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Homicidio Dolosos Contra a Vida

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Atividade Individual Avaliativa – Crimes em Espécie I 
Nome: Nathália Cristina de Souza Costa
Matrícula: 20171110097
Data: 15/04/2020
CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA
O Código Penal estabelece os crimes e suas penas no Brasil e, entre eles, estão os crimes dolosos contra a vida, ou seja, aqueles em que o agente atenta contra a vida do ser humano com vontade direta ou indireta. Tais delitos estão previstos nos artigos 121 a 128 do Código Penal, quais sejam: homicídio (artigo 121), induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio (artigo 122), infanticídio (artigo 123) e aborto (artigos 124, 125, 126, 127 e 128).
Dolo é a vontade e a consciência de realizar os elementos que constituem um tipo legal. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta. Ele é composto por consciência (conhecimento do fato que constitui a ação típica) e vontade (desejo de realizar esse fato).
As ações aqui tratadas são públicas incondicionadas.
COMPETÊNCIA NOS CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA
Especificamente, para os crimes dolosos contra a vida, por encontrar previsão na Constituição Federal, prepondera na fixação de competência, os critérios relacionados à competência absoluta, quais sejam:
1. Em razão da matéria (ratione materiae), nos casos de competência atribuída ao Tribunal do Júri da Justiça Comum Estadual ou Federal, bem como, nos casos de competência atribuída a Justiça Militar da União;
2. Em razão da pessoa (ratione personae), nos casos de competência atribuída por prerrogativa da função, em Tribunais de segunda instância, tais como, Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Superior Tribunal Militar, Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça.
O Código de Processo Penal define a competência privativa do Tribunal do Júri, enquanto competência fixada pela natureza da infração (ratione materiae), em seu artigo 74, parágrafo 1º, o qual dispõe: “Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados”. O julgamento dos crimes dolosos contra a vida pelo Tribunal do Júri é considerado direito e garantia fundamental, consoante previsão do inciso XXXVIII, art.5º, da Constituição Federal.
DOS CRIMES
1 – HOMOCÍDIO: É a morte de um sujeito praticado por outrem. Tem por ação o verbo "matar", utilizando-se qualquer meio capaz de execução, efetuando ação para realizar o núcleo da figura típica. Portanto, pode-se matar por meios físicos (mecânicos, químicos ou patogênicos), morais ou psíquicos, com emprego de palavras, direta ou indiretamente, por ação ou omissão.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, não exigindo a lei nenhum requisito especial, sendo excluídos somente aqueles que atentam contra a própria vida. O sujeito passivo também pode ser qualquer pessoa, sendo este o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado. 
O Código Penal distingue várias modalidades de homicídio: simples (artigo 121, caput), privilegiado (§ 1°), qualificado (§ 2°) e culposo (§ 3°).
1.1 O Homicídio simples, é a ação de matar um terceiro sem agravantes cruéis (qualificado) ou sem domínio de violenta emoção (privilegiado). Ele simplesmente constitui o tipo básico fundamental, contendo os componentes essenciais do crime. A pena para este crime é de 6 a 20 anos.
1.2 O Homicídio privilegiado, trata-se de causa especial de diminuição de pena, aplicada as hipóteses nele previstas, conforme preceitua o parágrafo primeiro do art 121: 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
1.2.1 Motivo de relevante valor social: É aquele que atende aos interesses ou fins da vida coletiva. Não interessa tão somente ao agente, mas, sim, ao corpo social (ex.: a morte de um traidor da pátria);
1.2.2 Motivo de relevante valor moral: É aquele que embora importante, é considerado levando-se em conta os interesses do agente (ex.: o pai que mata o estuprador de sua filha)
Apesar da hipótese da eutanásia não constar no nosso Código Penal, ela também é causa de diminuição de pena, pois, quando o agente causa a morte de um paciente já em estado terminal, que não suporta mais as dores impostas pela doença da qual está acometido, impelido pelo sentimento de compaixão, deve ser considerado um motivo de relevante valor moral, impondo-se a redução obrigatória da pena.
1.2.3 Sob o domínio de violenta emoção: Logo em seguida a injusta provocação da vítima: aqui o agente deve estar completamente dominado pela situação, fazendo com que este perca sua capacidade de autocontrole em decorrência da emoção. 
1.2.4 A provocação pode consistir em qualquer fato voluntário, seja ação ou omissão, que venha expressar uma ofensa à sensibilidade moral do agente. São as vias de fato, as ofensas à honra, zombarias, insinuações, perseguições, agressões. É necessário que imediatamente após a injusta provocação da vítima ao réu, embora se admita o decurso de alguns minutos, não podendo se estender o conceito para horas ou dias.
Hoje prepondera o entendimento de que há homicídio privilegiado em casos de infidelidade conjugal (RF 110/400, dentre outros). Será o caso ainda quando há reação imediata a uma bofetada ou agressão com instrumento aviltante (RT 155/78). Este consiste não apenas em ofensa à honra do cônjuge como também em violação à ordem jurídica e social, que é instituição de direito público.
1.3. O homicídio qualificado, é aquele que tem a sua pena majorada (aumentada). É quando o crime cometido por incentivo financeiro (quando a pessoa é paga para terminar com a vida de outra), por motivo considerado irrelevante, por discriminação racial, sexual ou religiosa, quando ocorre de maneira premeditada (envenenamento, por exemplo) ou por meio de emboscada que impeça a possibilidade de defesa da vítima. A pena deste crime é de 12 a 30 anos.
2 – FEMINICÍDIO: A mudança na penalização dos assassinatos femininos para homicídio qualificado determinou penalidades mais duras e inafiançáveis aos casos que envolverem violência doméstica e familiar ou menosprezo e discriminação à condição de mulher.
Violência doméstica ou familiar: Quando o homicida é um familiar da vítima ou já manteve algum tipo de laço afetivo com ela. Esse tipo de feminicídio é o mais comum no Brasil, ao contrário de outros países da América Latina, em que a violência contra a mulher é praticada, comumente, por desconhecidos, geralmente com a presença de violência sexual.
Menosprezo ou discriminação contra a condição da mulher: Crime resultante da discriminação de gênero manifestado pela misoginia e pela objetificação da mulher.
A Lei n. 13.104/2015 incluiu o assassinato de mulheres na lista de crimes hediondos (Lei n 8.072/1990), como já ocorre em casos de genocídio e latrocínio, cujas penas previstas pelo Código Penal são de 12 a 30 anos de reclusão. No Brasil, o crime de homicídio (assassinato) prevê pena de seis a 20 anos de reclusão. No entanto, quando for caracterizado feminicídio, a punição parte de 12 anos de reclusão.
3 - INDUZIMENTO, INSTIGAÇÃO OU AUXÍLIO AO SUICÍDIO OU A AUTOMUTILAÇÃO: O suicídio é a deliberada destruição da própria vida. Sendo, por isso, uma forma de autolesão, motivo pelo qual se faz impunível pelo direito penal.
Não se punia nem se pune atualmente a tentativa de se matar. A norma penal tutela a vida alheia, não aceitando que o agente dê a ideia, reforce o projeto ou forneça algum auxílio material para que um terceiro se mate.
Este crime era a denominação do delito previsto no artigo 122 do Código Penal, que possuía, até 26 de dezembro de 2019, o seguinte teor: Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. A pena dele era de reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Algumas circunstâncias que cercam o suicídio importamao direito penal, quais sejam: 1) Impedimento do suicídio como faculdade: é possível o uso da força para impedir um suicídio, agindo-se, aqui, em estado de necessidade; 2) Impedimento do suicídio como obrigação: pode o indivíduo ter o dever de cuidado relativo ao pretenso suicida (como a relação entre pai e filho menor de idade), de modo que a tentativa de impedir o suicídio é obrigação, cuja violência empregada estaria no âmbito do estrito cumprimento do dever legal.
Os núcleos do tipo possuem os seguintes significados: 
3.1 Induzimento: o agente cria na vítima a ideia.
3.2 Instigação: o agente reforça uma ideia preexistente.
3.3 Auxílio: o agente presta assistência material à vítima.
Assentaram-se a doutrina e a jurisprudência no sentido de que caso o suicida não possua tal discernimento, não tendo a possibilidade de compreensão e possível resistência, o agente que o induziu, instigou ou auxiliou deve responder por crime de homicídio.
Se a vítima só tentasse se matar ou apenas sofresse lesão leve, não havia crime, para a doutrina majoritária, conforme a redação anterior ao advento da Lei 13.968/2019. Só havia relevância penal se a vítima sofresse lesão corporal de natureza grave ou se ela efetivamente conseguisse se matar. Seguindo este entendimento, a tentativa não era juridicamente possível.
Já a Automutilação é a conduta de causar lesões em si próprio. Assim como o suicídio não é punido, a automutilação também não, pois o que o legislador veda é o induzimento, a instigação ou o auxílio material a que alguém suicide ou que se mutile.
Formas majoradas: O parágrafo terceiro do artigo 122, inserido pela Lei 13.968/2019, passou a abrigar as mesmas causas de aumento de pena que já estavam previstas no antigo parágrafo único, sem, entretanto, prever a causa de aumento para os casos de motivo torpe ou fútil: § 3º A pena é duplicada: I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
Vale recordar que o motivo egoístico consiste no interesse pessoal do agente. Seria o caso de quem induz o sujeito, com classificação superior em lista de espera de concorrido concurso, a se matar.
As únicas hipóteses que foram introduzidas com a Lei n. 13.968/2019 foram a do crime praticado por motivo torpe e a do cometido por motivo fútil.
O motivo torpe é o motivo repugnante, vil, abjeto, desprezível. A vingança vem sendo compreendida pelo STJ como um motivo torpe, no caso do homicídio. Entretanto, o STJ já decidiu que a vingança pode ou não configurar motivo torpe, a depender do caso concreto.
O motivo fútil é aquele que demonstra desproporção em relação ao crime praticado. Caracteriza-se quando o delito consubstancie razão frívola, mesquinha, insignificante. E se o crime for praticado com ausência de motivo, existe divergência doutrinária, mas o STJ, ao analisar casos de homicídio, tem entendido não ser admissível a configuração do crime praticado sem motivo como qualificado por motivo torpe.
Novas formas majoradas: A Lei 13.968/2019 trouxe novas majorantes ao crime do artigo 122 do CP, com a inserção dos parágrafos terceiro e quarto: § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real; § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
A primeira majorante, prevista no parágrafo quarto, traz o aumento da pena até o dobro se a conduta for realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. Vale recordar que a conduta típica, para a configuração do delito em estudo, deve se voltar a uma pessoa determinada ou a pessoas determinadas. Haverá, portanto, o aumento da pena, até o dobro, no caso de o agente se utilizar, por exemplo, de chamada de vídeo ou mesmo o serviço de mensagens do Facebook. Na segunda, o maior desvalor da conduta reside no fato de o sujeito ativo ter uma posição de liderança ou de coordenação em grupo ou rede virtual, ou seja, com formação realizada pela internet, a rede mundial de computadores. Com isso, sua conduta possui maior probabilidade de eficácia e menor controle, já que sua própria posição demanda dele tal responsabilidade no grupo.
4 – ABORTO: O aborto ocorre quando a gravidez é interrompida com a consequente interrupção do processo gestacional, antes do nascituro, ocasionando a eliminação da vida intrauterina. O direito a vida é reconhecido e resguardado pelo nosso ordenamento jurídico da forma mais ampla possível, havendo proteção à vida desde o momento de sua concepção. A conduta de aborto esta tipificada pelo Código Penal brasileiro entre os artigos 124 e 126. Trata-se de um crime contra a vida.
Principais formas de aborto: 
1 - Aborto atípico (não são puníveis e não estão previstos na lei): Aborto natural ou espontâneo, que é oriundo de causas patológicas decorrentes de um processo fisiológico espontâneo do organismo feminino; Aborto acidental, que deriva de causas exteriores e traumáticas. Exemplo: escorregão; Aborto culposo que resulta de culpa, de uma conduta imprudente, negligente ou imperita.
2 - Aborto típico e jurídico (estão previstos em lei e não são puníveis): Aborto terapêutico (artigo 128, inciso I), que é realizado quando não há outro meio de salvar a vida da gestante ou em caso de bebê anencéfalo, que é quando criança ao nascer não possui nenhuma expectativa de vida, já que nasce com essa deformidade; Aborto sentimental e humanitário (artigo 128, inciso II), autorizado quando a gravidez é resultante de estupro.
3 - Aborto típico, antijurídico e culpável (estão previstos em lei e são puníveis): Estes são decorrentes de uma conduta humana dolosa, e que provoca a morte do nascituro. 
Pode ser realizado pela gestante, ou seja, a própria pode empregar os meios necessários delitivos para consumação do ato desejado. É cabível em tal hipótese a participação de terceiro, já que este poderá induzir, instigar ou auxiliar a mulher, como, por exemplo, no caso em que fornecer os apetrechos necessários para a realização do aborto. Por se tratar de crime de mão própria, será impossível o concurso de pessoas na modalidade coautora, sendo que o terceiro que participou do delito responderá pelo artigo 126; 
No aborto consentido, a gestante apenas consente a prática delitiva, sendo que, quem executa é o terceiro. Porém, o terceiro ao realizar o aborto consentido, previsto neste artigo, não responderá pelo artigo 124 do Código Penal, mas sim pelo delito do artigo 126 do mesmo Códex, já que existe previsão expressa que separa os dois crimes, para a gestante, que consente, e para o terceiro, que é quem o pratica. Importante acrescer que, o consentimento da gestante deverá permanecer até a consumação do delito, pois se a mesma desistir da empreitada criminosa nos atos executórios do “inter criminis”, o terceiro responderá pela figura do artigo 125 do código penal.
O aborto provocado por terceiro, sem o consentimento da gestante, está previsto no artigo 125 do Código Penal, sendo considerada a conduta mais gravosa do crime de aborto, já que a gestante não outorga o consentimento da prática, enquanto terceiro usa meios ou manobras para a consumação do crime. A ausência do consentimento da gestante constitui, nesse caso, elemento principal da ação, uma vez que se houver o consentimento da mulher, a conduta será desqualificada para a prática do artigo 126 do mesmo Código. Nesse caso é possível o concurso de pessoas, já que, por exemplo, a enfermeira pode auxiliar o médico durante a prática do aborto em uma clínica. É fato necessário o consentimento da gestante neste artigo, porque se não houver, volta a ser o delito praticado no artigo 125.
O aborto em sua forma majorada encontra-se expresso no artigo 127 do Código Penal, sendo elas: quando ocorrer lesão grave, a pena aplicada será aumentada de um terço; ou então no caso em que ocorrer a morte da gestante, a pena será duplicada. As formas majoradas previstas em tal artigo constituemcausas especiais de aumento de pena, sendo consideradas na terceira fase no momento da fixação.
No que respeita a forma de crime preterdoloso, a vontade do indivíduo irá até o ato de causar o aborto, porém não se tem a vontade de causar a morte da gestante ou então a sua lesão corporal grave.
Se verificada a existência de dolo ligado a esses resultados mais graves, o indivíduo irá responder pela prática de concurso formal de crimes, quais sejam o aborto e a lesão corporal grave, ou então substituído este último crime por homicídio.
Sujeitos do crime: 1) Sujeito ativo - Quanto ao Art. 124: é a gestante, porquanto apenas ela pratica o autoaborto e apenas ela consente que outra pessoa lhe provoque o aborto. Poderá outra pessoa figurar como partícipe desse crime, como na hipótese em que o namorado auxilia a gestante a praticar o autoaborto, comprando o remédio abortivo. Quanto aos Arts. 125 e 126: o sujeito ativo é qualquer pessoa, exceto a gestante, que só pode ser autora dos crimes do art. 124; 2) Sujeito passivo - Em todos os tipos é o ser humano em formação (ovo, embrião ou feto). No aborto não consentido (art. 125) e no agravado pelo resultado, a gestante também figura como sujeito passivo.
5 – INFANTICÍDIO: O infanticídio está previsto no artigo 123 do Código Penal, e é a eliminação da vida do próprio filho, recém-nascido (acabou de nascer) ou nascente (está nascendo), praticada pela mãe, durante o parto ou logo após, mas sob influência do estado puerperal.
Trata-se de crime próprio (especial), porque exige especial atributo do sujeito ativo: ser mãe da pequena vítima. É unissubjetivo, pois não é necessário mais de um agente para a prática do crime. Porém, admite o concurso eventual de pessoas, ou seja, a participação, a coexecução.
O sujeito passivo é o recém-nascido (neonato) ou nascente, ainda que inviável, mas com capacidade de viver, desde que tenha nascido com vida. Será vítima mesmo antes de uma vida autônoma, ainda que preso a puérpera pelo cordão umbilical.
O infanticídio admite somente a forma comissiva (ação). A diferença fundamental entre o homicídio e o infanticídio é que neste a mãe mata o próprio filho, recém-nascido ou nascente, durante ou logo após o parto, mas sob a influência do estado puerperal.
Estado puerperal: é a alteração psíquica impulsionada pelo parto, capaz de mover a mulher a matar o próprio filho. Toda mãe passa pelas transformações do estado puerperal, embora algumas apresentem graves perturbações e outras menores. Quando a mulher está nesse estado, há intensas alterações psíquicas e físicas, as quais chegam a transformar a mãe, deixando-a sem plenas condições de entender o que está fazendo, razão pela qual se trata de situação de semi-imputabilidade, ocasionando o tipo penal próprio do infanticídio.
Elemento temporal: A ação deve ocorrer durante o parto ou logo após.
Para haver este crime é necessário que a agente tenha agido com dolo, quer direito, quer eventual. 1) Dolo direto - o agente, sob a influência do estado puerperal, agindo durante ou logo após o parto, quer a produção do resultado morte; 2) Dolo eventual - com a sua conduta anterior o agente assume o risco da produção do resultado morte. Não existe forma culposa por ausência de previsão legal.
Consumação e tentativa: Consuma-se o infanticídio com a morte do filho nascente ou recém-nascido levada a efeito pela própria mãe. Mas para que o crime possa existir é indispensável a existência de vida biológica no sujeito passivo, nascente ou recém-nascido.
Como se trata de crime material, o infanticídio admite a tentativa, uma vez que iniciada a ação de matar, esta pode ser interrompida por circunstâncias alheias à vontade da mãe. Da mesma maneira, pode haver a possibilidade de ocorrer a desistência voluntária ou do arrependimento eficaz.
Importa mencionar que haverá crime impossível quando a mãe, supondo estar vivo o nascente ou recém-nascido, pratica o fato com a criança já morta. Outra questão relevante é o fato da parturiente, estando sob influência do estado puerperal, matar outra criança recém-nascida julgando ser o próprio filho. A hipótese é de infanticídio e não homicídio, pois há um erro de pessoa que socorre a agente e, dessa forma, a parturiente responde pela modalidade privilegiada, ínsita na figura do artigo 123, do Código Penal.
REFERENCIAS: 
https://jus.com.br/artigos/43833/o-homicidio-privilegiado
https://www.apav.pt/carontejoom/index.php/icons/homicidio-qualificado-e-homicidio-privilegiado
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/8909/Os-crimes-contra-a-vida
https://www.mundoadvogados.com.br/artigos/entenda-o-que-e-e-quais-os-tipos-de-homicidio
https://www.cnj.jus.br/cnj-servico-voce-conhece-a-lei-do-feminicidio/
https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-penal/aborto/
https://ferciardo.jusbrasil.com.br/artigos/177420435/do-aborto-artigo-124-a-128-do-codigo-penal
https://ferciardo.jusbrasil.com.br/artigos/177418981/do-infanticidio-artigo-123-do-codigo-penal

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