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B-Questionario de Penal

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O que é “Ius puniendi”?
Ius puniendi = poder e dever de punir do Estado (direito de punir). O que é reservado ao Estado para aplicar pena por ato ilícito.
Somente o Estado pode definir o que é crime, processar, condenar e aplicar a pena (sanção). Além do Estado ter o poder, este tem o dever, não tendo o direito de escolha.
O Ius puniendi é exercido na persecução penal, que significa o que? 
É todo o procedimento para apuração, investigação, processo, julgamento e execução da sanção penal).
A persecução penal divide se em duas partes, quais são: 
· Inquérito policial
· Ação penal 
As duas formas acima que irão materializar a persecução penal. 
Tudo isso pressupõe a ocorrência de um fato criminoso, ou seja, precisa ocorrer o crime, quando falamos disso estamos falando de infração penal que pode ser:
· Crime
· Contravenção penal
O que é crime em termos jurídicos?
É todo fato típico, antijurídico e culpável. É toda ação ou omissão ilícita, para a qual a lei comina sanção de natureza penal. 
Abordagem social e cultural.
Quais são as principais classificações de crimes?
São: Material, formal e analítico.
 
 
 
Explique as principais classificações de crime:
	Conceito de Crime
	Material
	Crime é toda ação ou omissão consciente e voluntária, que, estando previamente definida em lei, cria um risco juridicamente proibido e relevante aos bens jurídicos considerados fundamentais para a paz e o convívio. 
	Formal
	Crime é todo ato punido com sanções penais, isto é, penas ou medidas de segurança.
	Analítico
	Crime é um fato típico e antijurídico (a culpabilidade figura como pressuposto de aplicação da pena. 
Há dois tipos de correntes, sendo: 
· Tripartida (majoritária)
· Bipartida (Damásio, Mirabette)
	Correntes
	Tipos
	a) Tripartida 
	Típico
Antijurídico
Culpável (dominante
	b) Bipartida
	Típico 
Antijurídico
Características da corrente Tripartida (majoritária)
	Fato Típico
	Ilícito = Antijurídico
	Culpável
	Conduta (Dolo e Culpa)
	Estado de necessidade
	Imputabilidade
	Resultado
	Legitima defesa
	Potencial consciência da ilicitude
	Nexo causal
	Estrito cumprimento do dever legal
	Exigibilidade de conduta diversa
	Tipicidade
	Exercício regular de direito
	
	Fato típico
	Há previsão em lei como crime (Conduta+Tipicidade (Resultado + Nexo Causal – nos crimes materiais). 
	Ilícito Antijurídico
	Contrária a proteção aos bens jurídicos – Ex: Proteção a vida, integridade física, dignidade sexual. (ANTIJURICIDADE).
	Culpável
	Que seja possível identificar um culpado – Culpabilidade (Dolo ou Culpa).
Dentro do fato típico temos as seguintes características:
	Características dos fatos típicos
	1. Conduta:
	Ação ou omissão (fazer ou deixar de fazer) são sempre:
(dolosa ou culposa)
	2. Resultado jurídico
	É a consequência da conduta criminosa. Com base nisso podemos classificar como: material, formal ou mera conduta
	3. Nexo Causal
	É o elo entre a conduta e o resultado. Relação de causalidade entre conduta e o resultado
	4. Tipicidade
	É a previsão legal daquela conduta proibida.
1. Conduta: Ação ou omissão (fazer ou deixar de fazer) são sempre:
1.1 dolosas
1.2 culposas
Há tipos de crimes, quais são:
	TIPOS DE CRIMES
	Crime Culposo
	é aquele em que o agente deu causa ao resultado, por imprudência, negligência ou imperícia
	Crime Doloso
	É aquele crime em que o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo, sendo os dolos
	Os dolos são classificados como:
	direto 
	Quando age de forma consciente, previsível, do resultado. Exemplo: Homicídio.
	eventual
	Quando há uma previsão, eu não quero produzir o resultado, assume o risco de produção do resultado. É um elemento subjetivo quando o sujeito mesmo não querendo produzir o resultado, assume o risco.
Exemplo: Tirar um racha.
	Resultado jurídico temos:
	Material
	Modificação do mundo interior/palpável, naturalístico/de matéria: Exemplo: Dano, tem que ter objeto quebrado.
Exemplo: O estelionato é material artigo 171.
É aquele cuja consumação só ocorre com a produção do resultado naturalístico, como exemplo, o homicídio que só consuma com a morte. 
(Conduta + Resultado) os dois tem que estar na lei.
	Formal
	Crime formal no Direito penal brasileiro ocorre quando a intenção do agente é presumida de seu próprio ato, que se considera consumado independentemente do resultado, como por exemplo, a falsidade de moeda, ainda que o objeto do delito não venha a circular.
Ex: artigo 159 do CP.
Exemplo sequestro é formal, o crime somente acontece quando houver o sequestro da vítima. Sequestrar com o fim de obter a vantagem indevida, nesse caso é extorsão mediante a sequestro, não precisa pagar o sequestro, mas já é crime porque privou a vítima da liberdade. 
Sequestro é privar de liberdade.
Com objetivo de, com o intuito de e com a finalidade de: sempre é resultado formal. 
	Mera conduta
	É aquele que não admite em hipótese algum resultado naturalístico, como a desobediência que não produz nenhuma alteração no mundo concreto.
Não prevê o resultado naturalístico (resultado). Não precisa de modificação do mundo exterior. 
Exemplo: Invasão de domicílio (artigo 150)
Artigo 330 CP: Desobediência 
	Explique imprudência, negligência ou imperícia (crimes dolosos)
	Imprudência
	Imprudência é um comportamento de precipitação, de falta de cuidados. Conversão proibida, dirigir em alta velocidade. 
Arma de fogo carregada. (todos sabemos que é imprudente utilizar uma arma carregada, deve se ter cautela, qualquer coisa diferente disso é perigoso e imprudente
	Negligência
	Negligência é o oposto da imprudência é o não fazer o que deveria ser feito. Ex.: Não puxar o freio de mão do veículo. 
Se eu moro sozinho deixo minha arma de fogo carregada, mas se eu vou receber uma visita ou uma criança o correto é guardar a arma, se eu não faço por preguiça, ocorre a negligência. O ato de não cuidar. 
Somente culposo quando é previsível. 
Ex.: Você dirigindo um veículo tudo corretamente e dois motoqueiros tirando racha na 
contramão, você atropela um dos motoristas como não há previsibilidade não é homicídio culposo
	Imperícia
	É a incapacidade, a falta de habilidade específica para a realização de uma atividade técnica ou científica, não levando o agente em consideração o que sabe ou deveria saber. É a falta de conhecimento técnico. 
Ex.: Um médico de uma área tenta atuar em outra e o paciente vem a falecer. 
Sergio Maia que construiu com edificações e utilizou material de 2ª linha. Acabou seu indiciado por homicídio doloso
	
	Consciência
	Vontade
	Dolo direto	
	Prevê o resultado
	Quer o resultado
	Dolo eventual
	Prevê o resultado
	Não quer, mas assume o risco
	Culpa consciente
	Prevê o resultado
	Não quer, não assume risco e pensa poder evitar
Qual é a diferença entre cárcere privado x sequestro
Cárcere privado é confinamento. O indivíduo coloca a vítima em um quarto é confinamento, já no sequestro pode deixar a pessoa sair, não limita o espaço, mas priva de liberdade. Exemplo: Na Alemanha um homem deixou suas filhas sequestradas por 24 anos. 
Notas importantes:
No resultado jurídico sendo formal ou material tem a ver com a consumação. 
Utilizando o exemplo de aplicação de Direito Material e Direito Formal em uma esfera penal, por exemplo, pode-se pensar o seguinte, a respeito de um assassinato:
	Direito Material
	Define que matar alguém é crime, passível de diferentes tipos de pena, de acordo com a gravidade e as circunstâncias na qual este crime ocorreu. Todas estas regras são definidas pelo Direito Material, nas leis quem fazem parte do Direito Penal.
	Direito Formal
	Define como o criminoso responsável pela morte de alguém será acusado e julgado, assim como define como este cidadão poderá se defender, quais são e como se desenvolvem os recursos aos quais ele recorrer. O Direito Formal não está preocupado com a matéria do crime ocorrido, em si, mas com a forma como esse crime será tratado por todas as partes judicialmente envolvidas com ele.
Crime material é toda ação ou omissão consciente e voluntária,
dê exemplos mencionados em sala de aula. 
· Clonagem de cartão eu perco dinheiro.
· Lesão corporal é palpável
· Homicídio 
Quais são as duas teorias de resultado?
· Naturalística 
· Jurídica ou Normativa
Por que chama de teoria naturalística?
Muda algo no mundo, por isso chama de resultado naturalístico, há uma perda material. 
Precisa de o resultado naturalístico para o crime consumar. 
Só tem homicídio consumado havendo morte, caso contrário continua sendo crime, mas não é consumado.
O crime se consuma no momento do verbo que está descrito em lei é praticado, pode ter o resultado material ou não.
Dê um exemplo mencionado em sala da teoria de resultado naturalística?
Exemplo Matar alguém, deixa um resultado naturalístico, modificando o mundo.
No formal o legislador prevê o resultado objetivado pelo sujeito ativo (Criminoso), se o criminoso sequestrar alguém ele quer uma vantagem financeira indevida, se o mesmo conseguir ou não, pouco importa o crime já foi consumado. 
Diferença de Desistência voluntária, arrependimento eficaz e posterior:
A desistência voluntária e o arrependimento eficaz estão previstos no artigo 15 do Código Penal. 
	Desistência Voluntária
	Consiste no abandono voluntário da prática delitiva pelo agente. Cessa a fase executória da conduta e o resultado inicialmente desejado não ocorre em razão da desistência voluntária do agente. Ressalte-se que a desistência tem que ser voluntária, ou seja, por razões próprias o sujeito abandona a prática delitiva. Nada impede que um amigo ou terceiro o convença a abandonar seu intento inicial
	arrependimento eficaz
	Ocorre quando a agente prática alguma conduta para salvaguardar o bem jurídico que já foi colocado em risco. Em tal situação, a fase de execução foi realizada, entretanto, o agente agrega nova conduta a fim de evitar o sacrifício do bem tutelado, salvando-o. Note que a execução do crime aconteceu, mas não o seu exaurimento
	arrependimento posterior
	previsto no artigo 16 do Código Penal, só pode acontecer em crimes praticados sem violência ou grave ameaça, desde que o agente repare o dano ou restitua a coisa até o recebimento da denúncia ou da queixa. Trata-se de situação na qual o crime já foi consumado, mas se for possível a reparação o agente terá em seu benefício a causa obrigatória de diminuição da pena de um a dois terços.
Dê um exemplo mencionado em sala sobre o arrependimento eficaz.
De acordo com as hipóteses lançadas inicialmente, nota-se que o agente que envenena a ex-mulher e pratica alguma conduta a tempo de salvá-la, evitando assim o sacrifício do bem jurídico tutelado, terá o benefício do arrependimento eficaz (CP, art. 15). 
Qual é a consequência penal sobre o arrependimento eficaz?
A consequência penal de tal conduta será a responsabilização apenas pelo que fez, deixando de ser responsabilizado pela tentativa de homicídio; responde tão somente por lesão corporal. Isso porque o arrependimento foi eficaz, caso não a tivesse socorrido a tempo, o agente responderia por homicídio doloso.
Na hipótese de o agente desistir de colocar veneno no prato da ex-mulher, restará para ele a responsabilização pelo que realmente praticou, se tal conduta constituir crime. No caso em análise, não responderá por nenhum delito, nem mesmo na forma tentada, haja vista ter abandonado seu intento antes de adentrar a esfera do proibido.
O que é a culpabilidade?
A culpabilidade é entendida, pela maioria da doutrina nacional, como o juízo de reprovação que recai sobre o autor culpado por um fato típico e antijurídico. É também:
· A possibilidade de se considerar alguém culpado pela prática da infração penal; 
· Juízo de reprovação exercido sobre o comportamento do agente. 
· Elemento do crime (teoria tripartida)
· Pressuposto de aplicação de pena (teoria bipartida)
Teorias acerca da culpabilidade, quais são?
· Teoria normativa pura
O que é a teoria normativa pura?
É a teoria defendida pela escola finalista (adotada pela maioria da doutrina atualmente). De acordo com esta teoria, o dolo e a culpa migram da culpabilidade para a conduta (primeiro elemento do fato típico). O conteúdo da culpabilidade fica, portanto, esvaziado com a retirada do dolo e da culpa, passando a constituir mero juízo de reprovação ao autor da infração. A culpabilidade, que não é requisito do crime, mas simples pressuposto da aplicação da pena, possui os seguintes elementos, que falaremos abaixo.
A culpabilidade de acordo com o nosso Estatuto Penal, resulta da soma dos seguintes elementos, quais são estes elementos?
· Imputabilidade
· Potencial consciência da ilicitude
· exigibilidade de outra conduta
Qual seria o raciocínio acerca da culpabilidade?
O raciocínio seria: 
· O sujeito devia agir a favor da norma porque podia atuar de acordo com ela. 
· As pessoas são presumidamente culpáveis, portanto, só não o serão se presente alguma circunstância que exclua a culpabilidade (dirimentes).
Exclusão da Culpabilidade: pela ausência de um de seus elementos: (Mirabete)
	a) Pela ausência de imputabilidade: 
	a.1) doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retardado (26, CP); 
a.2) menoridade (27, CP);
a.3) embriaguez completa proveniente de caso fortuito (28, § 1°, CP)
	b) Ausência de possibilidade de conhecimento do injusto:
	b.1) erro do tipo 		
b.2) erro de proibição 
	c) Ausência de exigibilidade de conduta adversa:
	c.1) coação irresistível e obediência hierárquica (22, CP) - para alguns, neste último caso, há ausência de potencial consciência do injusto
O que é a imputabilidade?
Trata-se da capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato (vale dizer, que, que o comportamento é reprovado pela ordem jurídica) e de determinar-se de acordo com esse entendimento (ou sema, conter-se).
Em outras palavras, consiste no conjunto de condições de maturidade e sanidade mental, a ponto de permitir ao sujeito a capacidade de compreensão e autodeterminação. 
Há tipos de sistemas de aferição, quais são:
	Sistemas de aferição
	a) sistema biológico:
	Adotado, como exceção, no caso dos menores de 18 anos – o desenvolvimento incompleto faz presumir a incapacidade de entendimento e vontade (CP, art. 27); 
	b) sistema bio psicológico:
	Foi adotado como regra, conforme se verifica pela leitura do art. 26, caput, do Código Penal. De acordo com este critério, deve-se verificar primeiramente se o agente tem desenvolvimento mental incompleto ou retardado ou se o agente é doente mental.
O Código Penal só enumera as hipóteses de inimputabilidade. São elas:
· Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, artigo 26).
· Embriaguez completa e involuntária, decorrente de caso fortuito ou força maior (CP, artigo 28, parágrafo 1º. 
· Dependência ou intoxicação involuntária decorrente do consumo de drogas ilícitas (Lei no. 11.343/2006, artigo 45, caput).
· Menoridade (CP, artigo 27, e CF, artigo 228)
· Teoria da “actio” libera in causa
Nas hipóteses no rol de doenças consideradas mentais, quais são?
· Doença mental
· Desenvolvimento mental incompleto
· Retardado 
O que é a doença mental?
Perturbação mental ou psíquica capaz de afetar a capacidade de entendimento ou comando da vontade de acordo com este entendimento. 
Dê exemplos de doenças mentais.
· Psicopatias, neurose, demência senil, sífilis cerebral, esquizofrenia e 
· dependência patológica de substância entorpecente, dentre outras...
Quais podem ser a origem das doenças mentais?
A origem da doença pode ser orgânica, tóxica ou funcional; quanto à duração, pode ser crônica ou transitória.
O que é o desenvolvimento mental incompleto?
Desenvolvimento mental incompleto: não concluído em razão da idade cronológica do agente (menor de 18 anos) ou pela falta de convivência em sociedade (silvícolas sem contato com a sociedade; discussão quanto aos surdos-mudos (quando não tiverem qualquer instrução).
O que são os indivíduos classificados como retardados no rol das doenças mentais?
Retardado: incompatível com a idade cronológica da pessoa. São casos: oligofrênicos, débil mental,
imbecil.
Quais são os requisitos da inimputabilidade segundo o sistema bi psicológico?
	Inimputabilidade segundo o sistema bi psicológico
	a) causal
	existência de doença mental ou de desenvolvimento mental incompleto ou retardado, que são as causas previstas em lei
	b) cronológico:
	atuação ao tempo da ação ou omissão delituosa
	c) consequencial:
	perda da capacidade de entender e querer
Podemos afirmar que a inimputabilidade se presume?
A inimputabilidade não se presume, prova-se com exame pericial. 
O agente é absolvido e aplica-se a Medida de Segurança.
O que é a Semi-imputabilidade. (Vide § único do art. 26)?
· “culpabilidade diminuída” 
· redução de pena. Alternativamente, substituição por medida de segurança (art. 98, CP)
· sujeito não é inteiramente capaz
Explique a menoridade (27, CP).
O adolescente (pessoa com mais de 12 anos e menos de 18 anos completos), que pratica um fato definido como crime ou contravenção penal, incorre, nos termos do ECA, em ato infracional, sujeito às chamadas medidas socioeducativas (internação, semiliberdade). 
O que é a embriaguez, § 1°, CP?
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito (28, § 1°, CP). 
Intoxicação aguda e passageira provocada pelo álcool ou por substância de efeitos análogos que apresenta uma fase inicial de euforia, passando pela depressão e sono, podendo levar até ao coma. (Macaco, Leão e Porco).
Quais são os três estágios da embriaguez?
· Excitação, depressão e letargia.
EMBRIAGUEZ pode ser:
	(a) Não acidental
	a) Não- acidental
	a1) Voluntária
	O agente quer embriagar-se. Completa ou incompleta
	
	a2) Culposa.
	O agente quer embriagar-se. Completa ou incompleta. 
Completa ou incompleta. O agente não quer embriagar-se, mas agindo imprudentemente, ingere doses excessivas e acaba embriagando-se.
	Obs. não há exclusão da imputabilidade. Adoção da tese da actio libera in causa; fala-se em hipótese de responsabilidade objetiva dentro do CP. Se no momento da ingestão da bebida não podia prever a ocorrência do delito; não incide.
	(b) Acidental
	Acidental, proveniente de caso fortuito ou força maior. Se completa, exclui a imputabilidade, desde que, em razão dela, o agente, ao tempo da ação ou omissão, tenha ficado inteiramente incapacitado de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento (art. 28, §1º, CP). 
Obs. Diferenças entre o § 1º e § 2º do art. 28, do Código Penal
	c) Patológica (doentia) (vide art. 26 e seu § único).
	d) Preordenada. (agravante – “se embriaga para tomar coragem”). Vide art. 61, II, l, do Código Penal.
Explique a ausência de exigibilidade de conduta diversa ou Inexigibilidade de conduta adversa
Nosso sistema prevê expressamente casos de inexigibilidade adversa. Discute-se muito a aceitação de causas supralegais de inexigibilidade (Damásio - por mais que o legislador queira prever todas as situações, isto não é possível; defende a adoção das causas supralegais como medida de justiça.).
De acordo com o artigo 22 do CP, o que diz sobre a coação moral irresistível?
De acordo com o art. 22 do CP, “se o fato é cometido sob coação irresistível (...) só é punível o autor da coação ou da ordem.
Quais são as características da Coação (moral) irresistível?
· Emprego da força moral para obrigar o sujeito a praticar o crime (vis compulsivas).
· Grave ameaça é o anúncio de um mal ao próprio coagido ou à pessoa a ele ligada assim, tem liberdade de ação sob o aspecto físico, mas permanece psiquicamente vinculado em face da ameaça recebida. O coator responde pelo crime
· Se irresistível, o agente não pode ser considerado culpado. A vontade do coacto não é livre (mas como ainda tem certo campo de decisão, não se fala em antijuridicidade; há tipicidade do fato). 
 
Quando se dá a obediência hierárquica?
Dá-se a obediência hierárquica quando alguém cumpre ordem de autoridade superior, revestida de caráter criminoso, desconhecendo a ilicitude de tal comando que, ademais, não pode ser manifestante ilegal. 
Dê um exemplo de obediência hierárquica?
Um funcionário de categoria superior determina a um subordinado que faça ou deixe de fazer algo ilegal.
Quais são os requisitos de obediência hierárquica?
· superior do qual emane a ordem e que seja competente;		
· subordinado que a obedeça;
· inerente à Administração Pública;
· legalidade da ordem ou sua aparente legalidade (putativa)
· ordem de um superior de cunho ilícito
· ilegalidade da ordem não manifesta
Explique abaixo as ordens, ou seja, quem responderá pelos crimes cometidos:
· Ordem manifestamente ilegal (facilmente perceptível): ambos responderão pelo crime.
· Ordem não manifestamente ilegal (não perceptível, de acordo com o senso médio): exclui-se a culpabilidade do subordinado, respondendo pelo crime apenas o superior.
· Se o subordinado se excede (em ordem legal), vindo a cometer um crime, apenas ele responde.
Sempre é fácil identificar o cometimento de um crime por obediência hierárquica?
Nem sempre a vinculação é funcional, podendo ser fática. 
Explique a emoção e Paixão (art. 28, I, CP)
Não exclui a imputabilidade e a culpabilidade (a não ser que tenha cunho patológico)
· são atenuantes genéricas (art. 65, III, CP - a violenta emoção engloba a paixão) ou como causas de diminuição de pena (art. 121, § 1º, CP, por exemplo), desde que acompanhadas de outros requisitos.
	Emoção:
	Estado súbito e passageiro de instabilidade psíquica, uma perturbação momentânea da afetividade; produz perturbação do equilíbrio psíquico, violenta e repentina (ira, medo, vergonha, surpresa)
	Paixão:
	Emoção em estado crônico; sentimento monopolizante da mente do indivíduo, caracterizado por uma afetividade permanente (amor, ódio, vingança, fanatismo).
Concurso de Pessoas (Concurso de Agentes)
Qual é o conceito de concurso de pessoas?
Concurso de pessoas é a denominação dada pelo Código Penal às hipóteses em que duas ou mais pessoas envolvem-se na prática de uma infração penal. 
É consciente e voluntária participação de duas ou mais pessoas na mesma infração penal.
O que é a participação?
Esta modalidade de concurso de pessoas diz respeito àquele que não realiza ato de execução descrito no tipo penal, mas de alguma outra forma, concorre intencionalmente para o crime. 
Dê exemplo de participação de um crime?
São exemplos de participação incentivar verbalmente o agente a matar a vítima, emprestar um carro para o ladrão ir até a cada de alguém cometer um furto, fornecer informações acerca da localização da vítima para que possa ser sequestrada, etc..
A doutrina divide a figura da participação em duas modalidades:
	Tipos de participação no concurso de crimes
	Moral
	Pode se dar por induzimento ou instigação. No induzimento, o sujeito faz surgir a ideia do crime em outra pessoa. Na instigação, o participe reforça a intenção criminosa já existente em alguém.
	Material
	É o auxílio. Consiste em colaborar de alguma forma com a execução do crime, sem, entretanto, realizar a conduta típica. Esse auxílio deve ser secundário, acessório. 
	Exemplos de participação no concurso de crimes
	Induzimento
	Um empregado sugere a um amigo ladrão que furte a casa de seu patrão.
	Instigação 
	Uma pessoa diz para um amigo que pretende matar alguém e o amigo o incentiva a fazê-lo
	Material (auxílio)
	Pode consistir em fornecer os meios para o agente cometer o crime (a arma para cometer o homicídio e o roubo), ou instruções para sua prática. 
O que é a coautoria?
Normalmente os coautores iniciam juntos a infração penal. Pode ocorrer, entretanto, de apenas uma pessoa iniciar a execução e, durante a prática do delito, a outra aderir à conduta e auxiliar a primeira nos atos executórios. Em regra, esse tipo de coautoria somente é viável até o momento consumativo da infração penal. 
Dê um exemplo de coautoria?
Uma pessoa sequestra a vítima a fim de pedir resgate aos familiares. Com a ruptura da vítima, o crime do artigo 159, que é formal, já está consumado. Se, entretanto, outra pessoa for informada do que está ocorrendo e se dispuser, por
exemplo, a tomar conta da vítima no cativeiro e colaborar com as tratativas do pagamento do resgate com a família dela, estaremos diante de uma coautoria. 
Quais são as Teorias sobre concurso de pessoas?
Existem algumas teorias. Falaremos de três: a) pluralista; b) dualística; c) monística ou unitária.
	Teorias sobre concurso de pessoas
	A) Pluralista 
	Aqui existem tantos crimes quantos participantes do fato criminoso. Essa teoria não se sustenta, pois com um exemplo simples de um roubo fica fácil de entender o porquê. Suponhamos que um grupo de cinco elementos roubem um banco com o emprego e grave ameaça ao gerente da unidade. O fato delituoso foi um só: o roubo. Porem os agentes que praticaram foram cinco. Não há como se falar que ocorreram cinco roubos, pois o resultado foi único: o roubo. 
	B) Dualística
	Nessa teoria há dois crimes: uma para os autores, que são os que realizam atividade principal, conduta típica prevista no CP, e os partícipes que participam de atividade secundaria, e que não realizam conduta nuclear do tipo penal. Entretanto, não se pratica dois crimes distintos, o crime continua sendo um só. 
	C) Monística ou unitária (é essa que utilizamos)
	Nesta todos responderam, em regra, pelo mesmo crime. O coautor: é quem executa a ação descrita na norma penal, ou seja, executa o verbo, o núcleo do tipo; Partícipes: contribui de forma periférica, acessória sem executar a conduta da norma penal. O legislador adotou essa teoria de forma diferente: todos responderam, em regra, pelo mesmo crime, porem adotou-se um sistema diferenciador, permitindo uma correta dosagem de pena de acordo com a participação, através da medida da culpabilidade. Assegurando uma melhor punibilidade aos infratores. 
Qual teoria adotada pelo CP Brasileiro? Explique
CP adotou Teoria unitária ou monista. Os co-autores e partícipes respondem por um delito apenas. 
Há exceção no § 2° do art. 29, CP – adoção da teoria pluralista
Se aceita o resultado, responde pelo resultado mais grave por dolo eventual (ex: coautores em roubo à mão armada).
Obs.: § 1º do art. 29, CP (se a participação for de menor importância). 
O que é a acessoriedade?
Acessoriedade: teoria mais aceita é a extremada ou máxima: o partícipe é responsabilizado se o fato principal é típico, ilícito e culpável; caso contrário, será hipótese de autoria mediata.
 
São os requisitos de concurso de pessoas?
a) pluralidade de condutas
b) nexo causal entre elas
c) relevância causal das condutas
d) concurso de vontades/ liame subjetivo
e) Identidade de infração: responderão pelo mesmo delito, salvo exceções já mencionadas (29 § 2°, CP). 
Explique sobre Causalidade física e psíquica:
Para que se tenha formado o concurso de pessoas é necessário se tenha um nexo causal entre a conduta de todos os supostos autores. Para isso deve se levar em conta os elementos materiais objetivos (a contribuição causal física) e os elementos subjetivos (a vontade e consciência da participação). Não abasta que se produza alguma infração penal objetivamente, porem subjetivamente não tenha sido a intenção. Exemplo:
1) Uma pessoa que querendo praticar um homicídio, empresta a arma, que, afinal, não é nem utilizada na execução do crime.
2) Um empregado, que por negligência ou imperícia, deixa a porta aberta da casa durante a noite, favorecendo, inadvertidamente, a prática de um furto.
No primeiro exemplo, não há eficácia causal, ou seja, não existe um link que ligue o fato a causa. E no segundo, faltou o elemento subjetivo, não sendo, nenhuma das hipóteses punível.
Requisitos de concurso de pessoas há pluralidade de participantes e de condutas, o que é?
Participação de uma ou mais pessoas na execução infração penal. Embora todos participantes desejem contribuir com sua ação na realização de uma conduta punível, não necessariamente, realizam da mesma forma ou condições. Enquanto alguns executam o verbo, o núcleo do tipo, outros apenas instigam, induzem ou auxiliam, moral ou materialmente.
Requisitos de concurso de pessoas há relevância causal de cada conduta, o que é?
É de fato necessário que haja a eficácia causal, para saber se de fato houve participação, ou seja, é necessário que se perceba que na decorrência da infração penal, houve, ao menos, provocação, facilitação ou estimulação dos participantes. 
Dê um exemplo da relevância causal de cada conduta
Exemplo que melhor ilustra, é o do empréstimo da arma para o cometimento de homicídio. Não tem como qualificá-lo como partícipe, pois não houve eficácia causal, em nenhum momento o homicídio decorreu do empréstimo da arma, a infração ocorreu sem a arma, não havendo de qualquer maneira a participação na causa da morte moribundo.
 
Explique o Vínculo subjetivo entre os participantes.
Existe a necessidade de elo psicológico, e não apenas material, entre os participantes da infração penal, ou seja, todos devem ser conscientes da realização da infração penal. Não existe penalizar alguém quando se fala que esta sabia que tal ato iria ocorrer e não evitou, salvo os agentes constituídos como autoridade pública. Isso caracteriza conivência, que sem relevância causal, não pode nem se dizer em participação e nem, quem sabia do fato e não denunciou, como partícipe, salvo o caso dito acima. 
Explique Identidade (identificação) de infração penal
O resultado da ação dos participantes deve ser atribuído a todos, se tornando em algo juridicamente unitário. Isso acontece, não propriamente como requisito, mas consequência jurídica de outras condições. Exemplo: 3 sujeitos decidem que realizaram uma infração penal em conjunto, um desvia a atenção da vítima, enquanto outro subtrai os pertences dela e mais um é incumbido de deixar o local com o objeto subtraído. Infração penal: furto.
Quem foram os percussores da Teoria de Domínio do Fato?
A Teoria do Domínio do Fato, apesar de ter sido criada por Hans Welzel, em 1939, foi desenvolvida posteriormente por Claus Roxin.
O que é a teoria do domínio do fato?
Existência de um autor mediato por detrás de outro plenamente responsável. O domínio da ação do executor e o domínio da vontade do homem de trás se fundem em pressupostos próprios, quais sejam – domínio da ação e domínio da organização.
Autoria
Conceito extensivo de autor, explique.
Para essa teoria não há diferenciação entre autor e participação (partícipe). Todos que contribuíram com a causa para haver um resultado é considerado autor. Essa teoria foi desenvolvida na Alemanha e por lá mesmo se percebeu que estava muito rasa e não abrangia a necessidade do mundo real. Para isso a doutrina alemã cria um novo elemento, chamada de teoria subjetiva da participação. Esta outra teoria cria uma verdadeira aberração, pois condena como meros partícipes sujeitos que realizam pessoalmente todos os elementos do tipo (penal) e, como autores, quem não tem intervenção material no fato. 
Essa teoria não é a que utilizamos 
	
Conceito restritivo de autor 
Já nesta teoria entendesse que nem todos que fizeram parte do crime são autores. O autor ou coautor só seria aquele que praticou o verbo, realizaram a conduta típica descrita na lei. E participantes (partícipes) só poderão ser punidos se houver uma norma de extensão, pois não integram a figura típica da lei, ou seja, não estão presentes ali na lei, apenas os autores ou coautores. Para essa teoria existe a necessidade do legislador através da lei, tipificar, ou seja, tornar a conduta do partícipe, reprovável, caso o contrário, este nunca poderá ser incriminado.
Dado esse fator, ela foi completada pela doutrina alemã, com uma nova teoria, a teoria da participação, que tem vários critérios, porem seguirei com esta na doutrina do Bitencourt.
A) Teoria objetivo-formal
Essa não nega a importância do elemento causal. Mas se atém a forma literal ao que foi tipificado na lei penal, esclarecendo que, autor é aquele que o comportamento se em enquadra ou amolda ao que foi tipificado -literalmente- na lei e partícipe como aquele que conduziu ou realizou qualquer outra ação que contribuiu com o fato. Ou seja,
não se preocupou em destrinchar mais o que o autor e o coautor podem realizar, deixando uma brecha.
B) Teoria objetivo-material 
Essa, ao contrário da anterior, se preocupou mais com o perigo que o autor e coautor tem na realização do fato do que o partícipe. No entanto ela também falhou, pois esqueceu da questão subjetiva (já interposta acima) e de quer dar mais causa, ou seja, dizer que o autor tem maior responsabilidade pelo resultado. 
O que significa participação impunível (art.31CP)
O ajuste, a determinação, a instigação e o auxílio, salvo expressa disposição em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, ao menos a ser tentado.
Dê um exemplo de participação impunível.
Se alguém é contratado para matar a vítima, recebe o dinheiro do mandante, mas desaparece com os valores, sequer procurando o sujeito passivo para cometer o crime de homicídio. 
O que a autoria colateral?
Ocorre quando duas ou mais pessoas querem cometer o mesmo crime e agem ao mesmo tempo sem que um saiba da intenção do outro.
Dê um exemplo de autoria colateral?
É o que ocorre quando dois ladrões resolvem furtar objetos de um supermercado ao mesmo tempo, sem que saiba da atuação do outro. 
O que a autoria incerta?
Ocorre quando, na autoria colateral não se consegue apurar qual dos envolvidos provocou o resultado. 
Dê um exemplo de autoria incerta.
João e Pedro querem matar Antônio. Um não sabe da intenção do outro. Ambos disparam contra a vítima, que morre recebendo apenas um disparo, não se conseguindo, porém, apurar qual deles causou a morte.
Há possibilidade de coautoria em crime culposo?
Na estira do professor Damásio, o entendimento majoritário é de que pode haver nos crimes culposos a co-autoria, mas não participação. O crime culposo tem o tipo aberto, sendo típica toda conduta que descumpre o dever objetivo de cuidado. Assim, é autor aquele que, violando esse dever, dá causa ao resultado.
O que é a Comunicabilidade e Incomunicabilidade de elementares e Circunstâncias? (art. 30,CP)?
Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.
· Condições: agente/vida exterior ao crime; características pessoais.
· Circunstâncias: acessórios que não integram a essência do delito. 
As circunstâncias podem ser: 
a) subjetivas/ pessoais
b) objetivas: 
O que são os elementares do crime?
São os componentes essenciais da figura típica, sem os quais o crime não existe ou é desclassificado para outro. 
Dê exemplos de elementares do crime.
· Na corrupção passiva, a exclusão da condição de funcionário público torna o fato atípico;
· No roubo, a exclusão do emprego da violência ou grave ameaça promove a desclassificação para o crime de furto. 
O art. 30 do Código Penal traça as seguintes regras:
a)	Circunstância pessoal não se comunica 
b)	Circunstância objetiva se comunica aos partícipes desde que estes conheçam tais circunstâncias ou condições.
c)	Os elementares se comunicam se o outro (co-autor) tem conhecimento.
O que são as circunstâncias do crime?
São todos os dados acessórios que agregados à figura típica, tem o condão de influir na fixação da pena. São circunstâncias as agravantes e atenuantes genéricas, as causas de aumento ou de diminuição de pena, as qualificadoras, etc... 
Quais os tipos de circunstâncias do crime?
São de caráter pessoal e objetivas. 
O que ocorre quando não há circunstâncias?
A inexistência de uma circunstância não interfere na tipificação de determinada infração penal, apenas altera sua pena. 
Quais são as circunstâncias de caráter pessoal (subjetivas)?
São aquelas relacionadas a motivação do agente que podem tornar o crime mais grave (motivo torpe, fútil, finalidade de garantir a execução do outro crime etc..) ou mais brando (relevante valor social ou moral, violenta emoção, etc...), o parentesco com a vítima, a confissão, etc...
As condições de caráter pessoal dizem respeito a quem?
Dizem respeito ao agente, e não ao fato, e, assim, acompanham-no independentemente da prática da infração. 
Exemplos: Reincidência, maus antecedentes, menoridade, personalidade, conduta social. Etc..
O que são as circunstâncias objetivas?
As que dizem respeito ao fato, e não ao autor do crime. 
O que são as qualificadoras?
Qualificadora é aquela que altera o patamar da pena base. No crime de homicídio, por exemplo, a pena base é de 6 a 20 anos. Quando o homicídio (art. 121, CP) é qualificado (por motivo fútil, à traição, com uso de veneno, fogo, asfixia etc.) a pena base muda e pula para 12 a 30 anos.
Qualificadoras: não são puras elementares porque na sua falta, não desaparece o tipo fundamental, mas não são meras circunstâncias porque fixam novos limites de penas. Vista como elementar, comunica-se aos co-autores, quando estes têm conhecimento. 
Dê exemplos de circunstâncias objetivas:
	Circunstâncias objetivas
	a) Local do crime
	O crime de sequestro ou cárcere privado é qualificado se o delito é cometido mediante a internação em casa de saúde ou hospital. 
	b) Tempo do crime
	O furto tem a pena aumentada em 1/3, se o fato ocorre durante o repouso noturno
	c) Os meios de execução
	Emprego de fogo, veneno, explosivo, asfixia ou outros meios insidiosos ou cruéis no homicídio. Roubo.
	d) Os meios de execução
	À traição mediante a emboscada, dissimulação ou outros recursos que dificultem ou impossibilitem a defesa da vítima.
	e) A condição da vítima
	Mulher grávida, criança, pessoa maior de 60 anos, enfermo. 
O que é concurso de crimes?
Concurso de crimes é a expressão utilizada para designar as hipóteses em que o agente, mediante uma, duas ou mais condutas, comete duas ou mais infrações penais.
Quando se fala em concurso de crimes, significa que o? 
Significa que a gente efetivamente cometeu e, por isso, responderá pelas diversas infrações, não se confundindo com as situações relacionadas ao princípio da consunção. 
As modalidades de concurso de crimes previstas no Código Penal são:
a) concurso material (art. 69);
b) concurso formal (art. 70);
c) crime continuado (art. 71).
	Modalidades de Concurso de crimes
	concurso material
	Dá -se o concurso material, nos termos do art. 69 do Código Penal, quando o agente, mediante duas
ou mais ações ou omissões, comete dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesses casos, as penas são
somadas.
· 2 ou + ações, 2 ou + resultados.
· Soma das penas; sistema do cumulo material
· Homogêneo (crimes idênticos – se contra a mesma vítima aplica – se, normalmente o art. 71CP);
· Heterogêneo (crimes diversos) 
· Possibilidade substituição por pena restritiva de atos se a soma das penas não ultrapassar 4 anos (além dos demais requisitos)
· Cálculo de cada um dos delitos (obs: art 76CP)
	concurso formal
	Ocorre o concurso formal, nos termos do art. 70, caput, do Código Penal, quando o agente, mediante
uma única ação ou omissão, prática dois ou mais crimes, idênticos ou não. É também chamado de
concurso ideal.
· Uma conduta, 2 ou + resultados.
· Homogêneo: 1 pena + 1/6 até ½ (exasperação da pena)
· Heterogêneo: pena do + grave +1/6 até ½
· Formal impróprio: desígnios autônomos (cúmulo material).
	crime continuado
	O conceito de crime continuado encontra -se no art. 71, caput, do Código Penal. De acordo com tal
dispositivo, “quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, prática dois ou mais crimes
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes,
devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro”.
· Ficção jurídica
· Vários delitos, entendendo – se os posteriores como continuação do anterior.
· Requisitos: várias condutas, mesmo modelo de execução, intervalo de tempo, unidade de desígnio, lugar.
· Mesma “espécie” de crime (mesmo tipo penal)
· Não confundir com habitualidade do delito (ex. serial killer).
Exemplo: Agente faz motorista de táxi vítima de roubo e utiliza o carro para ir até a garagem da empresa de ônibus para roubá-la; sonegação fiscal 
*Em todos os tipos de concurso de crimes: observe-se o cúmulo material benéfico (se a soma é
mais favorável, será somado ao invés de aumentado).
Das penas e da Medida de Segurança
Qual é o conceito de penas?
É a retribuição imposta pelo Estado em razão da prática de um ilícito penal e consiste na privação ou restrição de bens jurídicos determinada pela lei, cuja finalidade é a readaptação do condenado ao convívio social e a prevenção em relação à prática de novas infrações penais.
Quais são no rol as Espécies de penas admitidas na Constituição Federal?
· privação ou restrição de liberdade;
· perda de bens;
· multa;
· prestação social alternativa;
· suspensão ou interdição de direitos.
Quais são os Princípios constitucionais relativos à pena?
· Da legalidade;
· Da individualização da pena; 
· Da pessoalidade
· Da vedação da pena de morte (humanidade),
· penas cruéis de caráter perpétuo ou de trabalhos forçados (Humanização);
· Da inderrogabilidade
· Da proporcionalidade
Explique os Princípios constitucionais relativos à pena?
	Princípios constitucionais relativos à pena
	Da legalidade
	Previsto no art. 5º, inc. II, da CF: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei.
	Da individualização da pena
	Nos termos do art. 5º, XLVI, da Constituição Federal, a lei deve 
regular a individualização da pena de acordo com a culpabilidade e os méritos pessoais do acusado.
	Da pessoalidade
	A pena não pode passar da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até o limite do valor do patrimônio transferido (art. 5º, XLV, da Constituição Federal). Em suma, de acordo com este princípio a pena aplicada só pode ser cumprida pelo réu condenado, não podendo ser transferida a um sucessor ou coautor do delito.
	Da humanização.
penas cruéis de caráter perpétuo ou de trabalhos forçados;
	São vedadas as penas cruéis, de morte, de trabalhos forçados, de banimento ou perpétuas (art. 5º, XLIX, da Constituição Federal).
	Da inderrogabilidade 
	O juiz não pode deixar de aplicar a pena ao réu considerado culpado, bem como de determinar seu cumprimento, salvo exceções expressamente previstas em lei, como, por exemplo, do perdão judicial em crimes como homicídio culposo, lesão corporal culposa, receptação culposa etc. 
	Da proporcionalidade
	Deve haver correspondência entre a gravidade do ilícito praticado e a sanção a ser aplicada. Este princípio deve também nortear o legislador no sentido de não aprovar leis penais extremamente rigorosas, no calor de certos episódios noticiados pela imprensa, provocando distorções entre a pena prevista em abstrato e a gravidade do delito.
A Constituição Federal, em seu art. 5º, XLVI, elenca um rol de penas que poderão ser adotadas pelo legislador. Este, ao regulamentar o tema (art. 32 do CP), adotou efetivamente as seguintes modalidades, quais são: 
	Modalidades de Penas
	a) Penas privativas de liberdade
	Reclusão e detenção para os crimes (art. 33 do CP). Prisão Simples – vide art. 33, § 1º, CP e 110 da LEP)
Para as contravenções penais, a espécie de pena privativa de liberdade prevista é a prisão simples (art. 6º da Lei das Contravenções Penais — Decreto-lei n. 3.688/41).
	b) Restritivas de direitos:
	Prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana (art. 43 do CP). 
	c) Multa
	(art. 49 do CP). Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
No Código Penal, as modalidades de pena que privam o condenado de seu direito de ir e vir subdividir-se em:
Privativas de liberdade (art. 33, CP)
· Reclusão e Detenção
O que é a reclusão? 
A reclusão é prevista para as infrações consideradas mais graves pelo legislador.
Quais são os exemplos de reclusão?
Como, por exemplo, homicídio, lesão grave, furto, roubo, estelionato, apropriação indébita, receptação, estupro, associação criminosa, falsificação de documento, peculato, concussão, corrupção passiva e ativa, denunciação caluniosa, falso testemunho, tráfico de drogas, tortura etc. 
O que é a detenção?
Já a detenção costuma ser prevista nas infrações de menor gravidade.
Dê exemplo de detenção?
Como, por exemplo, nas lesões corporais leves, nos crimes contra a honra, constrangimento ilegal, ameaça, violação de domicílio, dano, apropriação de coisa achada, ato obsceno, prevaricação, desobediência, desacato, comunicação falsa de crime, autoacusação falsa etc. 
A reclusão tem regime mais severo do que a detenção. As principais diferenças entre elas são as seguintes: 
a) o regime inicial de cumprimento de pena nos delitos apenados com reclusão pode ser o fechado, o semiaberto ou o aberto, enquanto naqueles apenados com detenção o regime inicial só pode ser o aberto ou o semiaberto, salvo em casos de regressão de pena, nos termos do art. 118 da Lei de Execuções Penais. Em suma, o próprio juiz pode fixar na sentença o regime inicial fechado para os crimes apenados com reclusão, o que não pode ocorrer nos crimes apenados com detenção, em que apenas o juiz das execuções, por intermédio da chamada regressão, é que pode impor o regime fechado, caso o condenado a isto tenha dado causa; 
b) quanto aos efeitos secundários específicos da condenação, o juiz pode determinar, nos crimes apenados com reclusão, a incapacitação para o exercício do poder familiar, tutela ou curatela quando o delito tiver sido praticado contra o próprio filho, tutelado ou curatelado (art. 92, b, II, do CP). No crime de maus-tratos (art. 136 do CP), em sua modalidade simples, o dispositivo não pode ser aplicado, uma vez que o crime é apenado com detenção. Contudo, caso o filho sofra lesão grave, passa a ser cabível, pois o delito, nesta forma qualificada, é apenado com reclusão (art. 136, § 1º); 
c) a medida de segurança, aplicada aos inimputáveis ou semi-imputáveis por doença mental, deverá se dar em regime de internação se o crime praticado for apenado com reclusão, podendo, entretanto, dar-se em sistema de tratamento ambulatorial nos ilícitos apenados com detenção; 
d) a pena de reclusão, por ser mais grave, deve ser cumprida antes da pena detentiva, de modo que, se o réu for condenado por dois crimes, um de cada espécie, deve cumprir primeiro aquele apenado com reclusão. Esta prioridade na execução da pena reclusiva encontra-se expressamente prevista na parte final do art. 69 do Código Penal, bem como em seu art. 76.
O que é a modalidade de PRISÃO SIMPLES?
É a modalidade de pena privativa de liberdade prevista para as contravenções penais e, nos termos do art. 6º da Lei das Contravenções Penais, seguem as seguintes regras: 
a) o cumprimento da pena só é admitido nos regimes semiaberto e aberto, sendo, portanto, vedada a regressão ao regime fechado sob qualquer fundamento; 
b) a pena deve ser cumprida sem rigor penitenciário; 
c) o sentenciado deve cumprir pena em separado daqueles que foram condenados pela prática de crime; 
d) o trabalho é facultativo quando a pena aplicada não superar 15 dias. 
Quando uma pessoa será condenada por prisão simples?
É de se lembrar que, na prática, uma pessoa só será efetivamente condenada a cumprir pena de prisão simples se for reincidente , pois existem inúmeras medidas despenalizadoras a fim de evitá-la, já que as contravenções penais são infrações de menor potencial ofensivo para as quais se mostram cabíveis a transação penal e a suspensão condicional do processo. Além disso, inserem-se no rol das infrações penais em relação às quais é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos (pena alternativa) — supondo-se, obviamente, que o réu seja primário. 
	Formas de reclusão
	Reclusão em regime fechado 
	Diz-se da execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média. (Vide art. 36, CP e 117 da LEP)
	No regime semiaberto
O cumprimento da pena deve ocorrer em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. Aqui, o condenado poderá ser alojado em locais coletivos e sua pena estará atrelada ao seu trabalho. Um exemplo comum nesse tipo de prisão é reduzir um dia de pena a cada três dias trabalhados. (Vide art. 8º da LEP e art 35 e §§ do CP).
A Lei de Execução Penal (LEP) prevê esses dois direitos para a saída quais são?
· permissão de saída 
· saída temporária
Que consistem em situações em que o apenado é autorizado a deixar o estabelecimento prisional onde cumpre a sua pena.
No caso da permissão de saída, esse direito pode ser concedido a apenados de qual tipo de regime?
· dos regimes fechados
· e semiaberto, 
Assim como aos presos provisórios (art. 120da LEP). Por sua vez, a saída temporária é destinada aos apenados do regime semiaberto (art. 122 da LEP).
As permissões de saída estão previstas nos artigos 120 e 121 da LEP, nos seguintes termos:
Explique o artigo 120 da LEP?
Art. 120. Os condenados que cumprem pena em regime fechado ou semi-aberto e os presos provisórios poderão obter permissão para sair do estabelecimento, mediante escolta, quando ocorrer um dos seguintes fatos:
I – Falecimento ou doença grave do cônjuge, companheira, ascendente, descendente ou irmão;
II – Necessidade de tratamento médico (parágrafo único do artigo 14).
Parágrafo único. A permissão de saída será concedida pelo diretor do estabelecimento onde se encontra o preso.
Qual é a permanência do preso fora do estabelecimento?
Art. 121. A permanência do preso fora do estabelecimento terá a duração necessária à finalidade da saída.
Qual é o fundamento da permissão de saída?
O fundamento da permissão de saída é a humanização da pena, como no caso de falecimento de um familiar próximo. No que concerne ao tratamento médico, deve-se lembrar de que o apenado mantém todos os direitos não atingidos pela privação da liberdade, inclusive o direito à saúde.
Quanto ao procedimento para obter a permissão de saída, como é feito?
O pedido deve ser formulado ao diretor do presídio, nos termos do art. 120, parágrafo único, da LEP. Se houver negativa, é possível peticionar ao Juiz da Vara de Execução Penal.
E quanto a duração da permissão de saída como é?
A duração da permissão de saída, de acordo com o art. 121 da LEP, será enquanto se mostrar necessária a saída.
Como é feita a saída do preso?
No entanto, como a permissão de saída ocorre mediante escolta, nem sempre há efetivo suficiente para isso. Infelizmente, a falta de agentes penitenciário é uma realidade do sistema penitenciário brasileiro. Dessa forma, não são raros os casos de violação desse direito.
No que tange à saída temporária, sua disciplina legal se encontra entre os artigos 122 e 125 da LEP. Suas hipóteses de concessão, segundo o art. 122 da LEP, são:
· Visita à família,
· Frequência a curso profissionalizante
· Bem como de instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução e participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social.
Qual é a diferença entre permissão de saída e saída temporária?
Diferentemente das permissões de saída, não é necessária a escolta na saída temporária. Por essa falta de supervisão direta, o deferimento da saída temporária depende da disciplina do apenado. Aliás, vale destacar que a lei não prevê a saída temporária para os presos provisórios (ao contrário da permissão de saída). Se fosse cabível, equivaleria a uma “revogação temporária da prisão preventiva”.
O pedido deverá ser feito ao Juiz da Execução Penal, nos termos da Súmula 520 do STJ: “O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.”
Para sua concessão, devem ser preenchidos alguns requisitos objetivos e subjetivos. O art. 123 afirma que:
Art. 123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução, ouvidos o Ministério Público e a administração penitenciária e dependerá da satisfação dos seguintes requisitos, quais são?
I – Comportamento adequado;
II – Cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um quarto), se reincidente;
III – compatibilidade do benefício com os objetivos da pena.
O que é a progressão de regime? 
Segundo o art. 33, § 2º, do Código Penal, as penas privativas de liberdade devem ser executadas de forma progressiva, de acordo com o mérito do condenado. Segundo esta regra, o sentenciado deve passar gradativamente de um regime mais rigoroso para outro mais brando, desde que preenchidos os requisitos legais, a fim de estimular e possibilitar sua ressocialização. 
O que é a Progressão do regime fechado para o semiaberto?
A atual redação do art. 112 da Lei de Execuções Penais exige requisitos para referida progressão: 
a) requisito objetivo: o condenado deve ter cumprido no mínimo 1/6 da pena imposta ou do total de penas (no caso de várias execuções cujas penas foram somadas, ou unificadas em casos de concurso formal ou crime continuado). 
A cada nova condenação que chega ao juízo das execuções, novo cálculo se mostra necessário. Se o réu havia sido condenado a 12 anos e havia cumprido 1 ano de reclusão e vem a sofrer nova condenação a 4 anos, devem ser somados os 11 anos que restavam com mais 4. Assim, o condenado só poderá obter a progressão quando cumprir 1/6 dos 15 anos de pena que lhe restam. 
Progressão de regime (art. 33, § 2º. CP)
· por “degraus”
· em regra: 1/6 da pena; e condições subjetivas 
O que é a Regressão de regime (vide LEP, art. 118, incisos e §§).
É a transferência do condenado para qualquer dos regimes mais rigorosos, nas hipóteses previstas em lei (art. 118, caput, da Lei de Execuções). É possível, de acordo com tal dispositivo, a regressão por salto, ou seja, que o condenado passe diretamente do regime aberto para o fechado. As situações mais comuns, todavia, são a regressão do regime semiaberto para o fechado, ou do regime aberto para o semiaberto. 
Dependendo da espécie de infração disciplinar cometida, o juiz pode regredir o preso até mesmo para regime mais gravoso do que aquele fixado na sentença. Ex.: réu condenado a iniciar pena em regime semiaberto pode ser regredido ao regime fechado. 
As hipóteses de regressão estão expressamente previstas na legislação: 
a) Prática de fato definido como crime doloso: o condenado, durante a execução da pena, comete nova infração, de natureza dolosa. “O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato”. 
b) Prática de falta grave: de acordo com o art. 50 da Lei de Execuções Penais, as hipóteses de falta grave para o preso que cumpre pena privativa de liberdade são as seguintes: 
I — Incitação ou participação em movimento para subverter a ordem ou disciplina; 
II — Fuga; 
III — posse indevida de instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; 
IV — Provocação de acidente do trabalho; 
V — Descumprimento, no regime aberto, das condições impostas; 
VI — Inobservância do dever de obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se ou do dever de executar o trabalho, as tarefas ou ordens recebidas; 
VII — posse, utilização ou fornecimento de aparelho telefônico, rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 
Quando decretada a regressão em razão de falta grave, o que ocorre?
Novo período de cumprimento passa a ser contado a partir do cometimento da falta. Assim, se um preso do semiaberto está prestes a cumprir 1/6 de pena neste regime e comete falta grave, deve regredir ao regime fechado, iniciando-se nova contagem, ou seja, não basta que cumpra o que faltava para completar 1/6 no semiaberto. O novo período para obter o benefício, entretanto, deve levar em conta o restante da pena, e não o montante inicialmente imposto na sentença. Em suma, após a regressão
o condenado deverá cumprir 1/6 da pena restante para obter nova progressão. 
c) Superveniência de condenação, por crime anterior, cuja soma com as penas já em execução torne incabível o regime em curso. Caso se trate de preso que cumpre pena em regime aberto, a regressão será ainda possível caso ele frustre os fins da execução da pena descumprindo as condições impostas (art. 36, § 2º). Este mesmo dispositivo prevê a possibilidade de regressão se o condenado que está em regime aberto deixa de pagar a pena de multa cumulativamente imposta (caso tenha condições financeiras de fazê-lo). 
O que é o procedimento disciplinar?
Praticada a infração disciplinar 	(cometimento de crime doloso, falta grave etc.), deverá ser instaurado procedimento apuratório, no qual o acusado terá o direito de ser ouvido (exceto se estiver foragido), devendo o juiz proferir decisão fundamentada, decretando ou não a regressão. 
O que é a Prescrição da falta grave?
Conforme mencionado, a prática de falta grave gera a instauração de procedimento disciplinar para sua apuração. Em razão disso, embora não haja previsão expressa em torno do prazo para seu início e conclusão, a jurisprudência firmou entendimento de que também a falta grave se sujeita à prescrição e, na ausência de um prazo expressamente estabelecido na legislação, ambas as turmas criminais do Superior Tribunal de Justiça entendem que deve ser adotado o prazo de 3 anos (menor prazo prescricional previsto em relação às penas privativas de liberdade.
 
O que é RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) - Lei 10.792/03?
O Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), disposto no artigo 52 da LEP (Lei de Execução Penal) é uma forma especial de cumprimento da pena no regime fechado, que consiste na permanência do presidiário (provisório ou condenado) em cela individual, com limitações ao direito de visita e do direito de saída da cela.
Regimes Especiais (Vide art. 37 do C.P. e art. 5º, XLVIII da CF/88). 
Direitos das mulheres presas 
As presas, evidentemente, têm os mesmos direitos dos homens, além de cumprirem pena em estabelecimento próprio (art. 37 do CP). 
Art. 37.
As mulheres cumprem pena em estabelecimento próprio, observando-se os deveres e direitos inerentes à sua condição pessoal, bem como, no que couber, o disposto neste Capítulo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Ademais, em face das condições peculiares relacionadas à maternidade, existem diversos dispositivos tratando do tema. Em primeiro lugar, a Constituição Federal expressamente exige que os estabelecimentos penais tenham condições para garantir o aleitamento materno (art. 5º, L). Além disso, é assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e pós-parto, extensivo ao recém-nascido (art. 14, § 3º, da LEP); os estabelecimentos deverão ser dotados de berçário onde as mães poderão amamentar os filhos pelo menos até os 6 meses de idade (art. 83, § 2º, da LEP), bem como de seção especial para gestantes e parturientes e de creche para crianças maiores de 6 meses e menores de 7 anos (art. 89, caput, da LEP).
Quais são os Direitos do Preso?
(Vide art. 38 do C.P., art. 41 da LEP, art. 5º, XLIX, LXXIV, LXXV, L da CF/88) - todos os não afetados pela condenação: vida, integridade física e moral, educação, cultura, vestuário, saúde, etc. 
Estabelece o art. 38 do Código Penal que o preso conserva todos os direitos não atingidos pela 
perda da liberdade, impondo-se a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. 
A Constituição Federal consagra igualmente que aos presos é assegurado o direito à integridade 
física e moral (art. 5º, XLIX). Para garantir tal proteção, o legislador tipificou como crime de tortura submeter “pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal” (art. 1º, § 1º, da Lei n. 9.455/97). 
A Constituição também assegura aos presos que comprovarem insuficiência de recursos assistência jurídica integral (art. 5º, § LXXIV), além de indenização em caso de eventual erro judiciário ou por permanência na prisão por tempo superior ao determinado (art. 5º, LXXV). 
Por sua vez, o art. 41 da Lei das Execuções Penais estabelece que constituem direitos do preso: 
a) alimentação e vestuário; 
b) trabalho remunerado; 
c) previdência social; 
d) proporcionalidade na distribuição do tempo entre trabalho, descanso e recreação; 
e) exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, que sejam compatíveis com a execução da pena; 
f) assistência material à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; 
g) proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; 
h) entrevista pessoal e reservada com seu advogado; 
i) visita do cônjuge, companheira, parentes e amigos em dias determinados; 
j) ser chamado pelo nome; 
k) igualdade de tratamento com outros presos, salvo quanto às peculiaridades da pena; 
l) ser ouvido pelo diretor do estabelecimento; 
m) representar e peticionar a qualquer autoridade, em defesa de seu direito (o preso pode, por exemplo, solicitar benefícios pessoalmente, por meio de carta, ao juiz das execuções); 
n) contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, leitura ou outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes; 
o) receber atestado de pena a cumprir, emitido anualmente (sob pena de responsabilidade da autoridade judiciária competente). 
Pode ser restringidos os direitos dos presos?
É evidente, entretanto, que, dependendo do comportamento do preso, alguns desses direitos podem ser restringidos, como o tempo de recreação e do direito de visitas. É o que dispõe o art. 41, parágrafo único, da Lei de Execuções, além do art. 52, que trata do regime disciplinar diferenciado. 
E quanto os direitos provisórios? 
Os presos provisórios têm os mesmos direitos dos demais (art. 42 da LEP).
Como é o Trabalho do preso (Vide art. 39 do C.P. e 126 LEP)?
O art. 39 do Código Penal diz que o trabalho do preso será sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os direitos da previdência social. 
Qual é a finalidade do trabalho do preso?
A finalidade do trabalho é educativa e produtiva (art. 28, caput, da LEP). 
O trabalho do preso está sujeito a CLT?
O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho (art. 28, § 2º), porque ele não contrata livremente com seu empregador (exceto no regime aberto). 
Como é calculado o salário do preso?
O salário não poderá ser inferior a três quartos do salário mínimo (art. 29). 
O trabalho interno é obrigação do preso?
Sim. O trabalho interno é obrigação do preso, exceto o provisório (art. 31 e parágrafo único). 
O preso é obrigado a trabalhar?
Não. O condenado, entretanto, não pode ser obrigado a trabalhar, porque a Constituição proíbe os trabalhos forçados (art. 5º, XLVII, c). A recusa imotivada em trabalhar constitui falta grave (art. 50, VI). 
O que é levado em conta para a atribuição do trabalho do preso?
Na atribuição do trabalho, deve-se levar em conta a aptidão pessoal e as necessidades futuras do condenado, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado (art. 32, caput). Os maiores de 60 anos, os doentes e os deficientes físicos exercerão atividades apropriadas à idade ou condição física (art. 32, §§ 2º e 3º). 
E quanto a jornada de trabalho como é?
A jornada de trabalho não será inferior a 6 nem superior a 8 horas diárias, com descanso aos sábados e domingos (art. 33). Os presos que trabalham em serviços de conservação e manutenção do presídio (limpeza, pintura, consertos elétricos e hidráulicos etc.) poderão ter horário especial (art. 33, § 1º). 
Como desconta o trabalho da pena a ser cumprida?
A cada três dias de trabalho, o preso poderá descontar um dia da pena restante (art. 126).
O que é a Remição?
Se aplica para efeito de progressão de regime e concessão de livramento condicional.
A remição é o desconto no tempo restante da pena do período em que o condenado trabalhou ou estudou durante a
execução. 
Qual é o Procedimento?
A remição é declarada pelo juiz das execuções, após ouvir o Ministério Público e a defesa (art. 129, § 8º) e, para que tenha condições de verificar o período trabalhado, a autoridade administrativa deve encaminhar, mensalmente , ao juízo cópia do registro de todos os condenados que estejam trabalhando ou estudando, com informação dos dias de trabalho e das horas de frequência escolar ou de atividades de ensino de cada um deles (art. 129 da LEP). Após a decisão judicial, deve-se dar ao preso relação dos dias considerados remidos (art. 129, parágrafo único, da LEP). 
Como será computado o tempo remido?
O tempo remido será computado para todos os fins: progressão de regime, obtenção de livramento condicional ou de indulto etc. De acordo com o art. 128 da Lei de Execuções, o tempo remido considera-se como pena cumprida para todos os efeitos. 
O desconto de dias da pena pela remição é possível, qualquer que seja a espécie de delito cometido, inclusive os hediondos ou equiparados, uma vez que não há qualquer ressalva na legislação. 
	 Preso provisório
	O trabalho ou o estudo por parte do preso provisório dar-lhe-á direito à remição caso venha a ser condenado (art. 126, § 7º, da LEP). A declaração judicial da remição, contudo, só poderá ser feita após o início do processo de execução, ainda que provisória. 
	Acidente do trabalho 
	O preso que não puder prosseguir no trabalho, em razão de acidente, continuará a beneficiar-se com a remição (art. 126, § 4º, da LEP).
	Remição e falta grave
	Reza o art. 127 da Lei de Execuções Penais, com a redação dada pela Lei n. 12.433/2011, que a 
punição do condenado por falta grave poderá ter como consequência a revogação, pelo juiz das 
execuções, de até 1/3 do tempo remido, recomeçando a contagem a partir da data da infração disciplinar.
O que é a SUPERVENIÊNCIA DE DOENÇA MENTAL?
É a aplicação de medida de segurança dizem respeito ao acusado que, ao tempo do crime, era inimputável ou semi-imputável em razão de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
O que é Detração Penal (art. 42, CP)?
De acordo com o art. 42 do Código Penal, detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança aplicadas na sentença, do tempo de prisão provisória cumprida no Brasil ou no estrangeiro, de prisão administrativa 391 e de internação em hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico. Em suma, significa que, se o sujeito permaneceu preso em razão de prisão preventiva, flagrante ou qualquer outra forma de prisão provisória, tal período deve ser descontado do tempo de pena ou medida de segurança aplicado na sentença final. Se o sujeito foi condenado a 5 anos e 4 meses e havia ficado preso por 4 meses durante o tramitar da ação, deverá cumprir apenas os 5 anos restantes. 
O que são as Penas restritivas de Direitos (art. 43 CP)?
São autônomas e substituem a pena privativa de liberdade.
Trata-se de espécie de pena alternativa. São penas restritivas de direitos: a prestação pecuniária, a perda de bens e valores, a prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas, a interdição temporária de direitos e a limitação de fim de semana, conforme preceitua o artigo 43 do Código Penal.
Quais são os Requisitos - art. 44, CP, das penas restritiva de direitos?
a) Que o crime seja culposo (qualquer que tenha sido a pena fixada), ou que nos crimes dolosos, seja aplicada pena privativa de liberdade não superior a 4 anos, desde que o delito tenha sido cometido sem o emprego de violência ou de grave ameaça à pessoa.
b) Que o réu não seja reincidente em crime doloso. Excepcionalmente haverá substituição na hipótese do art. 44, §3º do CP) - verificar, quanto à reincidência, o artigo 64, I, CP.
c) culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias que indicam que essa substituição será suficiente para a prevenção e repressão do crime. 
Observações:
· Não cabe em crime hediondo e em caso de reincidência específica; 
· Se houver concurso de crimes, vale o total da pena imposta.
O Código Penal, em seu art. 43, elenca expressamente o rol de penas restritivas de direitos, a saber:
	Penas restritivas de Direitos (art. 43 CP).
	Prestação pecuniária: art. 45, § 1°, CP
	Consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a 360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.
	Perda de bens e valores: art. 45, § 3º, CP.
	Seguindo-se, enquanto o lucro obtido através do ato ilícito na pena da perda de bens e valores destina-se para o Fundo Penitenciário Nacional (salvo destinação diversa que lhe for dada), no confisco esses valores irão para a União, ressalvado o direito do lesado ou do terceiro de boa-fé.
	Prestação de serviço à comunidade: art. 46, CP, 149 e 150 LEP.
	Prestações de serviços à comunidade ou a entidades públicas. A prestação de serviços à comunidade ou entidade publicas consiste na atribuição do condenado, de maneira compatível e de acordo com sua aptidão, de tarefas gratuitas junto a entidades assistências, hospitais, escolas, orfanatos ou outros estabelecimentos
	Interdição temporária de direitos:
	As penas de interdição temporária de direitos, segundo o Código Penal pátrio são as seguintes: I proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo; II proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder.
	Limitação de final de semana: (48, CP)
	Consiste na custódia do apenado em casa de albergado aos sábados e domingos, por 5 horas diárias. O caráter reeducativo desta pena reside no oferecimento de cursos e palestras, bem como no envolvimento do apenado em atividades educativas, sem os quais não se pode afirmar que esta pena pretende alguma ressocialização ou algum reajuste na conduta do condenado.
O que previu a Lei 9.503/97?
Previu penas específicas de suspensão ou proibição de se obter Permissão para Dirigir ou Carteira de Habilitação, cumulativa com a pena privativa de liberdade, de tal forma que se encontra revogado o inciso III do art. 47 do Código Penal. 
QUADRO COM AS PRINCIPAIS REGRAS DAS PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS
O que é a Pena de Multa (art. 49, CP)?
Estabelecida em dia-multa. 
Valor: Critério trifásico a ser seguido pelo magistrado (art 68,CP).
É uma modalidade de sanção de caráter patrimonial consistente na entrega de dinheiro ao fundo penitenciário. 
O que deve atentar o juiz sobre a pena de multa?
Juiz deve atentar à situação econômica do réu (art. 60 e seu §1º, CP).
Com o trânsito em julgado da sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor; 
Quadro de multa
O que é Medida de Segurança (art. 96 e segs. CP)?
Não é pena, mas é sanção penal imposta pelo Estado;
Espécie de sanção penal, de caráter preventivo, fundada na periculosidade do agente, aplicada pelo juiz da sentença, por prazo indeterminado, aos inimputáveis e, eventualmente, aos semi-imputáveis, a fim de evitar que tornem a delinquir.
Qual é a finalidade da medida de segurança? 
Finalidade preventiva
É exclusivamente preventiva, ou seja, impor tratamento especial ao inimputável ou semi-imputável que cometeu infração penal demonstrando com isso sua periculosidade, no intuito de serem evitadas novas ações ilícitas. 
Qual é o sistema da medida de segurança?
· sistema é o vicariante (não é sistema binário).
Há quem é aplicado a medida de segurança?
· Aplicável ao inimputável e ao semi-imputável (em substituição à pena privativa de liberdade).
Quais as causas que não se aplicam a medida de segurança?
Não se aplica: 
· Sem prova da autoria do fato
· Hipótese de excludente de ilicitude
· Crime impossível
· Prescrição ou outra causa de extinção da punibilidade 
Quais são os pressupostos da medida de segurança?
São pressupostos: a prática do delito e a potencialidade para
novos delitos (o que na inimputabilidade é presumida)
Laudo psiquiátrico para que seja aplicada. 
Qual são os tipos de medida de segurança?
Pode ser: detentiva ou restritiva.
Detentiva: obrigatória em caso de crime apenado com reclusão. 
· Há aplicação provisória (319, VII, CPP) - medida cautelar (Lei 12403/11 –modificou o CPP)
· A medida de segurança tem prazo indeterminado? Discussão doutrinária.
QUAIS SÃO AS DISTINÇÕES ENTRE AS PENAS E AS MEDIDAS DE SEGURANÇA? 
a) Quanto ao fundamento: as penas têm caráter retributivo e preventivo, enquanto as medidas de segurança têm apenas caráter preventivo especial — conferir compulsoriamente tratamento ao seu destinatário. A pena, portanto, tem caráter aflitivo e a medida de segurança, caráter curativo. 
b) Quanto ao pressuposto em que se baseiam: as penas refletem a culpabilidade do agente, isto é, devem-se à demonstração de sua responsabilidade pelo ilícito penal. As medidas de segurança fundam-se na periculosidade, assim entendida a probabilidade de voltar a cometer delitos. 
c) Quanto à duração: as penas são aplicadas por tempo determinado. As medidas de segurança são aplicadas por período indeterminado, terminando apenas quando comprovada a cessação da periculosidade. 
d) Quanto aos destinatários: as penas destinam-se aos imputáveis e aos semi-imputáveis não considerados perigosos. As medidas de segurança destinam-se aos inimputáveis e aos semi-imputáveis cuja periculosidade tenha sido pericialmente demonstrada e que, por isso, necessitam de tratamento. 
QUAIS SÃO OS SISTEMAS DE APLICAÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA?
No âmbito penal, são possíveis dois sistemas para a aplicação das medidas de segurança. O sistema vicariante só permite a aplicação de uma espécie de sanção penal ao acusado, enquanto o sistema do duplo binário permite a aplicação cumulativa de pena e medida de segurança. 
QUAIS SÃO OS PRESSUPOSTOS E APLICAÇÃO DA MEDIDADE SEGURANÇA?
Para que o magistrado possa, ao proferir sentença, determinar a aplicação de medida de segurança, são necessários os seguintes pressupostos: 
a) Que haja prova de que o acusado cometeu fato típico e antijurídico. Assim, se ficar demonstrado que o fato é atípico ou se não houver prova de que o réu cometeu a infração penal, deve ser absolvido sem a adoção de qualquer outra providência, ainda que a perícia ateste tratarse de pessoa perigosa. Da mesma maneira, se ficar demonstrado que agiu em legítima defesa, estado de necessidade etc. 
b) Que exista prova da periculosidade do agente em razão de inimputabilidade decorrente de 
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado ou de semi-imputabilidade decorrente de perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado. 
A periculosidade é presumida quando a perícia atesta que o réu é inimputável: não tinha condição de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com tal entendimento em razão do problema mental. O fato de haver prova da prática de infração penal leva à inexorável conclusão de que se trata de pessoa perigosa, que pode voltar a delinquir, e torna necessária a aplicação da medida de segurança. Neste caso, estabelece o art. 386, parágrafo único, III, do Código de Processo Penal que o juiz absolverá o réu e aplicará a medida de segurança. É a chamada sentença absolutória imprópria. 
Já nos casos dos semi-imputáveis, é preciso que a perícia ateste que o agente estava parcialmente privado de sua capacidade de entendimento e autodeterminação em razão da deficiência mental e afirme que, em razão disso, há elementos para concluir que é provável que torne a delinquir se não houver tratamento. É a chamada periculosidade real como pressuposto para a aplicação da medida de segurança em substituição à pena privativa de liberdade para os semi-imputáveis. Para estes, portanto, a sentença tem sempre natureza condenatória, pois o juiz aplica pena privativa de liberdade e, em seguida, se for o caso, a substitui pela medida de segurança. 
QUAIS SÃO AS ESPÉCIES DE MEDIDADE SEGURANÇA? 
De acordo com o art. 96 do Código Penal, existem apenas duas modalidades de medida de segurança: 
a) Detentiva: consiste em internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado (art. 96, I, do CP). De acordo com os arts. 97, caput, e 98, do Código Penal, se o crime for apenado com reclusão, esta deverá ser a medida de segurança aplicada, quer se trate de réu inimputável, quer semi-imputável (cuja periculosidade tenha sido constatada, tornando necessária a medida). 
De acordo com o art. 99 do Código Penal, o internado será recolhido a estabelecimento dotado de características hospitalares. Na falta de vaga em hospital psiquiátrico, a internação pode se dar em hospital comum ou particular, constituindo constrangimento ilegal, sanável por habeas corpus, a manutenção em penitenciária ou cadeia pública de pessoa a quem tiver sido determinada medida de segurança. 
b) Restritiva: consiste na sujeição a tratamento ambulatorial, ou seja, na necessidade de comparecimento regular para consultas pessoais com psiquiatras e equipe multidisciplinar. Aplica-se aos crimes apenados com detenção, quer se trate de réu inimputável ou semi-imputável. 
Observação: os critérios, de acordo com texto expresso de lei, são os anteriormente mencionados. Na prática, entretanto, os juízes só têm decretado medida de internação naqueles crimes apenados com reclusão em que o montante da pena justificaria a aplicação de regime de pena inicial fechado ou semiaberto (se o réu fosse imputável). Tal providência se deve à escassez de vagas nos hospitais psiquiátricos e à desnecessidade de internação, quando cometidos crimes menos graves (ainda que apenados com reclusão). Ex.: crime de furto simples. 
QUAL É A DURAÇÃO DA MEDIDADE SEGURANÇA?
Quer se trate de inimputável ou de semi-imputável, a internação ou o tratamento ambulatorial serão aplicados sempre por tempo indeterminado, perdurando enquanto não averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade. 
Em qualquer hipótese, o período mínimo de internação será decidido pelo juiz na sentença, podendo variar de 1 a 3 anos (arts. 97, § 1º, e 98 do CP). 
QUAL O PROCEDIMENTO PARA A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS DE SEGURANÇA?
O procedimento da execução das medidas de segurança é regulado pelos arts. 171 a 179 da Lei de Execuções Penais. 
Inicialmente, estabelece o art. 171 que, transitando em julgado a sentença que tenha aplicado medida de segurança, será determinada a expedição da respectiva guia de internação ou de tratamento ambulatorial. Dispõe, por sua vez, o art. 172 que ninguém será internado em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico, ou submetido a tratamento ambulatorial, para cumprimento de medida de segurança, sem a mencionada guia, expedida pela autoridade judiciária. 
O QUE É A INTERNAÇÃO PROVISÓRIA OU PREVENTIVA?
A Lei n. 12.403/2011 modificou drasticamente o sistema da prisão preventiva, bem como criou diversas outras medidas cautelares, dentre elas a internação provisória que, de acordo com a nova redação do art. 319, VII, do Código de Processo Penal (dada por referida lei), poderá ser decretada nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser o réu inimputável ou semi-imputável e houver risco de reiteração. 
Cuida-se, portanto, de medida aplicável somente em relação a infrações graves, praticadas com violência ou grave ameaça, e que pressupõe, além da constatação, em decorrência da instauração de incidente de insanidade, de que o indiciado ou réu é inimputável ou semi-imputável, a conclusão de que apresenta considerável potencial de reincidência. A internação deve ocorrer em Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado. 
QUAL É A DIFERENÇA DE DETRAÇÃO PENAL E MEDIDA DE SEGURANÇA?
De acordo com o art. 42 do Código Penal, detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança aplicadas na sentença, do tempo de prisão

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