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Curso: Engenharia/Básico Tópico: Propriedades dos Gases prof. Gilberto F. de Lima Disciplina: Fundamentos da Termodinâmica Para simplificar trabalharemos com um Gás Ideal ou Gás Perfeito: um gás que não se liquefaz apesar das variações de pressão e/ou temperatura que sofra. O gás que mais se aproxima da condição ideal é o hélio, que se liquefaz apenas à temperatura de –269 ℃, em pressão de 1 atm. Na realidade não. Em uma determinada pressão e/ou temperatura qualquer gás se liquefaz. Lidaremos então com um gás virtual. Gás Ideal Existe tal gás? No entanto, qualquer gás mantido a altas temperaturas e a baixas pressões terá um comportamento similar a um gás ideal. Leis empíricas ou experimentais: são propriedades e comportamentos identificados através de repetidas, e repetíveis, medidas experimentais controladas (feitas em laboratório). As propriedades físicas medidas em um gás, as suas VARIÁVEIS DE ESTADO, são : A situação de uma variável depende (é função) dos valores das outras duas: ∀ = ∀( p, θ); p = p(∀, θ); θ = θ(∀, p) Volume (∀), Pressão (p) e Temperatura (θ) Em seguida veremos as leis empíricas seguidas pelos gases ideais. Como exatamente uma variável de estado se comporta em função das outras. Tais leis foram determinadas usando-se os TERMÔMETROS A GÁS. Num termômetro a gás podemos usar as variações de Volume ou de Pressão, para medir a Temperatura de um sistema. Escolhida uma dessas duas grandezas para medir a temperatura do gás é obrigatório manter a outra constante (fixa). Termômetro a Gás a Pressão Constante (genérico) patm Paredes Diatérmicas (transparentes ao calor) Este termômetro deve ser calibrado, ou seja, deve-se determinar a relação entre temperaturas conhecidas e o correspondente volume medido para se estabelecer uma escala que permita, em seguida, medir temperaturas desconhecidas. Peso adicional (opcional) Escala para medir Volume Pistão Neste dispositivo a pressão é mantida constante (é a pressão atmosférica ou adiciona-se um peso para aumentá-la) e as variações de temperatura provocam a expansão ou contração do gás sendo seu volume medido pelo deslocamento do pistão, isto permite estabelecer então uma relação entre temperatura e volume. Gás 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Gás Paredes Diatérmicas Manômetro Este termômetro também deve ser calibrado, ou seja, deve-se determinar a relação entre temperaturas conhecidas e a corresponde pressão medida para se estabelecer uma escala que permita, em seguida, medir temperaturas desconhecidas. Termômetro a Gás a Volume Constante (genérico) Neste dispositivo o volume de gás é fixado e as variações de temperatura produzem variações de pressão lidas com um manômetro (ou através de outros artifícios), permitindo então fazer medidas de temperatura através da leitura da pressão associada. Termômetro a Gás a Volume Constante (clássico) O comportamento estudado neste dispositivo é a variação da pressão em função da temperatura de um volume fixo de gás. Ele é calibrado utilizando-se os pontos de fusão do gelo e de ebulição da água. O reservatório B de mercúrio é levantado ou abaixado para estabelecer uma pressão que mantenha o volume do gás confinado ao nível indicado pelo zero da régua. A pressão do gás será determinada através da altura h da coluna de mercúrio de acordo com a equação manométrica e o princípio de Stevin: pgás = po + ρgh Termômetro a Gás a Volume Constante (clássico com reservatório extra) O nível de mercúrio no tubo fixo acompanha o nível do reservatório quando este é movido já que ambos estão submetidos à mesma pressão (a atmosférica), ou seja, mesma pressão = mesmo nível. Termômetro a Gás a Volume Constante (clássico com reservatório extra) Destaque para o reservatório de mercúrio que permite suprir a necessidade desse fluido no tubo fixo. tubo flexível Leis empíricas dos gases perfeitos 1ª) Lei de Boyle e Mariotte [ p = p(∀), θ constante]; 2ª) Lei de Charles [∀ = ∀(θ), p constante]; 3ª) Lei de Gay-Lussac [ p = p(θ), ∀ constante] 1ª) Lei de Boyle e Mariotte: O volume ocupado por uma dada massa de gás ideal é inversamente proporcional à pressão aplicada, se a temperatura for mantida constante. p.∀ = constante (para temperatura e massa fixas) p ∀ θ1 θ2 Lei de Boyle e Mariotte: Transformação Isotérmica (temperatura constante) θ2 > θ1 Hipérboles (Geometria) Isotermas (Termodinâmica) ∀1/2 ∀1 2.p1 p1 2.p2 p2 p ∀ θ cte. ∀2 ∀1 p1 p2 ⟹ p1∙∀1 = p2∙∀2 p∙∀ = cte. Lei de Boyle e Mariotte: Transformação Isotérmica (temperatura constante) Robert Boyle (irlandês, 1627 – 1691) Edmé Mariotte (francês, 1620 – 1684) 2ª) Lei de Charles: A variação de volume de um gás (expansão/contração) com a temperatura (medida na escala Celsius) é proporcional ao fator 1 𝜃𝑜+273,15 ℃ , desde que mantidas a massa e a pressão constantes. Ou seja: onde ∀o é o volume à temperatura 𝜃o. ∆∀= ∀𝑜 ∙ 1 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ∙ 𝜃 − 𝜃𝑜 , O fator 1 𝜃𝑜+273,15 ℃ corresponde ao coeficiente de dilatação volumétrica do gás ideal (β ). Para confirmar basta comparar a expressão acima com a que fornece a variação volumétrica em função da temperatura de qualquer material: ∆∀= ∀𝑜 ∙ 𝛽 ∙ 𝜃 − 𝜃𝑜 ⟹ ∀ − ∀𝑜= ∀𝑜 ∙ 𝜃 − 𝜃𝑜 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ Aplicando um pouco de álgebra chegamos a uma outra forma de apresentar esta equação: ∆∀= ∀𝑜 ∙ 1 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ∙ (𝜃 − 𝜃𝑜) ⟹ ∀= ∀𝑜 +∀𝑜 ∙ 𝜃 − 𝜃𝑜 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ ∀= ∀𝑜∙ 1 + 𝜃 − 𝜃𝑜 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ ∀= ∀𝑜∙ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ + 𝜃 − 𝜃𝑜 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ ∀= ∀𝑜∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ Vejamos: Nesta última forma, a lei de Charles (que, como já mencionado, é totalmente empírica) leva a uma intrigante constatação. Na temperatura θ = –273,15 ℃, o volume do gás ideal seria ∀= ∀𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ ∀= ∀𝑜∙ −273,15 ℃ + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ ∀= ∀𝑜∙ 0℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ Portanto, nessa temperatura o gás desapareceria, independentemente do volume e da temperatura iniciais. ⟹ ∀= ∀𝑜∙ (0) ZERO!!!??? ⟹ ∀= 0 –273,15 ℃ 𝜃 ∀ ∀o 0 𝜃 (℃) ∀ 0 ∀𝒐 ∙ 𝟐𝟕𝟑, 𝟏𝟓 ℃ 𝜽𝒐 + 𝟐𝟕𝟑, 𝟏𝟓 ℃ –273,15 0 Representação gráfica da Lei de Charles ∀= ∀𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ 𝜃o ∀𝑜 ∙ 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ θo ∀o 0 Jacques Alexandre César Charles (francês, 1746 – 1823) 3ª) Lei de Gay-Lussac: A variação da pressão de um gás com a temperatura (medida na escala Celsius) é proporcional ao fator 1 𝜃𝑜+273,15 ℃ , desde que mantidas a massa e o volume constantes. po é a pressão à temperatura θo. ∆𝑝 = 𝑝𝑜 ∙ 1 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ∙ 𝜃 − 𝜃𝑜 , O comportamento da pressão com a temperatura é idêntico àquele observado na lei de Charles para o volume. Através de manipulação algébrica idêntica à usada para a lei de Charles, podemos obter a seguinte formatação para a lei de Gay-Lussac : 𝑝 = 𝑝𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ E daí poderemos constatar o mesmo resultado surpreendente de antes. Na temperatura θ = –273,15 ℃, a pressão do gás ideal também será ZERO, compatível com o observado para o volume. 𝑝 = 𝑝𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ 𝑝 = 𝑝𝑜∙ −273,15 ℃ + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ ⟹ 𝑝 = 𝑝𝑜∙ 0℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ 𝑝 = 0 Ou seja, em θ = –273,15 ℃ chegaríamos ao VÁCUO absoluto, a completa ausência de matéria. ⟹ –273,15 ℃ 𝜃 p po 0 𝜃 (℃) p 0 p 𝒐 ∙ 𝟐𝟕𝟑, 𝟏𝟓 ℃ 𝜽𝒐 + 𝟐𝟕𝟑, 𝟏𝟓 ℃ –273,15 0 Representação gráfica da Lei de Gay-Lussac 𝑝 = 𝑝𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃𝜃𝑜 + 273,15 ℃ θo 𝑝𝑜 ∙ 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ θo po 0 Louis Joseph Gay-Lussac (francês, 1778 – 1850) As leis empíricas de Charles e Gay-Lussac mostram que se existir um gás que não se condense enquanto é resfriado (o gás ideal), então seu volume e sua pressão atingiriam o valor ZERO quando a temperatura chegasse a –273,15 ℃ . A matéria desaparecia!!!!!????? “A regra é clara, Galvão! Essa é a menor temperatura a que se pode chegar na natureza.” “Pode isso, Arnaldo?” Aquela temperatura extrema tornou-se então o MARCO ZERO de uma nova escala de temperaturas, a escala Absoluta Kelvin (ou escala Termodinâmica), relacionada com a escala Celsius através da expressão: Assim: 0 K = –273,15 ℃. TK = 𝜃C + 273,15 ℃ Este é o ZERO ABSOLUTO, pois a matéria não poderia existir abaixo desta temperatura, conforme concluído desta extrapolação a partir de resultados experimentais. Kelvin (K) 273,15 TK 373,15 0 Celsius (℃) 0 TC 100 –273,15 TK = θC + 273,15 ℃ O gás hélio é a substância que atinge a menor temperatura antes de se condensar. Ele se liquefaz a –269 ℃ ≅ 4 K, na pressão de 1 atm. Escala Absoluta Kelvin de Temperaturas Anders Celsius (sueco, 1701 – 1744) Willian Thomson (Lord Kelvin) (norte-irlandês, 1824 – 1907) Usando a escala Kelvin podemos reescrever as leis de Charles e de Gay-Lussac numa forma mais compacta: Lei de Charles: ⟹ ∀ 𝑇𝐾 = ∀𝑜 𝑇𝐾,𝑜 ⟹ ∀ 𝑇𝐾 = 𝑐𝑡𝑒. = TK Volume e Temperatura (medida na escala Kelvin) de um gás ideal são diretamente proporcionais quando a pressão e a massa são constantes. ∀= ∀𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ = TK,o ⟹ ∀= ∀𝑜 ∙ 𝑇𝐾 𝑇𝐾,𝑜 Como ∀o e TK,o são valores fixados previamente, e, portanto, constantes, então: A representação gráfica da lei de Charles fica então bastante simplificada empregando-se a escala Kelvin: ∀ TK 0 0 ∀ 𝑇𝐾 = 𝑐𝑡𝑒. ⟹ ∀ = 𝑐𝑡𝑒. 𝑇𝐾 ∀o To Lei de Charles: Transformação Isobárica (pressão constante) p ∀ po T1 T2 ∀1 ∀2 T2 > T1 ⟹ ∀1 𝑇1 = ∀2 𝑇2 ∀ 𝑇 = 𝑐𝑡𝑒. Da mesma forma: Lei de Gay-Lussac ⟹ 𝑝 𝑇𝐾 = 𝑝𝑜 𝑇𝐾,𝑜 ⟹ 𝑝 𝑇𝐾 = 𝑐𝑡𝑒. Pressão e Temperatura (medida na escala Kelvin) de um gás ideal são diretamente proporcionais quando o volume e a massa são constantes. = TK 𝑝 = 𝑝𝑜 ∙ 𝜃 + 273,15 ℃ 𝜃𝑜 + 273,15 ℃ = TK,o ⟹ 𝑝 = 𝑝𝑜 ∙ 𝑇𝐾 𝑇𝐾,𝑜 Como po e TK,o são valores fixados previamente, e, portanto, constantes, então: A representação gráfica da lei de Gay-Lussac também fica mais simples adotando-se a escala Kelvin 𝑝 𝑇𝐾 = 𝑐𝑡𝑒. ⟹ 𝑝 = 𝑐𝑡𝑒. 𝑇𝐾 p TK 0 0 po To Lei de Gay-Lussac: Transformação Isométrica, Isocórica ou Isovolumétrica (volume constante) p ∀ ∀o p2 p1 T1 T2 T2 > T1 ⟹ 𝑝1 𝑇1 = 𝑝2 𝑇2 𝑝 𝑇 = 𝑐𝑡𝑒. Esta escala absoluta é obtida com base na escala Fahrenheit. Kelvin (K) 273,15 TK 373,15 0 Celsius (℃) 0 𝜃C 100 –273,15 Rankine (Ra) 491,67 TRa 671,67 0 Fahrenheit (℉) 32 𝜃F 212 –459,67 Escala Absoluta Rankine de Temperaturas TRa = θF + 459,67 ℉ θF = 1,8∙θC + 32 Daniel Gabriel Fahrenheit (alemão-polonês, 1686 – 1736) William John Macquorn Rankine (escocês, 1820 – 1872) As três leis empíricas dos gases (Boyle e Mariotte, Charles e Gay-Lussac) podem ser combinadas numa única expressão: ⟹ 𝑝. ∀ 𝑇𝐾 = Equação de Estado do Gás Ideal ou Equação de Clausius-Clapeyron ∀ 𝑇𝐾 = 𝑐𝑡𝑒1. 𝑝 𝑇𝐾 = 𝑐𝑡𝑒2. 𝑝. ∀= 𝑐𝑡𝑒3. cte. ⟹ 𝑝1. ∀1 𝑇𝐾,1 = 𝑝2. ∀2 𝑇𝐾,2 O valor dessa relação entre os três parâmetros depende da massa (m) do gás presente, pois ela também deve ser mantida fixa (sistema fechado): 𝑝. ∀ 𝑇𝐾 ∝ 𝑚 Neste tópico prefere-se usar a grandeza número de mols (n), que corresponde à quantidade de matéria presente no gás, ao invés da massa (m) que indica apenas a inércia do gás. Assim: 𝑛 = 𝑚 𝑀g ⟹ 𝑚 = 𝑛. 𝑀g onde 𝑀g é a molécula-grama do gás, a sua massa molecular expressa em gramas. Esta é a equação de estado do gás ideal ou equação de Clausius-Clapeyron, e que descreve o comportamento dos gases ideais. 𝒑. ∀= 𝒏. 𝑹. 𝑻𝑲 Para esta expressão tornar-se uma igualdade introduziremos a chamada constante dos gases perfeitos ou ideais (R), cujo valor não será necessário conhecermos agora, e que já incorpora a molécula-grama do gás. Assim: Dessa forma, teremos: 𝑝. ∀ 𝑇𝐾 ∝ 𝑚 ⟹ 𝑝. ∀ 𝑇𝐾 ∝ 𝑛. 𝑀g ⟹ 𝑝. ∀ ∝ 𝑛. 𝑀g. 𝑇𝐾 Benoît Paul-Émile Clapeyron (francês, 1799 – 1864) Rudolf Julius Emmanuel Clausius (alemão, 1822 – 1888) Brincando com gases https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/gas-properties (21/04/2017) https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/gas-properties https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/gas-properties https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/gas-properties https://phet.colorado.edu/pt_BR/simulation/gas-properties Fim
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