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Empreendedorismo bloco 1 2º semestre

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EMPREENDEDORISMO
CAPÍTULO 1 - O QUE É
EMPREENDEDORISMO?
Marcelo Telles de Menezes
INICIAR
Introdução
Os empreendedores são admirados e às vezes invejados.
São responsáveis pelo lançamento de produtos e serviços
revolucionários, pela criação de empresas seculares e pela
geração de empregos. Mas o que é empreendedorismo? O
que é ser empreendedor?   Podemos dizer que o
empreendedorismo é o motor da economia e ao longo da
história foi responsável por grandes mudanças. E o que o
empreendedor tem de diferente das outras pessoas? Ele
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nasce pronto, sendo algo somente para predestinados ou
qualquer um pode ser empreendedor? Como ele afeta a
economia?
Muitas pessoas têm medo de empreender. Será que
realmente é difícil ser empreendedor? Quais são os fatores
que influenciam o empreendedorismo?
Ao longo deste capítulo, você vai conhecer uma breve
história do empreendedorismo e entender a sua definição,
analisar o impacto do empreendedor na economia e
examinar os fatores que influenciam o empreendedorismo.
Acompanhe essa jornada e bons estudos! 
1.1 Quem é o
empreendedor?
Imagine que você está participando de um evento - uma
festa, um jantar ou um congresso – com a oportunidade de
conhecer e conversar com pessoas diversas. E durante
aquela conversa básica, que geralmente inclui a pergunta “o
que você faz?”, o seu interlocutor responde: “Eu sou
empreendedor.”
Qual a primeira imagem que vêm na sua cabeça? Seria a de
um empresário bem-sucedido, que começou o seu negócio
do zero e hoje é dono de uma fortuna? Ou daqueles
vendedores de pipoca que ficam na porta de escolas? Seria
um funcionário dedicado de uma empresa ou de um gerente
desta mesma empresa? Será que você imaginaria que ele é
um funcionário público ou o voluntário de uma ONG?
A maioria das pessoas associa a imagem do empreendedor
com a do empresário, como sendo uma pessoa que cria
novos negócios, mas a grande verdade é que qualquer uma
das pessoas descritas no parágrafo anterior, desde o
vendedor de pipoca, passando pelo funcionário de uma
empresa e o servidor público, podem sim ser
empreendedores. Sendo assim, vamos conhecer os pontos
principais que definem um empreendedor. 
1.1.1 O papel do empreendedor
Numa visão mais ampla, o empreendedor é a pessoa que
identifica oportunidades, as explora e as desenvolve, seja na
criação de um negócio, na construção de uma carreira como
empregado ou até mesmo em outras áreas ou outros
aspectos da vida (RAE, 2007).
VOCÊ O CONHECE?
Marco Polo (1254-1341) pode ser considerado um dos primeiros exemplos
de empreendedor. Ele vislumbrou uma oportunidade de comercializar as
mercadorias orientais, em especial da China, em Veneza, sendo um dos
primeiros a percorrer a Rota da Seda. Ele correu grandes riscos, mas virou
uma referência para os grandes comerciantes da época (MANDUCA;
CANDIDO; PATRÍCIO, 2016).  
Outra imagem muita associada ao empreendedor é de que
algumas pessoas nascem para serem empreendedores. Mas
ao contrário do que se pensa, as habilidades,
comportamentos e características do empreendedor podem
ser aprendidas e desenvolvidas, por qualquer pessoa que
assim desejar.
Figura 1 - O empreendedor não tem superpoderes, mas é uma pessoa
Deslize sobre a imagem para Zoom
O empreendedor tem um papel crucial no desenvolvimento
da economia e da sociedade como um todo. Aqueles que
abrem seu próprio negócio geram empregos e melhoram a
distribuição de renda, já os empreendedores que são
funcionários, são responsáveis por auxiliar as empresas ou o
governo a atingirem seus objetivos. Os empreendedores
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qualquer que pode aprender e desenvolver as habilidades,
comportamentos e características do empreendedor. Fonte: Halfpoint,
Shutterstock, 2018.
fazem a história e mudam o mundo em redor deles com as
suas ações, criam modelos de negócios novos e inovadores,
como, por exemplo, o Google.
Ao longo da história, os empreendedores sempre existiram e
foram destaques na sociedade, acumulando grandes
fortunas e atraindo a atenção das pessoas. Porém,
recentemente, cada vez mais pessoas estão buscando a
opção pelo empreendedorismo. E qual será o motivo dessa
procura? Alguns fatores parecem estar diretamente
relacionados com isso, como nos apontam Baron e Shane
(2007): 
grande destaque na mídia de empreendedores de
sucesso com uma imagem bastante positiva e
atraente, fazendo com que estes empreenderes
assumam um papel de herói (ou heroína) numa época
que existem poucas figuras de destaque, ao contrário
do que foi no passado;
mudança no entendimento entre patrões e
empregados com relação ao vínculo trabalhista. Antes,
ser um funcionário que desempenhasse bem sua
função garantia uma estabilidade empregatícia. Hoje
com as crises econômicas e os cortes e
reestruturações nas empresas, os empregados são
menos fieis aos seus empregos e passam a questionar
se não estariam melhores trabalhando por conta
própria;
a segurança de um emprego, com o salário garantido
na conta, deixou de ser um valor importante,
especialmente para os mais jovens. Muitos passam a
preferir um estilo de vida mais independente em
detrimento da segurança o emprego.
Mesmo com a crise econômica iniciada em 2014,
empreender é o desejo de muitos brasileiros. Em uma
pesquisa recente sobre empreendedorismo no Brasil, 36%
dos entrevistados são donos de seu próprio negócio ou
realizaram alguma ação em vistas de ter seu próprio negócio
no último ano. Ter um negócio está em quarto lugar entre os
sonhos dos brasileiros, atrás de viajar pelo Brasil, ter uma
casa própria ou um carro (GEM, 2017).  
Um conjunto de programas e ações estruturais tem
colaborado para a difusão do espírito do
empreendedorismo no Brasil. Esse processo tem início em
1994 com a estabilização econômica com o Plano Real,
passando pelo lançamento do Programa Brasil
Empreendedor em 1999, pela Lei Geral da Micro e Pequena
Empresa de 2006 e a criação do Micro Empreendedor
Individual (MEI) em 2008 (DORNELAS, 2017).
Destaca-se também a participação do SEBRAE (Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) na
promoção da educação empreendedora e na capacitação e
orientação para os pequenos e microempresários por todo
país.
Mesmo com todo este suporte, a vida do empreendedor no
Brasil não é fácil. Os principais fatores limitantes estão
relacionados com a burocracia, a carga tributária e a
infraestrutura. A mortalidade das empresas nos dois
primeiros anos de vida é elevada, mas tem melhorado nos
últimos anos. Esses aspectos resultam na observação que o
medo de fracassar é o mais impactante para decidir
empreender (GEM, 2016).  
Melhorar o cenário do empreendedorismo no Brasil
depende de uma evolução das políticas públicas do
governo, mas também de um melhor entendimento do
processo de empreender, dos fatores de sucesso, dos tipos
de empreendedorismo, entre outros. E o primeiro passo é
compreender o que é empreendedorismo, como vamos ver
a seguir.
1.2 Conceituando
Empreendedorismo
Podemos considerar que o ato de empreender é tão antigo
quanto a civilização, por ser um fruto do trabalho humano,
seja na busca de oportunidades de crescimento ou como
uma alternativa de sobrevivência.  Contudo, a definição de
empreendedorismo, e o seu entendimento, evoluiu e
continua evoluindo ao longo do tempo (LAUREATE, 2013).
 Para Filion, (1999, p. 18),  um dos principais estudiosos do
tema empreendedorismo, “definir empreendedorismo é um
desafio perpétuo, dada a ampla variedade de pontos de
vista para estudar o fenômeno”.
Por isso, para entender melhor o conceito de
empreendedorismo, é necessário estudar a sua origem e
evolução. 
1.2.1 Breve histórico do empreendedorismo
O primeiro registro de uso do termo “empreendedor” é
atribuído ao economista de origem franco-irlandesa Richard
Cantillon, em 1755, que definiu como sendo um indivíduo
que assume riscos. Esta definição diferenciava o
empreendedor do capitalista, aquele que fornecia o capital
(DORNELAS, 2017).  
VOCÊ SABIA?
A palavra empreendedor tem origem no francês
“entrepreneur”,que por sua vez, deriva de duas palavras
em latim: “inter”, que significa “reciprocidade” e
“prehender”, que pode ser entendido como “pegar” ou
“capturar” e também é associado ao vocábulo
comprador. Podendo ser entendido com o
“intermediário” de algo, ou se um negócio, como é o
caso (DORNELAS, 2017; LAUREATE, 2013).  
Nesse período, meados do século XVIII, a Inglaterra estava
iniciando o processo da Revolução Industrial que acabou se
alastrando pela Europa, surgindo os primeiros
empreendedores segundo este conceito: pessoas que
pegavam os recursos emprestados com os capitalistas para
produzir algo novo. Antes disso, os empreendedores era
basicamente os comerciantes, principalmente, aqueles que
se aventuravam pelos mares em busca de novas rotas de
comércio, como Cristóvão Colombo (MANDUCA; CANDIDO;
PATRÍCIO, 2016).
Já em 1814, outro economista francês, Jean-Baptiste Say
(1767-1832) utilizou a palavra empreendedor se referindo ao
indivíduo que transfere recursos de um setor cuja
produtividade é baixa para outro de produtividade maior,
sendo muito importante para o funcionamento do sistema
econômico. Nesse sentido, o empreendedor era o
intermediário entre as classes produtoras e entre estas e os
clientes (MARIANO; MAYER, 2011). No ano de 1871, o
economista austríaco Carl Menger (1840 – 1921) agregou à
definição de empreendedor a ideia de que seria aquele que
se antecipa às necessidades futuras (MANDUCA; CANDIDO;
PATRÍCIO, 2016).
No final do século XIX e início do século XX, com a produção
em massa e a linha de montagem, o termo empreendedor
passou a ser associado com imaginação e inovação. O
empreendedor percebe as oportunidades relacionadas à
inovação e aliado com sua capacidade de realização,
desenvolve novos produtos e serviços que são oferecidos
para a sociedade (MARIANO; MAYER, 2011).  
Saiba que esse período é marcado pelo surgimento de
grandes empreendedores, que arriscaram tudo e
conseguiram enriquecer e montar empresas que prosperam
até os dias de hoje. O fundador da Ford Motor Company,
Henry Ford (1863-1947), se destaca não só pelo sucesso da
sua empresa, mas também por ser o expoente de uma nova
produção em massa e da linha de montagem. Outro que se
destacou mais por sua habilidade de inovação e criação de
novos produtos foi Thomas Edison (1847–1931), fundador
da Edison General Electric Company, que deu origem a
General Electric Company (GE). Entre suas invenções se
destacam: lâmpada elétrica incandescente, câmera
cinematográfica, fonógrafo e bateria de (MARIANO; MAYER,
2011; MANDUCA; CANDIDO; PATRÍCIO, 2016). 
O capitalismo no início do século XX é então impulsionado
pela inovação e progresso tecnológico resultado do trabalho
dos empreendedores. Os principais economistas nesse
período voltam a discutir o conceito de empreendedorismo
Com isso são identificadas três teorias dinâmicas do
empreendedorismo (RAE, 2007):
Figura 2 - Empreendedores cujas empresas existem até hoje e suas
principais inovações: Henry Ford e o modelo Ford T, Thomas Edison e a
lâmpada elétrica. Fonte: Jovanovic Dejan / aradaphotography /
Marzolino / Everett Historical, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Kirzner (Escola Austríaca): O empreendedor reativo é
um agente de ajuste na economia de mercado.
Schumpeter (Escola Alemã): O empreendedor
inovador é uma agente das mudanças econômicas.  
Leibenstein (Escola de Chicago): O empreendedor
causa mudança incremental e gradual por meio da
gestão da empresa. 
Schumpeter é um dos principais autores da definição
moderna do empreendedorismo, descrevendo o
empreendedor como um inovador e não alguém que busca
somente o lucro, que está engajado na destruição criativa
rompendo o fluxo circular da economia de mercado baseada
na produção e consumo, que tende a um equilíbrio de
preços, por meio da introdução de novos produtos e
processos que substituem os produtos e empresas
existentes que se tornam marginais ou não competitivas.
Para ele, o empreendedor é um líder que possui qualidades
como intelecto, determinação, iniciativa, visão de futuro e,
especialmente, intuição. Aqui vale destacar intuição como
sendo a capacidade de ver coisas numa forma que depois de
um tempo se provam verdadeiras, aprendendo no seu
mundo natural e social de maneira que suas ações podem
ser calculadas de forma simples e confiável (RAE, 2007;
CHIAVENATO, 2012). Para Kirzner, o empreendedor é como
um oportunista alerta, que está sempre atento a
oportunidades de lucro no curto prazo que ocorrem devido
a um desequilíbrio no mercado, onde as habilidades de
velocidade do movimento e de tomada de decisão astuta
são essenciais. A atividade do empreendedor envolve ações
criativas de aprendizagem de descoberta e que o
empreendedor supera outros no mercado, pois possui uma
habilidade superior para perceber e agir nas oportunidades
(RAE, 2007).  
Já Druker considera que a introdução e aplicação da
inovação é um aspecto vital do empreendedorismo.
Segundo ele, o empreendedorismo está diretamente
relacionado a assumir riscos, e o comportamento do
empreendedor é de geralmente abrir mão de sua carreira e
segurança em nome de uma ideia, investindo tempo e
dinheiro em um futuro incerto (CHIAVENATO, 2012).
Na segunda metade do século XX, começaram os primeiros
estudos apontando que poderia existir o
empreendedorismo dentro de uma organização, que foi
denominado de intraempreendedorismo. Este conceito
passou a ter grande destaque principalmente devido ao
papel que as atividades desenvolvidas nas organizações têm
na sociedade. Percebeu-se que o empreendedor
coorporativo tem características e habilidades similares ao
empreendedor que cria um negócio (MARIANO; MAYER,
2011).
A partir da década de 1980, o estudo do empreendedorismo
expandiu e espalhou para outras disciplinas,
principalmente, na busca de outras formas de abordagem
que incorporassem as rápidas mudanças tecnológicas à sua
dinâmica. Tal interesse resultou numa série de instituições
de ensino oferecendo cursos sobre o assunto (FILION, 1999).
 
Leite (2008) considera os anos 80 como a década do
empreendedorismo, com a percepção pela sociedade da
importância do empreendedor para o desenvolvimento das
nações.
Com os avanços no campo da tecnologia da informação, a
partir da década de 1990, aumentaram as possibilidades de
criação de novos produtos e serviços, fazendo surgir uma
grande quantidade de empresas de sucesso. Surge então um
novo perfil de empreendedor, em que se destacam Bill Gates
(1955-) fundador da Microso� e Steve Jobs (1955-2011) da
Apple, e mais recentemente Larry Page e Sergey Brin (ambos
1973-) do Google e Mark Zuckerberg (1983-) do Facebook
(MARIANO; MAYER, 2011).  
Outro fenômeno ainda mais recente é a criação das startups,
pequenas empresas de tecnologia que buscam desenvolver
produtos e serviços escaláveis, que tem atraindo ainda mais
pessoas para o empreendedorismo (MANDUCA; CANDIDO;
PATRÍCIO, 2016).  
Figura 3 - Empreendedores de sucesso como Larry Page, Sergey Brin,
Mark Zuckerberg, Steve Jobs e Bill Gates tiveram suas trajetórias
contadas em livros e filmes. Fonte: JStone / aradaphotography / Paolo
Bona / Annette Shaff, Shutterstock, 2018.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Filion (1999) considera o empreendedorismo como um
passo em direção à conquista da liberdade. Se antes era
expresso na criação (ou no intraempreendedorismo) de
grandes corporações, hoje se observa a força
empreendedora nos pequenos negócios. Com isso, a partir
da década de 90, um número cada vez maior de pessoas tem
escolhido o autoemprego.
As discussões sobre o empreendedorismo e sua definição
seguem nos dias de hoje, e Chiavenato (2012) procura
resumir as contribuições dos diversos autores da área sobre
o tema, como você pode observar na figura abaixo.
Na busca de uma definição final para o empreendedorismo,
RAE (2007) considera que os conceitos tradicionais de
empreendedor incluem: uma pessoa que cria organizações e
uma pessoa que conhece e age para explorar uma
oportunidade, porém não incluem a criatividade, as
mudançase as incertezas envolvidas na atividade do
Quadro 1 - Contribuições de diversos autores para o entendimento e a
definição do empreendedorismo. Fonte: CHIAVENATO, 2012, p. 20.
Deslize sobre a imagem para Zoom
empreendedor. As teorias processuais ou dinâmicas
assumem que a incerteza existe e dão ao empreendedor a
chance de criar e explorar as oportunidades de inovação e
lucro.
A concepção dinâmica do papel do empreendedor é de um
agente que cria, reconhece e age nas oportunidades. Isso
inclui o uso da inovação para fazer coisas novas, operar com
flexibilidade e se adaptar a um contexto mais amplo,
trabalhar em condições de risco e incerteza, realizar
mudanças e ganhar a recompensa a partir dos lucros. Se o
empreendedorismo é visto como um processo, ele consiste
de uma pessoa, da busca por oportunidades de mercado,
comportamento inovador e da junção dos recursos
necessários para explorar essas oportunidades (RAE, 2007).  
Filion (1999) constrói uma definição completa do que é o
empreendedor a partir da contribuição dos mais diversos
autores das diferentes épocas, chegando ao seguinte
resultado:
o Empreendedor é uma pessoa criativa marcada
pela capacidade de estabelecer e atingir objetivos
que mantém alto nível de consciência do ambiente
em que vive, usando-se para detectar
oportunidades de negócios. Um empreendedor
continua a aprender a respeito de possíveis
oportunidades de negócios e a tomar decisões
moderadamente arriscadas que objetivam a
inovação, continuará a desempenhar um papel
empreendedor (FILION, 1999, p. 19). 
Dolabela (2006, p. 29), reconhecido como um dos principais
professores brasileiros de empreendedorismo, apresenta
uma definição bem mais simples: “o empreendedor é
alguém que sonha e busca transformar seu sonho em
realidade”.
Agora que você já sabe a história do empreendedorismo e
sua definição, vamos dar uma olhada no histórico do
empreendedorismo no Brasil.
 1.2.2 Breve histórico do empreendedorismo no
Brasil
Inicialmente, o empreendedorismo no Brasil no período
colonial era baseado na agricultura e no extrativismo.
Caldeira (2009) demonstra que durante os três primeiros
séculos do Brasil colônia havia um forte mercado interno,
independente de Portugal, bastante dinâmico e em
crescimento.
Provavelmente o primeiro grande empreendedor brasileiro
seja Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), mais
conhecido com Barão de Mauá. Após observar o impacto da
Revolução Industrial na Inglaterra, ele retornou ao Brasil
decidido a investir na industrialização do país. Barão de
Mauá investiu em negócios diversos, tendo construído a
primeira ferrovia brasileira, a primeira fundição de ferro e o
primeiro estaleiro, além de ter sido banqueiro. Em seu auge,
teve sob seu controle 8 das 10 maiores empresas brasileiras
na época (LOH, 2016).  
No final do século XIX, tem início o período industrial, que
abre espaço para muitos empreendedores, imigrantes ou
nacionais, que têm a oportunidade de atingir um novo
status na sociedade. O empreendedorismo brasileiro é
marcado pela criação e crescimento de empresas originadas
em grupos familiares, como a família Matarazzo, das
Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo (MANDUCA;
CANDIDO; PATRÍCIO, 2016).  
A série Os Gigantes do Brasil (MELLO, 2016) narra a saga de 4 grandes
empreendedores brasileiros que mudaram o país no final do século XIX e
início do XX, principalmente no urbanismo e na industrialização. São eles:
Francisco Matarazzo (1854-1937), Guilherme Guinle (1882-1960), Giuseppe
Martinelli (1870-1946) e Percival Farquhar (1864-1953).  
VOCÊ QUER VER?
Outros grupos familiares se destacaram ao longo dos anos,
como é o caso da Família Klabin-Lafer, na indústria de papel,
de José Ermírio de Moraes (1900-1973), criador do grupo
Votorantim, e de Roberto P. Marinho (1904-2003), das
Organizações Globo (MANDUCA; CANDIDO; PATRÍCIO, 2016).
  Um dos brasileiros que se destacaram por seu espírito
empreendedor é o apresentador Silvio Santos (1930-), dono
do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), que começou como
ambulante. O Grupo Silvio Santos é formado por mais de 30
empresas, nos mais diversos ramos, e seu fundador segue
empreendendo, e com mais de 70 anos de idade, entrou
recentemente para o mercado de cosméticos com a empresa
Jequiti. (MANDUCA; CANDIDO; PATRÍCIO, 2016).
O homem mais rico do Brasil, Jorge Paulo Lemann (1939),
juntamente com seus sócios, Carlos Alberto Sicupira (1948-)
e Marcel Herrmann Telles (1950-), talvez sejam hoje os
empreendedores brasileiros de maior sucesso internacional.
São os donos da maior cervejaria do mundo, a Anheuser-
Busch InBev, além do Burger King, da Kra� Heinz (conhecida
por seu ketchup), das Lojas Americanas e da B2W do ramo
de e-commerce (GRADILONE, 2017).  
Mesmo com esse histórico de empreendedores brasileiros
de sucesso, Dornelas (2017) afirma que somente na década
de 1990 o movimento do empreendedorismo começou a
ganhar forma, com o lançamento do Empretec pelo SEBRAE
e a criação da Sociedade Brasileira para Exportação de
So�ware (So�ex).
Fernandes (2013) pontua que o ensino do
empreendedorismo no Brasil começou apenas em 1981,
num curso de especialização da Escola de Administração de
Empresas de São Paulo (EAESP) da FGV, e que em 1989 foi
lançado o primeiro livro no Brasil em língua portuguesa
sobre empreendedorismo.
O SEBRAE teve origem em 1972, sobre a alcunha de CEBRAE
(Centro Brasileiro de Apoio Gerencial às Pequenas e Médias
Empresas), tendo passado por uma reformulação em 1990,
quando recebeu a denominação atual, se transformando
num serviço social autônomo e passou a fazer parte do
chamado sistema S, juntamente com SENAC, SESI e SENAI
(MELO, 2008).  
A missão do SEBRAE é “(...) promover a competitividade e o
desenvolvimento sustentável das micro e pequenas
empresas (MPE) e fomentar o empreendedorismo no Brasil”
(MARIANO; MAYER, 2011, p. 81). Este é um dos órgãos do
governo mais conhecido do empreendedor brasileiro, que
encontra o apoio para iniciar sua empresa, além de
consultorias e treinamentos para desenvolvimento do
empreendedor e da empresa, nos mais diversos aspectos de
gestão da empresa, como o controle financeiro, marketing,
gestão de pessoas, vendas, entre outros (DORNELAS, 2017).  
A So�ex foi criada para apoiar o desenvolvimento das
empresas de so�ware do país com foco no mercado externo,
com ações de capacitação para o empresário de informática
em gestão e tecnologia. Para Dornelas (2017), a história da
So�ex e do empreendedorismo no Brasil na década de 1990
seguem juntas. Foram os programas que esta instituição
desenvolveu junto a incubadoras de empresas e
universidades em todo país que despertou o interesse pelo
tema empreendedorismo. A empresa foi reformulada, mas
continua apoiando o empreendedorismo relacionado à
tecnologia de informação e às startups.
O livro “O Segredo de Luísa” (DOLABELA, 2006) conta a história de uma
empreendedora fictícia em sua saga para abrir e gerenciar uma empresa no
interior de Minas Gerais. O livro lançado em 1999, do professor Fernando
Dolabela, é um dos mais utilizados para o ensino do empreendedorismo,
fornecendo uma metodologia para o aprendizado adequado do tema para
qualquer pessoa.  
O Empretec, um acrônimo de empreendedores e tecnologia,
é o principal treinamento de empreendedorismo do SEBRAE
e foi lançado em 1993. É uma metodologia de ensino de
empreendedorismo da ONU (Organização das Nações
Unidas), sendo promovido em cerca de 40 países. O
VOCÊ QUER LER?
treinamento tem como foco a capacitação na identificação
de novas oportunidades de negócio e no desenvolvimento
das características comportamentais do empreendedor,
utilizando uma metodologia vivencial (MELO, 2008;
MARIANO; MEYER, 2011). Percebe-se que apesar do
desenvolvimento tardio de programas de educação
empreendedora no país, hoje o Brasil tem o potencial para
desenvolver o ensino de empreendedorismo, num tamanho
e abrangência comparável apenas aos Estados Unidos
(DORNELAS, 2017).
Nesse breve histórico de alguns importantes
empreendedores brasileiros é possívelperceber a
importância do empreendedor para o crescimento do país. A
seguir, vamos examinar a relação entre o desenvolvimento
econômico e o empreendedorismo.
1.3 Perspectiva econômica
Baron e Shane (2007) são categóricos ao afirmarem que o
empreendedorismo é um motor para o desenvolvimento
econômico. Eles se baseiam em uma série de dados
estatísticos dos Estados Unidos, que mostram o impacto do
empreendedorismo nas economias da sociedade, como por
exemplo:
elevado corte de vagas de emprego nas grandes
corporações americanas e, mesmo assim, queda na
taxa de desemprego;
a cada ano mais de 600 mil empresas são abertas e
este número duplicou nos últimos 20 anos;
uma em cada oito pessoas trabalham por conta
própria nos EUA;
crescimento no número de cursos de
empreendedorismo no país.
Dolabela (2006) concorda que o empreendedor é o motor da
economia, com sua percepção de novas oportunidades e
sua característica de agente de mudança contribui para o
desenvolvimento econômico e para a inovação.
Esse fato já era percebido desde os tempos de Schumpeter,
que em seu livro “Teoria do Desenvolvimento Econômico”,
de 1911, argumentou a força motriz do crescimento
econômico como sendo o empreendedor, que introduz
inovações no mercado que tornam os produtos e
tecnologias existentes obsoletos, característica do processo
de destruição criativa (BARROS; PEREIRA, 2008).
Essa percepção quanto à importância do
empreendedorismo não encontra eco na Teoria Econômica
Neoclássica, que considera a acumulação do capital físico
(equipamentos, máquinas etc) e humano, progresso
tecnológico e expansão de mercados como sendo os
principais determinantes do crescimento econômico
(BARROS; PEREIRA, 2008).
Fontanele (2010) considera que essa ausência do
empreendedor do paradigma neoclássico se deve às
dificuldades teóricas, o que resulta em lacunas no
entendimento dos mecanismos básicos de funcionamento
da economia.
Voltando a Barros e Pereira (2008), os autores apresentam
outra teoria que procura explicar o papel do empreendedor
no crescimento econômico, a Teoria do Empreendedorismo
pelo Transbordamento do Conhecimento. Ela pressupõe
que quando uma nova ideia ou novo conhecimento, criados
nos centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de
grandes empresas ou de universidades, não são
aproveitadas pela instituição que a criou, elas podem
resultar em oportunidades para o empreendedor.
A partir dessa teoria, uma pesquisa empírica conduzida na
Alemanha procurou testar uma hipótese de crescimento
econômico: uma maior atividade empreendedora deve gerar
níveis mais altos de crescimento econômico, já que o
empreendedorismo é este mecanismo de transbordamento
e comercialização de conhecimento. O resultado confirmou
a hipótese, pois nas regiões onde havia mais
empreendedorismo tanto o Produto Interno Bruto (PIB)
quanto a sua variação eram maiores. O empreendedorismo
é, portanto, um elemento importante para explicar o
desempenho econômico regional (BARROS; PEREIRA, 2008).
  Sendo assim, vamos avançar nosso estudo e conhecer as
consequências do empreendedorismo sob o ponto de vista
da economia. 
1.3.1 Impactos e resultados do
empreendedorismo 
As transformações ocorridas com o lançamento de novos
produtos no mercado, com as mudanças tecnológicas e nos
processos produtivos são formas que avaliar a contribuição
do empreendedor para o crescimento econômico. As
iniciativas empreendedoras têm como impactos o aumento
da eficiência, que resulta num aumento na concorrência,
além de alterações no comportamento do consumidor. A
descoberta de novos produtos é potencializada e acelerada
por uma cultura empreendedora, sendo que sua
disseminação tem um importante papel no processo de
aprendizagem (FONTENELE, 2010).  
Quanto mais ocorrem entradas de novos competidores,
mais inovação é gerada e há aumento da produtividade,
resultados da inovação em si e também das ações das
empresas para impedir a entrada de novos concorrentes.
Barros e Pereira (2008) apresentam o estudo de Aghion e
Howitt que conclui que este efeito de entrada de novos
concorrentes é mais positivo e significativo em países mais
desenvolvidos em termos de tecnologia. Pode-se entender
que os novos negócios são introduzidos nos mercados pelos
empreendedores a partir de uma inovação, seja ela um novo
produto ou serviço, uma nova qualidade de produto ou
serviço, uma nova forma de produção, a abertura de um
mercado novo, uma fonte nova de matéria-prima ou uma
nova forma de organização. A criação de um novo negócio,
com ou sem inovação, aumenta a concorrência e tem o
potencial de provocar a saída de empresas do mercado, ou
uma reação das empresas estabelecidas seja com outra
inovação ou por fusões e aquisições (BARROS; PEREIRA,
2008). Esse processo tem como resultado uma nova
estrutura de mercado mais eficiente e com maior
dinamismo econômico. Isso se traduz nos indicadores de
valor adicionado, como o PIB e de níveis de emprego. Veja
na figura a seguir a relação entre o empreendedorismo e o
desempenho econômico. 
Figura 4 - A relação entre empreendedorismo e desempenho econômico
a partir da concorrência e/ou da inovação. Fonte: BARROS; PEREIRA,
2008, p. 984.
Deslize sobre a imagem para Zoom
Fica claro que a capacidade empreendedora de uma nação
tem relação com o seu desenvolvimento econômico e por
isso, nada mais natural que haja um grande interesse em se
medir o quão empreendedor é um país. Nesse sentido, foi
criada em 1999 o projeto Global Entrepreneurship Monitor
(GEM), ou Pesquisa Global sobre Empreendedorismo
(MARIANO; MAYER, 2011). 
O relatório de pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2017) foi
criado por duas instituições que estudam o tema empreendedorismo: a
Babson College, de Boston, EUA, e a London Business School, de Londres,
Inglaterra. Realizado anualmente é uma referência mundial nos estudos de
empreendedorismo. Você pode acessar a versão de 2016, disponível em:
<http://www.bis.sebrae.com.br/bis/download.zhtml?
t=D&uid=941a51dd04d5e55430088db11a262802
(http://www.bis.sebrae.com.br/bis/download.zhtml?
t=D&uid=941a51dd04d5e55430088db11a262802)>. 
Na pesquisa realizada em 2016, participaram 65 países, dos
cinco continentes, o que representa 70% da população
mundial e 83% do PIB. O Brasil participa do desde o ano
VOCÊ QUER LER?
http://www.bis.sebrae.com.br/bis/download.zhtml?t=D&uid=941a51dd04d5e55430088db11a262802
2000, sendo a pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de
Qualidade e Produtividade (IBPQ) em parceria com o
SEBRAE. .
Conduzida por meio de uma amostragem estatística da
população, a pesquisa tem como objetivo: “identificar as
atitudes da população em relação à atividade
empreendedora, as taxas de empreendedorismo, as
motivações e as características dos empreendedores e de
seus empreendimentos, além das condições para
empreender” (GEM, 2017, p. 17).  
Nesse ponto, é importante conhecer a definição de
empreendedorismo adotado pelo GEM, como sendo:
qualquer tentativa de criação e desenvolvimento
de novos negócios ou criação de novas empresas,
como o trabalho por conta própria, uma nova
organização empresarial, ou a expansão de uma
empresa já existente, por um indivíduo, uma
equipe de pessoas, ou um negócio estabelecido”
(GEM, 2017, p. 17).  
Observe que a definição adotada, apesar de bastante ampla,
não vincula o empreendedorismo à inovação, algo que foi
bastante destacado ao longo deste capítulo, sendo o simples
fato de se criar um empreendimento ser suficiente para
caracterizar o empreendedorismo. Além disso, como inclui a
expansão de uma empresa já existente, esta definição
também engloba o intraempreendedorismo.
Empreendedores reconhecem oportunidades. Entrepreneurship and small
business management (2ª ed., Capítulo 1). Nueva York, NY: Pearson
Education. (https://mym.cdn.laureate-
media.com/2dett4d/LNO/ENTP/0000/PT/PDF/LNO_ENTP0000_ENTP_C01_P
T.pdf)
Com o estudo anual do GEM ficou claro que a criação de
empresas por si só não resulta num maior desenvolvimento
econômico, pois isso só ocorre se os   novos negócios
foquemem oportunidades de mercado. Por conta disso, faz-
se necessário duas novas classificações de
empreendedorismo trazidas por Dornelas (2017):
Empreendedorismo de Oportunidade: a empresa é
criada com um planejamento prévio, em que o
VOCÊ QUER LER?
https://mym.cdn.laureate-media.com/2dett4d/LNO/ENTP/0000/PT/PDF/LNO_ENTP0000_ENTP_C01_PT.pdf
empreendedor tem claro aonde quer chegar, visando
sempre à geração de lucros, empregos e riqueza.
Empreendedorismo de Necessidade: os negócios
são geralmente criados informalmente, por falta de
opção do empreendedor por estar desempregado e
não encontrar trabalho. 
O empreendedorismo de oportunidade está diretamente
relacionado ao desenvolvimento econômico e é muito mais
presente em países desenvolvidos. Já o de necessidade,
normalmente fracassa e agrava os índices de mortalidade de
negócios, sem gerar desenvolvimento econômico, sendo
mais comum em países em desenvolvimento (DORNELAS,
2017).  
CASO
Com o objetivo de se verificar se o
empreendedorismo realmente afeta
positivamente o desenvolvimento econômico
de uma região, foi desenvolvida uma pesquisa
em Minas Gerais, que procurava investigar a
relação entre a taxa de desemprego e o
empreendedorismo em cada região do estado.
Para cada um dos 853 municípios do estado
foram avaliados:
- Taxa de Desemprego (TDE): a proporção de
desocupados em relação à população
economicamente ativa, com base no censo
demográfico do IBGE.
- Taxa de Empreendedorismo (TE): a
proporção dos trabalhadores por conta própria
em relação à população economicamente
ativa, utilizando a mesma base de dados.
O resultado mostrou que nos municípios com
maior taxa de empreendedorismo, a taxa de
desemprego era menor. Porém um TE maior
não resulta em um aumento no PIB, indicador
de melhor desempenho econômico.
Provavelmente, a maior quantidade de pessoas
trabalhando por conta própria deve ser em
atividades alternativas ao desemprego, com
baixa produtividade e renda, o que realmente
não se reflete em crescimento econômico. Esse
resultado mostra a importância de políticas
públicas que favoreçam o empreendedorismo
que gere emprego e renda, e não aquele que
existe como alternativa ao desemprego. Tais
políticas terão impactos positivos tanto sociais
quanto econômicas (BARROS; PEREIRA, 2008).  
Em 2016, o empreendedorismo de oportunidade foi de 57%
(por necessidade 43%) do total de negócios na fase de
empreendedorismo inicial, um dos menores índices entre os
países pesquisados. Chama a atenção o fato que em 2014 a
taxa de empreendedorismo por oportunidade chegou a um
ápice histórico de 71%. A queda nos últimos anos deve-se à
crise econômica no país (GEM, 2017).   Esse resultado
corrobora o de outras pesquisas que indicam que em países
ricos a atividade empreendedora é associada a uma maior
taxa de crescimento econômico, e em países pobres, ou em
desenvolvimento, incluso na lista o Brasil, esta relação é
inversa. Ou seja, o empreendedor por necessidade tem
pouca contribuição sobre o dinamismo da economia local
(BARROS; PEREIRA, 2008)..
Para alterar esse quadro e tornar o empreendedorismo uma
mola propulsora do desenvolvimento econômico no Brasil é
importante entender os fatores que influenciam o
desenvolvimento do empreendedor, como vamos abordar a
seguir.
1.4 Fatores positivos e
negativos para o
desenvolvimento do
empreendedor
O relatório GEM, além de medir a atividade empreendedora,
auxilia na identificação dos fatores responsáveis pelas
diferenças no nível de empreendedorismo entres os países,
o que pode facilitar a identificação das políticas públicas
que podem ser eficazes para o desenvolvimento de novos
negócios (DORNELAS, 2017).  
O empreendedorismo é um fenômeno complexo
condicionado a fatores culturais, mas que também é
influenciado por questões políticas e econômicas, sendo
resultado dos hábitos, práticas e valores das pessoas. Em
países desenvolvidos, com economia estável, os
empreendedores agem de forma diferente daqueles num
país pobres e com população carente. O fato é que o
empreendedor é influenciado diretamente pelo meio onde
vive, sendo um fenômeno cultural (DOLABELA, 2006).   
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VOCÊ SABIA?
A taxa de empreendedores nascentes ou novos tem
crescido desde 2012, mesmo num cenário econômico
adverso, marcado pela queda do PIB e recessão. Este
crescimento pode ser explicado por fatores sociais,
como o aumento do nível de escolaridade da
população, pela política governamental, com a criação
do MEI (Micro Empreendedor Individual), e por
mudança na cultura, com o brasileiro a cada dia mais
propenso a empreender (GEM, 2017).  
A pesquisa do GEM avalia o contexto social, cultural e
político para tentar explica as diferenças na taxa de
empreendedorismo entre os países, com o seguinte modelo
(GEM, 2017):
Requisitos Básicos: Instituições; Infraestrutura;
Estabilidade macroeconômica; e Saúde e educação
fundamental;
Catalisadores de Eficiência: Educação superior e
capacitação; Mercado de bens de serviço; Mercado de
trabalho; Mercado financeiro; Prontidão tecnológica; e
Tamanho do mercado;
Inovação e Empreendedorismo: Apoio financeiro;
Políticas governamentais; Programas governamentais;
Educação e capacitação; Infraestrutura comercial e
profissional; Acesso ao mercado; Acesso à
infraestrutura física; e Normas culturais e sociais. 
Assim, é preciso ter condições favoráveis para empreender,
seja em relação ao âmbito pessoal, seja a partir das políticas
públicas de incentivo.   Assim, vamos abordar essas
condições no item a seguir. 
1.4.1 Condições para empreender
Para Fontenele (2010), a criação de empresas nos diferentes
países é influenciada pelo apoio do governo ao
empreendedorismo, por incentivos de leis e instituições,
pela disponibilidade de facilidades para gestação de novas
empresas, infraestrutura e cursos de formação e pelo apoio
ao crescimento e sobrevivência das startups.
A educação para o empreendedorismo é fundamental para o
desenvolvimento de uma cultura empreendedora, sendo
que muitos lugares, como no Reino Unido, falharam em criar
tal cultura, apesar do forte discurso político destacando a
importância do empreendedorismo. As políticas geralmente
estão relacionadas com incentivo financeiro de curto prazo,
que é relativamente fácil de ser feito, ao invés de estarem
relacionadas com mudanças culturais de longo prazo, que
são mais difíceis. Tais políticas não são desenvolvidas a
partir do diálogo com os empreendedores, e apesar das
mensagens encorajadoras do governo, os empreendedores
encontram dificuldades práticas para acessar os recursos, o
apoio e as oportunidades necessárias para começar e
administrar seus negócios (RAE, 2007).
Ainda segundo RAE (2007), há quatro fatores que devem ser
considerados com relação ao papel do empreendimento na
sociedade:
 
1)                Os objetivos políticos devem ser claramente
entendidos no contexto nacional, para cada objetivo (reduzir
a pobreza, criar empregos, reduzir as atividades estatais, por
exemplo) são necessárias estratégias e diretrizes em
ambientes diferentes.
2)                A natureza do empreendimento e do
empreendedorismo deve ser considerada, como o modelo
americano de “livre” economia de mercado; subsídios
agrícolas; economia comunitária; negócios familiares etc.
3)         Quão inclusiva ou exclusiva será a abordagem, como o
incentivo à formalidade. Para muitos países, a economia
informal é substancial e importante. Problemas
relacionados ao racismo ou preconceitos.
4)                Qual o papel do governo em criar e implementar
políticas para empreender. A maioria dos governantes e
ministros não possui experiência de empreendedorismo.
Muitos argumentam que a melhor contribuição que o
governo pode dar para a criação de uma cultura de
empreendedorismo é não interferir.
 
A mentalidade empreendedora é um dos fatores que
influenciam o surgimento de uma cultura empreendedora e
a criação de novos negócios. Esse conceito está associado à
avaliação da pessoa quanto ao ambiente em que está
inserida e as condições queinfluenciam sua decisão de
empreender, com os seguintes resultados (GEM, 2017):
Convivência com empreendedores: está relacionado
com conhecer pessoalmente alguém que começou um
negócio nos últimos 2 anos, como é o caso de 41,3%
da população brasileira. Sendo o segundo maior
índice entre os BRICS (conjunto de países formados
por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul);
Oportunidades de novos negócios: o Brasil é um dos
países que mais acredita na existência de boas
oportunidades de negócio em curto prazo;
Conhecimento, habilidade e experiência para
gerenciar um novo negócio: Brasil e Estados Unidos
são os países cuja população se sente mais preparada
para empreender;
Medo de fracassar: não é um impeditivo para abrir
um novo negócio, como afirmam 57,6% da população
do Brasil;
Com relação às condições para empreender no Brasil,
relacionados aos aspectos econômicos, sociais, culturais e
institucionais, a pesquisa GEM de 2016 identifica como os
cinco principais fatores favoráveis e limitantes ao
empreendedorismo, conforme mostra a a figura a seguir.
Chama atenção a presença dos programas governamentais
tanto como fator favorável quanto como fator limitante,
porém o percentual de entrevistados que considerou como
limitante (77%) é amplamente superior aos que considera
favorável (25%) (GEM, 2017).  
Outro aspecto curioso, é que a corrupção é considerada um
fator limitante para apenas 2% dos entrevistados mesmo no
atual cenário brasileiro, em que os escândalos de corrupção
fazem parte do noticiário diário.
A importância das políticas públicas de apoio ao
empreendedorismo e às micro e pequenas empresas são
reforçadas pelas pesquisas sobre o empreendedorismo no
Brasil. Mostram também que é necessário reduzir a carga
Figura 5 - Os cinco principais fatores favoráveis e limitantes ao
empreendedorismo no Brasil, segundo especialistas entrevistados para o
relatório GEM de 2016. Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de GEM,
2017.
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tributária e a taxa de juros, e também melhorar o ambiente
de negócios e reduzir da burocracia. Tais ações podem ter
impactos sociais significantes ainda mais numa economia
de elevada taxa de desemprego. Iniciativas como a criação
de incubadoras de empresas e o estimulo às cooperativas
são favoráveis à criação de oportunidades de trabalho
(BARROS; PEREIRA, 2008).  
Na opinião de Dornelas (2017), ainda faltam políticas
públicas duradouras para consolidação do
empreendedorismo no país, mesmo com os avanços
recentes nas políticas do Governo Federal de apoio ao
empreendedorismo.
Espera-se que o governo atue de forma efetiva para
melhorar o ambiente para o empreendedorismo no país e
que cada vez mais pessoas estejam dispostas a empreender
com foco em oportunidades (e não por necessidade) para
que o Brasil tenha um maior desenvolvimento econômico e
social.
Síntese
Chegamos ao fim deste capítulo, e você pode conhecer o
que é empreendedorismo e a suas definições, entendeu
como este conceito evoluiu ao longo dos anos e descobriu a
importância do empreendedorismo para o desenvolvimento
econômico dos países e os fatores que facilitam ou
dificultam a ação empreendedora.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
aprender sobre quem é o empreendedor;
compreender o conceito de empreendedorismo;
conhecer um pouco da história de importantes
empreendedores do Brasil e do mundo;
relacionar o desenvolvimento econômico com o
empreendedorismo;
identificar as condições culturais e estruturais para o
desenvolvimento do empreendedorismo.
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