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SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ISO 14001: IMPLEMENTAR OU NÃO? UMA PROPOSTA PARA A TOMADA DE DECISÃO

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Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP 
GIULIANO NACARATO MORETTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ISO 14001: IMPLEMENTAR OU NÃO? 
UMA PROPOSTA PARA A TOMADA DE DECISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2007 
 
 
 
 
 
Livros Grátis 
 
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GIULIANO NACARATO MORETTI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ISO 14001: IMPLEMENTAR OU NÃO? 
UMA PROPOSTA PARA A TOMADA DE DECISÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CURITIBA 
2007 
Dissertação apresentada como requisito 
parcial para a obtenção do título de Mestre 
em Gestão Ambiental do curso de mestrado 
Profissional em Gestão Ambiental, Centro 
Universitário Positivo (UnicenP). 
 
Orientador: Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter 
Co-orientador: Prof. MSc. Jayme Augusto 
Azevedo 
 
 
 
 
 Dados Internacionais de catalogação na Publicação (CIP) 
 Biblioteca do UnicenP - Curitiba – PR 
 
 
M845 Moretti, Giuliano Nacarato. 
 Sistemas de gestão ambiental ISO 14001 : implementar ou 
não ? uma proposta para a tomada de decisão / Giuliano 
Nacarato Moretti. ― Curitiba : UnicenP, 2007. 
 222 p. : il. 
 
 Dissertação (mestrado) – Centro de Estudos Superiores 
 Positivo – UnicenP, 2007. 
 Orientador : Klaus Dieter Sautter . 
 
 
 1. Gestão ambiental. I.Título. 
 
 
 CDU 504.06 
 
 
 
 
 
 
TÍTULO: “SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ISO 14001: IMPLEMENTAR OU 
NÃO? UMA PROPOSTA PARA A TOMADA DE DECISÃO”. 
 
 
 ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO PARCIAL 
PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área de 
concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO 
AMBIENTAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO POSITIVO – UNICENP. A DISSERTAÇÃO 
FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 12 
DE DEZEMBRO DE 2007, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS 
SEGUINTES PROFESSORES: 
 
1) Prof. Klaus Dieter Sautter, UnicenP (Presidente); 
2) Prof. José Carlos Barbieri, examinador externo, Fundação Getúlio Vargas, SP. 
3) Prof. André Virmond de Lima Bittencourt, UnicenP; 
4) Prof. Jayme Augusto Azevedo, UnicenP; 
5) Prof. Maurício Dziedzic, UnicenP. 
 
 
CURITIBA – PR, BRASIL 
 
 
 
 
PROF. MAURÍCIO DZIEDZIC 
COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
À minha família por me 
possibilitar mais esta conquista. 
À Liana, pela cumplicidade, compreensão 
e fundamental apoio nas dificuldades 
enfrentadas no caminho até aqui. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter, que me conduziu 
com muita sabedoria, presteza e confiança, por todas as etapas deste trabalho, 
compartilhando plenamente de todo o seu conhecimento em Gestão Ambiental. 
 Ao meu co-orientador, Prof. MSc. Jayme Azevedo, que com sua simpatia e 
disposição, contribuiu significativamente para embasar as pesquisas desenvolvidas 
neste trabalho, abrindo-me, também, novos horizontes profissionais na docência. 
 Ao coordenador do curso de mestrado Profissional em Gestão Ambiental, 
Prof. Dr. Maurício Dziedzic, que em suas aulas de Desenvolvimento Docente 
incentivou-me rumo ao desenvolvimento profissional e, acima de tudo, pessoal. 
 Às empresas que trouxeram muito conhecimento prático a este trabalho, 
respondendo pacientemente às pesquisas: Arteche EDC, Preserva Ambiental 
Consultoria e demais participantes. 
 Ao grande amigo Luciano Passuello, pelos seus preciosos conselhos. 
 À Essência da Vida que iluminou ainda mais esta bela trajetória. 
 
 
 
 
 
 
“Dance como uma árvore e você será 
 
capaz de entrar no fluxo”. 
 
Osho 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
 A adoção da norma ISO 14001 para se estabelecer um Sistema de Gestão 
Ambiental (SGA) e a sua respectiva certificação não é compulsória, e as 
organizações que buscam a implementação de uma gestão ambiental sistematizada 
podem optar tanto pela adoção dos requisitos prescritos pela ISO 14001, como pela 
simples utilização de critérios e requisitos próprios. Esta última opção não é passível 
de certificação por um organismo de terceira parte, já que os critérios e requisitos 
não podem ser comparados com um padrão previamente estabelecido, tal como no 
caso da ISO 14001. Entre as vantagens e desvantagens oferecidas pela 
implementação da norma ISO 14001, o empresariado leigo, muitas vezes, não 
encontra subsídios suficientes para a tomada de decisão pela adoção ou não da 
referida norma. Este trabalho apresenta uma ferramenta de auxílio à tomada de 
decisão empresarial, promovendo um estudo sobre a real necessidade e viabilidade 
da implementação da norma ISO 14001 e a respectiva certificação que atesta a 
conformidade de um SGA com seus requisitos. Trata-se de uma análise 
multicriterial, em que se verifica a compatibilidade entre o perfil organizacional 
(definido pelo agente decisor) e a norma ISO 14001. Este perfil organizacional, em 
termos genéricos, leva em conta características culturais, ambientais, gerenciais e 
econômico-financeiras da organização. O algoritmo considera critérios e subcritérios 
(motivações das organizações que conduzem ou não à implementação da norma e 
respectiva certificação), tais como: mercado, legislação, controle ambiental, 
investimentos e recursos, funcional e imagem institucional, nos quais assume-se que 
a norma tenha forte influência. A ferramenta apresentada promove a priorização 
paritária entre tais motivações, por meio de um processo conhecido como Análise 
Hierárquica de Processos, além de pontuar o perfil organizacional face às 
peculiaridades da norma, fornecendo uma recomendação pela sua adoção ou não 
pelo agente decisor da organização. Busca-se facilitar a decisão das organizações 
em adotar ou não a ISO 14001, por meio de uma recomendação que aumente suas 
chances de atingir os objetivos almejados. 
 
 
Palavras-chave: ISO 14001, Gestão Ambiental, Tomada de Decisão, Análise 
Hierárquica de Processos. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
 The adoption of the ISO 14001 standard to establish a certified environmental 
management system (EMS) is not compulsory. Organizations seeking to implement 
an EMS can opt for the ISO 14001 requirements, as well as their own criteria and 
requirements. If this last option is chosen, it is not possible to certify such system, as 
those criteria and requirements cannot be compared with a standard previously 
established. One of the difficulties of the decision making process, is that lay 
entrepreneurs may find themselves incapable of finding enough subsidies for the 
decision of adopting or not the standard. The present work presents a tool that 
facilitates corporate decision making, providing a thorough analysis of the real 
necessity and feasibility of the implementation of the ISO 14001 standard and the 
respective certification. This tool consists of a multicriterial analysis, in which is 
possible to verify the compatibility between the organizational profile (defined by the 
decision maker) and the ISO 14001 standard. This organizational profile takes into 
account cultural, environmental, managerial and economic-financial features of the 
organization. The algorithm considers criteria and subcriteria (motivations of 
organizations which might conduct to the implementation of the standard), such as: 
market, legal compliance, environmental control, investments and resources, 
functional (staff) and institutional image, which are presumed o be influenced by the 
standard. The presented tool promotes parities prioritizations between such 
motivations, through a process known asAnalytic Hierarchy Process (AHP), and also 
scores the organizational profile in relation to the characteristics of the standard, 
providing a recommendation for its possible adoption. This recommendation of 
adopting or not the ISO 14001 standard seeks to facilitate the organization decision 
making; and, as a result, it also enhances the chances of the organization attaining 
its objectives. 
 
 
 
Keywords: ISO 14001, Environmental Management, Decision Making, Analytic 
Hierarchy Process. 
 
 
 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
Figura 1 - Quadro da Escala Fundamental de Saaty (1991) 46 
Figura 2 - Estrutura hierárquica simples do método AHP (MOISA, 2005) 47 
Figura 3 - Fluxograma do processo decisório 58 
Figura 4 - Distribuição da amostragem dos respondentes por Regiões do Brasil 63 
Figura 5 - Distribuição de cargos dos respondentes 63 
Figura 6 - Distribuição da existência de algum tipo de gestão ambiental antes da 
implementação e certificação ISO 14001 64 
Figura 7 - Percentagem de empresas que afirmaram a ocorrência de maiores 
dificuldades no atendimento aos requisitos da norma ISO 14001 65 
Figura 8 - Percentagem do total de empresas pesquisadas que consideraram os 
subcritérios de mercado para a tomada de adoção da norma ISO 14001 65 
Figura 9 - Percentagem do total de empresas pesquisadas que consideraram os 
subcritérios de legislação, verificação e fiscalização para a adoção da norma ISO 
14001 66 
Figura 10 - Percentagem do total de empresas pesquisadas que consideraram os 
subcritérios de controle operacional ambiental para a adoção da norma ISO 14001 
 67 
Figura 11 - Percentagem do total de empresas pesquisadas que consideraram os 
subcritérios de investimentos e recursos para a adoção da norma ISO 14001 68 
Figura 12 - Percentagem do total de empresas pesquisadas que consideraram os 
subcritérios de motivação e produtividade funcional para a adoção da norma ISO 
14001 68 
 
 
 
 
Figura 13 - Percentagem do total de empresas pesquisadas que consideraram os 
subcritérios de imagem institucional para a adoção da norma ISO 14001 69 
Figura 14 - Estrutura hierárquica dos critérios assumidos 81 
Figura 15 - Estrutura hierárquica do critério de mercado 82 
Figura 16 - Estrutura hierárquica do critério de legislação 83 
Figura 17 - Estrutura hierárquica do critério controle ambiental 84 
Figura 18- Estrutura hierárquica do critério investimentos e recursos 85 
Figura 19 - Estrutura hierárquica do critério funcional 86 
Figura 20 - Estrutura hierárquica do critério imagem institucional 87 
Figura 21 - Esquema de atribuição de valores dos subcritérios no intervalo de 0 a 10
 93 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
Tabela 1 - Matriz de comparações adaptada de Gomes et al. (2002) 48 
Tabela 2 - Matriz de importâncias relativas dos critérios (GOMES et al., 2002) 52 
Tabela 3 - Matriz de importâncias relativas dos subcritérios do critério 1 54 
Tabela 4 - Comparação de critérios e subcritérios utilizados na pesquisa e na 
composição da ferramenta 73 
Tabela 5 - Matriz de importâncias relativas dos critérios adotados pela ferramenta 88 
Tabela 6 - Matriz de importâncias relativas dos subcritérios de mercado 91 
Tabela 7 - Interpretação do índice de recomendação final (α) 96 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1 INTRODUÇÃO 16 
1.1 OBJETIVO 19 
2 REVISÃO DA LITERATURA 20 
2.1 A QUESTÃO AMBIENTAL 20 
2.2 A GESTÃO AMBIENTAL 25 
2.2.1 Normas Ambientais 28 
2.2.2 A ISO 14001 30 
2.2.3 A Certificação da Norma ISO 14001 34 
2.3 MOTIVAÇÕES PARA A ADOÇÃO DA NORMA ISO 14001 E CERTIFICAÇÃO 36 
2.4 TOMADA DE DECISÃO 40 
2.4.1 Análise Multicriterial 44 
3 METODOLOGIA 49 
3.1 DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA DE APOIO À DECISÃO 49 
3.1.1 Identificação do objetivo do problema de decisão 49 
3.1.2 Identificação das alternativas de decisão 49 
3.1.3 Levantamento de critérios e subcritérios de apoio à decisão (questionário de 
pesquisa) 50 
3.1.4 Priorização de critérios e subcritérios pela Análise Hierárquica de Processos 51 
3.1.5 Pontuação dos subcritérios 55 
3.1.6 Pontuação dos critérios (índice de recomendação parcial da ferramenta) 56 
 
 
 
 
3.1.7 Cálculo do índice de recomendação final da ferramenta 56 
3.1.8 Interpretação do índice de recomendação final 56 
3.1.9 Síntese do processo decisório 57 
3.1.10 Algoritmo da ferramenta no programa computacional Excel 57 
3.1.11 Aplicação da ferramenta 58 
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 61 
4.1 PESQUISA APLICADA ÀS EMPRESAS CERTIFICADAS ISO 14001 61 
4.2 RESULTADOS ESTATÍSTICOS 69 
4.3 CRITÉRIOS ASSUMIDOS PARA A COMPOSIÇÃO DA FERRAMENTA 72 
4.3.1 Critério de Mercado 74 
4.3.2 Critério de Legislação 75 
4.3.3 Critério de Controle Ambiental 76 
4.3.4 Critério de Investimentos e Recursos 77 
4.3.5 Critério Funcional 78 
4.3.6 Critério de Imagem Institucional 79 
4.4 ESTRUTURAÇÃO HIERÁRQUICA DO PROBLEMA DECISÓRIO 80 
4.4.1 Priorização dos critérios utilizados na composição da ferramenta 88 
4.4.2 Priorização dos subcritérios utilizados na composição da ferramenta 90 
4.4.3 Pontuação dos subcritérios da ferramenta 92 
4.4.4 Índice de recomendação final 94 
4.4.5 Interpretação do índice de recomendação final (α) e do índice de 
recomendação parcial (βi) 94 
 
 
 
 
4.5 APLICAÇÃO 1: ARTECHE EDC 97 
4.6 APLICAÇÃO 2: PRESERVA AMBIENTAL CONSULTORIA 100 
4.7 FERRAMENTA CONSOLIDADA 103 
5 CONCLUSÕES 104 
6 RECOMENDAÇÕES PARA TRABALHOS FUTUROS 109 
7 REFERÊNCIAS 110 
ANEXO 1 114 
ANEXO 2 122 
ANEXO 3 191 
ANEXO 4 204 
ANEXO 5 217 
ANEXO 6 220 
 
 
16 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 A problemática ambiental planetária, ora evidente, urge por ações de controle 
e mitigação dos impactosambientais decorrentes das atividades antrópicas e pela 
premente recuperação do meio compartilhado de vida, desgastado pela negligência 
do desenvolvimento depredatório. Sendo assim, estabelece-se a necessidade de 
uma remodelagem dos meios de sobrevivência de forma a torná-los mais 
sustentáveis, em que a qualidade ambiental esteja na lista de prioridades dos 
interesses humanos. 
 Dentre os diversos elementos com influência direta na degradação da 
qualidade ambiental, estão as atividades de produção e consumo, sustentadas 
sobre as bases do capitalismo que, até então, primou pela exploração ilimitada dos 
recursos naturais, em detrimento do consumo equilibrado e responsável para com as 
gerações vindouras. O sistema capitalista pode ser muito bem representado pela 
atuação das organizações empresariais que, na maioria das vezes, visam o acúmulo 
de riquezas materiais às custas da degradação do meio ambiente. Uma cultura 
exploratória que até os dias de hoje ainda é observada. 
 A relação do ser humano com o seu meio ambiente apresenta imediatamente 
a questão de como ele constrói as suas condições de vida, as quais são reflexos das 
opções econômicas adotadas. Cabe salientar aqui que a qualidade de vida do 
homem é uma conseqüência direta da qualidade ambiental. Ambas são 
interdependentes e relacionam-se diretamente com a questão econômica 
(SEIFFERT, 2007). 
 É indiscutível, portanto, a necessidade de se intervir na gestão das empresas 
visando processos menos impactantes ao meio ambiente e, também, em todas as 
17 
 
 
 
outras atividades humanas, sejam elas de cunho econômico, social ou cultural. 
 Organizações que ainda se sustentam sobre as bases de produção 
exploratória e consumo em larga escala impostos já pela Revolução Industrial, 
poderão ser engolidas pela nova cultura que ora se instala: a proatividade ambiental, 
cristalizada por meio da gestão ambiental responsável que, por sua vez, se 
enquadra como um dos preceitos do chamado desenvolvimento sustentável. 
 Com a premente necessidade da inclusão da gestão ambiental nas 
organizações, o desenvolvimento de ferramentas gerenciais com foco na melhoria 
da interface entre a organização e o meio ambiente, torna-se fundamental para que 
tal necessidade seja suprida. Nesta linha de desenvolvimento, uma das principais 
ferramentas que ora se destacam na consolidação de uma efetiva gestão ambiental 
é a norma internacional ISO 14001, elaborada pela Organização Internacional para 
Normalização (ISO), sediada em Genebra, Suíça, e composta por entidades de 
normalização de diversos países. A ISO é, portanto, uma instituição que visa, com 
suas normas, universalizar padrões para as diversas esferas das atividades 
humanas. Como exemplo, tem-se a normalização de sistemas de gestão 
empresariais, que buscam promover o atendimento de requisitos dos clientes e dos 
indispensáveis requisitos ambientais - a Norma da Qualidade ISO 9001 e a Norma 
Ambiental ISO 14001, respectivamente, facilitando o comércio internacional. 
 A ISO 14001 surgiu em 1996 - e hoje encontra-se na versão 2004 - como 
resultado de uma pressão social por elementos de gestão que viabilizassem o 
equilíbrio entre os interesses econômicos das empresas e os interesses ambientais 
pregados por toda a sociedade. Desta forma, a norma prescreve determinados 
requisitos que as organizações devem cumprir para o estabelecimento de um 
Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que objetiva a melhoria contínua de seus 
18 
 
 
 
processos, produtos e serviços, além de permitir a diminuição sistemática de seus 
impactos ambientais. 
 Para a ratificação da implementação de um SGA eficaz e melhorado 
continuamente nas organizações, existe a chamada “certificação ISO 14001”, um 
instrumento complementar que confirma ou não, por um organismo de terceira parte 
– alheio e imparcial às atividades daquela organização – o cumprimento dos 
requisitos da norma, quando implementada. 
 Existem diversos elementos gerenciais e operacionais envolvidos com o 
estabelecimento, implementação, verificação e melhoria contínua de um SGA 
baseado na ISO 14001. Esses elementos estão intimamente ligados ao perfil 
ambiental, gerencial, cultural e financeiro das organizações. Sendo assim, antes de 
optar pela efetiva adoção da ISO 14001, as organizações devem entender suas 
motivações culturais, ambientais e gerenciais, além da disponibilidade de 
investimentos para todo o processo que, uma vez instalado, proceder-se-á de forma 
contínua. 
 Considerando-se, entretanto, que muitas organizações não dispõem de 
subsídios elementares para escolher entre as opções “implementar a ISO 14001 e 
certificar” ou “não implementar a ISO 14001”, pois ainda não compreendem os 
aspectos principais que envolvem a norma e suas influências, percebe-se a 
necessidade de se desenvolver procedimentos específicos para o processo de 
tomada da decisão em pauta. 
 Organizações que pretendam avaliar a necessidade e viabilidade da adoção 
da ISO 14001, devem se utilizar de diversas análises econômico-financeiras, 
técnicas e gerenciais, para que a opção escolhida entre implementar ou não esteja 
19 
 
 
 
sustentada sobre dados factuais, diminuindo a probabilidade de insucessos 
decorrentes da decisão adotada. 
 O grande obstáculo neste processo de tomada de decisão é a consideração 
de elementos muitas vezes subjetivos, que não podem ser quantificados por uma 
medida específica. Eles são peculiares ao perfil empresarial em questão e 
dependentes da percepção do agente decisor. 
 Identifica-se, portanto, a necessidade do desenvolvimento de ferramentas 
específicas, que auxiliem o corpo decisor das organizações nesse processo de 
tomada de decisão. 
 
1.1 OBJETIVO 
 
 O objetivo deste trabalho é desenvolver uma ferramenta que auxilie as 
organizações no processo de tomada de decisão quanto à viabilidade da adoção da 
norma ISO 14001 e respectiva certificação. 
 A pergunta fundamental que a ferramenta, quando adotada pelos 
empresários, pretende responder às organizações é: “Implementar e certificar um 
Sistema de Gestão Ambiental baseado na ISO 14001 ou não?”. 
A metodologia na qual a ferramenta proposta se sustenta, busca valorar 
elementos objetivos e subjetivos intrínsecos à adoção da norma, com o objetivo 
principal de facilitar o processo de tomada de decisão na organização. 
Deve-se ter em mente que a ferramenta servirá como mais um suporte na 
tomada de decisão empresarial, devendo ser utilizada em conjunto com outras 
ferramentas disponíveis, similares ou não, para que se atendam a todos os aspectos 
elementares que correlacionam os objetivos da decisão e as respectivas opções 
disponíveis. 
20 
 
 
 
2 REVISÃO DA LITERATURA 
 
 
2.1 A QUESTÃO AMBIENTAL 
 
 
O processo de desenvolvimento dos países se realiza, basicamente, às 
custas dos recursos naturais vitais, provocando a deterioração das condições 
ambientais em ritmo e escala até ontem desconhecidos. A paisagem natural da 
Terra está cada vez mais ameaçada pelas usinas nucleares, pelo lixo atômico, pelos 
dejetos orgânicos, pela ‘chuva ácida’, pelas indústrias e pelo lixo químico. Por conta 
disso, em todo o mundo, o freático é contaminado, a água se torna escassa, a área 
florestal diminui, o clima sofre grandes alterações, o ar se torna irrespirável e o 
patrimônio genético se degrada (MILARÉ, 2005). 
Citando Maurice Strong1 (1991), Milaré (2005) conclui que “do ponto de vista 
ambiental o planeta chegou ao ponto de quase não retorno. Se fosse uma empresa, 
estaria à beira da falência, pois dilapida seu capital, que são os recursos [e serviços] 
naturais, como se eles fossem eternos. O poder de autopurificação do meio 
ambiente está chegando ao limite”. 
Após a Revolução Industrial, a preocupação com o esgotamento dos recursos 
naturais surgiu com a percepção de que a capacidade do ser humano de alterar o 
meio ambiente aumentou de forma bastanteintensa, trazendo conseqüências 
positivas e negativas e evidenciando uma interdependência entre a economia e o 
meio ambiente (SEIFFERT, 2007). 
Segundo Barbieri (2007): 
 
1 Revista Veja. São Paulo: Editora Abril, 29/05/1991. p. 9. 
21 
 
 
 
É comum apontar a Revolução Industrial como um marco importante na intensificação dos 
 problemas ambientais. A maior parcela de emissões ácidas, de gases de estufa e de 
 substâncias tóxicas resulta das atividades industriais em todo o mundo. O lixo gerado pela 
 população cada vez mais está composto por restos de embalagens e de produtos industriais. 
 
 Milaré (2005) acerta quando observa que: 
 De fato, a natureza morta não serve ao homem. A utilização dos recursos naturais, 
 inteligentemente realizada, deve subordinar-se aos princípios maiores de uma vida digna, 
 em que o interesse econômico cego não prevaleça sobre o interesse comum da 
 sobrevivência da humanidade e do próprio Planeta. 
 
 Percebe-se que a idéia do antropocentrismo é insustentável, face à sua 
resultante problemática ambiental. O ecocentrismo entra em cena, dando suporte às 
ideologias defendidas pela chamada “ecologia profunda”, termo que, segundo Capra 
(1986) “reconhece a interdependência fundamental de todos os fenômenos, e o fato 
de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos encaixados nos 
processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos dependentes desses 
processos)”. 
A história do ambientalismo não é nova. O filósofo grego Platão já levantava 
alguns dos problemas relacionados à erosão dos solos e desmatamento nas colinas 
da Ática (McCORMICK, 1992). 
Pelicioni (2004), afirma que “apesar de as denúncias sobre a degradação 
humana e ambiental serem feitas desde a Antigüidade, foi apenas no século XIX que 
essas manifestações começaram a configurar-se como um movimento”. A autora 
também destaca que foi nessa época que várias publicações trouxeram à tona o 
agravamento e a generalização da degradação socioambiental pelo mundo 
decorrentes da ação humana. 
22 
 
 
 
 Além disso, para McCormick (1992), alguns fatores foram decisivos na 
construção do movimento ambientalista na década de 1960, tais como a tomada de 
consciência a respeito dos efeitos pós-guerra e das conseqüências dos testes 
nucleares; a divulgação de uma série de desastres ambientais e as denúncias de 
contaminação ambiental mostradas por Rachel Carson2 (2002) no periódico New 
Yorker e no livro Primavera Silenciosa (Silent Spring) - originalmente publicado em 
1962; os avanços no conhecimento científico com relação ao meio ambiente; a 
publicação de estudos antropológicos a respeito dos valores e do estilo de vida dos 
povos tradicionais, além da influência de outros movimentos sociais (McCORMICK, 
1992). 
Pelicioni (2004) destaca que: 
 
Por volta de 1970, a crise ambiental não mais passava despercebida. Um movimento 
significativo havia surgido no cenário mundial e a evolução dos estudos científicos 
comprovava cada vez mais a existência de vários problemas ambientais que poderiam 
comprometer a vida no planeta. 
 
 Foi quando marcou-se a construção de uma nova fase no mundo pela 
disseminação, entre vários atores sociais, da responsabilidade pela sustentabilidade. 
Muitos acidentes ambientais de grande notoriedade, paralelamente, 
contribuíram e ainda hoje contribuem para o incremento das discussões sobre as 
conseqüências das ações antrópicas depredatórias. Como exemplos, citam-se: 
• Seveso (Itália, 1976), quando ocorreu a ruptura do disco de segurança de um 
reator, que resultou na emissão para a atmosfera de uma grande nuvem tóxica de 
triclorofenol, etilenoglicol e 2,3,7,8-tetraclorodibenzoparadioxina (TCDD): Toda a 
 
2 CARSON, Rachel. Silent Spring. Anniversary Edition. Boston: Mariner Books, 2002. 
23 
 
 
 
vegetação nas proximidades da indústria morreu de imediato devido ao contato com 
compostos clorados. No total, 1.807 hectares foram afetados. A região denominada 
Zona A, com uma área de 108 hectares, possuía uma alta concentração da dioxina 
TCDD (240 µg/m²). Os efeitos imediatos à saúde das pessoas se limitaram ao 
surgimento de 193 casos de cloroacne (doença de pele atribuída ao contato com a 
dioxina). Os efeitos à saúde de longo prazo ainda são monitorados (CETESB, 
2006a). 
• Bhopal (Índia, 1984): uma nuvem tóxica de isocianato de metila causou a morte 
de milhares de pessoas na cidade de Bhopal, a capital de Madya-Pradesh, na Índia 
central. A emissão foi causada por uma planta do complexo industrial da Union 
Carbide situada nos arredores da cidade, onde existiam vários bairros marginais. 
Estima-se que ocorreram por volta de 4.000 mortes e cerca de 200.000 pessoas 
intoxicadas, caracterizando assim a maior catástrofe da indústria química (CETESB, 
2006b). 
• Goiânia (Brasil, 1987): a violação de uma cápsula de césio 137 por sucateiros da 
cidade de Goiânia (GO), resultou em quatro mortes. Cerca de 250 pessoas tiveram 
problemas de saúde na época - [...] cerca de mil foram consideradas afetadas pela 
radioatividade do césio de Goiânia, grande parte das quais são funcionários públicos 
que trabalharam na assistência às pessoas contaminadas. Atualmente, as seis mil 
toneladas de lixo radioativo resultantes do acidente estão armazenadas em 
contêineres de concreto, em um depósito em Abadia de Goiás, próximo a Goiânia 
(GREENPEACE, 2006). 
Como observa Freitas (2005), o homem percebeu que era imprescindível 
reagir a tal estado das coisas, mesmo que tarde. O autor, a partir daí, delineia o 
desenvolvimento sustentável como sendo a tentativa de ligar os interesses, 
24 
 
 
 
desenvolvimento e proteção ao meio ambiente, fazendo com que a utilização dos 
recursos naturais seja feita com critério, de modo a preservá-los. 
O relatório Nosso Futuro Comum, conhecido também por Brundtland, 
publicado em abril de 1987, propôs a seguinte lista de objetivos críticos, para as 
políticas de desenvolvimento sustentável: 
• Reviver o crescimento econômico; 
• Mudar a qualidade do crescimento; 
• Atender às necessidades de empregos, alimentos, energia, água, 
saneamento; 
• Conservar e ampliar a base de recursos; 
• Reorientar a tecnologia e administrar o risco; 
• Fundir ambiente e economia nos processos de tomada de decisão 
(WCED, 1987; PALMER, 2006). 
Por fim, o relatório contém muitas recomendações específicas de mudança 
institucional e legal, sendo suas principais propostas: 
• Chegar às fontes: organizações internacionais e regionais e governos 
nacionais devem começar a fazer grupos diretamente responsáveis pelos 
efeitos ambientais de suas ações. 
• Tratar os efeitos: é necessário reforçar as agências formadas para 
proteger e restaurar o ambiente, especialmente o Programa Ambiental das 
Nações Unidas. 
• Avaliar os Riscos Globais: a capacidade de identificar, avaliar e relatar os 
riscos ao meio ambiente deve ser aperfeiçoada. Isso não deve ser apenas 
responsabilidade de governos individuais; um novo grupo coordenador 
independente deve ser criado (WCED, 1987; PALMER, 2006). 
25 
 
 
 
• Tomar Decisões Informadas: o público, as Organizações Não-
governamentais, cientistas e as indústrias devem todos ter a oportunidade 
de participar da tomada de decisões. 
• Fornecer os Meios Legais: o Direito Nacional e Internacional está sendo 
superado pelos acontecimentos. Os governos devem preencher as 
maiores lacunas. 
• Investir no Futuro: a eficácia global dos custos de cortar a poluição foi 
demonstrada ao longo da última década. Um compromisso com o 
desenvolvimento sustentável, no entanto, tem grandes implicações 
financeiras, e é necessário que as instituições financeiras, agências de 
auxílio e governos adotem uma nova prioridade e foco. Os países em 
desenvolvimento precisam de uma forte infusão de apoio financeiro de 
fontes internacionais paraa restauração ambiental, proteção e 
melhoramento. As principais agências financiadoras, como o Banco 
Mundial, o Fundo Monetário Internacional e os bancos regionais de 
desenvolvimento devem aumentar seus programas ambientais (WCED, 
1987; PALMER, 2006). 
 
2.2 A GESTÃO AMBIENTAL 
 
 A preocupação com a preservação do meio ambiente tem assumido uma 
posição de destaque entre as questões que afligem o empresariado brasileiro. O 
mercado consumidor vem mudando de comportamento, buscando os chamados 
“produtos verdes” e o Governo, por sua vez, tem atendido à pressão crescente da 
sociedade, criando mecanismos de legislação mais rígidos. Isso tem levado os 
26 
 
 
 
empresários a buscarem ferramentas que possibilitem atender as exigências legais e 
comerciais e garantir a sobrevivência de suas empresas (CAMPOS et al. , s/d). 
 Robinson3 (1991) segundo Chan e Wong (2004), salienta que existem 
atualmente um número significativo de ameaças ambientais para o futuro da 
humanidade, incluindo o “aquecimento global” da superfície terrestre e da baixa 
atmosfera, depleção da camada de ozônio estratosférica, um exacerbado consumo 
de recursos não-renováveis e poluição global do ar. Estes problemas ambientais 
foram intensificados pelo crescimento exponencial da população, gerando altas 
demandas por uma base de recursos cada vez menor. 
 Neste aspecto, algumas organizações, além de cumprirem a legislação, têm 
adotado uma série de medidas de proteção e melhoria ambiental em suas 
operações. Entre essas medidas, destacam-se: mudanças em toda a linha de 
produção, adotando novas tecnologias (tecnologias limpas), repurificando a água 
através de ETA´s (Estações de Tratamento de Água) e ETE´s (Estações de 
Tratamento de Esgotos), substituindo matérias primas poluidoras e/ou altas 
produtoras de resíduos por outras mais limpas, entre outras. Atualmente, para 
muitas empresas, associar competitividade com o uso sustentável dos recursos 
naturais é adotar um novo paradigma, e talvez uma nova ética, conjugando 
produção e proteção ambiental (CISSÉ BA e BRITO, 2003). 
 Chan e Wong (2004) concordam ao afirmarem que “indubitavelmente, os 
negócios têm um papel importante na prevenção de danos ambientais, já que são 
responsáveis por grande parte da degradação ambiental que ocorre em função dos 
processos de produção”. Além disso, continuam os autores, diversas organizações 
 
3 ROBINSON, J. P. Criteria for scale selection and evaluation in measures of personality and 
social psychological attitudes. New York: Academic Press, 1991. 
27 
 
 
 
não-governamentais e grupos de pressão têm encorajado os empreendimentos a 
revelarem os impactos que eles oferecem ao meio ambiente. 
De acordo com Butzke et al. (2002), a Gestão Ambiental consiste de um 
conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados 
que visam a reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento 
sobre o meio ambiente. Ainda segundo os mesmos autores, é primordial a 
participação de todos os indivíduos de uma determinada atividade de gestão 
ambiental. 
 A gestão ambiental atual pode abarcar a idéia de desenvolvimento 
sustentável. Segundo Ferreira e Viola (1996), “uma sociedade sustentável é aquela 
que mantém o estoque de capital natural ou compensa pelo desenvolvimento do 
capital tecnológico uma reduzida depleção do capital natural, permitindo assim o 
desenvolvimento das gerações futuras”. 
Para Backer (1995), gestão ambiental é: 
 
Uma estratégia de negociação permanente, na qual os objetivos dos grupos e das pessoas 
com interesses parcialmente opostos, tanto dentro como fora da empresa, devem ser 
analisados, pesados e se possível relacionados a um modelo de equilíbrio do ecossistema, 
que deve ser forjado pelo responsável da empresa, em pessoa. Para tanto, é necessária uma 
ferramenta de análise e síntese que lhe permita identificar as prioridades da sua política e os 
objetivos ecologistas que ele pode ou quer estabelecer. 
 
Para Valle (1995), por sua vez, a “gestão ambiental consiste de um conjunto 
de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente aplicados que visam 
a reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio 
ambiente.” O autor ainda acrescenta que o gerenciamento ambiental deve assegurar 
28 
 
 
 
a melhoria contínua das condições de segurança, higiene e saúde ocupacional de 
todos os seus empregados e um relacionamento sadio com os segmentos da 
sociedade que interagem com o empreendimento. 
 Andrade et al. (2000) atestam que a gestão ambiental é entendida como um 
processo adaptativo e contínuo, em que as organizações definem e redefinem seus 
objetivos e metas relacionados à proteção ambiental, à saúde de seus empregados, 
clientes e comunidade local, selecionando estratégias e meios para atingir estes 
objetivos num tempo determinado, por meio de constantes avaliações de sua 
interação com o meio ambiente externo. 
 
2.2.1 Normas Ambientais 
 
 
Como resultado de tantos esforços despendidos pelas nações, 
aparentemente preocupadas em restabelecer um nível de desenvolvimento 
econômico compatível com o equilíbrio socioambiental, primando pela qualidade de 
vida das pessoas, surge uma miríade de ferramentas, metodologias e até mesmo 
“ciências” para tratar de forma mais pragmática, além da pura especulação ou 
discussões, as questões relativas à preservação da natureza. 
A internalização das novas regras de proteção ambiental, por meio de uma 
legislação mais restritiva e que objetiva a redução dos impactos ambientais 
promovidos pelas atividades antrópicas, consolida a ciência do Direito Ambiental, um 
instrumento que apóia a sociedade no sentido de proteger seus recursos naturais e 
impedir que o processo de degradação se estenda ainda mais. 
Para que problemas ambientais possam ser minimizados e para que ocorra 
uma melhoria na qualidade ambiental e de vida, afirma Butzke et al. (2001), 
29 
 
 
 
importante, se não fundamental, é a mudança de comportamento dos indivíduos e 
da sociedade como um todo, tanto em suas atividades como em todos os aspectos 
de suas vidas. É, essencialmente, uma questão que implica em um processo 
educativo e de conscientização ambiental. 
Como conseqüência direta da ação da sociedade, as organizações foram 
obrigadas a incorporar às suas atividades cuidados específicos com os aspectos 
ambientais envolvidos e que têm potencial para produzir impactos ambientais 
significativos. Observa-se aí a necessidade de prevenção impondo à gestão 
requisitos essenciais a serem atendidos (CERQUEIRA, 2005). 
Normas internacionais de caráter voluntário foram desenvolvidas para auxiliar 
a gestão das organizações a equilibrar seus interesses econômico-financeiros com 
os impactos gerados por suas atividades, sejam impactos ao meio ambiente ou 
conseqüências diretas para a segurança e a saúde de seus colaboradores 
(CERQUEIRA, 2005). 
Ainda segundo o mesmo autor, essas normas têm foco na gestão preventiva, 
buscando não só assegurar, mas também melhorar continuamente, por ações 
planejadas e sistematizadas, o atendimento aos requisitos legais e regulamentares 
aplicáveis às suas atividades, buscar o cumprimento de políticas e de seus 
compromissos com todas as partes interessadas, e atingir seus objetivos e metas, 
sejam eles relativos à qualidade, ao meio ambiente ou à segurança e à saúde 
ocupacional (CERQUEIRA, 2005). 
 De acordo com Cajazeira (1998), o desenvolvimento de Sistemas de 
Gerenciamento Ambiental, de maneira normatizada, deve-se sobretudo a uma 
resposta com relação às crescentes dúvidas sobre a proteção do meio ambiente. 
Esta preocupação global em relação às questões ecológicas foi transferida para as 
30 
 
 
 
indústrias sob as mais diversas formas de pressão: Financeira (bancos e outras 
instituições financeiras evitam investimentos em negócioscom perfil ambiental 
conturbado), Seguros (diversas seguradoras só aceitam apólices contra danos 
ambientais em negócios de comprovada competência em gestão do meio ambiente), 
Legal (crescente aumento das restrições aos efluentes industriais pelas agências 
ambientais). Todavia, a pressão dos consumidores, notadamente em países mais 
desenvolvidos, reflete uma autêntica paranóia por produtos ambientalmente corretos 
e de certa forma estabeleceu uma suposta “consciência verde” ao redor do mundo. 
 
2.2.2 A ISO 14001 
 
 A Organização Internacional para Normalização (ISO) é uma fundação 
mundial composta por 130 membros de entidades nacionais de normalização, tendo 
um membro de cada país associado. É uma organização não-governamental criada 
em 1947, sediada na Suíça, cuja missão é promover o desenvolvimento da 
normalização mundial, com o objetivo de facilitar o comércio internacional de bens e 
serviços e desenvolver a cooperação de atividades científicas, tecnológicas e 
econômicas. O trabalho da ISO resulta em consensos internacionais, os quais são 
publicados como normas e outros documentos internacionais (SANTOS, 2006). 
 A existência de normas distintas para tecnologias similares em diferentes 
países e regiões pode contribuir para a imposição de barreiras técnicas ao comércio 
internacional. A origem da ISO está ligada à necessidade de derrubar tais barreiras, 
de modo a incrementar o intercâmbio comercial mundial. O Brasil possui uma vaga 
na ISO representada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) 
(SANTOS, 2006). 
31 
 
 
 
 As normas ISO, ainda segundo Santos (2006), são desenvolvidas de acordo 
com os seguintes princípios: 
• Consenso: convergência de interesses de produtores, vendedores e usuários, 
grupos de consumidores, laboratórios de análises, entidades governamentais, 
profissionais de engenharia e organizações de pesquisa; 
• Abrangência global: soluções globais para satisfazer indústrias e consumidores 
no mundo inteiro; 
• Trabalho voluntário: a normalização internacional é dirigida pelo mercado e, 
portanto, baseada no envolvimento voluntário de todos os interessados que 
ocupam espaço no mercado. 
Entre as consagradas ferramentas no auxílio da consolidação de práticas 
produtivas mais compatíveis com o novo modelo de gestão ambiental e que vem 
sendo adotada em larga escala, é a Norma Ambiental ABNT NBR ISO 14001 – 
Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso, já na versão 
2004, subseqüente à primeira versão, de 1996. Ela é a versão brasileira da ISO 
14001:2004, traduzida pela ABNT. Qualquer organização que tencione atestar à 
sociedade, aos seus clientes e aos órgãos de controle e fiscalização ambiental, que 
possui controle sobre seus aspectos e impactos ambientais, poderá se utilizar da 
aplicação desta norma em seus processos, consolidando um Sistema de Gestão 
Ambiental e, sendo esta aplicação efetivamente comprovada e verificada como 
conforme em relação aos requisitos prescritos pela Norma, poderá este sistema ser 
certificado em “conformidade com a ISO 14001”. 
Cissé BA e Brito (2003) expressam que “mesmo que inúmeros sistemas de 
gestão ambiental tenham sido desenvolvidos anteriormente, a norma ISO 14001 
32 
 
 
 
tende a servir de modelo de referência, substituindo outros sistemas, cujo 
reconhecimento é menos legítimo”. 
A Norma ISO 14001 define Sistemas de Gestão Ambiental segundo um 
conjunto de requisitos específicos e faz parte da série de normas internacionais ISO 
14000, que buscam uma Gestão Ambiental sistemática de processos, produtos e 
serviços, com o objetivo de atingir melhores resultados em termos de gerenciamento 
das variáveis ambientais (ABNT, 2004). 
Cissé BA e Brito (2003) enfatiza que a norma ISO 14001 conheceu um rápido 
crescimento desde o seu lançamento, principalmente em empresas multinacionais. 
De acordo com o autor, o novo padrão nos sistemas de gestão ambiental impõe-se 
como um tipo de passaporte para o acesso a determinados mercados. 
A ISO 14001 é uma norma de gestão ambiental que busca assegurar o 
compromisso das organizações em reduzir os negativos efeitos ambientais (ABNT, 
2004). Borges (2001) exemplifica que na Aracruz Celulose foram necessários 
ajustes tais como a implantação de uma nova política de meio ambiente, qualidade, 
saúde e segurança; diretrizes específicas para todos os departamentos no que diz 
respeito à adequação da legislação ambiental; avaliação dos aspectos ambientais 
de todas as atividades da empresa, procedimentos para uma avaliação interna da 
gestão ambiental e a realização de duas auditorias internas anuais. A autora ainda 
enfatiza que, embora a obtenção deste certificado seja opcional, ele abre 
perspectivas de negócios e financiamento e, muitas vezes, faz parte das exigências 
impostas pelo mercado. 
 Segundo a ABNT (2004), “As normas de gestão ambiental têm por objetivo 
prover as organizações de elementos de um sistema de gestão ambiental (SGA) 
33 
 
 
 
eficaz que possam ser integrados a outros requisitos de gestão, e auxiliá-las a 
alcançar seus objetivos ambientais e econômicos” . 
 A norma especifica os requisitos para que um sistema da gestão ambiental 
capacite uma organização a desenvolver e implementar política e objetivos que 
levem em consideração requisitos legais e informações sobre aspectos ambientais 
significativos. Pretende-se que se aplique a todos os tipos e portes de organizações 
e para adequar-se a diferentes condições geográficas, culturais e sociais (...) O 
sucesso do sistema depende do comprometimento de todos os níveis e funções e 
especialmente da alta administração. Um sistema deste tipo permite a uma 
organização desenvolver uma política ambiental, estabelecer objetivos e processos 
para atingir os comprometimentos da política, agir, conforme necessário, para 
melhorar seu desempenho e demonstrar a conformidade do sistema com os 
requisitos da norma. A finalidade geral desta norma é equilibrar a proteção ambiental 
e a prevenção de poluição com as necessidades socioeconômicas (ABNT, 2004). 
 Esta norma é baseada na metodologia conhecida como Plan-Do-Check-Act 
(PDCA)/(Planejar-Executar-Verificar-Agir). O PDCA pode ser brevemente descrito da 
seguinte forma: 
- Planejar: Estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir os 
resultados em concordância com a política ambiental da organização; 
- Executar: Implementar os processos; 
- Verificar: Monitorar e medir os processos em conformidade com a política 
ambiental, objetivos, metas, requisitos legais e outros, e relatar os resultados; 
- Agir: Agir para continuamente melhorar o desempenho do sistema da gestão 
ambiental (ABNT, 2004). 
34 
 
 
 
Em suma, a norma se aplica aos aspectos ambientais que a organização 
identifica como aqueles que possa controlar e aqueles que possa influenciar. Apesar 
disso, ela não estabelece critérios específicos de desempenho ambiental. Aplica-se, 
ainda, a qualquer organização que deseja: 
a) estabelecer, implementar, manter e aprimorar um sistema da gestão 
ambiental; 
b) assegurar-se da conformidade com sua política ambiental definida; 
c) demonstrar conformidade com os requisitos da norma ao 
a. fazer uma auto-avaliação ou autodeclaração, ou 
b. buscar confirmação de sua conformidade por partes que tenham 
interesse na organização, tais como clientes, ou 
c. buscar confirmação de sua autodeclaração por meio de uma 
organização externa, ou 
d. buscar certificação/registro de seu sistema da gestão ambiental por 
uma organização externa (ABNT, 2004). 
A marca de mais de duas mil empresas brasileiras certificadas até março de 
2006 em conformidade com a Norma ISO 14001 (ALTINO, 2006), revela a tendência 
das empresas (públicas, privadas ou mistas) em administrar seus aspectos e 
impactos ambientais de seus processos, produtos ou serviços, incrementando a 
gestão organizacional com o controle sobre as variáveisque definem a interface 
Empresa X Meio Ambiente. 
 
2.2.3 A Certificação da Norma ISO 14001 
 
 
35 
 
 
 
De acordo com a Organização Internacional para Normalização, o termo 
“certificação” se refere à emissão de um certificado escrito por um organismo 
independente e externo que auditou o sistema de gestão da organização e verificou 
sua conformidade com os requisitos especificados na norma. O termo “registro” 
significa que o corpo auditor (Organismo Certificador Credenciado) registrou esta 
certificação em seu registro de clientes (ISO, 2006a). 
Como uma das formas de comprovação e demonstração da validade do 
atendimento aos requisitos implantados em conformidade com a ISO 14001, 
portanto, existem as certificações de terceira parte, concedidas por Organismos 
Certificadores Credenciados (OCCs). A certificação é um instrumento que valida o 
Sistema de Gestão Ambiental implementado, atestando sua conformidade com os 
requisitos da Norma ISO 14001. Esta certificação é uma garantia às partes 
interessadas, de forma imparcial e objetiva, que a organização possui um SGA 
planejado, implementado, mantido e melhorado continuamente. 
A certificação de conformidade com a ISO 14001 não é compulsória. Isto 
significa que a organização que implementa a norma para estabelecer um sistema 
de gestão ambiental não necessariamente precisa ser certificada por um organismo 
de terceira parte. Isto é, a alta administração é quem define se certifica ou não o 
sistema de gestão implementado, de acordo com suas necessidades e perspectivas. 
A ISO salienta que “decidir por se submeter a uma auditoria independente do 
seu sistema de gestão para confirmar a conformidade com o padrão (a norma) é 
uma decisão a ser tomada se, por exemplo: 
• é um requisito contratual, regulamentar ou de mercado, 
• vai ao encontro dos desejos do consumidor, 
• é parte de um programa de gestão de riscos, ou (...) 
36 
 
 
 
• a certificação irá motivar sua equipe por estabelecer um objetivo claro para 
o desenvolvimento do sistema de gestão” (ISO, 2006b). 
Entende-se, portanto, que a tomada de decisão em relação à certificação ISO 
14001 deve ser subsidiada por uma série de aspectos convergentes, que incluem 
critérios objetivos e subjetivos (quantitativos e qualitativos). Estes critérios, dados 
para a caracterização do perfil de cada empresa no que se refere às suas tomadas 
de decisão, deverão ser levantados e tratados estatisticamente por um modelo que 
possa, ao final, conduzir a uma recomendação com maior probabilidade de acerto na 
decisão adotada. 
 
2.3 MOTIVAÇÕES PARA A ADOÇÃO DA NORMA ISO 14001 E CERTIFICAÇÃO 
 
O Brasil teve o mérito de ser o primeiro país da América Latina a alcançar 
tamanha expressividade na adoção da norma, que pode representar que a 
certificação ambiental foi encarada muito mais como uma oportunidade de melhoria 
do que, simplesmente, como uma barreira que estava sendo imposta com o intuito 
de dificultar práticas comerciais (ALTINO, 2006). 
 Entretanto, para as organizações, esta nova norma levanta muitos desafios. 
Num primeiro momento, sua adoção parece ser muito mais motivada por uma 
atitude de antecipação, que por pressões internas e/ou externas. Além da grande 
quantidade de documentos exigidos, as proposições da norma não estão 
necessariamente de acordo com a filosofia de gestão das organizações, que se 
deparam com muitos problemas relacionados. Esse processo de certificação, além 
de envolver a implementação de diversos procedimentos, requer uma mudança 
cultural que mostra-se de difícil assimilação. Assim, a ISO provoca alteração no 
37 
 
 
 
universo simbólico criando movimentos de resistência e adesão devido à 
interpretação que cada membro faria dela (CISSÉ BA e BRITO, 2003). 
Fryxell e Szeto (2001) afirmam que as razões em virtude das quais as 
empresas deveriam buscar a certificação, são: melhorias nas conformidades 
regulatórias, melhoria no desempenho ambiental, atendimento das expectativas dos 
clientes, redução de custos, melhor atendimento às partes interessadas externas e a 
melhoria na reputação corporativa. 
Zeng et al. (2005), da mesma forma, enumeram algumas motivações pela 
certificação ISO 14001, tais como: a entrada no mercado internacional, a 
padronização de procedimentos de gestão ambiental para operações internas, a 
economia de recursos e redução de desperdícios para o gerenciamento corporativo, 
a melhoria na imagem corporativa para efeitos de mercado e o aumento na 
consciência ambiental de fornecedores. 
Os autores ainda relacionam os benefícios provenientes da certificação ISO 
14001, pesquisados entre diversas organizações: 
• Benefícios para operações internas, através do aumento da eficiência, 
responsabilidades bem-definidas, aumento da consciência ambiental: 
padronização de um sistema de gestão ambiental; 
• Benefícios para a gestão corporativa, através de menor número de 
reclamações, melhoria nos resultados, economia de recursos e 
redução de desperdícios e aumento do reconhecimento social; 
• Benefícios de mercado, por meio do aumento da fatia de mercado, 
confiança dos consumidores e melhoria na imagem corporativa; 
38 
 
 
 
• Benefícios nas relações com fornecedores (terceirizados), através de 
melhores relações, controle e aumento da consciência ambiental e da 
promoção da certificação ISO 14001; e 
• Benefícios para a produção mais limpa, em que oitenta e um por 
cento das organizações pesquisadas afirmaram que a certificação ISO 
14001 promoveu “óbvia melhoria”, ao passo que apenas dezessete 
por cento afirmaram que a certificação “não fez diferença” com relação 
à produção mais limpa (ZENG et al., 2005). 
De acordo com Bansal e Bogner (2002), os custos com a ISO 14001 não são 
triviais. Os autores concordam que gerentes precisam adotar uma análise cuidadosa 
da relevância da ISO 14001 para suas organizações antes de decidirem pela sua 
adoção. Apesar da facilidade de se estimar os custos diretos da implementação da 
norma e respectiva certificação com a ajuda de uma boa contabilidade interna, a 
valoração de custos e benefícios intangíveis e os impactos indiretos no desempenho 
do empreendimento é mais complexa. 
Ainda de acordo com os autores acima, a certificação para um SGA baseado 
na ISO 14001 não é nem fácil e nem barato. Além dos custos de certificação, as 
empresas precisam contabilizar os custos anuais de manutenção da documentação 
(BANSAL e BOGNER, 2002). 
Pergunta-se, então, quais seriam os benefícios econômicos diretos esperados 
em função da certificação? Devido ao aumento da eficiência das organizações, pela 
ajuda de um SGA, em função de uma gestão ambiental responsável, a ISO 14001 
provê benefícios marginais da respectiva certificação. Um dos claros benefícios seria 
a possibilidade de sinalizar aos clientes que a organização exigirá a certificação ISO 
14001. Xerox, IBM, Honda, Toyota, entre outras organizações, encorajaram seus 
39 
 
 
 
fornecedores a certificarem-se com a adoção da ISO 14001. A Ford e a GM deram 
passos mais largos nesse sentido. Em setembro de 1999, a divisão de compras da 
Ford anunciou que todos os seus fornecedores, no mundo inteiro, deveriam obter a 
certificação ISO 14001 até 2003. Após duas semanas, a GM procedeu com um 
anúncio semelhante. Os fornecedores destas organizações terão poucas opções se 
a ISO 14001 se tornar um requisito de fato para vender em qualquer cadeia de 
valores que desembocam nessas organizações (BANSAL e BOGNER, 2002). 
 Morrow e Rondinelli (2002), abordando também a questão motivacional em 
relação a ISO 14001, enumeram possíveis motivações, tais como a economia de 
recursos pela melhoria da eficiência e redução de custos com a energia, materiais, 
multas e penalidades, aumento da confiança do investidor na organização e 
vantagens competitivas internacionais. 
 Ademais, Clark4 (1999) segundo Morrow e Rondinelli (2002), afirma que 
muitasorganizações multinacionais estão adotando um sistema de gestão ambiental 
para satisfazer as pressões dos clientes e para assegurar que a cadeia de 
fornecedores esteja operando de maneira social e ambientalmente responsável. 
Também, em função do grande interesse entre as partes envolvidas internas e 
externas, as organizações estão adotando os sistemas de gestão ambiental. 
 Os pesquisadores ainda salientam outras motivações, tais como: avaliação do 
comprometimento com a melhoria do desempenho ambiental e redução de riscos 
das companhias, por agências regulatórias do governo, companhias de seguro e 
instituições financeiras; aumento da eficiência das operações; aumento da 
consciência dos impactos ambientais entre funcionários e o estabelecimento de uma 
 
4 CLARK, D. What drives companies to seek ISO 14000 certification? Pollution Engineering 
International, v. Summer, p. 4-17, 1999. 
 
40 
 
 
 
forte imagem de responsabilidade social corporativa (MORROW e RONDINELLI, 
2002). 
 Em matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, Carlos Nomoto, 
superintendente de desenvolvimento sustentável do Banco Real, afirma que no setor 
de crédito o banco tem analistas especializados em avaliar aspectos sociais e 
ambientais do tomador de empréstimo. Quanto mais “sustentavelmente correto” ele 
for, menores serão os juros (BANCOS, 2007). 
 Para Culey5 (1998) segundo Seiffert (2007), a maioria das empresas que vêm 
implementando um SGA baseado na ISO 14001, tem sido motivada, em geral, 
quase exclusivamente pelo eventual surgimento de futuras barreiras não tarifárias ao 
comércio de seus produtos. Com a adoção da norma, portanto, as empresas 
acreditam assegurar sua fatia do mercado, tanto nacional, como internacional. 
 Supõe-se, portanto, que o processo de tomada de decisão com relação à 
certificação ISO 14001 seja executado considerando-se diversos elementos 
motivacionais e contextuais relativos às organizações. Para tanto, o agente decisor 
da organização precisa entender quais os principais elementos relacionados a um 
SGA ISO 14001, avaliando-os em face do seu perfil organizacional. 
 
2.4 TOMADA DE DECISÃO 
 
 Buchanan e O´Connell (s/d) afirmam que a tomada de decisão é parte de um 
fluxo de pensamento que teve seu início nos tempos em que o homem, diante da 
incerteza, buscava orientação nos astros. A partir dali, o homem nunca cessou sua 
busca por novas ferramentas decisórias. Os autores ainda concordam que a 
 
5 CULEY, W. C. Environmental and quality systems integration. Washington: Lewis Publisher, 
1998. 
41 
 
 
 
chegada da expressão “tomada de decisão”, inserida no século passado por um 
executivo aposentado chamado Chester Barnard, mudou o modo como o 
administrador via aquilo que fazia e gerou uma nova firmeza no agir; um desejo de 
conclusão. 
Os autores defendem a idéia de que o estudo da tomada de decisão é uma 
mescla de várias disciplinas do saber, como matemática, sociologia, psicologia, 
economia e ciências políticas (BUCHANAN e O´CONNELL, s/d). 
Shimitzu (2001) afirma que uma organização freqüentemente se encontra 
diante de problemas sérios de decisão. Uma pessoa física poderia analisar o 
problema e escolher a melhor alternativa de decisão de modo inteiramente informal. 
Em uma organização, os problemas são muito mais amplos e complexos, 
envolvendo riscos e incertezas. Necessitam, normalmente, da opinião e participação 
de muitas pessoas, em diversos níveis funcionais. Dependendo do tipo e/ou do nível 
da decisão, o processo de decisão em uma empresa ou organização pode ser 
estruturado e resolvido de modo formal, detalhado, consistente e transparente. 
 Para Gomes et al. (2002), uma decisão precisa ser tomada sempre que se 
está diante de um problema que possui mais que uma alternativa para sua solução. 
Mesmo quando, para solucionar um problema, dispõe-se uma única ação a tomar, 
têm-se as alternativas de tomar ou não essa ação. Concentrar-se no problema certo 
possibilita direcionar corretamente todo o processo. 
 A tomada de decisão é um esforço para tentar resolver problemas de 
objetivos conflitantes cuja presença impede a existência da solução ótima e conduz 
à procura do “melhor compromisso” (ZELENY6, 1994 apud GOMES et al., 2002). 
 
6 ZELENY, Milan. Six concepts of optimality. TIMS/ORSA Joint Meeting. Boston, 1994. 
42 
 
 
 
 Raiffa7 (1970) entende que os objetivos ajudam a determinar quais 
informações devem ser obtidas, permitem justificar decisões perante os outros, 
estabelecem a importância de uma escolha e permitem estabelecer o tempo e o 
esforço necessário para cumprir uma tarefa (RAIFFA8, 1970 apud GOMES et al., 
2002). 
 Gomes et al. (2002) também observa que o processo de decisão requer a 
existência de um conjunto de alternativas factíveis para a sua composição, em que 
cada decisão (escolha de uma alternativa factível) tem associados um ganho e uma 
perda. 
 Para Soares (2004), a gestão ambiental pode ser entendida como um 
processo de tomada de decisões que devem repercutir positivamente sobre a 
variável ambiental de um sistema. Nesse caso, a tomada de decisão consiste na 
busca da opção que apresente o melhor desempenho, a melhor avaliação, ou ainda, 
a melhor aliança entre as expectativas daquele que tem o poder de decidir e suas 
disponibilidades em adotá-la. 
 DOT8 (2001) segundo Lima e Vasconcelos (2006) sugere que a seqüência de 
um processo de tomada de decisão pode ser descrita por meio dos seguintes 
passos: 
 1. Identificação dos objetivos, considerada como uma fase crucial já que ela 
deverá condicionar todas as seguintes e, portanto, a viabilidade do projeto. Esses 
objetivos devem obedecer aos requisitos de i) especificidade; ii) mensurabilidade; iii) 
consensualidade; iv) realismo e v) estar associado a determinado período de tempo. 
 
7 RAIFFA, H. Decision Analysis. Reading Addison: Wesley, 1970. 
8 DOT. Multi Criteria Analysis: A Manual. Department for Transport, Local Government and the 
Regions, United Kingdon, 2001. 
43 
 
 
 
 2. Após definidos os objetivos, necessário é identificar as opções que irão 
contribuir para a satisfação daqueles objetivos. 
 3. Para a comparação das opções levantadas no passo anterior, deve-se 
proceder então com a identificação dos critérios para a comparação das opções. De 
acordo com os autores, esta é a fase em que se estabelece o método de 
comparação das diferentes opções, no sentido de atingir aqueles objetivos definidos 
previamente. Para tanto, faz-se necessário o estabelecimento de critérios de 
medição do desempenho das diferentes opções e, além disso, esses critérios têm de 
permitir a mensurabilidade das diferentes opções, pelo menos em termos 
qualitativos. 
 4. O passo seguinte é executar a análise das opções, onde condiciona-se a 
escolha da opção final. De acordo com os autores, os métodos de análise mais 
comuns baseiam-se simplesmente na avaliação econômica e financeira. 
 5. Como penúltimo passo, tem-se a seleção entre opções analisadas e a 
opção selecionada não deve ser necessariamente irreversível, devendo-se 
salvaguardar a possibilidade de apreciar novas opções. 
 6. Retorno dos resultados (feedback) - por consulta às partes interessadas ou 
debate - é o último passo, importante para a obtenção de elementos e informações 
enriquecedores que contribuem para a redução de incerteza nos processos futuros. 
 Já Oliveira (1997), define que as fases do processo decisório se dão, 
basicamente, da seguinte forma: 
• identificação do problema; 
• análise do problema, com base na consolidação das informações sobre ele. 
Para tanto é necessário tratá-lo como um sistema; 
• Estabelecimento de soluções alternativas; 
44 
 
 
 
• Análise e comparação das soluções alternativas, por meio delevantamento 
das vantagens e desvantagens de cada alternativa, bem como da avaliação 
de cada uma dessas alternativas em relação ao grau de eficiência, eficácia e 
efetividade no processo; 
• Seleção de alternativas mais adequadas, de acordo com critérios 
preestabelecidos; 
• Implantação de alternativa selecionada, incluindo o devido treinamento e 
capacitação das pessoas envolvidas; e 
• Avaliação da alternativa selecionada por meio de critérios devidamente 
aceitos pela empresa. 
Ainda segundo Oliveira (1997), os elementos do processo decisório que o 
executivo poderá lançar mão são: 
a) a incerteza que ocorre tanto no conhecimento da situação do ambiente que 
envolve a decisão, quanto na identificação e valoração das conseqüências 
decorrentes da opção por um curso de ação em detrimento de outras alternativas. 
b) Os recursos do decisor, que normalmente são limitados, prejudicando a 
correspondente ação. Essa é uma das razões da necessidade de estabelecer planos 
de ação inerentes às principais decisões da empresa. Isso porque os cursos 
alternativos de que a empresa dispõe competem entre si, apesar de estarem 
hipoteticamente voltados para o mesmo propósito, objetivo, meta ou desafio 
estabelecidos. 
2.4.1 Análise Multicriterial 
 
 Lucena (2003) afirma que tradicionalmente as decisões nos diversos setores 
da sociedade são baseadas em apenas um ou dois critérios, por meio de técnicas 
45 
 
 
 
monocriteriais. Nestes métodos, segundo a autora, não é fácil considerar a presença 
e a importância de fatores subjetivos, sejam eles quantificáveis ou não. Isto pode 
conduzir a escolhas não muito adequadas, por exemplo, para atender as prioridades 
socioeconômicas de uma comunidade. A partir de tais necessidades e exigências, o 
pensamento multicriterial de tomada de decisão começou a crescer e tomar forma. 
 As decisões que envolvem ações ambientais são sustentadas sobre múltiplos 
critérios de decisão, em que as aplicações de análises multicriteriais, portanto, são 
as mais adequadas para os processos de tomada de decisão. 
 Segundo Gomes et al. (2002), existem seis principais metodologias 
multicriteriais de atribuição de pesos aos critérios, a saber: SMART (Simple Multi 
Attribute Rating Technique), Ordinal (Ranking Methods), Atribuição Direta de Peso 
(ou Pontuação Direta), Swing Weighting, Trade-off Weighting e Análise Hierárquica 
de Processos (AHP). 
 O método de Análise Hierárquica de Processos, criado por Saaty (1991), 
utiliza uma escala verbal para fazer comparações de valor entre as alternativas de 
decisão. Ao se comparar duas alternativas A e B (comparação paritária), pode-se 
dizer que a alternativa A é melhor do que a alternativa B (PESSÔA, 2005). 
 Schmidt (1995) entende que o modelo hierárquico de Saaty (1991) reflete a 
maneira pela qual a mente humana conceitualiza e estrutura um problema complexo. 
O método natural de funcionamento da mente humana, quando se defronta com um 
grande número de elementos, controláveis ou não, que abrangem uma situação 
complexa, é agregá-los a grupos, segundo propriedades comuns, isto é, quando o 
ser humano identifica alguma coisa, decompõe a complexidade encontrada; quando 
descobre relações, sintetiza; este é o processo fundamental da percepção: 
decomposição e síntese. 
46 
 
 
 
 No Método de Análise Hierárquica, o uso de comparações paritárias é 
combinado com uma estrutura hierárquica que define critérios e subcritérios. Isto 
torna o método bastante poderoso, tanto por facilitar a estruturação do problema em 
vários níveis hierárquicos, quanto por facilitar sobremaneira a valoração de 
alternativas sob critérios subjetivos. O resultado de todo o processo é um 
ordenamento de todas as alternativas (PESSÔA, 2005). 
A atribuição de pesos aos critérios no método AHP, é baseada na comparação 
paritária dos critérios considerados. Isto é feito por meio das perguntas: “qual destes 
critérios é mais importante? Quanto este critério é mais importante que o outro?” 
(GOMES et al., 2002). 
O decisor responderá a esta última pergunta, segundo o autor, com o número 
que relata a expressão verbal. Portanto, neste método, utiliza-se de uma escala de 
um a nove (Figura 1). Outros pesquisadores propuseram escalas alternativas, nas 
quais é estabelecido um valor superior a 9 como limite. O método AHP tem como 
origem a escala de razão (GOMES et al., 2002). 
 
Figura 1 - Quadro da Escala Fundamental de Saaty (1991). 
 
Valor 
Importância 
relativa 
Expressão verbal 
1 Igual importância 
Os dois elementos contribuem igualmente para o 
objetivo 
3 
Preponderância 
pequena de um 
sobre o outro 
A experiência e o julgamento favorecem levemente um 
critério em relação ao outro 
5 
Preponderância 
grande ou 
essencial 
A experiência e o julgamento favorecem fortemente um 
critério em relação ao outro 
7 
Preponderância 
muito grande ou 
demonstrada 
Um critério é muito fortemente favorecido em relação 
ao outro, sua dominação de importância é 
demonstrada na prática 
9 
Preponderância 
absoluta 
A evidência favorece um critério em relação ao outro 
com mais alto grau de certeza 
2, 4, 
6, 8 
Valores 
intermediários 
Quando se procura uma condição de compromisso 
entre duas definições 
47 
 
 
 
Utilizando a escala de razão, pode-se obter a seguinte metodologia: 
considerando os critérios c1, c2 e c3, onde c1 > c2 > c3, pergunta-se o quanto c1 é 
superior a c2, o quanto c1 é superior a c3 e o quanto c2 é superior a c3. Pode-se 
observar que o número de comparações N é definido pela equação (1): 
 
� � �� � ���	
� � (1) 
em que n é o número de critérios (GOMES et al., 2002). 
Na Figura 2 apresenta-se uma ilustração de uma típica estrutura hierárquica de 
processo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 - Estrutura hierárquica simples do método AHP (MOISA, 2005). 
 
Na fase de priorização dos elementos (critérios), obtém-se o vetor de prioridade 
local a partir da matriz de comparação, o qual permite a determinação do grau de 
importância dos elementos em cada nível hierárquico do sistema (LUCENA, 2003). 
Este vetor é obtido a partir do autovetor da matriz de comparação e pode ser 
calculado pelo produtório dos julgamentos de cada linha da matriz de comparação. É 
OBJETIVO 
Critério 1 Critério 2 ... Critério n 
Alternativa 1 Alternativa 2 ... Alternativa n 
48 
 
 
 
então calculada a n-ésima raiz de cada produtório e os resultados obtidos são 
normalizados (SAATY, 1991). 
 Supondo-se que c1 = 2 x c2, c2 = 2 x c3 e, conseqüentemente, c1 = 4 x c3 
(GOMES et al., 2002), compõe-se a matriz de comparações apresentada na Tabela 
1. 
Tabela 1 - Matriz de comparações adaptada de Gomes et al. (2002). 
 
 C1 C2 C3 W (autovetor) 
C1 1 2/1 4/1 [1x(2/1)x(4/1)]1/3 = 2,0 
C2 1/2 1 2/1 [(1/2)x1x(2/1)]1/3 = 1,0 
C3 1/4 1/2 1 [(1/4)x(1/2)x1]1/3 = 0,5 
 
 
 Efetuando a soma dos valores do autovetor W (2,0 + 1,0 + 0,5) obtém-se o 
valor 3,5. Após isso, efetua-se a normalização dos valores, obtendo-se: 
 
a. Wc1 = 2,0 / 3,5 = 0,5714 
b. Wc2 = 1,0 / 3,5 = 0,2857 
c. Wc3 = 0,5 / 3,5 = 0,1428 
 
 Conclui-se, portanto, que o elemento (critério C1), em relação aos outros 
elementos, tem um peso (ou importância) de 0,5714 (ou 57,14%) e assim 
sucessivamente para C2 (28,57%) e C3 (14,28%). 
 
 
49 
 
 
 
3 METODOLOGIA 
 
3.1 DESENVOLVIMENTO DA FERRAMENTA DE APOIO À DECISÃO 
 
3.1.1 Identificação do objetivo do problema de decisão 
 
 Inicialmente, considerou-se a necessidade da identificação do objetivo que o 
agente decisor deve ter em mente com relação ao seu processo decisório. A 
pergunta que levou o agente decisor para este processo, e que ele deve sempre ter 
em mente é: “qual o objetivo que se pretende alcançar neste processo de tomada de 
decisão?” Portanto, nesta etapa definiu-se claramente qual o objetivo do problema 
de decisão. 
 
3.1.2 Identificação das alternativas de decisão 
 
 Definido o objetivo, na segunda etapaconsiderou-se que o agente decisor 
deve conhecer as opções (ou alternativas de decisão) disponíveis, sabendo que a 
ferramenta de apoio à sua decisão irá fornecer uma tendência para uma dessas 
opções. As alternativas de decisão derivam diretamente do objetivo do problema, 
esclarecido na primeira etapa. Tem-se, portanto, como opções mutuamente 
excludentes, as seguintes alternativas a serem recomendadas ao agente decisor: 
 
 1. Implementar a ISO 14001 e certificar o empreendimento/atividade ou 
 2. Não implementar a ISO 14001. 
 
50 
 
 
 
 Logicamente, pretende-se que o referido resultado indique uma tendência 
para uma das alternativas de decisão. 
 
3.1.3 Levantamento de critérios e subcritérios de apoio à decisão (questionário de 
 pesquisa) 
 
 
 Na terceira etapa foram levantados os critérios e subcritérios de apoio à 
decisão, elementos que subsidiam a comparação entre as alternativas de decisão. 
Esta fase se concretizou por meio de uma pesquisa com empresas já certificadas 
nos padrões normativos ISO 14001, em que foram sugeridos critérios e subcritérios 
iniciais e que, eventualmente, tenham sido considerados como elementos para a 
tomada de decisão. 
 O questionário (ANEXO 1) foi publicado na Internet, em um endereço 
destinado especificamente para a pesquisa, com campos para preenchimento das 
respostas, para que os convidados pudessem responder as perguntas e enviar os 
resultados de forma prática e ágil. As respostas foram recebidas por um endereço de 
correio eletrônico também destinado exclusivamente à pesquisa. 
 Para participar das pesquisas, as empresas foram selecionadas a partir de 
uma lista de empresas certificadas por Organismos Certificadores Credenciados 
pelo INMETRO (2007), disponibilizada no endereço eletrônico deste. No total foram 
enviados, por correio eletrônico, aproximadamente quinhentos convites para a 
participação na pesquisa, endereçados a gestores ambientais e/ou administradores, 
responsáveis pelo SGA certificado de suas respectivas empresas. 
 Com base nos resultados da pesquisa e na revisão de literatura, procedeu-se 
ao estabelecimento definitivo dos critérios e subcritérios que efetivamente se 
51 
 
 
 
apresentaram como principais elementos para a tomada de decisão das 
organizações para a adoção da norma ISO 14001. 
 Ainda nesta etapa, procedeu-se ao estudo estatístico das respostas 
dicotômicas com relação aos subcritérios adotados ou não pelas empresas 
respondentes. O objetivo deste estudo foi encontrar as significâncias (teste t, 
ANEXO 5) e as correlações (de Pearson, ANEXO 6) entre os subcritérios 
(BARBETTA, REIS e BORNIA, 2004). Para a realização deste estudo, foi utilizado o 
programa computacional SPSS versão 13.0. 
 
3.1.4 Priorização de critérios e subcritérios pela Análise Hierárquica de Processos 
 
 Dentre as principais metodologias multicriteriais de atribuição de pesos 
citadas por Gomes et al. (2002), a Análise Hierárquica de Processos (AHP), por já 
ter sido utilizada em trabalhos anteriores de tomada de decisão ambiental e pela sua 
relativa simplicidade de aplicação e entendimento, foi a metodologia escolhida para 
a priorização dos critérios e subcritérios, par a par, utilizados no algoritmo da 
ferramenta proposta. 
 
a. Priorização de critérios 
 
 Para a priorização tanto dos critérios, quanto dos subcritérios paritariamente, 
isto é, para o cálculo da importância relativa entre estes elementos, foi utilizado o 
tratamento da Análise Hierárquica de Processos (AHP), em que o agente decisor 
deve considerar a importância que um determinado critério ou subcritério de decisão 
52 
 
 
 
tem com relação aos seus respectivos pares, utilizando-se da Escala Fundamental 
(Figura 1, p. 46). 
 Como exemplo, pode-se simular a percepção do agente decisor sobre a 
importância dos critérios, da seguinte maneira: 
 
Tabela 2 - Matriz de importâncias relativas dos critérios (GOMES et al., 2002). 
 
 
CRITÉRIO 1 (C1) CRITÉRIO 2 (C2) CRITÉRIO 3 (C3) 
CRITÉRIO 1 (C1) 1 C1/C2 C1/C3 
CRITÉRIO 2 (C2) C2/C1 1 C2/C3 
CRITÉRIO 3 (C3) C3/C1 C3/C2 1 
 
 
 Na Tabela 2, caso o agente decisor perceba que o critério 2 tem pequena 
preponderância sobre o critério 1, a razão C1/C2 será igual a 1/3. Automaticamente a 
razão C2/C1 será igual a 3. Analogamente, se o critério 3 tiver uma importância 
absoluta sobre o critério 1, a razão C3/C1 será valorada em 9. Automaticamente a 
razão C1/C3 será igual a 1/9. 
 Ao final da composição da matriz de importâncias relativas, pode-se obter a 
influência de cada critério no processo de tomada de decisão (peso relativo), 
adotando-se o produtório dos julgamentos de cada linha da matriz de comparação. É 
então calculada a n-ésima raiz de cada, da seguinte forma: 
 
O peso do critério 1 (P1) é calculado pela equação 2. 
 
P1 = (1 x C1/C2 x C1/C3)
1/3 (2) 
53 
 
 
 
 
e assim sucessivamente para o restante dos critérios: 
 
O peso do critério 2 (P2) é calculado pela equação 3. 
 
P2 = (C2/C1 x 1 x C2/C3)
1/3 (3) 
 
O peso do critério 3 (P3) é calculado pela equação 4. 
 
P3 = (C3/C1 x C3/C2 x 1)
1/3 (4) 
 
 Com todos os pesos calculados, procede-se à normalização dos valores 
(pesos relativos normalizados), em que o somatório de todos eles resulta em um, 
conforme as equações 5 a 7. 
 
NP1 = P1 / (P1 + P2 + P3) (5) 
NP2 = P2 / (P1 + P2 + P3) (6) 
NP3 = P3 / (P1 + P2 + P3) (7) 
 
b. Priorização de subcritérios 
 
 Em seguida, assumindo-se que o critério 1 possua dois subcritérios S11 e S12, 
deve-se proceder, assim como no caso dos critérios, à análise paritária entre eles. 
Sendo assim, a matriz de importâncias relativas dos subcritérios do critério 1 se 
configura como na Tabela 3. 
54 
 
 
 
 
Tabela 3 - Matriz de importâncias relativas dos subcritérios do critério 1. 
 
 
 
Subcritério 1 do critério 
1 
(S11) 
Subcritério 2 do critério 
1 
(S12) 
Subcritério 1 do critério 
1 
(S11) 
1 S11/S12 
Subcritério 2 do critério 
1 
(S12) 
S12/S11 1 
 
 Caso o agente decisor perceba que o subcritério 1 tenha grande importância 
sobre o subcritério 2, a razão S11/S12 deve ser valorada, de acordo com a Escala 
Fundamental de Saaty (Figura 1, p. 46), como 5. Automaticamente a razão inversa, 
S12/S11 será igualada a 1/5. 
Ao final da composição da matriz de importâncias relativas, pode-se obter a 
influência de cada subcritério no processo de tomada de decisão (peso relativo), da 
seguinte forma: 
 
O peso do subcritério 1 do critério 1 (PS11) é calculado pela equação 8. 
 
PS11 = (1 x S11/S12)
1/2 (8) 
 
O peso do subcritério 2 do critério 1 (PS12) é calculado pela equação 9. 
 
PS12 = (S12/S11 x 1)
1/2 (9) 
 
55 
 
 
 
 Com todos os pesos calculados dos respectivos subcritérios, procede-se com 
a normalização dos valores PS11 e PS12, tal como executado para normalização dos 
critérios, obtendo-se os valores normalizados NPS11 e NPS12 (pesos relativos 
normalizados). Desta forma, o somatório dos pesos relativos normalizados dos 
subcritérios se igualará a 1. 
 Os pesos dos demais subcritérios, relativos aos outros critérios (critério 2, 
critério 3), são calculados da mesma maneira. 
 
3.1.5 Pontuação dos subcritérios 
 
 Após concluída a hierarquização dos critérios e subcritérios, com seus 
respectivos pesos normalizados já definidos, o agente decisor partirá para a 
pontuação dos subcritérios. Esta pontuação refletirá a percepção do agente decisor 
em relação ao seu perfil organizacional frente às alternativas, relativas aos 
subcritérios, pré-definidas pela ferramenta. O valor é atribuído cognitivamente pelo 
agente decisor, por meio de uma escala verbal de valores; isto é, reflete o quanto um 
determinado subcritério influencia no processo decisório em questão (no presente 
estudo, na adoção ou rejeição da ISO 14001). 
 Com esses valores determinados, o agente decisor procede à ponderação da 
pontuação dada para cada

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