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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
PATRICIA TAVARES MAGALHÃES DE TOLEDO 
 
 
 
 
 
A GESTÃO DA INOVAÇÃO EM UNIVERSIDADES: EVOLUÇÃO, MODELOS E 
PROPOSTAS PARA INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAMPINAS 
2015 
 
 
 
 
NÚMERO: 341/2015 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 PATRICIA TAVARES MAGALHÃES DE TOLEDO 
 
 
A GESTÃO DA INOVAÇÃO EM UNIVERSIDADES: EVOLUÇÃO, MODELOS E 
PROPOSTAS PARA INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
 
TESE APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA 
UNICAMP PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE DOUTORA EM 
POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA 
 
 
ORIENTADORA: PROF
A
. DR
A.
 MARIA BEATRIZ MACHADO BONACELLI 
 
 
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE 
DEFENDIDA PELA ALUNA PATRICIA TAVARES MAGALHÃES 
DE TOLEDO E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. MARIA 
BEATRIZ MACHADO BONACELLI. 
 
 
CAMPINAS 
2015 
 
 
 
 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS 
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS 
PÓS-GRADUAÇÃO EM 
POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA 
 
AUTORA: Patricia Tavares Magalhães de Toledo 
 
 
“A Gestão da Inovação em Universidades: evolução, modelos e propostas para 
Instituições Brasileiras”. 
 
 
ORIENTADORA: Profa. Dra. Maria Beatriz Machado Bonacelli 
 
 
Aprovada em: 28 / 08 / 2015 
 
 
EXAMINADORES: 
 
Profa. Dra. Maria Beatriz Machado Bonacelli - Presidente 
Prof. Dr. Renato Hyuda de Luna Pedrosa 
Prof. Dr. Roberto de Alencar Lotufo 
Profa. Dra. Elizabeth Balbachevsky 
Profa. Dra. Geciane Silveira Porto 
 
 
A Ata de Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no 
processo de vida acadêmica do aluno. 
 
 
Campinas, 28 de agosto de 2015. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Caroline, razão e sentido da minha vida, e ao Reinaldo, 
por tudo o que construímos. 
 
 
 
 
 
 
 
Agradecimentos 
 
 
Acredito que a maior virtude de um ser humano é a gratidão. Só alcancei esta 
conquista e outras da minha vida com contribuições de pessoas extraordinárias. Concluir esta 
tese, trabalhando, sendo mãe e esposa foi uma tarefa árdua, que exigiu esforços e dedicação 
que estenderam meus limites. Homenagens dificilmente conseguem dar o justo 
reconhecimento a todas as pessoas, mas tento aqui registrar, do melhor modo possível, meu 
eterno agradecimento àquelas que ajudaram a viabilizar este trabalho. 
Agradeço à minha orientadora Bia, por ter me aceitado como aluna, pela 
confiança, pelos ensinamentos e por ter me ajudado a voltar ao rumo certo nos momentos 
mais necessários. 
Ao professor Roberto Lotufo, que me possibilitou entrar em contato com o tema 
da inovação, e me ensinou sobre as missões da universidade. 
A todos os professores do DPCT, pelos conhecimentos compartilhados, com um 
agradecimento especial aos que, além da minha orientadora, contribuíram mais proximamente 
para meu trabalho, tanto com sugestões como ao inspirar boas ideias: Sérgio Salles, Léa 
Velho, Leda Gitahi e Sérgio Queiroz. A todos os funcionários do departamento, 
principalmente à Valdirene, à Gorete e à Adriana, pela dedicação e paciência. Agradeço aos 
colegas de classe que encontrei, pela troca de conhecimentos e experiências, especialmente às 
amigas Valéria Ribeiro e Mariana Pfitzner. 
À minha banca de qualificação, professora Elizabeth Balbachevsky e professor 
Roberto Lotufo pelas valiosas contribuições, essenciais para a finalização deste trabalho. 
Agradeço também à professora Geciane Porto e ao professor Renato Pedrosa por aceitarem 
fazer parte da minha banca da defesa. 
Aos entrevistados que contribuíram tão generosamente para este estudo, 
dedicando seu tempo e compartilhando suas experiências e seus conhecimentos: Adalberto 
Cheiran, Adriano Rossi, Alexandre Lima, Alfonso Gomez, Ana Lúcia Torkomian, Ana Paula 
Zaccaron, Bárbara Ribbeck, Bryan Ritchie, Daphne Ioannidis, Daniel Dias, Fabíola 
Spiandorello, Genaro Gamma, Iain Thomas, Iris Souza, Jacqueline Piedade, James 
Thompson, Juliana Crepalde, Kenneth Nisbet, Keith Marmer, Kevin Wozniak, Lita Nelsen, 
Luciane Ortega, Nathalia Andrade, Patrícia Villar, Renee Ben-Israel, Richard Jennings, 
 
 
Rogério Filgueiras, Shirley Jamieson, Stephen Fleming, Vanderlan Bolzani, Vanessa Sensato e 
William Tucker. 
Ao Eduardo Machado, que me ensinou muito sobre vários temas, desde a 
administração pública até o comportamento humano. Grande amigo que apoiou minha 
carreira em inovação e me mostrou a importância de fazer o doutorado. 
Aos profissionais com quem trabalhei na Inova Unicamp, agradeço os incríveis 
anos que atuamos juntos, especialmente aos amigos: Adriana Arruda, Alexandre Calonego, 
Carolina Neves, Debora Iacovino, Elias Drummond, Edilaine Camillo, Flávia Pinho, Gabriel 
Guion, Gisláine Correa, Juliana D`Estefano, Karina Stipp, Marina Silva, Michele Imenes, 
Morgana Lúcio, Pollyana Varrichio, Soraia Buchignani e Véronique Hourcade. 
À GranBio, empresa onde trabalho há dois anos, que me deu a oportunidade de 
praticar a inovação sob outra perspectiva, igualmente interessante e desafiadora, agradeço 
pela oportunidade e pela confiança, especialmente ao Gonçalo Pereira, Bernardo Gradin, Luiz 
Rosa e Joana Benjamin. Agradeço também aos vários novos amigos que fiz na empresa, por 
tudo o que me ensinaram e pelo carinho com que me receberam. 
À minha família, por aceitar minha ausência, especialmente à minha filha 
Caroline – companheira incansável que sempre achava algo para estudar para não me deixar 
sozinha –, ao meu marido Reinaldo por aceitar os finais de semana perdidos, à minha mãe 
Perpétua e à minha irmã Andréa, por torcerem por mim, e a todos por apoiarem, cada um do 
seu jeito, minha dedicação intensa a este trabalho, muitas vezes sem entendê-lo. Não posso 
esquecer da Bibi, companheira que passou noites ao meu lado enquanto eu escrevia, e só ia 
para sua cama quando eu finalizava o trabalho do dia. 
 
 
 
 
A GESTÃO DA INOVAÇÃO EM UNIVERSIDADES: EVOLUÇÃO, MODELOS E 
PROPOSTAS PARA INSTITUIÇÕES BRASILEIRAS 
 
RESUMO 
 
Tese de Doutorado 
Patricia Tavares Magalhães de Toledo 
 
Nas últimas três décadas, universidades em todo o mundo têm se estruturado para atuar de forma mais 
abrangente nos Sistemas Nacionais de Inovação (SNI), enquanto as universidades brasileiras passaram 
a lidar com esse desafio mais intensamente nos últimos dez anos. Mais ativas no tema de inovação e 
empreendedorismo, muitas universidades têm buscado mecanismos que lhes permitam uma maior 
aproximação com a sociedade, sem comprometer a essência do trabalho acadêmico. Nesse contexto, o 
objetivo desta tese é propor diretrizes para a melhoria de modelos de gestão da inovação de 
universidades brasileiras e sugestões para a modernização de políticas e marcos legais de estímulo a 
ciência, tecnologia e inovação, de modo a contribuir para o estabelecimento de um ambiente mais 
propício à promoção da inovação no Brasil. Para tal, foram estudadas experiências virtuosas em gestão 
da inovação de dezesseis universidades de cinco países: Estados Unidos, Reino Unido, Israel, Chile e 
Brasil, a partir do levantamento de dados primários e secundários. Foram analisados também os 
principais aspectos do SNI, das políticas e do marco legal de estímulo à inovação desses países, 
especialmente no que tange à participação da universidade na inovação e no empreendedorismo 
tecnológico. Para as organizações que atuam na gestão da inovação e do empreendedorismo em 
universidades, foi adotada a denominação geral Instituições de Gestão da Inovação (IGI) e proposta 
uma classificação para os modelos de gestão de inovação em universidades. Apesar da diversidade das 
características dos SNI e da coordenação dos sistemas de ensino superior, podem-se observar alguns 
pontos comuns às experiências mais maduras: cultura favorável à inovação e ao empreendedorismo; 
envolvimento da liderança das universidades; percepçãoda responsabilidade social da ciência; atuação 
próxima das IGI com faculdades e departamentos na concepção de novas iniciativas e na formação e 
capacitação de alunos nesses temas; alta profissionalização e especialização das equipes das IGI; apoio 
financeiro de longo prazo do governo para as universidades aprimorarem suas estruturas e 
competências para o estímulo à inovação e ao empreendedorismo; incentivo à conciliação da carreira 
acadêmica com a empreendedora; construção de parcerias com a comunidade externa relacionada à 
inovação e ao empreendedorismo, em âmbito regional e nacional; alta relevância atribuída ao 
licenciamento para a criação de spin-offs. Nas universidades brasileiras estudadas predomina o modelo 
de gestão da inovação centralizado – neste trabalho defendido como o mais adequado para o contexto 
atual –, associado a um modelo de IGI centralizada. Constatou-se que o modelo jurídico-institucional e 
de gestão das IGI brasileiras, a falta de financiamento dedicado às IGI e a ausência de um plano de 
carreira para profissionais de inovação nas universidades são grandes entraves à evolução dessas 
instituições. Comprovou-se, também, que a atividade de criação de spin-offs não é priorizada pelas IGI 
brasileiras. Dentre as recomendações deste trabalho, destaca-se a mudança do modelo jurídico-
institucional tradicional das IGI brasileiras para o modelo de instituições privadas qualificadas como 
Organizações Sociais. Espera-se que as propostas aqui apresentadas contribuam para a construção de 
um ambiente mais favorável à inovação no Brasil. 
 
 
Palavras-chave: gestão da inovação, transferência de tecnologia, universidade, empreendedorismo. 
 
 
 
MANAGEMENT OF INNOVATION IN UNIVERSITIES: EVOLUTION, MODELS 
AND PROPOSALS FOR BRAZILIAN INSTITUTIONS 
 
ABSTRACT 
PhD Thesis 
Patricia Tavares Magalhães de Toledo 
 
Over the last three decades, universities around the world have structured themselves in order to 
contribute more broadly to national innovation systems (NIS), while Brazilian universities only started 
to deal with this challenge over the last ten years. More active in innovation and entrepreneurship, 
several universities have been searching for mechanisms to strengthen their interactions with society, 
without losing the fundamental characteristics of academic activity. In this scenario, the main objective 
of this thesis is to suggest guidelines for improving Brazilian universities’ innovation management 
models and to modernize national policies and legal framework dedicated to stimulate science, 
technology and innovation (STI), in order to contribute to the establishment of an environment more 
favorable to innovation. To address this objective, sixteen universities with virtuous experiences in 
innovation management were studied in five countries: United States, United Kingdom, Israel, Chile 
and Brazil, based on primary and secondary data collection. The main elements of the NIS, policies 
and legal framework to stimulate STI in these countries were analyzed; particularly those related to 
universities participation in innovation and in technology based entrepreneurship. The general 
denomination of Innovation Management Institutions (IMI) was adopted to represent the organizations 
involved in managing activities related to innovation and entrepreneurship in universities. 
Additionally, a classification of the main models to manage innovation in universities was defined. 
Despite the differences in the characteristics of the NIS and coordination of higher education, some 
common elements can be identified in the most mature experiences, such as: strong innovation and 
entrepreneurship cultures; high engagement of university leadership; recognition of the social 
responsibility of science; government long term financial support for universities to improve their 
structures and competencies in innovation and entrepreneurship; IMI staff is highly skilled, specialized 
and experienced; incentives for faculty to combine the academic career with entrepreneurial activity; 
close interactions between IMI and schools, colleges and departments to develop new initiatives and 
educational programs; multiple partnerships with national and regional innovation and 
entrepreneurship community; high importance given to licensing university´s IP to create spin-offs. 
Most of the Brazilian universities studied follow the centralized innovation model – defended in this 
thesis as the most appropriate for the current national context – associated with a centralized IMI 
organizational model. This thesis showed that Brazilian IMI legal-institutional model, management 
practices, lack of dedicated funding to IMI and lack of a career plan for IMI professionals are 
expressive barriers to the evolution of these institutions. Additionally, it also proved that Brazilian IMI 
do not prioritize the creation of spin-offs. One of the highlights of the recommendations presented in 
this thesis is the change in the Brazilian IMI traditional legal-institutional model to private institutions 
qualified as Social Organizations. We hope that the proposals presented contribute to the creation of a 
more favorable environment to innovation in Brazil. 
 
 
Keywords: innovation management, technology transfer, university, entrepreneurship 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
INTRODUÇÃO 19 
CAPÍTULO 1 – A UNIVERSIDADE E A INOVAÇÃO 30 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................................... 30 
1.1. AVANÇO NA COMPREENSÃO DA INOVAÇÃO ................................................................................................................. 31 
1.2. A ABORDAGEM DOS SISTEMAS DE INOVAÇÃO ............................................................................................................ 41 
1.3. AS MISSÕES DA UNIVERSIDADE......................................................................................................................................... 45 
1.4. A INTERAÇÃO UNIVERSIDADE, EMPRESA E GOVERNO EM INOVAÇÃO ............................................................ 53 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................................... 67 
CAPÍTULO 2 – A GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA UNIVERSIDADE 69 
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................................................................... 69 
2.1. A GESTÃO DA INOVAÇÃO ....................................................................................................................................................... 70 
2.1.1. A inovação aberta e seu impacto na gestão da inovação ...................................................... 78 
2.1.2. Desafios da gestão da inovação em instituições públicas de pesquisa ................................. 83 
2.2. A GESTÃO DA INOVAÇÃO EM UNIVERSIDADES ........................................................................................................... 85 
2.2.1. O papel dos Escritórios de Transferência de Tecnologia ...................................................... 89 
2.2.2. Gestão da proteção e da transferência de propriedade intelectual ....................................... 93 
2.2.3. Gestão da transferência de PI da universidade para a formação de spin-offs ..................... 98 
2.2.4. Gestão de projetos U-E de pesquisa contratada, pesquisa colaborativa e de consultoria . 102 
2.2.5. Gestão de iniciativas de estímulo ao empreendedorismo tecnológico ................................ 106 
2.2.6. Modelos e governança da gestão da inovação na universidade ......................................... 109 
CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................................................ 117 
CAPÍTULO 3 – SNI, POLÍTICAS E MARCO LEGAL DE ESTÍMULO À INOVAÇÃO: 
CHILE, EUA, ISRAEL, REINO UNIDO E BRASIL 119 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................................... 119 
3.1. COORDENAÇÃO E GOVERNANÇA DOS SISTEMAS DE ENSINO SUPERIOR ................................................... 121 
3.2. DA POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA À POLÍTICA DE INOVAÇÃO ......................................................... 128 
3.3. SNI, POLÍTICAS E MARCO LEGAL DE ESTÍMULO À INOVAÇÃO DAS EXPERIÊNCIAS INTERNACIONAIS
 131 
3.3.1. Avanço do marco legal e de políticas de estímulo à inovação ............................................ 134 
3.3.2. O papel das universidades, das empresas e do governo no SNI .......................................... 147 
3.3.3. Evolução das IGI e do sistema de TT universitária ............................................................. 163 
3.4. SNI, POLÍTICAS E MARCO LEGAL DE ESTÍMULO A INOVAÇÃO DO BRASIL ................................................. 171 
3.4.1. Avanço do marco legal e das políticas de estímulo à inovação ........................................... 172 
3.4.2. O papel das universidades, das empresas e do governo no SNI .......................................... 177 
3.4.3. A evolução das IGI e do sistema de TT universitárias ........................................................ 181 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................................ 187 
CAPÍTULO 4 – MODELOS VIRTUOSOS DE GESTÃO DA INOVAÇÃO NAS 
UNIVERSIDADES 189 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................................... 189 
4.1. METODOLOGIA DE PESQUISA ............................................................................................................................................ 190 
4.1.1. Critérios de escolha das experiências estudadas ................................................................ 191 
4.1.2. Formas de coleta e análise de dados ................................................................................... 199 
4.2. A GESTÃO DA INOVAÇÃO NAS UNIVERSIDADES NORTE-AMERICANAS ESTUDADAS ............................ 203 
4.2.1. A criação das IGI ................................................................................................................. 205 
4.2.2. Os modelos de gestão da inovação das universidades e de organização das IGI ............... 210 
 
 
4.2.3. A estrutura organizacional das IGI norte-americanas ........................................................ 216 
4.2.4. A gestão da proteção e da transferência de tecnologias ..................................................... 221 
4.2.5. Práticas de estímulo à inovação e ao empreendedorismo tecnológico ............................... 237 
4.2.6. Principais resultados ........................................................................................................... 248 
4.2.7. Fatores de sucesso ............................................................................................................... 253 
4.2.8. Principais desafios ............................................................................................................... 257 
4.3. A GESTÃO DA INOVAÇÃO EM UNIVERSIDADES DO REINO UNIDO, DE ISRAEL E DO CHILE ............. 260 
4.3.1. A gestão da Inovação na University of Cambridge ............................................................. 260 
4.3.2. A gestão da inovação na Hebrew University of Jerusalem (HUJ) ...................................... 270 
4.3.3. A gestão da inovação na Pontifícia Universidad Católica de Chile (UCC) ........................ 276 
4.4. A GESTÃO DA INOVAÇÃO NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS ESTUDADAS ............................................. 282 
4.4.1. A criação das IGI ................................................................................................................. 284 
4.4.2. Os modelos de gestão da inovação das universidades e de organização das IGI ............... 289 
4.4.3. A estrutura das IGI brasileiras ............................................................................................ 293 
4.4.4. A gestão da proteção e da transferência de tecnologias ..................................................... 300 
4.4.5. Práticas de estímulo à inovação e ao empreendedorismo tecnológico ............................... 304 
4.4.6. Principais resultados ........................................................................................................... 315 
4.4.7. Fatores de sucesso ............................................................................................................... 318 
4.4.8. Principais desafios ............................................................................................................... 321 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................................ 323 
CAPÍTULO 5 - RECOMENDAÇÕES PARA O APRIMORAMENTO DE POLÍTICAS E 
MODELOS DE GESTÃO DA INOVAÇÃO EM UNIVERSIDADES BRASILEIRAS 326 
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................................................................... 326 
5.1. FRAGILIDADES E BARREIRAS À PARTICIPAÇÃO DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS NA INOVAÇÃO E 
NO ESTÍMULO AO EMPREENDEDORISMO TECNOLÓGICO .......................................................................................... 327 
5.2. BOAS PRÁTICAS DE PARTICIPAÇÃO NA INOVAÇÃO E NO EMPREENDEDORISMO TECNOLÓGICO...... 337 
5.3. PROPOSTAS PARA AS UNIVERSIDADES E IGI BRASILEIRAS ................................................................................ 340 
5.3.1. Modernizar as políticas, normas e diretrizes universitárias relacionadas à inovação e ao 
empreendedorismo ...................................................................................................................... 341 
5.3.2. Redefinir os modelos das IGI para torná-las instituições profissionais, ágeis e autônomas .... 
 ............................................................................................................................................. 342 
5.3.3. Assegurar condições para a criação de novos negócios a partir de tecnologias universitárias 
 ............................................................................................................................................. 345 
5.3.4. Intensificar a integração das iniciativas de ensino e pesquisa com as de estímulo à inovação 
e ao empreendedorismo .............................................................................................................. 347 
5.4. PROPOSTAS PARA O GOVERNO E FORMULADORES DE POLÍTICAS DE ESTÍMULO À INOVAÇÃO ........ 348 
5.4.1. Modernizar e aprimorar artigos da Lei de Inovação e do projeto de Lei 2177/2011 ......... 349 
5.4.2. Estabelecer a criação de um programa obrigatório de auxílio às IGI em todas FAP ........ 353 
5.4.3. Aprimorar incentivos para estimular investimentos privados em P&D .............................. 354 
5.4.4. Fortalecer o INPI ................................................................................................................ 355 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................................................ 356CONCLUSÕES 358 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 364 
ANEXO I 395 
ANEXO II 415 
ANEXO III 430 
ANEXO IV 432 
ANEXO V 434 
ANEXO VI 439 
 
 
 
ILUSTRAÇÕES (FIGURAS, QUADROS E TABELAS) 
 
 
Figuras 
 
Figura 2.1: Modelo integrado da gestão da inovação ............................................................... 75 
Figura 2.2: Co-evolução e multilinearidade das relações universidade-empresa ..................... 88 
Figura 2.5: Modelo básico de transferência de tecnologias da universidade ........................... 97 
Figura 2.3: Classificação dos modelos de gestão da inovação em universidades .................. 115 
Figura 2.4: Classificação dos modelos organizacionais das IGI ............................................ 116 
Figura 3.1: O triângulo da coordenação ................................................................................. 122 
Figura 4.1: Ecossistema de Inovação da University of Utah .................................................. 212 
Figura 4.2: Visão geral das IGI do Sistema da UC ................................................................. 221 
Figura 4.3: Engine – Processo de Comercialização de Tecnologias do TVC ........................ 223 
Figura 4.4: O Processo de Proteção e Transferência de Tecnologias do TLO ....................... 226 
 
 
 
 
Quadros 
 
Quadro 1.1: Modelos teóricos sobre a universidade empreendedora ....................................... 48 
Quadro 1.2: Prós e contras das colaborações U-E .................................................................... 66 
Quadro 2.1: Influências do contexto organizacional no modelo genérico de inovação ........... 73 
Quadro 2.2: Processos de Gestão da inovação ......................................................................... 77 
Quadro 2.3: Contexto organizacional para a inovação ............................................................. 78 
Quadro 2.4: Vantagens das diferentes formas de colaboração ............................................... 105 
Quadro 3.1: Órgãos centrais de apoio à inovação no Reino Unido apoiados pelo governo .. 140 
Quadro 3.2: Fundos governamentais de estímulo à inovação e ao empreendedorismo 
dedicados às universidades inglesas ....................................................................................... 167 
Quadro 3.3: Destaques do marco legal e políticas de inovação dos países estudados ........... 188 
Quadro 4.1: Delineamento da pesquisa .................................................................................. 191 
Quadro 4.2: Universidades e IGI selecionadas para o estudo de casos múltiplos .................. 193 
Quadro 4.3: As 20 melhores universidades da América Latina segundo QS University 
Rankings Latin America 2014 ................................................................................................ 194 
Quadro 4.4: Estrutura dos questionários aplicados nas IGI brasileiras .................................. 201 
Quadro 4.5: Estrutura dos questionários aplicados nas IGI internacionais ............................ 202 
Quadro 4.6: Panorama geral das seis universidades norte-americanas estudadas .................. 205 
Quadro 4.7: Modelos de gestão da inovação das universidades e de organização das IGI norte-
americanas .............................................................................................................................. 211 
Quadro 4.8: Estruturas e programas de estímulo ao empreendedorismo no MIT .................. 239 
Quadro 4.9: Programas de estímulo ao empreendedorismo e ao Desenvolvimento Regional do 
Georgia Tech ........................................................................................................................... 242 
Quadro 4.10: Iniciativas da U-M de estímulo a inovação e empreendedorismo para docentes e 
pesquisadores .......................................................................................................................... 244 
Quadro 4.11: Programas e Iniciativas da U-M de estímulo ao empreendedorismo para alunos
 ................................................................................................................................................ 246 
Quadro 4.12: Principais resultados em inovação das universidades norte-americanas estudadas
 ................................................................................................................................................ 250 
Quadro 4.13: Dados gerais da University of Cambridge ........................................................ 261 
Quadro 4.14: Principais resultados em inovação e empreendedorismo da CE ...................... 269 
Quadro 4.15: Dados gerais da The Hebrew University of Jerusalem (HUJ) .......................... 271 
Quadro 4.16: Principais resultados em inovação da Yissum .................................................. 276 
Quadro 4.17: Dados gerais da Pontifícia Universidad Católica de Chile (UCC) .................. 277 
Quadro 4.18: Principais resultados em inovação e empreendedorismo da UCC ................... 282 
Quadro 4.19 Panorama geral das universidades brasileiras estudadas ................................... 284 
Quadro 4.20: Visão geral dos modelos de gestão da inovação e organizacionais das 
instituições brasileiras estudadas ............................................................................................ 290 
Quadro 4.21: Principais resultados em inovação das universidades brasileiras estudadas .... 316 
Quadro 5.1: Principais fragilidades das universidades e IGI brasileiras estudadas................ 330 
Quadro 5.2: Principais fragilidades do SNI brasileiro que afetam a participação da 
universidade na inovação........................................................................................................ 335 
Quadro 5.4: Propostas para universidades e IGI brasileiras ................................................... 340 
Quadro 5.5: Propostas para o governo e formuladores de políticas de estímulo à inovação . 349 
 
 
 
 
 
Tabelas 
 
Tabela 3.1: Empresas criadas a partir de universidades no Reino Unido de 2012-2014 ........ 155 
Tabela 3.2: Alguns indicadores de ICT públicas e privadas 2012-2013................................. 185 
Tabela 4.1: Lista dos 10 principais depositantes de pedidos de patente no Brasil no período de 
2004 a 2008 ............................................................................................................................ 194 
Tabela 4.2: Spin-offs criadas por ano e total de spin-offs operacionais de universidades dos 
EUA, média dos valores de 2009-2013, ranking das 30 melhores ........................................ 196 
Tabela 4.3: Número de licenças gerando receitas, licenças ativas e licenças fechadas por ano 
de universidades dos EUA, média dos valores de 2009-2013, ranking das 30 melhores ...... 197 
Tabela 4.4: Número de pedidos de patentes depositados por ano, de universidades dos EUA, 
média dos valores de 2009-2013, ranking das 30 melhores ................................................... 198 
 
 
 
 
 
ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial 
ANPROTEC Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos 
Inovadores 
ATDC Advanced Technology Development Center 
AUSPIN Agência USP de Inovação 
AUTM Association of University Technology Managers 
BID Banco Interamericano de Desenvolvimento 
BIRD Binational Industrial Research and Development 
BRICS Acrônimo dos países membros fundadores do Grupo: Brasil, Rússia, 
Índia, China e África do Sul 
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior 
CENPES Centro de Pesquisas da Petrobrás 
CEPID Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão 
C&T Ciência e Tecnologia 
CI Comunicação de invenção 
CINDA Centro Interuniversitario de Desarrollo, Chile 
CNIC Consejo Nacional de Innovación para la Competitividad, Chile 
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científicoe Tecnológico 
COEPI Comissão Especial de Propriedade Intelectual da UFSCar 
CONICYT Comisión Nacional de Investigación Científica y Tecnología 
CONSU Conselho Universitário 
COPPE/ UFRJ Instituto Alberto Luiz de Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em 
Engenharia 
CORFO Corporación de Fomento e Producción 
CPPI Comissão Permanente de Propriedade Industrial da Unicamp 
CRIAR Coordenadoria de Relações Institucionais e Articulações com a Sociedade 
da UFRJ 
CT&I Ciência, Tecnologia e Inovação 
CTIT Coordenadoria de Transferência de Inovação Tecnológica da UFMG 
DBIS Department for Business, Innovation and Skills do Reino Unido 
DIC Division of Industrial Cooperation 
 
 
DPITT Divisão de Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia, UFRJ 
EAP Escritório de Assessoria à Projetos da UFRGS 
Edistec Escritório de Difusão de Tecnologia da Unicamp 
EI
2
 Enterprise Innovation Institute, Georgia Tech 
Embrapii Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial 
ENIAC Electronic Numerical Integrator Analyzer and Computer 
ETT Escritório de Transferência de Tecnologia 
FAI.UFSCar Fundação de Apoio Institucional ao Desenvolvimento Científico e 
Tecnológico da UFSCar 
FAPEMIG Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais 
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo 
FAURGS Fundação de Apoio da UFRGS 
FIEMG Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais 
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos 
FONTEC Fondo Nacional de Desarrollo Tecnológico 
FONDECYT Fondo Nacional de Desarrollo Científico y Tecnológico 
FONDEQUIP Fondo de Equipamiento Científico y Tecnológico 
FORMICT Formulário para Informações sobre a Política de Propriedade Intelectual 
das Instituições Científicas e Tecnológicas do Brasil 
FORTEC Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia 
Funcamp Fundação de Desenvolvimento da Unicamp 
FUNDEP Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa da UFMG 
FUNDEPAR Fundep Participações S.A. 
FORTEC Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia 
GEDI Global Entrepreneurship and Development Institute 
GII Global Innovation Index (Índice Global de Inovação) 
GRA Georgia Research Alliance 
GTRC Georgia Tech Research Corporation 
HEIF Higher Education Innovation Funding 
HUJ The Hebrew University of Jerusalem 
IA Inovação Aberta 
IAS Innovation Alliances and Services, da University of California 
ICT Instituição Científica e Tecnológica 
 
 
IGI Instituição de Gestão da Inovação 
II GM Segunda Guerra Mundial 
INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial 
IPP Instituição de Pesquisa Pública 
ITA Office of Innovation, Technology & Alliances da UCSF 
JV joint-ventures 
LPI Lei de Propriedade Industrial brasileira (Lei 9279/96) 
MBA Master of Business Administration 
MCTI Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação 
MIT Massachussets Institute of Technology 
MPE Micro e Pequenas Empresas 
NIH National Institutes of Health, Estados Unidos 
NIT Núcleo de Inovação Tecnológica 
NSF National Science Foundation, Estados Unidos 
OECD Organization for Economic Co-operation and Development 
OI Open Innovation 
OIE Office of Industry Engagement, Georgia Tech 
OSRD Office of Scientific Research and Development 
OTL Oficinas de Transferencia y Licenciamiento 
OTT Office of Technology Transfer 
OTRI Oficinas de Transferencia de Resultados de Investigación 
PCI Penn Center for Innovation, da University of Pennsylvania 
PCT Patent Cooperation Treaty (Tratado de Cooperação de Patentes) 
PCT Chile Programa de Ciência e Tecnologia do Chile 
PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação 
PDTA Programas de Desenvolvimento Industrial Agropecuário 
PDTI Programa de Desarrollo e Innovación Tecnológica 
P&D Pesquisa e Desenvolvimento 
PI Propriedade Intelectual 
PINTEC Pesquisa de Inovação elaborada pelo IBGE 
PITCE Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior 
RC Research Corporation 
SBIR Small Business Innovation Research, Estados Unidos 
http://en.wikipedia.org/wiki/Organisation_for_Economic_Co-operation_and_Development
 
 
SEDETEC Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico da UFRGRS 
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial 
SI Sistemas de Inovação 
SNI Sistemas Nacionais de Inovação 
STATT Statistics Access for Tech Transfer, base de dados da AUTM 
STTR Small Business Technology Transfer, fundo dos Estados Unidos 
THE The Times Higher Education World University Rankings 
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação 
TLO Technology Licensing Office, IGI do MIT 
TT Transferência de Tecnologia 
TTO Technology Transfer Office 
TVC Technology & Ventures Commercialization, IGI da University of Utah 
UCB University of California Berkeley 
UC University of California 
UCC Pontificia Universidad Católica de Chile 
UCLA University of California Los Angeles 
UCSF University of California San Francisco 
U-E Universidade-Empresa 
U-M University of Michigan 
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais 
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
UFRJ Universidade Federal do Rio De Janeiro 
UFSCar Universidade Federal de São Carlos 
UNESP Universidade Estadual Paulista 
Unicamp Universidade Estadual de Campinas 
USP Universidade de São Paulo 
UPenn University of Pennsylvania 
UU University of Utah 
WARF Wisconsin Alumni Research Fundation 
WIPO World Intellectual Property Organization 
 
 
19 
 
INTRODUÇÃO 
 
Just as castles provided the source of strength for medieval towns, and 
factories provided prosperity in the industrial age, universities are the 
source of strength in the knowledge-based economy of the twenty-first 
century. 
(Lord Dearing
1
, 2002) 
 
Diversas iniciativas têm sido promovidas para estimular a apropriação de novos 
conhecimentos e a interação entre os distintos atores envolvidos na concepção e difusão de 
inovações. A capacidade de um país gerar riqueza e alcançar um desenvolvimento sustentável 
está, cada vez mais, relacionada à sua competência em converter ciência e tecnologia em 
inovação, e essa capacidade depende da atuação e da interação de múltiplos agentes 
institucionais, destacadamente empresas, universidades e governo. Com a evolução da 
compreensão do progresso técnico e institucional, ganha realce a relação entre inovação e 
desenvolvimento econômico. Nesse cenário, a tradicional visão linear do processo de 
inovação tem sido fortemente colocada à prova e substituída por modelos mais interativos, 
que apresentam a inovação como um sistema em que concorrem diversos atores, fontes de 
conhecimentos e fluxos retro alimentadores entre as dimensões científicas e tecnológicas que 
asseguram o trânsito de informação e conhecimentos nos dois sentidos (FREEMAN, 1988; 
LUNDVALL, 1992; NELSON, 1993; CASSIOLATO; LASTRES, 2005; COHEN et al., 2002; 
LAURSEN; SALTER, 2006; PERKMANN; WALSH, 2007; QUADROS, 2008; SUZIGAN et 
al., 2011). 
Uma das ações centrais da política científica e tecnológica de diversos países tem 
sido o estímulo à criação de um círculo virtuoso de troca de conhecimento entre empresas e 
instituições de pesquisa públicas e privadas. Marcadamente a partir dos anos 1980, a partir da 
melhor compreensão da dinâmica interativa dos sistemas nacionais de inovação (SNI). 
Governos promovem reformas com o intuito de mobilizar as instituições públicas de pesquisa 
a contribuir de modo mais amplo com os esforços de estímulo à inovação. Paralelamente, têm 
buscado formas de incrementar a absorção pelo setor industrial do conhecimento gerado 
nessas instituições (PACHECO, 2006; KENNEY; MOWERY, 2014). 
Uma instituição que tem recebido grande atenção de políticas de inovação é a 
universidade. Grande parte dos avanços tecnológicos que tiveram impacto econômico 
 
1
 Lord Dearing foi o quinto Chancellor da University of Nottingham e autor do Dearing Report sobre ensino 
superiorno Reino Unido. 
20 
 
expressivo está relacionada direta ou indiretamente a essa instituição, seja por meio da oferta 
de treinamento, trocas de conhecimentos, pesquisas desenvolvidas, ou parcerias com 
empresas que permitiram o desenvolvimento conjunto de novas tecnologias (YUSUF, 2007; 
KENNEY; MOWERY, 2014). Grandes inovações tecnológicas como a tecnologia de DNA 
recombinante, o Global Positioning System (GPS), a tecnologia MP3 e a tecnologia de 
reconhecimento de voz Siri lançada pela Apple são exemplos dos resultados de pesquisas 
realizadas em universidades e institutos de pesquisa públicos que chegaram até à sociedade 
por meio da interação com empresas (OECD, 2013). O papel singular das universidades na 
pesquisa e na formação de profissionais na fronteira do conhecimento científico faz delas uma 
fonte valiosa de conhecimentos e tecnologias. As várias atividades que as universidades 
exercem e que são relevantes para a inovação se ampliam continuamente (YUSUF, 2007; 
KENNEY; MOWERY, 2014). 
Dos três papéis básicos das universidades, o ensino e a pesquisa são comumente 
referenciados como a primeira e a segunda missão, respectivamente. As atividades de 
extensão ou serviço à sociedade envolvem tradicionalmente a difusão do conhecimento e 
relacionamentos com públicos externos – por meio de prestação de serviços, cursos de 
especialização, dentre outras ações –, e ampliaram-se expressivamente nas últimas três 
décadas, passando a abarcar também atividades voltadas à promoção da inovação e do 
empreendedorismo de base tecnológica, passando a ser comumente referenciadas como a 
terceira missão das universidades (PEDROSA, 2014). Essa missão – que complementa e 
retroalimenta as missões de ensino e pesquisa – transcende as atividades típicas da extensão 
universitária e requer uma ação mais ampla de inserção e interação com a sociedade. A 
Universidade do século XXI enfrenta os desafios de integrar novos elementos sem 
comprometer sua autonomia e de transformar a excelência acadêmica em benefícios mais 
abrangentes e relevantes para a sociedade (BALBACHEVSKY, 2011). 
Apesar de serem reconhecidas como importantes produtoras de novos 
conhecimentos, as universidades ainda são pouco utilizadas pelas empresas como fonte de 
inovação (COHEN et al., 2002; LAURSEN; SALTER, 2004). Do ponto de vista dos 
profissionais de empresas, fatores como redução de riscos, incertezas e custos das atividades 
de P&D, bem como acesso a conhecimento de ponta em diversas áreas, servem de estímulo 
para avaliar parcerias estratégicas com universidades. Do ponto de vista dos pesquisadores de 
universidades, a possibilidade de testar suas pesquisas em campo e o acesso a recursos 
adicionais para suas agendas e melhoria de infraestrutura são motivadores para a interação 
21 
 
com empresas. As interações empresas, universidades e o governo não só viabilizam como 
potencializam a inovação, em face da complexidade, dos altos custos e riscos associados ao 
processo inovativo (PORTO; BARONI, 2013). Contudo, concretizar com êxito essas parcerias 
não é trivial, uma vez que a cooperação universidade-empresa (U-E) requer mudanças em 
seus modelos institucionais e gerenciais, e a superação de diversos desafios estratégicos, 
culturais e organizacionais (COHEN et al., 2002). Essas dificuldades se tornam ainda mais 
evidentes em países como o Brasil, no qual a fragilidade dessas interações se deve em grande 
parte à criação tardia das universidades e da industrialização no país (SUZIGAN et al., 2011). 
Geração e aplicação de conhecimento não são necessariamente sequenciais, e 
estudos mostram que as melhores instituições científicas são as que conseguem realiza-los 
eficientemente (BOTELHO; ALVES, 2011). Em nações desenvolvidas, parte importante da 
pesquisa e do desenvolvimento tecnológico é realizada em empresas, bem como em 
instituições de pesquisa. No contexto dos países da América Latina, uma das características 
estruturais é que a pesquisa básica, grande parte da pesquisa tecnológica e das atividades de 
inovação se desenvolvem eminentemente nas universidades públicas (SUTZ, 2000; SPATH, 
1993; BOTELHO; ALVES, 2011). Como exemplo, os maiores depositantes de patentes junto 
ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), residentes no país são as universidades 
e as agências de fomento, e não as empresas, como em nações desenvolvidas (BRITO CRUZ, 
2014). Nos países em desenvolvimento, com seus SNI em estágio incipiente de construção 
devido ao patamar de desenvolvimento de suas economias e instituições, a infraestrutura 
científica exerce papel central, e constitui um importante instrumento de suporte ao 
desenvolvimento industrial: fornece os conhecimentos vitais para o país transformar setores 
produtivos atuais e desenvolver novos setores de caráter estratégico (SUZIGAN et al., 2011). 
Nas últimas décadas, o Brasil empreendeu esforços no aprimoramento de suas 
competências científicas e tecnológicas, agregando um conjunto de instituições relevantes 
para o SNI, com universidades de excelência, grande número de doutores formados 
anualmente e diversos planos governamentais de estímulo à inovação nas empresas 
(PEDROSA; QUEIROZ, 2014). Governos nacional e regionais, instituições e vários grupos 
da sociedade têm se mobilizado e buscado impulsionar a inovação, que na última década 
entrou decisivamente nas agendas das políticas de economia, ciência e tecnologia, e industrial 
(BOTELHO, 2011). As políticas de apoio à inovação no Brasil têm sido aprimoradas e 
importantes progressos já foram alcançados com a criação dos Fundos Setoriais, da Lei de 
Inovação, da Lei do Bem e com a definição de linhas de financiamento à inovação nas 
22 
 
agências públicas. O antigo Ministério de Ciência e Tecnologia teve seu nome alterado para 
Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), evidenciando a incorporação do tema à 
sua agenda. Merecem destaque outras iniciativas recentes como o plano Inova Empresa, a 
Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), o programa Finep 30 dias, e 
os Institutos SENAI de Inovação. 
Em que pese o progresso já obtido com o marco legal de estímulo à inovação, 
cujo eixo é a Lei de Inovação (Lei N
o
 10973/2004) e seu decreto de regulamentação (Decreto 
N
o
 5563/2005) e a Lei do Bem (Lei N
o
 11196/2005), os resultados em inovação tecnológica 
ainda são fracos. A própria Lei de Inovação, embora constitua um avanço expressivo para 
fomentar a atividade no país, possui entraves importantes ainda não solucionados, mesmo 
após 10 anos de sua promulgação. O Brasil ainda se encontra em posição desfavorável em 
relação ao desempenho global e ao volume de recursos destinados ao desenvolvimento 
científico e tecnológico. Os resultados alcançados pela implementação do marco legal de 
estímulo à inovação são limitados especialmente porque não tratou das incertezas e restrições 
jurídicas, que dificultam a interação entre as instituições públicas de pesquisa e o setor 
privado (BALBACHEVSKY, 2010; BOTELHO; BUENO, 2008). O próprio texto original do 
projeto de Lei N
o 
2177 de 2011 (BRASIL, 2011) reconhece que o Brasil não tem sido eficaz 
na promoção do desenvolvimento econômico e social. 
O país está em posição desvantajosa não somente em relação às economias 
avançadas, mas também em relação a algumas em desenvolvimento. No Global Innovation 
Index (Índice Global de Inovação – GII) de 2014, o Brasil ocupa o 61º lugar no mundo e 
quinto entre países da América Latina e Caribe (CORNELL UNIVERSITY; INSEAD; WIPO, 
2014). O dispêndio em atividades de P&D em relação ao produto interno bruto (PIB) 
permaneceu relativamente estável na última década, passando de 1,02% em 2000 para 1,24% 
em 2013 que, segundo Kupfer (2013), é inferior ao de países avançados que têm a média de 
investimento de 2,4% do PIB, ao de outros BRICS e ao de economias de menor dimensão 
como Itália, Espanha,Coreia do Sul e Portugal. Segundo a Pesquisa de Inovação (PINTEC) 
de 2011, o número de empresas brasileiras que investiu em inovação no período reduziu para 
35,6% do universo pesquisado, em comparação com 38,1% da PINTEC de 2008. Os 
investimentos em inovação em 2011 chegaram a R$ 64,9 bilhões, atingindo a média de 2,56% 
da receita líquida das empresas. A compra de máquinas e equipamentos permanece 
concentrando a maior parte dos investimentos em inovação feitos pela indústria, 1,11% da 
receita líquida, seguida pelo investimento em atividades internas de P&D, que totalizou 
http://www.wipo.int/export/sites/www/freepublications/en/economics/gii/gii_2013.pdf
23 
 
0,71% da receita líquida, enquanto a aquisição externa de P&D e a introdução de inovações 
tecnológicas no mercado ficaram, cada uma, com apenas 0,11% da receita líquida (IBGE, 
2013). Para Kupfer (2013), os dados das PINTEC anteriores revelavam um panorama da 
indústria brasileira comparável ao da francesa e da espanhola; já a PINTEC 2011 revela um 
panorama mais próximo ao da indústria de economias com a da Turquia. Segundo Pedrosa 
(2014), o reduzido nível de inovação no país parece estar relacionado em grande parte ao 
limitado interesse ou capacidade do setor produtivo de investir em atividades de P&D e ao 
ambiente institucional de estímulo à inovação, que ainda tem avançado vagarosamente. 
Nesse contexto, torna-se premente uma reflexão sobre as principais barreiras à 
promoção da inovação no país e sobre a atuação dos três grandes atores envolvidos – 
empresas, universidades e institutos de pesquisa e governo –, com enfoque especial para as 
universidades, nas quais se concentra a maior parte da competência e das atividades nacionais 
de geração de novos conhecimentos científicos e tecnológicos do Brasil. Uma das propostas 
centrais deste trabalho é contribuir para o debate e oferecer soluções para obstáculos e 
desafios do SNI brasileiro quanto à contribuição da universidade, com propostas para agentes 
governamentais formuladores de políticas de estímulo à CT&I. Para isso é mais que 
necessária uma avaliação da forma como essas instituições têm se organizado e estruturado no 
sentido de incrementar sua participação na inovação. 
Nas últimas três décadas, universidades em todo o mundo têm se estruturado e 
evoluído para atuar de forma efetiva nos SNI, enquanto as universidades brasileiras passaram 
a lidar com esse novo desafio mais intensamente na última década. As universidades públicas 
brasileiras viram-se compelidas a elaborar ou atualizar – a partir da Lei de Inovação – normas 
e políticas internas para organização e efetivação de uma capacidade de proteção e gestão de 
sua propriedade intelectual, bem como a estabelecer instâncias administrativas e 
procedimentos para sua transferência, negociação e licenciamento, com base no disposto na 
nova legislação. Conforme o art.16 da referida Lei, cada Instituição Científica e Tecnológica 
(ICT) “[...] deverá dispor de núcleo de inovação tecnológica próprio ou em associação com 
outras ICT, com a finalidade de gerir sua política de inovação”. 
Para a universidade poder contribuir com o SNI de forma efetiva e abrangente, é 
fundamental o desenvolvimento e a incorporação de novas competências e funções distintas 
das relacionadas ao ensino e à pesquisa. São também elementos pertinentes ao papel da 
universidade nos SNI, associados às missões de formação de recursos humanos e de produção 
e difusão de conhecimentos: a gestão da propriedade intelectual (proteção dos resultados das 
24 
 
pesquisas desenvolvidas por membros de sua comunidade docente, discente e técnica); a 
transferência de propriedade intelectual e do know-how desenvolvido pela universidade para 
empresas existentes ou para formação de novas; a gestão das interações U-E em inovação, que 
envolve os projetos de pesquisa e desenvolvimento colaborativos com empresas, consultorias 
acadêmicas e prestação de serviços tecnológicos; o estímulo e o apoio ao empreendedorismo 
(SIEGEL et al. 2003a,b, 2007; LOCKET et al. 2005; GRIMALDI et al. 2011). 
Diversos estudos consideram que há maior probabilidade de se explorar melhor 
certas tecnologias universitárias via licenciamento para formação de spin-offs
2
 (WRIGHT et 
al., 2008; HUYGHE et al. 2014). Há evidências de que as Spin-offs universitárias têm maior 
taxa de sucesso que outras start-ups (LAWTON SMITH; HO, 2006; AUTM, 2014), e como 
tendem a permanecer na região da universidade que licenciou a patente, geram impactos 
significativos na economia local (SHANE, 2004; LAWTON SMITH; HO, 2006; AUTM, 
2014). Em face da limitada participação das empresas existentes no Brasil em atividades 
inovativas, o estabelecimento de condições favoráveis para a criação de novos 
empreendimentos pode ser uma forma de incrementar investimentos privados em P&D e de 
levar mais tecnologias universitárias ao mercado. Além disso, uma vez que os resultados de 
pesquisas universitárias se encontram, em geral, em estado incipiente de desenvolvimento, a 
realização de desenvolvimento complementar e prova de conceito
3
 da tecnologia por uma 
empresa spin-off é uma forma de reduzir seu risco e acelerar a sua disponibilização no 
mercado. 
O escritório de transferência de tecnologia (ETT) ou núcleo de inovação 
tecnológica (NIT)
4
 tem constituído uma experiência amplamente difundida 
internacionalmente, com a missão central de promover a proteção e transferência para 
 
2 Conforme será discutido no Capítulo 2, neste trabalho adota-se a definição de spin-offs de Wright et al. (2008, 
p.1207): "spin-offs são novos empreendimentos dependentes de licenciamento ou cessão de propriedade 
intelectual de uma instituição para a sua criação”. 
3
 Tecnologias que ainda não possuem prova de conceito estão em estágio de desenvolvimento inicial, consistindo 
em uma ideia, que pode funcionar na prática, mas não tem ainda testes suficientes que validem seu conceito. 
Dependendo do tipo de tecnologia, só foram feitos testes preliminares de bancada. O próximo estágio de 
desenvolvimento é a prova de conceito, na qual testes adicionais foram feitos para a validação de sua aplicação 
(MARKMAN et al., 2005). Segundo a National Science Foundation (NSF), projetos voltados à prova de 
conceito tem por objetivo validar o uso de uma tecnologia no contexto de uma aplicação comercial específica. 
4
 Nos Estados Unidos e na Europa, os termos Technology Transfer Offices – TTO, Office of Technology Transfer 
– OTT e/ou variações destes como OTL – Office of Technology Licensing, abrangem diferentes tipos de 
organizações. Em geral, referem-se a escritórios atuantes na área de transferência de tecnologia de universidades 
ou laboratórios de pesquisas, cuja estrutura pode variar desde repartições exclusivas ligadas às administrações 
gerais das organizações até escritórios semiautônomos ou empresas de propriedade da instituição de pesquisa. 
No Brasil, a denominação dessas instituições padronizada pela Lei de Inovação federal e pelas Leis Estaduais é 
Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT). 
25 
 
empresas do conhecimento gerado nas universidades. No Brasil, apesar de a Lei de Inovação 
ter padronizado a denominação destas instituições como NIT, comumente encontram-se 
designações como Agências de Inovação, Coordenadorias e Secretarias, especialmente as que 
já tinham sido criadas antes da promulgação dessa Lei. No exterior, além da diversidade ainda 
maior de nomeação, vinculação e escopo de atuação, há também a diversidade de natureza 
jurídica. Assim, como há diversas denominações e distintos escopos de atuação, para facilitar 
a identificação destas estruturas importantes para a gestão da inovação e do 
empreendedorismo de base tecnológica em universidades, que constituem a unidade de 
análise desta pesquisa, será adotada neste trabalho a denominação geral de Instituições de 
Gestãoda Inovação (IGI). 
De modo a aprimorar a gestão da inovação na universidade, uma das proposições 
deste trabalho é que as IGI não se limitem à gestão da proteção e da transferência de 
tecnologias resultantes de suas pesquisas, mas atuem também na gestão das demais iniciativas 
de estímulo à inovação e ao empreendedorismo como a articulação de interações com 
empresas por meio de projetos colaborativos de pesquisa, desenvolvimento e inovação 
(PD&I), a gestão de iniciativas de empreendedorismo tecnológico (como o impulso à criação 
de spin-offs, a gestão de parques científicos e tecnológicos, incubadoras, pré-incubação e 
aceleração de empreendimentos de base tecnológica) e no apoio às iniciativas de ensino e 
capacitação em inovação e empreendedorismo tecnológico realizadas pela universidade, 
atuando, inclusive, como um “laboratório” da universidade para capacitar alunos com maior 
entendimento de inovações e empreendimentos gerados a partir dos resultados das atividades 
inventivas do corpo docente e discente. Nesse sentido, uma das hipóteses da presente tese é 
que universidades de países com SNI em estágio intermediário de construção devem 
centralizar a gestão das grandes atividades da sua participação na inovação em uma IGI. 
Os modelo de gestão da inovação em universidades detalhados no Capítulo 2 
podem ser resumidos em três: 1) centralizado, no qual a gestão dos grandes grupos de 
atividades relacionadas à participação da universidade na inovação e no empreendedorismo 
acadêmico serão geridos pela IGI; 2) descentralizado – no qual a gestão dos grandes grupos 
de atividades relacionadas à participação da universidade é realizada em partes pela IGI e em 
partes por outras instituições da universidade, autonomamente, sem coordenação com a IGI; 
3) híbrido – a IGI centraliza a gestão da maior parte dos grupos de atividades e compartilha 
com outra instituição da universidade (fundação ou gestores de parque e/ou incubadora, por 
exemplo) a atuação em um destes elementos, mas com algum grau de coordenação e 
26 
 
interação, e no qual a IGI tem um papel de destaque na gestão e decisões estratégicas sobre a 
maior parte dos elementos relacionados à participação da universidade em inovação. 
Além do modelo geral adotado pela universidade, é importante analisar também 
os modelos de organização adotados pela IGI, cujas possibilidades são as mesmas, mas com 
concepções distintas: 1) centralizada – apenas uma unidade funcional, com poder decisório 
centralizado em um pequeno grupo, sem escritórios satélites e/ou autônomos em unidades ou 
outros campi; 2) descentralizada – comum em grandes universidades com múltiplos campi, 
com um escritório central e outros alocados em distintos campi e com autonomia, de modo 
que o escritório possui pouco poder decisório e 3) híbrida – a IGI tem um escritório central 
forte, responsável pelas decisões estratégicas e pela maior parte de suas atividades, mas possui 
agentes ou escritórios alocados próximo a unidades ou faculdades da universidade, de modo a 
estreitar relações com grupos de pesquisa mais atuantes. Essas duas classificações – dos 
modelos de gestão da universidade e da IGI – são propostas no item 2.2.6 desta tese, com base 
nos trabalhos de Huyghe et al. (2014), Axanova (2012), e Markman et al. (2005). 
Apesar de constituírem referência importante a ser estudada e discutida sabe-se 
que não é possível transpor diretamente esses modelos de experiências de êxito internacionais 
para o Brasil. Segundo Lemos (2011), as melhores práticas tendem a ser únicas e originais, 
estando intrinsecamente relacionadas à identidade da organização. Assim, é preciso identificar 
pontos de sinergia, adaptá-los às especificidades do sistema nacional de inovação e às 
características próprias da universidade brasileira, construindo um conjunto de orientações 
que inspire cada instituição a evoluir e se diferenciar em seu caminho específico. Essa 
adaptação está relacionada ao objetivo central desta tese que é propor diretrizes para a 
melhoria de modelos de gestão da inovação de universidades brasileiras e sugestões para a 
modernização de políticas e marcos legais nacionais de estímulo a ciência, tecnologia e 
inovação, de modo a contribuir para a criação de um ambiente mais propício à promoção da 
inovação no Brasil. Tais diretrizes e sugestões baseiam-se no estudo de experiências 
internacionais e nacionais virtuosas
5
, nas últimas três décadas, e nas particularidades do 
sistema nacional de inovação brasileiro. 
O objetivo geral detalha-se nos seguintes objetivos específicos: i) contextualizar o 
papel mais abrangente das universidades no sistema nacional de inovação; ii) caracterizar as 
 
5
 Neste trabalho, entende-se que uma experiência virtuosa é aquela que possui características e resultados 
distintos em alguma área ou elemento da gestão da inovação em universidades, apresentando formas diferentes e 
eficazes de cumprir seus objetivos. 
27 
 
mudanças nas políticas e no marco legal de estímulo à inovação nos países selecionados para 
estudo – Brasil, Chile, Estados Unidos, Israel e Reino Unido –, bem como seus principais 
impactos nas universidades – notadamente a partir da década de 1980; iii) identificar as 
principais barreiras e limitações para a promoção da inovação ainda existentes no Brasil, com 
destaque para as relacionadas ao marco legal, às políticas, à governança, aos instrumentos e à 
infraestrutura; iv) analisar as práticas, os modelos, a governança e os principais resultados em 
inovação obtidos e as principais características de dezesseis IGI
6
 dedicadas à gestão da 
inovação de universidades do Brasil e de países com experiências referenciadas como 
virtuosas: Georgia Technology Institute (Georgia Tech), Hebrew University of Jerusalém 
(HUJ), Massachusetts Institute of Technology (MIT), Pontificia Universidad Católica de 
Chile (UCC), University of California (UC), University of Cambridge (Cambridge), 
University of Michigan (U-M), University of Pennsylvania (UPenn), University of Utah (UU), 
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (UNESP), 
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Rio Grande do Sul 
(UFRGS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de São 
Carlos (UFSCar) e Universidade de São Paulo (USP). 
Nesse contexto, são questões desta pesquisa: i) qual é o papel da universidade no 
SNI do Brasil?; ii) qual é o papel da universidade na criação e na evolução das IGI?; iii) como 
as IGI brasileiras se estruturaram e quais as principais limitações à sua evolução?; iv) que 
políticas, marco legal, modelos de gestão e governança são necessários para que as 
universidades brasileiras possam participar mais efetivamente da inovação no país? 
A partir dessas questões de pesquisa, foram construídas as seguintes hipóteses: i) 
o modelo centralizado de gestão da inovação associado a um modelo organizacional da IGI 
centralizado ou híbrido é o mais adequado para as universidades brasileiras; ii) o modelo 
jurídico-institucional e de gestão das IGI brasileiras, a falta de financiamento dedicado às IGI 
e a ausência de um plano de carreiras específico para a inovação nas universidades são 
grandes entraves à sua evolução; iii) o estímulo ao licenciamento de tecnologias universitárias 
para a formação de empresas spin-offs é uma das prioridades das experiências virtuosas 
internacionais de gestão da inovação em universidades; iv) as restrições na legislação 
brasileira, nas políticas universitárias, estruturas e modelos das IGI brasileiras fazem com que 
a atividade de criação de spin-offs não seja priorizada na maioria das universidades do país. 
 
6
 Os critérios de escolha dessas instituições selecionadas para estudo encontram-se no item 4.2 desta tese. 
28Esta tese está organizada em cinco capítulos, além desta introdução e das 
conclusões. A ordem de apresentação reflete a progressão e o encadeamento da análise que 
este trabalho se propõe. O Capítulo 1 discute o novo posicionamento das universidades nos 
sistemas de inovação, reproduzindo o debate sobre as principais mudanças promovidas nas 
últimas três décadas e as diferentes visões sobre a real contribuição da universidade para a 
inovação, em consonância com suas tradicionais missões de ensino e pesquisa. Dentro do 
escopo da tese, esse capítulo tem as seguintes funções: i) situar o objeto em estudo e o marco 
teórico que embasa o trabalho de pesquisa; ii) fazer uma revisão da literatura recente sobre a 
evolução das ideias de inovação e progresso técnico, sistemas de inovação, o papel das 
universidades no sistema de inovação, a evolução das missões da universidade e a cooperação 
tecnológica U-E. O objetivo do Capítulo 2 é debater a evolução nos modelos de gestão da 
inovação, com enfoque na gestão da inovação em universidades, visto que ainda há poucos 
trabalhos na literatura com esse enfoque. Serão explorados nesse capítulo a gestão da 
inovação em organizações, a inovação aberta, os elementos-chave que compõem a gestão da 
inovação em universidades, e será proposta uma classificação para os modelos de gestão da 
inovação em universidades. 
O objetivo do Capítulo 3 é contextualizar a evolução das políticas, do marco legal 
e dos mecanismos de estímulo à inovação em países avançados e países em desenvolvimento 
selecionados para estudo: Brasil, Chile, Estados Unidos, Reino Unido e Israel. A análise 
mostra como a construção de um arcabouço legal e institucional na área de desenvolvimento 
científico e tecnológico, associada à adoção de medidas de incentivo à inovação, pode 
estimular o desenvolvimento do país, e são discutidos os impactos dessas políticas e das 
consequentes mudanças no marco legal para as universidades. Dessa forma, são objetivos 
deste capítulo: i) complementar as discussões teóricas dos Capítulos 1 e 2, para fundamentar 
as hipóteses principais do trabalho; ii) possibilitar um aprendizado sobre os sistemas de 
inovação, políticas e marco legal de estímulo à inovação dos países em estudo; iii) auxiliar a 
análise do caso brasileiro e v) extrair elementos para construir as propostas para formuladores 
e gestores de políticas de apoio à inovação no Brasil, com base no estudo dos países 
selecionados, a serem apresentadas no Capítulo 5. 
O Capítulo 4 apresenta as boas práticas de contribuição da universidade para os 
sistemas de inovação de instituições selecionadas nos países estudados, por meio de estudos 
de caso elaborados com base nas informações coletadas de fontes primárias (questionários 
elaborados pela autora e distribuídos para gestores de IGI, entrevistas semiestruturadas 
29 
 
complementares e observações participantes) e secundárias (artigos, relatórios de atividades, 
informações publicadas pelas IGI, informações de associações como a Association of 
University Managers - AUTM, da Praxis Unico, do Fórum de Gestores de Transferência de 
Tecnologia - FORTEC, entre outros). Dessa forma, são objetivos deste capítulo: i) descrever a 
metodologia de pesquisa adotada; ii) apresentar os estudos de caso da gestão da inovação nas 
universidades selecionadas no exterior (9) e no Brasil (7); iii) extrair elementos para a 
formulação das recomendações de aprimoramento da gestão da inovação para profissionais de 
universidades e de IGI brasileiras, descritas no Capítulo 5. 
As propostas para melhoria dos modelos de gestão da inovação e de políticas de 
inovação da universidade, bem como sugestões de melhorias na legislação e nas políticas 
públicas brasileiras de apoio à inovação, encontram-se no Capítulo 5 deste trabalho, cuja 
função encerra o objetivo central da tese, identificando as lacunas de estímulo à inovação nas 
esferas institucionais (políticas e modelos de gestão da inovação das universidades) e 
governamentais (marco legal, estruturais) e apresentando sugestões para seu aprimoramento. 
Espera-se que a tese contribua, portanto, orientando profissionais envolvidos com 
os esforços de melhoria de IGI, e pesquisadores da área de inovação, em estudos sobre a 
participação da universidade na inovação e no empreendedorismo, além da transferência de 
tecnologias acadêmicas. Os governos também podem se apropriar das discussões aqui 
realizadas para refletir sobre suas políticas em prol da inovação e da relação U-E. Também as 
empresas podem encontrar aqui um panorama sobre a estrutura e o papel das IGI e das 
universidades no SNI, favorecendo seu estreitamento com esse ator para a promoção da 
inovação empresarial. 
 
30 
 
CAPÍTULO 1 – A Universidade e a Inovação 
 
Although there is much good collaborative work underway already, there is 
more to be done. Universities will have to get better at identifying their areas 
of competitive strength in research. Government will have to do more to 
support business-university collaboration. Business will have to learn how to 
exploit the innovative ideas that are being developed in the university sector. 
(LAMBERT, 2003, p.2) 
 
Introdução 
 
Este capítulo discute, principalmente, o novo posicionamento das universidades 
nos sistemas de inovação a partir da década de 1980. O objetivo central é sintetizar os 
elementos e conceitos que auxiliam na compreensão dos sistemas de inovação, dos papéis 
tradicionais da universidade na sociedade e dos papéis ampliados que ela tem sido instada a 
exercer nos sistemas de inovação, mais expressivamente nas últimas três décadas. 
A compreensão do processo de inovação avançou muito a partir desse período. 
Passou-se a entender o caráter sistêmico, interativo e não-linear da inovação; ampliou-se a 
classificação das inovações além de incrementais e radicais, abarcando também as inovações 
organizacionais, bem como destacou-se a relevância da contribuição e interação das variadas 
fontes de inovação internas e externas à firma. O conceito de sistemas de inovação (SI) foi 
concebido nesse período, no momento em que se difundia a ideia da aceleração da 
globalização e as especulações sobre a possibilidade do tecnoglobalismo. Defendendo que 
“[...] a capacidade inovativa de um país ou região é vista como resultado das relações entre os 
atores econômicos, políticos e sociais, e reflete condições culturais e institucionais próprias” 
(CASSIOLATO; LASTRES, 2005, p.37), a abordagem dos SI enfatiza o caráter local e 
nacional da inovação e, simultaneamente, enfraquece a hipótese de tecnoglobalismo. Entende-
se, assim, que cada empresa, região e/ou nação possui uma estratégia de desenvolvimento 
tecnológico específica, uma vez que estão inseridas em contextos econômicos, políticos e 
sociais específicos, e cada estratégia deve ser definida respeitando-se as particularidades 
desses contextos. 
A partir desse mesmo período, as universidades passaram a ser solicitadas a 
contribuir mais diretamente e significativamente para o desenvolvimento econômico local e 
nacional. Essa convocação que provocou novas discussões associadas tanto às contribuições 
que as universidades de fato trazem à sociedade quanto aos impactos e às transformações que 
31 
 
se engendram na missão e na atuação da universidade a partir dessa demanda de contribuição 
mais significativa para o desenvolvimento econômico local e nacional. 
Tradicionalmente, as universidades já possuem papel relevante nos sistemas 
nacionais e locais de inovação, atuando como formadoras de recursos humanos qualificados e 
produtoras de conhecimentos científicos importantes para o desenvolvimento tecnológico. 
Nas últimas três décadas, com a percepção de que sua missão pode ser mais abrangente do 
que a produção e a disseminação do conhecimento e das atividades tradicionais de extensão 
universitária, as universidades passam a exercer umpapel mais proativo nos sistemas de 
inovação, ampliando as formas de atender às demandas da sociedade sem comprometer os 
valores acadêmicos. Nesse sentido, parcerias público-privadas em P&D têm sido incentivadas 
e fortalecidas, uma vez que a cooperação entre esses atores, em uma perspectiva sistêmica da 
inovação, torna-se relevante para a competitividade das empresas e da nação. A intensificação 
do estímulo à cooperação com as empresas tem provocado expressivas transformações 
estruturais nas ICT. 
Dentro dessa perspectiva, este capítulo, composto de quatro seções, inicia-se com 
a discussão das mudanças no entendimento do processo de inovação ocorridas nas últimas 
décadas, apresentada na primeira seção a partir da definição de conceitos como inovação e 
progresso técnico, fundamentais para este trabalho, e, discutindo modelos interpretativos do 
processo de inovação como o modelo linear e os modelos interativos. A segunda seção discute 
a abordagem de sistemas de inovação, outro corpo de conhecimento fundamental para esta 
tese. Na terceira seção, é contextualizada a evolução histórica das missões da universidade até 
chegar no debate do novo papel da universidade nos SI, denominado por muitos autores como 
a terceira missão da universidade da universidade. Finaliza-se o capítulo com algumas 
considerações teóricas sobre a interação da universidade com empresas em inovação, que é 
um elemento importante da sua terceira missão. 
 
1.1. Avanço na Compreensão da Inovação 
 
O debate sobre a inovação – sua natureza, suas características e fontes – com o 
objetivo de buscar uma maior compreensão do seu papel no desenvolvimento econômico tem 
se intensificado nas últimas décadas, destacando-se como grande divisor a contribuição de 
Joseph Schumpeter, na primeira metade do século XX, que tornou evidente a importância das 
inovações no desenvolvimento de empresas e da economia (SCHUMPETER, 1982; LEMOS, 
32 
 
1999; NIOSI et al., 1993; CASSIOLATO; LASTRES, 2005). Referência notória no estudo do 
processo de inovação, Schumpeter a entendia como uma nova combinação de recursos 
produtivos e defendia que o desenvolvimento econômico é direcionado pela inovação por 
meio de uma dinâmica em que as novas tecnologias substituem as antigas, em um processo 
que ele chamou de “destruição criadora”. 
Para Dosi (1982), o processo inovativo é moldado pela influência mútua de 
fatores institucionais e econômicos. Kline e Rosenberg (1986) enxergaram a inovação como 
um processo interativo, envolvendo o relacionamento entre diferentes atores. Cohen e 
Levinthal (1990) a descreveram como um processo diversificado de aprendizado, que pode 
ocorrer por meio do uso ou compartilhamento de fontes internas ou externas de conhecimento 
e da capacidade de absorção das firmas. Patel e Pavitt (1994) contemplaram a inovação como 
um processo envolvendo a troca de conhecimentos codificados e tácitos. Edquisit (1997) a 
interpretou como o resultado de processos interativos e cumulativos de aprendizado, no qual 
conhecimentos existentes são combinados de novas formas ou novos conhecimentos são 
gerados por meio da interação entre instituições diversas. O manual de Oslo (2005) contribuiu 
com uma visão mais holística da inovação. Nos próximos parágrafos será detalhada a 
evolução no entendimento da inovação promovida nas últimas cinco décadas. 
A visão linear do processo de inovação foi estabelecida, notadamente, a partir do 
modelo de desenvolvimento científico e tecnológico introduzido pelo relatório Science, the 
Endless Frontier7
 
de Vannevar Bush, em 19458, que ficou conhecido como o “modelo linear 
de inovação”. Esse modelo institucionalizou a crença – ainda existente na comunidade 
científica e no governo de algumas nações – de que conhecimento e uso são objetivos de 
pesquisa conflitantes e que a pesquisa básica e pesquisa aplicada são categorias distintas. 
O modelo linear compreende a inovação como um processo sequencial, em que 
novos conhecimentos advindos da pesquisa básica levariam a processos de invenção que 
seriam seguidos por atividades de pesquisa aplicada e desenvolvimento, resultando na 
produção e introdução de produtos e processos no mercado. Pressupõe, entre outras coisas, a 
separação institucional entre a pesquisa básica (realizada por universidades e institutos de 
 
7
 Bush, V. Science, the Endless Frontier: a report to the president on a program for postwar scientific research. 
Washington: NSF, 1945. 
8
 Em 1944, o então Presidente dos EUA Franklin Roosevelt pediu ao seu diretor do Office of Scientific Research 
and Development, Vannevar Bush, um relatório sobre o papel da ciência em tempos de paz. Bush definiu uma 
visão de como a nação poderia manter seus investimentos em pesquisa científica quando a guerra terminasse, 
tornando-se um referencial para política científica nacional ao longo das décadas subsequentes (STOKES, 2005). 
33 
 
pesquisa) e a pesquisa aplicada e desenvolvimento (realizada por empresas). Esse modelo 
suscitou diversas críticas devido à visão restrita da dinâmica inovativa que ele defende. A 
separação entre pesquisa básica e aplicada é uma de suas fragilidades, uma vez que muitos 
avanços científicos ocorrem em função de problemas práticos. O embasamento excessivo do 
modelo na pesquisa básica como fonte de novas tecnologias também representa outra grande 
limitação desse modelo, uma vez que a ideia de que a inovação é sempre iniciada a partir da 
pesquisa científica é equivocada (SIRILLI, 1998). Na realidade, muitas tecnologias foram 
criadas sem que houvesse conhecimento científico prévio, de modo que grande parte das 
inovações tecnológicas não é decorrente da pesquisa científica, procedendo muitas vezes de 
iniciativas das empresas para atender as necessidades de mercado que de oportunidades 
tecnológicas. 
A ausência de feedbacks entre os processos de desenvolvimento e dos clientes 
e/ou usuários finais é mais uma limitação do modelo linear, conforme Kline e Rosenberg 
(1986). Salientam esses autores que feedbacks são inerentes ao processo de desenvolvimento, 
uma vez que a inovação requer interação e intercâmbio de informações de várias fontes para o 
ajuste e a adequação do processo, bem como para a adequada tomada de decisão. Outras duas 
limitações importantes do modelo linear de inovação são: i) a visão tecnocrática do processo 
de inovação, visto que define a inovação tecnológica em termos de construção de 
equipamentos e dispositivos e de desenvolvimento de conhecimentos relacionados a produtos 
e processos específicos; ii) a negligência com relação às atividades não relacionadas a P&D, 
já que trata a inovação tecnológica como um ato de produção em vez de um processo social 
que envolve atividades de gestão, coordenação, aprendizado, negociação, investigação de 
necessidades de usuários, aquisição de competência, gestão do desenvolvimento de novo 
produto, gestão financeira, entre outras (SIRILLI, 1998). 
A partir da década de 1980, tornou-se mais difundido o entendimento de que 
investimentos em P&D não necessariamente asseguram o êxito no desenvolvimento 
tecnológico, evidenciando-se as limitações dos aspectos tecnocráticos do modelo linear, bem 
como a importância das empresas, das habilidades organizacionais e do desenvolvimento e da 
acumulação de um conjunto abrangente de competências para o sucesso do processo 
inovativo. Foram desenvolvidas abordagens não-lineares ou interativas desse processo, que 
enxergam a inovação como “[...] um processo de aprendizado não-linear, cumulativo, 
específico da localidade e conformado institucionalmente” (CASSIOLATO; LASTRES, 
2005, p.35). 
34 
 
Kline e Rosenberg (1986) introduziram um dos mais discutidos modelos 
interativos do processo de inovação, o chain-linked model, que combina interações no 
interior das empresas e interações entre as empresas e o sistema

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