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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI
Arte na sala de aula sob uma perspectiva inclusiva
FORTALEZA - CE
2019
GRUPO EDUCACIONAL FAVENI
Arte na sala de aula sob uma perspectiva inclusiva
 (
Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial à obtenção do títu
lo especialista em Ensino de Artes
. 
Orientador:
 
)
FORTALEZA - CE
2019
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Arte na sala de aula sob uma perspectiva inclusiva
Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços).
RESUMO- Com o presente trabalho, abordar-se-á o tema “arte na sala de aula sob uma perspectiva inclusiva”. Percebe-se que a educação inclusiva na atualidade exige práticas inovadoras do professores do trabalho e na organização das escolas. Adotando-se novos métodos no processo de ensino-aprendizagem de seus alunos, independente das dificuldades, potencialidades e limitações apresentadas por eles. O trabalho está fundamentado em autores de grande relevância neste tema. Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica através de levantamentos em documentos, artigos científicos, revistas, jornais, monografias, dissertações, material este referente à educação especial em uma perspectiva inclusiva. Diante desta perspectiva, analisou-se o papel da disciplina de artes, no processo de inclusão de alunos portadores de Necessidades Educativas Especiais (NEE) nas salas de aula das escolas do ensino regular. Destaca-se a compreensão de que o ensino de artes pode ser favorável aos alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE) porque permite ao indivíduo expressar-se e comunicar-se de múltiplas formas, transpondo as barreiras da linguagem verbal e/ou escrita. Ressalta-se, no entanto, que a produção científica nacional ainda é escassa sobre esse tema, carecendo de mais estudos por parte das Instituições de Ensino Superior.
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PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Artes. Educação Inclusiva. Inclusão Escolar. Necessidades Educativas Especiais. Professor.
INTRODUÇÃO
Quando se pensa em educação inclusiva, não há como dissociá-la da condição humana de transformar-se a partir do encontro com a cultura socialmente valorizada. Como ser social, o ser humano produz, para si e também para que sua produção seja reconhecida pelo outro; reflete sobre si mesmo em suas ações cotidianas e também sobre as ações dos demais. Portanto, no espaço escolar, há anseios, lutas e conquistas tanto quanto em qualquer outro espaço da sociedade, pois os mesmos atores que atuam na escola convivem em diversos espaços sociais. A diferença está na articulação das formas de ensinar e aprender presentes na escola. A escola construiu caminhos, convertidos em metodologias e ações educativas, os quais possibilitam o conhecimento da cultura socialmente valorizada; por isso tem a responsabilidade de promover o encontro entre o cidadão e a cultura. E não importa se este cidadão tenha uma condição diferente da maioria dos cidadãos ou que apresente uma aparência diferente dos demais, o que importa é a sua imersão na cultura. 
Atualmente, o ensino de arte tem o desafio de estabelecer contato entre o educando e o patrimônio cultural da humanidade; isto é, aquilo que a humanidade produziu até os nossos dias precisa ser desvendado e conhecido por todos, um conhecimento que precisa ser apropriado pela própria humanidade.
O ensino de arte tem o propósito de transformar a pessoa, e tal transformação a leva a três aspectos imprescindíveis ao desenvolvimento humano: produção, reflexão e fruição. 
No entanto, nem sempre as ações praticadas no ensino de arte, como a ida aos espaços culturais ou a leitura e reprodução de uma obra de arte, são possíveis a todos os educandos. Isto porque faltam recursos para que as ações educativas venham ao encontro das necessidades educacionais especiais apresentadas. 
Daí a importância de incluir neste ensino recursos próprios para atendimento de necessidades especiais como alternativas de apresentação visual para videntes e cegos, acesso aos espaços onde acontecem as atividades para pessoas com dificuldade de locomoção, comunicação alternativa que atenda a ouvintes e surdos e atendimento especializado para as diversas necessidades. 
É importante destacar que a existência de leis que garantem os direitos dos cidadãos à cultura, não importa a sua condição física, mental ou social, não resolve todas as dificuldades de acesso desses cidadãos aos espaços culturais. Cabe à sociedade exigir e fiscalizar esses direito, embora a acessibilidade à cultura seja um direito de todos os cidadãos. Aos órgãos públicos competentes, cabe promover e fiscalizar a acessibilidade aos espaços culturais e aos espaços educativos, e estes, por sua vez, devem adequar-se para atender, com qualidade, a todos os cidadãos, oferecendo-lhes oportunidade para se apropriar da cultura.
DESENVOLVIMENTO 
2.1. A CONSTRUÇÃO DO CAMINHO: a inclusão e o enino de artes 
No que tange ao ensino da Arte na escola, é importante lembrar que o mesmo não é recente. Hoje, pode-se afirmar que este ensino vem ganhando espaço e reconhecimento por se tratar de área de conhecimento e por possibilitar o desenvolvimento de propostas relacionadas à Arte e à vida, de propostas que valorizam e respeitam a diversidade, que permitem o autoconhecimento e o conhecimento cultural e social a partir das relações consigo mesmo e com o mundo. 
“O Movimento de arte para a Recuperação Social vem demonstrando a necessidade da arte para todos os seres humanos, por mais desumanas que tenham sido as condições que a vida impôs a alguém. Basta que o cérebro funcione, basta não estar em estado de coma para ser possível estabelecer alguma ligação com a arte ou através dela (BARBOSA, 2000 p. 01).”
Assim como Barbosa (2000) defende o ensino da Arte para todos, Karagiannis, Stainback e Stainback (1999, p. 21) esclarecem que “o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos independentemente de seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural (...).” A arte tem um importante papel na escola, para todos os alunos, principalmente na escola inclusiva da atualidade, pois possui características que incluem as dimensões educacionais e contribuem com as políticas inclusivas, possibilitando novos instrumentos pedagógicos para os professores.
Na atualidade, a escola tem uma grande responsabilidade em suas mãos e um grande compromisso para com o aluno portador de Necessidades Educativas Especiais (NEE), que antes de transmitir competências e conteúdos teóricos da educação, deve-se ter em mente que a escola tem como papel primordial, desenvolver mecanismos que auxiliem este aluno para que ele possa viver em sociedade.
... a escola, além de se ocupar com o ensino, compreende-se como ambiente social da infância e adolescência por excelência, momento da vida de uma pessoa em formação, em que se ganha grande parte dos saberes informais importantíssimos para a vida toda, como respeito, amizade, amor, enfim momento de relacionamento humano, então a inclusão ganha sentido, e os alunos, todos, devem participar da mesma aula, realizando aquilo que podem (SELAU, 2007, p. 62-63).
Atualmente, o professor trabalha com a inclusão em sua sala de aula, e a arte tornou-se importante, no desenvolvimento do aluno. Ao trabalhar com os alunos a produção artística, a arte opera com as percepções, possibilitando diversas potencialidades, como: a observação, a imaginação,e a compreensão tátil do mundo. Ao construir o conhecimento artístico com os alunos, o professor possibilita as trocas entre os mesmos, promovendo a aproximação do colega semelhante, bem como do colega diferente, ao buscar as significações na construção de sentido do mundo da natureza e da cultura e ao trabalhar a sensibilidade, evocando a empatia e a abertura ao outro.
Muitas das vezes, infelizmente essa consciência nem sempre acontece, e a inclusão, não é levada a sério, e a escola ao invés de inserir pode excluir ainda mais estes alunos do convívio com os demais colegas. 
A escola possui um ambiente valioso e heterogêneo, uma grande diversidade cultural, social e até mesmo econômica, que circula todos os dias em suas salas de aula, mas isso, muitas vezes, acaba sendo ignorado por algumas Instituições, que possuem um sistema de ensino engessado, regido por um objetivo primordial que é a preparação do aluno para o mercado de trabalho que fica cada dia mais competitivo e exigente.
“Precisa-se entender que as crianças são diferentes entre si, únicas em sua forma de pensar e aprender, não apenas as que apresentam alguma limitação ou deficiência são especiais. Por isto, também é errado exigir de diferentes crianças o mesmo desempenho e lidar com elas de maneira uniforme. O ensino deve ser organizado de forma que contemple as crianças em suas distintas capacidades (BEYER, 2010, p. 28-29).” 
Para que se possa conseguir um desenvolvimento satisfatório no processo de inclusão, é necessário um ambiente que se trabalhe e valorize a diversidade. Quando se trabalha em um ambiente desta magnitude, pode-se notar a evolução de suas aprendizagens, pois o trabalho permite com isso a construção coletiva do conhecimento. 
Através da arte o professor é capaz de educar, emocionar, sensibilizar e fazer com que os alunos façam uma reflexão sobre o conhecimento, incluindo a si próprios e o seu desenvolvimento. A arte torna-se um território neutro, quando se tem uma obra, esta é analisada e apreciada como produto, não importando a condição física ou cognitiva de quem o elaborou. Neste momento, a partir deste território do objeto artístico, a arte torna-se o principal instrumento de inclusão que se tem, superando todos os preconceitos.
Ensinar a alunos com Necessidades Especiais Educativas (NEE) em escolas regulares pressupõe rever “velhos hábitos” e estar aberto às mudanças nas formas de conceber o processo educativo, um desafio que pode ser superado com atitudes de colaboração, de parceria e de troca de experiências. Essas ações coletivas e cooperativas favorecem a todos que atuam no ambiente educativo inclusivo. Por isso, o clima de colaboração deve ser estendido também aos grupos de alunos. As atividades artísticas coletivas são favoráveis à aprendizagem de alunos com Necessidades Especiais Educativas (NEE) uma vez que propiciam a interação social. Em grupos, os alunos podem dar e receber suporte de seus pares, o que auxilia no enfrentamento dos desafios do processo educativo.
	
Aspectos históricos da arte na educação especial
A arte na educação especial teve importante marco, no Brasil, a partir das ideias da educadora russa Helena Antipoff e do movimento Escolinhas de Arte, que incluía, no ensino de Arte, as pessoas com necessidades educacionais especiais. A partir dessas iniciativas, houve várias mobilizações nacionais e internacionais em favor da inclusão por meio da arte.
Em 1989, foi fundado o maior programa de incentivo à arte: Programa Arte sem Barreiras/Very Special Arts do Brasil, em parceria com o Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria de Educação Especial, que patrocina e organizam encontros, seminários, festivais, visando promover espaços de incentivo e divulgação de trabalhos, no que tange à arte para pessoas com de necessidades especiais.
Segundo Tibola (2001, p.19):
A proposta de fortalecimento e inserção de arte nas ações do movimento APAE ano está voltada para duas linhas de ação, a primeira orientada pela APAE Educadora, que integra a proposta pedagógica da escola da APAE onde o ensino de arte é desenvolvido como componente curricular, com objetivos, conteúdos e estratégias metodológicas orientadas pelo referencial Curricular nacional para a educação infantil e pelos Parâmetros Curriculares nacionais de Arte para o ensino fundamental e médio. A segunda linha de ação propõe o desenvolvimento de projetos especiais objetivando o aprofundamento das diferentes linguagens artísticas e vivências para a realização de mostras, festivais concursos e a preparação da Pessoa Portadora de Deficiência para o mundo do trabalho por meio de atividades artísticas visando a sua inclusão e reconhecimento social na família e comunidade onde vive.
Diante do exposto o ensino de arte nas escolas de Educação Básica na Modalidade de Educação Especial se constitui uma das áreas de conhecimento que promove a inclusão educacional e social. Desta forma o acesso e o contato com as diferentes formas de produção e manifestações artísticas vivenciadas pelos mesmos, contribuem para o processo da aprendizagem a partir do ensino estruturado nas diferentes linguagens artísticas.
Baseado nisso é fundamental que o professor em sua ação pedagógica defina caminhos e estratégias que levem ao processo expressivo do aluno com ou sem deficiência tornando assim sujeito de sua realidade histórica e social.
Com base nisso as Diretrizes Curriculares Especiais apontam:
Um projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos sujeitos, seja qual for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural e às possíveis necessidades especiais para aprendizagem. Essas características devem ser tomadas como potencialidades para promover a aprendizagem dos conhecimentos que cabe à escola ensinar, para todos (DCEs, 2008, p. 15).
Assim escola deverá promover o contato com as diversas formas de expressão artística por meio do contato com artistas, apreciação e visitas a exposições, museus e participação em apresentações de teatro, dança e musica por meio de projetos que possibilitem espaços e vivencias em arte nos diversos contextos culturais e sociais. Para isso a arte se apresenta como possibilidade de criação artística e aprendizagem a partir de um contexto histórico que articula a vivência do lúdico, do conhecimento, do sentir, do estético e o do exercício da criatividade.
2.2. A arte na educação e a sua importância
A educação é um direito de todas as crianças, inclusive, daquelas com deficiência. A inclusão destes alunos nas escolas regulares possibilita diversos benefícios não só para o próprio individuo em questão, mas também para todos os agentes envolvidos neste processo (KARAGIANNIS, STAINBACK & STAINBACK, 1999). A ideologia da inclusão escolar de crianças com deficiência visa não só a socialização destas crianças, para que possam criar autonomia e aprender a conviver em comunidade, mas também o desenvolvimento das crianças sem deficiência que estão inseridas neste cenário, pois, quando este modelo de inclusão não faz parte do âmbito educacional regular “[...] os alunos sem deficiência experimentam fundamentalmente uma educação que valoriza pouco a diversidade, a cooperação e o respeito por aqueles que são diferentes” (KARAGIANNIS, STAINBACK & STAINBACK, 1999, p. 25), ao contrário do objetivo que é “[...] primordialmente para melhorar as condições da escola, de modo que nela se possam formar gerações mais preparadas para viver a vida na sua plenitude, livremente, sem preconceitos, sem barreiras (MANTOAN, 2003, p. 53).” 
Porém, para que estes alunos (sem deficiência) se tornem indivíduos sensíveis e capazes de ter empatia e respeito pelo próximo, deve haver por parte dos professores, e da escola como um todo, uma orientação e direcionamento para que compreendam e construam esses valores que são tão importantes para a vida em sociedade (KARAGIANNIS, STAINBACK & STAINBACK, 1999) e para que alcancem o objetivo que fundamenta a inclusão escolar, na perspectiva dos alunos deficientes, que é o processo de socializaçãodos mesmos.
Atualmente o tema inclusão de alunos com deficiência está sendo discutido na educação básica, entretanto inclusão não é somente o aluno dentro de uma sala de aula. Incluir é promover espaço e situações para que ele também participe das aulas, com atividades adaptadas dependendo da deficiência. Barbosa (2006), afirma:
Na construção da Arte utilizamos todos os processos mentais envolvidos na cognição. Existem pesquisas que apontam que a Arte desenvolve a capacidade cognitiva da criança e do adolescente de maneira que ele possa ser melhor aluno em outras disciplinas.
A Arte se dá pelos sentidos, buscando o prazer sensual e as emoções causadas pela percepção destes, em forma de representação a partir de experiências do fazer, do representar e do apreciar, contribui para uma constante reflexão, transformando as pessoas em pesquisadoras de si mesmas, do outro e das manifestações culturais expostas em todo o mundo.
Contribuindo com o proposto Piscoque e Martins (1998, p. 131) dizem:
	
“Nessa perspectiva, uma aprendizagem em Arte só é significativa quando o objeto do conhecimento é a própria Arte, levando o aprendiz, a saber, manejar e conhecer a gramática de cada linguagem que adquire capacidade por meio de diferentes recursos, técnicos e instrumentos que são peculiares.”
O professor de arte deverá levar o educando ao longo do seu desenvolvimento a compreensão destes conhecimentos, para que busquem não só no decorrer dos anos escolares, mas no percurso de suas vidas. Nessa linha de pensamento, Coll (1994, p. 137) afirma:
A ação educacional deve tratar de iniciar sobre a atividade mental construtiva do aluno, criando as condições favoráveis para que os esquemas do conhecimento, que inevitavelmente o aluno constrói no decurso de suas experiências sejam mais corretos e ricos possíveis e se orientem na direção marcada pelas intenções que presidem e guiam a educação escolar.
A Arte está inserida profundamente no desenvolvimento cognitivo e cultural das crianças, nas constantes experiências de sons e imagens, na interação com o outro e com o mundo. Novamente Fusare e Ferraz (1999, p.44) são esclarecedores dizendo:
De um modo geral a, as crianças apropriam-se das imagens e, sons e gestos contidos nas mensagens vinculadas pela mídia, reelaborando-os e reutilizando-os na maioria das vezes de uma maneira pessoal. Por isso, em nosso trabalho de intermediação educativa em Arte devemos focalizar também as mídias, o universo tecnológico, as mais recentes produções de desing e de comunicação visual, musical, ou outros que componham nossa ambiência. E como nosso objetivo é a ampliação dos saberes dos jovens em Arte, pode-se procurar desvelar os componentes artísticos através da leitura, apreciação, interpretação e análise mais crítica dessas produções comunicativas.
O professor deve ser um constante pesquisador do meio ao qual a criança está envolvida, observando suas brincadeiras, musicas cantadas, conversas, na busca de uma conexão das origens e observação destas no intuito de mediação do desenvolvimento artístico e cultural do aluno.
Na história da humanidade a arte e a educação sempre estiveram presentes na relação do sujeito com o mundo. Desde os povos primitivos, com seus desenhos nas cavernas pré - históricas, tinham a necessidade de se comunicar. De acordo com os PCNs de Arte (BRASIL, 1997, p. 20): “O homem que desenhou um bisão numa caverna pré-histórica teve que aprender de algum modo, seu ofício. E, da mesma maneira, ensinou para alguém o que aprendeu.” Assim, o ensino e a aprendizagem da arte vêm ao longo dos tempos se modificando. Fonseca (2011, p. 72) faz suas considerações:
Com um ensino adequado e devidamente midiatizado, com prática e treino, as funções ou competências cognitivas, como as psicomotoras, podem ser melhoradas e aperfeiçoadas, uma vez que todos os indivíduos possuem um potencial de aprendizagem para se desenvolver de forma mais eficaz do que efetivamente tem feito.
A arte complementa os estudos de diferentes disciplinas, através dela conhecemos as tradições, valores, modo de vida e crenças de uma sociedade, a arte conta o que a história, a sociologia, a antropologia, não conseguem nos contar, pois usam outro tipo de linguagem, assim podemos visualizar de quem somos, onde estamos e como sentimos (BARBOSA, 1998).
2.3. As linguagens artísticas e suas contribuições
A música é aprendizagem, desde que os alunos “[...] tenham a oportunidade de participar como ouvintes, intérpretes, compositores e improvisadores, dentro e fora da sala de aula” (BRASIL, 1997, p. 54). Quando o professor de Artes oportuniza o contato com pessoas que tenham relação com essa linguagem, está proporcionando a experiência com outros grupos artísticos, isso reflete na formação do aluno.
Segundo PCNs de Arte (BRASIL, 1997, p. 54), a escola deve sempre estar:
Incentivando a participação em shows, festivais, concertos, eventos da cultura popular e outras manifestações musicais, ela pode proporcionar condições para uma apreciação rica e ampla onde o aluno aprenda a valorizar os momentos importantes em que a música se inscreve no tempo e na história.
A linguagem musical, segundo Cunha (2006, p. 68): “[...] é a organização do som, estruturado numa forma que estabelece relações e gera significados, provenientes da coordenação e ordenação integrada do sujeito, do objeto sonoro e de seu meio sociocultural”. A música está presente no cotidiano, cada sujeito relaciona-a com diferentes experiências. A música pode ser organizada a partir da presença de sons, ritmos e melodias ou da ausência deles, podendo trazer lembranças e marcar experiências. (PILLOTTO; SCHRAMM, 2001)
Nas aulas, é importante que o aluno compreenda a composição, a interpretação, e possa sentir a melodia.
Numa canção, por exemplo, elementos como melodia ou letra fazem parte da composição, mas a canção só se faz presente pela interpretação, com todos os demais elementos: instrumentos, arranjos em sua concepção formal, arranjos de base com seus padrões rítmicos, características interpretativas, improvisações, [...] (BRASIL, 1997, p. 49)
Nas aulas de Artes, a linguagem musical proporciona ao aluno contato com as mais diversas culturas e ritmos do Brasil e do mundo, desde as mais antigas, até as contemporâneas. E para ser significativa na vida do aluno, é necessário que ele possa participar ativamente de todas as etapas e características que representam essa linguagem (BRASIL, 1997).
O teatro na educação deve evidenciar um contexto social e cultural para o desenvolvimento crítico do sujeito. O teatro possibilita a vivência de outras identidades, faz com que o estudante possa se colocar no lugar do outro quando ele está representando, seja ele um personagem fictício ou real.
O teatro é caracterizado por suas múltiplas linguagens e todos os elementos em cena, os gestos, a música, a cenografia, o texto passam uma mensagem ao espectador. Os jogos teatrais podem ser uma forma de aprendizado da linguagem teatral (PILLOTTO; SCHRAMM, 2001).
De acordo com os PCNs: Arte (BRASIL, 1997, p. 57):
Ao participar de atividades teatrais, o indivíduo tem a oportunidade de se desenvolver dentro de um determinado grupo social de maneira responsável, legitimando os seus direitos dentro desse contexto, estabelecendo relações entre o individual e o coletivo, aprendendo a ouvir, a acolher e a ordenar opiniões, respeitando as diferentes manifestações, com a finalidade de organizar a expressão de um grupo.
A dramatização permite o trabalho em equipe, onde a escola oportuniza novas possibilidades ao estudante. Utilizar o teatro na escola, como forma de expressão, onde o sujeito tem a oportunidade de ampliar seus conceitos sociais, sua responsabilidade na convivência em grupo e individual, aprendendo a respeitar as diferenças, encaminhando para ações inclusivas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais já apresentavam uma mudança na terminologia da área de conhecimento das artes, antes chamada “Artes Plásticas”, para uma nova denominação “Artes Visuais”. As artes plásticas abordavamsomente as linguagens tradicionais como pintura, gravura, escultura e desenho, porém com essa mudança para artes visuais, agora passam a incluir também outras formas de expressão artística como cinema, vídeo arte, animação, fotografia e a computação gráfica.
Os diversos conteúdos contemplados em Artes ampliam repertório cultural das crianças colocando-as em contato com obras de arte, músicas e danças, oportunizando situações para um olhar diferenciado para tudo que está a nossa volta. “É desejável que o aluno, ao longo da escolaridade, tenha oportunidade de vivenciar o maior número de formas de arte; entretanto, isso precisa ocorrer de modo que cada modalidade artística possa ser desenvolvida e aprofundada.” (BRASIL, 1997, p. 41).
As artes visuais, além das formas tradicionais (pintura, escultura, desenho, gravura,
arquitetura, artefato, desenho industrial), incluem outras modalidades que resultam
dos avanços tecnológicos e transformações estéticas a partir da modernidade (fotografia, artes gráficas, cinema, televisão, vídeo, computação, performance) (BRASIL, 1997, p. 45).
Os conteúdos de Artes Visuais são norteados nos PCNs – Artes, sendo divididos em primeiro e o segundo ciclos: expressão e comunicação na prática do aluno, as Artes Visuais como objeto de apreciação significativa e as Artes Visuais como produto cultural e histórico. Esses conteúdos envolvem as diversas formas de expressão e criação. De acordo com os PCNs – Artes (BRASIL, 1997, p. 45) é necessário considerar:
[...] as técnicas, procedimentos, informações históricas, produtores, relações culturais e sociais envolvidas na experiência que darão suporte às suas representações (conceitos ou teorias) sobre arte. Tais representações transformam-se ao longo do desenvolvimento à medida que avança o processo de aprendizagem.
O professor pode colocar o aluno em contato com novas experiências, tornando essa prática pedagógica muito mais significativa, além de contribuir para a construção crítica da realidade, um olhar mais atento de que tudo que produzimos artisticamente pode ser reconhecido com um exercício de arte.
A arte deve ser pensada como possibilidade de construção de conhecimento na inclusão de pessoas com deficiência, através das diferentes linguagens artísticas, considerando a minha formação em Artes Visuais, é desse lugar que me proponho a pesquisar.
Com relação à dança, muitos historiadores apontam que é uma das manifestações artísticas mais antigas, como mostram os desenhos rupestres, onde o homem já dançava. Os Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte – PCNS (BRASIL, 1997, p. 49) aponta que:
A arte da dança faz parte das culturas humanas e sempre integrou o trabalho, as religiões e as atividades de lazer. Os povos sempre privilegiaram a dança, sendo esta um bem cultural e uma atividade inerente à natureza do homem.
A dança desenvolve e amplia noções rítmicas, as noções de tempo e espaço, e assim como o teatro desenvolve a expressão corporal do aluno. A dança pode fazer com que a criança desenvolva a compreensão de sua capacidade de movimento e de como seu corpo funciona, de tal modo, poderá usar seu corpo expressivamente, com autonomia, responsabilidade e sensibilidade (BRASIL, 1997).
Na educação faz parte da preocupação de muitos educadores, que compreendem que a dança é uma Arte básica, pois o movimento do corpo, enquanto criação e expressão, fazem parte da educação. Para Strazzacappa e Morandi (2006, p. 72 apud LABAN):
Quando tomamos consciência de que o movimento é a essência da vida e que toda a forma de expressão (seja falar, escrever, cantar, pintar ou dançar) utiliza o corpo como veiculo, vemos quão importante é entender essa expressão externa da energia vital interior.
De acordo com Strazzacappa e Morandi (2006 apud LABAN), a linguagem da dança é considera significativa para a formação do sujeito quando o fazer e o sentir têm relação com o corpo e com a dança, contribuindo assim para que o sujeito seja crítico, capaz de criar pensando. O professor deve proporcionar ao aluno o contato com danças permitindo experimentar, sentir e agir através da dança.
As linguagens artísticas têm uma contribuição importantíssima na formação educacional, auxiliando e mediando o corpo discente a ter uma maior compreensão de mundo levando-os a uma melhor apreciação, análise e fazer na vida, e assim, contribuir na formação da sociedade na qual estão inseridos como seres atuantes, participantes, críticos e reflexivos.
3. CONCLUSÃO
Verifica-se que não são simples os procedimentos e ações pedagógicas para se construir uma escola inclusiva. Para isto, torna-se necessário muito trabalho e empenho cooperativo, de toda a comunidade escolar. Onde todos os participantes estejam envolvidos e dispostos a assumir o compromisso com seus alunos propiciando, um ambiente de valorização, autonomia, buscando desta forma a construção de um ensino-aprendizagem de qualidade.
Além disto, é necessário buscar uma interação com outros profissionais, outras especialidades para que haja uma troca de experiências através das discussões de casos de alunos, possibilitando assim uma intervenção mais eficaz para a melhoria do ensino-aprendizagem dentro do espaço escolar.
Verifica-se que os métodos e as didáticas utilizadas no ensino de artes funcionam como na interação e na inclusão dos alunos com necessidades educativas especiais mostrando todo potencial, expressividade, habilidade e capacidade de articular a percepção e a cognição através de diferentes linguagens artísticas, especialmente a linguagem de Artes Visuais envolvendo novas tecnologias, que pode vir a se tornar uma eficiente ferramenta de aprendizagem e de superação dos preconceitos.
A arte permite um desenvolvimento do processo criativo aliado à aprendizagem dos alunos criando condições e acesso a diferentes linguagens artísticas, e levando a descobrir novos caminhos de aprendizagem. Neste sentido entende-se como Duarte Jr. (2003, p. 23) que: Aprender não é decorar. Aprender é um processo que mobiliza tanto os significados, os símbolos, quanto os sentimentos, as experiências a que eles se referem.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARBOSA, A.M, Arte / Educação contemporânea: consonâncias internacionais. São Paulo: Cortez, 2005.
BARBOSA, A. M. Entrevista Carlos Gustavo Yoda e Eduardo Carvalho – Carta Maior –Disponível em: < http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Midia/Entrevista-%96-Ana-Mae-Barbosa/12/10517 >. Acessado em 07 de dez. de 2019.
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BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC / SEF, 1998. 116 p.
BRASIL, Estado do Paraná, Secretaria de Estado da Educação, Diretrizes Curriculares de Artes (DCEs) para os anos finais do ensino fundamental e para o ensino médio, Curitiba, 2008.
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DUARTE Jr, João Francisco. Por que arte-educação? – 14ª ed. Campinas, São Paulo: Papirus, 2003.
FONSECA, V. da. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: abordagem neuropsicológica e psicopedagógica. 5ª ed. Petrópolis: Vozes, 2011.
FUSARE, M. F. R; FERRAZ, M. H. C. Arte na Educação Escolar. São Paulo: Cortez, 2001.
KARAGIANNIS, A. STAINBACK, S. & STAINBACK, W. Fundamentos do ensino inclusivo. In: STAINBACK, S. & STAINBACK, W. Inclusão: Um guia para educadores. Tradução de Magda França Lopes. Porto Alegre: Artmed Editora S.A., 1999. p. 21 – 34.
MANTOAN, Maria Tereza Eglér. Inclusão escolar. O que é? Por quê? Como fazer? 2° Ed. São Paulo: Moderna 2006.
MARTINS, M. C. PISCOQUE, G. J. Didática do ensino da Arte. São Paulo:FTD, 1988.
PILLOTTO, Sílvia Sell Duarte; SCHRAMM, Marilene de Lima Korting (Org.). Reflexões sobre o ensino das artes. Joinville: Univille, 2001. 151 p.
SELAU, Bento. (2007). Inclusão na sala de aula. Porto Alegre: Evangraf.
STRAZZACAPPA, Márcia; MORANDI, Carla. Entre a arte e a docência: a formação do artista da dança. Campinas, SP: Papirus, 2006.
TIBOLA, Ivanilde Maria. Arte, cultura, educação e trabalho – Brasília Federação Nacional das APAES, 2001. 64 p.
 
 
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