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Prevalência de más-oclusões em crianças

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Prevalência de más-oclusões em crianças na fase de dentição decídua e mista
e sua associação com hábitos bucais deletérios
Article · January 2011
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A clinical prospective study on inflammatory reaction and osteoclast activation in patients submitted to conventional orthodontic treatment or Invisalign: preventing
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Renato Bigliazzi
São Paulo State University
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419Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13).
Prevalência de más-oclusões em crianças na fase de 
dentição decídua e mista e sua associação com hábitos 
bucais deletérios.
Prevalence of malocclusion in children during the deciduous and mixed 
dentition and its association with oral habits
Gisele Kehyayan Faltin1
Renato Bigliazzi2
Andressa Serafim Ladislau3
Helga Adachi Medeiros Barbosa3
Rolf Marçon Faltin4
Kurt Faltin Júnior5 
Resumo
Objetivos: Verificar a prevalência das más-oclusões de Angle e hábitos bucais deletérios, em crianças na 
fase de dentição decídua e mista atendidas na Clínica Infantil do Curso de Graduação em Odontologia da 
Universidade Paulista – UNIP, na cidade de São Paulo. Material e Método: A amostra constituiu-se de 289 
crianças, com idades entre 3 e 11 anos, que estavam em tratamento de Odontopediatria e Ortodontia. Foram 
descritas as afinidades entre todos os fatores estudados e as diferentes más-oclusões. Para análise descriti-
va realizou-se uma divisão quanto à faixa etária e sexo, submetendo os resultados a uma análise estatística 
de variância e correlação dos fatores avaliados. Resultados: As más-oclusões de Angle apresentaram-se 
em média: 40,8% Classe I, 45,3% Classe II e 13,8% Classe III, sem variação significante segundo a faixa 
etária e o sexo. A prevalência de hábitos como agentes etiológicos mostrou percentual médio para onico-
fagia, seguindo-se para sucção de chupeta e sucção digital. As alterações funcionais apresentadas foram 
diversas, demonstrando uma incidência à alta de respiração bucal, ausência de selamento labial, deglutição 
atípica e fonação alterada. Conclusões: A amostra estudada apresentou uma alta prevalência das más 
oclusões de Angle e elevada incidência de hábitos e alterações funcionais, mostrando que é de fundamental 
importância o diagnóstico precoce para atuação preventiva e interceptativa na Clínica Infantil.
Descritores: Prevalência. Má-oclusão. Hábitos deletérios. Prevenção. Diagnóstico. Ortodontia
Abstract
Aim: This study aimed to verify the Angle’s malocclusions prevalence and deleterious habits in children with 
deciduous and mixing dentition that were in treatment at the Clinic of the Dental Graduation Course on the 
Paulista University - UNIP, São Paulo city. Material and Method: The sample consisted of 289 children, 
with ages between 3 and 11 years old. In order to fulfill the analysis descriptive a division had been done 
per age range and sex, submitting the results to a statistics variance analysis and correlation of the factors 
evaluated. Results: The Angle’s malocclusions had presented 40.8% on average Class I, 45.3% Class II and 
13.8% Class III, without significant variation according to age and sex. The prevalence of habits as etiological 
agents showed the average percentage for nail biting, following by pacifier and digital sucking. The presented 
functional alterations had been diverse, showing a high incidence of mouth breathing, lack of lip closure, 
atypical deglutition and speech changes. Conclusions: The studied sample presented a high prevalence of 
Angle’s malocclusions and high incidence of habits and functional changes, showing that it is important the 
early diagnosis for preventive and interceptative performance in Pedodontics Clinic. 
Descriptors: Prevalence. Malocclusion. Deleterious habits. Prevention. Diagnosis. Orthodontics.
1 Especialista em Odontopediatria pela Universidade Paulista – UNIP/SP.
2 Doutorando em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP.
3 Alunas do Mestrado em Ortodontia da Universidade Paulista – UNIP/SP.
4 Doutor em Ortopedia Facial pela Universidade de Bonn, Alemanha.
5 Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da Universidade Paulista – UNIP/SP
Correspondência com o autor: bigliazzir@hotmail.com
Recebido para publicação: 19/01/2011
Aceito para publicação: 28/03/2011
Artigo original/ Original article
420 Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13).
Introdução 
A má-oclusão consiste em uma problemática de 
saúde bucal que associada à doença cárie deter-
mina a maior parte dos cuidados preventivos e te-
rapêuticos na odontologia, sendo considerado pela 
OMS (Organização Mundial da Saúde) o terceiro 
maior problema odontológico e de saúde pública.
A alta prevalência destes distúrbios no desen-
volvimento da dentição e crescimento craniofacial 
atinge desde a dentição decídua até a dentição 
permanente, nas populações de vários países(1-3). 
Por conseguinte, o diagnóstico dos diversos tipos 
de más-oclusões é tão importante quanto o esta-
belecimento dos principais fatores etiológicos, que 
compreendem principalmente os fatores epigené-
ticos locais, ou seja, estímulos inadequados ao 
aparelho estomatognático (4).
Quanto à etiologia, as más-oclusões apresen-
tam caráter multifatorial, com uma série de influên-
cias que englobam problemas congênitos, morfo-
lógicos, biomecânicos e ambientais, como: hábitos 
deletérios, alterações dentofaciais, respiração 
bucal, deglutição e fonação atípicas (4). Em rela-
ção aos hábitos bucais deletérios, destacam-se a 
sucção de chupeta e digital, onicofagia, mordedu-
ra (hábito de morder objetos e/ou lábios) e inter-
posição lingual, que dependendo da intensidade, 
duração e frequência podem ter maior ou menor 
influência na gravidade da má-oclusão (5).
Em um estudo realizado no município de Porto 
Rico/PR foram examinadas 218 crianças de 6 a 12 
anos, com o propósito de avaliar a prevalência das 
más-oclusões. A oclusão normal apresentou-se 
em 11%, a Classe II de Angle divisão 1ª, em 41%, 
a Classe II de Angle divisão 2ª, em 3%, enquanto 
a Classe III de Angle foi 4% (6).
Em 2008 foram avaliadas 219 crianças, com 
idades entre 5 e 12 anos, de duas escolas públicas 
da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, para 
a verificação da ocorrência e dos tipos de má-oclu-
são e distúrbios articulatórios em crianças respira-
doras orais. Na avaliação ortodôntica foram consi-
deradas as más-oclusões segundo a classificação 
de Angle e também a presença de mordida aberta 
e mordida cruzada. Na avaliação fonoaudiológica 
foram observados o modo respiratório, a postura 
de lábios e língua. Os resultados indicaram que 
das 219 crianças avaliadas, 121 eram respirado-
ras orais, onde 100% destas apresentaram algum 
tipo de má-oclusão. Foi observado que 18,20% de 
crianças apresentavam alteração articulatória du-
rante a fonação. O tipo de má-oclusão apresenta-
do pela maioria dos respiradores orais foi a Classe 
II, geralmente acompanhada de sobressaliência 
anterior; 23,14% apresentaram mordida aberta e 
12,39% apresentaram mordida cruzada. Estes re-
sultados mostram a necessidade da realização de 
que um trabalho multidisciplinar (7).
Outro estudo realizado com 1000 crianças 
na cidade de Sheffield, na faixa etária de 5 a 15 
anos de idade, objetivou realizar o levantamento 
epidemiológico das más-oclusões e determinar 
os fatores etiológicos. Concluiu que 742 crianças 
eram portadoras de algum tipo de má-oclusão. De 
acordo com a classificação de Angle eram: 88,5 % 
de Classe I, 10,9% de Classe II e 0,6% de Classe 
III. O fator etiológico mais evidente para as más-
oclusões foi o hábito de sucção digital e labial (8).
Assim, torna-se essencial a realização de pes-
quisas que determinem a incidência das más-oclu-
sões conjuntamente com a avaliação e correlação 
de eventuais agentes etiológicos nas diferentes fa-
ses de desenvolvimento das dentições, ampliando 
deste modo, uma abordagem preventiva e inter-
ceptativa de saúde bucal na Clínica Infantil asso-
ciada aos cuidados relativos à doença cárie. 
Nesse contexto, a proposição do presente es-
tudo é verificar a prevalência das más-oclusões e 
sua associação com os hábitos bucais deletérios 
em crianças na fase de dentição decídua e mista, 
brasileiras residentes na cidade de São Paulo.
Material e método
A amostra utilizada neste estudo epidemiológi-
co retrospectivo foi selecionada de forma aleatória 
na Clínica Infantil (Odontopediatria e Ortodontia) 
da Universidade Paulista – UNIP/SP e constou de 
289 crianças que estavam sob tratamento integra-
do. A idade variou entre 3 e 11 anos, sendo 176 
pacientes do sexo feminino (61%) e 113 do sexo 
masculino (39%).
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Éti-
ca em Pesquisa da Universidade Paulista sob nú-
mero 115/09 CEP/ICS/UNIP.
Os dados avaliados nessa pesquisa foram 
provenientes de um levantamento de anamnese, 
exame clínico e radiográfico notificados nas fichas 
clínicas. O levantamento de dados a partir das fi-
chas clínicas foi realizado por um único operador. 
Cabe salientar que todas as fichas foram preenchi-
das frente ao atendimento em nível de graduação, 
com supervisão e orientação dos professores as-
sistentes da Disciplina de Clínica Infantil da UNIP. 
Dos dados coletados, foram avaliados os seguin-
Artigo original/ Original article
421Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13).
tes hábitos bucais: sucção digital e de chupeta, 
onicofagia, mordedura e interposição lingual, e as 
más-oclusões de Classe I, II e III de Angle.
Com o intuito de distinguir e precisar as preva-
lências estudadas optou-se por dividir a amostra 
em 3 grupos de acordo com a faixa etária, sen-
do: Gr1: 3-6 anos, correspondentes em princípio 
a pacientes com dentição decídua; Gr2: 7-9 anos, 
correspondentes em princípio a pacientes com 
dentição mista jovem (1o período transitório) e Gr3: 
mais de 10 anos correspondentes em princípio a 
pacientes com dentição mista tardia (2o período 
transitório), e também quanto ao sexo.
Análise e correlações estatísticas
Para analisar a correlação da prevalência das 
maloclusões de Angle (Classes I, II e III) com os 
hábitos levou-se em consideração o sexo e idade 
dos pacientes. Primeiramente cada uma das vari-
áveis foi avaliada separadamente, através de grá-
ficos, verificando se as prevalências são as mes-
mas quanto se possui ou não hábitos e alterações 
funcionais.
Para testar se os percentuais de distribuição 
das classes dependem da faixa etária e/ou do 
sexo, foi realizada uma análise de ajuste para da-
dos categóricos, através da qual foi verificado se 
os fatores (idade e sexo) são significativos ou não. 
Já para testar se os percentuais de distribuição 
das crianças com hábitos e alterações funcionais 
são o mesmo nas diferentes Classes de Angle, foi 
realizado o Teste Exato de Fisher, através da qual 
se pode verificar se o percentual é o mesmo. 
Tabela 1 - Distribuição absoluta das crianças segundo classificação da má-
oclusão, sexo e faixa etária:
Sexo
Faixa Classe
Total
etária I II III
3 - 6 4 5 2 11
Masculino 7 - 9 24 39 9 72
+ 10 11 16 3 30
3 - 6 4 9 6 19
Feminino 7 - 9 54 50 14 118
+ 10 21 12 6 39
Total 118 131 40 289
Figura 1 - Distribuição percentual das crianças com onicofagia quanto ao 
sexo, faixa etária e Classes.
Figura 2 - Distribuição percentual das crianças com Interposição Lingual.
Figura 3 - Distribuição percentual das crianças com hábito de sucção digital.
Figura 4 - Distribuição percentual das crianças que usam chupeta quanto ao 
sexo, faixa etária e Classe.
Faltin, G.K., Bigliazzi, R., Ladislau, A.S., Barbosa, H.A.M., Faltin, R.M., Faltin Jr, K.
422 Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13).
 Resultados
Com relação à variável má-oclusão, verificou-
se que de acordo com a classificação de Angle, a 
Classe II foi a mais freqüente (45,32%) e a Classe 
III foi a menos frequente (13,84%). Além disto, po-
de-se verificar que para o sexo masculino em cada 
faixa etária houve maior prevalência de Classe II, 
enquanto que para o sexo feminino a maior pre-
valência foi na Classe I de Angle, entretanto não 
houve diferença estatística significante quanto à 
idade e ao sexo (r=0,5018) (Tabela 1). 
Avaliando-se os resultados referentes aos há-
bitos bucais, houve predomínio do hábito de onico-
fagia (25,8%). O hábito menos freqüente foi o de 
interposição lingual (4,0%), e para ambos os hábi-
tos não foi demonstrado interação entre a idade e 
o sexo (Figuras 1 e 2).
Em relação aos hábitos de sucção, foi observa-
da uma maior freqüência de pacientes portadores de 
más-oclusões de Classe II. Quanto à sucção digital, 
essa não mostrou diferença estatística (0,4727) para 
o sexo e a idade (Figura 3). Já em relação à sucção 
de chupeta pode-se observar um grande percentu-
al de crianças na faixa etária de 3-6 anos, e análise 
para dados categóricos resultou em uma interação 
entre idade e uso de chupeta (Figura4).
Avaliando-se o hábito de mordedura foi obser-
vada uma maior freqüência de pacientes do sexo 
masculino e com má-oclusão de Classe III, haven-
do interação entre a idade e o hábito (Figura 5).
Discussão 
A má-oclusão além de causar impacto estético 
nos dentes e na face, pode alterar as atividades 
funcionais do sistema estomatognático (fonação, 
mastigação, deglutição, respiração, postura) dos 
indivíduos, especialmente nas crianças que estão 
em fase de socialização, podendo ser causa de 
baixa auto-estima.
A presente investigação mostrou uma alta 
prevalência de más-oclusões totalizando 40% de 
Classe I, 45,3% de Classe II e 13,8% de Classe III, 
onde estes valores percentuais não apresentaram 
variação estatisticamente significante quanto ao 
sexo e faixas etárias, constatando-se níveis eleva-
dos de necessidade terapêutica nas diferentes fa-
ses de desenvolvimento da dentição. Estes dados 
mostram-se mais severos quando comparados a 
estudos pioneiros no passado (1,9-12), e mesmo a 
estudos recentes que mostrou uma incidência de 
57% de más-oclusões de Angle (13).
Tendo em vista uma prevalência semelhante 
nos diferentes grupos de faixa etária permite tam-
bém sugerir que os procedimentos preventivos 
interceptativos a este nível sócio econômico da 
população podem ser melhorados no sentido de 
educação, conscientização e abrangência dos ser-
viços de saúde pública (14). 
A prevalência superior a 75% de más-oclusões 
de Angle a partir da dentição decídua coincide com 
estudos realizados no interior do Estado de São 
Paulo (3,15,16).
Relativo à incidência de má-oclusão de Classe 
I de Angle (40,8%) observado neste estudo, re-
sultados estes semelhantes aos encontrados por 
Martins et al.(16), pode-se concluir que mesmo fren-
te a uma chave de oclusão favorável de primeiros 
molares permanentes várias outras alterações de 
oclusão foram verificadas.
Os resultados dessa investigação não propor-
cionaram evidência de que o sexo influencia nas 
prevalências das más-oclusões de Angle, coinci-
dindo com outros estudos. (12, 17)
É fundamental estabelecer uma avaliação re-
lativa à presença secundária de hábitos, uma vez 
que esses constituem agentes etiológicos primá-
rios e/ou no desenvolvimento das más-oclusões 
(4). Observou-se que o hábito de sucção digital 
presente em 7% da amostra não apresentou ne-
nhuma correlação com as más-oclusões de Angle, 
enquanto que o hábito de sucção de chupeta pre-
sente em 12,1% da amostra estudada apresentou 
uma correlação significante com a idade coincidin-
do com o estudo realizado por Soligo (18).
No presente estudo foram observados percen-
tuais altos de onicofagia (25,8%) e mordeduras 
(21,8%), hábitos que podem atuar como possíveis 
agentes causadores das más-oclusões de Angle, 
como giroversões, apinhamentos inferiores, pro-
trusão ântero-superior e outros.
Figura 5 - Distribuição percentual das crianças com o hábito de mordeduras 
quanto ao sexo, faixa etária e Classe.
Artigo original/ Original article
423Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13).
A interação das alterações funcionais com as 
más-oclusões mostrou-se evidente através da cor-
relação estatística entre mordeduras, respiração 
bucal, e ausência do selamento labial nas más-
oclusões de Classe I. Já com relação a má-oclusão 
de Classe II foi encontrada uma maior correlação 
desta com a sucção digital. A má-oclusão de Classe 
III, por sua vez, revelou uma maior interação com 
fonação alterada e uso de chupeta. Essas correla-
ções não foram avaliadas dentro de uma mesma ou 
semelhante metodologia com pesquisas anteriores, 
impossibilitando comparações desses resultados, 
fazendo-se necessário que novas pesquisas sejam 
elaboradas com esta finalidade.
Conclusão
A amostra apresentou uma alta prevalência 
das más-oclusões de Angle, onde 40,8% dos pa-
cientes apresentavam Classe I de Angle, 45,3% 
apresentavam Classe II de Angle e 13,8% apre-
sentavam Classe III de Angle. 
As más-oclusões de Angle não apresentaram 
variação estatisticamente significante quanto ao 
sexo ou faixa etária.
Os hábitos e alterações funcionais mostraram 
uma elevada porcentagem de incidência, permitin-
do que algumas correlações com as más-oclusões 
de Angle, faixa etária e sexo pudessem ser esta-
belecidas, determinando diversas afinidades entre 
os fatores pesquisados nesta amostra.
É de fundamental importância e necessidade 
a atuação preventiva e interceptiva na Clínica In-
fantil por meio de uma anamnese detalhada, um 
diagnóstico adequado e planejamento eficiente.
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