Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/303519937 Prevalência de más-oclusões em crianças na fase de dentição decídua e mista e sua associação com hábitos bucais deletérios Article · January 2011 CITATIONS 0 READS 318 1 author: Some of the authors of this publication are also working on these related projects: Geometric Morphometrics View project A clinical prospective study on inflammatory reaction and osteoclast activation in patients submitted to conventional orthodontic treatment or Invisalign: preventing root resorptions. View project Renato Bigliazzi São Paulo State University 33 PUBLICATIONS 33 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Renato Bigliazzi on 06 July 2016. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/303519937_Prevalencia_de_mas-oclusoes_em_criancas_na_fase_de_denticao_decidua_e_mista_e_sua_associacao_com_habitos_bucais_deleterios?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/303519937_Prevalencia_de_mas-oclusoes_em_criancas_na_fase_de_denticao_decidua_e_mista_e_sua_associacao_com_habitos_bucais_deleterios?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/Geometric-Morphometrics-2?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/project/A-clinical-prospective-study-on-inflammatory-reaction-and-osteoclast-activation-in-patients-submitted-to-conventional-orthodontic-treatment-or-Invisalign-preventing-root-resorptions?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renato_Bigliazzi2?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renato_Bigliazzi2?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Sao_Paulo_State_University?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renato_Bigliazzi2?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Renato_Bigliazzi2?enrichId=rgreq-48f14a8426927592fb660162b5fd84c0-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMwMzUxOTkzNztBUzozODA2OTQ1MTg4NzgyMDlAMTQ2Nzc3NjA1NDQwMg%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf 419Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13). Prevalência de más-oclusões em crianças na fase de dentição decídua e mista e sua associação com hábitos bucais deletérios. Prevalence of malocclusion in children during the deciduous and mixed dentition and its association with oral habits Gisele Kehyayan Faltin1 Renato Bigliazzi2 Andressa Serafim Ladislau3 Helga Adachi Medeiros Barbosa3 Rolf Marçon Faltin4 Kurt Faltin Júnior5 Resumo Objetivos: Verificar a prevalência das más-oclusões de Angle e hábitos bucais deletérios, em crianças na fase de dentição decídua e mista atendidas na Clínica Infantil do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Paulista – UNIP, na cidade de São Paulo. Material e Método: A amostra constituiu-se de 289 crianças, com idades entre 3 e 11 anos, que estavam em tratamento de Odontopediatria e Ortodontia. Foram descritas as afinidades entre todos os fatores estudados e as diferentes más-oclusões. Para análise descriti- va realizou-se uma divisão quanto à faixa etária e sexo, submetendo os resultados a uma análise estatística de variância e correlação dos fatores avaliados. Resultados: As más-oclusões de Angle apresentaram-se em média: 40,8% Classe I, 45,3% Classe II e 13,8% Classe III, sem variação significante segundo a faixa etária e o sexo. A prevalência de hábitos como agentes etiológicos mostrou percentual médio para onico- fagia, seguindo-se para sucção de chupeta e sucção digital. As alterações funcionais apresentadas foram diversas, demonstrando uma incidência à alta de respiração bucal, ausência de selamento labial, deglutição atípica e fonação alterada. Conclusões: A amostra estudada apresentou uma alta prevalência das más oclusões de Angle e elevada incidência de hábitos e alterações funcionais, mostrando que é de fundamental importância o diagnóstico precoce para atuação preventiva e interceptativa na Clínica Infantil. Descritores: Prevalência. Má-oclusão. Hábitos deletérios. Prevenção. Diagnóstico. Ortodontia Abstract Aim: This study aimed to verify the Angle’s malocclusions prevalence and deleterious habits in children with deciduous and mixing dentition that were in treatment at the Clinic of the Dental Graduation Course on the Paulista University - UNIP, São Paulo city. Material and Method: The sample consisted of 289 children, with ages between 3 and 11 years old. In order to fulfill the analysis descriptive a division had been done per age range and sex, submitting the results to a statistics variance analysis and correlation of the factors evaluated. Results: The Angle’s malocclusions had presented 40.8% on average Class I, 45.3% Class II and 13.8% Class III, without significant variation according to age and sex. The prevalence of habits as etiological agents showed the average percentage for nail biting, following by pacifier and digital sucking. The presented functional alterations had been diverse, showing a high incidence of mouth breathing, lack of lip closure, atypical deglutition and speech changes. Conclusions: The studied sample presented a high prevalence of Angle’s malocclusions and high incidence of habits and functional changes, showing that it is important the early diagnosis for preventive and interceptative performance in Pedodontics Clinic. Descriptors: Prevalence. Malocclusion. Deleterious habits. Prevention. Diagnosis. Orthodontics. 1 Especialista em Odontopediatria pela Universidade Paulista – UNIP/SP. 2 Doutorando em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP. 3 Alunas do Mestrado em Ortodontia da Universidade Paulista – UNIP/SP. 4 Doutor em Ortopedia Facial pela Universidade de Bonn, Alemanha. 5 Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da Universidade Paulista – UNIP/SP Correspondência com o autor: bigliazzir@hotmail.com Recebido para publicação: 19/01/2011 Aceito para publicação: 28/03/2011 Artigo original/ Original article 420 Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13). Introdução A má-oclusão consiste em uma problemática de saúde bucal que associada à doença cárie deter- mina a maior parte dos cuidados preventivos e te- rapêuticos na odontologia, sendo considerado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) o terceiro maior problema odontológico e de saúde pública. A alta prevalência destes distúrbios no desen- volvimento da dentição e crescimento craniofacial atinge desde a dentição decídua até a dentição permanente, nas populações de vários países(1-3). Por conseguinte, o diagnóstico dos diversos tipos de más-oclusões é tão importante quanto o esta- belecimento dos principais fatores etiológicos, que compreendem principalmente os fatores epigené- ticos locais, ou seja, estímulos inadequados ao aparelho estomatognático (4). Quanto à etiologia, as más-oclusões apresen- tam caráter multifatorial, com uma série de influên- cias que englobam problemas congênitos, morfo- lógicos, biomecânicos e ambientais, como: hábitos deletérios, alterações dentofaciais, respiração bucal, deglutição e fonação atípicas (4). Em rela- ção aos hábitos bucais deletérios, destacam-se a sucção de chupeta e digital, onicofagia, mordedu- ra (hábito de morder objetos e/ou lábios) e inter- posição lingual, que dependendo da intensidade, duração e frequência podem ter maior ou menor influência na gravidade da má-oclusão (5). Em um estudo realizado no município de Porto Rico/PR foram examinadas 218 crianças de 6 a 12 anos, com o propósito de avaliar a prevalência das más-oclusões. A oclusão normal apresentou-se em 11%, a Classe II de Angle divisão 1ª, em 41%, a Classe II de Angle divisão 2ª, em 3%, enquanto a Classe III de Angle foi 4% (6). Em 2008 foram avaliadas 219 crianças, com idades entre 5 e 12 anos, de duas escolas públicas da cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, para a verificação da ocorrência e dos tipos de má-oclu- são e distúrbios articulatórios em crianças respira- doras orais. Na avaliação ortodôntica foram consi- deradas as más-oclusões segundo a classificação de Angle e também a presença de mordida aberta e mordida cruzada. Na avaliação fonoaudiológica foram observados o modo respiratório, a postura de lábios e língua. Os resultados indicaram que das 219 crianças avaliadas, 121 eram respirado- ras orais, onde 100% destas apresentaram algum tipo de má-oclusão. Foi observado que 18,20% de crianças apresentavam alteração articulatória du- rante a fonação. O tipo de má-oclusão apresenta- do pela maioria dos respiradores orais foi a Classe II, geralmente acompanhada de sobressaliência anterior; 23,14% apresentaram mordida aberta e 12,39% apresentaram mordida cruzada. Estes re- sultados mostram a necessidade da realização de que um trabalho multidisciplinar (7). Outro estudo realizado com 1000 crianças na cidade de Sheffield, na faixa etária de 5 a 15 anos de idade, objetivou realizar o levantamento epidemiológico das más-oclusões e determinar os fatores etiológicos. Concluiu que 742 crianças eram portadoras de algum tipo de má-oclusão. De acordo com a classificação de Angle eram: 88,5 % de Classe I, 10,9% de Classe II e 0,6% de Classe III. O fator etiológico mais evidente para as más- oclusões foi o hábito de sucção digital e labial (8). Assim, torna-se essencial a realização de pes- quisas que determinem a incidência das más-oclu- sões conjuntamente com a avaliação e correlação de eventuais agentes etiológicos nas diferentes fa- ses de desenvolvimento das dentições, ampliando deste modo, uma abordagem preventiva e inter- ceptativa de saúde bucal na Clínica Infantil asso- ciada aos cuidados relativos à doença cárie. Nesse contexto, a proposição do presente es- tudo é verificar a prevalência das más-oclusões e sua associação com os hábitos bucais deletérios em crianças na fase de dentição decídua e mista, brasileiras residentes na cidade de São Paulo. Material e método A amostra utilizada neste estudo epidemiológi- co retrospectivo foi selecionada de forma aleatória na Clínica Infantil (Odontopediatria e Ortodontia) da Universidade Paulista – UNIP/SP e constou de 289 crianças que estavam sob tratamento integra- do. A idade variou entre 3 e 11 anos, sendo 176 pacientes do sexo feminino (61%) e 113 do sexo masculino (39%). Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Éti- ca em Pesquisa da Universidade Paulista sob nú- mero 115/09 CEP/ICS/UNIP. Os dados avaliados nessa pesquisa foram provenientes de um levantamento de anamnese, exame clínico e radiográfico notificados nas fichas clínicas. O levantamento de dados a partir das fi- chas clínicas foi realizado por um único operador. Cabe salientar que todas as fichas foram preenchi- das frente ao atendimento em nível de graduação, com supervisão e orientação dos professores as- sistentes da Disciplina de Clínica Infantil da UNIP. Dos dados coletados, foram avaliados os seguin- Artigo original/ Original article 421Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13). tes hábitos bucais: sucção digital e de chupeta, onicofagia, mordedura e interposição lingual, e as más-oclusões de Classe I, II e III de Angle. Com o intuito de distinguir e precisar as preva- lências estudadas optou-se por dividir a amostra em 3 grupos de acordo com a faixa etária, sen- do: Gr1: 3-6 anos, correspondentes em princípio a pacientes com dentição decídua; Gr2: 7-9 anos, correspondentes em princípio a pacientes com dentição mista jovem (1o período transitório) e Gr3: mais de 10 anos correspondentes em princípio a pacientes com dentição mista tardia (2o período transitório), e também quanto ao sexo. Análise e correlações estatísticas Para analisar a correlação da prevalência das maloclusões de Angle (Classes I, II e III) com os hábitos levou-se em consideração o sexo e idade dos pacientes. Primeiramente cada uma das vari- áveis foi avaliada separadamente, através de grá- ficos, verificando se as prevalências são as mes- mas quanto se possui ou não hábitos e alterações funcionais. Para testar se os percentuais de distribuição das classes dependem da faixa etária e/ou do sexo, foi realizada uma análise de ajuste para da- dos categóricos, através da qual foi verificado se os fatores (idade e sexo) são significativos ou não. Já para testar se os percentuais de distribuição das crianças com hábitos e alterações funcionais são o mesmo nas diferentes Classes de Angle, foi realizado o Teste Exato de Fisher, através da qual se pode verificar se o percentual é o mesmo. Tabela 1 - Distribuição absoluta das crianças segundo classificação da má- oclusão, sexo e faixa etária: Sexo Faixa Classe Total etária I II III 3 - 6 4 5 2 11 Masculino 7 - 9 24 39 9 72 + 10 11 16 3 30 3 - 6 4 9 6 19 Feminino 7 - 9 54 50 14 118 + 10 21 12 6 39 Total 118 131 40 289 Figura 1 - Distribuição percentual das crianças com onicofagia quanto ao sexo, faixa etária e Classes. Figura 2 - Distribuição percentual das crianças com Interposição Lingual. Figura 3 - Distribuição percentual das crianças com hábito de sucção digital. Figura 4 - Distribuição percentual das crianças que usam chupeta quanto ao sexo, faixa etária e Classe. Faltin, G.K., Bigliazzi, R., Ladislau, A.S., Barbosa, H.A.M., Faltin, R.M., Faltin Jr, K. 422 Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13). Resultados Com relação à variável má-oclusão, verificou- se que de acordo com a classificação de Angle, a Classe II foi a mais freqüente (45,32%) e a Classe III foi a menos frequente (13,84%). Além disto, po- de-se verificar que para o sexo masculino em cada faixa etária houve maior prevalência de Classe II, enquanto que para o sexo feminino a maior pre- valência foi na Classe I de Angle, entretanto não houve diferença estatística significante quanto à idade e ao sexo (r=0,5018) (Tabela 1). Avaliando-se os resultados referentes aos há- bitos bucais, houve predomínio do hábito de onico- fagia (25,8%). O hábito menos freqüente foi o de interposição lingual (4,0%), e para ambos os hábi- tos não foi demonstrado interação entre a idade e o sexo (Figuras 1 e 2). Em relação aos hábitos de sucção, foi observa- da uma maior freqüência de pacientes portadores de más-oclusões de Classe II. Quanto à sucção digital, essa não mostrou diferença estatística (0,4727) para o sexo e a idade (Figura 3). Já em relação à sucção de chupeta pode-se observar um grande percentu- al de crianças na faixa etária de 3-6 anos, e análise para dados categóricos resultou em uma interação entre idade e uso de chupeta (Figura4). Avaliando-se o hábito de mordedura foi obser- vada uma maior freqüência de pacientes do sexo masculino e com má-oclusão de Classe III, haven- do interação entre a idade e o hábito (Figura 5). Discussão A má-oclusão além de causar impacto estético nos dentes e na face, pode alterar as atividades funcionais do sistema estomatognático (fonação, mastigação, deglutição, respiração, postura) dos indivíduos, especialmente nas crianças que estão em fase de socialização, podendo ser causa de baixa auto-estima. A presente investigação mostrou uma alta prevalência de más-oclusões totalizando 40% de Classe I, 45,3% de Classe II e 13,8% de Classe III, onde estes valores percentuais não apresentaram variação estatisticamente significante quanto ao sexo e faixas etárias, constatando-se níveis eleva- dos de necessidade terapêutica nas diferentes fa- ses de desenvolvimento da dentição. Estes dados mostram-se mais severos quando comparados a estudos pioneiros no passado (1,9-12), e mesmo a estudos recentes que mostrou uma incidência de 57% de más-oclusões de Angle (13). Tendo em vista uma prevalência semelhante nos diferentes grupos de faixa etária permite tam- bém sugerir que os procedimentos preventivos interceptativos a este nível sócio econômico da população podem ser melhorados no sentido de educação, conscientização e abrangência dos ser- viços de saúde pública (14). A prevalência superior a 75% de más-oclusões de Angle a partir da dentição decídua coincide com estudos realizados no interior do Estado de São Paulo (3,15,16). Relativo à incidência de má-oclusão de Classe I de Angle (40,8%) observado neste estudo, re- sultados estes semelhantes aos encontrados por Martins et al.(16), pode-se concluir que mesmo fren- te a uma chave de oclusão favorável de primeiros molares permanentes várias outras alterações de oclusão foram verificadas. Os resultados dessa investigação não propor- cionaram evidência de que o sexo influencia nas prevalências das más-oclusões de Angle, coinci- dindo com outros estudos. (12, 17) É fundamental estabelecer uma avaliação re- lativa à presença secundária de hábitos, uma vez que esses constituem agentes etiológicos primá- rios e/ou no desenvolvimento das más-oclusões (4). Observou-se que o hábito de sucção digital presente em 7% da amostra não apresentou ne- nhuma correlação com as más-oclusões de Angle, enquanto que o hábito de sucção de chupeta pre- sente em 12,1% da amostra estudada apresentou uma correlação significante com a idade coincidin- do com o estudo realizado por Soligo (18). No presente estudo foram observados percen- tuais altos de onicofagia (25,8%) e mordeduras (21,8%), hábitos que podem atuar como possíveis agentes causadores das más-oclusões de Angle, como giroversões, apinhamentos inferiores, pro- trusão ântero-superior e outros. Figura 5 - Distribuição percentual das crianças com o hábito de mordeduras quanto ao sexo, faixa etária e Classe. Artigo original/ Original article 423Orthodontic Science and Practice. 2011; 3(13). A interação das alterações funcionais com as más-oclusões mostrou-se evidente através da cor- relação estatística entre mordeduras, respiração bucal, e ausência do selamento labial nas más- oclusões de Classe I. Já com relação a má-oclusão de Classe II foi encontrada uma maior correlação desta com a sucção digital. A má-oclusão de Classe III, por sua vez, revelou uma maior interação com fonação alterada e uso de chupeta. Essas correla- ções não foram avaliadas dentro de uma mesma ou semelhante metodologia com pesquisas anteriores, impossibilitando comparações desses resultados, fazendo-se necessário que novas pesquisas sejam elaboradas com esta finalidade. Conclusão A amostra apresentou uma alta prevalência das más-oclusões de Angle, onde 40,8% dos pa- cientes apresentavam Classe I de Angle, 45,3% apresentavam Classe II de Angle e 13,8% apre- sentavam Classe III de Angle. As más-oclusões de Angle não apresentaram variação estatisticamente significante quanto ao sexo ou faixa etária. Os hábitos e alterações funcionais mostraram uma elevada porcentagem de incidência, permitin- do que algumas correlações com as más-oclusões de Angle, faixa etária e sexo pudessem ser esta- belecidas, determinando diversas afinidades entre os fatores pesquisados nesta amostra. É de fundamental importância e necessidade a atuação preventiva e interceptiva na Clínica In- fantil por meio de uma anamnese detalhada, um diagnóstico adequado e planejamento eficiente. Referências bibliográficas Chiavaro, A. Malocclusion of temporay teeth. Int J Or-1. thod 1913; 1:171-9. Infante PF. Molar Relation in Preschool children. J Dent 2. Res 1975; 54:7232-7. Mathias RS. Prevalência de algumas anomalias de oclu-3. são na dentição decídua: mordida cruzada posterior, api- nhamento anterior, mordida aberta anterior e relação ter- minal dos segundos molares decíduos. São Paulo, 1984. Tese de pós-graduação em Odontopediatria, USP. Moyers RE. Introdução ao estudo e à prática da orto-4. dontia. In: Ortodontia. 3. Ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1979. Cap. 1, p. 1-6. Almeida FL, Silva AMT, Serpa EO. Relação entre má 5. oclusão e hábitos orais em respiradores orais. Rev CE- FAC 2009; 11(1):86-93. Ramos AL, Gasparetto A, Terada HH, Furquim LZ, Bas-6. so P, Meireles RP. Assistência Ortodôntica Preventiva- Interceptora em Escolares do Município de Porto Rico – Parte I: Prevalência das más-oclusões. Rev Dent Press de Ortodon e Ortoped Facial 2000; 5(3):9-12. Oliveira CF, Busanello AR, Silva AMT. Ocorrência de má 7. oclusão e distúrbio articulatório em crianças respiradoras orais de escolas públicas de Santa Maria, Rio Grande do Sul. RGO 2008; 56(2):169-174. Gardiner JH. A survey of malocclusion and some an etio-8. logical factors in 1000 sheffield scholl children. Dental Practitioner 1956: 187-201. MacCall JO. A study of malocclusion in preschool chil-9. dren. Dent Res 1994; 66:131-3. Stallard H. The general prevalence of gross symptoms 10. of malocclusion. Dent Comos 1932; 74(1):29-37. Calisti LJP, Cohen MM, Fales MH. Correlation between 11. malocclusion, oral habits, and socio-economic level of preschool children. J Dent Res 1960; 39 (3):450-54. Myllarniemi S. Malocclusion in finish rural children an 12. epidemiological study of diferent stages of dental devel- opment. Suom Hammastaak Toim 1970; 66:260-1. Maia FA, Costa PAP, Maia NG. Má oclusão em Po-13. tencial. Rev Dent Press Ortodon Ortoped Facial 1999; 4(1):45-51. Alves JOA, Forte FDS, Sampaio FC. Condições socioe-14. conômicas e prevalência de más oclusões em crianças de 5 a 12 anos na USF Castelo Branco III – João Pes- soa/Paraíba. Rev Dent Press Ortodon Ortoped Facial 2009; 14(3):52-9. Silva filho OG, Freitas SF, Cavassan AO. Prevalência 15. de Oclusão normal e má oclusão em escolares da cida- de de Bauru (São Paulo). Parte II: Influência da estrati- ficação sócio-econômica. Rev Odontol Univ São Paulo 1990; 4(3):189-96. Martins JCR, Sinimbú CMB, Dinelli TCS, Martins LPM, 16. Raveli DB. Prevalência de má oclusão em pré-escolares de Araraquara: Relação da dentição decídua com hábi- tos e nível sócio econômico. Rev Dent Press Ortodon Ortoped Facial 1998; 3(6):35-42. Holm AK. Oral health in 4-years-old Swedish children. 17. Comn Dent Oral Epidemiol 1975; 3:16-23. Soligo MO. Hábitos de sucção e má-oclusão. Repen-18. sando esta relação. Rev Dent Press Ortodon Ortoped Facial 1999; 4(6):58-64. Faltin, G.K., Bigliazzi, R., Ladislau, A.S., Barbosa, H.A.M., Faltin, R.M., Faltin Jr, K. View publication statsView publication stats https://www.researchgate.net/publication/303519937
Compartilhar