovdiv (Bulgária) - primeiras ocupações: Entre 4000 e 3000 a.C. Considerada a cidade europeia mais antiga a ser habitada, ela era chamada de Philippopolis, batismo que veio ao ser conquistada por Filipe II da Macedônia, por volta de 341 a.C. Durante a Idade Média, mudou de “dono” diversas vezes. Depois da Segunda Guerra, o Comunismo foi instituído no país e a cidade virou foco de grupos democráticos, que derrubaram o regime em 1989. Sídon (Líbano) - primeiras ocupações: Entre 4000 e 3000 a.C. É diversas vezes citada no Novo e no Velho Testamento. Segundo o Evangelho de Marcos, Jesus teria expulsado o demônio do corpo de uma mulher perto de Sídon. A cidade também sofreu saques durante as Cruzadas, até que foi destruída pelos sarracenos, em 1249. Pouco tempo depois, em 1260, foi atacada pelos mongóis. As muralhas danificadas ainda podem ser vistas por quem vai até a cidade. Argos (Grécia) - primeiras ocupações: Entre 3200 e 3000 a.C. É o município mais antigo ainda habitado da Grécia e, entre 1600 e 1050 a.C. Chegou a ser um dos maiores centros comerciais. Depois do século VI a.C., viu seu prestígio diminuir, ofuscada por Esparta. Na época medieval, a cidade foi conquistada pelos cruzados, venezianos e otomanos. Com a Guerra da Independência Grega (1821-1829), retomou seu território. 29 Beirute (Líbano) - primeiras ocupações: 3000 a.C. Sofreu terremotos no século VI e caiu no poder dos árabes no século seguinte. Durante as Cruzadas, foi disputada por Cristãos e Muçulmanos e, depois de um período de domínio turco e egípcio, absorvida pelo Império Otomano. Tornou-se capital do Líbano em 1946 e foi considerada, por algumas décadas, a “Paris do Oriente” pelo seu desenvolvimento urbano e cultural. Mas isso só até a Guerra Civil do país, em 1975. Fonte: portal da revista “Mundo Estranho” – edição 139 – acesso em 2/7/2014. BUSCANDO O CONHECIMENTO As Cidades Mais Antigas do Brasil. O mais correto é falarmos em "primeiros povoados", para evitar a confusão jurídica entre freguesia, distrito, vila, cidade e município. São Vicente foi a primeira vila, Salvador, a primeira cidade, por exemplo. Desse modo, os mais antigos povoados são: 1. Cananeia (SP) - 1531 2. São Vicente (SP) - 1532 3. Espírito Santo (ES)/Igaraçu (PE)/Olinda (PE) (foto) - 1535 4. Pereira (Bahia, futura Vila Velha)/Nazaré (Maranhão)/Santos (SP) - 1536 5. Iguape (SP) -1537 6. Vila da Rainha (próxima ao rio Itabapuana, RJ) - 1538-39 7. Vitória (Ilha de Santo Antônio, ES) - 1540 8. Salvador (BA, 1a capital do Brasil)/Itanhaém (SP) - 1549 9. Santo André da Borda do Campo (SP) - 1553 10. São Paulo (SP) - 1554 Fonte: João Bonturi, professor de história do Colégio Singular e do cursinho Singular-Anglo. 30 UNIDADE 07. O AVANÇO DA URBANIZAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE A PARTIR DO SÉCULO XIX CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Analisar os resultados das atividades econômicas na urbanização brasileira. ESTUDANDO E REFLETINDO A partir do século XIX as cidades brasileiras sofreram grandes transformações, tanto em sua dimensão espacial como em seu perfil arquitetônico, porém seu crescimento continuou de forma desordenada (macrocefalia). No interior do país muitas vilas e cidades foram fundadas neste período. Um dos fatores que contribui para o crescimento das cidades foi o fim da escravidão (oficialmente em 13 de maio de 1888), onde milhares de escravos tiveram que deixar as senzalas e partirem rumo às cidades. Esta população recém emancipada teve que buscar seu sustento e sua moradia, adquirindo-os com o dinheiro vindo de seu trabalho livre. No entanto as cidades não estavam preparadas para recebê-los, não havia emprego e nem moradia que abrangesse um número tão significativo. Logo surgiram as favelas nos morros e alagados (várzeas de rios) e os cortiços se multiplicaram, provocando alterações na paisagem que permanecem até os dias atuais. Cortiço: habitações precárias (com ligações clandestinas de redes de água, esgoto, energia elétrica) onde vivem várias famílias. Muitas vezes são casarões da época colonial. 31 Com a expansão da economia cafeeira no Sudeste do país, São Paulo e Rio de Janeiro cresceram muito e intensamente. A chegada da Família Real e da Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro a partir de 1808 impulsionou ainda mais o crescimento da cidade. A maior parte da produção de café do sul de Minas Gerais, Espírito Santo e Vale do Rio Paraíba do Sul escoava pelo porto do Rio de Janeiro, pois a cidade estava ligada a essas regiões por ferrovias. Sendo assim, a cidade do Rio de Janeiro já exercia uma enorme influência sobre uma vasta região do Brasil (hinterland). O Rio de Janeiro ocupou a posição de maior cidade brasileira até 1960, quando foi superada por São Paulo. Na região nordesteessas transformações ocorreram em menor intensidade. Com o fim da escravidão estabeleceu-se uma relação de parceria no campo, e também houve uma resistência em relação a implantação das indústrias por parte dos latifundiários, o que retardou a transferência da população do campo para a cidade. O crescimento que ocorreu nas cidades nordestinas ficou restrito às cidades litorâneas e a poucas cidades do interior. No trecho a seguir, Jurandir Ross (1995) define a importância que as ferrovias e os portos tiveram para o crescimento de muitos centros regionais. [...] historicamente se pode ver que o binômio porto-ferrovia desempenhou um papel importante para o surgimento e a expansão dos principais centros regionais e para a formação das metrópoles brasileiras, tendo em vista a articulação que se efetuou entre esses dois tipos de transporte antes da era do automóvel. É importante dizer que os portos e as ferrovias não somente favoreceram a expansão urbana no Brasil. Esse binômio teve enorme influência no desenho de algumas cidades brasileiras. Quando analisadas as relações entre a presença do porto e da ferrovia com a morfologia urbana, percebe-se que os dois representam importantes 32 fatores de concentração de funções secundárias e terciárias ao seu redor. A partir dos anos de 1950 as rodovias influenciaram a expansão das cidades em direção ao interior do país, assim como para a expansão do plano das cidades em todas as direções. As rodovias ligam uma cidade a outra e as cidades que ficam ao longo das rodovias vão crescendo, povoando o interior das regiões, consequentemente esses espaços até então vazios vão se urbanizando. BUSCANDO O CONHECIMENTO A urbanização do nosso país está diretamente relacionada ao êxodo rural (migração em massa do campo para a cidade), que a partir da década de 1930 foi impulsionada pelo processo de industrialização após o fim do ciclo cafeeiro. O esquema abaixo resume esse processo. 33 URBANIZAÇÃO Em pouco tempo, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte entre outras capitais se tornaram metrópoles, devido à atração exercida pela indústria e pela oferta de serviços do meio urbano. Em 2008, pela primeira vez na história, a população urbana mundial superou a rural. O Brasil, mesmo não sendo um campeão em oferta de serviços básicos e de distribuição de riqueza, está com níveis de urbanização superiores a países de muito elevado desenvolvimento, com cerca de 86% da população vivendo no meio urbano. URBANO RURAL INDUSTRIALIZAÇÃO (após 1930) - Êxodo Rural; - Péssimas condições de vida no campo; - Mecanização do campo; - Crescimento populacional no campo; - Concentração fundiária Consequências – Macrocefalismo; – Favelas x Condomínios fechados; – Terceirização; – Desemprego; – Violência; – Exclusão Social e territorial; – Segregação social 34 O gráfico abaixo traz a comparação entre a população urbana e rural do Brasil a partir do êxodo rural. Fonte:http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=capitulo_33_a_urbanizacao_no_br asil. Acesso em 16 de março de 2012. http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=capitulo_33_a_urbanizacao_no_brasil http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=capitulo_33_a_urbanizacao_no_brasil 35 UNIDADE 08. SEGREGAÇÃO URBANA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Entender o processo de urbanização e a segregação espacial. ESTUDANDO E REFLETINDO Segregação Espacial Com a intensificação da urbanização, espaços distintos começam a ser criados, identificando seus moradores de formas opostas, divididos entre os bairros de classes baixa, média e alta. Com o crescimento da população e a falta de planejamento das cidades ocorre um grave problema: a segregação, tanto espacial (distância entre moradias de diferentes grupos) como social (distância de condições no que diz respeito ao acesso, elaboração e execução de políticas públicas). A primeira está relacionada à valorização excessiva dos imóveis que dispõem dos serviços básicos, como asfalto, saneamento básico e transporte, e uma localização estratégica que facilita o acesso ao trabalho, comércio e lazer, além, ainda, da construção dos conjuntos habitacionais na periferia. A segunda diz respeito à dificuldade de alguns grupos têm para conseguir serviços de melhor qualidade, como escolas, médicos, emprego, cultura e lazer. As duas formas de segregação são extremamente ligadas e concentradas nos grupos com menores rendas. Os principais responsáveis por estes espaços com características geográficas, econômicas e estéticas diferenciados são o Estado e a iniciativa privada. Eles são representados pelo capital imobiliário, construção civil e o estoque de terras urbanas (ARAÚJO, 2004). Os investimentos públicos e privados se concentram em determinadas áreas, valorizando-as ao disponibilizar saneamento básico, asfalto, transporte e segurança, enquanto a 36 área periférica, como os cortiços, os bairros distantes do centro e os conjuntos habitacionais, são esquecidos. Os primeiros espaços citados são reservados para a elite e leva os que não possuem recursos financeiros à periferia. O Estado, ainda, é responsável pelo planejamento urbano, ou seja, a maneira como o espaço é organizado. Esse planejamento, na maioria das vezes, não é devidamente adequado a toda sociedade. Ele concentra as atividades, tanto comerciais como sociais, em determinado local, colocando a elite a sua volta e afastando os que possuem menores rendas. Assim, o Estado acaba por expressar a influência das classes dominantes, que desejam um espaço particular para sua reprodução social, daí a inviabilidade de um planejamento democrático e igualitário (MARICATO, 2002). Ligadas ao planejamento urbano estão as leis de zoneamento (distinção entre os espaços de uma cidade). Elas dirigem o uso e a ocupação do solo, separando áreas para comércio, lazer, indústrias e habitações. Neste último nível se dão as desigualdades que são mais marcantes. Ao mencionar um bairro, os seus moradores são automaticamente relacionados a essa separação. Eles recebem um rótulo: se morarem próximos ao centro e das atividades comerciais e sociais são bem sucedidos, cidadãos dignos de respeito; se morarem na periferia são rotulados como pobres, violentos ou sujos e muitas vezes nem mesmos são tratados como cidadãos pelas autoridades como a polícia por exemplo, e pela sociedade de modo geral. A questão habitacional deve ser analisada com base nas questões sociais, econômicas e políticas. Segundo Kowarick (1993) é necessário observar, além do preço da terra urbana, o setor imobiliário–construtor e o Estado; é preciso também considerar o conjunto da composição social do capital e a forma como se reparte o trabalho excedente do necessário, resgatando assim, ideias marxistas. Ou seja, quando a oferta de empregos é insuficiente ou os salários 37 são muito baixos, dificultam a aquisição de uma moradia digna, que disponha de saneamento básico, comércio e lazer. Neste contexto, ocorre então, a restrição do mercado privado, em especial do imobiliário, além de políticas sociais insuficientes, fazendo com que os moradores para que possam ter direito a habitação, tenham que procurar em lugares cada vez mais distantes do centro, ou mesmo busquem imóveis ilegais ou construam suas casas nas chamadas áreas de grande risco. Segundo Meyer (1979), podemos avaliar uma estrutura urbana a partir do grau de segregação, ou seja, quanto menos segregada uma cidade, mais está é desenvolvida. A autora ainda distingue dois modos no processo de segregação: as favelas e as cidades-dormitórios. As favelas caracterizam–sepor serem imóveis ilegais. Estas, geralmente não surgem na periferia, mas próximas ao centro. Trata–se de barracos, construídos precariamente, sem qualquer tipo de saneamento básico e segurança. O espaço construído é mínimo, muitas vezes formado por um só cômodo, onde quarto, sala e cozinha estão juntos. Esse tipo de moradia, não fornece nenhum tipo de conforto a seus moradores, mas é a única forma de habitação que eles conseguiram ter acesso. As cidades–dormitórios são municípios pequenos vizinhos a um maior e mais próspero. A segregação atinge uma amplitude que extrapola os limites da cidade, sem condições de adquirir um imóvel nem mesmo na periferia, famílias inteiras mudam-se para regiões vizinhas onde a valorização excessiva ainda não ocorreu por se tratar de locais pouco urbanizados. Segundo Meyer, as cidades- dormitórios não oferecem um lugar para se morar, elas são apenas para o descanso e não para o desenvolvimento de atividades produtivas. De um lado temos o espaço onde nos alojamos e de outro onde trabalhamos, esta distância, não é só física, mas acaba se tornando também social. 38 Então, sem condições de adquirir imóveis no centro, as famílias com menores rendas, ao se estabelecerem na periferia, acabam criando uma identidade própria, diferente daquela dos moradores dos bairros com maiores rendas. Não frequentam restaurantes, não colocam seus filhos em escolas particulares e praticamente só saem do bairro para trabalharem. Ambos criam sua própria forma de cultura e lazer, se adaptando as condições que lhes são dadas, condições estas de caráter econômico. A segregação ainda faz com que gerações inteiras não mudem de posição social, os filhos herdam as condições econômicas dos pais e as repassam, num ciclo vicioso que torna a mobilidade social quase que impossível, enquanto a concentração de renda continua em domínio da elite. Diante desde quadro os moradores da periferia não têm perspectivas de um futuro melhor. Eles se sentem excluídos do sistema social e das oportunidades de progresso, aumentando o consumo de drogas, delinquência e ainda outros fatores que favorecem a sua degradação social (SABATINI, 1986). Estas condutas funcionam como uma fuga da realidade e condição de existência, abandonados pelo Estado só podem contar consigo mesmos. BUSCANDO O CONHECIMENTO Nos últimos anos vem surgindo um fato novo: o confinamento dos grupos com maiores rendas em condomínios fechados. Eles estão se mudando para estes espaços em busca de maior segurança. Suas vidas são monitoradas por porteiros, que controlam a entrada e a saída de pessoas no local, vinte e quatro horas por dia. Seus moradores adquirem um status diferente do restante da população, porque nem todos têm acesso a este espaço. Estas áreas estão se valorizando cada vez mais, intensificando a segregação. Mas, a segregação, não é apenas um processo de separação dos moradores de uma cidade, ela está baseada em desigualdades maiores, principalmente no que diz respeito a 39 condições sociais. Para Francisco Sabatini há três dimensões da segregação social e urbana. A primeira diz respeito à diferença no nível de vida entre os bairros, relacionada a condições econômicas. A segunda dimensão é geográfica, apresentando dois aspectos: de escala (as famílias com mesmas condições socioeconômicas podem morar em um mesmo bairro ou bairros vizinhos) ou de relações (as distâncias são agravadas pelo estado de pobreza de seus moradores que pouco saem do seu bairro). E uma terceira dimensão, subjetiva, é percebida quando os habitantes procuram morar próximos daqueles que lhes são semelhantes, seja através de critérios de classe, étnicos, religiosos ou de origem migratória. Como exemplo, temos os bairros de imigrantes japoneses ou italianos em São Paulo. A classe média alta, o Estado e o mercado imobiliário segregaram e continuam segregando a população mais pobre, especialmente por dois motivos: primeiro acreditam que estando distantes destes grupos aumentam a própria segurança, visto que relacionam pobreza à delinquência. E, segundo, porque favelas e imóveis antigos ou em condições precárias desvalorizam os imóveis vizinhos. Os pobres no centro não são, no que diz respeito à estética da cidade, bem vindos, eles mostram o lado negativo da organização urbana, causando incômodo e desconforto aqueles que são responsáveis pelo processo de segregação-espacial. Quanto mais a cidade cresce, mais se intensifica a segregação. Não há moradia suficiente para todos nas regiões próximas ao centro, obrigando muitos a se distanciarem cada vez mais. 40 UNIDADE 09. HIERARQUIA URBANA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Compreender como se classificam as cidades brasileiras de acordo com sua importância e influência sobre as demais. ESTUDANDO E REFLETINDO A rede urbana se constitui de cidades que desenvolvem certa importância devido aos fluxos comerciais e populacionais em sua região. Assim existem cidades que dependem dos serviços oferecidos por outras maiores e melhores equipadas com universidades, hospitais, indústrias, centros comerciais, etc. De acordo com Ross (1998), a hierarquia entre os grandes centros urbanos brasileiros estrutura-se da seguinte forma: 1. Metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. 2. Metrópoles regionais: Recife, Salvador, Belém, Curitiba, Porto Alegre, Fortaleza e Belo Horizonte (geralmente as capitais estaduais). 3. Centros regionais: Brasília, Goiânia, Campinas, Campina Grande, Londrina etc. Classificação das cidades brasileiras. Classificação Antiga Até o final dos anos 80 a classificação Urbana seguia o desenvolvimento da economia mais vigente que era o processo de industrialização. Seguindo essa tendência as maiores cidades eram as mais industrializadas, e eram as que mais polarizavam devido ao seu fluxo, ao número de empregos e de desenvolvimento. 41 Classificação Nova Pela nova classificação o setor de maior desenvolvimento é o terciário, essa mudança levou a uma alteração na classificação das cidades. O IBGE definiu uma classificação hierárquica entre as cidades brasileiras, adotando os seguintes critérios: rede viária e dos movimentos de massas (fluxos de passageiros); estudo do fluxo de bens e serviços entre os diferentes centros do país (comércio varejista, atacadista, prestação de serviços de saúde, educação e bancos). Em estudo feito pelo IBGE, mostra a nova dinâmica da rede urbana brasileira, e em seguida divulgado pelo site do Instituto, a estruturação da hierarquia urbana brasileira vai ser apresentada da seguinte forma: 1. Metrópoles: a. Grande metrópole nacional b. Metrópole nacional c. Metrópole 2. Capital regional Capital regional A Capital regional B Capital regional C 3. Centro sub-regional a. Centro sub-regional A b. Centro sub-regional B 4. Centro de zona a. Centro de zona A 42 b. Centro de zona B 5. Centro local Como podemos perceber as cidades foram classificadas em cinco níveis, e quando necessário subdividido em dois ou três subníveis. BUSCANDO O CONHECIMENTO Agora você deve ler o trabalho feito pelo IBGE com o titulo “IBGE mostra a nova dinâmica da rede urbana brasileira”. Esse trabalho está disponível no site: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noti cia=1246. Hierarquia das metrópoles e centros tecem as redes de influência As áreas de influência dos centros foram delineadas a partir da intensidade das ligações entre as cidades, com base em dados secundários e os obtidos no questionário específico. Foram identificadas 12 redes de primeiro nível. As cidades foram classificadas em cinco níveis, por sua vez subdivididos em dois ou três subníveis: 1. Metrópoles – Os 12 principais centros urbanos do País, comgrande porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área de influência direta. Têm três subníveis: a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do País, com cerca de 20 milhões de habitantes em 2010, e no primeiro nível da gestão territorial; b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 13 milhões e 3,5 milhões em 2010, respectivamente, também estão no primeiro http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1246 http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1246 43 nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para centros localizados em todo o País; c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 (Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão neste conjunto. 2. Capital regional – são 70 centros que, como as metrópoles, também se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto de atividades, por grande número de municípios. Este nível também tem três subdivisões: a. Capital regional A (11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos); b. Capital regional B (20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos); c. Capital regional C (39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos). 3. Centro sub-regional –169 centros com atividades de gestão menos complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua própria 44 rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e presença mais esparsa nas Regiões Norte e Centro-Oeste, estão subdivididos em grupos: a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos. 4. Centro de zona – 556 cidades de menor porte e com atuação restrita à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não classificadas como centros de gestão; b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível. 5. Centro local – as demais 4 473 cidades cuja centralidade e atuação não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus habitantes, têm população dominantemente inferior a 10 mil habitantes (mediana de 8 133 habitantes). Em relação aos elementos da análise, os 802 centros acima do nível 5 abrangem 548 centros de gestão do território e 254 cidades com centralidade identificada a partir dos questionários, que foram incluídas no conjunto final. Destas 254 cidades, a maior parte está classificada 45 como centro de zona, mas três centros – Bragança (PA), Itapipoca (CE) e Afogados da Ingazeira (PE) – exercem o papel de centro sub-regional em sua região. 46 UNIDADE 10. MACROCEFALIA E PERIFERIZAÇÃO URBANA CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Entender o processo de crescimento desordenado das cidades e sua periferização. ESTUDANDO E REFLETINDO O processo de urbanização de diversas cidades, principalmente em países considerados subdesenvolvidos, ocorreu de maneira acelerada e desordenada, causando problemas urbanos de ordem social e econômica em razão de um fator fundamental: a falta de planejamento. Muitos centros urbanos têm um crescimento desordenado e acelerado provocado pelo desenvolvimento do país em um curto espaço de tempo, que causa um fenômeno marcado pelo inchaço e pela falta de estrutura em determinadas áreas da cidade: a macrocefalia urbana. Esse termo atinge principalmente as grandes cidades, em especial as metrópoles, que recebem uma grande quantidade de migrantes vindos de regiões que não oferecem boas condições socioeconômicas. Quando chegam às grandes cidades, percebem que a realidade não é diferente e ocupam moradias irregulares, 47 não têm acesso a saneamento básico, ficam desempregados e vivem à margem da sociedade, causando a macrocefalia urbana. Essa população entra em um processo de marginalização e procura formas variadas para sobreviver. Muitas vezes essas pessoas ocupam áreas irregulares, chamadas de favela, que não possuem sistema de transporte, água tratada, esgoto – além da falta de empregos, que propicia uma baixa qualidade de vida. Esses problemas sociais e econômicos são acentuados pela falta de uma política pública: os governantes dessas localidades não atuam de forma concisa, ou seja, amenizam, mas não resolvem totalmente os problemas. BUSCANDO O CONHECIMENTO Periferia A periferia surge quando ocorre uma alta elevação do valor dos terrenos do centro da cidade, fazendo com que os moradores com menor poder aquisitivo procurem moradias com valores acessíveis, porém, em áreas distantes e desprovidas de infraestrutura. Esse processo está relacionado a dinâmica das cidades, elas crescem e não agregam todos os moradores de forma semelhante, sua expansão causa a expulsão dos pobres do centro e os segrega em regiões pouco desenvolvidas. É prudente, antes de definir a periferia, descrever quais grupos, ou classes, que pertencem a cidade. Segundo Pastore e Haller (1993) a sociedade é dividida em seis classes, apresentadas em ordem decrescente de rendimentos. A primeira é a classe média alta, que reúne pessoas de alto poder econômico e importante influência política, como exemplo pode se citar fazendeiros com muitas posses e altos executivos. A segunda é a classe média superior, onde a maioria das ocupações são não manuais qualificadas ou proprietários de médio porte, como, por exemplo, administradores de grandes empresas e professores 48 universitários. A terceira é a classe média, que se concentra em ocupações não manuais qualificadas como pequenos comerciantes e caixas de banco, a partir desta o poder de influência começa a se tornar limitado. A quarta é a classe média baixa, a maioria das ocupações são manuais qualificadas, como pedreiros e costureiras, a partir dessa classe há baixos níveis educacionais. A quinta é a classe baixa superior, com ocupações manuais não qualificadas, como entregadores e empregadas domésticas. A sexta e última é a classe baixa inferior, a mão de obra é rural não qualificada, como pescadores e garimpeiros. Essas classes recebem um status em virtude dos lugares que frequentam, dos produtos que consomem ou ainda a maneira como se comportam. A periferia, em geral, é ocupada pelos que pertencem as três últimas classes. Ela será analisada com base em oito esferas: consumo, moradia, educação, emprego, transporte, família, discriminação e lazer. Ainda há outras esferas, mas estas já auxiliam para a percepção do nível de segregação em que esses grupos se encontram. Partindo do consumo é possível ressaltar que o poder de compra das famílias que moram na periferiaé limitado. Em relação a bens não-duráveis, como roupas e alimentos, seus integrantes consomem produtos de baixa qualidade, enquanto que bens duráveis, como eletrodomésticos, móveis e outros o acesso é bastante restrito. Se para a elite produtos como computadores, microondas e dvds são essências, para os moradores da periferia eles são quase que desconhecidos. A carência de recursos financeiros também se reflete na moradia. Estas são modestas e geralmente estão em precárias condições. Além de se localizarem em lugares distantes, muitas vezes há falta de água, luz, esgoto, asfalto e coleta de lixo. Quando localizados em conjuntos habitacionais tratam- se de casas de segunda linha e quando em favelas de barracos. Sua dimensão é pequena, não agrega os moradores confortavelmente e sempre há uma reforma 49 a ser feita. Quando termina a construção da casa dos pais começa a dos filhos. Muitas vezes quando se casam constroem sua moradia nos espaços vagos do terreno dos pais ou moram na mesma casa. As rendas baixas são reflexo da pouca escolaridade de seus moradores. Muitos, porque não frequentaram a escola, são analfabetos ou frequentaram somente níveis educacionais muito baixos. Os jovens, assim como seus pais o fizeram, deixam de frequentar a escola para trabalhar e aumentar a renda da família, no futuro, possivelmente, repassarão esta condição também para seus filhos num ciclo vicioso que torna a mobilidade social inexistente por gerações, fato que podemos perceber em vários bairros por todo o Brasil. Quando conseguem frequentar a escola pública a qualidade do ensino nem sempre é boa, pois muitas não recebem recursos suficientes do Estado, além da falta de condições dos pais em fornecer material escolar, uniforme e transporte. As escolas particulares, em muitas situações melhores que as instituições de ensino públicas, têm o acesso ainda mais restrito graças às mensalidades. A baixa escolaridade prejudica a entrada e permanência no mercado de trabalho da população periférica. Por falta de qualificação quando conseguem uma vaga, isso se conseguem, são mal remunerados. As profissões mais frequentes são: carpinteiro, eletricista, costureira, mecânico, empregada doméstica, doceiros, babás, vendedores, motoristas, ambulantes, catadores de papel, e outras, estas são pouco reconhecidas pela sociedade e consequentemente mal remuneradas. Poucos têm a oportunidade de um emprego com carteira assinada, a maioria é submetida a relações informais ou exercem atividades por conta própria, os chamados “bicos” ou “biscates”. Impossibilitados de participarem de treinamentos ou cursos profissionalizantes, por falta de condições econômicas, tempo (fazem horas extras para complementar a renda da família ou cuidar dos serviços de casa) ou ainda por 50 falta de apoio do Estado (que não fornece cursos profissionalizantes gratuitos) são submetidos a péssimas condições. Quanto ao transporte, apesar dos grupos que moram na periferia serem os que mais necessitam deste serviço, porque moram distantes das atividades comerciais e sociais, são os que menos têm acesso (DURHAM, 1988). Sem condições de adquirir e manter um veículo próprio, dependem do sistema público de transporte, que é precário e insuficiente. As tarifas são altas se relacionadas aos rendimentos desses usuários, transportam grande volume de pessoas desconfortavelmente, (principalmente nos horários de maior movimento) e não passam com frequência pelos bairros. As relações familiares também acabam por refletir esse quadro de carências. Segundo Roberto C. Albuquerque (1993) as famílias pobres tendem a ser mais numerosas, muitas mulheres se tornam mães precocemente e não há campanhas de esclarecimento sobre o controle de natalidade através dos métodos anticoncepcionais. O autor continua defendendo que a renda na maioria dos casos depende dos ganhos do chefe da família, estes são geralmente jovens e se declaram de cor negra ou parda. Mas, a maior proporção das famílias pobres é chefiada por mulheres, talvez seja reflexo do grande número de mães solteiras e maridos que abandonaram o lar. Finalizando a análise de algumas esferas vemos que o lazer destes grupos também é comprometido. Por exemplo, eles não frequentam o cinema ou o teatro, se limitam a opções oferecidas no próprio bairro com baixo ou nenhum custo, como churrascos ou jogos de futebol em locais impróprios. 51 UNIDADE 11. O FENÔMENO DA METROPOLIZAÇÃO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Compreender o desenvolvimento deste fato marcante na urbanização brasileira e sua consequência para o cotidiano das pessoas que vivem nessas regiões. ESTUDANDO E REFLETINDO O crescimento das regiões metropolitanas está ocorrendo de maneira muito rápida, segundo Ross (1998) com exceção de São Paulo, Rio de Janeiro e Belém todas as demais regiões metropolitanas cresceram mais que seus respectivos estados. No Brasil esse fenômeno só se consolidou a partir dos anos 1950, devido à rápida industrialização, enquanto em outras regiões pelo mundo já vinha ocorrendo antes da Segunda Guerra Mundial, como por exemplo, em Londres, Nova Iorque, Paris e Tóquio. No Brasil ela resultou da industrialização e concentração de atividades secundária (indústrias) e terciária (comércio e serviços) em expansão nos grandes centros urbanos. As regiões metropolitanas, ou até mesmo os centros regionais, exercem uma influência que vai além de seus Estados. Isso vem aumentando ainda mais os problemas com habitação, transporte público e saneamento, pois a migração para esses lugares é muito grande. Segundo Ross (1998) o mais grave deles é o da habitação, uma vez que quanto maior for a procura por habitação, mais caro se torna o solo urbano (especulação imobiliária). Devido ao alto valor dos lotes nas áreas centrais, há uma tendência à verticalização das moradias (construção de prédios) e a população de renda 52 mais baixa acaba sendo afastada desses pontos, à procura de lotes ou de aluguéis mais baratos nas periferias das grandes cidades. Geralmente as periferias possuem péssimas condições de infraestrutura. Um problema grave nas áreas periféricas das regiões metropolitanas é que muitos lotes são vendidos clandestinamente. Esses lotes são grilados em áreas públicas ou privadas e mais tarde vai causar problemas judiciais para as pessoas que constroem suas casas. Outro problema enfrentado por aqueles que moram nas periferias são os meios de transporte coletivo. Insuficientes para atender a demanda, os trabalhadores percorrem longas distâncias entre sua casa e seu trabalho, enfrentado horas de congestionamento, o que causa um desgaste físico muito grande nos trabalhadores. As classes de melhor renda que moravam próximas às áreas centrais estão procurando se afastar desses pontos, devido a vários fatores como o adensamento e a deterioração ambiental, a intensidade dos fluxos de transporte e a poluição do ar, sonora e visual. A população de melhor renda está procurando estabelecer suas moradias em condomínios fechados longe do centro, de acordo com Ross (1998) “muitas vezes esses condomínios invadem as poucas reservas de áreas verdes localizadas nos limites externos das regiões metropolitanas”. É muito importante também falarmos que na maioria das grandes metrópoles brasileiras vamos nos deparar com os centros antigos e os novos centros, com infraestruturas bem diferentes. Nos centros antigos vamos encontrar inúmeras habitações que foram fragmentadas em vários cômodos, destinadas a locatários que se sujeitam a morar em cortiços para ficarem mais próximos do trabalho e gastarem menos com transporte. Esses trabalhadores estão alugando um pequeno espaço, 53 porém com um elevado valor, às vezes mais caro que o metro quadrado nas áreas nobres da cidade. Os edifíciosapresentam uma infraestrutura inadequada, é difícil a circulação e estacionamento dos automóveis. Isso ocorre devido ao fato desses edifícios terem sido construídos quando os carros eram um luxo de poucos. Já os novos centros, são dotados de ruas e avenidas mais amplas, os edifícios são compatíveis com os escritórios das grandes empresas, sendo mais espaçosos, com elevadores mais numerosos e mais rápidos para atender a demanda. Centro Urbano Deteriorado. Edifícios Modernos Fora da Área Central 54 BUSCANDO O CONHECIMENTO No Brasil foi promulgada a lei federal n°6766/79 (Lei Lehmann), com o objetivo de impedir as atividades imobiliárias clandestinas, e desde 1971 pela legislação federal os municípios com mais de 20 mil habitantes são obrigados a elaborar um Plano Diretor, em decorrência disto os municípios criam leis de zoneamento com a finalidade de: 1. Controlar a intervenção das imobiliárias e dos particulares nas áreas já assentadas e nas áreas passíveis de novos assentamentos, evitando o grande adensamento; 2. Preservar as características paisagísticas; 3. Manter a qualidade de vida nos bairros nobres e a memória das cidades. De acordo com Ross (1998), “essas leis serviram mais para garantir a boa qualidade desses bairros nobres do que para melhorar a dos já deteriorados”. Plano Diretor é o Instrumento básico de um processo de planejamento municipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação dos agentes públicos e privados. (ABNT, 1991). Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de princípios e regras orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. (BRASIL, 2002, p. 40). 55 UNIDADE 12. MIGRAÇÕES E OS PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE Objetivo Identificar a migração como fator importante para o crescimento e urbanização das cidades brasileiras. ESTUDANDO E REFLETINDO MIGRAÇÕES Migrar é o ato de se deslocar pelo território. As migrações dos homens pré-históricos estavam baseadas nas seguintes necessidades de sobrevivência: - moradia e - alimentação. Hoje, as migrações se baseiam em três fatores principais: 1. Religioso; 2. Político; 3. Econômico. Conceitos de Migrações Muito se confunde os termos emigrar e imigrar. O erro está em pensar, e até foi ensinado isso nas escolas, que quem é emigrante é o indivíduo que migrou dentro do seu país, seja no estado ou região e que imigrante é aquele que fez a migração entre países. Foi e até vem sendo um equívoco pensar ou ensinar dessa maneira. A correta interpretação desses termos é: 56 • Emigrante: indivíduo que saiu do seu local de origem. • Imigrante: indivíduo que chegou num novo local de moradia/trabalho. • Migrante: aquele que migra, muda de lugar. Tipos de Migrações • Externas: feitas entre países ou continentes. • Internas: realizadas dentro de um próprio país. Essas podem ser de 3 tipos: 1. Êxodo Rural: saída, em grande contingente, do campo para as cidades. Também chamada de migração permanente, ou seja, quando o indivíduo não tem pretensão ou objetivo de retornar ao local de origem ou de onde partiu. 2. Transumância ou temporária: deslocamento realizado num curto espaço de tempo, por exemplo, pessoas que moram numa cidade, mas que trabalham em outra e moram lá durante os dias úteis e retorna no final de semana para a sua cidade de origem. Ocorre muito com trabalhadores rurais, que na época da safra (por exemplo, cana de açúcar) deslocam-se do Nordeste e vão rumo ao Sudeste (São Paulo) trabalhar na colheita da cana (chamados de boias frias). 3. Pendular: deslocamento diário. Pessoas que usam uma cidade para dormir/morar, mas que se dirigem a outras (geralmente num raio de até 200 km) para estudar e trabalhar e que retornam no final do dia (vai e volta para trabalho, por exemplo). É muito comum em áreas no entorno de metrópoles ou de Regiões Metropolitanas, onde a figura das cidades dormitório é comum. As migrações também podem ser forçadas ou espontâneas. As migrações forçadas são aquelas que os indivíduos são obrigados a migrarem, 57 por motivos de guerras, perseguições políticas, catástrofes ambientais ou epidemias. Já as migrações espontâneas são realizadas por vontade própria, com objetivos de estudo, trabalho ou melhorias das condições de vida. É importante ressaltar que os imigrantes nem sempre são bem recebidos nos locais onde chegam, muitas vezes são tratados com hostilidade, preconceito, violência e discriminação por parte da população local. Os países pobres normalmente são os grandes emigrantes, muitas vezes as pessoas pobres vão para os países ricos em busca de uma vida melhor, mas nem sempre são bem recebidas. Atualmente estamos vendo pela mídia o preconceito sofrido pelos imigrantes, esse tipo de aversão ao imigrante é chamada de Xenofobia. Isso ocorre porque a população local acredita que o imigrante “rouba” seus empregos e causa problemas sociais. Os imigrantes se sujeitam a serviços que a população local não quer mais fazer, como limpar vidros de prédios, pedreiros, carpinteiros. No Brasil, historicamente as cidades que mais receberam imigrantes foram São Paulo e Rio de Janeiro. Esses imigrantes foram atraídos pela industrialização, que consequentemente acelerou a urbanização dessas grandes metrópoles. Hoje são as cidades médias que mais recebem imigrantes vindos do campo, isso ocorre por não estarem tão abarrotadas de gente como a capital fluminense e a capital paulista. No Brasil está se tornando comum, também, a migração entre as populações das pequenas cidades. Historicamente o maior fluxo de migração era do Nordeste para o Sudeste, porém, esse quadro está se revertendo, tanto que a população nordestina está voltando para seu local de origem, esse fenômeno recebe o nome de migração de retorno. 58 Atualmente o fluxo de migrantes está se intensificando da região Sul para o Centro-Oeste e norte baiano, devido ao trabalho no agronegócio com destaque para o cultivo de cana-de-açúcar e de soja. Esses fluxos migratórios historicamente contribuíram e ainda contribuem para a urbanização no Brasil, causando infelizmente muitos problemas, como a macrocefalia. As cidades brasileiras ainda não estão preparadas para receber um grande contingente de pessoas. BUSCANDO O CONHECIMENTO O MAPITOBA MAPITOBA é uma sigla para uma região formada por partes dos estados do Maranhão (MA), Piauí (PI), Tocantins (TO) e Bahia (BA). Inicialmente conhecida por região do MAPITO, passou a englobar o oeste da Bahia, tornando-se assim, Região do MAPITOBA. Projeções indicam que essa região, nova fronteira agrícola do país, deverá produzir próximo de 20 milhões de toneladas de grãos em 2022. No ciclo 2011/12, MAPITOBA produziu 13,9 milhões de toneladas (fonte G1 – ECONOMIA). Em 1988, a SLC Agrícola, produtora gaúcha de soja, algodão e milho, vendeu uma fazenda de 2 000 hectares no Rio Grande do Sul e com o dinheiro comprou 26 000 hectares no sul do Maranhão. A aposta na região, que na época não tinha nenhuma infraestrutura, mostrou-se acertada. Hoje, as fazendas na área conhecida como MAPITOBA respondem por 24% do faturamento total da empresa, de 596 milhões de reais em 2010. No encalço das produtoras brasileiras, como a SLC, vieram investidores estrangeiros e transnacionais do agronegócio, como ADM, Bunge, Cargill, Louis Dreyfus e Multigrain. Este movimento implicou a realização de investimentos milionários e a inserção de tecnologia de ponta na produção, convertendo o cerrado nordestino no novo paraíso do agronegócio. Mas o crescimento tem http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigla 59 suas dores: desmatamento do Cerrado; concentração e grilagem de terras; falta de infraestrutura
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