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Estudo dirigido - Teoria do Direito Civil (1)

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Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
1 
 
TEORIA GERAL DE DIREITO CIVIL 
Profa. Marcella Paiva 
 
➢ Conteúdo lecionado nas aulas anteriores: personalidade jurídica; pessoa natural; 
emancipação; ausência e direitos da personalidade. 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
A personalidade jurídica é a aptidão genérica para adquirir direitos e contrair 
obrigações. Uma posterior perspectiva segundo a qual a personalidade jurídica é um valor 
que decorre da dignidade da pessoa humana. Alguns entes despersonalizados – 
denominados de pessoas formais, expressão de Pontes de Miranda – que podem adquirir 
direitos e contrair obrigações, como a massa falida, o espólio, a sociedade de fato e o 
condomínio. Obs.: quanto ao condomínio, há quem defenda que o edilício possui 
personalidade jurídica (enunciado 90 e 246 do CJF). Essa aptidão que é reconhecida aos 
entes despersonalizados por opção legislativa. 
 
❖ Início da personalidade jurídica: 
a) Teoria natalista: surge a partir do nascimento com vida, momento da 
primeira respiração (pode-se verificar se entrou ar no pulmão e se, consequentemente, 
nasceu). Está prevista no art. 2°, primeira parte, do CC. 
STF (ADI 3510) – se inclinou para a teoria natalista, não considerando o embrião 
como ser dotado de personalidade jurídica. Em regra, a personalidade jurídica seria 
protegida a partir do nascimento com vida. 
b) Teoria concepcionista ou conceptualista: se inicia desde a concepção. O 
nascituro já teria personalidade jurídica. Há uma base legislativa para tal corrente na parte 
final do art. 2° do CC. A teoria concepcionista invoca umas prerrogativas do nascituro 
que sugerem a existência de personalidade jurídica, como o reconhecimento de 
personalidade (art. 27, p. ú, ECA e art. 1.609, p. u, CC), o nascituro pode ser herdeiro (art. 
1. 798), cabe a curatela (art. 1779) e os alimentos gravídicos (Lei 11.804 de 2008). 
c) Teoria da personalidade condicionada: praticamente não vingou no brasil. 
O nascituro tem personalidade jurídica, mas está sujeita a condição suspensiva. 
 
❖ Término da personalidade jurídica: morte, cessando a proteção do ordenamento 
jurídico. A morte encefálica é considerada o fim da personalidade jurídica para fins de 
transplante (art. 3°, 9434/97). 
Há exceção quanto à tutela da personalidade jurídica com a proteção post mortem 
dos direitos da personalidade, no caso de alguns direitos, como os direitos morais do autor 
(arts. 12, p. ú. E 20, p. ú, CC) e os direitos de imagem. Ocorrem mesmo quando há 
extinção da personalidade jurídica. 
 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
2 
 
❖ Hipóteses de morte presumida (arts. 6° - c/c o art. 37 e 7°): a abertura da sucessão 
definitiva do ausente e admite a morte presumida independentemente de decretação de 
ausência. No art. 7°, CC, há uma prova indireta do falecimento, há uma certeza jurídica 
do falecimento, que não ocorre no art. 6°, em que há uma certeza jurídica do 
desaparecimento do sujeito de seu domicílio, sem deixar um administrador para seus 
interesses. A ausência não é uma prova indireta de morte. 
 
❖ Comoriência (art 8°, CC): não há transferência de direito sucessório entre 
os comorientes, pela presunção de simultaneidade em face de terem morrido no mesmo 
evento. É presunção relativa, se for possível detectar quem precedeu o falecimento, 
aplica-se a verdade real. 
 
❖ Pessoa Natural 
 
O ser humano será considerado como sujeito de direitos e deveres. Nosso 
ordenamento não aceita que tenhamos animais como sujeito de direitos e deveres, já que 
estes não possuem personalidade. 
A pessoa natural possui a chamada personalidade civil, que confere uma aptidão 
genérica para adquirir direitos e contrair deveres. Artigo 2º CC/02 menciona que a 
personalidade civil da pessoa natural tem início com o nascimento com vida. A lei, porém, 
põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. 
 
❖ Capacidade Civil 
Temos dois tipos de capacidade: 
- De Direito (gozo): permite titularizar relações jurídicas. Uma criança poderá ser 
parte em uma relação contratual já que tem capacidade de Direito, que é conquistada com 
o nascimento com vida. 
- De Fato (exercício): permite a prática de atos da vida civil. É adquirida com a 
maioridade. A maioridade civil se dá aos 18 anos, porém é possível abreviar a maioridade 
conquistando a maioridade antes dos 18 anos por meio da emancipação. O emancipado é 
tratado como menor capaz. A emancipação vem descrita no artigo 5º, p. ú. CC/02, onde 
descreve três tipos: 
- a emancipação voluntária – se dá por concessão dos pais mediante escritura 
pública, desde que o menor tenha, no mínimo, 16 anos; 
- emancipação judicial – se dá por sentença. Existe na hipótese do tutelado. 
- emancipação legal – ocorre nas hipóteses descritas na lei (casamento, exercício 
de emprego público efetivo, colação de grau em curso de ensino superior e 
estabelecimento civil ou comercial ou existência de relação de emprego, desde que o 
menor tenha no mínimo 16 anos). 
 
❖ Incapacidade 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
3 
 
- Absoluta: descrita no artigo 3º CC/02; absolutamente incapaz somente pode 
praticar atos da vida civil desde que esteja representado. A ausência da representação gera 
nulidade. Tem vontade juridicamente irrelevante. 
- Relativa: descrita no artigo 4º CC/02; relativamente incapaz pode praticar atos 
da vida civil. Possui vontade juridicamente relevante. Fará conjuntamente com seu 
assistente. A ausência da assistência, o ato é anulável. Prazo para anular negócio jurídico 
realizado por menor relativamente incapaz sem a figura do assistente – 4 anos contados 
de quando cessar a incapacidade. 
Art. 4°, II, CC: ébrios habituais e viciados em tóxicos. 
Art. 4°, III, CC: sujeito que não pode exprimir a sua vontade temporário ou 
permanente (coma, hipnose). É caso de incapacidade relativa, ou seja, cabe assistência, 
em que o assistido é coadjuvante do assistente. 
Art. 4°, IV c/c art. 1.782: incapacidade relativa do pródigo, que se dá somente 
quanto aos atos de disposição patrimonial, devendo ter assistência para tais atos. É o 
perdulário, aquele que gasta sem pensar. 
Estatuto do deficiente (Lei n. 13.146): o portador de transtorno mental é agora 
capaz, foi retirado do rol dos incapazes. Houve tal mudança para proteger a autonomia e 
a dignidade humana dos portadores de transtorno mental, diante de uma política inclusiva. 
Tradicionalmente, no Brasil, só se admitia curatela para incapaz. Mas o estatuto admite 
curatela para portador de transtorno mental, de forma excepcional (arts. 6° e 84, do 
Estatuto). E mesmo na vigência de eventual curatela possuem o status de capaz. É um 
regime jurídico diferenciado e a capacidade é um estado jurídico. O art. 84, p. 4° 
determina que a curatela tem que proporcional as necessidades de cada caso. O art. 85, p. 
1° disciplina que a curatela atinge apenas os interesses patrimoniais. 
 
❖ Emancipação 
 
• Art. 5°, CC: A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa 
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. A emancipação permite o 
atingimento a capacidade de fato antes da maioridade, cessando o poder familiar e a 
responsabilidade civil indireta dos pais. Com isso, adianta-se a maioridade civil e 
extingue a menoridade civil. 
I – parte inicial – emancipação voluntária: fruto da manifestação de vontade dos 
pais e tem cunho extrajudicial. 
Enunciado 41 do CJF: a emancipação voluntária não gera a extinção da Vale pena 
ressaltar que a emancipação voluntária é irrevogável, ou seja, não podem os pais por ato 
discricionário retornar para o status quo ante. 
I – parte final – emancipação judicial 
II – emancipação pelo casamento é uma modalidade de emancipação legal. 
A união estável emancipa? A união estável não emancipa, pois não é um ato não 
solene e independe de autorização dos paise de suprimento judicial. 
III – exercício de emprego público efetivo: é uma modalidade de emancipação 
legal e a emancipação abrange tanto o cargo quanto o emprego público. 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
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IV – é uma modalidade de emancipação legal. 
V – emancipação pela relação de emprego: é uma modalidade de emancipação 
legal. Essa relação deve gerar economia própria. 
 
DIREITOS DA PERSONALIDADE 
 
• Conceito: conjunto de caracteres e de atributos da pessoa humana que 
dizem respeito ao seu desenvolvimento físico, espiritual, moral e intelectual. 
• O rol de direitos da personalidade é exemplificativo, pois tem como 
cláusula geral o princípio da dignidade humana (Enunciado 274 do / CJF). 
• Características gerais: 
- são vitalícios, ressaltando que alguns são protegidos até post mortem (arts. 12, 
p. ú e 20, p. ú); 
- são inatos – para os jusnaturalistas – ou reconhecidos em caráter de generalidade 
pelo ordenamento jurídico – para a segunda corrente; 
- são absolutos, pois são oponíveis erga omnes. Não são ilimitados, podendo haver 
inclusive a ponderação de interesses (Enunciado 274/ CJF); 
- são irrenunciáveis ou indisponíveis (art. 11, CC). Deve fazer uma observação, 
são relativamente indisponíveis (Enunciados 4 e 139/CJF). Qual seria o limite da 
indisponibilidade? Deve sempre haver uma interpretação estritiva dessa limitação e deve 
ser um limite que tenha um prazo. Cabe ressaltar que pode a pessoa bloquear a saída da 
matéria em que há a sua imagem, cabendo perdas e danos da outra parte. Anderosn 
ShiraiberSchreiber: considera como limites a disponibilidade a intensidade e a vontade – 
a renúncia deve atender o interesse do próprio disponente. 
- são extrapatrimoniais; 
- são impenhoráveis. Interpretação elástica da Lei 8.009/90. 
- são intransmissíveis, advém do seu caráter personalíssimo; 
- são imprescritíveis, podem ser exercidos a qualquer tempo. Mas eventuais 
reflexos patrimoniais, decorrentes de direitos da personalidade, prescrevem (Súmula 149/ 
STF). Art. 206, p. 3°, V – prazo prescricional da reparação patrimonial de 3 anos. É 
imprescritível a investigação de paternidade, mas é prescritível a petição de herança. A 
tutela específica de dano moral é imprescritível, mas a ressarcitória é prescritível. 
- art. 12: prevê a tutela preventiva ou inibitória dos direitos da personalidade na 
primeira parte, evitando a violação destes direitos. Ainda prevê a tutela repressiva ou 
ressarcitória. 
Parágrafo único: proteção dos direitos da personalidade post mortem (após a 
morte). 
- arts. 13 e 14: disposição sobre o próprio corpo em vida e na morte. Limites a 
disposição do próprio corpo: exigência médica ou finalidade terapêutica. Ex.: cirurgia de 
transgenitalização. A cirurgia não é mutiladora e promove uma melhor adequação da 
sexualidade física a sexualidade psíquica. 
O art. 14 trata da disposição do próprio corpo post mortem. A lei 8.501/92 trata da 
disposição para a finalidade cientifica. A finalidade altruística tem relação com os 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
5 
 
transplantes, cuja regulamentação se dá na Lei 9434/97. O CC permite que em vida se 
decida quanto às doações de órgãos, mas na lei de transplantes há menção que compete 
aos familiares. 
- art. 15: vedação ao constrangimento a tratamento médico ou intervenção 
cirúrgica que não queira. O consentimento que é exigido é o informado, ou seja, conforme 
a boa-fé objetiva (art. 422). 
- arts. 16 a 19: direito ao nome. É um direito da personalidade e é um dever. Há 
alguns dispositivos que possibilitam a alteração do nome, os quais são: arts. 55, 56, 58 e 
63, Lei de Registros Públicos e art. 47, p. 5°, ECA c/c o art. 1.627, CC, arts. 30 e 43 da 
Lei 6.815/81. Atualmente, entende-se que é possível a mudança do nome fora dos casos 
previstos legalmente, desde que obedecidos os dois requisitos cumulativos: que esteja em 
jogo a tutela da dignidade da pessoa humana e que não haja prejuízo a terceiros. 
- art 20: é uma regra especial, que traz a proteção a imagem e aos direitos morais 
do autor, inclusive com a proteção post mortem. O principal aspecto a ser levado em conta 
da ponderação é a natureza da informação e a utilidade pública da notícia, quanto maior 
for a utilidade pública presente, mais a balança pende para o amplo acesso à informação 
(Resp 984803 – não se exige juízo de certeza para a publicação de certeza, que só pode 
ser apurada pelo contraditório, sob pena de afetar a liberdade de imprensa e acesso à 
informação, pela via indireta). 
A interpretação literal do art. 20 permite que o biografado vivo ou seus herdeiros 
reclamem sobre a biografia e que bloqueiem a biografia não autorizado. O STF decidiu 
de modo distinto (ADIn 4815), afastando a necessidade de autorização prévia para 
biografia, mas nada impede um controle a posteriori - direito de resposta, pretensão 
indenizatória, responsabilidade criminal, direito de exigir a retificação da obra. 
O disposto sobre o art. 12, parágrafo único, se aplica para o art. 20, parágrafo 
único, exceto com relação aos legitimados. 
- art. 21: proteção da privacidade A privacidade, pela definição tradicional, diz 
respeito ao direito de estar só. Atualmente, há outra perspectiva, por conta dos avanços 
tecnológico, e entende como controle sobre o fluxo de informações que dizem respeito a 
pessoa. 
 
➢ Aula do dia 18/03/2020 (19h15-22h) – PESSOA JURÍDICA 
 
➢ Vídeos complementares: 
Direito Civil | Kultivi - Pessoa Jurídica: 
https://www.youtube.com/watch?v=6I73xbXwFO0 
Direito Civil | Kultivi - Pessoa Jurídica – Classificações: 
https://www.youtube.com/watch?v=KA7O9g3FlVE 
Direito Civil | Kultivi – Desconsideração da Pessoa Jurídica: 
https://www.youtube.com/watch?v=oEvlG6mXRO4 
 
PESSOA JURÍDICA 
 
https://www.youtube.com/watch?v=6I73xbXwFO0
https://www.youtube.com/watch?v=KA7O9g3FlVE
https://www.youtube.com/watch?v=oEvlG6mXRO4
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
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❖ Conceito: são um conjunto de bens ou pessoas que adquirem personalidade jurídica 
por uma ficção legal. A pessoa jurídica não se confunde com seus membros, sendo 
essa regra inerente à própria concepção da pessoa jurídica. 
❖ Teorias sobre a pessoa jurídica: 
a) Teoria da ficção: a pessoa jurídica é uma ficção, não existindo no mundo real. Ela 
estaria no mundo ideal. 
b) Teoria da realidade orgânica ou objetiva: a pessoa jurídica é como se fosse um 
organismo vivo, possuindo tem identidade organizacional própria, identidade essa 
que deve ser preservada. 
Teoria da Ficção + Teoria da Realidade Orgânica = Teoria da realidade técnica. 
c) Teoria da realidade técnica: a personalidade jurídica é um atributo que a ordem 
jurídica estatal outorga a entes para que possam titularizar direitos e praticar atos da 
vida civil. Com isso, a pessoa jurídica é uma realidade jurídica, produzindo efeitos no 
mundo jurídico. Essa é a teoria mais adotada. 
 
❖ Classificação: 
a) Quanto à nacionalidade: pode ser nacional ou estrangeira. 
Pessoa jurídica nacional – é a organizada conforme a lei brasileira e que tem no 
Brasil a sua sede principal e os seus órgãos de administração. 
Pessoa jurídica estrangeira – é aquela formada em outro País, e que não poderá 
funcionar no Brasil sem autorização do Poder Executivo, interessando também ao 
Direito Internacional. 
b) Quanto à estrutura: pode ser corporação ou fundação. 
Corporação – é o conjunto de pessoas que atua com fins e objetivos próprios. 
São corporações as sociedades, as associações, os partidos políticos e as entidades 
religiosas. 
Fundação – é o conjunto de bens arrecadados com finalidade e interesse social. 
c) Quanto à função e à capacidade: são divididas em pessoas jurídicas de direito 
público e de direito privado. 
Pessoa jurídica de direito público – é o conjunto de pessoas ou bens que visa 
atender a interesses públicos, sejam internos ou externos.De acordo com o art. 41 
do CC/2002 são pessoas jurídicas de direito público interno a União, os Estados, 
o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias, as associações 
públicas e as demais entidades de caráter público em geral. Seu estudo é objetivo 
mais do Direito Administrativo do que do Direito Civil. Em complemento, de 
acordo com o parágrafo único, do art. 41, do CC, as pessoas jurídicas de direito 
público e que tenham estrutura de Direito Privado, caso das empresas públicas e 
das sociedades de economia mista, são regulamentadas, no que couber e quanto 
ao seu funcionamento, pelo Código Civil. As pessoas jurídicas de direito público 
externo são os Estados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo direito 
internacional público (art. 42 do CC). As demais são pessoas jurídicas de direito 
público interno. 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
7 
 
Pessoa jurídica de direito privado – é a pessoa jurídica instituída pela vontade e 
particulares, visando a atender os seus interesses. Pelo que consta do art. 44 do 
CC, inclusive pela nova redação dada pelas Leis 10.825/2003 e 12.441/2011, 
dividem-se em: fundações, associações, sociedades (simples ou empresárias), 
partidos políticos, entidades religiosas e empresas individuais de responsabilidade 
limitada. 
 
❖ Pessoas jurídicas de direito privado: 
 
O art. 44 do CC/2002 consagra o rol das pessoas de Direito Privado. 
- Início da pessoa jurídica: vontade + registro do ato constitutivo. 
Enuncia o art. 45 do CC que a existência da pessoa jurídica de Direito Privado 
começa a partir da inscrição do seu ato constitutivo no respectivo registro, sendo 
eventualmente necessária a aprovação pelo Poder Executivo. 
Diante dessa identidade própria, o registro deve contar com os requisitos 
constantes do art. 46 do CC, sob pena de não valer a constituição (plano da validade), a 
saber: 
a) A denominação da pessoa jurídica, os fins a que se destina, identificação de sua 
sede, tempo de duração e o fundo social, quando houver. 
b) O nome e individualização dos fundadores e instituidores, bem como dos seus 
diretores. 
d) O modo de administração e representação ativa e passiva da pessoa jurídica. 
e) A previsão quanto à possibilidade ou não de reforma do ato constitutivo, 
particularmente quanto à administração da pessoa jurídica. 
f) A previsão se há ou não responsabilidade subsidiária dos membros da pessoa 
jurídica. 
g) As condições de extinção da pessoa jurídica e o destino de seu patrimônio em 
tais casos. 
- Representação: 
A pessoa jurídica deve ser representada por uma pessoa natural de forma ativa ou 
passiva, manifestando a sua vontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Em regra, essa 
pessoa natural que representa a pessoa jurídica é indicada nos seus próprios estatutos. Na 
sua omissão, a pessoa jurídica será representada por seus diretores. 
Os atos praticados por tais pessoas vinculam a pessoa jurídica, pelo que consta do 
art. 47 do CC, de modo que a pessoa jurídica pode ser responsável pelos atos de seus 
representantes. 
Eventualmente, em havendo administração coletiva, as decisões a respeito da 
administração devem ser tomadas por maioria de votos, salvo se houver outra previsão 
no ato constitutivo da pessoa jurídica, situação em que deve ser preservada a autonomia 
privada antes manifestada (art. 48, caput, do CC). Decai em três anos o direito de se anular 
qualquer decisão da coletividade, particularmente nos casos de violação da lei, do estatuto, 
ou havendo atos praticados com erro, dolo, simulação e fraude (art. 48, parágrafo único, 
do CC). 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
8 
 
Faltando a administração, consagra a codificação emergente uma novidade, a 
atuação de um administrador provisório, a ser nomeado pelo juiz (administrador ad hoc), 
a pedido de qualquer interessado, como no caso dos credores de uma empresa, por 
exemplo (art. 49 do CC). 
- Dano moral em favor de pessoa jurídica. Antes do CC/02, tínhamos a Súmula 
227 do STJ, que já entendia que cabe o dano moral em favor de pessoa jurídica, com a 
tutela da honra objetiva – reputação da pessoa jurídica – pois a pessoa jurídica não possui 
honra subjetiva (Resp 1298689). No Código atual, há o art. 52, CC, que disciplina a 
aplicação dos direitos da personalidade às pessoas jurídicas no que couber. 
 
❖ Desconsideração da pessoa jurídica 
Desconsideração difere da despersonificação ou despersonalização, em que há a 
extinção total ou parcial da pessoa jurídica. A desconsideração é episódica, havendo o 
rompimento dos atos constitutivos, para aquele caso concreto, de modo a atingir o 
patrimônio do sócio. 
Há duas classificações mais conhecidas relativas à teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica, as quais são: teoria menor e maior e teoria objetiva e subjetiva. 
A) Teoria menor: a dificuldade do credor em receber o que é devido autoriza a 
desconsideração, prevista no Código de Defesa do Consumidor, na Lei n, 9,605 de 1998 
– para danos ambientais - e em sede falência da pessoa jurídica. 
- art. 28 do CDC: contempla a teoria menor. 
B) Teoria maior: exige-se mais requisitos para proceder à desconsideração, o 
abuso da personalidade jurídica + o prejuízo ao credor. 
- art. 50 do CC: adotou a teoria maior, exigindo desvio de finalidade ou confusão 
patrimonial (Enunciado 146 do CJF ). 
 
• Desconsideração inversa: era construção doutrinária. No NCPC está no art. 
133, parágrafo 2°, sendo uma previsão genérica. Nessa é possível atingir bens da pessoa 
jurídica para saudar dívida pessoa do sócio, sendo justificada quanto constatada a fraude 
– bens efetivamente particulares do sócios estejam sendo dolosamente ocultados dentro 
da pessoa jurídica (Enunciado 283 da CJF). 
 
❖ Modalidades de pessoas jurídicas de direito privado: 
 
A) ASSOCIAÇÕES: 
Conforme dispõe o art. 53 do CC/2002, inovação em total sintonia com o princípio 
da simplicidade; “Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem 
para fins não econômicos”. 
As associações, pela previsão legal, são conjuntos de pessoas, com fins 
determinados, que nãonsejam lucrativos. Assim deve ser entendida a expressão “fins não 
econômicos”. 
Pelo fato de serem constituídas por pessoas, assim como são as sociedades, as 
associações são uma espécie de corporação. Não há, entre associados, direitos e 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
9 
 
obrigações recíprocos, eis que não há intuito de lucro (art. 53, parágrafo único, do CC). 
Todavia, podem existir direitos e deveres entre associados e associações, como o dever 
dos primeiros de pagar uma contribuição mensal. 
- Art. 54, CC: requisitos essenciais do estatuto; 
- Associados: 
Prevê o art. 55 do CC que, regra geral, deverão ter os associados iguais direitos, 
podendo o estatuto criar, eventualmente, categorias especiais. 
De acordo com o art. 56, caput, do CC, a qualidade de associado é intransmissível, 
havendo um ato personalíssimo na admissão. Porém, poderá haver disposição em sentido 
contrário no estatuto, sendo tal norma dispositiva ou de ordem privada. 
Se o associado for titular de quota ou fração ideal do patrimônio da associação, a 
transferência daquela não importará na atribuição da qualidade de associado ao 
adquirente ou ao herdeiro, salvo disposição diversa no estatuto (art. 56, parágrafo único, 
do CC). Esse último comando legal confirma a tese de que a admissão na associação é 
ato personalíssimo. 
- Exclusão do associado: 
A exclusão do associado somente será admissível havendo justa causa para tanto 
(cláusula geral), “assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de 
recurso, nos termos do previsto no estatuto” (art. 57, caput, do CC atual). 
Seguindo no estudo dos dispositivos legais, o art. 58 do CC, em sintonia com o 
princípio da eticidade e a correspondente valorização da boa-fé,preconiza que nenhum 
associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido 
legitimamente conferido, a não ser nos casos e formas previstos na lei ou no estatuto. 
Anote-se que o estatuto não pode afastar tal direito sem justo motivo, o que pode ferir 
valor fundamental, não podendo prevalecer. 
De acordo com a novidade do art. 59 do CC, compete privativamente à assembleia 
geral destituir os administradores e alterar os estatutos. Para a prática desses atos, exige-
se deliberação da assembleia especialmente convocada para este fim, cujo quorum será 
estabelecido no estatuto, bem como os critérios para eleição dos administradores. 
- Extinção da associação: 
A encerrar o estudo da categoria, caso seja dissolvida a associação, o 
remanescente do seu patrimônio líquido, depois de deduzidas, se for o caso, as quotas ou 
frações ideais transferidas a terceiros, será destinado à entidade de fins não econômicos 
designada no estatuto. Sendo omisso o estatuto, por deliberação dos associados, o 
remanescente poderá ser destinado à instituição municipal, estadual ou federal, de fins 
idênticos ou semelhantes (art. 61 do CC). 
 
B) FUNDAÇÕES PRIVADAS 
- Conceito: são bens arrecadados e personificados, em atenção a um 
determinado fim, que por uma ficção legal lhe dá unidade parcial. 
- Criação: 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
10 
 
Nos termos do art. 62 do CC/2002, as fundações são criadas a partir de 
escritura pública ou testamento. Para a sua criação pressupõem-se a existência dos 
seguintes elementos: 
• afetação de bens livres; 
• especificação dos fins; 
• revisão do modo de administrá-las; 
• elaboração de estatutos com base em seus objetivos e submetidos à 
apreciação do Ministério Público que os fiscalizará. 
Sendo insuficientes os bens para a constituição de uma fundação, serão esses 
incorporados por outra fundação, que desempenha atividade semelhante, salvo 
previsão em contrário pelo seu instituidor (art. 63 do CC). 
As fundações surgem com o registro de seus estatutos no Registro Civil de 
Pessoas Jurídicas. 
Finalidades da fundação: I – assistência social; II – cultura, defesa e 
conservação do patrimônio histórico e artístico; III – educação; IV – saúde; V – 
segurança alimentar e nutricional; VI – defesa, preservação e conservação do meio 
ambiente e promoção do desenvolvimento sustentável; VII – pesquisa científica, 
desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de sistemas de gestão, 
produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos; VIII – 
promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX – 
atividades religiosas. 
- Ministério Público 
Pelo seu interesse social, há necessidade de os administradores prestarem 
contas ao Ministério Público. Nas fundações não existem sócios propriamente ditos, 
pois o conjunto é de bens e não de pessoas. Como se pode notar, as fundações são 
sempre supervisionadas pelo Ministério Público, que atua como fiscal da lei por 
intermédio da curadoria das fundações; devendo esse órgão zelar pela sua constituição 
e pelo seu funcionamento (art. 66 do CC). 
A alteração das normas estatutárias da fundação somente é possível mediante 
a deliberação de dois terços das pessoas responsáveis pela sua gerência, desde que tal 
alteração não contrarie ou desvirtue a sua finalidade e que seja aprovada pelo 
Ministério Público (art. 67, I a III, do CC). 
Consigne-se que a Lei 13.151/2015 introduziu no último inciso do preceito 
um prazo decadencial de 45 dias para a aprovação do MP. Findo esse prazo ou no 
caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento do 
interessado, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, sempre se levando em 
conta os fins nobres que devem estar presentes na atuação das fundações. 
Eventualmente, não havendo aprovação unânime, os vencedores quanto à 
alteração deverão requerer ao Ministério Público que dê ciência à minoria, visando 
impugnações, que devem ser apresentadas no prazo de 10 dias, sob pena de 
decadência (art. 68 do CC). É forçoso observar que não cabe qualquer decisão ao 
Ministério Público, devendo as nulidades ser apreciadas pelo Poder Judiciário, 
dependendo do caso concreto. 
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Para terminar o estudo das fundações, tornando-se ilícita, impossível, imoral a 
finalidade de uma fundação, ou se esta não atender às finalidades sociais a que se destina, 
poderá ocorrer a sua dissolução administrativa, também efetivada pelo Ministério Público. 
Em casos tais, os bens devem ser destinados para outra fundação que desempenhe 
atividade semelhante, salvo previsão de regra em contrário quanto ao destino dos bens no 
seu estatuto social (art. 69 do CC). 
 
➢ Aula do dia 25/03/2020 (19h15-22h) – Continuação das Classificações da 
Pessoa Jurídica e Bens 
 
➢ Vídeos complementares: 
Direito Civil | OAB - Parte Geral: Pessoa Jurídica - Domicílio e Extinção da Pessoa 
Jurídica: https://www.youtube.com/watch?v=Fc3e0p2se8A 
Direito Civil | Kultivi - Bens I: https://www.youtube.com/watch?v=4Hpy0aD_M4k 
Direito Civil | Kultivi - Bens II: https://www.youtube.com/watch?v=otIkYPKCwGk 
 
C) SOCIEDADES 
Nesse sentido, as sociedades se dividem em: 
Sociedades empresárias – são as que visam a uma finalidade lucrativa, mediante 
exercício de atividade empresária. Esse conceito está adaptado ao que consta no art. 982 
do CC. 
Sociedades simples – são as que visam, também, a um fim econômico (lucro), 
mediante exercício de atividade não empresária. São as antigas sociedades civis. Como 
exemplos, podem ser citados os escritórios de advocacia, as sociedades imobiliárias e as 
cooperativas. 
- Tipos: 
As sociedades, sejam elas simples ou empresárias, de acordo com o Código Civil 
de 2002, podem assumir a forma de sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita 
simples, sociedade em conta de participação ou sociedade por quotas de responsabilidade 
limitada. As sociedades anônimas, por outro lado, somente podem se enquadrar como 
sociedades empresárias. 
 
D) PARTIDOS POLÍTICOS E ORGANIZAÇÕES RELIGIOSAS 
O § 1.º do art. 44 passou a prever que são livres a criação, a organização, a 
estruturação interna e o funcionamento das organizações religiosas, sendo vedado ao 
Poder Público negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários 
ao seu funcionamento. 
Quanto aos partidos políticos, serão organizados e funcionarão conforme o 
disposto em lei específica (art. 44, § 3.º, do CC). Como leis específicas que tratam dos 
partidos políticos podem ser citadas as Leis 9.096/1995, 9.259/1996, 11.459/2007, 
11.694/2008, entre outras. 
 
• Extinção das pessoas jurídicas 
https://www.youtube.com/watch?v=Fc3e0p2se8A
https://www.youtube.com/watch?v=4Hpy0aD_M4k
https://www.youtube.com/watch?v=otIkYPKCwGk
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O fim da pessoa jurídica poderá ocorrer por causas diversas, mas em qualquer 
hipótese a personalidade subsistirá até que se ultime a liquidação e se proceda a anotação 
devida. A dissolução deverá ser averbada no registro respectivo e, uma vez encerrada a 
liquidação, seguir-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica. 
A dissolução das pessoas poderá ser: 
a) Convencional – A mesma liberdade que permitiu aos sócios a criação da pessoa 
jurídica pode levá-los à extinção desta, desde que observadas as normas previstas no 
estatuto ou contrato social. 
b) Administrativa – Ocorre quando a autorização para o funcionamento da pessoa 
jurídica é cancelada. 
c) Judicial – A iniciativa para a dissolução da pessoa jurídica, em primeiro lugar, 
é dos administradores, que dispõem do prazo de trinta dias contado da perda da 
autorização, ou de sócio que tenha exercitado o direito de pedi-la na forma da lei. 
d) Fato natural – Ocorrendo o fato jurídico morte dos membrosde uma sociedade, 
e não prevendo o seu ato constitutivo o prosseguimento das atividades por intermédio dos 
herdeiros, o resultado será a extinção da pessoa jurídica. 
 
DOMICÍLIO 
 
• Domicílio da pessoa natural (art. 70, CC): é o lugar onde ela estabelece a sua residência 
com ânimo definitivo. 
Se, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, será 
considerada domicílio seu qualquer delas (art. 71). É também domicílio da pessoa natural, 
quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida (art. 72). Se a 
pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para 
as relações que lhe corresponderem. 
Não tendo residência habitual, terá o lugar onde for encontrada (art. 73). 
A mudança de domicílio se dá com a transferência a residência, com a intenção 
manifesta de o mudar (art. 74). 
• Domicílio da pessoa jurídica: 
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é: 
I - da União, o Distrito Federal; 
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais; 
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal; 
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas 
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos 
constitutivos. 
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada 
um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. 
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por 
domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas 
agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. 
 
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BENS 
 
• arts. 79 a 81, CC; 
• Conceito: 
Conforme leciona Carlos Roberto Gonçalves, "bens são coisas materiais ou 
concretas, úteis aos homens e de expressão econômica, suscetíveis de apropriação". 
Os bens que podem ser objetos de direito são os corpóreos (que possuem 
existência física, sendo passíveis de alienação), os incorpóreos (de existência abstrata, 
que somente podem ser objetos de cessão), determinados atos humanos (prestações), e 
até mesmo outros direitos (usufruto de crédito, por exemplo) e atributos da personalidade 
(direito a imagem, por exemplo). 
 
❖ Bens imóveis: 
• São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente 
(art. 79). 
• Espécies de bens imóveis: imóveis por natureza (solo), por acessão natural (tudo 
aquilo que acede naturalmente ao solo, ex.: plantas rasteiras, árvores, não engloba as 
plantas em vaso), por acessão artificial ou industrial (tudo aquilo que acede ao solo pela 
atuação humana, ex.: construções) e por determinação legal (art. 80). 
O CC/02 trouxe uma novidade nos arts. 93 e 94, o instituto das pertenças, cuja 
definição é mais abrangente do que os bens imóveis por acessão intelectual, pois abrange 
ainda os bens móveis. O art. 233 contempla o princípio da gravitação jurídica – a 
obrigação de dar coisa certa presumidamente abrange os acessórios – que, para a maioria 
da doutrina, não se aplica ao art. 94, seria uma exceção ao acessório seguir o principal. 
 
❖ Bens móveis: 
• São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, 
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social (art. 82). 
• Classificação dos bens móveis: 
a) por natureza: se dividem em inanimados – só removíveis por força alheia – e 
semoventes – removíveis por força própria, ex.: animais. 
b) por determinação legal: o ordenamento jurídico classifica esses bens como bens 
móveis (art. 83). 
c) por antecipação: não estão previstos juntos com os anteriores. São aqueles que, 
embora incorporados ao solo, se destinam a serem destacados e convertidos em móveis. 
Ex.: frutos pendentes que se destinam a colheita, arvores presas ao solo que se destinam 
ao corte. Aplica-se o regime jurídico de bens móveis. Não há explicita previsão normativa, 
mas a doutrina entende que o art. 95, CC traz uma previsão implícita. 
 
• Bens principais e acessórios 
Bens principais sãos bens que tem existência própria, autônoma, que existe por si 
só, abstrata ou concretamente. 
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Art. 92 – CC: 
“Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, 
aquele cuja existência supõe a do principal”. 
São exemplos de bens principais o solo que existe por si, concretamente, sem 
qualquer dependência, e os contratos de locação e compra e venda. 
Bens acessórios são aqueles cuja existência depende do principal. 
Nos bens móveis, principal é aquele para a qual as outras se destinam, para fins 
de uso, enfeite ou complemento (p. ex., uma jóia — a pedra é acessório do colar). 
Não só os bens corpóreos comportam tal distinção; os bens incorpóreos também, 
pois um crédito é coisa principal, uma vez que tem autonomia e indivi-dualidade próprias, 
o mesmo não se dando com a cláusula penal, que se subordina a uma obrigação principal. 
Prevalecerá a regra “o acessório segue o principal” (princípio da gravitação jurídica). 
 
❖ Bens fungíveis e infungíveis: 
São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, 
qualidade e quantidade (art. 85). Os infungíveis não podem ser substituídos. São 
consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, 
sendo também considerados tais os destinados à alienação (art. 86). 
 
❖ Bens divisíveis e indivisíveis: 
Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, 
diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam (art. 87). Os 
indivisíveis não podem ser divididos, sob pena de perderem sua essência. Os bens 
naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por 
vontade das partes (art. 88). 
 
❖ Bens Singulares e Coletivos 
São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, 
independentemente dos demais. Os coletivos devem ser considerados em conjunto. 
 
❖ Frutos e produtos: 
Produtos são as utilidades que se retiram da coisa, diminuindo-lhe a quantidade, 
porque não se reproduzem periodicamente. São exemplos de produtos, as pedras que se 
extraem das pedreiras, minerais que se extraem das minas. Os produtos distinguem-se dos 
frutos, porque a colheita não diminui o valor e nem a substância da fonte, enquanto os 
produtos sim. 
Frutos são as utilidades que uma coisa periodicamente produz. Nascem e 
renascem da coisa, sem acarretar-lhe a destruição no todo ou em parte. São exemplos de 
frutos o café, cereais, frutos das árvores, leite, crias dos animais, etc. São características 
dos frutos: i) a periodicidade; ii) a inalterabilidade da substância da coisa principal; iii) a 
separabilidade. 
O art. 95 fala em frutos e produtos. Ambos possuem natureza acessória e ambos 
são utilidades que se extraem do bem. Diferenciam-se quanto à renovabilidade, os frutos 
Teoria Geral do Direito Civil | Marcella Paiva 
 
 
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são renováveis, são utilidades que o bem periodicamente produz, sem atingir a substância 
do bem. Os frutos se dividem entre naturais (animais e frutos das árvores), industriais 
(resultam da produção humana, ex.: produção de uma fábrica) e os civis (são os 
rendimentos, ex.: aluguéis.). Os produtos não são renováveis, como o petróleo, os 
minerais, sendo a sua percepção afetadora do bem. 
O usufrutuário só pode perceber os frutos e não os produtos, sob pena de atingir o 
direito de propriedade. Uma exceção a isso é o usufruto de uma pedreira, cuja única forma 
de percepção seria pelos produtos, e o usufruto presume uma lucratividade. 
 
❖ Benfeitorias (arts. 96 e 97): se dividem entre necessárias (são mais protegidas do 
que as úteis), úteis (mais protegidas do que as voluptuárias) e voluptuárias.Tereza 
Negreiros: paradigma da essencialidade, a maior ou menor proteção do ordenamento 
jurídico varia de acordo com a essencialidade do bem envolvido. Para a autora, a 
benfeitoria e a sua sistematização se referem ao maior exemplo. 
A benfeitoria necessária remete à ideia de conservação. Modernamente, se diz que 
a conservação se divide em estática ou dinâmica. A primeira se subdivide em física e 
jurídica, a física se deve a evitar que o bem venha se arruinar, a jurídica busca evitar a 
perda jurídica do bem, ex.: pagamento de IPTU, remissão hipotecária, pagamento de cota 
condominial. A conservação dinâmica busca viabilizar a normal exploração econômica 
do bem (ex. piscina em escola de natação). O efeito prático dessa subdivisão – 
conservação dinâmica - é a função social da posse e da propriedade, relacionando-se com 
o paradigma da essencialidade. 
Diferenças entre acessões e benfeitorias: as acessões representam um meio de 
aquisição da propriedade imóvel, podem decorrer da natureza ou da intervenção humana. 
As benfeitorias resultam da intervenção humana. As construções são uma das espécies de 
acessão (art. 1248, V) e resultam da intervenção humana, bem como as benfeitorias. As 
construções representam a edificação de algo novo, já as benfeitorias consistem no 
melhoramento ou acréscimo de algo preexistente. Para o Pablo Stolze (posição isolada), 
se houver aumento de volume é construção. A benfeitoria resulta no direito de retenção, 
a construção gera direito à indenização e não de retenção (art. 1.255). A doutrina entende 
que direito de retenção não se presume, só por previsão legal, pois é resquício de 
autotutela. Mas o direito de retenção do art. 1219 se aplica ao art. 1255 por analogia 
(Enunciado 81 do CJF ). 
 
❖ Bens públicos (arts. 98 a 103) 
O art. 99 traz a divisão entre uso comum, especiais e dominiais. Os bens de uso 
comum são aqueles de livre acesso ao público, que não podem ser alienados. Os bens de 
uso especial são dedicados para o funcionamento da administração pública e tampouco 
podem ser alienados. Os bens dominiais são patrimônio da administração pública, mas 
não possuem um uso específico. Assim, são alienáveis por serem desafetados.

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