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Apostila Estacio Psicopedagogia Clinica

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Apostila
Informações da disciplina:
Nome do curso: Psicopedagogia Clinica e Institucional
Nome da disciplina: Psicopedagogia Clinica
Carga horária: 36 horas
Informações da Aula: Aula 1
Título da aula: Implicação e Intervenção na Psicopedagogia Clinica.
 Na ordem do saber, para que as coisas se tornem o que são,
 o que foram, é necessário esse ingrediente, o sal das palavras. 
É esse gosto das palavras que faz o saber profundo e fecundo. 
(Roland, Barthes,1978).
A existência da Psicopedagogia Clinica como área de conhecimento e de saberes teóricos e práticos claramente identificável, relacionados com outros ramos e outras especialidades da Psicologia e Educação, mas ao mesmo tempo distintos dela. Tem sua origem, na convicção de que a educação e o ensino podem melhorar sensivelmente com a utilização adequada dos conhecimentos psicológicos. Buscamos compreender a relação da prática Psicopedagógica com os saberes teóricos que fazem parte desta atuação Psicopedagógica.
 A Clinica Psicopedagógica tem seu lugar na leitura dos fenômenos inconscientes, na relação transferêncial, no contratransferêncial observado na prática. A atuação do Psicopedagogo tem como base de investigação o conceito de alteridade. “O Pesquisador pretende ser aquele que recebe e acolhe o estranho. Abandona seu território, desloca-se em direção ao país do outro, para construir uma determinada escrita da alteridade e poder traduzi-la e tranmiti-la”.(MARILIA, AMORIM 2001, p.123).
 A observação participante possibilita ao pesquisador obter as percepções das pessoas e expressões por intermédio de sentimentos, pensamentos e crenças. É importante, desse modo, que o pesquisador tenha domínio dos padrões linguísticos e das variações da linguagem dos indivíduos observados, afim de poder registrar com fidedignidade os elementos levantados e poder interargir com indivíduos. (THIOLENTE, 2002, p.55. O Psicopedagogo coloca-se como Aprendente/Ensinante, procura investigar o outro numa postura sensível ao se colocar no lugar do outro, mantem a separação clinica, para que o contratransferencial do terapeuta não venha prejudicar a prática psicopedagógica. O psicopedagogo procura questionar o que conhece e o que não conhece, mantendo olhar e escuta sobre a singularidade do sujeito a ser investigado com habilidade de implicação e distância na relação terapêutica.
 O educador não pode ser aquele indivíduo que fala horas a fio a seu aluno, mas aquele que estabelece uma relação e um diálogo íntimo com ele, 
bem como uma afetividade que busca mobilizar sua energia interna. É aquele que acredita que o aluno tem essa capacidade de gerar ideias e colocá-las ao serviço de sua vida. (SALTINI, 2002, p.60).
 A bases da teoria tem como objetivo estabelecer uma rede de proteção/sustenção como saída da dependência teórica para autoria do pensamento num espaço dinâmico de construção de autoria. Estabelecendo a articulação entre inteligência/subjetividade, objetividade/desejo num espaço transicional de jogar e criar.
 O Psicopedagogo tem como atuação o diagnóstico e intervenção institucional e clinica em fase de pesquisa ação utilizando-se de instrumentos de análises que favoreçam a identificação dos modelos e modalidades de aprendizagem, na busca de significado e sintomas encontrados na família, escola e sujeito.
 O lugar da técnica psicopedagogica não pode ser de prisão, submissão e dependência onde o poder e o domínio se estabelece dificultando o espaço de pensar, criar, inventar, recursos para que o cliente possa viver uma situação única. É um lugar de intervir promovendo novas versões, caminhos junto com o cliente. Fernandez (1990) afirma que o diagnóstico para o terapeuta deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo, recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Ensinante abre mão do poder e saber antecipado, no compromisso de “perder algo”, para que possa ganhar e recomeçar. Estabelecendo assim uma confiança em si e no Outro, com alegria e prazer numa relação de crer e querer na sua prática. Assim o Aprendente deseja, reconstrói e recorre ao saber, dando sentido ao aprendido no desejo de criar e re-inventar seu aprendizado. A partir do seu desejo resignificar fantasias do aprender, restaurar o vínculo com o objeto do conhecimento, reconstroi auto-imagem ,reconhece-se pensante/autor, aprender a tolerar frustração e repara o vínculo com o ensinante. 
 A especificidade do tratamento psicopedagógico consiste no fato de que existe um objetivo a ser alcançado: a eliminação do sintoma, diferentemente do que ocorre no tratamento psicanalítico. Assim, a relação psicopedagogo-paciente é mediada por atividades bem definidas, cujo objetivo é solucionar rapidamente os efeitos mais nocivos do sintoma para logo depois dedicar-se a afiançar os recursos cognitivos. (PAIN,1986,p.77). 
 Visca nos apresenta a seguinte citação: “Os pais, invariavelmente ainda que com intensidades diferentes, durante a anamnese, tentam impor sua opinião, sua ótica, consciente ou inconsciente. Isto impede que o agente corretor se aproxime “ingenuamente” do paciente para vê-lo tal como ele é, para descobri-lo”.( 1987, p. 70).Com isso é importante que o psicopedagogo fique atentos as demandas presentes em todo diagnóstico psicopedagógico.
 Ao implicar-se com o cliente o psicopedagogo precisa ficar atento as demandas existentes nas redes de relações do cliente, se mantendo em constante dinamismo, para que possa levar o cliente: aprender, reconstruir e resignificar estas redes. Com isso restabelece no cliente um verdadeiro “encontro” com o processo de aprendizagem.
 O sujeito do conhecimento é definido como um ser singular, o que significa que é estruturado em si e pelo outro. “Tem-se assim que a aprendizagem no seu sentido formativo deve estar inserida em procedimentos que possibilitem a compreensão do homem no seu sentido individual (constituição de uma subjetividade), bem como no seu aspecto coletivo (como membro de uma sociedade humana que o legítima e o reconhece como tal”. (BRANDÃO,CEMA, 1998).
Informações da Aula: Aula 2
Título da aula: Winnicott na Psicopedagogia Clinica.
 “Onde o brincar não é possível, o trabalho efetuado
 pelo terapeuta é dirigido então no sentido de trazer o
 paciente de um estado em que não é capaz de brincar para um estado em que o é”.(Winnicott,1975).
 Donald Woods Winnicott nasceu em Plymonth, Inglaterra (1896-1971). Pediatra e Pensador Inglês renovou o legado de Freud.Elaborou conceitos durante uma experiência de 40 anos na clinica com crianças e adolescentes, desenvolvendo na consulta terapêutica o jogo dos rabiscos. Fez estudo pormenorizado da relação mãe-filho e das influências da família e do ambiente, postulando a interação de processos inatos de maturação com a presença de um ambiente (facilitador), desde de uma fase de dependência absoluta até a independência.
 Desenvolveu as seguintes teorias: do objeto, espaço e self com base no desenvolvimento da criança. Postula a existência de um objeto subjetivo (inicial) interno e de um objeto objetivo (posterior) externo como também de objetos transicionais, caracterizado pela importância do brincar, formulando assim o conceito de fenômenos transicionais em psicanálise. Na teoria do espaço formula a existência de um espaço potencial, de uma zona intermediária entre a realidade interna e a realidade externa, entre a mãe e o bebê, em que se realizam o jogo e o brincar, origem de todos as atividades sócio-criativo-culturais. No self encontramos a polarização entre um verdadeiro self, espontâneo e criativo, fonte de alegria e da saúde mental, em oposição ao self, artificialmenteconstituído por submissão e excessiva adaptação ao meio.
 Considera o desevolvimento herança de um processo de maturação, da acumulação de experiências de vida; esse desenvolvimento só podendo ocorrer num ambiente propiciador. O processo do desenvolvimento pode ser 
descrito em termos: dependência absoluta, dependência relativa, caminhar rumo à independência.
 Winnicott através da suas observações na prática clinica, começa observar a relação entre a mãe e o bebê, a partir daí conceitua esta relação como importante para o desenvolvimento da criança. Mostrando que a função materna tem como referência os seguintes conceitos: Holding, tem relação com a capacidade da mãe de identificar-se com o seu bebê. O Holding deficiente produz extrema aflição com sensação despedaçamento sensação de estar num poço sem fundos. O conceito de Manipulação, estaria vinculada ao toque no corpo do bebê facilitando assim a formação de uma parceria psicossomática na criança, isso contribui para a formação do sentido do “real”, por oposição ao “ireal”. A manipulação deficiente trabalha contra o desenvolvimento do tônus muscular. O conceito de Apresentação de Objetos, Winnicott nos apresenta ao conceito de objeto transicional utilizado na prática clinica infantil, como modelo de catarse de emoções representadas e vividas pela criança. É na apresentação de objetos que se evidencia a relação vivida entre mãe e bêbe. A criança aprende a tolerar a angústia de separação e ausência materna. Apresentação de objetos favorece os objetos se tornarem real cosntruindo assim o impulso criativo. O conceito de objeto transicional tornar-se base para reconhecimento do sujeito no processo psico-afetivo. 
 Segundo Winnicott fantasia faz parte da criança, que pode ser definida como uma elaboração imaginativa das funções físicas. A fantasia logo torna-se infinitamente complexa, mas é possível que de início seja restrita em termos de quantidade. A observação direta não possibilita ter acesso as fantasias de uma criança pequena, mas todo tipo de brincadeira indica a existência de fantasia.
A fantasia evolui consideravelmente no decorrer do primeiro ano de vida. É importante reafirmar que, embora isso ocorra como manifestação da tendência natural ao desenvolvimento, a evolução vai depender da relação que se estabelecer na apresentação de objetos, que possam favorecer a fantasia da criança.
As relações que a criança desenvolve com os objetos caracteriza inicialmente de forma parcial como no caso do bêbe que se relaciona com o seio da mãe havendo consciência da figura da mãe, embora o bebê possa “conhecer” a mãe em momentos de contato afetuoso. É gradual a integração da personalidade da criança que faz com que o objeto parcial (seio, etc.) possa ser entendido como pertencente a uma pessoa inteira.
Posteriormente teremos a ampliação desse objeto através da utlização dos brinquedos como objeto transicional.É na interação com esses objetos que a criança vai compreendendo a relação presença e ausência da mãe e estimulando a fantasia e cosntruindo assim mecanismos para superar a transição das idades. É no brincar que a criança constrói mecanismos de frustrações e desenvolvendo a espontaneidade condição importante para sua personalidade.
É importante ressaltar a utilização dos brinquedos na educação infantil como espaço transicional facilitador para construção do desenvolvimento emocional e maturacional da criança.O educador tem obrigação de entender e respeitar esse momento do desenvolvimento da criança para que ela possa se constituir um adulto saudável emocionalmente. A educação infantil, se responsabiliza pela construção do processo cognitivo saudável a medida que ela favorece apresentação de objetos para o conhecimento da criança. Assim através dos seus esquemas cognitivos, a criança possa assimilar e acomodar estes objetos adaptando ao real. A ausência e o empobrecimento de apresentação destes objetos favorece a formação de indivíduo cognitivamente e emocionalmente limitado no seu desenvolvimento. 
O psicopedagogo se utiliza de objetos transicionais para resgatar, recriar e resconstruir as etapas do desenvolvimento. As demandas psicopedagógicas surgem pela apresentação dos sintomas desencadeados pela criança e evidenciados na escola. Podemos observar que estes sintomas se apresentam, por uma falha na apresentação e objetos transicionais no desenvolvimento. Segundo Winnicott o terapeuta atua na apresentação de objetos num espaço sustentador de ego, para construção das relações psico-afetivas. Recosntruindo o desenvolvimento emocional estaremos 
resgatando o universo cognitivo da criança, para que possa se transformar em autora no processo de aprendizagem. Os esquemas iniciais da criança se encontram em condição facilitadora para assimilar e acomodar ao real. Favorecendo a construção dos aspectos cognitivos que envolvem a aprendizagem.
Informações da Aula: Aula 3
Título da aula: As modalidades da aprendizagem na prática psicopedagógica.
 “O sujeito que não aprende não realiza nenhuma das funções sociais da educação, acusando, sem dúvida, 
o fracasso dela, mas sucumbindo a esse fracasso”. (Sara Paim,1982).
As modalidades de aprendizagem surgem quando ocorre o predomínio de um processo sobre o outro em decorrência da inibição precoce de atividades: assimilativo-acomodativo.
 Segundo Alicia Fernandez, no momento do diagnóstico pretendemos fazer um corte que nos permita observar a dinâmica da modalidade de aprendizagem. Descrever a modalidade de aprendizagem envolve: a imagem de si mesmo como aprendente; como agem as figuras ensinantes pai e mãe, o vínculo com o objeto de conhecimento, a história das aprendizagens, principalmente algumas cenas que fazem a novela pessoal do aprendente; a maneira de jogar e a modalidade de aprendizagem familiar.
Andrade (1998, p.93), nos diz que este sujeito tem medo de errar quanto de acertar, porque o erro mostra o quanto é incapaz e o acerto o coloca em lugar de evidência e destaque, o que leva o sujeito a uma situação conflituosa e pouco confortável.
 Alicia Fernandez nos apresenta três grandes grupos de modalidades de aprendizagem que dificultam e perturbam o aprender: hipoassimilação, hiperassimilação, hiperacomodação e hipoacomodação. Nestas modalidades, identificamos a maneira que o indivíduo lida com a sua aprendizagem o seu 
molde relacional. No processo de aprendizagem, verificamos as seguintes características do educando:
 - hipoassimilação – pobreza de contato com objeto, o desenvolvimento dos esquemas encontra-se empobrecidos, déficit lúdico e pouca criatividade;
 - hiperacomodação – pobreza de contato com a subjetividade, predomínio do processo de aprendizagem por imitação, falta de iniciativa, tendência a obediência, 
 Superestimulação da imitação, a criança não teve a oportunidade de tomar decisões, de trabalhar a sua autonomia, tornando-se um sujeito, sem iniciativa, pouco criativo e muito obediente. Encontraremos problemas de aprendizagem em: português, matemática, geografia, etc. O aluno emite as seguintes frases: “não posso”, “repete”. Se caracteriza por possuir uma rigidez no pensar, dificultando a aprendizagem. O objeto a conhecer, se encontra em proporções maiores do que o sujeito autor, gerando insegurança para quem está aprendendo;
 - hiperassimilativo, o predomínio da subjetivação, desrealização do pensamento. Internalização prematura dos esquemas com um predomínio do lúdico. “Não sei” como resposta as questões colocadas pelo professor;
 - hipoacomodativo, pobreza de contato com o objeto, faltou estimulação por parte da família e da educação infantil. Existe um abandono em respeitar o ritmo do desenvolvimento da criança no seu aprendizado, não se estimulou a necessidade da criança em repetir as experiências sobre o objeto. Temos então a seguinte fala do aluno: “Não sei”. “O Outro é quem sabe” assim se caracteriza, o conceito de Oligotimia, onde o Outro, domina o saber que acredito que não tenho. 
 - hipoassimilação/hipoassimilaçãoencontramos a seguinte frase: “Não me interessa”, faz parte desta forma de aprendizagem. Encontraremos nessa modalidade de aprendizagem as características relatadas da hipoacomodação e hipoassimilação, que significa uma ausência total de vínculo com o objeto do conhecimento, o aluno não possui nenhuma forma de desejo que chame atenção para o aprendizado. O saber se apresenta totalmente distante de uma realidade vivida por ele. Encontraremos esta modalidade em muitos adolescentes com dificuldades de aprendizagem. 
 “Identificar a modalidade de aprendizagem do sujeito é importante, para que o professor possa rever sua metodologia, tentando adequá-la às 
dificuldades do aluno, com o propósito de (re) significar sua aprendizagem”. (Simaia, 2011, p.57).
Informações da Aula: Aula 4
Título da aula: A Família na Psicopedagogia Clinica
 O dito ainda que tente cobrir o não dito, 
é tecido de forma a deixar transparecer o não dito”. 
(Assumpção, Maria Luiza, 2001).
 Encontramos no atendimento psicopedagógico a possibilidade de resignificar a comunicação interpessoal vivida na família. Como revelar, desvelar o não dito através do dito, melhorando assim comunicação do cliente consigo mesmo, com a família e escola. Se estabelece as bases para mudança na sua conduta.
 O Duplo Vínculo designa o distúrbio na comunicação entre duas pessoas na experiência familiar. A ausência de clarificação das mensagens e a desqualificação das mensagens provoca ansiedade e dificuldade no relacionamento.
 Ao entendermos as bases históricas da teoria do Duplo Vínculo iremos compreender a origem do desenvolvimento da terapia familar. John Weakland e Carl Whitakes, apresentam a conferência: “Beyound Double Bind”, desenvolvia-se até então uma teoria da esquizofrenia a nível individual, Duplo Vínculo insere o paciente no contexto familiar. A mudança de princípios estáticos em dinâmicos, exigiam uma revisão das teorias psiquiátricas. Gregory Bateson, Lou Jackson, Jay Haley e John Weakland, em 1956 escreveram: “Toward a Contribuition to Schizofrenia”. A psiquiatria moderna estabelece a necessidade de ver o indivíduo no contexto familiar. Conceitualizar os fatos interpessoais e psicoterapêuticos, considerando o 
indivíduo dentro da estrutura de uma situação social. Desenvolver uma teoria que situa os grandes sistemas sociais e os fatos de natureza individual. Uma teoria unitária da comunicação. Na esfera social a aquisição da informação acerca das relações, se estabelece através da contínua e consistente exposição a fatores sociais tais como: a experiência do filho com a mãe, o indivíduo com outros membros da família e o indivíduo com seus pares na escola.
 O modelo metodológico do Duplo Vínculo, se apresenta da seguinte maneira em relações as mensagens desqualificadoras: Auto-Desqualificação. Transações Verbais: Fuga, Evasão, Literalização e Desqualificação do Outro. Respostas ou Mensagens: Retirada e Aceitação.
 	Observamos nas relações de comunicação familiar um tipo de mensagem que desqualifica a criança favorecendo assim a construção da autoria no processo de aprendizagem. A família emite a mensagens desqualificadora tais como: Como você é tão burro! A Mãe entra na sala e vê seu filho pequeno pendurado na janela. Ela já tinha falado muitas vezes para ele não subir na janela. Assustada e com medo que seu filho caia, ela corre, puxa a criança para dentro e lhe diz bem alto: “Eu já te falei para não subir aí”? “Você não consegue aprender.”
 Nestas mensagens emitidas pela mãe ou algum membro da família encontramos a manutenção da desqualificação vivida nas relações familiares gerando dificuldade na construção da identidade do sujeito e a construção da sua subjetividade na medida que o sujeito depende emocionalmente desta relação para que possa se desenvolver emocionalmente e construir sua autoria na aprendizagem. 
 Weiss (1992) afirma que, em uma situação diagnóstica, a ansiedade sempre existe, tanto por parte do profissional, que está em busca do desconhecido, quanto por parte do paciente e sua família, em função do desconhecimento da situação e pelo medo de vir a revelar aspectos pessoais ou da vida familiar que, em alguns casos, já são conhecidos e, em outros, desconhecidos deles próprios.
 O sintoma do não aprender fala algo do sujeito e sua história. O papel do Psicopedagogo é desvelar o sintoma para que o sujeito possa se libertar para a busca do desejo de aprender. O desejo de apreender do sujeito não 
está revelado, encontra-se prisioneiro no desejo da família o papel do Psicopedagogo é desvelar esse desejo através das intervenções vividas no setting terapêutico. Assim o não dito se encontras desvelado pelo dito.
 A família se encontra em um emaranhado, onde as crianças têm suas habilidades cognitivo-afetivas inibidas, constituindo um nó simbólico que o terapeuta junto com a família busca encontrar uma ponta do fio para desvelar os sintomas, visando desvelar a comunicação que está gerando os sintomas, com isso favorecendo a circulação do aprender.
 Rubstein (2003) explica que crianças que se apresentam com dificuldades traumáticas e experiênciando conflitos vivido pela família, estarão com uma menor disponobilidade para enfrentar os desafios as descobertas que estão implicadas no processo de construção do conhecimento.
 O universo da aprendizagem está inserido no contexto familiar, a relação entre o desejo do aprendente surge por intermédio da falta e do olhar de um Outro, que também deseja que o sujeito aprendente possa se constituir. O entendimento do terapeuta da dinâmica da família torna-se extremamente importante através da compreensão do molde relacional da aprendizagem que o terapeuta situa a formação do desejo de aprendizagem do aprendente. O entendimento através da escuta terapeuta das mensagens emitidas pela família revela as desqualificações percebidas pelo aprendente mas não revelada pelo mesmo. O terapeuta tem como intervenção desvelar junto com o cliente essas mensagens para que ele possa resignificar seu aprendizado perante a família e a ele mesmo.
 Bahktin nos apresenta a metalinguística como forma de entender o discurso do outro.” Chamo sentido o que é resposta a uma pergunta. O que não responde a nenhuma pergunta, carece de sentido. O sentido é potencialmente infinito, mas só se atualiza no contato com outro sentido o sentido do outro”. Assim ele nos mostra as formas de alteridade vivida representada no sentido do outro e as possibilidades do sujeito revelar e desvelar as relações do Entre-Dois. 
 
Informações da Aula: Aula 5
Título da aula: Diagnóstico Psicopedagógico Modelo Visca e Weiss.
 .....justamente, eu acho que aprendizagem, para uma pessoa, abre o caminho da vida, do mundo, das possibilidades até ser feliz”.
(Jorge, Visca).
O diagnóstico em Psicopedagogia tem como base investigar os desvio e dificuldades da aprendizagem do cliente, família e escola. Segundo Ana Bossa, na Epistemologia Convergente, todo processo diagnóstico é estruturado para que possa observar a dinâmica de interação entre, o cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico por meio de intervenções e da “escuta psicopedagógica...”, para que “...se possam decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção”. (Bossa, 2000, p. 24). No diagnóstico verificamos os vínculos de tranferência na relação cliente e psicopedagogo, fazemos o registro de diagnóstico como facilitador da dados e eixo condutor para o tratamento.
O diagnóstico Psicopedagógico de Jorge Visca tem como construção sistemática as seguintes etapas:
a) Entrevista Contratual que signifiica o primeiro contato do cliente e o psicopedagogo.
b) EOCA (Entrevista Operacional Centrada na Aprendizagem), a partir desse encontro podemos estabelecer a modalidade de aprendizagem do sujeito e seu funcionamento cognitivo.
c) Provas Operatórias que se caracteriza pela investigaçãodos aspectos cognitivos do sujeito segundo modelo Piagetiano. Verificamos a estrutura cognitiva do sujeito, seus aspectos de conservação de objetos e o nível operatório que se encontra.
d) Técnicas Projetivas se apresenta através das Pautas Gráficas modelo Jorge Visca investigamos os vínculos estabelecido pelo sujeito em relação a sua aprendizagem. O grau de identificação do sujeito com o ensinante e como lida com aprendizagem na posição de aprendente.
e) Outros Testes investiga e complementa as etapas anteriores, com atividades específicas da dificuldade de aprendizagem apresentada pelo sujeito.
f) Anamnese história do nascimento e desenvolvimento do sujeito aspectos escolares que passaram por sua história.
g) Devolução retorno para os pais das etapas vivenciadas pelo cliente e psicopedagogo ao longo do diagnóstico psicopedagógico.
h) Informe psicopedagógico construção do diagnóstico de forma escrita com etapas que foram observadas pelo psicopedagogo e que precisam ser trabalhadas encaminhamento quando necessário para outros profissionais.
 Encontramos no diagnóstico psicopedagógico uma possibilidade de levantamento de hipóteses através da pesquisa ação um eixo condutor de investigação. O primeiro eixo condutor denominas a-histórico é apresentado através na Queixa - os sintomas “diz algo sobre o sujeito” temos assim a visão do presente “Aqui”, “agora” e “comigo”, encontraremos na EOCA, Provas Operatórias e Entrevista na equipe da escola, material escolar. O segundo eixo condutor denominamos histórico, tem como referência entender o sujeito em sua construção, visão do passado através da Anamnese com a família, análise de laudos, relatórios escolares, albuns fotográficos. Encontramos nessa fase um recorte de diferentes “histórias que se integram na grande história do paciente. 
O diagnóstico psicopedagógico nos leva a conhecer verdadeiramente como o sujeito aprende, no sentido de aceitar este sujeito e fazer com que ele aprenda de verdade buscando a sua verdadeira vocação para aprendizagem num sujeito autor da sua aprendizagem.
Informações da Aula: Aula 6
Título da aula: A técnica do desenho na Psicopedagogia Clinica
 “Apreciar o desenho da criança é perceber a 
 dimensão do “belo” em toda sua plenitude, que não se restringe ao visual da obra, mas o encanto geral que ela emana”. (Sans, 2007).
“A expressão gráfica é uma manifestação da totalidade cognitiva e afetiva. Quanto mais a criança confia em si e no meio, mais ela se arrisca a criar e a se envolver com o que faz”.
No final do século XIX, começou o interesse pelo desenho infantil, período em que as crianças começaram a ter acesso ao papel e ao lápis. Anteriormente as crianças desenhavam, no chão e nas paredes usando gravetos ou pedaços de carvão. Rizzi publica 1887 : “A arte das crianças pequenas”. O livro sistematizou os estudos sobre o desenho infantil e despertou o interesse pelo assunto. O nível de desenvolvimento intelectual em que a criança se encontra é expresso em seus desenhos, mostrando o seu estágio emocional e perceptivo”. (Sans, 2007).
Garatujas desordenadas aproximadamente de 1 a 2 anos. A criança começa fazendo riscos descontrolados apenas pelo prazer de manusear o lápis e o papel. É importante que os pais e os professores valorizem esses riscos. Para não afetar o desenvolvimento da escrita no futuro.
Fases da Evolução do Desenho.
 Primeira fase - quando ela percebe a relação gesto-traço, ou seja, quando percebe que o risco é uma resultante do seu movimento com o lápis.
 A fase da garatuja desordenada e garatuja ordenada.Garatujas desordenadas. Primeiro contato da criança com o lápis e o papel Desenho pelo prazer do movimento. Aparece com o traço livre, pois não há controle dos movimentos. Variam as formas de segurar o lápis . A criança não faz relação do olho com a mão. Não há representação do desenho. 
 A segunda fase - quando compreende que pode representar intencionalmente um objeto graficamente Garatuja nomeada - a partir dos 3 anos, faz passagem do pensamento motor ao imagético, frente ao desenho, ou seja representa intencionalmente um objeto concreto, através de uma imagem gráfica. Descreve verbalmente o que fez e começa anunciar o que vai fazer.Relaciona o que desenha ao que viu ou vê, sendo que o significado do seu desenho é quase sempre só inteligível para ela mesma. Garatuja ordenada circular - perto dos 3 anos, começa a fechar as figuras através de formas circulares ou espiraladas. Segura o lápis como um adulto. Copia intencionalmente um círculo mas não um quadrado. Descobre mas não inventa relações entre o que desenhou e a realidade. Com argila começa fazer bolas e “salsichas”. 
A fase pré- esquemática – dos 4 aos 6 anos.A consciência da analogia entre a forma desejada e o objeto representado se afirma.A relação a nível gráfico significante-significado se constrói definitivamente.
Vemos aqui como a representação gráfica é muito mais tardia do que a lúdica e a verbal.
 Pré esquema (1º fase).Confundido com a garatuja circular A ocupação do espaço não obedece nenhuma regras. Cor ainda arbitrária (uma só cor).Desenha o que sabe do objeto, mas não o que vê. Lembra formas geométricas. 
Pré esquema (2º fase)Preocupação com a ocupação do espaço.(ainda sem linha de base). Cor arbitraria (preocupação com a diversidade). Forma mais estruturada. Procura símbolos que represente o ambiente. 
Pré esquema (3º fase) Começa a estruturar seu desenho com a linguagem (bonecos, flores, girinos, sol, etc).Encontra-se no período pré operatório (4 a 6/7 anos).Os símbolos estão relacionados com a criança que é o centro do universo. Preocupação com a linha de base. Preocupação em  organizar as formas no espaço. Usa o limite da folha como limite de base Preocupação com a linha de base nos desenhos. A base indica que a criança percebeu as relações entre ela e o meio. Representação do espaço e tempo. Episódios diferentes representados por imagem. A criança chega ao inicio do realismo quando ultrapassa a frustração do enfrentamento com o real. A forma e o fundo são conquistados havendo um apuramento da decoração 
com riquezas de detalhes. Aparece embrionariamente perspectivas no desenho. Acentua-se a necessidade do trabalho em grupo e da diversificação de técnicas. 
Informações da Aula: Aula 7
Título da aula: A utilização dos Jogos na Psicopedagogia Clinica
 “Toda ação vem a ser uma busca de um objeto significativo a partir da consciência de sua falta.” 
 (Oliveira, Vera.1994).
 O brincar é fundamental para a formação da criança. A criança quando brinca, é como se sonhasse: modifica a realidade ou repete os fatos dolorosos a fim de poder liberta-se de tensões ou pressões demasiado intensas. 
Na conceitualização do brincar na leitura psicanalítica e neo-analítica. Em Freud encontraremos na fase inicial do bebê que antecede a linguagem o jogo do “fort-da” (presença e ausência). A criança começa se descobrir como sujeito de interação com outro sujeito. Na brincadeira da presença e ausência, veremos uma forma de linguagem, e busca de contato com o outro. Winnicott nos mostra a importância dos “objetos transicionais” ocorrendo os “ fenômeno transicionais”. Designa o brincar como, objetos que não fazem parte do corpo do bebê, e ainda não são reconhecidos como externos a si. Melaine Klein estabelece o processo de catarse que se mobiliza com o jogo, na interpretação dos problemas infantis. Anna Freud adota uma atitude mais pedagógica do que estritamente analítica. A tendência atual parece ser abusar menos da interpretação e assinalar maior importância uma atitude pedagógica educacional do tratamento.
Piaget nos mostra que a primeira forma de consciência é consciência elementar, ou seja, corporal. O bebê vivencia fisicamente a falta de algo, vai atrás, e de certa forma, se transforma, se acomoda para poder assimilar este 
objeto significativo. A inteligência é fundamentalmente sensorial - o bebê capta todas as informações que recebeatravés dos órgãos dos sentidos e motor, exprime-se através de movimentos. É uma inteligência prática, em que não há linguagem nem a capacidade de representar mentalmente os objetos.
É graças a observação e a exploração do mundo que a rodeia que a criança constrói as estruturas cognitivas imprescindíveis ao desenvolvimento das estruturas lógicas que aparecerão mais tarde. Há portanto um movimento, que leva o sujeito em busca do objeto, que vai de dentro para fora, eferente, e que exige esforço de transformação, de acomodação ativa. Uma vez acomodado o sujeito o traz para si, num movimento inverso e recíproco ao primeiro, de fora para dentro. O Brincar para Piaget existe justamente quando há um predomínio da assimilação sobre o esforço e a tensão da acomodação.
 No inicio da vida o bebê está aprendendo a lidar com seu próprio corpo.Na brincadeira de exercício, a criança brincando exercita seus esquema sensórios-motores e os coordena cada vez melhor. Temos assim no período sensório-motor algumas fases do desenvolvimento da criança em relação ao brincar.
Fase I e II - no final do primeiro mês e com certeza, no segundo e terceiro meses, com predomínio da assimilação, o brincar se caracteriza por ser repetitivo e funcional, com partes do corpo. Ex: o brincar com partes do corpo.
 Fase III – observamos relativa intencionalidade na ação, a criança repete algo descoberto por acaso, já se descentralizando ligeiramente, incluindo a interação com um objeto fora do corpo. Ex: balançar um móbile.
 Fase IV – oito meses seu universo cresce incrivelmente em abertura e organização, noção de permanência de objeto, (objeto existem mesmo fora do seu alcance). Existe uma forma pré simbólica de se comunicar).
Fase V – 12 a 18 meses. O novo o atrai muito e faz com que ele vá mais perto do objeto, o examine mais, o imite, o sinta mais através de novas 
formas de interação e combinação que vai criando, e lhe dando condições de descobrir novas propriedades dos objetos.
À medida que a criança se abre ao meio e o explora com agilidade cada vez maior mas forma uma idéia de si mesma como um todo, separado do meio e em constante relação a ele.
O processo de estruturação mental deve ser sempre visto em seus aspectos: lógico, biológico e histórico , onde o sujeito vai se organizando e tomando consciência de si mesmo como agente do próprio processo de desenvolvimento, em relação ao objeto do conhecimento.
Na brincadeira simbólica dos 2 aos 4 anos, a criança aprende ao brincar, vivenciar e diferenciar a realidade da fantasia, o eu do outro. Ao fazer de conta que uma vareta é um carrinho, e movimentá-la pelo chão imitando o 
barulho do motor, a criança está consciente de que está imitando um carrinho, mas pode estar representando também uma fantasia inconsciente.
O período pré-operatório a linguagem é uma das mais importantes manifestações da função simbólica: as palavras, as frases representam pessoas, situações, objetos, ações. No jogo simbólico, no fazer de conta, a criança imita, representa um conjunto de comportamentos, de ações: finge que dorme, que lê o jornal, etc. Os objetos passam a representar o que a criança deseja: um garfo pode ser um telefone ou um avião. A imagem mental (representação mental de objeto) ou a sua designação - pré-operatório - o fato da criança já pensar mas ainda não ser capaz de fazer operações mentais. A medida que manifestamos quer através de palavras e/ou dramatizações o que vivemos, aumentam nossas possibilidades de enxergar o que acontece conosco, e de realmente assimilar o vivido. A brincadeira simbólica apresenta o pensamento mágico pré conceitual dessa idade. A criança da vida aos objetos atribui-lhes sensações e emoções, conversa com eles. É uma brincadeira predominante solitária, na qual ela vive os diferentes papéis.Quanto mais se aproxima dos quatros anos, mais complexas ficam as dramatizações. Pouco a pouca ensaia um simbolismo coletivo.
A brincadeira simbólica após os quatro anos adquire características progressivamente sociais e introduz lentamente a brincadeira de regras, onde o combinado deve ser respeitado. A criança evolui para grandes cenas com enredo muito mais complexos e dramáticos. Com classificação, simbolismo 
coletivo e aproximação da realidade objetiva. Entre quatro e seis anos as regras aparecem em jogo de movimento, criado pela criança ou transmitido social ou culturalmente. Saber ouvir o outro requer saber se colocar no lugar do outro. A criança aprende a perder no jogo. Conviver com o outro é necessário aceitá-lo separando de si e com vida própria.
 As operações concretas o pensamento é lógico, desenvolvendo conceitos e sendo capaz de realizar operações mentais. Só é capaz de operar, de resolver problemas, concretamente, isto é, se estiver na presença dos objetos, das situações. Desenvolve a noção de matéria sólida e líquida e mais tarde peso e volume. Desenvolve os conceitos de espaço, tempo, número e lógica.
 Dos Dez anos em diante, é difícil prever o que uma criança vai gostar de fazer: a individualidade é um fato. Podemos sugerir a vida esportiva para iniciar a criança. Após os 12 anos, os interesses dos jovens começam a mesclar-se com os dos adultos. Pode-se observar isto claramente no êxito crescente dos jogos eletrônicos e videogames mais complexos considerados para toda a família.Os jovens também demonstram interesse por jogos de tabuleiros e de aventuras, particularmente aqueles do tema ‘negócios’. Os colecionadores de bonecos, carros em escala, trens, miniaturas e animais de pelúcia começam geralmente a ter este interesse durante a adolescência. Este estádio caracteriza-se pelo aparecimento de um novo tipo de pensamento: um pensamento abstrato, lógico e formal. Coloca mentalmente as hipóteses, deduzindo as conseqüências: raciocínio hipotético-dedutivo. Pensa abstratamente, formula e verifica hipóteses. Esta capacidade abre caminho à reflexão filosófica e científica. Surge um novo tipo de egocentrismo: o egocentrismo intelectual que leva o adolescente a considerar que através do seu pensamento pode resolver todos os problemas e que as suas idéias e convicções são as melhores.
É importante conhecer as bases do desenvolvimento do brinquedo na prática psicopedagógica. Para que o psicopedagogo possa utilizar e articular esses saberes no diagnóstico e tratamento com o cliente. Na certeza da reconstrução, dos aspectos: motor, cognitivo e emocional.
Informações da Aula: Aula 8
Título da aula: Pautas Gráficas modelo Jorge Visca
 O pensamento fala por meio do desenho onde se diz 
mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade de
 saber como o sujeito ignora”. (Pain, 1992.)
A técnica projetiva de Jorge Visca denominada Pautas Gráficas tem como objetivo investigar os vínculos que o sujeito pode estabelecer em relação a aprendizagem em três grandes domínios: Escolar, Familiar, Consigo Mesmo.
A maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar o material ou a situação reflete os aspectos fundamentais do seu psiquismo. É possível, desse modo, buscar relações com a apreensão do conhecimento como procurar, evitar, distorcer, omitir, esquecer algo que lhe é apresentado. Podendo se detectar, assim, obstáculos afetivos existentes nesse processo de aprendizagem de nível geral e especificamente escolar. ( Weiss, 2003, p. 117).
O que podemos avaliar por meio do desenho ou do relato é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. 
Jorge Visca nos traz a possibilidade de entendermos a dinâmica da aprendizagem nos diferentes níveis: consciente, pré-consciente e inconsciente. Vinculado ao domínio de si mesmo, domínio escolar e domínio familiar, pré-consciente vinculado ao domínio de si mesmo, domínio escolar e domínio familiar, inconsciente vinculado ao domínio de si mesmo, domínio escolar, domínio familiar. Através da representação gráfica dos desenhos.
 No Domínio Escolar através da representação gráfica do Par Educativo investigaremos o vínculo entre o aluno e o professor.Verificaremos na posição do desenho na folha em que momento de 
aprendizagem se encontra este sujeito e como ele percebe esta relação. Eu Com Meus Colegas de Sala de Aula, nos mostra como esse sujeito se representa perante ao processo de aprendizagem. A Planta da Sala de Aula verifica a posição do sujeito perante a turma, a representação do campo geográfico da sala e as localizações, real e desejada, da mesma e o tipo de aprendizagem do sujeito podemos representar o modelo de aprendizagem sistemática ou assistemática.
No Dominio Familiar Jorge Visca busca na representação da Planta da Minha Casa entender a representação do campo geográfico do lugar em que mora e a localização real dentro do mesmo vínculo de aprendizagem. As Quatro Partes de um Dia a noção de tempo e espaço e os vínculos ao longo do dia. Na Família Educativa o Vínculo de Aprendizagem com o grupo familiar e cada um dos seus integrantes do mesmo.
 No Domínio Consigo Mesmo, O Desenho em Episódios apresenta a delimitação da continuidade da identidade psíquica em função da quantidade dos afetos. O Dia do meu aniversário a representação que se tem de si e do contexto físico e sociodinâmico em um momento de transição e uma idade a outra. Fazendo o que mais Gosto encontramos o tipo de atividade de que o sujeito mais gosta. 
 Jorge Visca nos mostra a possibilidade de entendermos a posição do desenho na folha. Encontramos na representação do desenho segundo a leitura posição na folha as seguintes representações: 
 a) Superior a Esquerda - o aprendente se encontra perante ao ensinante Exigente Regressivo no processo de aprendizagem.
 b)Superior a Direita - o aprendente se apresenta Exigente Progressivo em relação a figura do ensinante. 
 c) No centro e na parte superior da folha - o aprendente se encontra Exigente no processo de aprendizagem.
 d) No centro da folha a esquerda - o aprendente se encontra Regressivo em relação sua posição de aprendente na prendizagem.
 e) No centro da folha - o aprendente se encontra Equilibrado em relação sua posição de aprendente na aprendizagem.
 e) No centro da folha a esquerda - o aprendente se encontra Regredido em relação sua posição de aprendente na aprendizagem.
 f) No centro da folha a direita - o aprendente se encontra Progressivo em relação sua posição de aprendente na aprendizagem.
 g) Na parte inferior da folha a esquerda - o aprendente se encontra Impulsivo Regredido em relação sua posição de aprendente na aprendizagem.
 h) Na parte inferior da folha no centro - o aprendente se encontra Impulsivo em relação sua posição de aprendente na aprendizagem.
 i) Na parte inferior a direita - o aprendente se encontra Impulsivo Progressivo em relação sua posição de aprendente na aprendizagem.
 Encontraremos nas pautas gráficas, em relação ao desenho a posição do personagem na folha as seguintes representações: 
 a) Posição dos Personagens Frente a Frente – Vínculo de Aprendizagem Bom.
 b) Posição dos personagens Lado a Lado – Vinculo de Aprendizagem Regular.
 c) Posição dos personagens Tamanho Pequeno – Não é um vinculo importante.
 d)Posição dos personagens Tamanho Médio – É um vinculo relativamente importante.
 e) Posição dos personagens Tamanho Grande – É dada uma importância destacada, que pode ser positiva ou negativa.
 f) Posição dos personagens Sem discriminação de tamanho – Vinculo confuso com quem ensina
 g) Posição dos personagens Com docente Grande e aluno pequeno – Vínculo no qual supervaloriza o docente.
 h) Posição dos personagens Com aluno Grande e Docente Pequeno – Vínculo no qual subestima quem ensina
 i) Posição dos personagens Só Cabeças – está supervalorizando o intelectual, o que se torna persecutório.
 j) Posição dos personagens O Corpo do Docente Inacabado – pode significar uma agressão oculta contra quem ensina.
 l) Posição dos personagens Simplificação dos Personagens – desvalorização do vínculo de aprendizagem.
 m) Posição dos personagens Perspectiva – Vínculo Positivo e Maduro.
 Jorge Visca em suas pautas gráficas nos apresenta o tipo de vínculo que o aprendente estabelece com a aprendizagem. Em relação ao tipo de vínculo obervamos as seguintes leituras:
 a) Âmbitos Escolar – O Entrevistado está ligado no aprendizado sistemático.
 b) Âmbito – Extra Escolar o Entrevistado estabelece vínculo melhor com aprendizagem assistemática.
 As pautas gráficas são um recurso entre outros que fazem parte do diagnóstico psicopedagógico que permite investigar a dimensão, no que se refere ao vínculo que um sujeito estabelece com a aprendizagem, assim como também com as circunstâncias as quais se opera essa aprendizagem.
 A característica do vínculo de aprendizagem e as circunstâncias que é produzido esse vínculo, muitas vezes é totalmente desconhecidas pelo indivíduo que vivencia aprendizagem. Por ser uma técnica projetiva ao desenhar o indivíduo toma consciência das proporções e da mesma da falta de conhecimento de certas partes, podemos verificar isso no desenho da planta da minha casa.
 Para Sara Paim, o que podemos avaliar por meio do desenho ou do relato é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e hrmoniosa e elaborar a emoção. Também permitirá avaliar a deteriorização que se produz no próprio pensamento.
 Jorge Visca nos traz a importância de interpretarmos a técnica projetiva em função do sujeito em particular através do inventário feito em cada desenho por exemplo: Par Educativo - devemos perguntar ao sujeito ao terminar o desenho, que indique como se chamam e qual a idade delas. Pede-se que dê um título ao desenho e relate o que está acontecendo nele. Com isso estaremos abordando o vínculo de aprendizagem em relação aos objetos de aprendizagem, a relação com quem ensina e a relação de aprendizagem consigo mesmo a relação de aprendizagem.
 
 
 A representação destas três unidades de análise: “objetos”, “ensinante” e “aprendente” e de suas relações, são altamente representativas do tipo de vínculo que cada ser humano estabelece com a aprendizagem.
 
 
Bibliografias Básicas:
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Bibliografia Complementar: 
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VIRGOLIM, Angela . Toc, toc...plim, plim!: Lindando com as com o pensamento emoções, brincando através da criatividade. Campinas, SP: Papirus, 1999. 198p.
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