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2019 - Abuso de Autoridade - Prof Camylla Gitã (1)

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Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, por qualquer meio e para qualquer fim, sem autorização prévia, por escrito, do autor, segundo as 
disposições da Lei de Direitos Autorais e legislações aplicáveis. O infrator será responsabilizado pelas perdas e danos morais e materiais causados 
ao autor. 
 
 
LEI Nº 13.869/2019 – CRIMES DE ABUSO 
DE AUTORIDADE 
Prof.ª Camylla Gitã 
 
 
 
 
ICL – Com você até a sua APROVAÇÃO! 
End.: Av. Ubiratan Honório de Castro, 545 – Santa Mônica - (34) 3237-2012 
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SUMÁRIO 
LEI Nº 13.869/2019 – CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE ...................................................................................... 1 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................................. 1 
SUJEITOS DO CRIME .................................................................................................................................................................. 1 
ELEMENTO SUBJETIVO .............................................................................................................................................................. 3 
AÇÃO PENAL CABÍVEL ............................................................................................................................................................... 4 
COMPETÊNCIA ............................................................................................................................................................................ 4 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO ...................................................................................................................................................... 4 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS .......................................................................................................................................... 4 
INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS............................................................................................................................................. 5 
CRIMES EM ESPÉCIE .................................................................................................................................................................. 5 
 
 
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Legislação Especial – Profª. Camylla Gitã 
Polícia Penal MG - 2020 
 
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1 
 
LEI Nº 13.869/2019 – CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
 
INTRODUÇÃO 
 
1. HISTÓRICO 
A Lei de Abuso de Autoridade foi concebida para incriminar os abusos genéricos ou inominados de autoridades, isto 
é, os fatos que não estão previstos como crimes no Código Penal ou em outras leis especiais. 
Isso porque a maioria dos crimes funcionais, como peculato, corrupção, concussão, crimes da Lei de licitação, podem 
ser consubstanciados em abuso da autoridade do funcionário público. Porém, possuem tipificação própria. 
Portanto, os tipos previstos na lei ora analisada são subsidiários em relação aos previstos no Código Penal e em 
outras leis especiais. 
A Lei 13.869/2019, publicada em setembro de 2019, entrou em vigor em janeiro de 2020, 
revogando expressamente a antiga lei 4.898/1965. Esta ressalva é importante para que ao 
resolver questões de provas anteriores você fique atento para analisar se a cobrança não se 
refere à lei antiga. 
O bem jurídico tutelado pela lei de abuso de autoridade é a administração pública e a moralidade administrativa, além 
dos bens jurídicos específicos de cada um dos crimes que veremos adiante, por exemplo: inviolabilidade de domicílio 
e liberdade de locomoção. 
Importante ressaltar, ainda, que nos termos do artigo 39, aplica-se ao processo e ao julgamento dos delitos previstos 
nesta lei, no que couber (ou seja, subsidiariamente), o Código de Processo Penal e Lei 9.099/1995 (lei dos juizados 
especiais). 
 
SUJEITOS DO CRIME 
 
SUJEITO ATIVO 
Acerca do sujeito ativo, a lei assim dispõe: 
Art. 1º Esta Lei define os crimes de abuso de autoridade, cometidos por agente público, servidor ou 
não, que, no exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las, abuse do poder que lhe tenha sido 
atribuído. 
Art. 2º É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não, da 
administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal, dos Municípios e de Território, compreendendo, mas não se limitando a: 
I - servidores públicos e militares ou pessoas a eles equiparadas; 
II - membros do Poder Legislativo; 
III - membros do Poder Executivo; 
IV - membros do Poder Judiciário; 
V - membros do Ministério Público; 
VI - membros dos tribunais ou conselhos de contas. 
Parágrafo único. Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda 
que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou 
qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou 
entidade abrangidos pelo caput deste artigo. 
 
 
 
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2 
Vamos esquematizar todos os elementos que envolvem o sujeito ativo, pois eles têm alta incidência em prova, devendo 
ser memorizados: 
 
 
Os incisos do artigo 2º trazem um rol exemplificativo de agentes públicos. Trata-se de um rol extremamente amplo, 
que alcança militares, membros de poder, membros do Ministério Público e de Tribunais de Contas etc. 
Portanto, tenha em mente que os crimes da lei de abuso de autoridade são crimes próprios, ou seja, somente podem 
ser cometidos por agente público. 
Fique atento para os elementos “servidor ou não”, “ainda que transitoriamente” e “ainda que sem remuneração”, que 
tornam o conceito extremamente amplo, abrangendo, por exemplo, estagiários. 
Algumas dúvidas podem surgir: 
1. Agente de férias ou licença: haverá a prática do delito se o agente se valer da condição de agente público. 
2. Agente aposentado ou demitido: como não existe mais nenhum vínculo com o Estado, não cabe falar em 
abuso de autoridade. 
ATENÇÃO: O termo “agente público” é elementar do crime. Sendo assim, de acordo com o artigo 30 do Código Penal, 
esta circunstância se comunica a coautores e partícipes. Ou seja, particulares podem ser punidos pela lei de abuso 
de autoridade, desde que eles tenham conhecimento da condição de agente público. 
Código Penal - Art. 30. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando 
elementares do crime. 
Ex: policial decide algemar um inimigo fora das hipóteses cabíveis e expô-lo nesta situação vexatória para satisfazer 
a interesse pessoal. Esta conduta configura crime de abuso de autoridade (artigo 13). Se um amigo do policial (que 
sabia da sua condição funcional), que não é agente público, auxilia na ação, colocando as algemas na pessoa, 
enquanto o policial a imobiliza, ambos responderão juntos por abuso de autoridade, pois o particular aderiu à prática 
criminosa. 
 
SUJEITO PASSIVO 
Os delitos de abuso de autoridade apresentam dupla subjetividade passiva: o Estado e a pessoa que é diretamente 
atingida pelos atos abusivos. 
 
 
 
 
Sujeito ativo
Agente público
Servidor ou não
Administração direta, indireta ou fundacional
Qualquer dos poderes (executivo, legislativo, judiciário)
Qualquer ente federativo (União, Estados, DF, Municípios e 
Territórios)
Ainda que transitoriamente
Ainda que sem remuneração
Qualquer forma de investidura ou vínculo
No exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-lashttps://online.iclcursos.com.br/
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3 
 
ELEMENTO SUBJETIVO 
 
O elemento subjetivo é o dolo. Não há previsão de modalidade culposa. Além disso, exige-se também um especial fim 
de agir, um dolo específico, revelado pelo artigo 1º, §1º, in verbis: 
§ 1º As condutas descritas nesta Lei constituem crime de abuso de autoridade quando praticadas pelo 
agente com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a si mesmo ou a terceiro, ou, 
ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. 
As ações dos agentes públicos têm fé pública, pressupõe-se que são legais. Assim sendo, para que se admita a 
persecução penal por abuso de autoridade, a acusação precisará comprovar no caso concreto o dolo específico. São 
finalidades específicas previstas na lei, alternativas (basta uma das finalidades), as seguintes: 
 
 
 
Ex: policial empreende busca pessoal em um indivíduo que caminha de forma ansiosa, vestido pesadas roupas de 
frio, em um dia de sol forte, em frente a uma agencia bancária. O policial agiu pois achou a situação suspeita. Ainda 
que depois se verifique que a pessoa não estava cometendo nenhum ato ilícito, o agente não pode ser punido, pois 
não há objetivo de agir com abuso de poder, com a presença de nenhuma das finalidades citadas acima. 
Há que se atentar, ainda, para o §2º, que dispõe: 
 
§ 2º A divergência na interpretação de lei ou na avaliação de fatos e provas não configura abuso de 
autoridade. 
 
É possível que uma determinada situação concreta enseje mais de uma interpretação. Nessa situação, não está 
presente o dolo de abuso de autoridade. Assim, para resguardar as entidades de investigação e instrução processual, 
foi inserida essa ressalva. 
Um exemplo trazido por Márcio André Lopes Cavalcante: o membro do Ministério Público denuncia o acusado 
afirmando que sua conduta configura o crime “X”. Ocorre que existe uma segunda corrente – diversa daquela 
sustentada pelo MP – que defende que essa conduta é atípica. O juiz adota essa segunda posição e rejeita a denúncia 
por entender que a situação não se amolda àquele tipo penal. O simples fato de haver essa divergência de 
interpretação não gera a conclusão de que o integrante do Ministério Público tenha agido com abuso de autoridade. 
Para tanto, seria necessária a demonstração de um mínimo de "má-fé" e de "maldade" por parte do julgador, que 
proferiu a decisão com a evidente intenção de causar dano à pessoa. 
 
 
 
 
 
 
 
Dolo específico 
no abuso de 
autoridade
Prejudicar outrem
Beneficiar a si mesmo
Beneficiar a terceiro
Mero capricho
Satisfação pessoal
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4 
 
AÇÃO PENAL CABÍVEL 
 
A ação penal cabível é pública incondicionada. Se esta não for interposta no prazo legal, admite-se a ação penal privada 
subsidiaria da pública no prazo de seis meses, nos termos do artigo 3º: 
Art. 3º Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. 
§ 1º Será admitida ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao 
Ministério Público aditar a queixa, repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos 
do processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do 
querelante, retomar a ação como parte principal. 
§ 2º A ação privada subsidiária será exercida no prazo de 6 (seis) meses, contado da data em que se esgotar 
o prazo para oferecimento da denúncia. 
 
COMPETÊNCIA 
 
A competência para processo e julgamento do crime de abuso de autoridade é determinada de acordo com a esfera a que 
está vinculado o autor do crime. Se o autor do crime é agente público municipal ou estadual, será cabível a justiça estadual. 
Se o agente possui vínculo federal, a justiça federal será a competente. 
Deve-se analisar, ainda, se o agente possui foro por prerrogativa de função fixado na Constituição Federal, por exemplo, 
juízes federais são processados e julgados pelo respectivo Tribunal Regional Federal. 
 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
 
Os efeitos da condenação estão previstos no artigo 4º e podem ser automáticos e não automáticos. Vejamos na tabela: 
Efeitos automáticos Efeitos não automáticos 
I. tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo 
crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido, fixar na 
sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados 
pela infração, considerando os prejuízos por ele sofridos 
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou 
função pública, pelo período de 1 (um) a 5 (cinco) anos; 
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública. 
 Condicionados à ocorrência de reincidência em crime de 
abuso de autoridade (reincidência específica) e devem 
ser declarados motivadamente na sentença. 
 
PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 
 
A lei de abuso de autoridade traz duas penas restritivas de direitos específicas que incidirão nos casos em que couber a 
substituição das penas privativas de liberdade. Estas penas poderão ser aplicadas individualmente ou cumulativamente. São 
elas: 
 
Penas restritivas de direitos 
(art. 5º)
I - prestação de serviços à comunidade ou a 
entidades públicas;
II - suspensão do exercício do cargo, da 
função ou do mandato
Prazo de 01 a 06 meses
Perda dos vencimentos e 
vantagens
Poderão ser aplicadas 
autônoma ou 
cumulativamente
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INDEPENDÊNCIA DE INSTÂNCIAS 
 
A lei de abuso de autoridade traz regramento específico que consubstancia o princípio da independência de instâncias, 
segundo o qual as instâncias penal, civil e administrativa são independentes entre si. Ou seja, um mesmo ato pode ser ao 
mesmo tempo um ilícito penal, civil e administrativo, podendo o autor responder de forma independente em cada uma das 
três instâncias. 
Vejamos o que diz a lei: 
Art. 6º As penas previstas nesta Lei serão aplicadas independentemente das sanções de natureza civil ou 
administrativa cabíveis. 
Parágrafo único. As notícias de crimes previstos nesta Lei que descreverem falta funcional serão informadas 
à autoridade competente com vistas à apuração. 
Art. 7º As responsabilidades civil e administrativa são independentes da criminal, não se podendo mais 
questionar sobre a existência ou a autoria do fato quando essas questões tenham sido decididas no juízo 
criminal. 
Art. 8º Faz coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que 
reconhecer ter sido o ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento 
de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Ressalte-se que não há previsão de obrigatoriedade de suspensão do processo administrativo ou cível para que se aguarde 
o julgamento na esfera penal. 
Com relação ao disposto no artigo 8º, ele diz que se a sentença penal reconhecer que o ato foi praticado em estado de 
necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito (excludentes de ilicitude), a 
decisão penal fará coisa julgada nos âmbitos cíveis e administrativo. Sendo assim, a presença das excludentes não pode 
mais ser discutida nas demais esferas. 
O mesmo vale para a ressalva do artigo 7º, referente à existência ou autoria do fato. Se a esfera criminal declara que o fatonão existiu ou que determinada pessoa não cometeu o crime, esses aspectos não podem mais ser questionados em âmbito 
civil ou administrativo. 
 
CRIMES EM ESPÉCIE 
 
Antes de analisarmos os crimes previstos na lei de abuso de autoridade, vale a ressalva referente ao concurso de crimes: 
O STJ, o STF e doutrina entendem que o ABUSO DE AUTORIDADE não absorve e nem é absorvido pelos crimes a ele 
conexos. Exemplo: se um policial, sem motivo, para atender a satisfação pessoal, constranger o preso ou o detento a se 
expor a situação vexatória, mediante violência, responderá tanto pelo abuso de autoridade quanto por eventual lesão corporal 
causada. 
EXCEÇÃO: O crime de TORTURA absorve o de abuso de autoridade quando este é utilizado como crime meio para a 
execução de tortura 
 
1. ESQUEMA 
A lei de abuso de autoridade prevê mais de 20 condutas criminosas. É importante conhecer cada uma delas. Porém, para 
facilitar a assimilação do conteúdo e para que você entenda o que veremos pela frente, podemos dividir estas condutas 
criminosas em 4 categorias: 
 
Obs: alguns artigos não estão presentes no quadro e não serão analisados pois foram vetados. 
Categorias
Relacionados à investigação/instrução
Arts. 9, 10, 12, 15, 25, 27, 28, 30, 
31, 32, 33, 36, 37, 38
Relacionados ao tratamento dispensado aos 
presos
Arts. 13, 16, 18, 19, 20, 21
Relacionados à manipulação de fatos/locais 
de crime
Arts. 23, 24, 
Relacionados à violação de 
domicilio/intimidade/honra/imagem
Arts. 22, 28
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6 
Importante ressaltar, também, que em todos os crimes previstos, há apenas duas quantificações de penas. São elas: 
 
 
Passemos, pois, à análise dos crimes em espécie, com a ressalva de que é extremamente importante que se tenha 
domínio sobre a literalidade da lei, que vem sendo cobrada em questões sobre o tema. 
 
ART. 9º 
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses 
legais: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar 
de: 
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal; 
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, 
quando manifestamente cabível; 
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.’ 
 
Após a Constituição Federal de 1988 (art. 5º, LXI), ninguém pode ser preso senão em virtude de flagrante delito ou por 
ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. O objetivo deste artigo foi evitar a supressão dessa 
garantia constitucional. 
Exemplo: delegado de Polícia passou à frente das pessoas na fila de um banco, começando uma confusão. Na briga, 
o delegado deu voz de prisão a uma das pessoas, por desacato, prendeu e determinou o pagamento de fiança. O 
Superior Tribunal de Justiça entendeu que a prisão se deu com abuso de poder, fora das hipóteses legais, configurando 
abuso de autoridade (REsp 782.834-MA). 
As figuras equiparadas do parágrafo único são crimes próprios das autoridades judiciárias, bem como são condutas 
omissivas (“deixar de”), analisemos os incisos do parágrafo único: 
I. De acordo com a Constituição Federal, a prisão ilegal deve ser relaxada, o que deve ser feito tão logo o 
magistrado tenha ciência da ilegalidade (CF, art. 5º, LXV). O inciso I criminaliza a conduta do magistrado que 
não o faz em prazo razoável. 
II. A prisão preventiva deve ser decretada apenas em situações específicas, previstas no artigo 312-313 do 
Código de Processo Penal. Ocorre que, a depender das circunstâncias do caso concreto, é possível que a 
prisão preventiva seja substituída por medidas cautelares menos gravosas, diversas da prisão (art. 319 do 
CPP). O inciso II criminaliza a conduta do juiz que, em tempo razoável, não determina a substituição, bem 
como para aquele que não concede a liberdade provisória, quando cabível. 
III. O habeas corpus, nos termos da Constituição (art. 5º, LXVIII) deve ser concedido sempre que alguém sofrer 
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso 
de poder. Pode ser responsabilizado por abuso de autoridade o magistrado que, dolosamente, e em prazo 
razoável, não defere liminar ou ordem de HC, quando manifestamente cabível. 
 
 
 
Penas 
cominadas
Detenção de 6 meses a 2 anos + multa
Nesse caso, aplica-
se a Lei 9.099
Detenção de 1 a 4 anos + multa
ATENÇÃO: NÃO HÁ PREVISÃO DE PENA DE 
RECLUSÃO
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7 
ART. 10 
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou 
sem prévia intimação de comparecimento ao juízo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
De início, necessário ressaltar que condução coercitiva não é prisão. A condução coercitiva é um instituto processual 
de restrição temporária da liberdade, com objetivo de fazer comparecer aquele que injustificadamente desatendeu à 
intimação e cuja presença seja essencial para o curso da persecução penal. 
Pode se destinar à testemunha e aos peritos, por exemplo. Por limitar a liberdade de locomoção, a medida deve ser 
utilizada com cautela e apenas quando imprescindível. O instituto está previsto nos artigos 201, §1º, 218 e 260 do 
Código de Processo Penal. 
 
O Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que a condução coercitiva de réu ou 
investigado para interrogatório, constante do artigo 260 do Código de Processo Penal 
(CPP), não foi recepcionada pela Constituição de 1988 (ADPFs 395 e 444). O emprego da 
medida, segundo o entendimento majoritário, representa restrição à liberdade de locomoção 
e viola a presunção de não culpabilidade e o direito à não autoincriminação, sendo, portanto, 
incompatível com a Constituição Federal. 
Ressalte-se que o STF reconheceu a inconstitucionalidade apenas da hipótese da condução 
coercitiva de réu ou investigado para interrogatório. As demais hipóteses continuam válidas. 
O artigo 10, portanto, pune a conduta do agente público que decreta a condução coercitiva fora das hipóteses previstas 
na legislação ou sem intimação prévia. 
 
ART. 12 
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo 
legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: 
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade 
judiciária que a decretou; 
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua 
família ou à pessoa por ela indicada; 
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a nota de culpa, assinada pela 
autoridade, com o motivo da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas; 
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de 
medida de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar 
o alvará de soltura imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado 
o prazo judicial ou legal. 
 
A Constituição, no artigo 5º, LXII, dispõe que a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão 
comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. O objetivo da 
exigência constitucional é que o juiz competente tenha o controlesobre a legalidade da prisão, podendo relaxá-la se 
realizada de forma ilegal ou irregular. Também prevê a Constituição, no inciso LXIV do artigo 5º, que o preso tem 
direito à identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial. 
O crime, portanto, com fundamento constitucional, é deixar de fazer as devidas comunicações, bem como deixar de 
entregar a nota de culpa ao preso ou prolongar a execução de medidas privativas de liberdade. 
Trata-se de crimes omissivos “deixar de...” que se consumam com a mera omissão do agente, desde que haja dolo, 
presentes algumas das finalidades especiais mencionadas no artigo 1º, §1º. 
 
 
 
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8 
ART. 13 
Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua 
capacidade de resistência, a: 
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública; 
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei; 
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência. 
 
Por sua importância, vale a esquematização do dispositivo: 
 
 
São exemplos desta conduta: o diretor do estabelecimento prisional, mediante violência ou grave ameaça, deixar de 
abrir as celas no horário regulamentar impedindo o banho de sol ou colocar o preso em regime disciplinar diferenciado 
sem fundamento legal. Todos estes são casos de constrangimento não autorizado em lei. 
Há de se ressaltar, ainda, que as algemas, quando utilizadas de forma desnecessária, como meio de humilhação, 
podem configurar instrumentos do crime de abuso de autoridade. Oportunamente, lembremos o texto da Súmula 
Vinculante 11 do Supremo Tribunal Federal: 
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade 
física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena 
de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato 
processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
 
ART. 15 
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício 
ou profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório: 
I - de pessoa que tenha decidido exercer o direito ao silêncio; ou 
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença 
de seu patrono. 
 
Nos termos do artigo 207 do Código de Processo Penal, são proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, 
ministério, ofício ou profissão, devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o 
seu testemunho. Assim sendo, a lei pune como abuso de autoridade a conduta do agente que obriga estas pessoas a 
depor sob ameaça de prisão. 
É o caso, por exemplo, do médico psiquiatra ou do psicólogo que ouve as confissões do investigado. 
O parágrafo único complementa as disposições, criminalizando a conduta de prosseguir com o interrogatório de quem 
tenha decidido exercer o direito ao silêncio ou que esteja sem a presença de seu advogado. A conduta correta, nesses 
casos, é encerrar o interrogatório. Se o agente, dolosamente, não o faz, incorre em abuso de autoridade. 
 
 
 
Constranger o preso 
ou o detento
mediante violência, grave ameaça 
ou redução de sua capacidade de 
resistência a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele 
exibido à curiosidade pública
II - submeter-se a situação vexatória ou a 
constrangimento não autorizado em lei
III - produzir prova contra si mesmo ou contra 
terceiro
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9 
ART. 16 
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou 
quando deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de 
procedimento investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo 
falsa identidade, cargo ou função. 
 
Como dito acima, o preso tem o direito constitucional de saber quem é o responsável pela sua prisão. Assim sendo, 
comete crime de abuso de autoridade o agente que não se identifica ou identifica-se falsamente. 
Podemos exemplificar com a conduta do agente policial Pedro que, quando vai proceder a uma prisão em flagrante, 
se identifica como João, seu desafeto (também policial), e pratica tortura contra o preso. O objetivo de Pedro é 
prejudicar Joao, ensejando a sua denúncia pela tortura. Nesse caso, Pedro identificou-se falsamente ao preso por 
ocasião de sua tortura, estando presente o dolo de prejudicar a terceiro. Trata-se de abuso de autoridade, portanto. 
 
ART. 18 
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se 
capturado em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Esquematizemos as disposições do artigo 18, para que fique clara a regra e as suas exceções (que são alternativas, 
não cumulativas): 
 
 
ART. 19 
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária 
competente para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa 
de tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, 
deixa de enviar o pedido à autoridade judiciária que o seja. 
 
Este dispositivo visa garantir a previsão constitucional do artigo 5º, inciso XXXIV, consistente no direito de petição aos 
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Assim sendo, o artigo 19 pune três 
condutas: 
 
Ressalte-se que as condutas do parágrafo único são crimes próprios, voltados ao magistrado. 
Submeter o preso a interrogatório 
policial durante o período de 
repouso noturno, SALVO
I. se capturado em flagrante delito OU
II. se ele, devidamente assistido, consentir em 
prestar declarações
Impedir ou retardar, 
injustificadamente, o envio de 
pleito de preso à autoridade 
judiciária competente para a 
apreciação da legalidade de sua 
prisão ou das circunstâncias de 
sua custódia
O magistrado que, ciente do 
impedimento ou da demora, 
deixa de tomar as 
providências tendentes a 
saná-lo
O magistrado que, não sendo 
competente para decidir 
sobre a prisão, deixa de 
enviar o pedido à autoridade 
judiciária competente.
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10 
ART. 20 
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réusolto ou o investigado de 
entrevistar-se pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de 
audiência judicial, e de sentar-se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no 
curso de interrogatório ou no caso de audiência realizada por videoconferência. 
 
A entrevista pessoal e reservada é direito do preso e do advogado. Pode caracterizar crime de abuso de autoridade a 
conduta do agente público que a impede, sem justa causa. Da mesma forma, a entrevista pessoal e reservada entre 
cliente e advogado antes da audiência é de grande relevância para o pleno exercício da ampla defesa. Por outro lado, 
o direito de sentar-se ao lado do advogado é importante para que ambos possam se comunicar durante a audiência, 
salvo durante o interrogatório – quando eventuais instruções devem ser fornecidas antes – e nas audiências realizadas 
por videoconferência, por motivos óbvios. 
Esquematizando, temos: 
 
 
ART.21 
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na 
companhia de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente). 
 
Dispõe a Constituição que a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, 
a idade e o sexo do apenado (artigo 5º, XLVIII). Configura crime de abuso de autoridade, portanto, o desrespeito doloso 
a este preceito constitucional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Impedir, sem justa causa, a entrevista 
pessoal e reservada do preso com seu 
advogado
impedir o preso, o réu solto ou o 
investigado de entrevistar-se pessoal e 
reservadamente com seu advogado ou 
defensor antes de audiência judicial
impedir o preso, o réu solto ou o 
investigado de sentar-se ao lado de seu 
defensor e com ele comunicar-se durante a 
audiência
Salvo no curso de interrogatório ou 
no caso de audiência realizada por 
videoconferência
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11 
ART. 22 
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel 
alheio ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou 
fora das condições estabelecidas em lei: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem: 
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas 
dependências; 
II - (VETADO); 
III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h 
(cinco horas). 
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que 
indiquem a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre 
 
Trata-se de figura assemelhada ao crime de violação de domicílio, porém com sujeito próprio, que é o agente público. 
O artigo 5º, XI, da Constituição tutela a inviolabilidade de domicílio, excepcionando-a apenas nos seguintes casos: 
a) flagrante delito, 
b) desastre, 
c) prestar socorro, 
d) durante o dia, por determinação judicial, 
e) a qualquer hora do dia ou da noite, com a permissão do morador. 
O conceito de “domicílio” adotado para estes fins é o de qualquer compartimento habitado, aposento ocupado de habitação 
coletiva e compartimento não aberto ao público onde alguém exerce profissão ou atividade (artigo 150, Código Penal). 
 
ART. 23 
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, 
de coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente 
alguém ou agravar-lhe a responsabilidade: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de: 
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência; 
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da 
investigação, da diligência ou do processo. 
 
Esquematizemos as possibilidades para facilitar a compreensão: 
 
“Inovar artificiosamente” significa promover uma modificação dolosa no estado de um lugar, coisa e pessoa. No caso em 
tela, a modificação se dá no curso de diligência, investigação ou processo, com alguma das finalidades elencadas no caput 
e no parágrafo único. 
Ex: Perito é chamado para atender a um atropelamento. Quem atropelou foi o irmão do perito e a vítima morreu. 
Não há testemunhas e o perito foi o primeiro a chegar. Ele decide remover o corpo (inovação artificiosa) e colocar 
em outro lugar na cena do crime, para que não pareça que a responsabilidade foi do seu irmão, desviando, assim, 
o curso da investigação. 
Inovar artificiosamente, no curso 
de diligência, de investigação ou 
de processo, o estado de lugar, 
de coisa ou de pessoa, COM O 
FIM DE:
eximir-se de responsabilidade
responsabilizar criminalmente alguém ou agravar-lhe a responsabilidade
eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado 
no curso de diligência
omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos 
para desviar o curso da investigação, da diligência ou do processo.
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12 
ART. 24 
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição 
hospitalar pública ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim 
de alterar local ou momento de crime, prejudicando sua apuração: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
 
Vejamos a disposição esquematizada: 
 
De acordo com este artigo, pratica abuso de autoridade o indivíduo que obriga, mediante violência ou grave ameaça, 
a simulação de atendimento hospitalar a alguém que já se encontra morto, com o objetivo de alterar o local ou o 
momento do óbito. 
Ex: imagine uma situação em que, durante diligência policial, haja confronto da polícia com o suspeito e ele seja 
atingido por tiros, ainda que não tenha oferecido resistência. Para evitar que o homicídio venha a ser apurado e que o 
local do crime seja preservado, o agente policial leva a vítima já morta para o hospital e obriga os funcionários a 
admitirem-na para atendimento, com objetivo de simular que a morte ocorrera no hospital. 
 
ART. 25 
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio 
manifestamente ilícito: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou 
fiscalizado, com prévio conhecimento de sua ilicitude. 
A Constituição, no artigo 5º, inciso LVI, veda a utilização de prova ilícita, que é aquela realizada com inobservância 
das regras do Direito. O artigo 25 criminaliza tanto a conduta de obter a prova ilicitamente quanto a de utilizá-la quando 
se sabe ser ilícita. 
Ex: realizar interceptação telefônica sem autorização judicial ou utilizar provas obtidasmediante tortura. 
 
ART. 27 
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou 
administrativa, em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito 
funcional ou de infração administrativa: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, 
devidamente justificada. 
Só se admite a instauração procedimentos investigatórios contra determinada pessoa quando presente a justa causa, 
demonstrada, ao menos, pelos indícios da prática do ilícito. Esses procedimentos a que a lei se refere são, por exemplo, 
o inquérito policial, o processo administrativo disciplinar ou o procedimento investigatório criminal, por exemplo. Assim 
sendo, criminaliza-se a conduta de instaurar os procedimentos investigatórios sem a existência desta justa causa, de 
forma manifestamente descabida. 
A esse respeito, importante conhecer o texto da Súmula 611 do Superior Tribunal de Justiça: 
Súmula 611: Desde que devidamente motivada e com amparo em investigação ou 
sindicância, é permitida a instauração de processo administrativo disciplinar com base em 
denúncia anônima, em face do poder-dever de autotutela imposto à administração. 
 
Constranger
sob violência 
ou grave 
ameaça
funcionário ou 
empregado de 
instituição 
hospitalar 
pública ou 
privada
a admitir para 
tratamento 
pessoa cujo 
óbito já tenha 
ocorrido
com o fim de 
alterar local ou 
momento de 
crime, 
prejudicando 
sua apuração
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13 
ART. 28 
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, 
expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
O que se pune como abuso de autoridade é a divulgação de trecho sem relação com a prova que se pretenda produzir. 
Por exemplo: imagine que, durante investigação por crime de corrupção passiva, seja divulgado trecho de 
interceptação telefônica entre o investigado e sua amante, revelando uma infidelidade. Percebe-se que o conteúdo da 
gravação não tem nenhuma relação com o objeto da investigação e expõe a intimidade e a vida privada do acusado, 
ferindo sua imagem. 
 
ART. 29 
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o 
fim de prejudicar interesse de investigado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
O artigo 29 tem por finalidade assegurar a idoneidade e veracidade das investigações. Configura abuso de autoridade, 
portanto, a conduta do agente público que presta informação falsa sobre os procedimentos mencionados no caput, 
desde que com o dolo de prejudicar interesse de investigado. 
 
ART. 30 
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa 
fundamentada ou contra quem sabe inocente: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
Não se pode dar início a persecução penal contra pessoa que sabe inocente, obviamente, tampouco sem a ausência 
de justa causa. 
Este dispositivo complementa o artigo 27 que trata, por sua vez, dos procedimentos investigatórios. 
 
ART. 31 
Art. 31. Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou 
fiscalizado: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de 
procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do 
fiscalizado. 
 
O tipo penal pune o agente público que prolonga em demasia, de forma dolosa e sem justa causa, investigação. Para 
a caracterização do crime, não basta a simples demora, mas a intenção específica de procrastinar para causar em 
prejuízo. Ou seja, é preciso sempre averiguar se a investigação ou procedimento foram estendidos sem motivo 
justificável. 
O parágrafo único estende a criminalização aos casos em que a procrastinação injustificada ocorra mesmo em 
procedimentos sem prazo determinado para conclusão. 
 
 
 
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14 
ART. 32 
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, 
ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração 
penal, civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças 
relativas a diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja 
imprescindível: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
O artigo 32, basicamente, criminaliza o descumprimento da Súmula Vinculante 14 do Supremo Tribunal Federal, que 
assim dispõe: 
SV 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos 
de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com 
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
 
Pode cometer o delito, por exemplo, o delegado de polícia que obsta o acesso ao inquérito policial, ou o escrivão de 
polícia que impede o advogado de consultar os autos. 
A ressalva em relação às diligências em curso ou futuras é óbvia: não poderia o advogado do investigado acompanhar, 
por exemplo, a realização do procedimento de interceptação telefônica, que é sigiloso enquanto está sendo efetuado. 
 
ART. 33 
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, 
sem expresso amparo legal: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a 
condição de agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio 
indevido. 
 
Nos termos da Constituição, ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei (artigo 5º, 
II). Assim sendo, o artigo 33 objetiva defender as pessoa contra o abuso de um agente público que pretende que se 
faça ou deixe de fazer algo que a lei não manda. 
Ex: agente policial determina que a pessoa tire a roupa para ser revistada. Não há amparo legal nessa 
exigência, configurando, pois, abuso de autoridade. 
O parágrafo único pune a conduta do agente que pretende se utilizar de sua condição para deixar de cumprir obrigação 
legal ou para obter vantagem indevida. Trata-se da criminalização da popularmente conhecida “carteirada”. 
Criminaliza-se, por exemplo, a situação de um juiz de direito que, em uma fila de supermercado, pretenda ser atendido 
de forma preferencial pelo simples fato de sua função pública. 
Os agentes públicos, por sua condição, não têm privilégios que os distingam das demais pessoas e não podem 
pretender obter tratamento privilegiado em virtude de sua situação funcional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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15 
ART. 36 
Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que 
extrapole exacerbadamente o valor estimado para asatisfação da dívida da parte e, ante a 
demonstração, pela parte, da excessividade da medida, deixar de corrigi-la: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. 
 
A decretação de indisponibilidade de ativos financeiros, a exemplo do Bacen-Jud1, é um instrumento fundamental para 
garantir a efetividade da prestação jurisdicional. Contudo, por ser medida excepcional, deve estar limitada à margem 
razoavelmente necessária para satisfazer a dívida sub judice. 
Assim sendo, o artigo 36 criminaliza a conduta da autoridade judicial que decrete a indisponibilidade de valores 
excessivamente altos e, tomando ciência da excessividade, deixe de corrigi-la, determinando o desbloqueio do 
excesso. 
 
ART. 37 
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista 
em órgão colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
A Constituição Federal garante a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios 
que garantam a celeridade de sua tramitação (art. 5º, LXXVIII). Este artigo visa coibir a demora excessiva e injustificada 
que porventura ocorra em órgão colegiado, causada por pedidos de vista. 
Sendo assim, duas observações se fazem necessárias. 
Em primeiro lugar, trata-se de crime próprio, somente podendo ser cometido pelo magistrado atuante em órgão 
colegiado (Tribunais, por exemplo) que, para postergar o julgamento de um processo, peça vista dos autos. 
Por fim, é preciso ter em mente que essa demora precisa ser demasiada, injustificada e, ainda, que tenha intuito 
específico de procrastinar o andamento do processo ou retardar o julgamento. 
 
ART. 38 
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, 
atribuição de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. 
 
Configurará abuso de autoridade a conduta de antecipar a atribuição de culpa antes de concluídas as apurações e 
formalizada a acusação. É a situação na qual as autoridades policiais ou do Ministério Público dão declarações na 
imprensa antecipando a culpa em processos investigatórios que ainda não foram concluídos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 Sistema eletrônico de comunicação entre o Poder Judiciário e as instituições financeiras, por intermédio do Banco Central, 
possibilitando à autoridade judiciária encaminhar requisições de informações e ordens de bloqueio, desbloqueio e transferência 
de valores. 
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