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Envelhecimento com Dignidade e Direito

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17
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO
CURSO DE GRADUação em SERVIÇO SOCIAL
FRANCISCO RODRIGUES QUARESMA
ENVELHECIMENTO COM DIGNIDADE E DIREITO: uma abordagem sobre os direitos da pessoa idosa no bairro Jardim Tropical, Breves-PA.
Breves
2016
FRANCISCO RODRIGUES QUARESMA
ENVELHECIMENTO COM DIGNIDADE E DIREITO: uma abordagem sobre os direitos da pessoa idosa no bairro Jardim Tropical, Breves-PA.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Serviço Social.
Tutor Orientador: Sérgio de Alencar
Prof.Supervisor: Rosane.A.B.Malvezzi
Breves
2016
QUARESMA, Francisco Rodrigues. ENVELHECIMENTO COM DIGNIDADE E DIREITO: uma abordagem sobre os direitos da pessoa idosa. 2016. Pag. 40. Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Breves-PA, 2016.
RESUMO
A partir da pesquisa bibliográfica, este trabalho tem por objetivo evidenciar que envelhecimento é parte integrante e fundamental no curso de vida de cada sujeito, pois, é nesta fase que emergem experiências e características próprias e peculiares, resultantes da trajetória de vida, na qual umas têm maior dimensão e complexidade que outras, integrando assim a formação do sujeito idoso. Neste sentido o papel social dos idosos é um fator importante no significado do envelhecimento, pois, envelhecer com dignidade e direitos garantidos nesta sociedade capitalista é em suma algo preocupante e por vezes desesperador, já que o idoso não possui, na maior parte das vezes, subsídios econômicos suficientes para sustentar as necessidades desta etária tão peculiar do ser humano. Nesta perspectiva este TCC terá por norte entender o porquê os idosos residentes no bairro Jardim Tropical em Breves-PA encontram-se alijados da Política Social, fazendo assim um estudo que buscar conhecer quais os benefícios trazidos pela inserção dos idosos na política de assistência para que estes tenham seus direitos garantidos. Para dar subsídios trabalhou-se com autores dedicados à temática do idoso no intuito de se fazer possível compreender que os idosos podem sim tornar-se sujeitos emancipados a partir do momento que entenderem e souberem quais são seus direitos adquiridos ao longo de um processo histórico de exclusão para um conhecimento mais ampliado e real de sua etária, entendendo todos os atenuantes que envolvem esse processo. 
Palavras-chave: Envelhecimento. Dignidade. Direitos. Pessoa Idosa. 
QUARESMA, Francisco Rodrigues. ENVELHECIMENTO COM DIGNIDADE E DIREITO: uma abordagem sobre os direitos da pessoa idosa. 2016. Pag. 40. Trabalho de Conclusão de Curso em Serviço Social – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, Breves-PA, 2016.
ABSTRACT
A partir da pesquisa bibliográfica, este trabalho tem por objetivo evidenciar que envelhecimento é parte integrante e fundamental no curso de vida de cada sujeito, pois, é nesta fase que emergem experiências e características próprias e peculiares, resultantes da trajetória de vida, na qual umas têm maior dimensão e complexidade que outras, integrando assim a formação do sujeito idoso. Neste sentido o papel social dos idosos é um fator importante no significado do envelhecimento, pois, envelhecer com dignidade e direitos garantidos nesta sociedade capitalista é em suma algo preocupante e por vezes desesperador, já que o idoso não possui, na maior parte das vezes, subsídios econômicos suficientes para sustentar as necessidades desta etária tão peculiar do ser humano. Nesta perspectiva este TCC terá por norte entender o porquê os idosos residentes no bairro Jardim Tropical em Breves-PA encontram-se alijados da Política Social, fazendo assim um estudo que buscar conhecer quais os benefícios trazidos pela inserção dos idosos na política de assistência para que estes tenham seus direitos garantidos. Para dar subsídios trabalhou-se com autores dedicados à temática do idoso no intuito de se fazer possível compreender que os idosos podem sim tornar-se sujeitos emancipados a partir do momento que entenderem e souberem quais são seus direitos adquiridos ao longo de um processo histórico de exclusão para um conhecimento mais ampliado e real de sua etária, entendendo todos os atenuantes que envolvem esse processo. 
Palavras-chave: Envelhecimento. Dignidade. Direitos. Pessoa Idosa. 
SUMÁRIO
1- Introdução.................................................................................................
 
2 – A construção social do envelhecer..........................................................
3 – 
4 – 
5 – 
6 – 
 
7 – 
8 – Considerações finais............................................................................................
9 – Referencias ..........................................................................................................
1 
1- INTRODUÇÃO:
Partindo do pressuposto de que o envelhecimento humano é uma temática que desperta nos sujeitos profundas indagações e que o aumento da expectativa de vida é uma realidade vigente no mundo todo, faz-se necessário um estudo mais detalhado desta temática, pois, acrescentado a isso tudo existe o fato de que carece com urgência de elaboração de Políticas Públicas na área do envelhecimento humano, entendendo-se que essa temática de estudo irá acrescentar e incentivar um olhar mais atento e urgente neste sentido.
Entender o processo de envelhecimento humano não se constitui em uma tarefa fácil, existem várias nuances que precisam ser desvendadas e entendidas para uma melhor compreensão do assunto. 
Quando comecei a desenvolver minhas atividades no Estágio Supervisionado, tive o privilégio de detectar a ausência das pessoas mais velhas nos serviços ofertados pelo Centro de Referencia de Assistência Social (CRAS) o que me inquietou, foi então que acompanhei a Oficina de Publicização dos Direitos dos Idosos do bairro Jardim Tropical e nos dois dias do evento foram trazidos vários idosos do bairro para dentro do CRAS, sendo que todos foram encontrados e convidados pelos organizadores do evento através de busca ativa pelo bairro, batendo de porta em porta, e este foi o meu primeiro contato com a realidade dos idosos do bairro Jardim Tropical.
A partir do último período de Estágio Supervisionado decidi que meu objeto de pesquisa seriam os idosos do bairro Jardim Tropical, pois devido as pesquisas ao longo de três períodos de estagio pode perceber que eles ainda, mais que outros, encontram-se alijados das Políticas Sociais e Publicas do município de Breves, e sendo o bairro Jardim Tropical, um bairro de extrema vulnerabilidade social, os tornam ainda mais excluídos.
Pautado nos vários marcos legais que garantem direitos para os idosos como a Lei nº 8. 842 que dispõe da Política Nacional do Idoso de 04 de Janeiro de 1994, a Lei nº 10. 741, que dispõe do Estatuto do Idoso de 01 de Outubro de 2003 e a Política Estadual de Amparo ao Idoso de nº 6.582 de 22 de Setembro de 2003, evidenciarei um estudo sobre os direitos adquiridos ao longo de um processo histórico de lutas acarretados e várias conquistas, assim como retrocessos.
 No primeiro capítulo deste trabalho será apresentado um apanhado de autores que estudam o processo de envelhecimento humano como Simone de Beauvoir (1990) que é uma das maiores expoentes nos estudos de envelhecimento humano, Sonia Amorim Mascaro que traz em sua obra O que é Velhice? Um estudo detalhado das várias formas com que essa velhice se apresenta, bem como Debert, Teixeira, Goldenberg entre outros ícones do estudo a respeito do envelhecimento humano. 
No segundo capítulo será abordado um estudo sobre as Políticas Públicas para a área do envelhecimento humano no Brasil, seus avanços, seus retrocessos e conquistas, também a respeito da compreensão do processo de transformação de uma sociedade ou umacategoria através da união da coletividade, para tanto traremos conceitos de Estado Ampliado, Revolução Cultural, Sociedade Civil, Sociedade Política entre outras categorias que sejam relevantes para o estudo do envelhecimento humano.
No terceiro capítulo darei ênfase à pesquisa no bairro Jardim Tropical. O início da formação deste bairro, suas dificuldades advindas de avanços e retrocessos nas conquistas. Também traremos uma crítica à ausência de Políticas Sociais na área do envelhecimento humano em Breves-PA e especificando a ausência da mesma no bairro Jardim Tropical, neste mesmo capitulo também farei uma análise da implantação do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) do bairro, bem como uma explanação dos serviços e atendimentos, dando destaque para o serviço com idoso que começou a ser desenvolvido no ano de 2014, também traçaremos o perfil do idoso do bairro Jardim Tropical expondo como é esse idoso, como ele é visto e entendido pela gestão da assistência social do município.
2- A CONSTRUÇÃO SOCIAL DO ENVELHECER
Os últimos anos do século XX são marcados por quebras de paradigmas históricos, e dentro deste limiar da vida, a quebra do silêncio sobre a marginalidade do envelhecimento começa a ser rompida, desde as décadas de 1960 e 1970, cada vez mais sujeitos[footnoteRef:1] estão vivendo o processo de envelhecimento sem submeter-se à imposição de afastamento, porque têm sido seres ativos capazes de dar respostas originais aos desafios que encontram em seu cotidiano, redefinindo sua experiência para, assim, se contrapor aos estereótipos ligados à velhice. Como bem destaca a autora Guita Grin: [1: Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil, pessoas com mais de 60 anos, somam 23,5 milhões dos brasileiros, isto representa mais que o dobro do ano de 1991, quando a faixa etária contabilizava 10, 7 milhões.] 
 
Os signos do envelhecimento são invertidos e assumem novas designações: “nova juventude”, “idade do lazer”. Da mesma forma, invertem-se os signos da aposentadoria, que deixa de ser um momento de descanso e recolhimento para tornar-se um período de atividade e lazer. Não se trata mais apenas de resolver os problemas econômicos dos idosos, mas também proporcionar-lhes cuidados culturais e psicológicos, de forma a integrar socialmente uma população tida como marginalizada. (DEBERT, 2004, P. 61).
Todavia, o fenômeno de pujança do envelhecimento se dá em um contexto desfavorável à proteção social, pois, diferentemente dos chamados anos de ouro da expansão dos direitos sociais, principalmente nos países Europeus e Estados Unidos[footnoteRef:2], que experimentaram um Estado de Bem Estar Social, a década de setenta é marcada principalmente pela égide da expansão do capital financeiro, que põe em pratica um modelo socioeconômico global, denominado de neoliberalismo, que vai de encontro à extensiva e autônoma realização de políticas sociais públicas, ou seja, a partir desse momento as demandas dos trabalhadores são colocadas em segundo plano, o Estado antes intervencionista passa a ser um Estado que se abstém das responsabilidades sociais, isto ocorre principalmente pela crise no sistema capitalista[footnoteRef:3] que faz com que os ideais neoliberais comecem a ganhar terreno. Nesta perspectiva [2: O Brasil não perpassou pelo processo de Estado de Bem-Estar Social, já que segundo Behring e Boschetti (2011) [...] não fomos o berço da Revolução Industrial e as relações sociais tipicamente capitalistas desenvolveram-se aqui de forma bem diferente dos países de capitalismo central, ainda que mantendo suas características essenciais. ] [3: Nessa perspectiva, a ofensiva do capital, como resposta à crise na década de 1970, se expressa pelo processo de reestruturação produtiva impulsionado pela terceira revolução industrial, com a incorporação de avanços tecnológicos, que cada vez mais reduz o trabalho vivo e amplia, sem precedentes, o desemprego, que assume dimensões estruturais e engendra formas de precariedades nas condições de trabalho, dados os objetivos do capital de redução dos custos de produção, domínio do mercado mundial e a fragmentação (objetiva e subjetiva) da classe trabalhadora. (TEIXEIRA, 2008, P. 116).] 
Com a falência do Estado protetor e o agravamento da crise social, o neoliberalismo, responsabilizando a política de intervencionismo pela estagnação econômica e pelo parasitismo social, propõe um ajuste estrutural, visando principalmente o equilíbrio financeiro, com uma drástica redução dos gastos sociais, uma política social seletiva e emergencial. A globalização torna o processo de formulação de políticas públicas mais complexo, por estarem em jogo, agora, em cada país, interesses internacionais representados por forças sociais com um forte poder de interferência nas decisões quando essas não são diretamente ditadas por organismos multilaterais. (TEIXEIRA, 2002, P. 4).
Neste bojo de discursões a família é cada vez mais responsabilizada descentralizando assim a responsabilidade do Estado perante o envelhecimento populacional, o Estatuto do Idoso, lei Nº 10. 741 de 1º de outubro de 2003, é um documento que da respaldo a tal afirmação no Brasil, quando em seu Título I, artigo 3º, destaca que É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura [...](Brasil. Estatuto do idoso, 2003, P. 11). Com esta assertiva, é notório que hierarquicamente, a família é responsável cerne por todas as diretrizes asseguradas na lei, deixando o Poder Público em ultimo plano perante esta responsabilidade. Além de que o próprio sujeito é responsabilizado por sua aparência e auto gestão dentro da sociedade contemporânea. Debert (2004), em seus escritos, destaca este processo em que o envelhecimento esta sendo cada vez mais visto como responsabilidade individual de cada sujeito: 
[...] nesse movimento de socialização não está ausente o que venho chamando de processos de reprivatização, que transformam a velhice numa responsabilidade individual – e nesses termos, ela poderia então desaparecer do nosso leque de preocupações sociais. (DEBERT, 2004, P.14).
Com estas perspectivas expostas é de suma importância que se destaque que o processo de envelhecimento não se manifesta da mesma forma, nem tão pouco no mesmo momento em todos os sujeitos. Desta feita é necessário que se perceba uma definição de envelhecimento humano e envelhecimento populacional, baseando-se nos escritos da autora Izabel Lima Pessoa (2009): 
O envelhecimento humano é tratado como processo natural e inevitável da vida humana, cujos efeitos do desenvolvimento estão associados a fatores biológicos, psicológicos e sociais. Isso significa que o envelhecimento humano é experimentado por todas as pessoas, contudo se manifesta de forma individual e de acordo com a herança genética e experiência de vida de cada um. O envelhecimento populacional, por sua vez, é discutido como fenômeno social surgido a partir das transformações e mudanças sociais, econômicas e culturais, as quais contribuíram para alterar a composição etária da população. Isso teve como resultado o incremento do número de pessoas idosas em relação aos demais grupos etários, definindo o envelhecimento populacional. (PESSOA, 2009, P. 28).
	
No limiar de tais discursões, envelhecer pode ser caracterizado como um fenômeno dialético, pois, se corrobora em acontecimentos diversos com contradições e conflitos, pois, envelhecer significa incorporar mudanças e transformações biológicas, psicológicas e sociais. Diz-se resulta porque sua configuração está associada à realidade das condições de vida experimentada pelo sujeito ou pelo grupo que envelhece. (PESSOA, 2009, P. 35 3 36). 
Nesta perspectiva de entendimento de velhice é necessário que se entenda e que tomemos para si o fato de que a velhice é uma etapa da vida, não o termino de tudo. A autora Mirian Goldenberg nos traz uma importante reflexãodos escritos de Beauvoir, quando destaca a importância do entendimento de que: 
Simone de Beauvoir acreditava que a maior parte das vezes os indivíduos de mais idade só se sentem velhos por meio do olhar dos outros, sem ter experimentado grandes transformações interiores ou mesmo exteriores. Velho, para quase todos, é sempre “o outro”.
No entanto, ela alertava: velho não é “o outro”. Na verdade a velhice está inscrita em cada um de nós. Só assumindo consciente e plenamente, em todas as fases da vida, que nós também somos ou seremos velhos, podemos ajudar a derrubar os medos, os estereótipos e os preconceitos existentes sobre a velhice.
Somos nós os principais interessados em uma transformação radical dessa realidade, seja qual for a nossa idade cronológica. (GOLDENBERG, 2013, P. 27 e 28).
	
Corroborando a tal perspectiva de análise, para que exista esta aceitação, (PESSOA, 2010) destaca-se que as políticas públicas têm papel fundamental para que os idosos tenham seus direitos assegurados e respeitados, com o desígnio de que o envelhecimento é na contemporaneidade marcado pela longevidade humana, pois, no Brasil, expectativas do IBGE[footnoteRef:4] apontam que a população idosa pode quadruplicar até o ano de 2060, e para que isso seja uma conquista da humanidade e não um fardo social se faz necessário que a aplicabilidade dos direitos sociais seja primordial perante esta etária[footnoteRef:5] da sociedade. Porém, além de direitos e aplicabilidade de políticas públicas é necessário que se clarifique a ideia de que: [4: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.] [5: Segundo Beauvoir: A velhice não é uma conclusão necessária da existência humana. Nem mesmo representa, como o corpo, o que Sartre chamou a “necessidade de nossa contingência”. Um grande número de animais morrem – como no caso dos efêmeros – depois de se terem reproduzido, sem passar por um estágio degenerativo. Entretanto, é uma verdade empírica e universal que, a partir de um certo número de anos, o organismo humano sofre uma involução. O processo é inelutável. Ao cabo de um certo tempo, ele acarreta uma redução das atividades do indivíduo; com muita frequência, uma diminuição das faculdades mentais e uma mudança de atitude com relação ao mundo. (Beauvoir, 1990, P. 659).] 
[...] o fenômeno do envelhecimento cria demandas e necessidades que transcendem a questão da proteção material, requerendo mudanças no comportamento de cada cidadão e da sociedade em geral. Em torno da velhice criam-se mitos e preconceitos que fragilizam a identidade e ferem a condição humana singular de ser “idoso”. Portanto, a cidadania e os direitos decorrentes da velhice não dizem respeito apenas às condições objetivas, mas também subjetivas como, por exemplo, o respeito. Sendo assim, a organização e a luta em torno de um envelhecimento digno vão além dos direitos civis, políticos e sociais, requisitando, acima de tudo, o direito de ser velho e de poder viver a velhice de forma digna. (PESSOA, 2009, pg. 124).
As imposições de padrões estéticos de produtividade e de socialização apontam estritamente para a exclusão do velho e é por meio da divulgação do conhecimento que poderemos compreender que não basta almejar a vida longa, mas a melhor qualidade para este viver. É de inexorável importância entender que a chegada do envelhecimento se metamorfoseia de país para país.
	
Assim, o envelhecimento da população de cada sociedade se desenvolve de maneira diferente, justificando, inclusive, porque a comunidade internacional define a idade cronológica da velhice conforme as condições do desenvolvimento social de cada sociedade. Por essa definição, a pessoa é considerada idosa, nos países periféricos, ao atingir a idade de sessenta anos, já nos países centrais essa idade é de sessenta e cinco anos. (PESSOA, 2009, P. 36).
No Brasil, por exemplo, ela começa quando uma pessoa chega aos sessenta anos de idade. Neste momento varias transformações[footnoteRef:6] acontecem na vida desse ser humano, principalmente para aqueles que trabalharam a vida toda em serviços desgastantes, fazendo esforços físicos. Mas para que o velho aproveite este momento de sua existência é preciso que todas as pessoas de uma forma em geral estejam preparadas para lidar com este momento, e especialmente no Brasil isso ainda não acontece, pois, segundo a autora Sara Nigri Goldman: [6: [...] considera-se que o envelhecimento humano é fato incontestável da condição e vida humana. [...] Sua manifestação é reconhecida nas alterações que ocorrem nos planos biológico, psicológico e social, as quais são decorrentes de fatores relacionados à herança genética e ao modos vivendi de cada indivíduo. Além disso, sua conformação é resultado da objetividade das mudanças e transformações de ordem econômica, social, cultural e ambiental e de aspectos subjetivos, os quais são determinados pela forma como cada um internaliza seu próprio processo de envelhecimento e a vivência da velhice. (PESSOA, 2009, P. 37).] 
	
As melhorias na qualidade de vida, no Brasil, acompanham a espetacular desigualdade na distribuição de renda e serviços. Constata-se assim que, nos grandes centros urbanos das regiões Sudeste e Sul são nas camadas mais altas de renda, as oportunidades de enfrentar o envelhecimento com saúde, conforto e dignidade são infinitamente maiores do que nas populações pobres residentes nos rincões mais afastados e sem infraestrutura de serviços de saúde, de saneamento e de infraestrutura básica. (GOLDMAN, 2009, P. 160).
Por tanto podemos perceber que envelhecer no Brasil não é um momento muito fácil principalmente para aquelas pessoas sem condições financeiras e que dependem do Estado para ampara-las. Mas para que o Estado pudesse tomar esta iniciativa ocorreu um processo de lutas históricas que começam no Brasil desde a República Velha quando é detectada a necessidade de fazer o enfrentamento da “questão social”[footnoteRef:7]. A primeira lei que foi conquistada foi a de N° 3.724 de 15 de janeiro de 1919, que garantia o seguro acidente de trabalho, a ser coberto por empresas privadas. Em 1923 é promulgada a chamada lei Elói Chaves que instituiu as chamadas Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs), para os ferroviários, considerada o marco inicial para o que seria o esboço da Política Previdenciária. Em 1947, foi implantada uma nova legislação previdenciária, a chamada Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS) que só em 1960 foi aprovada. Em 1971, estende-se a previdência social aos trabalhadores rurais através do FUNRURAL, e em 1972 os empregados domésticos são incorporados como usuários do sistema previdenciário. [7: A “questão social”, seu aparecimento, diz respeito diretamente à generalização do trabalho livre numa sociedade em que a escravidão marca profundamente seu passado recente. Trabalho livre que se generaliza em circunstâncias históricas nas quais a separação entre homens e meios de produção se dá em grande medida fora dos limites da formação econômico-social brasileira. (IAMAMOTO E CARVALHO, 2010, P. 125).] 
Essas leis citadas envolvem o sujeito velho, porém, são pensadas de uma forma em geral para a população. Algumas mudanças significativas para os velhos surgem com a aprovação do decreto nº 72.771 de 06 de setembro de 1973, que define condições para usufruto da pensão por velhice: ter completado 65 anos para os homens e 60 anos para as mulheres. Outras leis vieram posteriormente para assegurar direitos aos idosos por tempo de contribuição e por tempo de trabalho como: a lei Nº 6. 179 de 11 de dezembro de 1974, que aprova o amparo da previdência para os velhos com mais de 70 anos, a lei N° 6.210 de 04 junho de 1975, que extinguiu as contribuições sobre benefícios previdenciário e suspendeu a aposentadoria de retorno ao trabalho. Mais um passo se dá com a promulgação da lei Nº 6.243 de 24 de setembro de 1975, ao regulamentar a situação do aposentado que volta ao trabalho com a percepção do pecúlio, em 1977, o Ministério da Previdência e Assistência Social define a Politica Social do idosoe por conseguinte a constituição de 1988 amplia e consolida direitos à população idosa. As novas conquistas asseguradas por esse dispositivo legal ao idoso são: aposentadoria proporcional por tempo de serviço, aposentadoria por idade, pensão por morte para viúva, calculo do beneficio baseado na media dos últimos 36 salários de contribuição, entre outros direitos. 
A Constituição de 1988 foi o marco legal mais significativo para que se reconhecesse de forma literal a importância da questão relacionada ao envelhecimento humano no Brasil, principalmente no que concerne ao fato de que o valor da aposentadoria deveria basear-se no salário mínimo. 
Todas essas leis de resguardo ao velho são frutos de muita luta e foram acontecendo a passos lentos e demostram o poder político da população idosa como nos relata estes escritos, os idosos de todas as partes do Brasil demonstraram sua força política nas galerias do congresso, na praça dos Três Poderes, nas inúmeras passeatas de aposentados e pensionistas, dentre outras manifestações públicas (GOLDMAN, 2009, P. 167).
A luz da Constituição Federal dispares direitos foram assegurados, porém, com a ofensiva neoliberal, desencadeada principalmente na década de setenta e oitenta, estes direitos por muitas vezes são deixados de lado na perspectiva do Estado. As autoras Bering e Boschetti (2011) balizam a questão neoliberal, mostrando como esta ofensiva faz com que os gastos sociais sejam cada vez mais exíguos, transformando a política social[footnoteRef:8] em seletiva e emergencial: [8: Hoje em lugar do compromisso governamental com o pleno emprego, com políticas sociais universais e com provimento de mínimos sociais como direito de todos, predominam políticas sociais residuais, casuais, seletivas ou focalizadas na pobreza extrema, como forma de amenizar os impactos desagregadores e destrutivos da nova questão social. (PEREIRA, 2007). ] 
Assim, a tendência geral tem sido a de restrição e redução de direitos, sob o argumento da crise fiscal do Estado, transformando as políticas sociais – a depender da correlação de forças entre as classes sociais e segmentos de classe e do grau de consolidação da democracia e da política social nos países – em ações pontuais e compensatórias direcionadas para os efeitos mais perversos da crise. As possibilidades preventivas e até eventualmente redistributivas tornam-se mais limitadas, prevalecendo o já referido trinômio articulado do ideário neoliberal para as políticas sociais, qual seja: a privatização, a focalização e a descentralização. (BERING e BOSCHETTI, 2011, P. 156).
Um aparato legal que é criado em meio a estas prerrogativas neoliberais foi à lei Nº 8.842 de 04 de janeiro de 1994, sancionada pelo presidente Itamar Franco, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso. A criação desta lei é um marco histórico para os idosos, pois é pensada especificamente para essa faixa etária da população, vem dizer que o idoso possui direitos como qualquer um, mas com a diferença, que é para sua idade, ou seja, de acordo com suas especificidades, pois, possui limitações que são especificas não porque ele queira, mas sim porque o tempo lhe impôs, assim como será imposto para todos os seres humanos que chegarem à velhice. 
Contudo este aparato legal que tem por desígnio reforçar o que já está na Constituição Federal é corolário das novas formas de enfrentamento da questão social, alicerçada no individualismo das modalidades de intervenção social (TEIXEIRA, 2008). 
Neste sentido a PNI tem seu cerne pautado na setorialização da política social, ou seja, o seu critério de inclusão não é mais pela questão do trabalho, mas é voltada para as chamadas populações excluídas. Teixeira nos mostra esta perspectiva:
	
A PNI é uma legislação moderna que reforça a característica brasileira de legislações complexas, ricas de proteção social, entretanto, com nítido caráter formal, legalista que não se expressa em ações efetivas de proteção. Essa lei se enquadra como nenhuma outra nas novas diretrizes (internacionais) da política social, aquela que não prioriza o Estado como garantidor desses direitos, mas como normatizador, regulador, co-financiador, dividindo as responsabilidades da proteção social com a sociedade civil, através de ações desenvolvidas por ONGs, comunidade, família ou entes municipais. (TEIXEIRA, 2008, P. 266 e 267). 
Esta primazia leva a questão de que por vezes, tais configurações não alcançam todo território brasileiro, pois, quando se compara com o número de velhos no país a PNI acaba por se tornar ineficiente em sua proposta de ação. Nesta perspectiva, volta-se novamente para o entendimento de que o Estado é permeado por paradoxos da política neoliberal, onde o mesmo é mínimo para o social e máximo para o capital. 
Após alguns anos da criação da PNI, mas uma vitória dos movimentos sociais dos idosos foi alcançada com a criação do Estatuto do Idoso pela lei Nº 10. 741 de 1º de outubro de 2003, um projeto do Senador Paulo Paim, foi debatido com os projetos sociais dos idosos e dos aposentados, esses movimentos tinham um único objetivo especifico que era o reajuste das aposentadorias e pensões de forma a garantir o valor real da data de sua concessão, mantendo assim o mesmo padrão da época em que estava trabalhando, conforme preceitua a versão original da constituição de 1988, tão desfigurada pelas inúmeras emendas impostas pela ofensiva neoliberal. Esse direito não foi concedido, mas mesmo assim o Estatuto do Idoso se caracteriza como uma grande vitória para a população em geral e para os idosos em especial, pois, nele estão previstas penalidades para aqueles que infligirem à lei seja por maus tratos aos idosos, seja por negligencia, violência, crueldade ou opressão a essa etária da sociedade. Em suma, o Estatuto do Idoso:
	
Trata-se de um mecanismo formal, legal, que visa garantir direitos elementares da existência, da integridade da vida e do corpo, da dignidade, independentemente da condição de “homem econômico”, do “valor de uso” ou do que tenha para trocar no mercado.
A lei aponta uma tendência de transformar os idosos em “sujeitos de direitos”, ao lado de outras leis que regulam os direitos de minorias, dos “invisíveis” para o capital, dos “não-rentáveis”, garantindo-lhes direitos civis, políticos e sociais. (TEIXEIRA, 2008, P. 288 e 289).
O Estado e principalmente a sociedade precisa mudar sua conduta em relação à velhice, pois, uma sociedade que tem consciência dos direitos dos sujeitos que conseguem envelhecer é capacitada para conduzir mobilizações que garantam o espaço social dos seus velhos. A manutenção e ampliação da cidadania do idoso são fundamentais para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa. Como bem escreveu Simone de Beauvoir:
 
Bem mais que a juventude, a idade avançada seria então a época do carpe diem: o momento em que “se colhe o que se semeou”, diz Fontenelle. “A estação do uso, e não mais dos labores, diz d’Aubigné. É falso. A sociedade de hoje, como vimos, só concede lazeres aos velhos tirando-lhes os meios materiais para aproveitá-los. Os que escapam à miséria e ao desconforto têm que administrar um corpo que se tornou frágil, predisposto à fadiga, frequentemente deficiente ou tolhido por dores. Os prazeres imediatos lhes são interditados, ou avaramente dosados: o amor, a mesa, o álcool, o fumo, o esporte, a caminhada. Só os privilegiados podem compensar, em parte, essas frustrações: passear de carro em vez de caminhar, por exemplo. (BEAUVOIR, 1990, P. 550).
Estes escritos de Beauvoir se encaixam perfeitamente na realidade contemporânea, onde os direitos sociais do envelhecer estão sendo assumidos pelo interesse do mercado, onde o velho pauperizado não possui estrutura financeira para se adaptar no novo clímax do processo de envelhecimento, onde segundo a autora Guita Grin diz que esse compromisso da sociedade com o envelhecer positivo leva a um conjunto de práticas que, ao oferecer oportunidades constantes para a renovação do corpo, das identidades e auto-imagens, tende a encobrir os problemaspróprios da idade mais avançada (DEBERT, 2004, P. 22).
No tocante desta perspectiva, os dilemas das políticas sociais contemporâneas estão esfacelando os aspectos particulares que devem ser considerados na etária do envelhecimento, pois, as especificidades são múltiplas, principalmente pelo fato de que a velhice não é uma condição homogênea na qual estão inseridos todos que atingem a idade determinada. Sendo assim:
	
[...] isso significa que o envelhecimento não se manifesta da mesma forma e, tão pouco, no mesmo momento para todas as pessoas. Daí a distinção entre envelhecimento humano e populacional. O primeiro consiste no envelhecimento experimentado por cada pessoa conforme seu histórico de vida. O segundo é referenciado sob o ângulo de fenômeno coletivo que se caracteriza pelo expressivo aumento de pessoas idosas na população. Tal aumento, segundo a demografia, é decorrente do decréscimo das taxas de mortalidade e, consequente acréscimo dos anos de vida; e ainda da diminuição da taxa de natalidade/fecundidade em diferentes fases da vida. A alteração destes elementos demográficos não é aleatória e sua ocorrência é resultado de mudanças nas ações individuais e das transformações estruturais e históricas. (PESSOA, 2009, P.36).
O sentido desta alteração destaca que as reações das pessoas ao se depararem com a realidade das condições sociais, econômicas e culturais do envelhecimento se materializam em realidades diferentes ou mesmo desiguais. Neste sentido inclusive a comunidade internacional classifica e define a idade cronológica da velhice de acordo com as condições do desenvolvimento social de cada sociedade. Por essa definição, a pessoa é considerada idosa, nos países periféricos, ao atingir a idade de sessenta anos, já nos países centrais essa idade é de sessenta e cinco anos. (PESSOA 2009, P.36).
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8 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS:
BEAUVOIR, Simone de. A Velhice. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. Tradução: Maria Helena Franco Monteiro, 1990, 711 P.
BERING, Elaine Rosseti e BOSCHETTI, Ivanete. Política Social: Fundamentos e História. 4. Ed. São Paulo: Cortez, 2011, 213 P.
DEBERT, Guita Grin. A Reinvenção da Velhice: Socialização e Processos de Reprivatização do Envelhecimento. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2004, 253 P.
GOLDENBERG, Mirian. A Bela Velhice. 1. Ed. – Rio de Janeiro: Record, 2013, 127 P.
GOLDMAN, Sara Nigri. Terceira Idade e Serviço Social. In: Serviço Social e políticas sociais. Organizado por Ilma Rezende e Ludmila Fontenele Cavalcanti – 3 ed. – Rio de Janeiro: UFRJ, 2009.
PESSOA, Izabel Lima. Envelhecimento na Agenda Política Social Brasileira: avanços e limitações. Tese (Doutorado) – Universidade de Brasília; Departamento de Serviço Social , Programa de Pós-graduação em Política Social. Brasília, 2009, 238 P.
TEIXEIRA, Elenaldo Celso. O Papel das Políticas Públicas no Desenvolvimento Local e na Transformação da Realidade. 2004, 11 P.
TEIXEIRA, Solange Maria. Envelhecimento e trabalho no tempo do capital: implicações para a proteção social no Brasil. São Paulo: Cortez, 2008, 326 P.

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