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01 - PENAL-ESPECIAL-E-LEGISLAÇÃO-PENAL-EXTRAVAGANTE

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SUMÁRIO 
1 DIGNIDADE SEXUAL E PROTEÇÃO NO SISTEMA PENAL ........................... 3 
2 TUTELA PENAL DA VIDA HUMANA ................................................................ 8 
2.1 Das Lesões Corporais .................................................................................... 12 
2.2 Da Periclitação Da Vida e Da Saúde .............................................................. 14 
3 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO ...................................................... 16 
4 LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.) .......... 22 
4.1 Disposições Preliminares ................................................................................ 24 
4.2 Das medidas protetivas de urgência ............................................................... 31 
5 LEI DO CRIME ORGANIZADO (LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.) .. 
 ........................................................................................................................ 39 
5.1 Da investigação e dos meios de obtenção da prova ...................................... 41 
5.2 Associação Criminosa .................................................................................... 50 
6 LEI ANTI DROGAS (LEI Nº 11.343, DE 2006) ................................................ 51 
7 DESTRUIÇÃO DE PLANTAÇÕES E DROGAS APREENDIDAS .................... 71 
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 74 
 
 
 
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1 DIGNIDADE SEXUAL E PROTEÇÃO NO SISTEMA PENAL 
 
Fonte: canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br 
Para a efetiva garantia da sexualidade como um atributo da dignidade humana, 
sobretudo no âmbito do sistema penal, resta ainda o enfrentamento do sistema de 
ideias patriarcal, que continua sendo um grande obstáculo para a concretização da 
almejada e imprescindível proteção de um valor jurídico que, segundo a Constituição 
Federal de 1988, bem como de acordo com a principiologia dos Direitos Humanos, 
tem importância fundamental para a convivência social. Infelizmente, a ideologia 
patriarcal, no sistema protetivo da dignidade sexual, tem funcionado como o Porteiro 
que, na obra kafkiana, impedia o acesso à lei, ou seja, à justiça. (TORRES, 2011) 
Os crimes contra a dignidade sexual são, desde tempos remotos – sobretudo 
medievais –, alvo de grande aversão social. O mais citado e conhecido dentre os 
crimes contra a liberdade sexual é, sem sombra de dúvidas, o crime de estupro. 
Atualmente, diversas transformações de cunho político reconfiguraram os valores 
sociais que envolvem o tema, transformações essas que também foram operadas em 
plano legislativo, sobretudo com as Leis n. 11.106/2005 e n. 12.015/2009. 
O Código Penal em vigência no Brasil data de 1940 e, como é de se esperar, 
inúmeras são as disparidades entre a sociedade brasileira tal como se verificava e a 
sua atual conformação. Por exemplo, antes da mudança legislativa de 2009, os crimes 
constantes do Título VI denominavam-se “crimes contra os costumes”, o que implica, 
em dicção contemporânea, na valoração e na tutela do comportamento sexual do 
 
4 
indivíduo e não na referência ao indivíduo em si mesmo. Atualmente, muitas são as 
discussões em torno dos crimes contra a dignidade sexual, e a configuração do 
estupro é o alvo dos debates acalorados. (ALMEIDA, 2016) 
O princípio da Dignidade da Pessoa Humana é prólogo de várias cartas 
constitucionais modernas (Lei Fundamental da República Federal Alemã, art. 1º; 
Constituição de Portugal, art. 1º; Constituição da Espanha, art. 1º; Constituição Russa, 
art. 21; Constituição do Brasil, art. 1º, III, etc.). (GIORGIS, 2010) 
Conforme a LEI Nº 12.015, DE 7 DE AGOSTO DE 2009, dos crimes contra a 
Dignidade sexual, citam – se: 
 
 Estupro 
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter 
conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é 
menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
§ 2o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.” (NR) 
 
 
Fonte: www.n3w5.com.br 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art213.
 
5 
 Violação sexual mediante fraude 
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, 
mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade 
da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
Parágrafo único. Se o crime for cometido com o fim de obter vantagem 
econômica, aplica-se também multa.” (NR) 
 
 Assédio sexual 
Art. 216-A. § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 
18 (dezoito) anos.” (NR) 
 
 Dos Crimes Sexuais Contra Vulnerável 
 
Fonte: www.diariopopularmg.com.br 
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de 
outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. 
Parágrafo único. (VETADO).” (NR) 
 
 Ação penal 
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se 
mediante ação penal pública condicionada à representação. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art215.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art216a§2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art225
 
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Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação penal pública 
incondicionada se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa vulnerável.” (NR) 
 
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 
Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração 
sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
§ 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, 
por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiros, estabelecimento em que 
ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do 
proprietário ou gerente: 
 
 Rufianismo 
Art. 230. § 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos 
ou se o crime for cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, 
cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por 
quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. 
§ 2o Se o crime for cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro 
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena 
correspondente à violência.” (NR) 
 
 Estupro de vulnerável 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 
14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
§ 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com 
alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário 
discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode 
oferecer resistência. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art228
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art229
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art230§1
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art217a
 
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§ 2o (VETADO)§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.” 
 
 Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente 
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou 
induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer 
lascívia própria ou de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.” 
 
 Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de 
vulnerável 
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de 
exploração sexual alguém menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade ou 
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, facilitá-
la, impedir ou dificultar que a abandone: 
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. 
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se 
também multa. 
§ 2o Incorre nas mesmas penas: 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 
18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos na situação descrita no caput deste artigo; 
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local em que se verifiquem 
as práticas referidas no caput deste artigo. 
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obrigatório da condenação 
a cassação da licença de localização e de funcionamento do estabelecimento.” 
 
 Aumento de pena 
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: 
I – (VETADO); 
II – (VETADO); 
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art218b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art234a
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Msg/VEP-640-09.htm
 
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IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vítima doença 
sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador.” 
“Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título 
correrão em segredo de justiça.” 
“Art. 234-C. (VETADO).” 
2 TUTELA PENAL DA VIDA HUMANA 
O conceito de direitos humanos é complexo e polêmico, bem como a sua 
própria formação. Há autores que simplesmente repetem as diferentes gerações de 
Direitos Humanos, conquanto muitos tenham o mérito de vinculá-los a momentos 
históricos da humanidade, invariavelmente confundindo a linha do tempo para 
apresentar uma sucessividade entre cada uma de tais gerações. 
Considerando na definição do objeto da tutela penal em relação aos direitos 
humanos, a vulnerabilidade de grupos atacados, fica estabelecida a necessária 
complementariedade entre as normas internadas de definição dos crimes contra os 
direitos humanos e a sua aplicação concretamente, com as normas de Direito Penal 
Internacional relativas ao genocídio e os crimes contra a humanidade. 
Para fins de tutela penal é importante que o conceito de direitos humanos 
transcenda os estreitos limites das concepções geracionais, para enfatizar a 
historicidade da sua construção decorrente das mobilizações e dos movimentos 
sociais, que buscam superar discriminações ou falta de acesso aos bens 
fundamentais, criando demandas diante das limitações artificiais e estruturais. 
Há também uma proteção jurídico-penal para vida, pois são punidos os 
homicídios simples (art. 121, CP), qualificados (art. 121, § 2º, CP), o infanticídio (art. 
123), o aborto (arts. 124 a 128 do CP) e o induzimento, instigação ou auxilio ao suicídio 
(art. 122 do CP). A vida é resguardada, salvo no caso de legítima defesa, estado de 
necessidade e exercício regular de direito, que excluem a ilicitude, e o aborto legal 
(art. 128, I e II do CP), que extingue a punibilidade. Ninguém pode ser privado de sua 
vida. Mesmo nos países que são favoráveis à pena de morte, proposta em sentença 
transitada em julgado por poder competente, é preservada a vida até a execução, 
oferecendo ao criminoso ainda o direito ao indulto ou comutação de pena. (PIRES, 
2008) 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art234b
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art234c
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del2848.htm#art234c
 
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Segundo o Código Penal, são Crimes Contra a Vida: 
 Homicídio simples 
Art. 121. Matar alguém: 
Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 
 Homicídio qualificado 
§ 2° Se o homicídio é cometido: 
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe; 
II - por motivo fútil; 
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio 
insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que 
dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de 
outro crime: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
 
 Feminicídio 
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição 
Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, 
no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro 
ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: 
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o 
crime envolve: 
I - violência doméstica e familiar; 
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
 
 Homicídio culposo 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
 
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§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de 1965) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
Aumento de pena 
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime 
resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente 
deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do 
seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é 
aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 
(quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, 
se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a 
sanção penal se torne desnecessária. 
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado 
por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo 
de extermínio. 
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o 
crime for praticado: 
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou 
com deficiência; 
III - na presença de descendente ou de ascendente da vítima. 
 
 Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio 
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para 
que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 
um a três anos,se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
Aumento de pena 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de 
resistência. 
 
 Infanticídio 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/1950-1969/L4611.htm#art1
 
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Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o 
parto ou logo após: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
 Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento 
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lhe provoque: 
(Vide ADPF 54) 
Pena - detenção, de um a três anos. 
 
 Aborto provocado por terceiro 
Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de três a dez anos. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (Vide ADPF 54) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior 
de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido 
mediante fraude, grave ameaça ou violência 
Forma qualificada 
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de 
um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, 
a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer 
dessas causas, lhe sobrevém a morte. 
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: 
 
 Aborto necessário 
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; 
 
 Aborto no caso de gravidez resultante de estupro 
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento 
da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. 
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54
http://www.stf.jus.br/portal/peticaoInicial/verPeticaoInicial.asp?base=ADPF&s1=54&processo=54
 
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2.1 Das Lesões Corporais 
A lesão corporal é delito consuntivo integrando o delito de maior gravidade que 
o absorve. É o que acontece no caso de homicídio. 
Como delito subsidiário ocorre em todos os delitos que têm a violência física 
como meio de execução (tais como o constrangimento ilegal, roubo, extorsão, estupro 
possessório, atentado contra a liberdade de trabalho) ou qualificadora (dano com 
violência à pessoa, ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo 
com violência pessoal e, etc.). 
Trata-se de delito material, de comportamento e de resultado, em que o tipo 
exige a produção deste. O crime de lesão corporal se aperfeiçoa no momento em que 
há a real ofensa à integridade física ou à saúde física ou mental do ofendido. 
 
 Lesão corporal 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano. 
 
 Lesão corporal de natureza grave 
§ 1º Se resulta: 
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; 
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2° Se resulta: 
I - Incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto: 
Pena - reclusão, de dois a oito anos. 
 
 Lesão corporal seguida de morte 
 
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§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o 
resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: 
Diminuição de pena 
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social 
ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação 
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Substituição da pena 
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de 
detenção pela de multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas. 
 
 Lesão corporal culposa 
§ 6° Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano. 
Aumento de pena 
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses 
dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste Código. 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. 121. 
 
 Violência Doméstica 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se as circunstâncias são 
as indicadas no § 9o deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se 
o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência. 
§ 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força 
Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou 
contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em 
razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art142
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art144
 
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2.2 Da Periclitação Da Vida e Da Saúde 
É importante distinguir os delitos de perigo concreto dos de perigo abstrato. 
Estes constituem um grau prévio a respeito dos delitos de perigo concreto. Periclitação 
vem de periclitar, que quer dizer estar em perigo; perigar; ameaçar perigo ou ruína. 
Nos Crimes de perigo e de dano, este consuma-se com a efetiva lesão a um bem 
juridicamente tutelado e aquele contenta-se com a mera probabilidade de dano. Então 
para se configurar um crime de dano será exigida uma efetiva lesão ao bem jurídico 
protegido e nos crimes de perigo basta à possibilidade do dano, ou seja, a exposição 
do bem a perigo de dano. 
 
 Perigo de contágio venéreo 
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato 
libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está 
contaminado: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 Perigo de contágio de moléstia grave 
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está 
contaminado, ato capaz de produzir o contágio: 
 
 Perigo para a vida ou saúde de outrem 
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais 
grave. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição 
da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a 
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com 
as normas legais. 
 
 Abandono de incapaz 
 
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Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou 
autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do 
abandono: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos. 
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a cinco anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Aumento de pena 
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador 
da vítima. 
III – se a vítima é maior de60 (sessenta) anos 
 
 Exposição ou abandono de recém-nascido 
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - detenção, de um a três anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - detenção, de dois a seis anos. 
 
 Omissão de socorro 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco 
pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao 
desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da 
autoridade pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão 
corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
 Condicionamento de atendimento médico-hospitalar emergencial 
 
16 
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem 
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. 
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de 
atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte. 
 
 Maus-tratos 
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, 
guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer 
privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho 
excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina: 
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. 
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. 
§ 2º - Se resulta a morte: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa 
menor de 14 (catorze) anos. 
3 DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO 
 
Fonte: www.infosaodesiderio.com 
 
17 
O furto é um crime contra o patrimônio que se constitui no assenhoramento da 
coisa alheia com o fim de apoderar-se dela de modo definitivo. 
O patrimônio envolve um conceito mais amplo e abrangente que a propriedade, 
constituindo uma universalidade de direitos. Nem todos os direitos estão 
compreendidos em seu âmbito, mas somente aqueles que dispõem de valor 
econômico e pertencem à determinada pessoa. Seu conceito penal, todavia, não 
coincide por inteiro com o civil, já que determinados objetos, que não dispõem 
propriamente de valor patrimonial, mas de valor afetivo também se encontram 
incluídos na tutela penal. 
 
 Furto 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso 
noturno. 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz 
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, 
ou aplicar somente a pena de multa. 
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha 
valor econômico. 
 
 Furto qualificado 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: 
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; 
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; 
III - com emprego de chave falsa; 
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver 
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo 
automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de 
semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no 
local da subtração. 
 
18 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração 
for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
 
 Furto de coisa comum 
Art. 156 - Subtrair o condômino, coerdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a 
quem legitimamente a detém, a coisa comum: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. 
§ 1º - Somente se procede mediante representação. 
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não 
excede a quota a que tem direito o agente. 
 
 Roubo 
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave 
ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à 
impossibilidade de resistência: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega 
violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime 
ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. 
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: 
I – (revogado); 
II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal 
circunstância. 
IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para 
outro Estado ou para o exterior; 
V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, 
conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): 
I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; 
II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de 
explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. 
 
19 
§ 3º Se da violência resulta: 
I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, 
e multa; 
II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. 
 
 Extorsão 
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o 
intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar 
que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: 
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de 
arma, aumenta-se a pena de um terço até metade. 
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do 
artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa 
condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de 
reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave 
ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente. 
 
 Extorsão mediante sequestro 
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, 
qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 
25.7.90 (Vide Lei nº 10.446, de 2002) 
Pena - reclusão, de oito a quinze anos. 
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o sequestrado é 
menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por 
bando ou quadrilha. 
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. 
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Vide Lei nº 8.072, de 
25.7.90 
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos. 
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8072.htm#art9
 
20 
§ 4º- Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à 
autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, terá sua pena reduzidade um a 
dois terços. 
 
 Extorsão indireta 
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de 
alguém, documento que pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou 
contra terceiro: 
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. 
 
 Da Usurpação 
Alteração de limites 
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qualquer outro sinal indicativo 
de linha divisória, para apropriar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa. 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: 
 
 Usurpação de águas 
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, águas alheias; 
 
 Esbulho possessório 
II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou mediante concurso de 
mais de duas pessoas, terreno ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório. 
§ 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na pena a esta cominada. 
§ 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego de violência, somente 
se procede mediante queixa. 
 
 Supressão ou alteração de marca em animais 
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado ou rebanho alheio, 
marca ou sinal indicativo de propriedade: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa. 
 
 Dano 
 
21 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
 
 Dano qualificado 
Parágrafo único - Se o crime é cometido: 
I - com violência à pessoa ou grave ameaça; 
II - com emprego de substância inflamável ou explosiva, se o fato não constitui 
crime mais grave 
III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de Município 
ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
empresa concessionária de serviços públicos; 
IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável para a vítima: 
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa, além da pena 
correspondente à violência. 
 
 Introdução ou abandono de animais em propriedade alheia 
 
Fonte: www.sjpnews.com 
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade alheia, sem 
consentimento de quem de direito, desde que o fato resulte prejuízo: 
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa. 
 
 Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico 
Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tombada pela autoridade 
competente em virtude de valor artístico, arqueológico ou histórico: 
 
22 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa. 
 
 Alteração de local especialmente protegido 
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competente, o aspecto de local 
especialmente protegido por lei: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa. 
 
 Ação penal 
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu parágrafo e do art. 164, 
somente se procede mediante queixa. 
4 LEI MARIA DA PENHA (LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006.) 
 
Fonte: www.internacionaldaamazonia.com 
O ponto de partida para a criação desta lei foi baseado na história da 
farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes, que sofreu durante 
aproximadamente 23 anos de violência doméstica pelo ex-marido. 
O professor universitário e ex-marido de Maria da Penha, Marco Antônio 
Herredia Viveros, tentou matar a sua esposa por duas vezes, sendo a primeira em 
1983, quando deu um tiro em Maria da Penha enquanto dormia, deixando-a 
paraplégica. 
 
23 
Após a segunda tentativa de assassinato, quando foi vítima de eletrocussão e 
afogamento, Maria da Penha teve coragem para denunciar o seu agressor e começar 
o processo que demoraria quase 20 anos para ser finalizado. 
Maria pôde sair de casa graças a uma ordem judicial e iniciou uma árdua 
batalha para que seu agressor fosse condenado. Isso só aconteceria em 1991, mas a 
defesa alegou irregularidades no procedimento do júri. O caso foi julgado novamente 
em 1996, com nova condenação. Mais uma vez, a defesa fez alegações de 
irregularidades e o processo continuou em aberto por mais alguns anos. Enquanto 
isso, Heredia continuou em liberdade. 
 
 
Fonte: dhojeinterior.com.br 
Lei Maria da Penha é o nome dado a uma legislação brasileira que garante a 
proteção das mulheres contra qualquer tipo de violência doméstica, seja física, 
psicológica, patrimonial ou moral. 
A lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006, popularmente conhecida como Lei 
Maria da Penha, alterou o Código Penal brasileiro, fazendo com que os agressores 
sejam presos em flagrante ou que tenham a prisão preventiva decretada, caso 
cometam qualquer ato de violência doméstica pré-estabelecido pela lei. 
Contudo, a mesma foi alterada pela Lei nº 13.641, de 3 de abril de 2018, para 
tipificar o crime de descumprimento de medidas protetivas de urgência. 
http://www.jusbrasil.com.br/legislacao/562672901/lei-13641-18
 
24 
4.1 Disposições Preliminares 
Art. 1º Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e 
familiar contra a mulher, nos termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da 
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a 
Mulher e de outros tratados internacionais ratificados pela República Federativa do 
Brasil; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra 
a Mulher; e estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação 
de violência doméstica e familiar. 
Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação 
sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos 
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades 
e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu 
aperfeiçoamento moral, intelectual e social. 
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício efetivo 
dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à 
moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à 
liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. 
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem garantir os direitos 
humanos das mulheres no âmbito das relações domésticas e familiares no sentido de 
resguardá-las de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, 
crueldade e opressão. 
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar as condições 
necessárias para o efetivo exercício dos direitos enunciados no caput. 
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que ela 
se destina e, especialmente, as condições peculiares das mulheres em situação de 
violência doméstica e familiar. 
 
Da Violência Doméstica e Familiar Contra A Mulher 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
 
25 
Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra 
a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, 
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial: 
I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida como o espaço de convívio 
permanente de pessoas, com ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente 
agregadas; 
II - no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por 
indivíduos que são ou se consideram aparentados, unidos por laços naturais, por 
afinidade ou por vontade expressa; 
III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha 
convivido com a ofendida, independentemente de coabitação. 
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste artigo independem de 
orientação sexual. 
Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das formas 
de violação dos direitos humanos. 
 
Das formas de violência doméstica e familiar contra a mulher 
 
Art. 7o São formas de violênciadoméstica e familiar contra a mulher, entre 
outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua 
integridade ou saúde corporal; 
II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause 
dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno 
desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, 
ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que 
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
III - a violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja a 
presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada, mediante 
intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a comercializar ou a 
utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer método 
contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, 
 
26 
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o 
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos; 
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure 
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de 
trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, 
incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades; 
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta que configure calúnia, 
difamação ou injúria. 
 
Da assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
 
 
Fonte: brasilescola.uol.com.br 
Das medidas integradas de prevenção 
 
Art. 8º A política pública que visa coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, 
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-governamentais, tendo por 
diretrizes: 
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Ministério Público e da 
Defensoria Pública com as áreas de segurança pública, assistência social, saúde, 
educação, trabalho e habitação; 
 
27 
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e outras informações 
relevantes, com a perspectiva de gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, 
às consequências e à frequência da violência doméstica e familiar contra a mulher, 
para a sistematização de dados, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação 
periódica dos resultados das medidas adotadas; 
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos valores éticos e sociais 
da pessoa e da família, de forma a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou 
exacerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com o estabelecido no inciso 
III do art. 1o, no inciso IV do art. 3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal; 
IV - a implementação de atendimento policial especializado para as mulheres, 
em particular nas Delegacias de Atendimento à Mulher; 
V - a promoção e a realização de campanhas educativas de prevenção da 
violência doméstica e familiar contra a mulher, voltadas ao público escolar e à 
sociedade em geral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção aos direitos 
humanos das mulheres; 
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, termos ou outros 
instrumentos de promoção de parceria entre órgãos governamentais ou entre estes e 
entidades não-governamentais, tendo por objetivo a implementação de programas de 
erradicação da violência doméstica e familiar contra a mulher; 
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal, 
do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas 
enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia; 
VIII - a promoção de programas educacionais que disseminem valores éticos 
de irrestrito respeito à dignidade da pessoa humana com a perspectiva de gênero e 
de raça ou etnia; 
IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, para os 
conteúdos relativos aos direitos humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e 
ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
Da assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
 
Art. 9º A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
será prestada de forma articulada e conforme os princípios e as diretrizes previstos na 
Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de Saúde, no Sistema Único de 
 
28 
Segurança Pública, entre outras normas e políticas públicas de proteção, e 
emergencialmente quando for o caso. 
§ 1o O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da mulher em situação de 
violência doméstica e familiar no cadastro de programas assistenciais do governo 
federal, estadual e municipal. 
§ 2o O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, 
para preservar sua integridade física e psicológica: 
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da 
administração direta ou indireta; 
II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do 
local de trabalho, por até seis meses. 
§ 3o A assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar 
compreenderá o acesso aos benefícios decorrentes do desenvolvimento científico e 
tecnológico, incluindo os serviços de contracepção de emergência, a profilaxia das 
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e cabíveis nos casos 
de violência sexual. 
 
Do atendimento pela autoridade policial 
 
Art. 10 Na hipótese da iminência ou da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, a autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência adotará, 
de imediato, as providências legais cabíveis. 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto no caput deste artigo ao descumprimento 
de medida protetiva de urgência deferida. 
Art. 10-A. É direito da mulher em situação de violência doméstica e familiar o 
atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto e prestado por servidores - 
preferencialmente do sexo feminino - previamente capacitados. 
§ 1º A inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou de 
testemunha de violência doméstica, quando se tratar de crime contra a mulher, 
obedecerá às seguintes diretrizes: 
I - salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional da depoente, 
considerada a sua condição peculiar de pessoa em situação de violência doméstica e 
familiar; 
 
29 
II - garantia de que, em nenhuma hipótese, a mulher em situação de violência 
doméstica e familiar, familiares e testemunhas terão contato direto com investigados 
ou suspeitos e pessoas a eles relacionadas; 
III - não revitimização da depoente, evitando sucessivas inquirições sobre o 
mesmo fato nos âmbitos criminal, cível e administrativo, bem como questionamentos 
sobre a vida privada. 
§ 2º Na inquirição de mulher em situação de violência doméstica e familiar ou 
de testemunha de delitos de que trata esta Lei, adotar-se-á, preferencialmente, o 
seguinte procedimento: 
I - a inquirição será feita em recinto especialmente projetado para esse fim, o 
qual conterá os equipamentos próprios e adequados à idade da mulher em situação 
de violência doméstica e familiar ou testemunha e ao tipo e à gravidade da violência 
sofrida; 
II - quando for o caso, a inquirição será intermediada por profissional 
especializado em violência doméstica e familiar designado pela autoridade judiciária 
ou policial; 
III - o depoimento será registrado em meio eletrônico ou magnético, devendo a 
degravação e a mídia integrar o inquérito. 
Art. 11. No atendimento à mulher em situação de violênciadoméstica e familiar, 
a autoridade policial deverá, entre outras providências: 
I - garantir proteção policial, quando necessário, comunicando de imediato ao 
Ministério Público e ao Poder Judiciário; 
II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saúde e ao Instituto Médico 
Legal; 
III - fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ou 
local seguro, quando houver risco de vida; 
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegurar a retirada de seus 
pertences do local da ocorrência ou do domicílio familiar; 
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Lei e os serviços 
disponíveis. 
Art. 12. Em todos os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
feito o registro da ocorrência, deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os 
seguintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos no Código de Processo 
Penal: 
 
30 
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e tomar a representação a 
termo, se apresentada; 
II - colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e de suas 
circunstâncias; 
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, expediente apartado ao 
juiz com o pedido da ofendida, para a concessão de medidas protetivas de urgência; 
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de delito da ofendida e 
requisitar outros exames periciais necessários; 
V - ouvir o agressor e as testemunhas; 
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar aos autos sua folha de 
antecedentes criminais, indicando a existência de mandado de prisão ou registro de 
outras ocorrências policiais contra ele; 
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito policial ao juiz e ao Ministério 
Público. 
§ 1o O pedido da ofendida será tomado a termo pela autoridade policial e deverá 
conter: 
I - qualificação da ofendida e do agressor; 
II - nome e idade dos dependentes; 
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas solicitadas pela ofendida. 
§ 2o A autoridade policial deverá anexar ao documento referido no § 1o o 
boletim de ocorrência e cópia de todos os documentos disponíveis em posse da 
ofendida. 
§ 3o Serão admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos 
fornecidos por hospitais e postos de saúde. 
Art. 12-A. Os Estados e o Distrito Federal, na formulação de suas políticas e 
planos de atendimento à mulher em situação de violência doméstica e familiar, darão 
prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias Especializadas de 
Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos Investigativos de Feminicídio e de equipes 
especializadas para o atendimento e a investigação das violências graves contra a 
mulher. 
Art. 12-B. (VETADO). 
§ 1º (VETADO). 
§ 2º (VETADO. 
 
31 
§ 3º A autoridade policial poderá requisitar os serviços públicos necessários à 
defesa da mulher em situação de violência doméstica e familiar e de seus 
dependentes. 
Art. 13 Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e criminais 
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se-ão 
as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da legislação específica 
relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não conflitarem com o estabelecido 
nesta Lei. 
Art. 14. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, órgãos 
da Justiça Ordinária com competência cível e criminal, poderão ser criados pela União, 
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para o processo, o julgamento 
e a execução das causas decorrentes da prática de violência doméstica e familiar 
contra a mulher. 
Parágrafo único. Os atos processuais poderão realizar-se em horário noturno, 
conforme dispuserem as normas de organização judiciária. 
Art. 15. É competente, por opção da ofendida, para os processos cíveis regidos 
por esta Lei, o Juizado: 
I - do seu domicílio ou de sua residência; 
II - do lugar do fato em que se baseou a demanda; 
III - do domicílio do agressor. 
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida 
de que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em 
audiência especialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da 
denúncia e ouvido o Ministério Público. 
Art. 17. É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar 
contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem 
como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa. 
 
4.2 Das medidas protetivas de urgência 
Com o advento da supracitada lei, surgiram medidas protetivas de urgência 
popularmente conhecidas como medidas de afastamento ou proteção. Tais medidas 
são de cunho protetivo e preventivo, visando garantir a integridade física e psicológica 
 
32 
de vítimas que estejam em situação de risco, além disso, servem como instrumento 
para impor limites à empreitada criminosa do agressor, objetivando a proteção 
daquelas. 
 
 
Fonte: www.tjdft.jus.br 
Art. 18. Recebido o expediente com o pedido da ofendida, caberá ao juiz, no 
prazo de 48 (quarenta e oito) horas: 
I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as medidas protetivas 
de urgência; 
II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão de assistência 
judiciária, quando for o caso; 
III - comunicar ao Ministério Público para que adote as providências cabíveis. 
Art. 19. As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas pelo juiz, a 
requerimento do Ministério Público ou a pedido da ofendida. 
§ 1o As medidas protetivas de urgência poderão ser concedidas de imediato, 
independentemente de audiência das partes e de manifestação do Ministério Público, 
devendo este ser prontamente comunicado. 
 
33 
§ 2o As medidas protetivas de urgência serão aplicadas isolada ou 
cumulativamente, e poderão ser substituídas a qualquer tempo por outras de maior 
eficácia, sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados. 
§ 3o Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público ou a pedido da 
ofendida, conceder novas medidas protetivas de urgência ou rever aquelas já 
concedidas, se entender necessário à proteção da ofendida, de seus familiares e de 
seu patrimônio, ouvido o Ministério Público. 
Art. 20. Em qualquer fase do inquérito policial ou da instrução criminal, caberá 
a prisão preventiva do agressor, decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do 
Ministério Público ou mediante representação da autoridade policial. 
Parágrafo único. O juiz poderá revogar a prisão preventiva se, no curso do 
processo, verificar a falta de motivo para que subsista, bem como de novo decretá-la, 
se sobrevierem razões que a justifiquem. 
Art. 21. A ofendida deverá ser notificada dos atos processuais relativos ao 
agressor, especialmente dos pertinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo 
da intimação do advogado constituído ou do defensor público. 
Parágrafo único. A ofendida não poderá entregar intimação ou notificação ao 
agressor. 
 
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o Agressor 
 
Art. 22 Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, 
nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou 
separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras: 
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao 
órgão competente, nos termos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; 
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida; 
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: 
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o 
limite mínimo de distância entre estes e o agressor; 
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por qualquer meio 
de comunicação; 
c) frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridadefísica 
e psicológica da ofendida; 
 
34 
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a 
equipe de atendimento multidisciplinar ou serviço similar; 
V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. 
§ 1o As medidas referidas neste artigo não impedem a aplicação de outras 
previstas na legislação em vigor, sempre que a segurança da ofendida ou as 
circunstâncias o exigirem, devendo a providência ser comunicada ao Ministério 
Público. 
§ 2o Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando-se o agressor nas 
condições mencionadas no caput e incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de 
dezembro de 2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação ou instituição 
as medidas protetivas de urgência concedidas e determinará a restrição do porte de 
armas, ficando o superior imediato do agressor responsável pelo cumprimento da 
determinação judicial, sob pena de incorrer nos crimes de prevaricação ou de 
desobediência, conforme o caso. 
§ 3o Para garantir a efetividade das medidas protetivas de urgência, poderá o 
juiz requisitar, a qualquer momento, auxílio da força policial. 
§ 4o Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que couber, o disposto no 
caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461 da Lei no 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código 
de Processo Civil). 
 
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida 
 
Art. 23. Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo de outras medidas: 
I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a programa oficial ou comunitário 
de proteção ou de atendimento; 
II - determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao 
respectivo domicílio, após afastamento do agressor; 
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos 
relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos; 
IV - determinar a separação de corpos. 
Art. 24. Para a proteção patrimonial dos bens da sociedade conjugal ou 
daqueles de propriedade particular da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, 
as seguintes medidas, entre outras: 
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida; 
 
35 
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, 
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial; 
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor; 
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e 
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a 
ofendida. 
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins 
previstos nos incisos II e III deste artigo. 
 
Do Crime de Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
Descumprimento de Medidas Protetivas de Urgência 
 
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de 
urgência previstas nesta Lei: 
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos. 
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do juiz 
que deferiu as medidas. 
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá 
conceder fiança. 
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis. 
 
Da atuação do ministério público 
 
Art. 25. O Ministério Público intervirá, quando não for parte, nas causas cíveis 
e criminais decorrentes da violência doméstica e familiar contra a mulher. 
Art. 26. Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de outras atribuições, nos 
casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, quando necessário: 
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, de educação, de 
assistência social e de segurança, entre outros; 
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particulares de atendimento à 
mulher em situação de violência doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as 
medidas administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quaisquer irregularidades 
constatadas; 
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. 
 
36 
Da assistência judiciária 
 
Art. 27. Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, a mulher em situação 
de violência doméstica e familiar deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado 
o previsto no art. 19 desta Lei. 
Art. 28. É garantido a toda mulher em situação de violência doméstica e familiar 
o acesso aos serviços de Defensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, 
nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante atendimento específico e 
humanizado. 
 
Da equipe de atendimento multidisciplinar. 
 
Art. 29. Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher que 
vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, 
a ser integrada por profissionais especializados nas áreas psicossocial, jurídica e de 
saúde. 
Art. 30. Compete à equipe de atendimento multidisciplinar, entre outras 
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, fornecer subsídios por 
escrito ao juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, mediante laudos ou 
verbalmente em audiência, e desenvolver trabalhos de orientação, encaminhamento, 
prevenção e outras medidas, voltados para a ofendida, o agressor e os familiares, 
com especial atenção às crianças e aos adolescentes. 
Art. 31. Quando a complexidade do caso exigir avaliação mais aprofundada, o 
juiz poderá determinar a manifestação de profissional especializado, mediante a 
indicação da equipe de atendimento multidisciplinar. 
Art. 32. O Poder Judiciário, na elaboração de sua proposta orçamentária, 
poderá prever recursos para a criação e manutenção da equipe de atendimento 
multidisciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias. 
 
Disposições transitórias 
 
Art. 33. Enquanto não estruturados os Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher, as varas criminais acumularão as competências cível e 
criminal para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática de violência 
 
37 
doméstica e familiar contra a mulher, observadas as previsões do Título IV desta Lei, 
subsidiada pela legislação processual pertinente. 
Parágrafo único. Será garantido o direito de preferência, nas varas criminais, 
para o processo e o julgamento das causas referidas no caput. 
Art. 34. A instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a 
Mulher poderá ser acompanhada pela implantação das curadorias necessárias e do 
serviço de assistência judiciária. 
Art. 35. A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios poderão criar e 
promover, no limite das respectivas competências: 
I - centros de atendimento integral e multidisciplinar para mulheres e 
respectivos dependentes em situação de violência doméstica e familiar; 
II - casas-abrigos para mulheres e respectivos dependentes menores em 
situação de violência doméstica e familiar; 
III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços de saúde e centros de 
perícia médico-legal especializados no atendimento à mulher em situação de violência 
doméstica e familiar; 
IV - programas e campanhas de enfrentamento da violência doméstica e 
familiar; 
V - centros de educação e de reabilitação para os agressores. 
Art. 36. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios promoverão a 
adaptação de seus órgãos e de seus programas às diretrizes e aos princípios desta 
Lei. 
Art. 37. A defesa dos interesses e direitos transindividuais previstos nesta Lei 
poderá ser exercida, concorrentemente, pelo Ministério Público e por associação de 
atuação na área, regularmente constituída há pelo menos um ano, nos termos da 
legislação civil. 
Parágrafo único. O requisito da pré-constituição poderá ser dispensado pelo 
juiz quando entender que não há outra entidade com representatividade adequada 
para o ajuizamento da demanda coletiva. 
Art. 38. As estatísticas sobre a violência doméstica e familiar contra a mulher 
serão incluídasnas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e 
Segurança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e informações relativo às 
mulheres. 
 
38 
Parágrafo único. As Secretarias de Segurança Pública dos Estados e do Distrito 
Federal poderão remeter suas informações criminais para a base de dados do 
Ministério da Justiça. 
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no limite de 
suas competências e nos termos das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, 
poderão estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada exercício 
financeiro, para a implementação das medidas estabelecidas nesta Lei. 
Art. 40. As obrigações previstas nesta Lei não excluem outras decorrentes dos 
princípios por ela adotados. 
Art. 41. Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a 
mulher, independentemente da pena prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de 
setembro de 1995. 
Art. 42. O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código 
de Processo Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso IV: 
Art. 313........... 
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, nos 
termos da lei específica, para garantir a execução das medidas protetivas de 
urgência.” (NR) 
Art. 43. A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: 
Art. 61. ............... 
II - ................... 
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de 
coabitação ou de hospitalidade, ou com violência contra a mulher na forma da lei 
específica; 
Art. 44. O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código 
Penal), passa a vigorar com as seguintes alterações: 
“Art. 129............ 
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge 
ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-
se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. 
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será aumentada de um terço se 
o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.” (NR) 
 
39 
Art. 45. O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de 1984 (Lei de Execução 
Penal), passa a vigorar com a seguinte redação: 
“Art. 152..................... 
Parágrafo único. Nos casos de violência doméstica contra a mulher, o juiz 
poderá determinar o comparecimento obrigatório do agressor a programas de 
recuperação e reeducação.” (NR) 
5 LEI DO CRIME ORGANIZADO (LEI Nº 12.850, DE 2 DE AGOSTO DE 2013.) 
 
Fonte: trendr.com.br 
A primeira perspectiva do crime organizado seria a do paradigma mafioso ou 
tradicional, no qual se tem uma organização criminosa com efetivo domínio territorial, 
de vínculos verticais, em que seus membros se relacionam de forma extremamente 
hierarquizada, envolvendo, para o ingresso no seio da organização, certa ritualística, 
bem como se verifica uma justificação ideológica do comportamento criminoso. Essa 
imprecisão terminológica acabou por levar parte da doutrina a negar a existência do 
crime organizado em certos países. O crime organizado tem na criminologia um 
instrumental necessário para sua definição, contudo o caráter polissêmico da 
expressão dificulta e muitas vezes impede a tipificação do fenômeno. (LOPES, 2013) 
Sendo assim, percebe-se que o crime organizado, como ele é entendido na 
atualidade, pode ter se originado do crime de bando ou quadrilha, distingue-se das 
milícias e dos grupos terroristas devido ao princípio da especialidade e definitivamente 
é uma extensão da concepção de máfia, mas, em nenhum momento, pode ser 
confundido com estes institutos. O crime organizado possui características 
 
40 
específicas, é mais complexo, é mais difícil de ser controlado e causa maiores 
prejuízos à sociedade, portanto requer maior atenção dos órgãos repressores. 
(LOPES, 2013). 
No Capitulo I há a definição do que é organização criminosa no âmbito da nova 
lei, sobre os meios de investigação, abordando inclusive a territorialidade e a 
formalização de alguns atos. Assim sendo tipifica condutas e disciplina materialmente 
e formalmente procedimentos no combate ao crime organizado no país. 
 
 Da Organização Criminosa 
Art. 1o Esta Lei define organização criminosa e dispõe sobre a investigação 
criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento 
criminal a ser aplicado. 
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação de 4 (quatro) ou mais 
pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que 
informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer 
natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam 
superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional. 
§ 2o Esta Lei se aplica também: 
I - às infrações penais previstas em tratado ou convenção internacional quando, 
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, 
ou reciprocamente; 
II - às organizações terroristas, entendidas como aquelas voltadas para a 
prática dos atos de terrorismo legalmente definidos. 
Art. 2o Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por 
interposta pessoa, organização criminosa: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas 
correspondentes às demais infrações penais praticadas. 
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça 
a investigação de infração penal que envolva organização criminosa. 
§ 2o As penas aumentam-se até a metade se na atuação da organização 
criminosa houver emprego de arma de fogo. 
§ 3o A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, 
da organização criminosa, ainda que não pratique pessoalmente atos de execução. 
§ 4o A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços): 
 
41 
I - se há participação de criança ou adolescente; 
II - se há concurso de funcionário público, valendo-se a organização criminosa 
dessa condição para a prática de infração penal; 
III - se o produto ou proveito da infração penal destinar-se, no todo ou em parte, 
ao exterior; 
IV - se a organização criminosa mantém conexão com outras organizações 
criminosas independentes; 
V - se as circunstâncias do fato evidenciarem a transnacionalidade da 
organização. 
§ 5o Se houver indícios suficientes de que o funcionário público integra 
organização criminosa, poderá o juiz determinar seu afastamento cautelar do cargo, 
emprego ou função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida se fizer 
necessária à investigação ou instrução processual. 
§ 6o A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a 
perda do cargo, função, emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício 
de função ou cargo público pelo prazo de 8 (oito) anos subsequentes ao cumprimento 
da pena. 
§ 7o Se houver indícios de participação de policial nos crimes de que trata esta 
Lei, a Corregedoria de Polícia instaurará inquérito policial e comunicará ao Ministério 
Público, que designará membro para acompanhar o feito até a sua conclusão. 
5.1 Da investigação e dos meios de obtenção da prova 
Talvez o maior problema seja a disciplina da investigação, pois questões 
práticas terão que ser normatizadas com muito cuidado e aperfeiçoadas no decorrer 
dos anos, com as lições advindas da efetiva aplicação nos casos concretos. 
Em relação aos meios de obtenção de prova a lei avança, na medida em que 
prevê, além dos meios usuais investigativos, a utilização das tecnologias, que 
surgiram nos últimos anos, e a união de forças dos órgãos e instituições das esferas 
federal, estadual e municipal, conforme disciplina o Artigo 3ª: 
Art. 3o Em qualquer fase da persecução penal, serãopermitidos, sem prejuízo 
de outros já previstos em lei, os seguintes meios de obtenção da prova: 
I - colaboração premiada; 
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos; 
 
42 
III - ação controlada; 
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais 
constantes de bancos de dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou 
comerciais; 
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da 
legislação específica; 
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da 
legislação específica; 
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11; 
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e 
municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou da 
instrução criminal. 
§ 1o Havendo necessidade justificada de manter sigilo sobre a capacidade 
investigatória, poderá ser dispensada licitação para contratação de serviços técnicos 
especializados, aquisição ou locação de equipamentos destinados à polícia judiciária 
para o rastreamento e obtenção de provas previstas nos incisos II e V. 
§ 2o No caso do § 1o, fica dispensada a publicação de que trata o parágrafo 
único do art. 61 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, devendo ser comunicado o 
órgão de controle interno da realização da contratação. 
 
 Da Colaboração Premiada 
Nos parágrafos do Artigo 4º temos alguns critérios subjetivos para a concessão 
dos benefícios da delação premiada, onde, na prática, poderão ocorrer problemas, 
conforme explanaremos na sequência. 
Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, conceder o perdão judicial, 
reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la por 
restritiva de direitos daquele que tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a 
investigação e com o processo criminal, desde que dessa colaboração advenha um 
ou mais dos seguintes resultados: 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da organização criminosa 
e das infrações penais por eles praticadas; 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização 
criminosa; 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8666cons.htm#art61
 
43 
III - a prevenção de infrações penais decorrentes das atividades da organização 
criminosa; 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do proveito das infrações 
penais praticadas pela organização criminosa; 
V - a localização de eventual vítima com a sua integridade física preservada. 
§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará em conta a 
personalidade do colaborador, a natureza, as circunstâncias, a gravidade e a 
repercussão social do fato criminoso e a eficácia da colaboração. 
§ 2o Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, 
a qualquer tempo, e o delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a 
manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou representar ao juiz pela 
concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha sido 
previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei nº 
3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo Penal). 
§ 3o O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao 
colaborador, poderá ser suspenso por até 6 (seis) meses, prorrogáveis por igual 
período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração, suspendendo-se o 
respectivo prazo prescricional. 
§ 4o Nas mesmas hipóteses do caput, o Ministério Público poderá deixar de 
oferecer denúncia se o colaborador: 
I - não for o líder da organização criminosa; 
II - for o primeiro a prestar efetiva colaboração nos termos deste artigo. 
§ 5o Se a colaboração for posterior à sentença, a pena poderá ser reduzida até 
a metade ou será admitida a progressão de regime ainda que ausentes os requisitos 
objetivos. 
§ 6o O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a 
formalização do acordo de colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o 
investigado e o defensor, com a manifestação do Ministério Público, ou, conforme o 
caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor. 
§ 7o Realizado o acordo na forma do § 6o, o respectivo termo, acompanhado 
das declarações do colaborador e de cópia da investigação, será remetido ao juiz para 
homologação, o qual deverá verificar sua regularidade, legalidade e voluntariedade, 
podendo para este fim, sigilosamente, ouvir o colaborador, na presença de seu 
defensor. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art28
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689.htm#art28
 
44 
§ 8o O juiz poderá recusar homologação à proposta que não atender aos 
requisitos legais, ou adequá-la ao caso concreto. 
§ 9o Depois de homologado o acordo, o colaborador poderá, sempre 
acompanhado pelo seu defensor, ser ouvido pelo membro do Ministério Público ou 
pelo delegado de polícia responsável pelas investigações. 
§ 10. As partes podem retratar-se da proposta, caso em que as provas 
autoincriminatórias produzidas pelo colaborador não poderão ser utilizadas 
exclusivamente em seu desfavor. 
§ 11. A sentença apreciará os termos do acordo homologado e sua eficácia. 
§ 12. Ainda que beneficiado por perdão judicial ou não denunciado, o 
colaborador poderá ser ouvido em juízo a requerimento das partes ou por iniciativa da 
autoridade judicial. 
§ 13. Sempre que possível, o registro dos atos de colaboração será feito pelos 
meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia, digital ou técnica similar, 
inclusive audiovisual, destinados a obter maior fidelidade das informações. 
§ 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de 
seu defensor, ao direito ao silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a 
verdade. 
§ 15. Em todos os atos de negociação, confirmação e execução da 
colaboração, o colaborador deverá estar assistido por defensor. 
§ 16. Nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas 
nas declarações de agente colaborador. 
O Artigo 5º em seus incisos estabelece alguns direitos do delator, que na 
verdade, em se tratando de delação de organização criminosa, são garantias 
essenciais para dar o mínimo de garantia de vida para o delator. O grande problema 
será a implementação operacional dos incisos I e II. 
Art. 5º São direitos do colaborador: 
I - usufruir das medidas de proteção previstas na legislação específica; 
II - ter nome, qualificação, imagem e demais informações pessoais 
preservados; 
III - ser conduzido, em juízo, separadamente dos demais coautores e partícipes; 
IV - participar das audiências sem contato visual com os outros acusados; 
V - não ter sua identidade revelada pelos meios de comunicação, nem ser 
fotografado ou filmado, sem sua prévia autorização por escrito; 
 
45 
VI - cumprir pena em estabelecimento penal diverso dos demais corréus ou 
condenados. 
O Artigo 6º disciplina a formalização escrita do acordo de delação. Em relação 
ao inciso I há de se observar que a redação deverá ser, precisa e delimitada em seus 
efeitos, pois, os possíveis resultados da delação, se condicionais à sua ocorrência, 
consubstanciará em norma penal aberta, uma vez que a inocorrência do resultado 
desejado poderá acarretar prejuízo para o delator, ou, contrário senso, livrar o agente 
criminoso de uma punição adequada a sua conduta, no fornecimento de informações 
de pouco ou nenhum valor para o desbaratamento da organização criminosa. 
Art. 6º O termo de acordo da colaboração premiada deverá ser feito por escrito 
e conter: 
I - o relato da colaboração e seus possíveis resultados; 
II - as condições da proposta do Ministério Público ou do delegado de polícia; 
III - a declaração de aceitação do colaborador e de seu defensor;

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