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ATPS Direito Civil II - pronto


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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANHANGUERA – UNIBAN 
Direito 3ºA Noturno
ANSELMO RAMOS NOGUEIRA RA:6802453836 
BELMIRO DAVI ANDRADE RA: 6690432912
CÁTIA RIBAS DE LIMA RA: 6438295110
FÁBIO ALVES FERNANDES RA: 6690542079
MÔNICA MAIA DUARTE TORRES RA: 8691308195
TAMARES YAMAMOTO MAIA MOURA RA: 7031529357
DIREITO CIVIL II
“ATPS DIREITO CIVIL II – ETAPAS 3 E 4”
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2014
ANSELMO RAMOS NOGUEIRA RA:6802453836 
BELMIRO DAVI ANDRADE RA: 6690432912
CÁTIA RIBAS DE LIMA RA: 6438295110
FÁBIO ALVES FERNANDES RA: 6690542079
MÔNICA MAIA DUARTE TORRES RA: 8691308195
TAMARES YAMAMOTO MAIA MOURA RA: 7031529357
DIREITO CIVIL II
“ATPS DIREITO CIVIL II – ETAPAS 3 E 4 ”
Atividades Práticas Supervisionadas – Etapas 3 e 4 para a aula de Direito Civil II do curso de direito da Universidade Bandeirante de São Paulo no Curso Direito 3º A período Noturno. Curso ministrado pelo Professor Máximo Silva.
SÃO BERNARDO DO CAMPO
2014
Etapa 3
Invalidade do Negócio Jurídico. Atos Jurídicos Ilícitos.
Passo 1:
O caso número 1, criado hipoteticamente pelo grupo, coloca a situação classificada como negócio jurídico inválido, possuindo defeito causado por dolo regulamentado pelo Código Civil Brasileiro, como segue abaixo.
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos, e é acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
  
Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
 
Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou.
 
Art. 149. O dolo do representante legal de uma das partes só obriga o representado a responder civilmente até a importância do proveito que teve; se, porém, o dolo for do representante convencional, o representado responderá solidariamente com ele por perdas e danos.
 
Art. 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização.
O funcionário do banco aplicou o mesmo golpe em mais dois outros clientes, dando força a tese em que o mesmo agiu premeditadamente, cometendo ato jurídico ilícito, pois aproveitou-se maliciosamente da situação de necessidade, bem como, da simplicidade de D. Maria da Silva, levando-a a assinar o contrato em questão em branco.
A doutrina conceitua tal defeito do negócio jurídico, como dolo, ou seja o ato de causar a vontade, induzir alguém ao erro para se aproveitar de uma situação...”la victime du dol non seulement s’est trompée, mais a été trompée (“a vítima do dolo não está só enganada, mas também foi enganada”) Irmãos Mazeaud.
Isto posto nada mais é que o dolo não é o vício da vontade, mas causa do vício de vontade.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, v.1
Apesar do dolo, diferir do erro, ambos possuem uma característica em comum, pois tanto no dolo quanto no erro, a vítima é iludida, a diferença é que no erro a vítima engana-se sozinha, e no dolo a vítima é convencida a errar por um terceiro.
No caso 1, o dolo de aproveitamento, especificamente constitui a lesão sendo outro defeito do negócio jurídico, a doutrina indica a possibilidade do negócio jurídico ser anulado por dolo, ficando o lesado responsável por provar, em ação anulatória.
A jurisprudência possui inúmeras decisões aplicadas a casos similares ao criado por este grupo, demonstrando porém a dificuldade da vítima em provar ter sido lesada, as decisões apontam em sua maioria ser extremamente rigorosa quanto ao ônus da prova, porém muito justa em suas decisões.
Em discussão o grupo chegou a conclusão, com base no conceito que traz a doutrina (colocar o nome do autor), e as decisões apontadas na jurisprudência que D. Maria deveria impetrar ação de retificação de contrato de crédito, ficando a mesma incumbida de arcar com as prestações contratadas por ela no primeiro momento, haja vista, que a mesma possui comprovantes de depósito do valor, além da prova que o funcionário do banco agiu de má fé ludibriando outros clientes do banco.
Poderiam ainda impetrar ação “litis consórcio”, consistindo na pluralidade das partes na ação, já que outros clientes foram lesados, seria cabível a união destes no processo.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação Nº 0050447-49.2011.8.26.0602
37ª Câmara de Direito Privado
Registro: 2013.0000578909
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0050447-49.2011.8.26.0602, da Comarca de Sorocaba, em que é apelante BV FINANCEIRA S/A CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO, é apelado BRUNO ANTUNES FERREIRA. ACORDAM, em 37ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores ISRAEL GÓES DOS ANJOS (Presidente) e JOSÉ TARCISO BERALDO. São Paulo, 24 de setembro de 2013. Dimas Carneiro
RELATOR
Assinatura Eletrônica PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação Nº 0050447-49.2011.8.26.0602
37ª Câmara de Direito Privado
Apelação nº 0050447-49.2011.8.26.0602 / Voto nº 18958 (sr/ma) 2
VOTO Nº 18958
COMARCA DE SOROCABA
APELANTE: BV FINANCEIRA S/A CRÉDITO FINANCIAMENTO E INVESTIMENTO
APELADO: BRUNO ANTUNES FERREIRA
AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE CLÁUSULAS CONTRATUAIS FINANCIAMENTO VEICULAR - PREENCHIMENTO ABUSIVO DO CONTRATO AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA ART. 302 DO CPC SENTENÇA MANTIDA APELO DESPROVIDO
Vistos.
Ação de retificação de cláusulas contratuais. Disse o autor que adquiriu veículo do valor de R$ 125.000,00, dando como entrada R$ 51.000,00 e contratando financiamento de R$ 74.000,00, entretanto no contrato que assinou em branco o réu fez constar aquisição de veículo do valor de R$ 170.000,00 e de financiamento de R$ 119.000,00.
Resistiu o réu alegando regularidade de livre contratação frente aos encargos contratuais, depois de alegar inépcia da inicial por falta de interesse e impossibilidade jurídica do pedido.
Julgou-se procedente a ação.
Apelou o réu insistindo na arguição PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação Nº 0050447-49.2011.8.26.0602
37ª Câmara de Direito Privado
Apelação nº 0050447-49.2011.8.26.0602 / Voto nº 18958 (sr/ma) 3
preliminar e na improcedência da demanda.
Recurso respondido.
É o relatório.
Não se trata de pedido revisional de contrato, mas de retificação de preenchimento de instrumento contratual impresso. O autor alegou ter solicitado financiamento de R$ 74.000,00 para aquisição de veículo do valor de R$ 125.000,00, enquanto que do contrato constou financiamento de R$ 119.000,00 para compra de veículo do valor de R$ 170.000,00.
Ora! o recibo de venda do veículo financiado ostenta o valor do bem como sendo R$ 125.000,00 (v. fls. 14) e o réu não comprovou ter lançado na conta bancária do autor crédito R$ 119.000,00, ou de lhe ter pago efetivamente essa quantia, de qualquer outra forma e, como consta do item 4.3 do resumo contratual a entrada do valor de R$ 51.000,00 emerge verossimilhança da alegação inicial que, em verdade, não foi contestada, uma vez que a defesa se ocupou de defender regularidade dos encargos da contratação.
Dessa forma emerge acerto da solução preconizada pelo preclaro sentenciante cuja fundamentação expressada na r. sentença se adota, inclusive no tocante à matéria preliminar que foi bem rechaçada.
Em face do exposto voto pelo desprovimento recursal.PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Apelação Nº 0050447-49.2011.8.26.0602
37ªCâmara de Direito Privado
Apelação nº 0050447-49.2011.8.26.0602 / Voto nº 18958 (sr/ma) 4
DIMAS CARNEIRO
 Relator
Agravo de Instrumento n. 2013.081339-7, de Otacílio Costa
Relatora: Desa. Soraya Nunes Lins
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO REVISIONAL DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. DEFERIMENTO DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA PARA DETERMINAR A PROIBIÇÃO OU RETIRADA DE INSCRIÇÃO DO NOME DA AUTORA DE ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO, MANTÊ-LA NA POSSE DO BEM, E AUTORIZAR A CONSIGNAÇÃO DOS VALORES DAS PARCELAS CONTRATADAS.
AGRAVANTE QUE DEFENDE O NÃO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS AUTORIZADORES DA TUTELA ANTECIPADA. AUSÊNCIA DE VEROSSIMILHANÇA DA EXISTÊNCIA DE ENCARGOS ABUSIVOS. APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO N. 4 DO RESP. N. 1.061.530/RS, JULGADO COMO PROCESSO REPETITIVO. REFORMA DA DECISÃO AGRAVADA.
RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento n. 2013.081339-7, da comarca de Otacílio Costa (Vara Única), em que é agravante Companhia de Crédito Financiamento e Investimento RCI Brasil, e agravada Fátima Pereira Ramos:
A Quinta Câmara de Direito Comercial decidiu, por votação unânime, conhecer do recurso e dar-lhe provimento. Custas legais.
O julgamento, realizado nesta data, foi presidido pelo Excelentíssimo Desembargador Jânio Machado, com voto, e dele participou o Excelentíssimo Desembargador Guilherme Nunes Born.
Florianópolis, 6 de março de 2014.
Soraya Nunes Lins
Relatora
RELATÓRIO
Companhia de Crédito Financiamento e Investimento Rci Brasil interpôs agravo de instrumento contra a decisão que, na ação revisional n. 086.13.001452-0, deferiu o pleito antecipatório para manter a agravada na posse do bem, autorizar o depósito do valor integral das parcelas contratadas, e determinar que o agravante se abstenha de inscrever o nome da agravada nos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais), limitada a R$ 20.000,00 (vinte mil reais). Além disso, deferiu os benefícios da gratuidade de justiça.
Ressaltou que observada a inadimplência da agravada, a inscrição do seu nome nos órgãos de proteção ao crédito constitui exercício regular do seu direito, inexistindo qualquer conduta ilícita.
Referiu que a multa aplicada não atinge o fim a que se destina, ao passo que a expedição de ofício aos órgãos de proteção ao crédito é medida eficaz e adequada para o caso em análise.
Argumentou que a astreinte fixada para o caso de descumprimento da determinação é excessiva e desproporcional pois não condiz com a realidade destacada nos autos, motivo pelo qual sustentou a necessidade do seu afastamento ou a minoração doquantum arbitrado.
Requereu a concessão do efeito suspensivo e, ao final, o provimento do recurso.
O efeito suspensivo ativo foi indeferido (fls. 63-66).
O prazo para contrarrazões transcorreu sem manifestação do agravado.
Esse é o relatório.
VOTO
Trata-se de agravo de instrumento interposto contra a decisão prolatada pelo juízo de origem que deferiu o pleito antecipatório para manter a agravada na posse do bem, autorizar o depósito do valor integral das parcelas contratadas, e determinar que o agravante se abstenha de inscrever o nome da agravada nos órgãos de proteção ao crédito, sob pena de multa diária de R$ 200,00 (duzentos reais), limitada a R$ 20.000,00 (vinte mil reais) (autos n. 086.13.001452-0).
Presentes os requisitos de admissibilidade, passa-se à análise da quaestio.
Assevera a autora, na petição inicial, que firmou contrato de financiamento com a ré/agravante para aquisição de um veículo, tendo assumido a obrigação do adimplemento de 60 (sessenta) parcelas mensais e consecutivas, no valor de R$ R$ 929,71 (novecentos e vinte e nove reais e setenta e um centavos) cada.
Pois bem. Sobre o cabimento da concessão de antecipação de tutela ou medida cautelar para obstar a inscrição do nome dos devedores em cadastros dos órgãos de proteção ao crédito, ou determinar sua exclusão, deve ser observado o entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, que exige a presença, cumulativamente, de três requisitos, como se extrai da orientação exarada no REsp n. 1061530, julgado como recurso repetitivo, relativo aos contratos bancários subordinados ao Código de Defesa do Consumidor:
ORIENTAÇÃO 4 - INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES a) A abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: i) a ação for fundada em questionamento integral ou parcial do débito; ii) houver demonstração de que a cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou STJ; iii) houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz (REsp n. 1061530/RS, Rel. Mina. Nancy Andrighi, Segunda Seção, j. 22/10/2008).
É de bom alvitre frisar que a mera interposição de ação para discussão do débito não é suficiente para impedir a negativação do nome do devedor nos cadastros de proteção ao crédito, uma vez que não descaracteriza a mora, conforme destacado na Súmula n. 380 do STJ: "A simples propositura da ação de revisão de contrato não inibe a caracterização da mora do autor".
É necessário, portanto, verificar se há a aparência do bom direito e a alegação de cobrança indevida encontra amparo na jurisprudência dos tribunais superiores.
Vale lembrar que para a concessão da antecipação de tutela, admitida nos casos de "fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação" e de "abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu" (art. 273, I e II, CPC), exige-se que, por meio de prova inequívoca, o magistrado convença-se da verossimilhança da alegação do autor.
Importa mencionar que não se observa a presença da prova inequívoca capaz de conferir verossimilhança à pretensão da agravada, porquanto a tese defendida na petição inicial se funda na cobrança indevida de juros remuneratórios superiores à taxa de 12% (doze por cento) ao ano e juros capitalizados (fl. 23).
No caso em apreço, a agravante ajuizou ação revisional para discutir a legalidade do contrato de financiamento de veículo firmado com a instituição financeira (fls. 41-42).
A parte autora objetiva a revisão do pacto para limitar os juros remuneratórios à taxa de 12% ao ano, bem como afastar a capitalização de juros e os encargos moratórios.
É pacífico o entendimento nos Tribunais Superiores de que, nos contratos bancários, exceto nos relativos a títulos de crédito rural, comercial e industrial, os juros não estão limitados a 12% ao ano.
Isso porque, o § 3º do art. 192 da Constituição Federal, mesmo antes de revogado pela Emenda Constitucional n. 40/03, tinha sua aplicação condicionada à edição de lei complementar (Súmula vinculante 7 do STF), e a limitação prevista na chamada Lei de Usura (Decreto n. 22.626/33) não é aplicável às instituições financeiras (Súmula 596 do STF).
A Súmula 382 do Superior Tribunal de Justiça é taxativa: "A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica abusividade".
Em momento anterior ao julgamento do Recurso Especial n. 1.061.530/RS, o Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula n. 296 já assentava o entendimento no seguinte sentido:
Os juros remuneratórios, não cumuláveis com a comissão de permanência, são devidos no período de inadimplência, à taxa média de mercado estipulada pelo Banco Central do Brasil, limitada ao percentual contratado.
Os integrantes do Grupo de Câmaras de Direito Comercial desta Corte de Justiça editaram os seguintes Enunciados com relação aos juros remuneratórios:
I - Nos contratos bancários, com exceção das cédulas e notas de crédito rural, comercial e industrial, não é abusiva a taxa de juros remuneratórios superior a 12 % (doze por cento) ao ano, desde que não ultrapassada a taxa média de mercado à época do pacto, divulgada pelo Banco Central do Brasil.
IV - Na aplicação da taxa média de mercado, apurada pelo Banco Central doBrasil, serão observados os princípios da menor onerosidade ao consumidor, da razoabilidade e da proporcionalidade.
Desse modo, sendo inaplicável a limitação dos juros remuneratórios à taxa de 12% (doze por cento) ao ano, passou-se a utilizar a taxa média de mercado divulgada pelo BACEN como parâmetro para se aferir eventual abusividade nos contratos bancários.
Relativamente à capitalização mensal dos juros, não se vislumbra verossimilhança das alegações postas na inicial, visto que se mostra possível nos contratos celebrados após o advento da Medida Provisória n. 1.963-17/2000, depois reeditada pela MP n. 2.170-36/2001.
Nada obstante, a partir do julgamento do Resp n. 973.827, julgado na data de 24-9-2012, a Corte superior passou a admitir a expressão numérica como forma de pactuação da capitalização de juros, verbis:
[...] Para os efeitos do artigo5433, C, do CPCC, foram fixadas as seguintes teses:
1) É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após 31/3/2000, data da publicação da Medida Provisória nº 1.963-17/2000, em vigor como MP nº 2.170-01, desde que expressamente pactuada;
2) A pactuação mensal dos juros deve vir estabelecida de forma expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual contratada. [...] (Segunda Seção, REsp n. 973.827 / RS, relatora para acórdão Ministra Maria Isabel Gallotti, j. em 27.06.2012).
A propósito, no mesmo sentido já decidiu este Tribunal de Justiça:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO. CONTRATOS VINCULADOS À CONTA CORRENTE. INDEFERIMENTO DO PLEITO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA. PRETENSÃO DE IMPEDIR A INSCRIÇÃO DO NOME DO CORRENTISTA NOS CADASTROS DE INADIMPLENTES. AUSÊNCIA DE PROVA INEQUÍVOCA DA VEROSSIMILHANÇA DO DIREITO ALEGADO. AGRAVANTE QUE, CONVENIENTEMENTE, EM SEDE RECURSAL, MODIFICA O FUNDAMENTO DO PEDIDO INICIAL COMO FORMA DE OBTER A MEDIDA DE URGÊNCIA. IMPOSSIBILIDADE. ACERTO OU DESACERTO DA DECISÃO ATACADA QUE É FEITO À LUZ DO QUE FOI EXPOSTO AO JUIZ DA CAUSA. MANUTENÇÃO DA DECISÃO PROFERIDA NO PRIMEIRO GRAU. REVOGAÇÃO DAQUELA OUTRA, PROFERIDA EM JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE. RECURSO DESPROVIDO.
A antecipação dos efeitos da tutela pressupõe, além da presença do fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, a prova inequívoca da verossimilhança do direito invocado, o que não se vislumbra no caso concreto. (AI n. 2013.014988-3, de Rio do Sul, rel. Des. Jânio Machado, j. em 6.6.2013).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE REVISÃO DE CONTRATO. INDEFERIMENTO DO PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, REFERENTE À INIBIÇÃO DE INSCRIÇÃO NOS CADASTROS DE DEVEDORES E DEPÓSITO DO VALOR ENTENDIDO POR CORRETO DAS PRESTAÇÕES. AUSÊNCIA DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A CONCESSÃO. APLICAÇÃO DA ORIENTAÇÃO 4 DO RESP. N. 1.061.530/RS, NO QUAL FOI INSTAURADO INCIDENTE DE PROCESSO REPETITIVO. NÃO DEMONSTRAÇÃO QUE A COBRANÇA INDEVIDA SE FUNDA NA APARÊNCIA DO BOM DIREITO E NA JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE DO STJ/STF. MANUTENÇÃO DA DECISÃO A QUO. 
"ORIENTAÇÃO 4 - INSCRIÇÃO/MANUTENÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES a) A abstenção da inscrição/manutenção em cadastro de inadimplentes, requerida em antecipação de tutela e/ou medida cautelar, somente será deferida se, cumulativamente: i) a ação for fundada em questionamento integral ou parcial do débito; ii) houver demonstração de que a cobrança indevida se funda na aparência do bom direito e em jurisprudência consolidada do STF ou STJ; iii) houver depósito da parcela incontroversa ou for prestada a caução fixada conforme o prudente arbítrio do juiz" (Resp. n. 1.061.530/RS, rela. Mina. Nancy Andrighi, j. 22-10-2008). RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO (A.I. n. 2012.088425-2, de Itapema, Rel. Des. Altamiro de Oliveira, j. 4-6-2013).
Ademais, é consabido que em sede de agravo de instrumento não se aprecia de forma pormenorizada a matéria aventada na petição inicial, devendo eventuais abusividades contratuais serem analisadas na ocasião da sentença.
Logo, não se verificando a verossimilhança nas alegações da agravante nesse momento processual no que pertine à cobrança de encargos ilegais e abusivos, a revogação da decisão que deferiu o pleito antecipatório é medida de rigor.
Ante o exposto, o voto é no sentido de conhecer do recurso e dar-lhe provimento.
Esse é o voto.
Gabinete Desa. Soraya Nunes Lins
2º caso
O segundo caso criado hipoteticamente pelo grupo, trata-se de um contrato de compra e venda, não cumprido por uma das partes, em pesquisa à jurisprudência, encontramos inúmeros acórdãos correlatos, havendo a possibilidade em algumas situações de indenização por danos morais.
Nesta situação a parte lesada, poderia impetrar ação de obrigação de fazer, valendo-se do artigo 247 do Código Civil, “incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível”, bem como, pedido de indenização por danos materiais e morais.
Tendo em vista que o vendedor não cumpriu com nenhum de seus compromissos, e os lesados procuraram o PROCON, órgão de proteção ao consumidor, poderá intermedia uma conciliação, afim de que a questão seja sanada antes de ser levada a juízo.
Porém caso ocorra conciliação, o credor no caso Eliane Moura Macedo ficaria impossibilitada de reclamar danos morais.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Registro: 2014.0000270233
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0197231-51.2008.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é apelante GLOBEX UTILIDADES S/A, é apelado TATIANA MOSCONI KOPONEN BALBI. ACORDAM, em 27ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Deram provimento em parte ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores GILBERTO LEME (Presidente) e MORAIS PUCCI. São Paulo, 29 de abril de 2014. Berenice Marcondes Cesar
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Serviço de Processamento do 14º Grupo de Câmaras
Direito Privado - 27ª e 28ª Câmaras
Palácio da Justiça, s/nº - 4º andar - sala 403 - São Paulo - SP - CEP 01018-010
2
Apelação - 0197231-51.2008.8.26.0100 - Voto nº 17279 - ldDnf
Apelação com Revisão - nº 0197231-51.2008.8.26.0100
Apelante/Ré: GLOBEX UTILIDADES S/A
Apelada/Autora: TATIANA MOSCONI KOPONEN BALBI
MMª. Juíza de Direito: Fernanda Galizia Noriega
13ª Vara Cível do Foro Central Comarca da Capital
 Voto nº 17279
COMPRA E VENDA. LISTA DE PRESENTES DE CASAMENTO. ATRASO NA ENTREGA DE MERCADORIAS. Danos materiais consubstanciados no dever da Ré de arcar com o valor do aluguel e despesas condominiais relativos ao mês em que a Autora e seu cônjuge ficaram supostamente impossibilitados de se mudar para o imóvel por eles alugado. Inexistência. A mera ausência de refrigerador e fogão, por si só, não constitui óbice à habitação de um imóvel. Danos morais. Existência. Frustração causada pelas inúmeras tentativas de entrega do bem que não se concretizaram por culpa exclusiva da Ré que ultrapassam a barreira do mero aborrecimento. Reforma parcial da r. sentença. Sucumbência recíproca. RECURSO DA RÉ PARCIALMENTE PROVIDO.
Trata-se de “ação ordinária de obrigação de fazer, com pedido de tutela antecipada inaudita altera parte, c/c indenização por danos materiais e morais” ajuizada por TATIANA MOSCONI KOPONEN BALBI contra GLOBEX UTILIDADES S/A, julgada parcialmente procedente pela r. sentença a quo (fls. 104/108), cujo relatório adoto, condenando a Ré ao pagamento da quantia de R$ 8.200,00 a título de danos materiais, além da quantia de R$ 5.000,00 em razão do dano moral suportado pela Autora, decorrente do atraso na PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
Serviço de Processamento do 14º Grupo de Câmaras
Direito Privado - 27ª e 28ª Câmaras
Palácio da Justiça, s/nº - 4º andar - sala 403- São Paulo - SP - CEP 01018-010
3
Apelação - 0197231-51.2008.8.26.0100 - Voto nº 17279 - ldDnf
Entrega das mercadorias adquiridas por meio do website da Ré, ambas devidamente acrescidas de correção monetária segundo os índices da tabela prática deste E. Tribunal, desde o ajuizamento da demanda, e de juros moratórios de 1% ao mês, contados da citação. Em razão da sucumbência, a Ré foi condenada, ainda, ao pagamento das custas e despesas processuais, além dos honorários advocatícios devidos ao patrono da parte contrária, os quais foram arbitrados em 10% sobre o valor da condenação.
Inconformada, a Ré interpôs o presente recurso de apelação (fls. 111/120), desafiando as respectivas contrarrazões da Autora (fls. 126/130).
O recurso foi regularmente processado e preparado.
É o relatório.
Trata-se de recurso de apelação interposto contra r. sentença que julgou parcialmente procedente a pretensão inicial da presente demanda, condenando a Ré ao pagamento da quantia de R$ 8.200,00 a título de danos materiais, bem como da quantia de R$ 5.000,00 a título de danos morais, ambas devidamente acrescidas dos consectários legais.
Prescrição e Decadência 
Prescrição ocorre quando pelo decurso do tempo o detentor de um direito subjetivo não o reclama judicialmente, não exerce seu poder de exigibilidade, perdendo desta forma o direito de ação, mais não o direito de recebê-lo. 
Há duas espécies de prescrição a extintiva e a aquisitiva (usucapião), é um instituto de direito material que nasce a partir do momento em que um direito foi violado.
Está disposta nos artigos 189 a 196 e os prazos prescricionais nos artigos 205 e 206.
Decadência por sua vez, incide somente sobre a perda de um direito potestativo, ou seja, uma das partes impõe a sujeição, à outra parte, que nada tem a fazer ao não ser aceitar.
Ementa e Acórdão
13/05/2014 PRIMEIRA TURMA
EXTRADIÇÃO 1.333 DISTRITO FEDERAL
RELATORA :MIN. ROSA WEBER
REQTE.(S) :GOVERNO DO REINO DOS PAÍSES BAIXOS
EXTDO.(A/S) :FRANK EDWARD ZINGER
PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO GERAL FEDERAL
EMENTA
EXTRADIÇÃO INSTRUTÓRIA. TRÁFICO DE DROGAS
SINTÉTICAS E ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. CONCORDÂNCIA DO
EXTRADITANDO. CONTROLE DA LEGALIDADE. DUPLA
INCRIMINAÇÃO CONFIGURADA. PRESCRIÇÃO. INOCORRÊNCIA.
INEXISTÊNCIA DE ÓBICES LEGAIS À EXTRADIÇÃO. ENTREGA
CONDICIONADA À ASSUNÇÃO DE COMPROMISSOS.
1. Pedido de extradição formulado pelo Governo do Reino dos Países Baixos que atende os requisitos da Lei 6.815/1980 e do Tratado de Extradição específico.
2. A concordância defensiva com o pleito extradicional não afasta o controle da legalidade por este Supremo Tribunal Federal. Precedentes.
3. Crimes de produção, fabricação, processamento, beneficiamento, posse e transporte de drogas, além de participação em organização criminosa, nos termos da Lei Holandesa de Entorpecentes, que correspondem aos crimes previstos nos arts. 33 e 35 da Lei 11.343/2006.
Dupla incriminação atendida.
4. Inocorrência de prescrição e inexistência de óbices legais.
5. Irrelevância da ausência do texto legal estrangeiro referente à prescrição, quando, excepcionalmente, demonstrada sua inocorrência.
Precedente.
6. O compromisso de detração da pena, considerando o período de prisão decorrente da extradição, deve ser assumido antes da entrega do preso, não obstando a concessão da extradição. O mesmo é válido para os demais compromissos previstos no art. 91 da Lei nº 6.815/1980.
7. Extradição deferida.
Supremo Tribunal Federal
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Ementa e Acórdão
EXT 1333 / DF
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio, na conformidade da ata de julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade de votos, em deferir o pedido de extradição, nos termos do voto da Relatora. Ausente,
justificadamente, o Senhor Ministro Dias Toffoli.
Brasília, 13 de maio de 2014.
Ministra Rosa Weber
Relatora
2
Supremo Tribunal Federal
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Relatório
13/05/2014 PRIMEIRA TURMA
EXTRADIÇÃO 1.333 DISTRITO FEDERAL
RELATORA :MIN. ROSA WEBER
REQTE.(S) :GOVERNO DO REINO DOS PAÍSES BAIXOS
EXTDO.(A/S) :FRANK EDWARD ZINGER
PROC.(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO GERAL FEDERAL
RELATÓRIO
A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Trata-se de pedido de extradição instrutória formulado pelo Governo do Reino dos Países Baixos em desfavor do nacional neerlandês Frank Edward Zinger, nascido em 09.12.1962, encaminhado por via diplomática (Nota Verbal nº 108, fl. 3), com base na Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, promulgada pelo
Decreto nº 154, de 26.6.1991, e na promessa de reciprocidade. Solicitação prévia de prisão preventiva para fins de extradição nos autos da PPE 690. Decretada a medida constritiva em 07.5.2013 e efetivada em 13.8.2013 (fls. 33-7 e 75 da PPE 690).
Em 12.9.2013, diante da precária situação da saúde do Extraditando, conforme demonstrado pela Defensoria Pública da União, deferi o pedido de recolhimento em estabelecimento prisional que possibilitasse seu atendimento médico-hospitalar (fls. 58-9 da PPE 690).
Formalização do pedido extradicional junto ao Ministério das Relações Exteriores, em 17.9.2013, e nesta Suprema Corte, em 21.11.2013 (fls. 2-3).
No dia 13.12.2013, determinei a colheita de informações quanto ao encarceramento do Extraditando em unidade prisional compatível com o tratamento médico requisitado – cirurgia toráxica (fls. 39-41).
Durante o recesso forense, sobreveio decisão do Ministro Ricardo Lewandowski, no exercício da Presidência desta Casa, em atendimento ao postulado pela Defensoria Pública da União, em que deferida a imediata transferência de Frank Edward Zinger ao Hospital Sanatório Penal Professor Otávio Lobo (fls. 106-7).
Supremo Tribunal Federal
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Relatório
EXT 1333 / DF
Informações prestadas pela Coordenadora do Sistema Penal do Ceará no sentido de que o referido hospital “não realiza procedimentos deste porte por não dispor de centro cirúrgico e de profissionais especializados nesta área, o que levou o paciente a ser submetido a uma consulta no dia 30 de janeiro de 2014, no Hospital de Massejana, por especialista em cirurgia torácica, … e após uma análise e posterior laudo emitido pelo Coordenador do Núcleo de Saúde da Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado do Ceará,..., chegou à conclusão de que o interno supracitado poderá manter atendimento ambulatorial enquanto estiver inserido no Sistema Penitenciário do Estado do Ceará e posteriormente ser submetido à cirurgia eletiva em seu país de origem” (fls. 144-169).
Interrogatório realizado em 06.3.2014 (fls. 229-31). Naquela ocasião, consignado em ata que “o interrogando declarou que é carpinteiro, mas não estava exercendo esta profissão em Fortaleza; que está em Fortaleza há aproximadamente 14 ou 15 meses; que tem interesse em voltar para a Holanda, quer colaborar com o andamento do processo; que não são verdadeiras as acusações que pesam contra si; que foi envolvido nessas atividades por Marius Stolfen”.
Intimação do Extraditando e da DefensoriaPública da União para apresentar defesa nos termos do § 1º do art. 85 da Lei nº 6.815/1980.
Manifestação da Defensoria Pública da União no Ceará informando que a defesa será apresentada pelo representante do órgão perante o Supremo Tribunal Federal e que, ao argumento de razões humanitárias, requerida a expulsão do Extraditando junto ao Ministério da Justiça (fl.251).
Oportunamente, em defesa escrita colacionada aos autos em 02.4.2014, a Defensoria Pública da União assinala que, “para melhor atender os interesses do extraditando, desde já assinala que não tem objeções a apresentar ao pedido de extradição...”, “tendo em vista a fragilidade de saúde do assistido, bem como o seu desejo de retornar o quanto antes ao seu país de origem” (fls. 171-6). Requer a prioridade na tramitação do feito e o deferimento do pedido de extradição, “de modo a permitir o
retorno de Frank Edward Zinger ao seu país de origem com a máxima brevidade possível”.
2 Supremo Tribunal Federal
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Relatório
EXT 1333 / DF
O Ministério Público Federal, em parecer da lavra do
Subprocurador-Geral da República Edson Oliveira de Almeida opina pelo deferimento do pedido de extradição com o cumprimento imediato independentemente de publicação do acórdão (fls. 257-60).
Expedido telegrama para dar ciência da sessão de julgamento do feito.
É o relatório.
3
Supremo Tribunal Federal
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Voto - MIN. ROSA WEBER
13/05/2014 PRIMEIRA TURMA
EXTRADIÇÃO 1.333 DISTRITO FEDERAL
V O T O
A Senhora Ministra Rosa Weber (Relatora): Trata-se de pedido de extradição instrutória em que o Extraditando é procurado pelo Estado Requerente por estar supostamente envolvido em produção, fabricação, processamento, beneficiamento, posse e transporte de drogas sintéticas, além de participação em organização criminosa, nos termos da Lei Holandesa de Entorpecentes (fl. 17).
Inobstante o Extraditando, por ocasião do interrogatório, manifestar expressamente seu interesse em retornar à Holanda e colaborar com o andamento do processo, e a Defensoria Pública da União, em defesa escrita, assentar a inexistência de óbices e concordar com o pedido extradicional, imprescindível o controle da legalidade da extradição pelo Supremo Tribunal Federal, visto que “o desejo de ser extraditado, ainda que manifestado, de modo inequívoco, pelo próprio súdito estrangeiro, não basta, só
por si, para dispensar as formalidades inerentes ao processo extradicional, que representa garantia indisponível instituída em favor do extraditando” (Ext 1.203, Rel. Min. Celso de Mello, Plenário, DJe 25.02.2011). Precedentes: Ext 1.016, Rel. Min. Ayres Britto, Plenário, DJ 03.3.2006; Ext 1.098, Rel. Min. Cezar Peluso, Plenário, DJe 17.3.2008; Ext 977, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 18.11.2005.
Embora inexistente tratado de extradição celebrado entre Brasil e o Reino dos Países Baixos, os crimes de tráfico de drogas e associação para o tráfico constituem objeto da Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas de 1988, promulgada no Brasil pelo Decreto nº 154/1991. E, como previsto nos seus art. 6º, itens 3 e 4, pode o tratado multilateral servir de base jurídica à
extradição:
“3. Se uma Parte, que condiciona a extradição à exigência de tratado, receber de outra Parte, com a qual não tem nenhum tratado de extradição, um pedido de extradição, poderá considerar a presente Supremo Tribunal Federal
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Voto - MIN. ROSA WEBER
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Convenção como base jurídica para a extradição por delitos aos quais se aplica este Artigo. As Partes que requeiram uma legislação detalhada para fazer valer esta Convenção com base jurídica da extradição, considerarão a possibilidade de promulgar a legislação necessária.
4. As Partes, que não condicionam a extradição à existência de um tratado, reconhecerão os delitos aos quais se aplica este Artigo como casos de extradição entre elas.”
Ainda que assim não fosse, a legislação brasileira admite a extradição com base na promessa de reciprocidade, conforme previsto no art. 76 da Lei nº 6.815/1980. Esta providência, inclusive, foi assumida pelo Estado Requerente (fl. 3).
Extraio resumo dos fatos :
“Aos 13 de novembro de 2012, foram encontrados em um local arrendado em Hellevoetsluis (Holanda) barris de produtos químicos, incluindo, entre outros apaan, e também galões com ácido clorídrico. A investigação mostra que no local os materiais apaan e ácido clorídrico são misturados. Devido a este processo de mistura é produzido BMK. BMK é a principal matéria-prima para a produção de anfetamina (speed).
O locatário do local é o anteriormente mencionado Frank Edward ZINGER. Além disso o anteriormente mencionado Marius Carel Jacobus STOFFER pareceu também estar envolvido no contrato de aluguel das instalações. Stoffer apresentou Zinger ao proprietário das instalações como locatário.
Aos 23 de novembro de 2012 através do e-mail
frankzinger1962@hotmail.com, um e-mail foi enviado para o dono do local. Neste e-mail Zinger indica que ele fugiu para o Brasil, porque ele está sob pressão e ameaçado pela organização. Aqui Zinger referese ao Stoffer. Além disso, ele deixa parecer no e-mail que no local tinha acontecido algo terrivelmente de errado e que houve muitos danos. Ele também deixa transparecer que tem-se trabalhado com máscaras de gás. Zinger também indica que ele poderia ir à polícia, mas que ele havia sido ameaçado e que algo aconteceria com ele se fizesse isso.
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Voto - MIN. ROSA WEBER
EXT 1333 / DF
Por causa do e-mail de Zinger ao proprietário do local, houve correspondência de e-mail entre a polícia holandesa e Zinger em que Zinger confirma estar no Brasil. Do e-mail enviado por Zinger podese deduzir que Zinger muito provavelmente está no Brasil com uma pessoa chamada Alphonsus Johannes Hendricus KUILPERS, nascido em 10 de agosto de 1967 em Naaldwijk (Holanda), com passaporte holandês NN 1RD1893. O endereço exato de Kuijpers não se sabe, mas uma busca na internet mostra que Kuijpers deve viver em Fortaleza.
Em um e-mail de 10 de dezembro de 2012 para a polícia holandesa, Zinger declarou que pode ser contatado pelo telefone, no número 005585-92.711.922. Segundo dados da investigação indica ainda que Frank Zinger em 22 de junho teve contato com um número de telefone no Brasil, ou seja, 005585-99141405. (…) Apesar do fato de que o contato da polícia holandesa por e-mail com Zinger ter cessado em 14 de dezembro de 2012, Zinger enviou em 8 de janeiro de 2013, dois e-mails para a polícia holandesa. Nesses emails Zinger indica que ele estava presente nas conversações e tem sido obrigado pela organização à realizar transportes. A polícia holandesa não respondeu a estes e-mails.
Baseado nisso, Zinger é considerado suspeito de infração dos seguintes artigos:
2jo. 10 Opiumwet (Lei holandesade entorpecentes) 10A Opiumwet 11A Opiumwt“
Na espécie, contra o Extraditando foi decretada ordem de prisão pelo Distrito de Roterdã, em 17.01.2013, pela prática, em tese, dos crimes de produção, fabricação, processamento, beneficiamento, posse e transporte de drogas sintéticas, além de participação em organização criminosa, nos termos da Lei Holandesa de Entorpecentes (fl. 17). Colho dos dispositivos:
“Artigo 2. É proibido, uma substância, como especificado no anexo I da presente Lei, ou designado nos termos do artigo 3º, quinto 
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Voto - MIN. ROSA WEBER
EXT 1333 / DF
parágrafo:
A. colocar para dentro ou fora do território dos Países Baixos; 
B. cultivar, preparar, tratar, processar, vender, fornecer ou transportar;
C. possuir;
D. fabricar;
Artigo 10.
(…)
3. Ele que deliberadamente agindo de forma contrária ao artigo 2 sob C, dada proibição, é punido com pena de prisão não superior a seis anos ou uma multa de quinta categoria. 4. Ele que deliberadamente agindo de forma contrária ao artigo 2 sob B ou D, dada proibição, é punido com pena de prisão não superior a oito anos ou uma multa de quinta categoria.”
“Artigo 10a
1. Ele que por uma infração prevista no parágrafo quarto ou quinto do artigo 10, preparar ou promover: 1º. Tente fazer uma pessoa cometer essa infração, ajudar a cometer em parte ou provocar, para assim, ajudar ou proporcionar tal oportunidade ou meios, ou para fornecer informações
2º. Tente proporcionar a si ou uma outra pessoa a oportunidade, meios ou informação para cometer essa infração.
(…).”
“Artigo 11a
1. Participação em uma organização cujo propósito é cometer infrações referidas no artigo 10, parágrafo terceiro, quarto e quinto, 10a, parágrafo primeiro, ou 11, parágrafo terceiro, quarto e quinto, será punido com uma pena de prisão não superior a oito anos ou multa de quinta categoria.”
Considero preenchido o requisito da dupla tipicidade, visto que os fatos imputados ao Extraditando configurariam no Brasil, respectivamente, os crimes de tráfico de drogas (art. 33 da Lei 4)
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Voto - MIN. ROSA WEBER
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11.343/2006) e de associação para o tráfico de drogas (art. 35 da Lei 11.343/06), assim tipificados:
“Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena – reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
 II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
 III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
“Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Pena – reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.200 (mil e duzentos) dias-multa.”
Encontram, pois, os delitos imputados ao Extraditando correspondência na legislação penal brasileira, com penas estipuladas que variam de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos de reclusão para o tráfico de drogas e de 3 (três) a 10 (dez) anos de reclusão no delito de associação para o 
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Voto - MIN. ROSA WEBER
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tráfico.
Não seria o caso de reconhecer a prescrição pela lei brasileira, considerando o período em que praticado os crimes – entre 1º.6.2012 a 13.11.2012 – e a pena cominada em abstrato. O prazo de prescrição para o tráfico de drogas é de 20 (vinte) anos, no caso da associação para o tráfico é de 16 (dezesseis) anos.
Passo à análise da prescrição pela legislação estrangeira. Apesar de o procedimento estar instruído com cópias de peças do processo, encaminhadas via diplomática, que permitem a compreensão do ocorrido, em especial do decreto prisional expedido pela Justiça Holandesa e das informações precisas sobre o local, data, natureza, circunstâncias do crime, identidade do extraditando e textos legais sobre os crimes e as penas, o Estado Requerente não juntou aos autos os dados referentes à prescrição da pretensão punitiva estatal (art. 80, caput e § 1º, da Lei 6.815/80).
Tendo em vista a precariedade da saúde do Extraditando, que necessita ser submetido a uma cirurgia torácica, e a indisponibilidade de tratamento declinada pelo Sistema Penitenciário do Estado do Ceará, excepcionalmente deixei de solicitar informações complementares ao Estado Requerente quanto ao prazo prescricional.
Na linha do parecer ministerial, irrelevante a ausência do respectivo texto legal na hipótese. Considerados o período transcorrido desde a data dos crimes perpetrados – aproximadamente 2 (dois) anos –; a pena máxima prevista para os delitos de tráfico de drogas sintéticas e de associação para o tráfico na lei estrangeira – 8 (oito) anos cada –; a gravidade dos crimes e sua correlação com o prazo prescricional em abstrato, que, em regra, excede o tempo máximo da pena prevista; evidencia-se a inocorrência da prescrição da pretensão punitiva estatal. Nesse sentido, destaco o julgamento da Ext 554/República Francesa, Plenário, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 26.02.1993: “Este Tribunal tem admitido, várias vezes, que a falta do envio dos textos de normas relativas à prescrição não impede o deferimento do pedido de extradição quando, em razão da pena 
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EXT 1333 / DF
dada a gravidade do delito, não haja dúvida da não ocorrência da prescrição no Estado estrangeiro...
No mesmo sentido, e com relação à França, este Tribunal acolheu, na Extradição nº 342, o parecer do mesmo então Procurador que se manifestara pelo deferimento, não obstante a ausência do envio de texto relativo à prescrição, concernente a homicídio doloso, por ser evidente que, no caso, não teria ocorrido a extinção da pretensão punitiva.
Essa orientação, ainda recentemente, na Extradição nº 462 (Itália) foi reafirmadapor esta Corte, ‘verbis’: ‘A ausência de textos legais relativos à prescrição no direito italiano não prejudica o pedido, porquanto os delitos que se atribuem a Borsellino atraem penalidades de tal monta que arredam a suposição de que se haja operado a prescrição... A propósito, o Supremo Tribunal Federal, em casos como este, vem dispensando a diligência quando os dados que se buscam mostram-se
‘irrelevante em face das realidades temporais sobre o crime, a condenação e a interrupção da execução da pena, tais como descritos nos autos
(voto preliminar na Extr. 246, Rel. o Min. Rafael Mayer, RTJ 115/969)’
Assim, ainda que não tivesse vindo a cópia do texto relativo à prescrição da pretensão punitiva antes mesmo da manifestação da Procuradoria-Geral da República, não seria possível pretender-se a ocorrência da prescrição da pretensão punitiva, em se tratando da acusação de roubo com violência
que provocou a morte, ocorrido a pouco mais de três anos, e cuja pena, em abstrato, no direito francês, varia de dez a vinte anos de reclusão”.
O crime não é, por outro lado, político, nem estão presentes 
quaisquer dos óbices legais à extradição, especialmente os previstos no 
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EXT 1333 / DF
art. 77 da Lei nº 6.815/1980.
As demais condições legais para a extradição estão presentes, especialmente as do art. 78 da Lei nº 6.185/1980. O compromisso de detração da pena, considerado o período de prisão decorrente da extradição, deve ser assumido antes da entrega do
preso, não obstando a concessão da extradição. O mesmo é válido para os demais compromissos previstos no art. 91 da Lei nº 6.815/1980. Presentes os requisitos necessários ao acolhimento da extradição e ausentes os óbices legais, defiro o pedido formulado pelo Governo do Reino dos Países Baixos para conceder a extradição do nacional neerlandês Frank Edward Zinger. A entrega do Extraditando deve ser
previamente condicionada à assunção pelo Estado Requerente dos compromissos previstos no art. 91 da Lei nº 6.815/1980, nos moldes expostos.
Ante o interesse do Extraditando em retornar ao Estado Requerente e a imprescindibilidade de submissão à cirurgia torácica, determino o cumprimento imediato independentemente de publicação do acórdão (Ext 1.163, Rel. Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, DJe 04.10.2011; Ext 1.214, Rel. Min. Ellen Gracie, Plenário, DJe 06.5.2011; e Ext 1.203, Rel. Min. Celso de Mello, DJe 25.02.2011).
É como voto.
8
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Extrato de Ata - 13/05/2014
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
EXTRADIÇÃO 1.333
PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATORA : MIN. ROSA WEBER
REQTE.(S) : GOVERNO DO REINO DOS PAÍSES BAIXOS
EXTDO.(A/S) : FRANK EDWARD ZINGER
PROC.(A/S)(ES) : DEFENSOR PÚBLICO GERAL FEDERAL
Decisão: A Turma deferiu o pedido de extradição, nos termos do voto da relatora. Unânime. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Dias Toffoli. Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Primeira Turma, 13.5.2014.
Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. Presentes à Sessão os Senhores Ministros Luiz Fux, Rosa Weber e Roberto Barroso. Ausente, justificadamente, o Senhor Ministro Dias Toffoli.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Edson Oliveira de Almeida. Carmen Lilian Oliveira de Souza Secretária da Primeira Turma Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 5938877
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menta e Acórdão
30/04/2014 PLENÁRIO
AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 28.793 DISTRITO FEDERAL
RELATOR :MIN. TEORI ZAVASCKI
AGTE.(S) :GLAYDES MOTTA MONTEIRO
ADV.(A/S) :LUIZ CARLOS DE SOUZA MOREIRA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) :PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA
CONTRA ATO DO PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS QUE
INDEFERIU PEDIDO DE REVISÃO DE PENSÃO PARLAMENTAR.
IMPETRAÇÃO EM PRAZO SUPERIOR A 120 DIAS DA CIÊNCIA DO
ATO DENAGATÓRIO. DECADÊNCIA CONSUMADA. AGRAVO
REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a Presidência do Ministro GILMAR MENDES (art. 37, , do RISTF), na conformidade da ata de julgamentos e das notas taquigráficas, por unanimidade, em negar provimento ao agravo regimental, nos termos do voto do relator. Votou o Presidente. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello, o Ministro Ricardo Lewandowski, para proferir Conferência e receber Homenagem no XVII Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – CONAMAT, em Gramado, Rio Grande do Sul, e a Ministra Cármen Lúcia, em razão dos preparativos para o encontro da Comissão de Veneza, que ocorrerá nos dias 5 e 6 de maio em Ouro Preto, Minas Gerais. Ausentes, neste julgamento, os Ministros Joaquim Barbosa (Presidente) e Marco Aurélio. Brasília, 30 de abril de 2014.
Ministro TEORI ZAVASCKI
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Ementa e Acórdão
MS 28793 AGR / DF
Relator
2
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Relatório
30/04/2014 PLENÁRIO
AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 28.793 DISTRITO FEDERAL
RELATOR :MIN. TEORI ZAVASCKI
AGTE.(S) :GLAYDES MOTTA MONTEIRO
ADV.(A/S) :LUIZ CARLOS DE SOUZA MOREIRA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) :PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
ADV.(A/S) :ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
R E L A T Ó R I O
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR): Trata-se de agravo regimental interposto contra a seguinte decisão monocrática: “Glaydes Motta Monteiro impetra mandado de segurança contra ato do Presidente da Câmara dos Deputados, que negou a aplicação da Lei nº 9.506/1997 à pensão instituída com fundamento na Lei nº 7.087/1982.
2. Pois bem, a impetrante foi cientificada, em 22/09/2009, do ato indeferiu sua solicitação, baixado pelo Presidente da Câmara dos Deputados. Incide, no caso, o prazo decadencial de que trata o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, uma vez que o presente
mandado de segurança só foi protocolado em 28/04/2010. Pelo que nego seguimento à presente ação, o que faço com fundamento no § 1º do art. 21 do RI/STF” (fl. 75).
Alega a recorrente, em síntese, que: (a) não se consumou, no caso, a decadência para a impetração do presente mandado de segurança; e (b) o termo inicial do prazo decadencial de 120 dias corresponderia à data da ciência da decisão que indeferiu pedido de reconsideração.
É o relatório.
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Voto - MIN. TEORI ZAVASCKI
30/04/2014 PLENÁRIO
AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 28.793 DISTRITO FEDERAL
V O T O
O SENHOR MINISTRO TEORI ZAVASCKI (RELATOR): 1. Sem razão a recorrente.
No caso, conforme informações prestadas pelo Presidente da Câmara dos Deputados (fls. 61), a impetrante foi expressamente cientificada da decisão que indeferiu o pedido de revisão dos valores de pensão parlamentar em 22/09/2009. O presente mandado de segurança, contudo, foi impetrado apenas em 28/04/2010, após o transcurso do prazo
decadencial de 120 dias previsto no art. 23 da Lei 12.016/09. Ademais, segundo entendimento pacífico da Corte, “pedido de reconsideração na esfera administrativa não interrompe o prazo para o mandado de segurança” (Súmula 430 do STF).
2. Diante do exposto, nego provimento ao recurso. É o voto.
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Extrato de Ata - 30/04/2014
PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA
AG.REG. EM MANDADO DE SEGURANÇA 28.793
PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
AGTE.(S) : GLAYDES MOTTA MONTEIRO
ADV.(A/S) : LUIZ CARLOS DE SOUZA MOREIRA E OUTRO(A/S)
AGDO.(A/S) : PRESIDENTE DA CÂMARA DOS DEPUTADOS
ADV.(A/S) : ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO
Decisão: O Tribunal, por unanimidade e nos termos do voto do Relator, negou provimento ao agravo regimental. Votou o Presidente. Ausentes, justificadamente, o Ministro Celso de Mello, o Ministro Ricardo Lewandowski, para proferir Conferência e
receber Homenagem no XVII Congresso Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho – CONAMAT, em Gramado, Rio Grande do Sul, e a Ministra Cármen Lúcia, em razão dos preparativos para o encontro da Comissão de Veneza, que ocorrerá nos dias 5 e 6 de maio em Ouro Preto, Minas Gerais. Ausentes, neste julgamento, os Ministros Joaquim Barbosa (Presidente) e Marco Aurélio. Presidiu o julgamento o Ministro Gilmar Mendes (art. 37, I, do RISTF).
Plenário, 30.04.2014.
Presidência do Senhor Ministro Joaquim Barbosa. Presentes à sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki e Roberto Barroso. Procurador-Geral da República, Dr. Rodrigo Janot Monteiro de Barros.
p/ Luiz tomimatsu
Assessor-Chefe do Plenário
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Algumas duvidas no momento de realizar um contrato.
Quando se faz necessário um contrato?
Muitas pessoas tem a necessidade de realizar algum tipo de contrato no decorrer de suas vidas, e não se atentam para formalidades e exigências legais, ocorrem que por inúmeras vezes esses acordos não são cumpridos por uma das partes (credor ou devedor).O contrato torna-se essencial para uma possível ação , um meio de prova para a parte prejudicada.
Quais são os requisitos mais importantes, para realização de um contrato?
Art. 104. A validade do negocio jurídico
I - agente capaz pessoa que pode exercer pessoalmente seus direitos e contrair obrigações, na ordem civil. Esta é adquirida com a maioridade, aos 18 anos, ou com a emancipação (CC, art. 5°)
II - objeto lícito,  possível, determinado ou determinável; ou seja, conforme a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem pública e à moral
III - forma prescrita ou não defesa em lei. (CC. art. 107) A validade da declaração   de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente exigir.
Qualificação das partes envolvidas. Exemplo : nome completo, CPF, RG, endereço,  de forma que possam ser encontradas se necessário. Deve,  especificar o objeto do acordo, que pode ser um serviço, uma coisa móvel ou imóvel, a entrega de algum valor,  etc. Além disso, o vínculo que une os contratantes também deve ser detalhado .As partes devem debater todas as cláusulas que formaram o contrato, para que nenhum contratante saia prejudicado
Como garantir a obrigatoriedade das partes?
Após ser formalizado, o contrato as partes estabelecem um vinculo obrigacional. perdas e danos (CC, art. 389). É a lei que torna obrigatório o cumprimento do contrato e que também obriga aquele que livremente se vinculou a manter sua promessa, procurando, desse modo, assegurar as relações assim estabelecidas.
Que cuidados devo tomar, ao assinar o contrato?
.
As partes devem debater todas as cláusulas que formaram o contrato, para que nenhum contratante saia prejudicado. Ao final  do contrato redigido, e estando de acordo, as partes contratantes devem assinar, juntamente com  duas testemunhas no mínimo, reconhecer  firmas em cartórios para evitar falsificações ou fraudes. Contratos que envolverem imóveis é necessário que os Ambas as partes contratantes devem assinar ao final do instrumento, juntamente com, no mínimo 2 testemunhas. As firmas devem ser reconhecidas em cartório para evitar-se fraudes ou falsificações. Nos contratos que envolvem imóveis, é necessário que os respectivos cônjuges também assinem. 
 Órgão Julgador
Comarca de Sorocaba ( Vara Cível )
 Razões da reforma ou manutenção da decisão:
ACÓRDÃO - Tribunal de Justiça de São Paulo, proferiu a seguinte decisão: "Rejeitada a preliminar, negaram provimento ao recurso''. No recurso o apelante alegou negócio anulável por ter sido coagido ( defeito do negócio jurídico ) assinar o aditamento ao compromisso de compra de compra e venda,alegando também que o estabelecimento não estava lucrando o que fora dito pelos vendedores. O relator observou que em nenhum momento o apelante apresentou provas,como um livro de registro financeiro do estabelecimento comercial, para provar o lucro menor que o que fora dito pelo vendedor e que é de responsabilidade dos compradores analisarem a situação financeira da empresa adquirida e observarem as regras e em relação ao aditamento o valor foi reduzido em relação ao inicial e mesmo assim descumprido pelo apelante na questão do pagamento . Com tudo considerou que '' A má-fé dos vendedores não restou demonstrada e que o direito não se assenta em conjecturas, mas tão somente em fatos concretos e comprovados, acertada a sentença recorrida que considerou hígida e válida a compra e venda celebrada entre as partes''.
Elementos do Negócio Jurídico
Coordenadoria de Correições, Organização e Controle das Unidades Extrajudiciais
	Despachos/Pareceres/Decisões 17560/2004 
Acórdão _ DJ 175-6/0 
Data inclusão: 26/03/2009
   A C Ó R D Ã O
 
   Vistos, relatados e discutidos estes autos de APELAÇÃO CÍVEL Nº 175-6/0, da Comarca de JAÚ, em que é apelante CENTRAL PAULISTA AÇÚCAR E ÁLCOOL LTDA. e apelado o 1º OFICIAL DE REGISTRO DE IMÓVEIS, TÍTULOS E DOCUMENTOS E CIVIL DE PESSOA JURÍDICA da mesma Comarca.
 
   ACORDAM os Desembargadores do Conselho Superior da Magistratura, por votação unânime, em não conhecer do recurso, determinando a remessa dos autos à Corregedoria Geral da Justiça, de conformidade com o voto do relator que fica fazendo parte integrante do presente julgado.
 
   Participaram do julgamento, com votos vencedores, os Desembargadores LUIZ TÂMBARA, Presidente do Tribunal de Justiça e MOHAMED AMARO, Vice-Presidente do Tribunal de Justiça.
 
   São Paulo, 16 de setembro de 2004.
 
   (a) JOSÉ MÁRIO ANTONIO CARDINALE, Corregedor Geral da Justiça e Relator
 
   V O T O
 
   Registro de Imóveis - Dúvida - Pedido de prática de ato de averbação - Princípio da instância - Competência da Corregedoria Geral da Justiça - Recurso não conhecido.
 
   1. Trata-se de recurso interpostopor Central Paulista Açúcar e Álcool Ltda. contra r. decisão que manteve a recusa do 1º Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos, Civil de Pessoa Jurídica e 1º Tabelião de Protesto de Letras e Títulos da Comarca de Jaú em promover a averbação, em registro de penhor agrícola, da celebração de aditamento a "Instrumento Particular de Penhor Agrícola e Mercantil, de Depósito e de Responsabilidade pela Guarda e Transporte de Mercadoria", o que fez por entender que o ato a ser praticado é de registro.
 
   Sustenta o recorrente, em suma, que por meio de aditamento a "Instrumento Particular de Penhor Agrícola e Mercantil, de Depósito e de Responsabilidade pela Guarda e Transporte de Mercadoria" recebeu de S.A. Fluxo - Comércio e Assessoria Internacional pré-financiamento com valor de US$ 1.150.000,00, decorrente da compra e venda da quantia adicional de 15.903 toneladas métricas de açúcar, mantidas para este pré-financiamento as garantias previstas no contrato aditado. Esclarece que o aditamento ao contrato foi averbado pelo 2º Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de Jaú e pelo Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de Bariri. Diz que os institutos da hipoteca e do penhor não são idênticos, apesar de semelhantes, tanto que a prorrogação do prazo do penhor pode ser averbada a requerimento do devedor e do credor. Afirma que não é necessário celebrar novo contrato porque todos os elementos do negócio jurídico estão contidos no contrato que já foi celebrado e no respectivo aditamento, o que permite a averbação pretendida.
 
   A douta Procuradoria Geral de Justiça opinou pela redistribuição do recurso para a Corregedoria Geral da Justiça porque foi interposto de decisão que manteve a recusa da prática de ato de averbação. Manifestou-se, alternativamente, pelo não provimento do recurso (fls. 77/80).
 
   É o relatório.
 
   2. O recorrente celebrou com S.A. Fluxo - Comércio e Assessoria Internacional contrato de "Penhor Agrícola e Mercantil, de Depósito e de Responsabilidade pela Guarda e Transporte de Mercadoria", em que figurou como devedor e em que intervieram como garantidores Cia. Agrícola e Industrial São Jorge, Jorge Sidney Atalla, Jorge Rudney Atalla, Jorge Wolney Atalla e Jorge Edney Atalla.
 
   Promovido o registro do penhor pelo 1º Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de Jaú, pretende o recorrente, agora, a averbação de aditamento em que foi pactuada a compra e venda da quantidade adicional de 15.903 toneladas métricas de açúcar, com valor de US$ 1.150.000,00, e em que foram mantidas as garantias estabelecidas no contrato aditado.
 
   A averbação foi recusada pelo 1º Oficial de Registro de Imóveis da Comarca de Jaú que entendeu que em razão do aumento do valor da dívida deve ser promovido o registro de novo penhor, que será considerado de segundo grau, a exemplo do que seria feito se a garantia consistisse em hipoteca.
 
   Ocorre que a recusa da prática de averbação não comporta impugnação por meio de dúvida imobiliária, pois esta somente se presta para a solução de dissenso envolvendo ato de registro em sentido estrito.
 
   A competência deste Colendo Conselho Superior da Magistratura, por sua vez, é restrita ao julgamento dos processos de dúvida registrária (artigo 186, inciso I, do Regimento Interno do Tribunal de Justiça), cabendo ao Corregedor Geral da Justiça o julgamento dos recursos interpostos das demais decisões, sobre matéria administrativa, dos Juízes Corregedores Permanentes (artigo 246 do Código Judiciário do Estado de São Paulo).
 
   Observo que para a fixação da competência, no presente caso, não importa a efetiva natureza do ato a ser praticado, pois nos Registros Públicos prevalece o princípio da instância que está contido no artigo 13, inciso II, da Lei nº 6.015/73 e que assim significa: "A ação do registrador deve ser solicitada pela parte ou pela autoridade". (Afrânio de Carvalho, Registro de Imóveis, 4ª edição, Ed. Forense, pág. 269).
 
   Ante o exposto, não conheço do recurso e determino a remessa dos autos à Corregedoria Geral da Justiça.
 
   (a) JOSÉ MÁRIO ANTONIO CARDINALE, Corregedor Geral da Justiça e Relator
	
Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de Jaú e pelo Oficial de Registro de Imóveis, Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Comarca de Bariri. Diz que os institutos da hipoteca e do penhor não são idênticos, apesar de semelhantes, tanto que a prorrogação do prazo do penhor pode ser averbada a requerimento do devedor e do credor. Afirma que não é necessário celebrar novo contrato porque todos os elementos do negócio jurídico estão contidos no contrato.
Referencias Bibliográficas
1) GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 11ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, v.1.