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OPINIÃO A ÉTICA DO POLITICAMENTE CORRETO E A CONSCIÊNCIA CRISTÃ Textos Base: Pv. 30:5,6,10-13; Is. 5:20,21 Por: Sergio Geremias Desde as civilizações mais antigas, as Organizações se preocuparam em criar instrumentos éticos para regulamentar as relações humanas, a fim de dirimir as desigualdades, as injustiças e a desvalorização do indivíduo como sujeito social, punindo o que se opunha à consciência coletiva e o bem comum, como é o caso do famoso Código de Hamurabi e o Decálogo - maior código ético do mundo. Com o passar do tempo, as sociedades foram se individualizando, reivindicando para si a supremacia sobre as outras culturas o que gerou egoísmo, sentimento de exclusividade e rivalidade sócio-política, cujos resultados se viram na Primeira e Segunda Guerra Mundial, no século XX. No período Pós-guerra, surgiu o fenômeno da Globalização, promovendo a aproximação os povos, gerando o processo da aculturação, quando todas as expressões culturais e forma de pensar passam e conviver juntas. Nesse contexto surge o Politicamente Correto, a proposta de conduta humana exaltada e criticada nos dias atuais. Vejamos. 1. CONCEITO E RESUMO HISTÓRICO DO POLITICAMENTE CORRETO É importante dizer que o Politicamente Correto não é de todo bom ou ruim, seja em relação ao tempo ou ao espaço, porém com o passar do tempo o seu sentido tem se pluralizado e situado nas lutas de interesses e viés ideológico da Direita e da Esquerda no espectro político. 1.1 Entendendo o Termo: Pode-se traduzir o adjetivo ‘Politicamente Correto’ como “a busca em definir um comportamento adequado, filtrando a linguagem e o discurso, evitando termos que sejam considerados estereotipados, ofensivos e excludentes, a grupos de pessoas tidas como desfavorecidas e discriminadas pelo sexo, raça, preferência sexual etc.” 1.2 Origem e Avanço do Termo: Embora este adjetivo esteja em grande evidência atualmente, faz tempo que ele surgiu. O seu significado, também, tem sofrido mutação ao longo do tempo. Analisemos: a. O Começo: Afirma-se que o termo foi usado, primeiramente, em 1793 em uma decisão da Suprema Corte Americana [o mais alto Tribunal Federal dos EUA], durante um julgamento de um processo político. A ideia era literalmente, o que se entendia como correto do ponto de vista da Política, com intuito de se evitar injustiças no processo de manutenção da Democracia. Assim, o ‘Politicamente Correto’ demonstra ser uma coisa justa e boa. b. O Movimento dos Direitos Civis: Depois fato supracitado, o Politicamente Correto ganhou sentido ético com referência às boas maneiras no tratamento às pessoas. Mais tarde, com a ascensão das ações socais coletivas, como o Movimento dos Direitos Civis dos Negros nos Estados Unidos, entre 1952 a 1963, o qual visava abolir a discriminação e a segregação racial, surgiu à necessidade de excluírem algumas expressões, tidas como ofensivas, concernentes à igualdade. Neste contexto o Politicamente Correto surge como proposta democrática da manutenção da justiça social. c. A Ideologia Politica: Com o passar do tempo o adjetivo ‘Politicamente Correto’ passou a ser usada como uma ideologia Politica, ora pela a Direita, ora pela a Esquerda. Os Direitistas afirmam que a concepção atual do termo teve origem no Stalinismo, regime totalitário da União Soviética e outros, ainda, afirmam que o termo sugiu na década de 1930 com os comunistas, sendo parte do patrulhamento ideológico do marxismo político, que colocavam os interesses do partido como uma realidade acima da própria realidade. Os Esquerdistas usam o termo para defender o avanço democrático da efetivação de direitos sociais que sejam garantidos àqueles que se sentem hostilizados, por sua raça, gênero, opção sexual etc. 1.3 A Desconstrução Sentido Original: Para os críticos, o Politicamente Correto deixou de ser uma sugestão de aprimoramento da Democracia e do desejo por Justiça Social e se tornou um Instrumento de Controle, que inibe o debate aberto ao policiar, de forma autoritária, a expressão do outro. John Cleese, escritor britânico, afirma que tudo “começou como uma ideia bastante decente e em seguida transforma-se numa coisa completamente errada e é levada até ao absurdo". O absurdo do qual Cleese se refere, diz respeito, entre outras coisas, ao ato de coibir a livre manifestação de ideias e expressões, tratadas como ofensivas a um grupo de pessoas, que buscam harmonizar a forma de pensar e de falar, rechaçando qualquer indivíduo que ouse pensar diferente, considerando-os: racista, homofóbico, fascista, xenófobo, preconceituoso etc. Pondé chama os 1 efeitos dessa nova concepção do Politicamente Correto de “Cultura Paranoica”. 1.4 A Relação entre o Politicamente Correto e a Geração Mimimi: Vivemos numa geração de pessoas que se ofendem com tudo; que vivem dentro do seu “mundinho de vidro”, sensíveis a qualquer opinião contrária aos seus ‘direitos individuais’ e que enchem os tribunais com processos, acusando àqueles a quem chamam de preconceituosos por disseminarem o ódio às minorias desfavorecidas. Parte dessa geração, [até dentro das Igrejas] busca visibilidade e projeção social, não pelo protagonismo, mas pela vitimização. Se você defende que a mulher deve cuidar de seu marido e seus filhos - é machista; se disser que se sente bem com sua cor - é racista; se uma criança, na escola chamar a outra de feia - está cometendo bullying; se você não concordar com a adoção por pessoas do mesmo sexo - é homofóbico. Essa é a Geração “Não-Me-Toque”, chamada por alguns como Geração Mimimi, que se achando dona da verdade e do conhecimento universal, condena a justiça, zomba da moral, faz apologia ao crime, defende terrorista, despreza as instituições e jura que até Deus está errado. 2. POLÍTICAMENTE CORRETO OU POLITIZAÇÃO ARBITRÁRIA? Indubitavelmente a ideia original do “Politicamente Coreto”, de evitar o desrespeito às pessoas e a segregação racial é positiva, aliás, isso não deveria ser ideologia de nenhum grupo social ou partido político e sim, a bandeira da humanidade. Todavia, ao se tornar um meio de intimidação, com os chamados “direitos de minorias”, deixa de ser, “aquilo que é correto, politicamente falando” e, se torna uma politização arbitrária. 2.1 A Desconstrução da Verdade Objetiva: A Cultura do Politicamente Correto, em sua estruturação recente, tenta modificar a verdade objetiva para atender os interesses de um grupo especifico, ou seja, ela [a verdade] deixa de ser o CORRETO, para se tornar o “POLITICAMENTE CORRETO”. Essa coerção social determina que, ninguém pode se expressar [falando, escrevendo, expondo ideias ou agindo] com termos que alguém se sinta ofendido. Isso sem falar da inversão de valores: É mais conveniente dizer que a mulher tem direito de fazer o que quer de seu corpo do que dizer que o aborto é crime; é preferível manter as aparências para agradar as minorias a ser ético e verdadeiro, sustentando convicções firmes; é muito mais atrativo ser chamado de eclético em nome da diversidadee inclusão social do que expor opiniões contrárias a uma imposição minoritária. Perceba que a realidade do Politicamente Correto está acima da própria realidade. A Bíblia, porém, ensina que a ação humana, como resposta à conduta alheia, jamais deve está sob a égide de um mecanismo de controle, suavizando expressões, para evitar o descontentamento [2 Sm. 22:27;Ez. 3:11,27]. O apóstolo Paulo disse: “... não falamos para agradar a pessoas, mas a Deus...” [1 Ts. 2:4; Cp Gl. 1:10] Profetas como Micaías, Jeremias e João Batista foram odiados e impopulares porque não modificaram a verdade em nome da proposta do “Politicamente Correto”. [1 Rs. 22: 5-9,13,14; Jr. 20:1-4; Mt. 3:7; Mc. 6:17,18 ]. 1 Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé é um filósofo e escritor brasileiro, nascido em Recife-PE; doutor em filosofia pela FFLCH-USP e com pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv, em Israel. https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Cleese https://pt.wikipedia.org/wiki/Fil%C3%B3sofo https://pt.wikipedia.org/wiki/Escritor https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasileiro https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_Tel_Aviv https://pt.wikipedia.org/wiki/Israel 2.2 Convivência Harmoniosa ou Fechamento de Grupo? Os que defendem a ética do Politicamente Coreto afirmam que essa forma de convivência democrática representa o que há de melhor na modernidade e que os direitos de minorias pertencem ao ideário de um liberalismo avançado que possibilita a convivência menos conflituosa, nutrida de respeito e aceitação. Na prática, isso está longe de ser verdade, pois, o policiamento da expressão divide a sociedade em dois grupos: por um lado, pessoas que se dizem marginalizadas ficam na espreita de algum gesto que caracterize uma ofensa para manifestar o seu repúdio e reivindicar respeito à sua individualidade; por outro lado, aquelas pessoas que, no afã de agradarem a todos ou por receio de serem mal interpretadas por parte de uma sociedade hipócrita, fecham-se e castram habilidades importantes, exaltando a individualização e a alienação social. Logo, a proposta autoritária de socialização do Politicamente Correto, ao invés de ensinar o verdadeiro respeito às diferencias, criando uma convivência harmoniosa, estimula a cada um a viver no seu mundo. Não se combate preconceito, com preconceito; não se deve impor uma maneira de pensar, deve-se estimular à conscientização através do diálogo inteligente; não se pode criar uma cultura de respeito ao outro através de uma educação compulsória ou mecanismo de controle. 2.3 Garantias de Direitos ou Cerceamento da Liberdade de Expressão? O respeito mútuo na dinâmica da convivência social deve ser considerado um dever universal, voluntário e preexistente à instituição; nunca deveria ser uma imposição com base na meritocracia . O respeito deve-se à pessoa, à 2 dignidade humana e a vida, jamais, a uma condição natural, social ou psicológica: Repudiamos a morte de alguém não por ser mulher, negro ou gay, antes, por ser uma pessoa, um ser humano... Portanto, a cultura do Politicamente Correto desponta como instrumento de garantia de direitos no viés da individualização: eu quero ser respeitado, logo, você não pode alimentar uma ideia ou falar aquilo que me faça sentir ofendido. Que direito tem o poder de tolher outro direito? Assim, o Politicamente Correto deixa de ser um direito e se torna o cerceamento da liberdade de apresentar opinião, atacando o direito humano básico da liberdade de expressão, exarado no. Art. 5º, Inciso IV da Constituição Federal. É claro que esse direito não dá liberdade para ofender a ninguém, pois o uso indevido [abuso] do direito deixa de ser direito, por comungar com o dolo do ponto de vista jurídico. Logo, o racismo, a injúria e outros crimes à honra não devem ser praticado em nome da liberdade de expressão. Por outro lado, evitar falar “denegrir” para que os negros não se ofendam; não usar o termo “judiar”, pra não manchar a honra dos judeus; não chamar o mestiço de “mulato”, pra ele não achar que está sendo comparado a uma mula, é o cúmulo da ignorância e, como dizem os filósofos, é entrar numa paranoia social desmedida. Por isso a geração Mimimi [com as devidas exceções] é a geração de pessoas que não podem ouvir “não”; que não aceitam a disciplina e nem suporta ser contrariadas; de alunos que se dizem perseguidos pelo professor que não permite que eles façam o que querem; que acusam os colegas de bullying porque não alimentam suas estranhezas [e isso não nega a real existência de bullying nas escolas] Etc. Devemos encontrar os limites entre a liberdade de expressão e a ofensa e sejamos corretos, sem precisarmos ser Politicamente Corretos. 3. O POLITICAMENTE CORRETO NO CRIVO DA COSNCIÊNCIA CRISTÃ Concernente à apreciação do Politicamente Correto, é bom dizer que nós não aderimos à guerra cultural ou conflitos entre liberais e conservadores, que tem influenciado a forma de pensar, pelo mundo a fora, pois os valores judaico-cristãos nascem, primordial e exclusivamente, das Escrituras Sagradas. 3,1 A Bíblia como Manual de Fé e Prática: As convicções religiosas e valores que definem a nossa fé não emanam de uma ideologia ou posicionamento político. Nossos conceitos ideológicos provêm do que cremos e nunca o contrário. Dessa forma, a Consciência Cristã, acerca de qualquer assunto, inclusive do Politicamente Correto, respalda-se na Palavra de Deus que é o nosso manual de Fé e Prática. Posto isso, afirmamos que: 2 Predomínio numa sociedade, organização, grupo, ocupação etc. daqueles que têm mais méritos a. A Bíblia condena o preconceito e a discriminação [Êx. 10:19;22:21; Lv.19:33; Dt. 16:19; Jó 13:10; Tg. 2:9] e prega o amor e a justiça comunitária.[Lc. 6:27; Êx. 23:6; Jr. 22:3; Pv. 22:16,22; 1 Ts. 4:6] Porém, como Palavra de Deus, Ela tem o conceito do que é certo e errado. Ninguém é obrigado a crer, aceitar ou praticar os seus ensinos, todavia, isso não muda ou anula a sua veracidade, pois nada ou ninguém pode alterar a regra de Deus. [cp. Sl. 119:89; 1 Pe. 1:23]. b. A Palavra de Deus ensina o homem a ser correto, independe de seguir a maioria [Êx.23:2] ou de se compadecer da minoria. [v.3]. Ser correto, do ponto de vista bíblico, não alimenta a ideia de agradar alguém ou de evitar opinião, expressão e atitudes, para não ofender quem quer que seja; ser correto, antes, chama para si a ideia de justiça amorosa. [Fp. 4:5 NBV; Dt. 21:9; Jó 8:6]. Numa sociedade de valores instáveis, o que é correto predomina o politicamente correto, mesmo quando os valores da retidão são ameaçados [Cp. Is. 59:14.15]. c. A Bíblia não instiga o ódio às pessoas, antes, estimula o relacionamento pacífico entre todos [Rm. 12:18 ], porém, isso não serve pra desqualificar a natureza do pecado. O que a Bíblia condena, não podemos aceitar em nome de uma relação social sem ofensas. [Êx. 5:11,12; Pv. 1:10]. 3.2 A Verdade não deve ser Relativizada: Pra seguir a Cultura do Politicamente Correto você precisa negar seus conceitos,seus valores e até mesmo os princípios do senso comum para se ajustar a uma conveniência minoritária. A consciência cristã não aceita isso, porque os nossos valores e princípios são universais e a Verdade das Escrituras Sagradas é absoluta e independe da opinião externa para ser validada; Ela é objetiva, não pode ser modificada porque reflete a realidade e a realidade não se modifica. Ademais, a Bíblia condena a inversão de valores, marco do relativismo moral [cf. Is. 5:20]. Isso reforça a ideia de que para os que professam a fé cristã, o certo é certo e o errado é errado em todo tempo e em qualquer lugar. Logo, não devemos odiar as pessoas, mas, o mal que elas praticam, sim [Am. 5:15].Também, não podemos ceder ou fazer concessões do que defendemos para agradar alguém, isso é transigência. Devemos ser como Miquéias - uma exceção na “confusão social” [cf. Am. 7:1-7]. 3.3 O Posicionamento Cristão Ante ao Politicamente Correto: O cristão não pode cair no mimimismo desta geração e aderir à cultura da vitimização. Se formos odiados, perseguidos e rechaçados não devemos achar que deveria ser diferente, pois a Igreja é a Coluna e a Firmeza da Verdade, uma pedra de tropeço no caminho dos ímpios. Por isso incomodamos e somos confrontados [Jo 15:1-19]. Por outro lado, não devemos permitir a nossa fé ser vilipendiada sem que façamos nada, para não desrespeitar “a ditadura” de um grupo que quer que aplaudamos sua conduta réproba. Já que falam tanto em diversidade, admitimos ser parte dessa diversidade social. Então, temos o direito individual de defender nossos interesses, conscientizando as pessoas a entenderem que: a. Expressar opinião não é fazer discurso de ódio, é conduzir-se diante de um direito constitucional; b. Discordar da conduta alheia não é preconceito, por exemplo, não concordar com o homossexualismo não nos torna homofóbicos. Alguém não concorda com a nossa fé e nem por isso não o acusamos de intolerância religiosa; c. Valores e princípios são mais importantes que ideologias, logo, não os negociamos; d. Se for politicamente correto aceitar o outro sem discriminação, então, reivindicamos ser aceitos. Não nos aceitar seria um preconceito; e. Finalmente, cada um tem o direto de ser e viver como quiser, porém, querer que todos aceitem isso como normal isso sim, é intolerância, extremismo e, ironicamente, “Politicamente Incorreto”. Jesus falou “quem quer ser injusto, que seja! Quem quer ser justo, seja mais ainda” [Ap. 22:11, parafraseado]. Dessa forma, o cristão deve cumprir sua missão de luz do mundo e sal da terra sem perder a sua essência, para adotar à cultura nefasta de “se ajustar de acordo a situação”. A realidade não se altera. Uma coisa ou é correta ou incorreta, torná-la ‘politicamente correta’, é a tentativa de relativizá-la para agradar a todos ao mesmo tempo. Isso não se ajusta ao caráter cristão. Que possamos ser influenciadores do bem nessa geração pervertida! Deus nos abençoe! *Sérgio Geremias. Bel. Em Teologia - ESTEADEB Pedagogo - FFPG Especialista Em: Psicopedagogia Institucional - FACOL Psicopedagogia Clínica – FACOL Atendimento Educacional Especializado [em andamento] - UNICESUMAR
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