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Geografia Urbana (20 Unid - Geo - SEC)

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GEOGRAFIA
GEOGRAFIA URBANA
Jenifer Ranieri Stagni Barboza
Marcelo de Souza Loureiro
http://unar.info/ead2
 
 
 
 
 
 
GEOGRAFIA URBANA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Esp. Jenifer Ranieri Stagni Barboza 
Prof. Esp. Marcelo de Souza Loureiro 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
UNIDADE 01. UMA BREVE REFLEXÃO ...................................................................................... 3 
UNIDADE 02. ESTUDOS DE MORFOLOGIA URBANA ............................................................. 7 
UNIDADE 03. CONCEITOS SOBRE URBANIZAÇÃO .............................................................. 12 
UNIDADE 04. CIDADES GLOBAIS ............................................................................................ 17 
UNIDADE 05. O INÍCIO DA URBANIZAÇÃO NO BRASIL ...................................................... 22 
UNIDADE 06. AS CIDADES MAIS ANTIGAS DO BRASIL E DO MUNDO ............................. 26 
UNIDADE 07. O AVANÇO DA URBANIZAÇÃO NA REGIÃO SUDESTE A PARTIR DO 
SÉCULO XIX ................................................................................................................................ 30 
UNIDADE 08. SEGREGAÇÃO URBANA ................................................................................... 35 
UNIDADE 09. HIERARQUIA URBANA ..................................................................................... 40 
UNIDADE 10. MACROCEFALIA E PERIFERIZAÇÃO URBANA ............................................... 46 
UNIDADE 11. O FENÔMENO DA METROPOLIZAÇÃO ......................................................... 51 
UNIDADE 12. MIGRAÇÕES E OS PROCESSOS DE URBANIZAÇÃO ..................................... 55 
UNIDADE 13. NOVOS MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS NO BRASIL .................................... 60 
UNIDADE 14. OUTRAS QUESTÕES RELACIONADAS ÀS MIGRAÇÕES ............................... 66 
UNIDADE 15. PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS – I ...................................................... 71 
UNIDADE 16. URBANIZAÇÃO INADEQUADA E PROBLEMAS POLÍTICOS ......................... 76 
UNIDADE 17. PROBLEMAS AMBIENTAIS URBANOS – II ..................................................... 81 
UNIDADE 18. OCUPAÇÃO IRREGULAR DO SOLO E DESLIZAMENTO DE TERRAS ........... 86 
UNIDADE 19. REVITALIZAÇÃO E REFUNCIONALIZAÇÃO DAS CIDADES .......................... 91 
UNIDADE 20. BROWNFIELDS .................................................................................................. 95 
 
 
 
3 
 
UNIDADE 01. UMA BREVE REFLEXÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Apresentar de forma geral os principais conceitos relacionados à 
Geografia Urbana. 
Compreender as cidades como criação humana, ou seja, um espaço que 
é fruto do processo histórico-geográfico e que aparece em constante 
transformação. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
No campo da Geografia vários autores tentaram definir o que é a 
cidade com a finalidade de melhor entender esse espaço complexo, fruto das 
relações sociais (trabalho). Para Auzelle a cidade é um lugar de trocas, enquanto 
para Ratzel é uma forma de aglomeração durável. Já Ana Fani define a cidade 
como um “campo privilegiado de lutas de classes e movimentos sociais de toda 
espécie” (CARLOS, 2005). 
Como lugar de troca ou palco dos conflitos sociais a cidade é 
constituída de objetos (construções) e fluxos (trocas comerciais, sociais e 
naturais). De maneira geral pode-se definir o termo como todo aglomerado 
permanente cujas atividades não se caracterizam como agrícolas. 
Entender ou definir o que é a cidade torna-se algo complexo à medida 
que se observa que esta é produto da atuação de diferentes agentes e de vários 
fatores. Nesse contexto se torna necessário a abordagem de alguns conceitos 
chaves para a Geografia Urbana, tais como: urbanização, crescimento urbano, 
sítio urbano, metropolização, redes urbanas, funções urbanas etc. 
Primeiramente é necessário esclarecer alguns termos que acabam 
confundindo muitas pessoas, um exemplo seria o uso dos conceitos: Município 
 
4 
 
e Cidade como sinônimos. O Município, grosso modo, é a junção da zona rural 
com a zona urbana, já a Cidade corresponde ao perímetro urbano. De acordo 
com a ONU, a cidade é o local onde está instalada a sede administrativa do 
município. Na imagem a seguir conseguimos perceber melhor essa diferença. 
 
 
 
 
Outros dois conceitos que muitas vezes são usados como sinônimos pelo 
senso comum são: Urbanização e Crescimento Urbano. 
Vale ressaltar que Urbanização é diferente de Crescimento Urbano, pois o 
processo de urbanização é fruto do desenvolvimento econômico de uma 
determinada área e consiste no deslocamento de um grupo de pessoas da zona 
rural para a zona urbana (cidade). Assim só ocorrerá a urbanização quando a 
população urbana crescer mais que a população rural. 
 
 
O município de São Caetano do Sul/SP é um dos menores do Brasil. Repare que a 
cidade ocupa praticamente todo o seu espaço territorial, ao contrário dos vizinhos que 
tem grandes áreas verdes. 
 
 
5 
 
 ZONA URBANA ZONA RURAL 
 
 
Fotos Hélder Henrique J. Gasperoto 
 
Logo, crescimento urbano corresponde à expansão física da cidade, ou 
seja, esse fenômeno está ligado ao crescimento da área urbana, sendo causado 
pelo aumento do número de casas, prédios, ruas, praças, estabelecimentos 
comercias etc. 
Observe o esquema a seguir que exemplifica o crescimento urbano: 
 
http://www.slideshare.net/vallmachado/urbanizao-e-crescimento-urbano-finalizado 
 
6 
 
Observando o esquema do crescimento urbano, percebe-se que a área 
urbana ao crescer vai ocupando os espaços que antes eram destinados a 
práticas agrícolas. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
O sitio urbano por sua vez seria o lugar de implantação inicial da 
cidade. A escolha da posição do sitio urbano é fundamental para o 
desenvolvimento da cidade, apresentando vantagens e desvantagens para seu 
desenvolvimento. 
O relevo, por exemplo, pode facilitar ou dificultar a relação da cidade 
com os espaços vizinhos, de acordo com Ross (1995), 
quanto maiores forem às condições que uma cidade possui para se 
articular territorialmente com outras localidades, facilitando os 
transportes e as trocas comerciais, maiores serão suas chances de 
crescer. 
 
Outro exemplo interessante seriam os sítios urbanos posicionados 
próximos a rios, tendo como ponto positivo o fácil abastecimento de água, 
porém como ponto negativo pode ser citado a grande probabilidade de 
enchentes e contaminação do lençol freático por produtos químicos/chorume. 
Mas atualmente os fatores naturais não aparecem mais como 
limitadores ou facilitadores da expansão urbana, uma vez que os meios de 
transportes revolucionaram a relação espaço-tempo, e o desenvolvimento 
tecnológico permitiu a superação de alguns obstáculos que dificultavam a 
ocupação de determinadas áreas. 
 
 
7 
 
UNIDADE 02. ESTUDOS DE MORFOLOGIA URBANA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Entender como os fatores naturais podem influenciar na expansão 
urbana de um município. 
O estudo da morfologia urbana é indispensável para se pensar o futuro 
dessas ocupações. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Trabalhos Sobre Morfologia Urbana. 
 Aragão (2006) salienta que os trabalhos sobre morfologia urbana 
apareceram na Europa no fim do século XIX. Ainda diz que, 
“Schlüter estabeleceu a morfologia da paisagem cultural em 
contraposição à geomorfologia (ciência que estuda as formas do 
relevo), dando ênfase à análise da paisagem urbana nos países 
industriais” (ARAGÃO, 2006, p. 33). 
 
 De acordo com Mudon (1997) um grupo relevante nos estudos da 
morfologia urbana estruturou-se a partir de uma variedade de disciplinas 
incluindo arquitetos, historiadores, geógrafos e cientistas ligados ao 
planejamento. Esse grupo incluía indivíduos provenientes da Inglaterra, França,Alemanha, Irlanda, Suíça, Japão, Austrália e EUA. 
 O Seminário Internacional sobre Forma Urbana (ISUF) deu maior 
evidência aos estudos de morfologia urbana. As reuniões possibilitaram o 
reconhecimento da expansão da morfologia urbana (Mudon 1997). Nas 
considerações de Aragão (2006) constata que: 
 
 
8 
 
O termo “morfologia” vem do grego (morphé + lógos + ía) e significa 
“a ciência que estuda a forma” ou “a ciência que trata da forma”. Do 
ponto de vista urbanístico, a morfologia pode ser definida como o 
estudo da forma urbana ou o estudo dos aspectos exteriores do meio 
urbano, por meio do qual se coloca em evidência a paisagem e sua 
estrutura. (ARAGÃO, 2006, p.33). 
 
 Dois indivíduos são destaque no campo da morfologia urbana: o 
primeiro, MRG Conzen, geógrafo alemão que migrou para a Inglaterra antes da 
II Guerra Mundial, para estudar e praticar o planejamento urbano e ensinar 
geografia. E o segundo, Severio Muratori, arquiteto italiano que ensinou em 
Veneza e depois em Roma. Ambos os homens com ramos distintos, porém com 
um interesse em comum, os estudos de morfologia urbana (MOUDON 1997). 
 Para Moudon (1997) há um reconhecimento generalizado de que, em seu 
nível mais elementar, a análise morfológica é baseada em três princípios: 
 a forma urbana definida por três elementos fundamentais físicos: 
edifícios e respectivos espaços abertos, terrenos ou lotes e ruas; 
 a forma urbana pode ser entendida em diferentes níveis de resolução. 
Comumente, quatro são reconhecidos, correspondente ao edifício / lote, 
a Rua / quadra, a cidade e a região; 
 a forma urbana só pode ser compreendida historicamente uma vez que 
os elementos de que é composta sofre transformação contínua e 
substituição de uma arquitetura arcaica, por uma arquitetura moderna. 
 
 Para Rocha (2010) estudos da morfologia urbana estão relacionados com 
a busca de como as cidades se desenvolveram ao longo do tempo histórico. 
 De acordo com Lamas (1999), a morfologia urbana é a ciência que estuda 
a forma urbana nas suas características exteriores, físicas, e na sua evolução no 
tempo. 
 
9 
 
 Nesse sentido, o estudo da morfologia urbana é indispensável para se 
pensar o futuro dessas cidades devido à concentração populacional, 
deteriorização do meio ambiente, além de diversos problemas que enfrentam 
os citadinos. 
 As novas geotecnologias servem de aliadas nesse estudo. 
 Seabra (2003), Colavite (2009), Cordoves (2004) indicam que a qualidade 
das informações utilizadas na análise sobre as alterações no uso e ocupação do 
espaço é de fundamental importância para a representação correta da 
realidade, no Brasil e no mundo. Especialmente na última década, as 
geotecnologias, tais como, imagens de satélite e as imagens aéreas 
(provenientes de aerolevantamentos) têm sido usadas como ferramentas de 
auxílio para o planejamento urbano. 
 As imagens de satélite e as de aerolevantamento proporcionam uma 
visão sintética, mostrando a dinâmica de extensas áreas ou mesmo de pontos 
específicos da superfície terrestre ao longo do tempo, permitindo identificar o 
impacto das ações humanas na ocupação e uso do espaço. 
Para Orth et al (2000) o Sensoriamento Remoto, aliado as fotos 
aéreas e as imagens tomadas a partir de satélites, possibilita retratar o 
espaço terrestre e acompanhar sua evolução morfológica. Ainda 
acrescenta que: 
As fotos aéreas – provenientes de levantamentos fotogramétricos – 
são utilizadas preferencialmente para o levantamento de grandes 
áreas urbanizadas e seu mapeamento – relevo, ruas, edificações, 
vegetação, corpos hídricos, etc. Os aerolevantamentos são feitos por 
uma aeronave, obedecendo a um plano de voo. 
Para ser fotografada uma área, o avião voa em um determinado 
sentido, voltando depois segundo linhas pré-estabelecidas, paralelas e 
igualmente espaçadas. Para cada linha de voo é tirada uma sequência 
de fotos, para compor uma continuidade depares fotogramétricos que 
serão utilizados posteriormente em operações de estereocompilação. 
As imagens de satélites vêm complementar os dados obtidos das 
 
10 
 
aerofotos, pois podem ser obtidas com grande frequência temporal – 
no mínimo uma imagem por mês -e baixo custo. O grau de 
detalhamento dos elementos imageados é normalmente inferior aos 
obtidos nas fotos aéreas, mas a área de abrangência é maior. Suas 
aplicações são mais adequadas ao monitoramento de fenômenos 
dinâmicos e de massa – expansão urbana, inundações, vegetação, 
traçado viário, etc. (ORTH et. al. 2000, p.3). 
 
 Nesse sentido, as imagens de aerolevantamento e as imagens de satélite 
vêm para complementar e até mesmo acelerar os estudos de morfologia 
urbana. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
 Podemos dizer que a cidade é o local onde se dá a articulação entre os 
interesses econômicos e tecnológicos, concomitando em revalorização dos 
espaços internos, fonte de investimentos procedentes de diversos campos da 
atividade social e consequentemente, em transformação espacial. 
 As imagens aéreas aliadas às imagens de satélite tornam-se ferramenta 
eficaz para o planejamento local e regional, de modo que possibilita a tomada 
de decisões referentes à organização do espaço urbano, no que tange ao 
estabelecimento da Lei de Zoneamento Urbano, Código de Posturas e Obras e 
demais leis que visam à mesma destinação, assim como refletir sobre o 
desenvolvimento regional, ao longo da história e pensar o planejamento futuro. 
 
 
11 
 
 
Fonte: Google Imagens – acesso em 30/6/2014. 
 
 
 
 
 
 
12 
 
UNIDADE 03. CONCEITOS SOBRE URBANIZAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Apresentar os principais conceitos ligados à urbanização e expansão 
urbana. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Metrópoles: A maioria das pessoas usam o termo como sinônimo de 
grande cidade ou cidade-mãe. De acordo com Ross (1998), para a Geografia a 
palavra tem significado preciso e só pode ser usada nos seguintes casos: 
1. Um crescimento que expande a cidade, prolongando-a para fora de 
seu perímetro, e absorve aglomerados rurais e outras cidades. Estas, 
até então com vida autônoma, acabam comportando-se como 
parte integrante da metrópole. Com a expansão e a integração, 
desaparecem os limites físicos entre os diferentes núcleos urbanos – 
fenômenos chamado de conurbação. 
2. A existência de um centro histórico onde se concentram atividades 
de serviços e a partir do qual surgem subcentros. 
3. A dicotomia entre a existência da cidade enquanto espaço edificado 
e a estruturado político-administrativa. Em outros termos: um único 
espaço edificado resultante da conurbação, porém com várias 
administrações político-adminitrativas autônomas, como, por 
exemplo, São Paulo e o ABCD (Santo André, São Bernardo, São 
Caetano e Diadema). Cada uma dessas cidades tem seu centro 
administrativo municipal autônomo e juntas formam uma 
conurbação. 
4. Fluxos de circulação de veículos com dois picos de maior 
intensidade, normalmente no período da manhã e no final da tarde, 
formando o chamado fluxo pendular, atravessando mais de uma 
cidade. 
 
13 
 
Diante dessa situação exposta por Ross (1998), o autor acaba concluindo 
que o termo metrópole não se refere somente à cidade-mãe, mas a todo 
espaço em conurbação com a mesma, formando um todo complexo e 
profundamente integrado, conhecido como região metropolitana. 
 
Conurbação: é quando dois ou mais municípios se unem numa só 
mancha urbana, quando seu crescimento extrapola os limites territoriais 
próprios. Ocorre uma junção espacial entre esses municípios, perdendo sua área 
rural seus limites definidos. 
 
Regiões Metropolitanas: é a união de dois ou mais municípios ao redor 
de uma metrópole, formando uma enorme malha urbana. Geralmente ocorre ao 
redor da capital do estado. No Brasil estão distribuídas por todas as grandes 
regiões do país e definidas por leis federais ou estaduais.A maior região 
metropolitana é a de São Paulo, com 39 municípios, com uma aglomeração de 
cerca de 20 milhões de habitantes. 
Segundo dados do IBGE, as "12 redes metropolitanas de primeiro nível" 
são as seguintes: São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Manaus, Belém, Fortaleza, 
Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre e Goiânia, 
correspondendo a 50% da população absoluta e a 75,5% do PIB. 
Este conceito estudaremos mais detalhadamente em uma próxima 
Unidade. 
 
Megalópole: é a conurbação de duas ou mais regiões metropolitanas. 
No Brasil há uma contradição entre Rio-São Paulo e São Paulo-Campinas. Uns 
estudiosos dizem que o eixo Rio – São Paulo é uma megalópole, mas entre 
essas duas metrópoles há uma área sem concentração urbana, com predomínio 
 
14 
 
de áreas rurais. Já o eixo São Paulo – Campinas se une fisicamente em suas 
regiões metropolitanas. 
 
Tecnopolos: eventualmente, dentro de uma região metropolitana ou 
numa megalópole existem os tecnopolos. São cidades onde estão presentes 
universidades, centros de pesquisa que vão pesquisar e desenvolver novas 
tecnologias e aplicá-las na indústria ou serviços. 
 
Macrocefalia: nome dado ao crescimento rápido, intenso e desordenado 
das cidades. Quando ocorre esse tipo de crescimento, geralmente a cidade não 
está preparada para receber um grande contingente populacional em pouco 
tempo, então a oferta de serviços públicos básicos é precária como escolas, 
hospitais, moradias, saneamento básico, energia, asfalto, transporte, lazer, etc. 
Isso enfatiza o desemprego, a favelização e os distúrbios urbanos. 
 
Verticalização: a falta de espaço físico na horizontal (terrenos) faz com 
que haja a verticalização dos imóveis, com a construção de arranha-céus que 
vão “suprir a demanda” por habitação. 
 
Segregação Espacial: é o foco do poder público em ofertar melhores 
condições à população socioeconômica mais ativa e omitir às regiões periféricas 
os serviços básicos à população de baixa renda. 
 
Cidades Formais: cidades planejadas para receberem população, 
ofertando serviços públicos de qualidade e a todos. 
 
 
15 
 
Cidades Informais: cidades que não foram planejadas adequadamente e 
que não oferecem serviços públicos a todos, independente do seu tamanho ou 
do seu ritmo de crescimento. 
 
Desconcentração Concentrada: fenômeno que se iniciou na década de 
1970 em São Paulo, capital. 
Como a concentração de indústrias já estava no limite, elas começaram a 
migrar para o interior do estado ou para outros estados/regiões. Com isso, as 
pequenas cidades do interior foram recebendo migrantes que iam em busca de 
trabalho e se tornaram grandes cidades. Houve uma desconcentração da 
capital (metrópole) e concentração no interior (cidades médias). 
 
Rede urbana: as cidades estão interligadas, ocorrendo uma polarização, 
onde as cidades com melhores equipamentos urbanos e infraestrutura atraem 
mais formando uma hierarquia urbana. 
 
Malha urbana: é uma rede urbana adensada, com ligações mais 
intensificadas como nas áreas mais urbanizadas da região Sudeste do Brasil. 
 
Metrópole Global ou Cidade Global: são cidades com bons 
equipamentos e infraestrutura urbanas, elas atraem pessoas de todo o mundo, 
são responsáveis por grande parte do fluxo de pessoas, capitais, informações e 
mercadorias no âmbito mundial. São exemplos de cidade globais: Tóquio, Nova 
York, Paris entre outras. 
Diferenciam-se das demais metrópoles, pois estabelecem uma ligação 
entre o território do país com as finanças e a economia mundial. É nestas 
cidades que se estabelecem as maiores Bolsas de Valores, as sedes das grandes 
 
16 
 
empresas, além das mais conceituadas universidades e centros de pesquisas do 
mundo. 
 
Megacidade: são cidades com mais de 10 milhões de habitantes. Os 
países subdesenvolvidos estão ampliando este tipo de cidade, devido ao 
intenso êxodo rural pelo qual estão passando. Exemplos – Tóquio, Nova Iorque, 
Cidade do México, São Paulo, Lagos, Mumbai (ex-Bombaim). 
Os conceitos abordados neste capitulo vão ser de enorme importância 
para que possamos compreender melhor os assuntos tratados nas próximas 
unidades e as tarefas que virão. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
As maiores cidades globais do mundo. 
Elas são divididas em 3 níveis: Alfa, Beta e Gama. 
As 4 cidades nível Alfa, que estão no topo da lista são: Nova Iorque, 
Tóquio, Paris e Londres. 
São Paulo está no nível Beta, mas com enorme influência regional ou 
subcontinental (América Latina). 
Rio de Janeiro está no nível Gama, exercendo menos influência que São 
Paulo. 
Geralmente as capitais dos países são as cidades mais importantes deles. 
Para saber o ranking das cidades globais poderá acessar o link abaixo. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_global 
 
 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_global
 
17 
 
UNIDADE 04. CIDADES GLOBAIS 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Entender a formação das cidades globais, seus níveis hierárquicos e 
localização. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Cidades ou Metrópoles Globais. 
 Desde que a urbanização tornou-se um fenômeno intenso no mundo 
todo, as grandes cidades de cada país têm sido fundamentais na determinação 
do ritmo das respectivas economias nacionais. 
 Nas últimas décadas, porém, um grupo de metrópoles passou a 
influenciar fortemente não apenas o seu entorno, mas todo o planeta, pelas 
decisões e novidades que se espalham delas para as demais regiões. 
 São centros de poder político, tanto nacional como internacional, e de 
organização governamental; centros de comércio nacional e internacional, 
agindo como entrepostos para seus países e às vezes para países vizinhos; 
ainda, centros bancários, de seguros e serviços financeiros em geral; centros de 
atividade profissional avançada, na medicina, no direito, em estudo avançado, e 
de aplicação de conhecimento científico na tecnologia; centros de acúmulo de 
informação e difusão através da mídia de massa; centros de consumo sejam de 
artigos de luxo a uma minoria ou de produtos de produção em massa; centros 
de artes, cultura, entretenimento e de atividades auxiliares relacionadas. 
 Enquanto que a expressão "megacidade" refere-se a uma grande 
cidade ou área urbana – geralmente com mais de 10 milhões de habitantes 
–, uma cidade global possui grande influência em nível regional, nacional e 
internacional. Possuem mais características semelhantes entre si do que com 
 
18 
 
outras cidades do mesmo país. Bruxelas, Chicago, Cingapura, Hong Kong, 
Londres, Madri, Milão, Moscou, Nova Iorque, Paris, Seul, San Francisco, São 
Paulo, Shangai, Sydney, Tóquio, Toronto e Washington (DC) são comumente 
consideradas cidades globais, embora este termo se aplique também a outras 
cidades. 
 A noção de cidade global vê uma cidade como um container onde 
habilidades e recursos estão concentrados. 
 Quanto mais uma cidade é capaz de concentrar habilidades e recursos, 
mais bem-sucedida e poderosa é a cidade, tornando-a suficientemente 
poderosa para influenciar o que ocorre em torno do mundo. 
 O ambiente de acúmulo de conhecimento em metrópoles como Nova 
York, Londres e São Paulo permite inovações que afetam o mundo todo, 
segundo o economista Edward Glaeser, da Universidade de Harvard. 
 Essas metrópoles formam uma rede altamente hierarquizada, governada 
pelos princípios opostos de competição e cooperação. São os centros de 
comando do sistema capitalista. Cabe a elas controlar e articular a produção 
mundial. Nesse pelotão de elite, Londres e Nova York surgem praticamente 
empatadas como as "capitais do mundo", seguidas por Hong Kong, Paris, 
Tóquio e Cingapura. Na América Latina, São Paulo emerge como o principal 
centro financeiro, corporativo e mercantil. 
 Da perspectiva da atividade econômica, a imensa riqueza gerada por 
essa teia urbana destaca-sedo resto do mundo. Segundo estudo da consultoria 
PricewaterhouseCoopers, em 2005 as 30 cidades mais globalizadas somavam 
260 milhões de habitantes, ou apenas 4% da população mundial. Mas, juntas, 
geraram US$ 9,8 trilhões, ou 16% do produto bruto global, medido pela 
paridade do poder de compra. 
 Tal pujança – que tende a crescer cada vez mais nos próximos anos – 
deve-se à hegemonia do setor de serviços: seus mercados financeiros e sedes 
 
19 
 
corporativas, suas consultorias, firmas de contabilidade, advocacia e tecnologia, 
suas escolas, universidades e hospitais, seus conglomerados de mídia e equipes 
esportivas, seus museus, orquestras, teatros e bandas de rock e, ainda, suas 
lojas, restaurantes e hotéis. 
 Como diz o cineasta e ensaísta americano Eric Burns, as cidades globais 
são o "laboratório humano supremo". Nelas, a civilização faz suas apostas mais 
audaciosas, engendrando fusões corporativas, decifrando o código genético e 
criando obras-primas. "As cidades estão se tornando cada vez mais incubadoras 
de mudanças e líderes da inovação", escreveu Michael Bloomberg, prefeito de 
Nova York, em recente artigo publicado na revista The Economist. 
 Embora muitas delas, como Nova York, Frankfurt e São Paulo, não sejam 
a capital de seus países, as decisões tomadas numa cidade global, seja a fixação 
do preço do petróleo, seja a proibição do fumo em lugares públicos, têm o 
poder de reverberar pelo mundo. "Essas cidades exibem dois traços 
fundamentais, o capital humano e a densidade", diz o americano Edward 
Glaeser, professor de Harvard e uma das maiores autoridades em economia 
urbana. "Antes, elas viviam das fábricas e do comércio, mas hoje seu principal 
motor econômico está nas ideias de sua força de trabalho. E é a densidade 
demográfica que possibilita a convivência, fator crítico para a criação e a 
dispersão das ideias." 
 
Adaptado do Portal “Exame”. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
Índice de Cidades Globais. 
 Em 2008, a revista estadunidense Foreign Policy, em conjunto com a 
empresa de consultoria A.T. Kearney e pelo conselho de Chicago sobre assuntos 
globais, publicou um ranking de cidades globais, com base em entrevistas com 
 
20 
 
Saskia Sassen, Witold Rybczynski e outros. A Foreign Policy observou que "as 
maiores e mais interconectadas cidades do mundo ajudam a definir as agendas 
globais, perigos para transnacionais e servem como hubs de integração global. 
Elas são os motores de crescimento para seus países e os portais para os 
recursos de suas regiões." 
 Em 2010 o índice foi atualizado. As únicas cidades lusófonas e brasileiras 
a aparecer no ranking foram São Paulo e Rio de Janeiro, nas posições 35ª e 49ª, 
respectivamente. As trinta primeiras cidades do ranking foram: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
 
Fonte: Wikipédia – acesso em 1/7/2014. 
 
 
22 
 
Este mapa mostra as 
primeiras vilas e 
cidades fundadas no 
início da colonização. 
 
UNIDADE 05. O INÍCIO DA URBANIZAÇÃO NO BRASIL 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Compreender o processo de urbanização do território brasileiro, de 
acordo com a função do Brasil como colônia. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
No início da ocupação portuguesa no Brasil, os primeiros núcleos 
urbanos (Cidades) foram implantados no litoral como estratégia para a 
exportação dos produtos agrícolas. A localização favorecia a estas cidades 
desempenhar a função de porto comercial e à função militar, para garantir a 
posse da Colônia. 
Durante os primeiros séculos de 
colonização o poder político e econômico da 
Colônia estava alicerçado nas planícies 
litorâneas do Nordeste, onde estava 
consolidada a sociedade da cana-de-açúcar. 
A produção estava voltada para a 
exportação (espaços extrovertidos) e a força 
de trabalho utilizada era a mão de obra 
escrava. As condições naturais - planícies 
litorâneas e o clima tropical - foram 
importantes para o estabelecimento das 
cidades e das áreas 
de cultivo. 
Contudo, 
neste período, as poderosas famílias e seus escravos residiam maior parte do 
 
23 
 
O sitio urbano da cidade de Ouro 
Preto, era riquíssimo de recursos 
minerais na época de sua 
fundação. Contudo, devido ao 
esgotamento dos minerais a 
cidade estagnou-se, ficando 
isolada devido a seu relevo 
montanhoso e a distância do 
litoral. A posição do sitio urbano 
dificultou também o 
desenvolvimento de atividades 
agrícolas e do comércio. Esta 
situação de estagnação só foi se 
alterar no século XX, com o 
desenvolvimento da siderurgia. 
 
ano nos domínios rurais. Até então, nas cidades residiam funcionários da 
administração municipal, oficiais da Coroa, artesãos e mercadores - esta 
situação se manteve até a Independência do Brasil em 1822. 
Somente nos fins do século XVII e início do século XVIII, quando a 
mineração se expandiu, é que a Coroa Portuguesa permitiu a fundação de 
cidades no interior da Colônia. 
As cidades de Vila Boa/GO, Ouro Preto/MG chamada na época de Vila 
Rica, Cuiabá/MT e Campinas/SP são exemplos de cidades que foram fundadas 
no período da mineração do ouro. 
Porém, esse processo de fundações de vilas e cidades era orientado de 
acordo os interesses econômicos do mercado externo - caso da cana-de-açúcar, 
da mineração e posteriormente do café. Conforme iam ocorrendo uma 
mudança de interesse do mercado externo ou os recursos naturais iam se 
esgotando, as cidades ficavam sujeitas a estagnação, porém “as grandes cidades 
mais bem localizadas sempre tiveram seu crescimento de forma mais contínua, 
principalmente as portuárias” (ROSS, 1995). 
 
Foto: Hélder Henrique Jacovetti Gasperoto - Ouro Preto MG vista parcial da cidade 
 
 
24 
 
A seguir, com a citação de Ross (1995), veremos que as cidades 
brasileiras cresceram de forma espontânea e desordenada. 
O plano das cidades brasileiras, fossem elas litorâneas ou do interior, 
ligadas à mineração, refletia seu crescimento espontâneo e 
desalinhado. Praças e ruas surgiram de forma muito desordenada. O 
alinhamento das ruas e das casas resultava da iniciativa particular dos 
seus moradores [...]. Ruas e praças adaptavam-se às irregularidades do 
relevo. 
 
Estas cidades espontâneas crescem sem um planejamento e apresentam 
uma morfologia (traçado) irregular, diferentes das cidades planejadas. Podemos 
observar estes planos irregulares nos centros velhos das cidades de Salvador, 
Rio de Janeiro e São Paulo (ou praticamente em qualquer outra cidade do Brasil, 
principalmente no Sul e Sudeste). 
Pela foto a seguir observamos a falta de planejamento em relação ao 
traçado do centro velho de Salvador. 
 
Fonte: http://xiquexiquense.blogspot.com.br/2012_02_01_archive.html 
 
25 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
As principais cidades brasileiras começaram a sofrer alterações 
arquitetônicas com a mudança da Corte Portuguesa para o Brasil. 
As residências foram construídas de acordo com os padrões europeus. 
Devido à mudança na capital do Império, saindo de Salvador e indo para o Rio 
de Janeiro, a oligarquia (ricos fazendeiros) passou para a condição de 
nobreza. Sendo assim, esta se transferiu para as cidades. Segundo Ross (1995) 
“estas possuíam duas casas: uma na cidade, perto de suas terras, outra no Rio 
de Janeiro, com a finalidade de participar da vida na Corte”. 
A partir da segunda metade do século XIX as principais cidades 
brasileiras começaram a receber muitas melhorias técnicas, como sistema de 
distribuição de água, de iluminação, transporte coletivo com tração animal e 
redes de esgoto. 
 
Cidade de São Paulo, século XIX. 
Fonte: http://leiturasdahistoria.uol.com.br/ESLH/Edicoes/6/artigo74831-1.asp 
 
 
 
26 
 
UNIDADE 06. AS CIDADES MAIS ANTIGAS DO BRASIL E 
DO MUNDO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Entender a formação dos primeiros aglomerados populacionais do Brasil 
e do mundo. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
As Cidades Mais Antigasdo Mundo. 
Jericó (Palestina) - primeiras ocupações: entre 9600 e 9000 a.C. 
 É citada dezenas de vezes na Bíblia e descrita como “cidade das 
palmeiras”. Ao longo de sua história, Jericó foi destruída e abandonada várias 
vezes, mas acredita-se que seja ocupada continuamente há, pelo menos, 5 mil 
anos. A datação das primeiras ocupações do território foi feita a partir de 
descobertas arqueológicas que incluíram uma muralha de 8 m. Hoje com 20 mil 
habitantes e cara de vilarejo, a cidade tem ruínas espalhadas que contam 
histórias de vários tempos passados: dá para ver onde esteve uma igreja 
Bizantina do século IV e até um palácio de um sultão do século VIII. 
 
Damasco (Síria) - primeiras ocupações: entre 9000 e 6300 a.C. 
 A segunda cidade mais populosa da Síria tem cerca de 1,4 milhão de 
habitantes e é a capital do país. Foi a partir de 1900 a.C. que a região começou a 
ter mais pompa de cidade. A 80 km do mar Mediterrâneo, está próxima do rio 
Eufrates, o que ajudou a estabelecê-la como uma das principais rotas comerciais 
entre Oriente e Ocidente. Atualmente, a cidade antiga possui um grande 
mercado, um bairro Muçulmano e outro Cristão, além de uma zona judaica. 
 
27 
 
Biblos (Líbano) - primeiras ocupações: 5000 a.C. 
 Ganhou esse nome por causa dos gregos, que compravam ali o papiro 
egípcio. Aos poucos, o termo “byblos” passou a significar “papiro” e deu origem 
a palavras como “biblioteca”. Pertenceu primeiro aos fenícios e depois foi 
conquistada pelos Povos do Mar, dominada pelos árabes e empossada por 
potências europeias na época das Cruzadas até passar ao Império Turco-
Otomano, em 1516. 
 
Aleppo (Síria) - primeiras ocupações: Entre 5000 e 4300 a.C. 
 Durante sua história, Aleppo sofreu ocupações de diferentes povos: 
assírios, gregos, persas, hititas, bizantinos, árabes, mongóis e otomanos. 
Saladino, então sultão do Egito, também conquistou o território, em 1183. Hoje, 
com a guerra civil na Síria, a cidade tem sido alvo de constantes ataques. A crise 
se instalou no país em 2011, quando começaram protestos contra o governo do 
ditador Bashar al-Assad. 
 
Xian (China) - primeiras ocupações: 4000 a.C. 
 Foi a capital da dinastia Qin (221-206 a.C.), que reunificou o país e lançou 
as bases do império chinês. Durante essa época, foi construído o famoso 
Mausoléu do imperador Qinshi Huangdi, que abriga os mundialmente 
conhecidos guerreiros de terracota. Depois do século III, a cidade passou por 
bons momentos econômicos, mas sofreu devastações causadas por guerras e 
invasões. 
 
Gaziantep (Turquia) - primeiras ocupações: Cerca de 3500 a.C. 
 Pode ter tido assentamentos ainda em 4000 a.C., segundo escavações 
recentes. Foi uma importante fortaleza durante a Idade Média, mas sofreu várias 
invasões. Em 1183, foi dominada pelos turcos e por outros povos, até virar parte 
 
28 
 
do Império Otomano. Depois da Primeira Guerra, os britânicos ficaram por lá 
até 1919 e os franceses até 1921. Também conhecida como Antep, a região tem 
uma forte produção de vinho. 
 
Plovdiv (Bulgária) - primeiras ocupações: Entre 4000 e 3000 a.C. 
 Considerada a cidade europeia mais antiga a ser habitada, ela era 
chamada de Philippopolis, batismo que veio ao ser conquistada por Filipe II da 
Macedônia, por volta de 341 a.C. Durante a Idade Média, mudou de “dono” 
diversas vezes. Depois da Segunda Guerra, o Comunismo foi instituído no país e 
a cidade virou foco de grupos democráticos, que derrubaram o regime em 
1989. 
 
Sídon (Líbano) - primeiras ocupações: Entre 4000 e 3000 a.C. 
 É diversas vezes citada no Novo e no Velho Testamento. Segundo o 
Evangelho de Marcos, Jesus teria expulsado o demônio do corpo de uma 
mulher perto de Sídon. A cidade também sofreu saques durante as Cruzadas, 
até que foi destruída pelos sarracenos, em 1249. Pouco tempo depois, em 1260, 
foi atacada pelos mongóis. As muralhas danificadas ainda podem ser vistas por 
quem vai até a cidade. 
 
Argos (Grécia) - primeiras ocupações: Entre 3200 e 3000 a.C. 
 É o município mais antigo ainda habitado da Grécia e, entre 1600 e 1050 
a.C. Chegou a ser um dos maiores centros comerciais. Depois do século VI a.C., 
viu seu prestígio diminuir, ofuscada por Esparta. Na época medieval, a cidade foi 
conquistada pelos cruzados, venezianos e otomanos. Com a Guerra da 
Independência Grega (1821-1829), retomou seu território. 
 
 
 
29 
 
Beirute (Líbano) - primeiras ocupações: 3000 a.C. 
 Sofreu terremotos no século VI e caiu no poder dos árabes no século 
seguinte. Durante as Cruzadas, foi disputada por Cristãos e Muçulmanos e, 
depois de um período de domínio turco e egípcio, absorvida pelo Império 
Otomano. Tornou-se capital do Líbano em 1946 e foi considerada, por algumas 
décadas, a “Paris do Oriente” pelo seu desenvolvimento urbano e cultural. Mas 
isso só até a Guerra Civil do país, em 1975. 
Fonte: portal da revista “Mundo Estranho” – edição 139 – acesso em 2/7/2014. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
As Cidades Mais Antigas do Brasil. 
 O mais correto é falarmos em "primeiros povoados", para evitar a 
confusão jurídica entre freguesia, distrito, vila, cidade e município. 
 São Vicente foi a primeira vila, Salvador, a primeira cidade, por exemplo. 
Desse modo, os mais antigos povoados são: 
1. Cananeia (SP) - 1531 
2. São Vicente (SP) - 1532 
3. Espírito Santo (ES)/Igaraçu (PE)/Olinda (PE) (foto) - 1535 
4. Pereira (Bahia, futura Vila Velha)/Nazaré (Maranhão)/Santos (SP) - 1536 
5. Iguape (SP) -1537 
6. Vila da Rainha (próxima ao rio Itabapuana, RJ) - 1538-39 
7. Vitória (Ilha de Santo Antônio, ES) - 1540 
8. Salvador (BA, 1a capital do Brasil)/Itanhaém (SP) - 1549 
9. Santo André da Borda do Campo (SP) - 1553 
10. São Paulo (SP) - 1554 
Fonte: João Bonturi, professor de história do Colégio Singular e do cursinho Singular-Anglo. 
 
 
 
 
30 
 
UNIDADE 07. O AVANÇO DA URBANIZAÇÃO NA REGIÃO 
SUDESTE A PARTIR DO SÉCULO XIX 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Analisar os resultados das atividades econômicas na urbanização 
brasileira. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A partir do século XIX as cidades brasileiras sofreram grandes 
transformações, tanto em sua dimensão espacial como em seu perfil 
arquitetônico, porém seu crescimento continuou de forma desordenada 
(macrocefalia). No interior do país muitas vilas e cidades foram fundadas neste 
período. 
Um dos fatores que contribui para o crescimento das cidades foi o fim 
da escravidão (oficialmente em 13 de maio de 1888), onde milhares de escravos 
tiveram que deixar as senzalas e partirem rumo às cidades. Esta população 
recém emancipada teve que buscar seu sustento e sua moradia, adquirindo-os 
com o dinheiro vindo de seu trabalho livre. 
No entanto as cidades não estavam preparadas para recebê-los, não 
havia emprego e nem moradia que abrangesse um número tão significativo. 
Logo surgiram as favelas nos morros e alagados (várzeas de rios) e os cortiços 
se multiplicaram, provocando alterações na paisagem que permanecem até os 
dias atuais. 
Cortiço: habitações precárias (com ligações clandestinas de redes de água, esgoto, 
energia elétrica) onde vivem várias famílias. 
Muitas vezes são casarões da época colonial. 
 
31 
 
Com a expansão da economia cafeeira no Sudeste do país, São Paulo e 
Rio de Janeiro cresceram muito e intensamente. A chegada da Família Real e da 
Corte Portuguesa ao Rio de Janeiro a partir de 1808 impulsionou ainda mais o 
crescimento da cidade. 
 A maior parte da produção de café do sul de Minas Gerais, Espírito Santo 
e Vale do Rio Paraíba do Sul escoava pelo porto do Rio de Janeiro, pois a cidade 
estava ligada a essas regiões por ferrovias. Sendo assim, a cidade do Rio de 
Janeiro já exercia uma enorme influência sobre uma vasta região do Brasil 
 
(hinterland). O Rio de Janeiro ocupou a posição de maior cidade brasileira até 
1960, quando foi superada por São Paulo. 
Na região nordesteessas transformações ocorreram em menor 
intensidade. Com o fim da escravidão estabeleceu-se uma relação de parceria 
no campo, e também houve uma resistência em relação a implantação das 
indústrias por parte dos latifundiários, o que retardou a transferência da 
população do campo para a cidade. 
O crescimento que ocorreu nas cidades nordestinas ficou restrito às 
cidades litorâneas e a poucas cidades do interior. 
No trecho a seguir, Jurandir Ross (1995) define a importância que as 
ferrovias e os portos tiveram para o crescimento de muitos centros regionais. 
 [...] historicamente se pode ver que o binômio porto-ferrovia 
desempenhou um papel importante para o surgimento e a expansão 
dos principais centros regionais e para a formação das metrópoles 
brasileiras, tendo em vista a articulação que se efetuou entre esses dois 
tipos de transporte antes da era do automóvel. 
É importante dizer que os portos e as ferrovias não somente 
favoreceram a expansão urbana no Brasil. Esse binômio teve enorme 
influência no desenho de algumas cidades brasileiras. Quando 
analisadas as relações entre a presença do porto e da ferrovia com a 
morfologia urbana, percebe-se que os dois representam importantes 
 
32 
 
fatores de concentração de funções secundárias e terciárias ao seu 
redor. 
 
A partir dos anos de 1950 as rodovias influenciaram a expansão das 
cidades em direção ao interior do país, assim como para a expansão do plano 
das cidades em todas as direções. 
As rodovias ligam uma cidade a outra e as cidades que ficam ao longo 
das rodovias vão crescendo, povoando o interior das regiões, 
consequentemente esses espaços até então vazios vão se urbanizando. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
A urbanização do nosso país está diretamente relacionada ao êxodo rural 
(migração em massa do campo para a cidade), que a partir da década de 1930 
foi impulsionada pelo processo de industrialização após o fim do ciclo cafeeiro. 
O esquema abaixo resume esse processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
 
 URBANIZAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em pouco tempo, as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo 
Horizonte entre outras capitais se tornaram metrópoles, devido à atração 
exercida pela indústria e pela oferta de serviços do meio urbano. 
Em 2008, pela primeira vez na história, a população urbana mundial 
superou a rural. O Brasil, mesmo não sendo um campeão em oferta de serviços 
básicos e de distribuição de riqueza, está com níveis de urbanização superiores 
a países de muito elevado desenvolvimento, com cerca de 86% da população 
vivendo no meio urbano. 
URBANO RURAL 
INDUSTRIALIZAÇÃO (após 1930) 
- Êxodo Rural; 
- Péssimas condições de vida no campo; 
- Mecanização do campo; 
- Crescimento populacional no campo; 
 
- Concentração fundiária 
 
Consequências – Macrocefalismo; 
– Favelas x Condomínios fechados; 
– Terceirização; 
– Desemprego; 
– Violência; 
– Exclusão Social e territorial; 
– Segregação social 
 
 
34 
 
O gráfico abaixo traz a comparação entre a população urbana e rural do 
Brasil a partir do êxodo rural. 
 
 
Fonte:http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=capitulo_33_a_urbanizacao_no_br
asil. Acesso em 16 de março de 2012. 
 
 
 
http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=capitulo_33_a_urbanizacao_no_brasil
http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=capitulo_33_a_urbanizacao_no_brasil
 
35 
 
UNIDADE 08. SEGREGAÇÃO URBANA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Entender o processo de urbanização e a segregação espacial. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
Segregação Espacial 
 Com a intensificação da urbanização, espaços distintos começam a ser 
criados, identificando seus moradores de formas opostas, divididos entre os 
bairros de classes baixa, média e alta. 
 Com o crescimento da população e a falta de planejamento das cidades 
ocorre um grave problema: a segregação, tanto espacial (distância entre 
moradias de diferentes grupos) como social (distância de condições no que diz 
respeito ao acesso, elaboração e execução de políticas públicas). A primeira está 
relacionada à valorização excessiva dos imóveis que dispõem dos serviços 
básicos, como asfalto, saneamento básico e transporte, e uma localização 
estratégica que facilita o acesso ao trabalho, comércio e lazer, além, ainda, da 
construção dos conjuntos habitacionais na periferia. A segunda diz respeito à 
dificuldade de alguns grupos têm para conseguir serviços de melhor qualidade, 
como escolas, médicos, emprego, cultura e lazer. As duas formas de segregação 
são extremamente ligadas e concentradas nos grupos com menores rendas. 
 Os principais responsáveis por estes espaços com características 
geográficas, econômicas e estéticas diferenciados são o Estado e a iniciativa 
privada. Eles são representados pelo capital imobiliário, construção civil e o 
estoque de terras urbanas (ARAÚJO, 2004). Os investimentos públicos e 
privados se concentram em determinadas áreas, valorizando-as ao 
disponibilizar saneamento básico, asfalto, transporte e segurança, enquanto a 
 
36 
 
área periférica, como os cortiços, os bairros distantes do centro e os conjuntos 
habitacionais, são esquecidos. Os primeiros espaços citados são reservados para 
a elite e leva os que não possuem recursos financeiros à periferia. 
 O Estado, ainda, é responsável pelo planejamento urbano, ou seja, a 
maneira como o espaço é organizado. Esse planejamento, na maioria das vezes, 
não é devidamente adequado a toda sociedade. Ele concentra as atividades, 
tanto comerciais como sociais, em determinado local, colocando a elite a sua 
volta e afastando os que possuem menores rendas. Assim, o Estado acaba por 
expressar a influência das classes dominantes, que desejam um espaço 
particular para sua reprodução social, daí a inviabilidade de um planejamento 
democrático e igualitário (MARICATO, 2002). 
 Ligadas ao planejamento urbano estão as leis de zoneamento (distinção 
entre os espaços de uma cidade). Elas dirigem o uso e a ocupação do solo, 
separando áreas para comércio, lazer, indústrias e habitações. Neste último nível 
se dão as desigualdades que são mais marcantes. Ao mencionar um bairro, os 
seus moradores são automaticamente relacionados a essa separação. Eles 
recebem um rótulo: se morarem próximos ao centro e das atividades comerciais 
e sociais são bem sucedidos, cidadãos dignos de respeito; se morarem na 
periferia são rotulados como pobres, violentos ou sujos e muitas vezes nem 
mesmos são tratados como cidadãos pelas autoridades como a polícia por 
exemplo, e pela sociedade de modo geral. 
 A questão habitacional deve ser analisada com base nas questões sociais, 
econômicas e políticas. Segundo Kowarick (1993) é necessário observar, além 
do preço da terra urbana, o setor imobiliário–construtor e o Estado; é preciso 
também considerar o conjunto da composição social do capital e a forma como 
se reparte o trabalho excedente do necessário, resgatando assim, ideias 
marxistas. Ou seja, quando a oferta de empregos é insuficiente ou os salários 
 
37 
 
são muito baixos, dificultam a aquisição de uma moradia digna, que disponha 
de saneamento básico, comércio e lazer. 
 Neste contexto, ocorre então, a restrição do mercado privado, em 
especial do imobiliário, além de políticas sociais insuficientes, fazendo com que 
os moradores para que possam ter direito a habitação, tenham que procurar em 
lugares cada vez mais distantes do centro, ou mesmo busquem imóveis ilegais 
ou construam suas casas nas chamadas áreas de grande risco. Segundo Meyer 
(1979), podemos avaliar uma estrutura urbana a partir do grau de segregação, 
ou seja, quanto menos segregada uma cidade, mais está é desenvolvida. A 
autora ainda distingue dois modos no processo de segregação: as favelas e as 
cidades-dormitórios. 
 As favelas caracterizam–sepor serem imóveis ilegais. Estas, geralmente 
não surgem na periferia, mas próximas ao centro. Trata–se de barracos, 
construídos precariamente, sem qualquer tipo de saneamento básico e 
segurança. O espaço construído é mínimo, muitas vezes formado por um só 
cômodo, onde quarto, sala e cozinha estão juntos. Esse tipo de moradia, não 
fornece nenhum tipo de conforto a seus moradores, mas é a única forma de 
habitação que eles conseguiram ter acesso. 
 As cidades–dormitórios são municípios pequenos vizinhos a um maior e 
mais próspero. A segregação atinge uma amplitude que extrapola os limites da 
cidade, sem condições de adquirir um imóvel nem mesmo na periferia, famílias 
inteiras mudam-se para regiões vizinhas onde a valorização excessiva ainda não 
ocorreu por se tratar de locais pouco urbanizados. Segundo Meyer, as cidades-
dormitórios não oferecem um lugar para se morar, elas são apenas para o 
descanso e não para o desenvolvimento de atividades produtivas. De um lado 
temos o espaço onde nos alojamos e de outro onde trabalhamos, esta distância, 
não é só física, mas acaba se tornando também social. 
 
38 
 
 Então, sem condições de adquirir imóveis no centro, as famílias com 
menores rendas, ao se estabelecerem na periferia, acabam criando uma 
identidade própria, diferente daquela dos moradores dos bairros com maiores 
rendas. Não frequentam restaurantes, não colocam seus filhos em escolas 
particulares e praticamente só saem do bairro para trabalharem. Ambos criam 
sua própria forma de cultura e lazer, se adaptando as condições que lhes são 
dadas, condições estas de caráter econômico. A segregação ainda faz com que 
gerações inteiras não mudem de posição social, os filhos herdam as condições 
econômicas dos pais e as repassam, num ciclo vicioso que torna a mobilidade 
social quase que impossível, enquanto a concentração de renda continua em 
domínio da elite. 
 Diante desde quadro os moradores da periferia não têm perspectivas de 
um futuro melhor. Eles se sentem excluídos do sistema social e das 
oportunidades de progresso, aumentando o consumo de drogas, delinquência e 
ainda outros fatores que favorecem a sua degradação social (SABATINI, 1986). 
Estas condutas funcionam como uma fuga da realidade e condição de 
existência, abandonados pelo Estado só podem contar consigo mesmos. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
 Nos últimos anos vem surgindo um fato novo: o confinamento dos 
grupos com maiores rendas em condomínios fechados. Eles estão se mudando 
para estes espaços em busca de maior segurança. Suas vidas são monitoradas 
por porteiros, que controlam a entrada e a saída de pessoas no local, vinte e 
quatro horas por dia. Seus moradores adquirem um status diferente do restante 
da população, porque nem todos têm acesso a este espaço. Estas áreas estão se 
valorizando cada vez mais, intensificando a segregação. Mas, a segregação, não 
é apenas um processo de separação dos moradores de uma cidade, ela está 
baseada em desigualdades maiores, principalmente no que diz respeito a 
 
39 
 
condições sociais. Para Francisco Sabatini há três dimensões da segregação 
social e urbana. A primeira diz respeito à diferença no nível de vida entre os 
bairros, relacionada a condições econômicas. A segunda dimensão é geográfica, 
apresentando dois aspectos: de escala (as famílias com mesmas condições 
socioeconômicas podem morar em um mesmo bairro ou bairros vizinhos) ou de 
relações (as distâncias são agravadas pelo estado de pobreza de seus 
moradores que pouco saem do seu bairro). E uma terceira dimensão, subjetiva, 
é percebida quando os habitantes procuram morar próximos daqueles que lhes 
são semelhantes, seja através de critérios de classe, étnicos, religiosos ou de 
origem migratória. Como exemplo, temos os bairros de imigrantes japoneses ou 
italianos em São Paulo. 
 A classe média alta, o Estado e o mercado imobiliário segregaram e 
continuam segregando a população mais pobre, especialmente por dois 
motivos: primeiro acreditam que estando distantes destes grupos aumentam a 
própria segurança, visto que relacionam pobreza à delinquência. E, segundo, 
porque favelas e imóveis antigos ou em condições precárias desvalorizam os 
imóveis vizinhos. Os pobres no centro não são, no que diz respeito à estética da 
cidade, bem vindos, eles mostram o lado negativo da organização urbana, 
causando incômodo e desconforto aqueles que são responsáveis pelo processo 
de segregação-espacial. 
 Quanto mais a cidade cresce, mais se intensifica a segregação. Não há 
moradia suficiente para todos nas regiões próximas ao centro, obrigando 
muitos a se distanciarem cada vez mais. 
 
 
 
 
40 
 
UNIDADE 09. HIERARQUIA URBANA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Compreender como se classificam as cidades brasileiras de acordo com 
sua importância e influência sobre as demais. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
A rede urbana se constitui de cidades que desenvolvem certa 
importância devido aos fluxos comerciais e populacionais em sua região. Assim 
existem cidades que dependem dos serviços oferecidos por outras maiores e 
melhores equipadas com universidades, hospitais, indústrias, centros comerciais, 
etc. 
De acordo com Ross (1998), a hierarquia entre os grandes centros 
urbanos brasileiros estrutura-se da seguinte forma: 
1. Metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. 
2. Metrópoles regionais: Recife, Salvador, Belém, Curitiba, Porto 
Alegre, Fortaleza e Belo Horizonte (geralmente as capitais estaduais). 
3. Centros regionais: Brasília, Goiânia, Campinas, Campina Grande, 
Londrina etc. 
 
Classificação das cidades brasileiras. 
Classificação Antiga 
Até o final dos anos 80 a classificação Urbana seguia o desenvolvimento 
da economia mais vigente que era o processo de industrialização. Seguindo 
essa tendência as maiores cidades eram as mais industrializadas, e eram as que 
mais polarizavam devido ao seu fluxo, ao número de empregos e de 
desenvolvimento. 
 
41 
 
 
Classificação Nova 
Pela nova classificação o setor de maior desenvolvimento é o terciário, 
essa mudança levou a uma alteração na classificação das cidades. 
O IBGE definiu uma classificação hierárquica entre as cidades brasileiras, 
adotando os seguintes critérios: rede viária e dos movimentos de massas (fluxos 
de passageiros); estudo do fluxo de bens e serviços entre os diferentes centros 
do país (comércio varejista, atacadista, prestação de serviços de saúde, 
educação e bancos). 
Em estudo feito pelo IBGE, mostra a nova dinâmica da rede urbana 
brasileira, e em seguida divulgado pelo site do Instituto, a estruturação da 
hierarquia urbana brasileira vai ser apresentada da seguinte forma: 
1. Metrópoles: 
a. Grande metrópole nacional 
b. Metrópole nacional 
c. Metrópole 
 
2. Capital regional 
Capital regional A 
Capital regional B 
Capital regional C 
 
3. Centro sub-regional 
a. Centro sub-regional A 
b. Centro sub-regional B 
 
4. Centro de zona 
a. Centro de zona A 
 
42 
 
b. Centro de zona B 
 
5. Centro local 
 
Como podemos perceber as cidades foram classificadas em cinco níveis, 
e quando necessário subdividido em dois ou três subníveis. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
Agora você deve ler o trabalho feito pelo IBGE com o titulo “IBGE mostra 
a nova dinâmica da rede urbana brasileira”. Esse trabalho está disponível 
no site: 
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noti
cia=1246. 
Hierarquia das metrópoles e centros tecem as redes de influência 
As áreas de influência dos centros foram delineadas a partir da 
intensidade das ligações entre as cidades, com base em dados secundários e os 
obtidos no questionário específico. Foram identificadas 12 redes de primeiro 
nível. As cidades foram classificadas em cinco níveis, por sua vez subdivididos 
em dois ou três subníveis: 
 
1. Metrópoles – Os 12 principais centros urbanos do País, comgrande 
porte, fortes relacionamentos entre si e, em geral, extensa área de influência 
direta. Têm três subníveis: 
a. Grande metrópole nacional – São Paulo, o maior conjunto urbano do 
País, com cerca de 20 milhões de habitantes em 2010, e no primeiro nível da 
gestão territorial; 
b. Metrópole nacional – Rio de Janeiro e Brasília, com população de 13 
milhões e 3,5 milhões em 2010, respectivamente, também estão no primeiro 
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1246
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1246
 
43 
 
nível da gestão territorial. Juntamente com São Paulo, constituem foco para 
centros localizados em todo o País; 
c. Metrópole – Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo 
Horizonte, Curitiba, Goiânia e Porto Alegre, com população variando de 1,6 
(Manaus) a 5,1 milhões (Belo Horizonte), constituem o segundo nível da gestão 
territorial. Note-se que Manaus e Goiânia, embora estejam no terceiro nível da 
gestão territorial, têm porte e projeção nacional que lhes garantem a inclusão 
neste conjunto. 
 
2. Capital regional – são 70 centros que, como as metrópoles, também 
se relacionam com o estrato superior da rede urbana. Com capacidade de 
gestão no nível imediatamente inferior ao das metrópoles, têm área de 
influência de âmbito regional, sendo referidas como destino, para um conjunto 
de atividades, por grande número de municípios. Este nível também tem três 
subdivisões: 
a. Capital regional A (11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 
487 relacionamentos); 
b. Capital regional B (20 cidades, com medianas de 435 mil habitantes e 
406 relacionamentos); 
c. Capital regional C (39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 
162 relacionamentos). 
 
3. Centro sub-regional –169 centros com atividades de gestão menos 
complexas, dominantemente entre os níveis 4 e 5 da gestão territorial; têm área 
de atuação mais reduzida, e seus relacionamentos com centros externos à sua 
própria 
 
 
44 
 
rede dão-se, em geral, apenas com as três metrópoles nacionais. Com presença 
mais adensada nas áreas de maior ocupação do Nordeste e do Centro-Sul, e 
presença mais esparsa nas Regiões Norte e Centro-Oeste, estão subdivididos 
em grupos: 
a. Centro sub-regional A – constituído por 85 cidades, com medianas de 
95 mil 
habitantes e 112 relacionamentos; 
b. Centro sub-regional B – constituído por 79 cidades, com medianas de 
71 mil 
habitantes e 71 relacionamentos. 
 
4. Centro de zona – 556 cidades de menor porte e com atuação restrita 
à sua área imediata; exercem funções de gestão elementares. Subdivide-se em: 
a. Centro de zona A – 192 cidades, com medianas de 45 mil habitantes e 
49 relacionamentos. Predominam os níveis 5 e 6 da gestão territorial (94 e 72 
cidades, respectivamente), com nove cidades no quarto nível e 16 não 
classificadas como centros de gestão; 
b. Centro de zona B – 364 cidades, com medianas de 23 mil habitantes e 
16 relacionamentos. A maior parte, 235, não havia sido classificada como centro 
de gestão territorial, e outras 107 estavam no último nível. 
 
5. Centro local – as demais 4 473 cidades cuja centralidade e atuação 
não extrapolam os limites do seu município, servindo apenas aos seus 
habitantes, têm população dominantemente inferior a 10 mil habitantes 
(mediana de 8 133 habitantes). Em relação aos elementos da análise, os 802 
centros acima do nível 5 abrangem 548 centros de gestão do território e 254 
cidades com centralidade identificada a partir dos questionários, que foram 
incluídas no conjunto final. Destas 254 cidades, a maior parte está classificada 
 
45 
 
como centro de zona, mas três centros – Bragança (PA), Itapipoca (CE) e 
Afogados da Ingazeira (PE) – exercem o papel de centro sub-regional em sua 
região. 
 
 
 
 
46 
 
UNIDADE 10. MACROCEFALIA E PERIFERIZAÇÃO 
URBANA 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Entender o processo de crescimento desordenado das cidades e sua 
periferização. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
 O processo de urbanização de diversas cidades, principalmente em 
países considerados subdesenvolvidos, ocorreu de maneira acelerada e 
desordenada, causando problemas urbanos de ordem social e econômica em 
razão de um fator fundamental: a falta de planejamento. 
 Muitos centros urbanos têm um crescimento desordenado e acelerado 
provocado pelo desenvolvimento do país em um curto espaço de tempo, que 
causa um fenômeno marcado pelo inchaço e pela falta de estrutura em 
determinadas áreas da cidade: a macrocefalia urbana. 
 Esse termo atinge principalmente as grandes cidades, em especial as 
metrópoles, que recebem uma 
grande quantidade de 
migrantes vindos de regiões 
que não oferecem boas 
condições socioeconômicas. 
Quando chegam às grandes 
cidades, percebem que a 
realidade não é diferente e 
ocupam moradias irregulares, 
 
47 
 
não têm acesso a saneamento básico, ficam desempregados e vivem à margem 
da sociedade, causando a macrocefalia urbana. 
 Essa população entra em um processo de marginalização e procura 
formas variadas para sobreviver. Muitas vezes essas pessoas ocupam áreas 
irregulares, chamadas de favela, que não possuem sistema de transporte, água 
tratada, esgoto – além da falta de empregos, que propicia uma baixa qualidade 
de vida. 
 Esses problemas sociais e econômicos são acentuados pela falta de uma 
política pública: os governantes dessas localidades não atuam de forma concisa, 
ou seja, amenizam, mas não resolvem totalmente os problemas. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
Periferia 
 A periferia surge quando ocorre uma alta elevação do valor dos terrenos 
do centro da cidade, fazendo com que os moradores com menor poder 
aquisitivo procurem moradias com valores acessíveis, porém, em áreas distantes 
e desprovidas de infraestrutura. Esse processo está relacionado a dinâmica das 
cidades, elas crescem e não agregam todos os moradores de forma semelhante, 
sua expansão causa a expulsão dos pobres do centro e os segrega em regiões 
pouco desenvolvidas. 
 É prudente, antes de definir a periferia, descrever quais grupos, ou 
classes, que pertencem a cidade. Segundo Pastore e Haller (1993) a sociedade é 
dividida em seis classes, apresentadas em ordem decrescente de rendimentos. A 
primeira é a classe média alta, que reúne pessoas de alto poder econômico e 
importante influência política, como exemplo pode se citar fazendeiros com 
muitas posses e altos executivos. A segunda é a classe média superior, onde a 
maioria das ocupações são não manuais qualificadas ou proprietários de médio 
porte, como, por exemplo, administradores de grandes empresas e professores 
 
48 
 
universitários. A terceira é a classe média, que se concentra em ocupações não 
manuais qualificadas como pequenos comerciantes e caixas de banco, a partir 
desta o poder de influência começa a se tornar limitado. A quarta é a classe 
média baixa, a maioria das ocupações são manuais qualificadas, como pedreiros 
e costureiras, a partir dessa classe há baixos níveis educacionais. A quinta é a 
classe baixa superior, com ocupações manuais não qualificadas, como 
entregadores e empregadas domésticas. A sexta e última é a classe baixa 
inferior, a mão de obra é rural não qualificada, como pescadores e garimpeiros. 
 Essas classes recebem um status em virtude dos lugares que frequentam, 
dos produtos que consomem ou ainda a maneira como se comportam. A 
periferia, em geral, é ocupada pelos que pertencem as três últimas classes. Ela 
será analisada com base em oito esferas: consumo, moradia, educação, 
emprego, transporte, família, discriminação e lazer. Ainda há outras esferas, mas 
estas já auxiliam para a percepção do nível de segregação em que esses grupos 
se encontram. 
 Partindo do consumo é possível ressaltar que o poder de compra das 
famílias que moram na periferiaé limitado. Em relação a bens não-duráveis, 
como roupas e alimentos, seus integrantes consomem produtos de baixa 
qualidade, enquanto que bens duráveis, como eletrodomésticos, móveis e 
outros o acesso é bastante restrito. Se para a elite produtos como 
computadores, microondas e dvds são essências, para os moradores da periferia 
eles são quase que desconhecidos. 
 A carência de recursos financeiros também se reflete na moradia. Estas 
são modestas e geralmente estão em precárias condições. Além de se 
localizarem em lugares distantes, muitas vezes há falta de água, luz, esgoto, 
asfalto e coleta de lixo. Quando localizados em conjuntos habitacionais tratam-
se de casas de segunda linha e quando em favelas de barracos. Sua dimensão é 
pequena, não agrega os moradores confortavelmente e sempre há uma reforma 
 
49 
 
a ser feita. Quando termina a construção da casa dos pais começa a dos filhos. 
Muitas vezes quando se casam constroem sua moradia nos espaços vagos do 
terreno dos pais ou moram na mesma casa. 
 As rendas baixas são reflexo da pouca escolaridade de seus moradores. 
Muitos, porque não frequentaram a escola, são analfabetos ou frequentaram 
somente níveis educacionais muito baixos. Os jovens, assim como seus pais o 
fizeram, deixam de frequentar a escola para trabalhar e aumentar a renda da 
família, no futuro, possivelmente, repassarão esta condição também para seus 
filhos num ciclo vicioso que torna a mobilidade social inexistente por gerações, 
fato que podemos perceber em vários bairros por todo o Brasil. Quando 
conseguem frequentar a escola pública a qualidade do ensino nem sempre é 
boa, pois muitas não recebem recursos suficientes do Estado, além da falta de 
condições dos pais em fornecer material escolar, uniforme e transporte. As 
escolas particulares, em muitas situações melhores que as instituições de ensino 
públicas, têm o acesso ainda mais restrito graças às mensalidades. 
 A baixa escolaridade prejudica a entrada e permanência no mercado de 
trabalho da população periférica. Por falta de qualificação quando conseguem 
uma vaga, isso se conseguem, são mal remunerados. As profissões mais 
frequentes são: carpinteiro, eletricista, costureira, mecânico, empregada 
doméstica, doceiros, babás, vendedores, motoristas, ambulantes, catadores de 
papel, e outras, estas são pouco reconhecidas pela sociedade e 
consequentemente mal remuneradas. Poucos têm a oportunidade de um 
emprego com carteira assinada, a maioria é submetida a relações informais ou 
exercem atividades por conta própria, os chamados “bicos” ou “biscates”. 
Impossibilitados de participarem de treinamentos ou cursos profissionalizantes, 
por falta de condições econômicas, tempo (fazem horas extras para 
complementar a renda da família ou cuidar dos serviços de casa) ou ainda por 
 
50 
 
falta de apoio do Estado (que não fornece cursos profissionalizantes gratuitos) 
são submetidos a péssimas condições. 
 Quanto ao transporte, apesar dos grupos que moram na periferia serem 
os que mais necessitam deste serviço, porque moram distantes das atividades 
comerciais e sociais, são os que menos têm acesso (DURHAM, 1988). Sem 
condições de adquirir e manter um veículo próprio, dependem do sistema 
público de transporte, que é precário e insuficiente. As tarifas são altas se 
relacionadas aos rendimentos desses usuários, transportam grande volume de 
pessoas desconfortavelmente, (principalmente nos horários de maior 
movimento) e não passam com frequência pelos bairros. 
 As relações familiares também acabam por refletir esse quadro de 
carências. Segundo Roberto C. Albuquerque (1993) as famílias pobres tendem a 
ser mais numerosas, muitas mulheres se tornam mães precocemente e não há 
campanhas de esclarecimento sobre o controle de natalidade através dos 
métodos anticoncepcionais. O autor continua defendendo que a renda na 
maioria dos casos depende dos ganhos do chefe da família, estes são 
geralmente jovens e se declaram de cor negra ou parda. Mas, a maior 
proporção das famílias pobres é chefiada por mulheres, talvez seja reflexo do 
grande número de mães solteiras e maridos que abandonaram o lar. 
 Finalizando a análise de algumas esferas vemos que o lazer destes 
grupos também é comprometido. Por exemplo, eles não frequentam o cinema 
ou o teatro, se limitam a opções oferecidas no próprio bairro com baixo ou 
nenhum custo, como churrascos ou jogos de futebol em locais impróprios. 
 
 
 
 
51 
 
UNIDADE 11. O FENÔMENO DA METROPOLIZAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Compreender o desenvolvimento deste fato marcante na urbanização 
brasileira e sua consequência para o cotidiano das pessoas que vivem nessas 
regiões. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
O crescimento das regiões metropolitanas está ocorrendo de maneira 
muito rápida, segundo Ross (1998) com exceção de São Paulo, Rio de Janeiro e 
Belém todas as demais regiões metropolitanas cresceram mais que seus 
respectivos estados. 
No Brasil esse fenômeno só se consolidou a partir dos anos 1950, devido 
à rápida industrialização, enquanto em outras regiões pelo mundo já vinha 
ocorrendo antes da Segunda Guerra Mundial, como por exemplo, em Londres, 
Nova Iorque, Paris e Tóquio. 
No Brasil ela resultou da industrialização e concentração de atividades 
secundária (indústrias) e terciária (comércio e serviços) em expansão nos 
grandes centros urbanos. 
As regiões metropolitanas, ou até mesmo os centros regionais, exercem 
uma influência que vai além de seus Estados. Isso vem aumentando ainda mais 
os problemas com habitação, transporte público e saneamento, pois a migração 
para esses lugares é muito grande. Segundo Ross (1998) o mais grave deles é o 
da habitação, uma vez que quanto maior for a procura por habitação, mais caro 
se torna o solo urbano (especulação imobiliária). 
Devido ao alto valor dos lotes nas áreas centrais, há uma tendência à 
verticalização das moradias (construção de prédios) e a população de renda 
 
52 
 
mais baixa acaba sendo afastada desses pontos, à procura de lotes ou de 
aluguéis mais baratos nas periferias das grandes cidades. 
Geralmente as periferias possuem péssimas condições de infraestrutura. 
Um problema grave nas áreas periféricas das regiões metropolitanas é que 
muitos lotes são vendidos clandestinamente. Esses lotes são grilados em áreas 
públicas ou privadas e mais tarde vai causar problemas judiciais para as pessoas 
que constroem suas casas. 
Outro problema enfrentado por aqueles que moram nas periferias são os 
meios de transporte coletivo. Insuficientes para atender a demanda, os 
trabalhadores percorrem longas distâncias entre sua casa e seu trabalho, 
enfrentado horas de congestionamento, o que causa um desgaste físico muito 
grande nos trabalhadores. 
As classes de melhor renda que moravam próximas às áreas centrais 
estão procurando se afastar desses pontos, devido a vários fatores como o 
adensamento e a deterioração ambiental, a intensidade dos fluxos de transporte 
e a poluição do ar, sonora e visual. A população de melhor renda está 
procurando estabelecer suas moradias em condomínios fechados longe do 
centro, de acordo com Ross (1998) “muitas vezes esses condomínios invadem 
as poucas reservas de áreas verdes localizadas nos limites externos das 
regiões metropolitanas”. 
É muito importante também falarmos que na maioria das grandes 
metrópoles brasileiras vamos nos deparar com os centros antigos e os novos 
centros, com infraestruturas bem diferentes. 
Nos centros antigos vamos encontrar inúmeras habitações que foram 
fragmentadas em vários cômodos, destinadas a locatários que se sujeitam a 
morar em cortiços para ficarem mais próximos do trabalho e gastarem menos 
com transporte. Esses trabalhadores estão alugando um pequeno espaço, 
 
53 
 
porém com um elevado valor, às vezes mais caro que o metro quadrado nas 
áreas nobres da cidade. 
Os edifíciosapresentam uma infraestrutura inadequada, é difícil a 
circulação e estacionamento dos automóveis. Isso ocorre devido ao fato desses 
edifícios terem sido construídos quando os carros eram um luxo de poucos. 
Já os novos centros, são dotados de ruas e avenidas mais amplas, os 
edifícios são compatíveis com os escritórios das grandes empresas, sendo mais 
espaçosos, com elevadores mais numerosos e mais rápidos para atender a 
demanda. 
Centro Urbano Deteriorado. 
 
 
Edifícios Modernos Fora da Área Central 
 
 
54 
 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
No Brasil foi promulgada a lei federal n°6766/79 (Lei Lehmann), com o 
objetivo de impedir as atividades imobiliárias clandestinas, e desde 1971 pela 
legislação federal os municípios com mais de 20 mil habitantes são obrigados a 
elaborar um Plano Diretor, em decorrência disto os municípios criam leis de 
zoneamento com a finalidade de: 
1. Controlar a intervenção das imobiliárias e dos particulares nas 
áreas já assentadas e nas áreas passíveis de novos assentamentos, evitando o 
grande adensamento; 
2. Preservar as características paisagísticas; 
3. Manter a qualidade de vida nos bairros nobres e a memória das 
cidades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
De acordo com Ross (1998), “essas leis serviram mais para garantir a boa 
qualidade desses bairros nobres do que para melhorar a dos já deteriorados”. 
 
 
 
Plano Diretor é o Instrumento básico de um processo de planejamento municipal 
para a implantação da política de desenvolvimento urbano, norteando a ação dos 
agentes públicos e privados. (ABNT, 1991). 
Plano Diretor pode ser definido como um conjunto de princípios e regras 
orientadoras da ação dos agentes que constroem e utilizam o espaço urbano. 
(BRASIL, 2002, p. 40). 
 
55 
 
UNIDADE 12. MIGRAÇÕES E OS PROCESSOS DE 
URBANIZAÇÃO 
 
CONHECENDO A PROPOSTA DA UNIDADE 
Objetivo 
Identificar a migração como fator importante para o crescimento e 
urbanização das cidades brasileiras. 
 
ESTUDANDO E REFLETINDO 
MIGRAÇÕES 
Migrar é o ato de se deslocar pelo território. 
As migrações dos homens pré-históricos estavam baseadas nas 
seguintes necessidades de sobrevivência: 
- moradia e 
- alimentação. 
Hoje, as migrações se baseiam em três fatores principais: 
1. Religioso; 
2. Político; 
3. Econômico. 
 
Conceitos de Migrações 
Muito se confunde os termos emigrar e imigrar. O erro está em pensar, e 
até foi ensinado isso nas escolas, que quem é emigrante é o indivíduo que 
migrou dentro do seu país, seja no estado ou região e que imigrante é aquele 
que fez a migração entre países. Foi e até vem sendo um equívoco pensar ou 
ensinar dessa maneira. A correta interpretação desses termos é: 
 
 
56 
 
• Emigrante: indivíduo que saiu do seu local de origem. 
• Imigrante: indivíduo que chegou num novo local de 
moradia/trabalho. 
• Migrante: aquele que migra, muda de lugar. 
 
Tipos de Migrações 
• Externas: feitas entre países ou continentes. 
• Internas: realizadas dentro de um próprio país. Essas podem ser 
de 3 tipos: 
1. Êxodo Rural: saída, em grande contingente, do campo para as 
cidades. Também chamada de migração permanente, ou seja, quando o 
indivíduo não tem pretensão ou objetivo de retornar ao local de origem ou de 
onde partiu. 
2. Transumância ou temporária: deslocamento realizado num curto 
espaço de tempo, por exemplo, pessoas que moram numa cidade, mas que 
trabalham em outra e moram lá durante os dias úteis e retorna no final de 
semana para a sua cidade de origem. Ocorre muito com trabalhadores rurais, 
que na época da safra (por exemplo, cana de açúcar) deslocam-se do Nordeste 
e vão rumo ao Sudeste (São Paulo) trabalhar na colheita da cana (chamados de 
boias frias). 
3. Pendular: deslocamento diário. Pessoas que usam uma cidade 
para dormir/morar, mas que se dirigem a outras (geralmente num raio de até 
200 km) para estudar e trabalhar e que retornam no final do dia (vai e volta para 
trabalho, por exemplo). É muito comum em áreas no entorno de metrópoles ou 
de Regiões Metropolitanas, onde a figura das cidades dormitório é comum. 
 
As migrações também podem ser forçadas ou espontâneas. As 
migrações forçadas são aquelas que os indivíduos são obrigados a migrarem, 
 
57 
 
por motivos de guerras, perseguições políticas, catástrofes ambientais ou 
epidemias. Já as migrações espontâneas são realizadas por vontade própria, 
com objetivos de estudo, trabalho ou melhorias das condições de vida. 
É importante ressaltar que os imigrantes nem sempre são bem recebidos 
nos locais onde chegam, muitas vezes são tratados com hostilidade, 
preconceito, violência e discriminação por parte da população local. 
Os países pobres normalmente são os grandes emigrantes, muitas vezes 
as pessoas pobres vão para os países ricos em busca de uma vida melhor, mas 
nem sempre são bem recebidas. 
Atualmente estamos vendo pela mídia o preconceito sofrido pelos 
imigrantes, esse tipo de aversão ao imigrante é chamada de Xenofobia. 
Isso ocorre porque a população local acredita que o imigrante “rouba” 
seus empregos e causa problemas sociais. Os imigrantes se sujeitam a serviços 
que a população local não quer mais fazer, como limpar vidros de prédios, 
pedreiros, carpinteiros. 
No Brasil, historicamente as cidades que mais receberam imigrantes 
foram São Paulo e Rio de Janeiro. Esses imigrantes foram atraídos pela 
industrialização, que consequentemente acelerou a urbanização dessas grandes 
metrópoles. 
Hoje são as cidades médias que mais recebem imigrantes vindos do 
campo, isso ocorre por não estarem tão abarrotadas de gente como a capital 
fluminense e a capital paulista. 
No Brasil está se tornando comum, também, a migração entre as 
populações das pequenas cidades. 
Historicamente o maior fluxo de migração era do Nordeste para o 
Sudeste, porém, esse quadro está se revertendo, tanto que a população 
nordestina está voltando para seu local de origem, esse fenômeno recebe o 
nome de migração de retorno. 
 
58 
 
Atualmente o fluxo de migrantes está se intensificando da região Sul 
para o Centro-Oeste e norte baiano, devido ao trabalho no agronegócio com 
destaque para o cultivo de cana-de-açúcar e de soja. 
Esses fluxos migratórios historicamente contribuíram e ainda contribuem 
para a urbanização no Brasil, causando infelizmente muitos problemas, como a 
macrocefalia. As cidades brasileiras ainda não estão preparadas para receber 
um grande contingente de pessoas. 
 
BUSCANDO O CONHECIMENTO 
O MAPITOBA 
MAPITOBA é uma sigla para uma região formada por partes dos estados 
do Maranhão (MA), Piauí (PI), Tocantins (TO) e Bahia (BA). 
Inicialmente conhecida por região do MAPITO, passou a englobar o oeste 
da Bahia, tornando-se assim, Região do MAPITOBA. Projeções indicam que essa 
região, nova fronteira agrícola do país, deverá produzir próximo de 20 milhões 
de toneladas de grãos em 2022. No ciclo 2011/12, MAPITOBA produziu 13,9 
milhões de toneladas (fonte G1 – ECONOMIA). 
Em 1988, a SLC Agrícola, produtora gaúcha de soja, algodão e milho, 
vendeu uma fazenda de 2 000 hectares no Rio Grande do Sul e com o dinheiro 
comprou 26 000 hectares no sul do Maranhão. A aposta na região, que na 
época não tinha nenhuma infraestrutura, mostrou-se acertada. Hoje, as 
fazendas na área conhecida como MAPITOBA respondem por 24% do 
faturamento total da empresa, de 596 milhões de reais em 2010. 
No encalço das produtoras brasileiras, como a SLC, vieram investidores 
estrangeiros e transnacionais do agronegócio, como ADM, Bunge, Cargill, Louis 
Dreyfus e Multigrain. Este movimento implicou a realização de investimentos 
milionários e a inserção de tecnologia de ponta na produção, convertendo o 
cerrado nordestino no novo paraíso do agronegócio. Mas o crescimento tem 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sigla
 
59 
 
suas dores: desmatamento do Cerrado; concentração e grilagem de terras; falta 
de infraestrutura

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