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FATEFINA - Curso de teologia - Cura interior 114

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Convenio FENIPE e FATEFINA Promoção dos 300.000 Cursos Grátis 
Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls. 
173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em 27 de 
Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira 
APOSTILA Nº. 13/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 114 PAGINAS. 
Apostila 13
CURA INTERIOR
Parte I
 
1. HISTÓRICO
A "vida abundante" que Jesus ofereceu aos seus seguidores tem sido 
o objetivo dos mais dedicados cristãos em todas as épocas. Esta 
prometida abundância tem sido usualmente entendida como harmonia 
interna e liberdade espiritual, mais do que abundância material - por 
razões óbvias. A busca por tal liberdade interior tem aparecido sob os 
mais diversos nomes. 
2. O QUE É CURA INTERIOR?
O fenômeno conhecido como cura interior tem dois objetivos. O seu 
objetivo primário e espiritual é estender o senhorio e poder de cura de 
Cristo ao nosso passado, afetando mesmo a nossa experiência antes 
da conversão. O objetivo secundário e psicológico é portanto nos 
libertar de qualquer cativeiro emocional e psicológico que a nossa 
experiência passada possa ter produzido. Os teóricos da cura interior 
defendem que os bloqueios emocionais e os padrões habituais de 
comportamento (com os seus frutos negativos de frustração, derrota e 
fraca auto-imagem) nos impedem de atingir a vida abundante que 
Jesus prometeu. Portanto, eles concluem que, um esforço especial 
deve ser feito para curar estas feridas interiores, de forma que 
possamos ser libertos das diversas coisas que podem constringir e 
empobrecer as nossas vidas. Em resumo, o objetivo geral da cura 
interior pode ser descrito como uma espécie de "santificação 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
1
retroativa".
O propósito geral do movimento de cura interior é claramente de 
natureza pastoral. Desta forma, ele defende que a "cura das 
memórias" normalmente ocorra num aconselhamento de base 
individual, ou em pequenos grupos. Considera-se essencial que os 
dons do Espírito Santo estejam em operação, particularmente os dons 
de discernimento e cura. Ao indivíduo que está buscando sua cura 
será pedido que reviva seu passado através da imaginação. Isto 
geralmente envolve um "retorno" ao ponto-problema - um encontro 
traumático ou assustador que moldou a auto-imagem e o 
comportamento da pessoa e também porque este ponto se alojou em 
camadas profundas de sua psique. À medida em que o "paciente" 
imaginativamente recria o ponto-problema, com toda sua intensidade 
emocional, eles dizem ao paciente para imaginar que Jesus está lá 
(naquela situação). Presume-se que a presença imaginativa de Jesus 
traga Seu amor e poder de cura para relacionamentos perturbados 
com os pais e companheiros, os quais são muito poderosos para que 
o indivíduo dê conta dos mesmos sozinho.
O que devemos fazer com estes fundamentos, teorias e técnicas que 
os acompanham? Na verdade, o que devemos fazer com os "ministros 
e ministérios da cura interior"? A época em que vivemos, com sua 
orientação voltada para o experiencial, tende a gerar um entusiasmo 
desqualificado por experiências de cura interior dentro de alguns 
setores da comunidade cristã. Infelizmente, esta mesma tendência tem 
efeito oposto em outros cristãos, que vêem como muito suspeitas tais 
experiências e a fascinação acrítica despertada por elas. Na maioria 
dos casos, não existe uma única resposta simples. A época em que 
vivemos é caracterizada pela crescente complexidade da vida em 
todos os níveis - econômico, material, moral e intelectual. À medida 
em que novas e antigas idéias se proliferam, elas influenciam o 
pensamento cristão de várias formas. Algumas têm mais validade que 
outras; muitas são completamente inaceitáveis. Nós devemos estar 
preparados para encarar conceitos não-familiares e pacientemente e 
em oração desvendar tanto as suas fontes bem como a suas 
implicações. Este processo pode ser frustrante e cansativo, mas sua 
necessidade é cada vez mais crescente.
Dentro disto, nós podemos comentar que a cura interior é um 
fenômeno complexo e altamente variável. Não é possível nem 
endossá-la, nem condená-la cegamente. É possível, entretanto, 
identificar e avaliar aqueles elementos que influenciam as teorias e as 
terapias dos que praticam a cura interior.
"Nossa vida interior é uma parte crítica de nossa identidade pessoal, e 
portanto a necessidade para a cura das emoções e memórias sempre 
fez parte da nossa condição humana."
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
2
3. REDIMINDO A PESSOA INTEGRAL
A queda da humanidade (Gn.3) introduziu o princípio da morte e 
decadência em todos os níveis da existência humana. O veneno do 
pecado perpassa cada poro do nosso ser. Em seu sofrimento e 
ressurreição, Cristo venceu a morte - não somente fisicamente, mas 
de todas as formas em que somos afetados por ela. Nossa vida 
interior é uma parte crítica de nossa identidade pessoal, e portanto a 
necessidade para a cura das emoções e memórias sempre fez parte da 
nossa condição humana. O ensinamento e ministério de Jesus 
reconheceram implicitamente esta necessidade, bem como o fez o 
alcance da igreja primitiva. Jesus mesmo falou freqüentemente sobre 
"o coração" (isto é, "a sede oculta da vida emocional") como fonte de 
pensamento e ação. Ele também citou a profecia messiânica de Isaías 
61, declarando seu propósito de "restaurar o coração partido" (Lc. 
4:18). O apóstolo Paulo falou repetidamente sobre a renovação da 
mente no Espírito Santo (Rm. 12:2; Ef. 4:23).
O encontro na estrada de Emaús (Lc. 24) pode ser visto (entre outras 
coisas) como uma forma de "cura das memórias". Se nós tomarmos 
este incidente como um protótipo para o exercício válido desta forma 
de ministério, vários critérios podem ser vistos. Se esta forma de cura 
tem sustentação bíblica, ela não se referirá primariamente às 
cicatrizes emocionais e traumas psicológicos da infância. Muito mais, 
ela tomará uma perspectiva mais ampla, lidando radicalmente com 
todas as forças da ansiedade, medo e incredulidade que produzem 
pensamento e comportamento anti-bíblico. O ponto central da cura 
interior nesta perspectiva mais ampla é a morte sacrificial de Jesus e 
sua vitória através da ressurreição sobre o pecado e a morte, 
exatamente como aconteceu na estrada de Emaús. Deste ponto-de-
vista, a cura interior é muito menos um fim em si mesma e muito mais 
um passo preliminar que capacita o cristão a conseguir a libertação 
(Gl. 5:1) e a maturidade espiritual, deixando de lado a forma egoísta e 
infantil de viver (I Co. 13:11-12).
Os discípulos, apóstolos e crentes do primeiro século conheciam o 
Cristo crucificado e ressurreto como Senhor de toda a história - 
cósmica (Cl. 1:15-23), racial (Ef. 2:11-20) e pessoal (Hb. 9:14). À medida 
em que eles seguiam Seu exemplo e a promessa de Sua eterna 
presença, eles eram libertos (e libertavam outros) do pecado, da 
doença física e psicológica e dos problemas emocionais, bem como 
do medo da morte e da falta de esperança que ela produz. Foi-lhes 
dada radicalmente uma nova base para a auto-estima, a qual não está 
baseada na mentira, ira ou outras formas de auto-afirmação. Esta nova 
base desafiou tanto a religião farisaica como sensualidade 
desenfreada. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
3
4. A PSICOLOGIA DA PESSOA INTEGRAL
Existe comunhão entre psicologia e o Cristianismo? Esta questão, em 
seu sentido mais amplo, escapa do objetivo da nossa aula. Entretanto, 
o assunto é pertinente, desde que muito da "cura interior" está 
baseada em visão secular de como a nossa personalidade é formada e 
influenciada.
Muitos elementos da psicologia secular, entretanto, são mais 
ambíguos; alguns são frontalmente contrários ao pensamento bíblico. 
Sigmund Freud é a maior fonte detendência a se enfatizar o trauma 
infantil. Carl Jung foi seu aluno e colega que se envolveu 
superficialmente com ocultismo. Sua abordagem sistemática à 
compreensão da natureza da mente inconsciente se tornou influente 
nos anos 60 e 70. Muito dos conceitos de Jung têm sido empregados 
num modelo "carismático" por pessoas como John Sanford e Morton 
Kelsey. Portanto, Freud e Jung (para não mencionar outros) 
indiretamente ajudaram a delinear muitas das pressuposições do 
movimento de cura interior. Além do mais, algumas das técnicas 
utilizadas para resgatar memórias têm sido tomadas de empréstimos 
de terapias seculares.
"Alguns praticantes da cura interior...não somente têm adotado um 
sub-modelo da natureza humana; eles têm permitido que os próprios 
modelos se tornem parâmetros de interpretação da Bíblia."
5. ALGUNS PARÂMETROS PARA O DISCERNIMENTO
À medida em que consideramos estes fundamentos, teorias e 
técnicas, e tentamos pesar suas implicações, nós devemos ter me 
mente alguns fatores críticos. A cura do "interior do homem" é uma 
premissa biblicamente demonstrável. Por esta razão, nós precisamos 
abordar alguma idéias e métodos sobre cura interior com cautela. A 
admoestação de Jesus a seus discípulos de que fossem "prudentes 
como as serpentes e símplices como as pombas" (Mt. 10:16) nos 
colocará numa posição bem firme para que sejamos capazes de 
identificar as influências sub-cristãs sem sermos influenciadas por 
elas. 
A ênfase exagerada numa certa técnica na vida espiritual facilmente se 
torna uma tentativa de manipulação psíquica, um esforço de produzir 
uma experiência ou um encontro com Deus. Não há nada de 
intrinsecamente errado em se utilizar a imaginação na oração, mas a 
dependência de invocação imaginativa de imagens religiosas pode se 
tornar insana. O uso do termo "visualização de fé" não batiza 
semanticamente tais práticas. Os produtos da imaginação podem 
também ser convenientemente trazidos para o campo do desejo e do 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
4
ego, enquanto que o Cristo vivo não pode. Uma ênfase extremada na 
confissão verbalizada pelo crente no movimento da "palavra da fé" é 
outro ensino aberrante o qual, sutilmente, se torna uma espécie de 
ocultismo. Nestas formas exageradas, a visualização da fé cria um 
"video-interior de Jesus", o qual pode ser manipulado para quase 
qualquer sentido. 
Da mesma forma, devemos estar atentos para os modelos 
psicológicos que se baseiam em visões anti-bíblicas da natureza 
humana. É também necessário identificar e rejeitar tecnologias 
terapêuticas que são utilizadas para sustentar tais modelos. Alguns 
praticantes de cura interior, infelizmente, não somente têm adotado 
um sub-modelo da natureza humana; eles têm permitido que os 
próprios modelos se tornem parâmetros de interpretação da Bíblia. 
Tais práticas se situam entre a aberração e a apostasia. 
Como já dissemos, existem ligações demonstráveis entre tais técnicas 
como a "visualização da fé" ou a "confissão positiva" e algumas 
formas de pensamento do ocultismo e da Nova Era. Os esforços de se 
voltar para o interior para encontrar a globalidade, pode levar-nos à 
"dimensão divina interna" do misticismo Neoplatônico ou aos 
"arquétipos" do inconsciente coletivo de Jung. Em ambos os casos, 
bem como num grande número de casos similares, o sujeito que 
busca termina ofuscado por um subjetivismo, o qual é racionalizado 
com termos originários da metafísica oriental e da psicologia 
humanística. 
Neste ponto, uma mudança da verdade bíblica para especulações 
humanas se torna base para uma séria confusão sobre a natureza da 
cura e, mais importante, sobre a natureza do praticante da cura. Neste 
novo papel, Jesus, o Messias, se torna em parte o terapeuta primal e 
em parte um xamã primevo. Nesta situação, uma tentativa de se fazer 
uma avaliação racional ou bíblica é negativamente rotulada como um 
"falta de fé", "apagar o Espírito" ou "bloquear o fluxo"; pode mesmo 
ser desprezada como uma "viseira".
"A postura bíblica sobre a nossa natureza é, com certeza, uma 
avaliação verdadeira e mais confiável do que a feita por nossos 
medos, iras e memórias..."
6. UMA QUESTÃO DE PRIORIDADES
É razoável assumir que os problemas psicológicos e emocionais a que 
a igreja primitiva se referia eram tão complexos como os de hoje. Nós 
também vamos assumir que as soluções que ela aplicava são tão 
funcionais para hoje como eram no primeiro século. Não havia 
nenhuma necessidade de se renunciar à visão escriturística da 
condição humana ou de Jesus Cristo, a fim de fazerem estas soluções 
funcionarem. A imposição de mãos, a unção com óleo, a confissão 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
5
mútua e a meditação direcionada eram alguns dos métodos 
empregados para produzir ambos, a cura interna e a cura externa. Os 
apóstolos foram estranhamente silenciosos, entretanto, sobre 
qualquer necessidade de reviver experiências relacionadas com a 
infância, ou sobre a prática de esfaquear o pai na imaginação, como 
alguns praticantes de cura interior têm aconselhado aos seus clientes. 
Com certeza, há abundantes benefícios psicológicos em se colocar 
Jesus como o centro radical de nossas vidas e afetos - mesmo acima 
e além de nossos laços familiares. Nós também somos chamados, 
entretanto, a meditar sobre coisas que estão acima e, de alguma forma 
é bom que se diga, que não estão nutrindo ressentimentos ou usando 
a nossa liberdade como desculpa para o mal (Ef. 4:26; I Pe. 2:16; Gl. 
5:1). Existe uma considerável distância entre confessar a presença de 
um desejo negativo e dramaticamente realizá-lo - mesmo que na 
fantasia.
Nós devemos evitar confundir o sagrado com a saúde. A cura da 
psique e emoções pode ser uma importante parte do nosso 
crescimento em direção à espiritualidade. Entretanto, ela não deve ser 
superestimada em detrimento de outros aspectos da santidade, nem 
deve se tornar um substituto deles . Nós devemos nos guardar da 
idéia de que os cristãos estão isentos de toda sorte de enfermidades, 
doenças e tentações e que, qualquer ocorrência deste tipo seja um 
ponto negativo em nossa condição espiritual. Por outro lado, é 
importante não perder de vista as variadas maneiras pelas quais Deus 
provê libertação de coisas que nos impediriam viver plenamente em 
Cristo.
7. AS MARCAS DA INTEGRIDADE ESPIRITUAL
Cura espiritual pode ser considerada como tendo base bíblica. Se 
assim for, ela deve ser reconhecida como uma parte integral de nossa 
vida cristã. Três principais pontos nos ajudarão a discernir a 
consonância bíblica de cada forma em particular, de cura interior. 
Todos os três pontos são vitais para um entendimento equilibrado e 
seria desaconselhável isolar ou superestimar qualquer um destes 
elementos.
Primeiro: A cura espiritual deve tocar o problema na sua fonte. O 
indivíduo deve ser liberto da prisão de uma memória em particular e 
do falso significado atribuído a ela. As feridas emocionais causadas 
pelo incidente que forçou a repressão de sua memória deve ser 
curada. Paulo fala de Deus como o Pai da compaixão (I Co. 1:3-4) e 
também enfatiza que a provisão do sangue de Cristo é um aspecto da 
Sua perfeita sabedoria (Ef. 1:7-8). De fato, é a "contínua aspersão do 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
6
Seu sangue" que guarda o coração e a consciência das "palavras 
mortas" (Hb. 9:14; 10:22) e nos liberta do cativeiro emocional destas 
palavras a fim de que possamos servir ao Deus vivo.
Segundo: A cura interior deve quebrar padrões de respostas habituais 
e comportamentos que foram gerados em reação a um trauma inicial. 
A pessoa que está sendo curada deve cooperar ativamente neste 
processo, ao invés de reagir passivamente à instruções e 
manipulações do que ministra a cura interior. Toda redenção envolve 
o fazer escolhas e o exercício da nossa vontade. Uma vez que fomos 
convocados ao arrependimento e renovação, somos tambémchamados a abandonar velhas formas de responder às pessoas e 
circunstâncias (Cl. 3:12-17; I Pe 2:1-3). Nós devemos portanto 
aprender novas atitudes e formas de lidar com estas situações (Ef. 
4:22-24; I Pe. 1:5-9).
Terceiro: A cura interior deve produzir mudanças pessoais que sejam 
compatíveis com a revelação das Escrituras, do nosso novo ego (eu) 
em Cristo. Isto deve estar combinado com uma ênfase na confiança do 
que Deus nos diz sobre nós mesmos, mais do que nossos 
sentimentos podem dizer. A postura bíblica sobre a nossa natureza é, 
com certeza, uma avaliação verdadeira e mais confiável do que a feita 
por nossos medos, iras e memórias, sem mencionar as acusações do 
Adversário (Rm. 8:1-2). A cura interior deve nos ajudar a sermos 
reeducados (através da palavra de Deus) acerca de quem somos em 
Cristo. Uma vez que entendemos como Deus nos vê, bem como a 
provisão que Ele fez para o nosso crescimento, nós começaremos a 
desenvolver uma auto-estima que corresponde precisamente à nossa 
confiança na justiça de Cristo, mais do que em nossa própria (Rm. 
12:3).
Nós não temos que abandonar o ponto-de-vista bíblico ou o 
compromisso com o senhorio de Cristo a fim de podermos nos 
beneficiar da cura interior. De fato, se tal necessidade for expressa ou 
se está implícita, é aconselhável reconsiderar a validade dos 
fundamentos que têm sido colocados.
Jesus mesmo reconheceu o dilema fundamental da humanidade, bem 
como suas secundárias implicações emocionais e psicológicas. Ele 
reconheceu o problema de se atingir auto-estima diante em ambiente 
hostil e uma consciência igualmente hostil que foi imperfeitamente 
moldada por influências imperfeitas durante os anos de formação da 
pessoa. A consciência ainda não-redimida se torna um entrave na 
condição psicológica, o qual inevitavelmente produz sua própria 
dissolução (Rm. 8:6). Jesus sugeriu ao homem que a vida entregue a 
Ele e o fato de seguirmos seu exemplo - mesmo a sua morte como 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
7
mártir - é uma carga mais fácil de ser suportada do que se lutarmos 
com as nossas próprias forças. (Mt. 11:28-30).
Parte II
PNEUMATOLOGIA REFORMADA DE VERDADE!
DEFINIÇÕES E DESAFIOS NICODEMOS LOPES 
 
O que é ser "reformado"?
A primeira questão com a qual nos defrontamos ao abordar o tema desse 
pequeno ensaio é a de definir exatamente sobre o que estamos falando. O 
nosso assunto gira em torno da compreensão reformada sobre a pessoa e a 
obra do Espírito Santo. Mas, o que queremos dizer por "reformada"? 
Não existe unanimidade entre os que se consideram herdeiros da Reforma 
protestante quanto ao sentido do termo. Historicamente, o termo 
"reformados" foi usado a princípio indistintamente para todos os 
protestantes, calvinistas, luteranos e zwinglianos. Com as controvérsias 
entre eles sobre a Ceia, "reformados" passou a designar zwinglianos e 
calvinistas somente, em contraponto aos luteranos. E com o arrefecimento 
da importância de Zwinglio no cenário protestante, "reformados" passou a 
designar os calvinistas. Portanto, é historicamente correto afirmar que um 
entendimento reformado sobre o Espírito Santo tem a ver primaria e 
basicamente com a teologia calvinista sobre o Espírito Santo. Hoje em dia, 
muitas igrejas e denominações se utilizam do nome "reformada", mesmo 
que já tenham abandonado em grande medida partes fundamentais da 
teologia calvinista, inclusive a pneumatologia. O mesmo acontece com 
alguns pastores que consideram-se reformados apesar do fato de que não 
são calvinistas em sua doutrina. Assim, embora para alguns hoje ser 
reformado seja pertencer a uma igreja que historicamente descende da 
reforma protestante, ou ainda manter o espírito reformista que marcou os 
reformadores, é mais exato dizer que o conceito está ligado às principais 
convicções doutrinárias dos reformadores, particularmente às de João 
Calvino.
Consequentemente, uma pneumatologia reformada é necessariamente 
aquela adotada pelas igrejas que são herdeiras do Cristianismo bíblico. É 
uma pneumatologia originada nas Escrituras e defendida por Agostinho, 
Calvino, e os puritanos, tendo sua expressão adequada nas confissões de fé 
reformadas. É uma pneumatologia derivada de uma leitura das Escrituras a 
partir dos pressupostos principais que guiaram esses homens, a começar 
com o alto apreço pelas Escrituras como Palavra de Deus, inspirada e 
infalível, e única regra de fé e prática da Igreja. À luz desta visão podemos 
definir pneumatologia reformada como sendo aquela compreensão da 
pessoa e da obra do Espírito Santo que parte da revelação divina grafada 
nas Escrituras, lida e interpretada da ótica da hermenêutica reformada, tendo 
como alvo a glória de Deus e o avanço do seu reino neste mundo.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
8
Se considerarmos que apenas os que se mantém leais aos principais pontos 
da doutrina calvinista podem ser realmente chamados de reformados, 
verificaremos que são poucos os verdadeiros reformados. Escreve o ex-
calvinista Clark Pinnock:
Tenho a forte impressão, confirmada até mesmo pelos que discordam dela, 
que o pensamento de Agostinho está perdendo sua influência nos 
evangélicos de hoje. Não são apenas os evangelistas que estão pregando 
um evangelho arminiano. É difícil até mesmo achar um teólogo calvinista 
hoje que esteja disposto a defender a teologia reformada em seus detalhes 
mais peculiares, em particular as opiniões de Calvino e Lutero. Eu não estou 
sozinho, especialmente agora que Gordon Clark faleceu e John Gerstner 
aposentou-se.
Numa época em que o número de "reformados" comprometidos com a 
teologia calvinista é tão pequeno, não é de se estranhar que tendências 
teológicas, filosóficas e hermenêuticas, trazidas no bojo do pós-modernismo 
e do crescente movimento neopentecostal, se infiltrem nas igrejas 
historicamente reformadas, e descaracterizem, onde aceitas, a compreensão 
correta acerca do Espírito Santo. Tais ameaças já estão presentes, e que 
aparentemente vieram para ficar por um longo tempo. Entende-las agora é 
essencial para a preservação da identidade reformada quanto à obra do 
Espírito Santo no mundo e na Igreja. No que se segue, procuro detectar e 
analisar alguns destes desafios
O Desafio Teológico: Pelagianismo
O que é o Pelagianismo
O primeiro desafio vem da área teológica, representado pelo pelagianismo, 
heresia antiga e já condenada pela Igreja, mas jamais erradicada do seu 
meio. O pelagianismo sustenta basicamente que todo homem nasce 
moralmente neutro, e que é capaz, por si mesmo, sem qualquer influência 
externa, de converter-se a Deus e obedecer à sua vontade, quando assim o 
deseje. Uma das grandes disputas durante a Reforma protestante versou 
sobre a natureza e a extensão do pecado original. Ele afetou Adão somente, 
ou todo o gênero humano? A vontade do homem decaído é ainda livre ou 
escravizada ao pecado? No século V Pelágio havia debatido ferozmente com 
Agostinho sobre este assunto. Agostinho mantinha que o pecado original de 
Adão foi herdado por toda a humanidade e que, mesmo que o homem caído 
retenha a habilidade para escolher, ele está escravizado ao pecado e não 
pode não pecar. Por outro lado, Pelágio insistia que a queda de Adão afetara 
apenas a Adão, e que se Deus exige das pessoas que vivam vidas perfeitas, 
Ele também dá a habilidade moral para que elas possam fazer assim. Ele 
reivindicou mais adiante que a graça divina era desnecessária para salvação, 
embora facilitasse a obediência.
Agostinho teve sucesso refutando Pelágio, mas o pelagianismo não morreu. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
9
Várias formas de pelagianismo recorreram periodicamente através dos 
séculos. Lutero escreveu um livro "A Escravidão da Vontade" em resposta a 
uma diatribe de Erasmo, onde o mesmo defendia conceitos pelagianos. 
Lutero acreditava que Erasmo era "um inimigo de Deus e da religião Cristã" 
por causa do ensino dele sobreo pecado original. É bom notar que o 
Catolicismo medieval, sob a influência de Aquino, adotara um semi-
pelagianismo, mesmo que na antigüidade houvesse rejeitado o pelagianismo 
puro. Neste sistema, acreditava-se que o homem cooperava com a graça de 
Deus para a salvação.
No século XVIII, uma forma nova e levemente modificada de pelagianismo, 
apareceu, que foi o arminianismo. Existem algumas diferenças entre as duas 
posições, mas ambas são sinergistas (o homem coopera para sua salvação) 
e mantém o mesmo conceito de fé (uma decisão puramente humana de 
receber a Jesus Cristo, e não como um dom misericordioso de Deus).
A influência de Charles Finney
No século XIX, o evangelista americano Charles Grandison Finney reavivou 
o puro pelagianismo. Ele repudiou abertamente quase todas as principais 
doutrinas calvinistas (mesmo que tenha sido ordenado na Igreja 
Presbiteriana), em particular a doutrina de pecado original e da depravação 
total. É um grave erro histórico e teológico considerar Finney como 
"reformado" (alguns, exagerando, diga-se, nem desejam considerá-lo como 
evangélico). A metodologia evangelística de Finney teve tanto êxito, que ele 
se tornou um modelo para os evangelistas mais recentes. Embora o 
evangelicalismo americano não tivesse aceitado integralmente o 
pelagianismo de Finney, abraçou, entretanto, sua metodologia, uma forma 
de semi-pelagianismo que infectou a alma da sua teologia até o dia de hoje. 
Vários movimentos nasceram conscientemente da teologia de Finney, como 
a teoria do governo moral.
Ameaças à doutrina do Espírito Santo 
O pelagianismo, em suas variadas formas contemporâneas, ameaça a 
doutrina reformada do Espírito Santo especialmente nas áreas da 
regeneração e da chamada eficaz, das seguintes maneiras:
a) Reduz a regeneração do pecador a uma decisão de sua própria vontade. 
Finney rejeitou a idéia de que a regeneração fosse um milagre, uma 
transformação sobrenatural produzida pela ação soberana do Espírito no 
coração dos eleitos. Para ele, regeneração era a decisão do pecador em se 
voltar para Deus e obedecê-lo. Não poderia haver nenhuma transformação 
miraculosa, pois não havia o que transformar, já que o pecador é 
moralmente capaz de obedecer a Deus. Após a negação de pecado original, 
foi somente um passo para que Finney negasse a doutrina da regeneração 
sobrenatural. O sermão mais popular de Finney, pregado na Igreja da Rua do 
Parque, em Boston, foi intitulado "Os Pecadores Devem Mudar os Próprios 
Corações". Para ele, não há nada na religião que ultrapasse os poderes 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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ordinários de natureza. "Religião é obra do homem", disse ele. "Consiste tão 
somente no emprego apropriado dos poderes naturais. É somente isso e 
nada mais"
b) Reduz a chamada eficaz do Espírito Santo a uma mera persuasão moral. 
Para Finney, a obra do Espírito limita-se ao exercício de influências morais 
no pecador, mas "a conversão em si ... é ato do próprio pecador", afirma ele 
em sua Teologia Sistemática (p. 236). O ensino calvinista é que o Espírito de 
Deus, através do ministério da Palavra, chama irresistivelmente o eleito, 
regenerando-o e assim habilitando-o a responder positivamente em fé à 
oferta das boas novas do Evangelho. Essa chamada é irresistível, embora 
não se constitua uma violação da vontade do pecador. No conceito 
pelagiano (ou semi-pelagiano), o Espírito de Deus apenas se esforça para 
persuadir os pecadores, cabendo a estes em última análise a decisão e a 
capacidade de converter-se e tornar para Deus, exercendo fé em Cristo.
O desafio do pelagianismo em suas formas contemporâneas para a 
identidade reformada é alarmante. O pentecostalismo, em seu crescimento 
assombroso na América Latina e no Brasil, traz em seu bojo, além de várias 
outras ameaças e desafios, os principais conceitos do antigo pelagianismo, 
e desafia as igrejas reformadas a rever o conceito calvinista da atuação do 
Espírito Santo na regeneração e salvação do pecador. Os pentecostais são 
hoje mais de 450 milhões no mundo. Com o crescimento do pelagianismo no 
Brasil, a identidade reformada das igrejas que assim se consideram fica 
ameaçada, no que respeita à obra do Espírito Santo na conversão dos 
pecadores.
Mas o desafio maior vem de dentro das próprias igrejas históricas. Não são 
muitos os "reformados" que aderem coerentemente à doutrina calvinista da 
depravação total. Embora possam afirmá-la em princípio, acabam sendo 
incoerentes por também acreditar que o pecador tem a "capacidade moral de 
se voltar para Deus". Praticamente ninguém hoje declararia, "eu sou um 
pelagiano, ou semi-pelagiano", primeiro, por que toda a Cristandade 
condenou no passado essa heresia, e segundo, por que poucos que adotam 
esta linha têm idéia do que o pelagianismo significa. Muitos ministros de 
igrejas reformadas provavelmente ofereceriam as respostas corretas em um 
exame teológico, entretanto, operam em seus ministério como se essas 
convicções não tivessem absolutamente nenhuma conseqüência.
Os Desafios Filosóficos: Pluralismo e Pragmatismo
O pluralismo religioso
Um outro desafio de imensas proporções vem de duas filosofias 
características do período pós-moderno em que vivemos. A primeira delas é 
o pluralismo. Como o nome já indica, essa filosofia defende a pluralidade da 
verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta, mas sim verdades 
diferentes para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo, mas definitivamente 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
11
já faz parte integrante da nossa cultura presente. Ele defende o 
relacionamento de pessoas com ideologias diferentes, sem que uma tenha 
de sujeitar suas convicções ao domínio da outra. A idéia de converter 
alguém às suas próprias convicções é politicamente incorreto. A chave está 
na valorização da negociação e da cooperação em lugar de se tentar provar 
que se está certo ou errado. 
O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono da "arrogância" 
teológica do cristianismo, nega que exista verdade religiosa absoluta, e 
exalta a experiência religiosa individual como critério último para cada um. 
Por exemplo, o padre católico Raimundo Panikkar, descendente de hindus, 
escreveu um artigo onde defende que isolacionismo já não é mais possível 
na sociedade globalista em que vivemos. Embora afirme que aceitar o 
pluralismo religioso não signifique o mesmo que aceitar o relativismo, deixa 
claro que a experiência religiosa individual é a chave para a convivência 
pluralista. Diz ele, "No momento eu estou experimentando o amor de Deus 
por mim em Cristo Jesus, e por este motivo eu sei com perfeita clareza que 
ele é o caminho, a verdade e a vida".
O pluralismo religioso defende uma nova teoria missiológica, onde não mais 
se prega a necessidade de conversão de outras religiões ao cristianismo, e 
sim a cooperação entre todas as religiões, naquilo que têm em comum. O 
pressuposto é que o cristianismo não é o único caminho para Deus, embora 
seja o melhor, e que Deus está agindo salvadoramente no âmbito de outras 
religiões, como as religiões orientais.
O pragmatismo religioso
A outra filosofia é o pragmatismo. Seu popularizador, o psicólogo americano 
William James, afirmou que idéias humanas eram verdadeiras se 
funcionassem ou fossem úteis para resolver problemas. Já que o 
funcionamento e utilidade das idéias variam de contexto para contexto, 
segue-se que a verdade é relativa. No dizer de Francis Schaeffer, é um 
sistema de pensamento que faz das conseqüências práticas de uma crença 
o critério supremo da sua verdade. O pragmatismo dominou rapidamente a 
cultura americana e estendeu-se para além das suas fronteiras. Adotar as 
coisas que realmente preservam a paz individual e uma situação financeira 
confortável, sem qualquer preocupação com princípios fixos de certo ou 
errado é evidentemente a idéia que controla procedimentos internacionais, 
domésticos e individuais. Princípios absolutos tem poucoou nenhum lugar 
no pensamento ocidental moderno.
Não devemos, portanto, pensar que o pragmatismo é um fenômeno 
ocidental. Seu princípio fundamental é inerente ao coração humano. Uma 
das 4 premissas básicas do substrato filosófico e religioso da Ásia, por 
exemplo, pode ser resumida neste parágrafo: "É direito de cada pessoa 
religiosa aceitar e praticar qualquer maneira de viver que achar útil ao seu 
modo de pensar e às suas circunstâncias sociais peculiares".
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
12
Desafios do Pluralismo e do Pragmatismo para a doutrina do Espírito Santo
O pluralismo e o pragmatismo andam geralmente de mãos dadas. Onde o 
conceito de verdade absoluta deixa de existir (pluralismo), as pessoas e as 
organizações passam a orientar as suas decisões em termos daquilo que 
mais satisfaz as suas necessidades (pragmatismo). A combinação destas 
duas filosofias aparece claramente em vários movimentos presentes nas 
igrejas evangélicas, e representam um novo desafio ao cristianismo em geral 
e aos calvinistas em particular. A pergunta que as pessoas fazem com 
relação ao cristianismo não é se ele é a verdade ou não, mas simplesmente 
se funciona. Elas querem saber se vai mudar a vida delas para melhor, se 
Cristo realmente é poderoso para transformá-las, e pode dar-lhes paz, 
alegria, esperança e propósito às suas existências. 
Ambas as filosofias trazem sérios desafios a alguns aspectos da pessoa e 
obra do Espírito Santo:
1) Quanto à extensão da operação ou atividade salvadora do Espírito Santo. 
O calvinismo ensina uma distinção nas operações do Espírito Santo, que 
está relacionada com os conceitos de graça comum e de graça especial. A 
graça comum refere-se à atuação do Espírito Santo no mundo em geral, 
preservando valores morais e trazendo benefícios materiais, sobre todos os 
homens indistintamente de suas crenças religiosas. A graça especial refere-
se à operação salvadora do Espírito, restrita apenas aos eleitos, 
regenerando-os, iluminando-os e santificando-os pelo Evangelho de Cristo. 
O pluralismo religioso ameaça esse conceito, pois ensina que o Espírito de 
Deus age salvadoramente em todos os homens indistintamente de suas 
religiões, sem se restringir ao âmbito do cristianismo. Um exemplo de 
pluralista cristão que defende esse ponto é o ex-calvinista Clark Pinnock.
2) Quanto à relação entre a Palavra e o Espírito. O calvinismo ensina a 
relação indissolúvel entre a atuação do Espírito Santo e a Palavra de Deus. O 
Espírito atua graciosamente através da Palavra; por sua vez, a Palavra 
funciona como critério para reconhecermos a atividade do Espírito, em 
contraste com a atividade de espíritos malignos ou do espírito humano. O 
pluralismo e o pragmatismo ameaçam este conceito. O primeiro, porque 
divorcia a atuação salvadora do Espírito da verdade bíblica, como vimos no 
item anterior. E o segundo por enfatizar a validade de experiências religiosas 
à parte de seus conteúdos teológicos, ameaçando assim da mesma forma a 
relação entre o Espírito e a Palavra. 
3) Quanto à soberania do Espírito de Deus em converter pecadores e 
aumentar a Igreja. Segundo o ensino calvinista, o aumento da Igreja através 
da conversão de pecadores é uma obra soberana do Espírito Santo, através 
dos meios secundários que Deus mesmo determinou. A Igreja deve 
evangelizar ardorosamente, dependendo porém da operação soberana do 
Espírito Santo quanto aos resultados. O pragmatismo representa um desafio 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
13
para essa convicção calvinista, pois enfatiza o emprego de métodos, 
estratégias e técnicas tiradas do marketing secular e de ciências sociais 
como sociologia e psicologia, através das quais a igreja poderá crescer. O 
sucesso ou fracasso de igrejas locais no aumentar o número de seus 
membros é relacionado, não à soberania do Espírito de Deus, mas ao uso 
desses métodos. Embora calvinistas defendam o planejamento das 
atividades missionárias e evangelísticas da Igreja, têm entretanto sérias 
reservas quanto ao planejamento de resultados, uma estratégia que faz parte 
do pragmatismo do moderno movimento de crescimento de igrejas.
Influência generalizada do pluralismo e do pragmatismo entre os 
protestantes
O pluralismo e o pragmatismo têm infectado o cristianismo mundialmente. O 
tema da salvação em outras religiões foi discutido recentemente na 
Assembléia Geral do Concílio Mundial de Igrejas. O relatório apresentado 
trouxe debate considerável. Uma consulta teológica na suíça patrocinada 
pelo CMI, composta por 25 teólogos, trouxe as seguintes conclusões:
Através da história, pessoas tem encontrado a Deus no contexto de várias 
religiões e culturas diferentes. 
Todas as tradições religiosas são ambíguas, isto é, uma combinação do que 
é bom e do que é ruim. 
É necessário progredir além de uma teologia que confina a salvação a um 
compromisso pessoal explícito com Jesus Cristo. 
Em algumas denominações o pluralismo tem sido proposto como filosofia 
oficial, como na Igreja Metodista Unida, dos Estados Unidos. Nas igrejas 
brasileiras que se consideram reformadas, a ameaça vem por diversas 
avenidas, trazendo sérios desafios à doutrina calvinista do Espírito Santo. 
Eis algumas dessas maneiras pelas quais o pragmatismo e o pluralismo têm 
invadido as igrejas históricas:
a) A adoção de uma liturgia neopentecostal, particularmente a ênfase na 
experiência. O culto hoje em igrejas evangélicas que adotaram esta ênfase, é 
geralmente uma adaptação comunitária do pragmatismo americano, onde 
todos fazem o que gostam, e todos gostam do que fazem.
b) O impacto do movimento de crescimento de igreja na área de missões e 
evangelização das denominações, missões paraeclesiásticas, e das igrejas 
locais. Mesmo as igrejas reformadas não tem escapado à penetração dessas 
influências mencionadas acima. Embora o movimento tenha levado a Igreja a 
repensar mais corretamente a sua metodologia missionária, por outro lado, 
tem provocado reações por parte de calvinistas quanto à seus pressupostos 
semi-pelagianos e sua metodologia claramente pragmatista.
A influência dessas filosofias pós-modernas pode ser percebida ainda de 
outra maneira. Uma equipe de pesquisa composta de 60 estudiosos e mais 
de 100 sócios completou um estudo sobre o presbiterianismo americano, no 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
14
seminário presbiteriano de Louisville, nos EUA. Uma das suas conclusões é 
que no século XX a denominação sofreu de uma doença teológica, com 
muitos presbiterianos evitando posições firmes e claras na área teológica 
porque diferenças doutrinais tendem a produzir conflito ou divisão. Essa é a 
razão por que eles tentaram em anos recentes resolver problemas 
potencialmente divisivos em termos políticos e não teológicos.
A diversidade de perspectivas teológicas dentro das denominações 
presbiterianas tem origem na escolha enfrentada em 1927 pela Igreja 
Presbiteriana nos Estados Unidos de América (PCUSA). A denominação teve 
que decidir entre subscrever a um conjunto fixo de doutrinas ou permitir 
uma diferença maior entre opiniões teológicas. A Igreja decidiu por não 
delinear as doutrinas exatas que todos os presbiterianos teriam que aceitar, 
uma decisão consistente com o presbiterianismo histórico daquele país. 
Debates doutrinários haviam sido freqüentes no passado, com divisões 
acontecendo sempre que as disparidades ficavam intoleráveis. A pergunta 
agora é se o pluralismo teológico produziu alguma teologia que tenha 
bastante substância. O pluralismo promete enriquecer a teologia mas na 
realidade tende a dilui-la em opções múltiplas que não são coerentes nem 
persuasivas. E a identidade reformada quanto à ação do Espírito tende a 
desaparecer.
O Desafio Hermenêutico: Neopentecostalismo
O que é o neopentecostalismo
Por neopentecostalismo quero dizer aqueles movimentos surgidos em 
décadas recentes, que são desdobramentos do pentecostalismoclássico do 
início do século, mesmo que abandonaram algumas de suas ênfases 
características e adquiriram marcas próprias, como ênfase em revelações 
diretas, curas, batalha espiritual, e particularmente uma maneira 
sobrenaturalista de encarar a realidade espiritual.
A hermenêutica destes movimentos é caracterizada por uma leitura das 
Escrituras e da realidade sempre em termos da ação sobrenatural de Deus. 
Deus é percebido somente em termos de sua ação extraordinária. Para o 
neopentecostal típico, Deus o guia na vida diária através de impulsos, 
sonhos, visões, palavras proféticas, e dá soluções aos seus problemas 
sempre de forma miraculosa, como libertações, livramentos, exorcismos e 
curas. A doutrina que define, mais que qualquer outra, as igrejas evangélicas 
no Brasil hoje, é a crença em milagres. É claro que não estou dizendo que 
crer em milagres seja errado. O que estou dizendo é que, na hora que a 
crença em milagres contemporâneos e diários passa a ser a característica 
maior da igreja evangélica, algo está errado.
Desafios para a doutrina do Espírito Santo
A hermenêutica sobrenaturalista do neopentecostalismo representa um 
desafio para a identidade reformada pois tende a menosprezar uma das 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
15
doutrinas típicas do calvinismo, que é a providência de Deus. Partindo das 
Escrituras, os reformados usam o termo providência para se referir à ação 
de Deus, pelo seu Espírito, agindo no mundo através de pessoas e 
circunstâncias da vida para atingir seus propósitos. Esses meios não são 
intervenções miraculosas ou extraordinárias de Deus na vida humana, mas 
simplesmente meios naturais secundários. Os calvinistas reconhecem que 
Deus intervém miraculosamente neste mundo, mas sempre em regime de 
exceção. Normalmente, ele age através dos meios naturais.
O neopentecostalismo, por enfatizar a ação sobrenatural e miraculosa de 
Deus no mundo (a qual não negamos, diga-se), acaba por negligenciar a 
importância da operação do Espírito Santo através de meios secundários e 
naturais. Essa negligência torna-se mais séria quando nos conscientizamos 
que o Espírito normalmente trabalha através de meios secundários e 
naturais para salvar os pecadores. Acredito não ser difícil de provar que a 
esmagadora maioria dos cristãos foram salvos através de meios naturais – 
como o testemunho de alguém, a leitura da Bíblia, a pregação da Palavra – e 
não através de intervenções miraculosas e extraordinárias, como foi a 
conversão de Paulo.
Como resultado do sobrenaturalismo neopentecostal, as igrejas reformadas 
por ele afetadas tendem a considerar os meios naturais como sendo 
espiritualmente inferiores. Um bom exemplo é a tendência de não se tomar 
remédios, como sendo falta de fé. Um outro resultado é a diminuição da 
pregação do Evangelho como meio de salvação dos pecadores, e a ênfase 
nos milagres como meio evangelístico. Assim, a obra do Espírito na Igreja e 
no mundo através dos meios naturais secundários é negligenciada, com 
graves e perniciosos efeitos nas vidas dos que abraçam a cosmovisão 
neopentecostal.
Conclusão
Esses desafios à identidade reformada quanto à ação do Espírito Santo já se 
encontram presentes em nosso meio, e prometem persistir por ainda muito 
tempo. Alguns dos movimentos contemporâneos que trazem no bojo de 
seus pressupostos e de sua metodologia esses desafios, continuam a 
crescer no Brasil, e a influenciar as igreja reformadas. Esses movimentos, 
como o reavivalismo, crescimento de igrejas, batalha espiritual e 
ecumenismo forçam as igrejas reformadas a reavaliar o que crêem quanto à 
ação do Espírito na Igreja e no mundo. O desafio é que façamos isso 
procurando cada vez mais conformar essas crenças com o ensino das 
Escrituras Sagradas, a Palavra de Deus, e com a nossa tradição calvinista.
Parte III
NÓS TAMBÉM RESSUCITAREMOS 
 1Coríntios 15
1. INTRODUÇÃO
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
16
Precisamos começar nosso estudo sobre a escatologia confessando nossa 
ignorância. Nós sabemos muito pouco, mas sabemos o mais importante: 
nosso futuro está guardado no Livro da Vida, escrito por Deus.
2. VIVENDO EM FUNÇÃO DA RESSURREIÇÃO DE JESUS CRISTO
Os versos 3 e 4, complementados pelos versos 5 a 8, formam uma síntese do 
Evangelho. Foi este o conteúdo que Paulo recebeu e transmitia. (Porque 
primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por 
nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi 
ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras; que apareceu a Cefas, e 
depois aos doze; depois apareceu a mais de 500 irmãos duma vez, dos quais 
vive ainda a maior parte, mas alguns já dormiram; depois apareceu a Tiago, 
então a todos os apóstolos; e por derradeiro de todos apareceu também a 
mim, como a um abortivo.
2.1. A narrativa da ressurreição
Este é o Evangelho que nós recebemos e devemos transmitir. Por isto, 
precisamos começar falando do fato da ressurreição de Jesus e o faremos 
primeiramente de forma poética.
ELOGIO À MULHER
O teu olhar para dentro da noite
é o olhar de quem busca a vida
e não teme o sepulcro.
A tua lágrima que salta de dentro 
é a lágrima de quem perdeu
toda a luz que da alegria nasce.
A tua visão de dois anjos na noite
é a visão de quem enxerga o mistério
e ouve a sua voz em meio ao silêncio triste.
Soluça, mulher, maria , madalena,
que no fundo dos teus olhos
dois anjos proclamarão a manhã.
Chora, mulher, maria, madalena,
que nos intervalos dos teus soluços
ouvirás a palavra de quem procuras.
Mulher, reclama o corpo que roubaram.
Ladrões, para onde o levaram?
Mulher, de quem é esta voz que te olha?
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
17
De quem é este olhar que te chama?
Olha, mulher, e vê que é rosto do homem que querias morto.
E agora tu o chamas pelo nome das flores.
E agora tu o vês pela imagem das águas
antes que ele Deus todo seja
e marche para o azul ao encontro deste Pai
que se fez filho conosco
e se deixou enterrar nas horas das pedras
Tu o viste, não entre a reclusão das lápides,
nem a respirar a quietude dos troncos tombados,
mas a caminhar por entre as pétalas,
a ouvir o teu lamento sem luz.
Tu o viste, não a anunciar a vitória da noite,
nem a chorar a dor por quem partiu para sempre,
Mas a proclamar o sorriso suave dos teus lábios,
tu que sorriste com ele
na mais feliz de todas as madrugadas:
quando a rocha se fendeu
e ele pôde enxugar da fronte o orvalho que anunciava a sua ressurreição.
(Israel Belo de Azevedo)
2.2. O fato da ressurreição (v. 11-11,20)
A morte de Jesus é um fato histórico não mais questionado e, junto com ele, 
o seu sepultamento. No entanto, a sua ressurreição tem sido questionada 
em sua veracidade histórica e isto não é de hoje. Também, e igualmente não 
de hoje, tem sido questionada fortemente a possibilidade da ressurreição 
dos homens no final dos tempos, especialmente pela dificuldade de elas 
(tanto a de Jesus quanto a dos cristãos) fazerem sentido à luz da razão.
2.2.1. Contestações à ressurreição
Quanto à ressurreição de Jesus, os argumentos em contrário, são, entre 
outros:
A falta de documentos extrabíblicos que a registrem; 
As contradições nas narrativas bíblicas sobre o mesmo fenômeno; 
A impossibilidade da ressurreição à luz da razão; 
A natureza não essencial da ressurreição para a fé cristã. 
Quanto à ressurreição dos mortos em geral, argumenta-se que o fenômeno, 
tal como aconteceu com a de Cristo, não tem amparo na razão, à qual devem 
estar subordinados todos os fatos.
2.2.2. Respostas às contestações
De fato, não há narrativas extrabíblicas para o fato da ressurreição de Jesus. 
Não o há também para o nascimento e para a morte de Jesus.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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A ressurreição é apontada como um fato essencial para a fé. O apóstolo 
Paulo várias vezes o afirma, deixando bem claro, em Romanos 10.9-10, que a 
salvação vem pelaconfissão de Jesus Cristo como Senhor e pela crença de 
que o Pai ressuscitou Jesus dentre os mortos.
Quanto às chamadas contradições, tratam-se antes de narrativas com focos 
particulares. Cada testemunha narrou segundo a sua perspectiva e segundo 
o que viu. Aliás, o teórico comunista Karl Kautsky começou a levantar estas 
contradições para desmascarar o Cristianismo. Sua conclusão, que ajudou a 
expulsá-lo do Partido Comunista foi outra: se a ressurreição de Jesus fosse 
uma lenda, as versões seriam previamente combinadas; o fato de guardarem 
uma subjetividade entre elas é uma evidência que nada foi inventado. Por 
isto tem razão também outro não cristão, o historiador judeu Pinchas lapide, 
para quem a ressurreição é a certidão de nascimento do Cristianismo.
Os símbolos cristãos são símbolos da Ressurreição. O que é o batismo? A 
imersão simboliza a morte para o pecado e a ressurreição para uma nova 
vida. O que é a Ceia, senão a afirmação da morte de Cristo e sua volta, que 
só é possível por ter ressuscitado.
Não podemos esquecer ainda que parte das testemunhas do túmulo vazio 
era formada por mulheres. Se a história fosse uma lenda, seus inventores 
não colocariam essas narrativas nas bocas das mulheres, incapazes, na 
lógica da época, da falar a verdade e, portanto, indignas de crédito. Que 
judeu iria crer numa ressurreição testemunhada por mulheres.
Há outra evidência interessante. Quanto custou para os primeiros a fé na 
ressurreição? Além do escárnio, muitos pagaram com a vida. Não seria 
razoável morreriam por uma lenda. Eles pregaram o Evangelho da 
Ressurreição como testemunhas.
Alguém dirá que Paulo não foi testemunha ocular e, de fato, não o foi. Ele 
pelo se autodenomina de apóstolo (testemunha) nascido fora do tempo (v.8). 
Os versículos 3 e 8, especialmente 3 e 4, não são da lavra do Paulo, que 
afirma tê-los recebido. Quando ele começou a pregar, já pregava segundo as 
Escrituras, isto é, segundo o que recebera de outras testemunhas. A fé na 
Ressurreição não foi inventada por Paulo. A fé na Ressurreição não foi 
inventada por Paulo. Ele creu nela depois que o próprio Jesus lhe apareceu 
e depois do que aprendeu com os outros cristãos.
Se é difícil crer na Ressurreição de Jesus, e o é, porque fruto da fé, é mais 
difícil ainda crer nas idéias, há muito esposadas, que o corpo dele foi, na 
verdade, roubado. 
Os antigos judeus não sustentaram esta farsa diante de José de Arimatéia. 
Mais recentemente, muitos creram noutro delírio: que ele não ressuscitou, 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
19
mas se reincarnou. Há gente de provas documentais e racionais para a 
perspectivas cristã leva pessoas a forjarem teses delirantes, sem qualquer 
apoio documental contemporâneo e sem qualquer elemento de 
racionalidade.
O problema do crivo racional é tão sério que até mesmo cristãos, como 
Rudolf Bultmann, no início do século 20, chegaram a considerar como não 
essencial a ressurreição de Jesus. Ensinava aquele teólogo que o 
importante era ter a fé que os primeiros cristãos tiveram, pouco importando 
a historicidade desta fé.
3. A FELICIDADE DA FÉ NA RESSURREIÇÃO
Paulo cria na Ressurreição como um fato histórico e deriva o fato da nossa 
própria ressurreição daquela.
É como ele que devemos crer. Ele lembra que a crença na Ressurreição era 
parte da pregaçào da Igreja. O autor de !Coríntios relaciona esta ressurreição 
com a nossa. (Se não há ressurreição de mortos, então Cristo não 
ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e vã a nossa 
fé, e somos tidos como falsas testemunhas de Deus. (...) Se a nossa 
esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de 
todos os homens. (v. 12-19)
Sem a fé na Ressurreição de Cristo e sem a esperança em nossa 
ressurreição no fianl dos tempos, nós somos infelizes.
Por que somos infelizes sem a Ressurreição?
Somos infelizes porque cremos numa Bíblia que nos ensina uma farsa e nos 
faz crer numa lenda ou numa alucinação coletiva, mas acontecia em blocos, 
porque pessoas isoladas e grupos viram Jesus com o corpo glorificado. 
Somos infelizes porque cremos num Cristianismo, que faz de uma lenda o 
pilar do seu conteúdo existencial e teológico. 
Somos infelizes porque abrimos mão da bênção regeneradora da 
ressurreição (1Pedro 1.3). Sem a ressurreição, o evangelho está incompleto. 
Sem a ressurreição não podemos ser salvos. Não há poder na mentira. 
Somos infelizes porque abrimos mão da fé para ficar com a razão, razão que 
matou Jesus Cristo, razão que foi insuficiente (junto com a Lei) para levar o 
homem ao reencontro com Deus, razão que não faz nenhum de nós um salvo 
por Cristo no presente e no futuro. Aliás, o século 20, o século da razão por 
excelência, é a maior prova da falácia e da insuficiência da razão, pois foi o 
século com maior número de guerras e de vítimas de toda a história da 
humanidade. 
Nós temos esquecido que Cristo ressuscitou. Tem feito pouca diferença em 
nossas vidas a esperança de que ressuscitaremos.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
20
Como Paulo, precisamos crer na Ressurreição de Jesus, por se tratar de 
uma das colunas da fé cristã.
Mais que crer, precisamos viver como se crêssemos na Ressurreição, 
porque somos capazes de cantar e declarar que cremos em algo sem viver 
como se crêssemos.
Cristo ressuscitou para que nós pudéssemos ressuscitar -- eis o fundamento 
de nossa própria esperança.
4. UMA VIDA RADICALMENTE DIFERENTE
Na primeira parte do capítulo, o apóstolo Paulo põe todo o seu argumento na 
certeza da ressurreição de Cristo e dela deriva a esperança da nossa. 
Precisamos ficar com esta ênfase: se não vamos viver uma vida pós-
humana, somos lastimáveis humanos. A ressurreição de Jesus e a nossa 
não são temas apenas de natureza especulativa, mas de ordem existencial.
O argumento da indispensabilidade da ressurreição é repetido nas partes 
seguintes do mesmo capítulo. Conquanto o apóstolo não detalhe o chronos 
do que há de vir, oferece-nos uma visão bastante ampla da existência pós-
histórica.
4.1. Entre o fanatismo milenista e o fatalismo secularista
Os temas relacionados à escatologia têm sido tratados de duas maneiras 
antitéticas: uma se aproxima da superstição e outra compõe a fila do 
paganismo.
Essas duas tendências são retratadas neste capítulo 15 de 2Coríntios, 
especificamente nos versículos 29 e 32.
4.1.1. O milênio como superstição
No verso 29, o apóstolo Paulo menciona que em Corinto havia cristãos que 
se batizavam por antepassados mortos. (De outra maneira, que farão os que 
se batizam pelos mortos? Se absolutamente os mortos não ressuscitam, por 
que então se batizam por eles?) Esses cristãos estavam tão certos que 
Cristo voltaria para aquela geração que, para salvar seus queridos já mortos, 
lançavam-se às águas do batismo, achando que assim contribuiriam para a 
remissão dos pecados deles e os preparariam para o juízo final próximo.
A propósito, os mórmons, com cujos representantes cruzamos a todo 
instante pelas ruas da cidade, ensinam, a partir deste versículo, que os 
cristãos de hoje devem se batizar pelos seus parentes não cristãos para que 
eles possam ser salvos. É uma espécie de quebra de maldição ao contrário. 
Esses intérpretes preferem ignorar o fato que, quando Paulo menciona 
batismo pelos mortos, ele não a recomenda, mas apenas a sua para 
argumentar o seu absurdo... Além disso, eles se esquecem da verdade 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
21
bíblica essencial, segundo a qual nós somos julgados quando, em vida, 
escolhemos aceitar ou recusar o sacrifício de Jesus Cristo por nós. Como 
diz o evangelista João, quem crê [em Jesus] não é julgado; mas quem não 
crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus 
(João 3.18). 
O fanatismo coríntio, no entanto, encontrou entre os tessalonicenses outra 
expressão. Muitos deixaram os seus empregos e suas escolas, certosque a 
volta iminente de Cristo tornava inúteis o trabalho e o estudo. Ao longo da 
história, este erro foi várias vezes cometido. Centenas de líderes fanáticos 
marcaram datas e lugares para a parousia. Todos fracassaram, como 
fracassarão todos que continuarem a fazê-lo e muitos ainda o farão. Há 
pessoas que querem saber mais que Jesus, que garantiu que aquele dia e 
hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o 
Pai (Mateus 24.36). Devemos, portanto, tomar cuidado com as escatologias 
calendaristas, aquelas que, olhando os inequívocos sinais da proximidade 
do fim da história, equivocam-se ao marcar, com certeza, esquemas e datas.
4.1.2. O milênio distante
A segunda tendência Paulo a menciona de passagem no versículo 32, 
quando transcreve um dos argumentos da filosofia epicurista, bastante 
aceita à época. (Se, como homem, combati em Éfeso com as feras, que me 
aproveita isso? Se os mortos não são ressuscitados, comamos e bebamos, 
porque amanhã morreremos.)
Contrariamente àqueles que vivem como se o mundo fosse explodir pelos 
ares ainda hoje, os secularistas de Corinto e de nossa cidade vivem na 
perspectiva que isto jamais acontecerá ou, se acontecer, está muito distante. 
Nesta visão, a história não tem um sentido. Sartre, que embalou as duas 
gerações do pós-guerra, ensinava que a vida não tem sentido; só o presente 
importa. Epicuro, no passado remoto, e Sartre, no passado recente, têm 
corrompido a nossa teologia prática. Em Corintio e em nossa cidade, as más 
companhias corrompem os bons costumes (verso 33). Por isto, o apóstolo 
recomenda: Acordai para a justiça e não pequeis mais; porque alguns ainda 
não têm conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa (verso 34). Em 
outras palavras, quem está neste caminho secularizado deve acordar para a 
justiça, isto é, para a verdade do Evangelho, e não pecar mais seguindo 
vergonhosamente teorias e perspectivas contrárias à Palavra de Deus.
Para os existencialistas de ontem ou de hoje, Cristo voltará, mas não para 
esta geração. Logo, o importante é viver o agora. Há cristãos para os quais a 
parousia não significa nada; é como se não fosse algo relevante, embora 
haja uma profusão de textos bíblicos a respeito e todo um livro para a 
descrever, o Apocalipse.
O tema da escatologia afugenta a muita gente, por suas dificuldades e pelas 
muitas discordâncias entre os estudiosos do assunto. Além disso, de tanto 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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se falar que a volta de Cristo está próxima, ela acaba vista como sendo algo 
distante...
No século 19 houve também uma tendência explícita, a de que o homem 
construiria uma sociedade com tal grau de perfeição, pela influência do 
Evangelho, que não haveria necessidade de Cristo voltar. O progresso 
educacional, moral, científico e tecnológico a nova terra. Nós 
reescreveríamos os apóstolos: Cristo não precisaria voltar; nós é que 
iríamos ao seu encontro, ao realizarmos seu projeto. Hoje não se enuncia 
esta teologia, mas se vivencia esta teologia imanentista, o que é pior.
4.1.3. Uma visão bíblica
Diferentemente destas visões equivocadas, precisamos de uma visão bíblica 
acerca do presente e do futuro. O nosso presente é possível porque no 
passado Jesus Cristo morreu e ressuscitou por nós. O nosso presente é 
possível porque no futuro Jesus Cristo voltará para nos fazer ressucitar e 
viver para sempre com Ele num tipo de vida radicalmente diferente da que 
conhecemos e experimentamos.
Nossa visão de Jesus Cristo deve ser tão forte que nos leve a viver como 
Paulo, que perguntava: E por que nos expomos também nós a perigos a toda 
hora? Sua resposta era veemente: Eu vos declaro, irmãos, pela glória que de 
vós tenho em Cristo Jesus nosso Senhor, que morro todos os dias (versos 
30 e 31). Nós vivemos segundo o que cremos. Se cremos que Jesus Cristo 
veio, nós o oferecemos a todos quantos podemos; se cremos que Ele 
voltará, queremos que outras pessoas nos acampanhem nesta jornada sem 
fim pelo tempo sem relógio da eternidade.
5. A HISTÓRIA TEM SENTIDO
O estudo da escatologia, como ensinada pelo apóstolo Paulo, no capítulo 15 
de 1Coríntios, nos mostra que a história tem um sentido.
Então virá o fim quando ele entregar o reino a Deus o Pai, quando houver 
destruído todo domínio e toda autoridade e todo poder.
Pois é necessário que ele reine até que haja posto todos os inimigos debaixo 
de seus pés. (Ora, o último inimigo a ser destruído é a morte.) Pois se lê: 
"Todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés". Mas, quando diz: "Todas as 
coisas lhe estão sujeitas", claro está que se excetua aquele que lhe sujeitou 
todas as coisas.
E, quando todas as coisas lhe estiverem sujeitas, então também o próprio 
Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, para que Deus 
seja tudo em todos (versos 24-28).
A história humana terá um fim quando o mal for aniquilado de modo 
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terminal. O presente geme pela atuação dos domínios, autoridades e 
poderes. Este é a primeira utilidade de uma fé que contempla as dimensões 
escatológicas: nossa vida hoje pode ser marcada pelo gemido, mas esta 
história terá um fim.
Não há inimigo que não seja derrotado. Aquele que derrotou o inimigo 
definitivo, que é a morte, tornada relativa, derrotará qualquer outro tipo de 
inimigo. A morte não venceu Jesus; graças a Ele, a morte não nos vencerá.
Todos aquele que aceitar esta morte não experimentará o poder da morte 
sobre si. Toda a força da morte despencou sobre o corpo de Jesus, que 
afundou numa tumba. Se a história tivesse acabado assim, estaríamos todos 
mortos também. No entanto, todo o poder de Deus levantou Jesus de entre 
os mortos, para que nós vivêssemos. Este é o resumo do Evangelho.
No final dos tempos, Jesus entregará o Reino de Deus ao Pai. Esta afirmação 
deve ser compreendia no interior da economia divina da história, sob pena 
de não entendermos a natureza da 
Trindade. O que Paulo nos ensina é que o Filho tem uma missão e esta 
missão terá um fim: chegará o tempo em que Ele não será mais o mediador 
entre os homens e o Pai, porque não será mais necessária a presença de um 
mediador, já que os homens e a Trindade estarão em contato direto e eterno, 
na grande festa celestial. Ele, então, chegará perante o Pai e anunciará que 
sua obra terminou.
Quando isto acontecer, o Filho receberá toda honra, toda riqueza, toda 
sabedoria, toda força, toda honra, toda glória e toda bênção (Apocalipse 
5.12). O contraste é claro: Ele derrota toda a autoridade e recebe por isto 
toda honra. A glória do Filho é a mesma do Pai. No final dos tempos, o 
Cordeiro reinará, submetendo sua obra ao Pai, que o exaltará sobre todo 
nome e toda a pessoa, e fará com que todo joelho dobre diante dEle e toda a 
língua Lhe cante louvores, porque estará completa a obra da salvação 
(Filipenses 2.9-11).
Esta obra, no entanto, começou na criação do mundo e continuou na 
Encarnação. Desde então Cristo reina. Ele venceu a morte porque reinava. 
Nós, no entanto, ainda não vencemos a morte. Venceremos quando Cristo 
nos ressuscitar dentre os mortos. Todos os sofrimentos humanos 
encontram são recompensados com a ressurreição, que os faz cessar e dá 
sentido a eles. 
Por isto, as últimas coisas (escaton) são, na verdade, as primeiras. Cristo é o 
princípio e o fim, o Alfa e Ômega, na linguagem apocalíptica. Quem está no 
princípio e no fim governa o presente, o nosso presente.
É encorajador saber que Jesus Cristo é rei agora também. É animador saber 
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que, a apesar da aparência do Seu sumiço da história, Ele a controla. Ele nos 
controla. Ele controla as pessoas ao nosso redor. Ele controla as 
circunstâncias ao nosso redor. Ele controla a história, história que marcha 
para reconhecer que Ele é o Senhor.
6. NÃO PODEMOS PREVER O TEMPO DA PAROUSIA
Sofremos porque não vemos com clareza o tempoda vinda de Jesus Cristo. 
Nós gostaríamos de sabê-lo, embora isto fosse péssimo. Se a parousia fosse 
ocorrer este ano, e nós o soubéssemos, nós ficaríamos paralisados, como 
ficaram alguns da igreja de Tessalônica nos tempos apostólicos. Se a 
parousia fosse ocorrer em gerações posteriores à nossa, e nós o 
soubéssemos, nós ficaríamos descansados e não permitiríamos que ela 
afetasse o nosso presente.
É daí que advém a tendência de se calendarizar os acontecimentos 
escatológicos.
Sabemos o que vai acontecer, porque a Bíblia é clara quanto a esta 
descrição. Sabemos porque vai acontecer, uma vez que é a forma pela qual 
Deus se torna tudo em todos. A Bíblia, do Antigo ao Novo Testamento, 
garante-nos que, no final dos tempos, Deus reconciliará a criação, inclusive 
a criação humana, consigo. Os problemas estão no quando e no como.
6.1. A seqüência
Somos informados, em linhas gerais, a seqüência dos acontecimentos do 
fim. Paulo a enumera nos versos 24 a 28 e 20 a 23:
Na realidade Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, sendo ele as primícias 
dos que dormem. Porque, assim como por um homem veio a morte, também 
por um homem veio a ressurreição dos mortos. Pois como em Adão todos 
morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão vivificados. Cada um, 
porém, na sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na 
sua vinda (versos 20-23).
Os acontecimentos do fim estão no passado (encarnação e glorificação de 
Jesus), no presente (nossa aceitação ou recusa do sacrifício de Cristo) e no 
futuro. No caso dos salvos, o esquema é claramente o seguinte.
morte de Jesus Cristo » nossa morte (ou transformação, para quem estiver 
vivo) 
ressurreição de Jesus Cristo » nossa ressurreição (ou transformação para 
quem estiver vivo) 
parousia » nosso arrebatamento 
juízo final » nosso julgamento 
consumação do Reino de Deus » vida celestial 
Esta seqüência geral pode ser detalhada, mas, ao fazê-lo, não podemos 
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perder a visão global da história no projeto de Deus. Mesmo as 
discordâncias quanto ao tempo dos acontecimentos do fim no futuro não 
nos devem separar da esperança que o Jesus que reina agora reinará 
plenamente no porvir.
Os pré-milenistas não podem abafar a esperança com seus esquemas. Os 
pós-milenistas não podem anular a esperança com seu otimismo. Os a-
milenistas não podem empobrecer a esperança com a redução dos 
acontecimentos do fim a meros símbolos.
6.2. Os sinais
Pressupondo a parousia é o acontecimento central, em torno do qual 
orbitam os demais, devemos nos acautelar duplamente, com o cuidado de 
não achar que a volta de Cristo é algo para o "são nunca de tarde" (conforme 
o alerta de Pedro -- 2Pedro 3.9) ou que é algo para tão breve que nos 
perturbe (2Tessalonicenses 2.2).
Nós simplesmente não conhecemos o tempo da volta de Jesus Cristo. E isto 
é muito bom, conquanto para alguns possa soar como um convite a colocá-
lo para um futuro remoto. Nós temos que viver como se Ele fosse voltar 
hoje, com os olhos voltados para a Sua direção. Nós temos que viver como 
se Ele fosse ainda demorar a retornar, mantendo nossos olhos voltados para 
o crescimento em direção à Sua estatura perfeita. Enquanto tocamos nossos 
projetos, de curto, médio e longo prazos, devemos esperar e desejar a volta.
Era assim que Paulo pensava e agia. Embora achasse que alguns de sua 
geração seriam arrebatados e transformados, sem passarem pela 
experiência da morte (só a da transformação), pela iminência da parousia 
(versículo 51), ele não deixava de fazer projetos para a universalização do 
Evangelho.
Os sinais do fim estão na Bíblia. Alguns já se cumpriram claramente. Outros 
ainda não se cumpriram. Devemos ter cuidado de não os ignorar, mas 
também de não os produzir, fazendo com que fatos se encaixem 
artificialmente em nossos esquemas. Entre a indiferença em relação aos 
sinais e a indústria dos sinais, devemos ficar com a oração apostólica: 
"Maranata!" Enquanto a parousia não acontece, devemos pedir por ela, 
repetindo a frase com a qual Paulo termina esta epístola: "Maranata!", que 
quer dizer: "Vem, Senhor Jesus" (1Coríntios 16.22).
Devemos ter a humildade ainda de reconhecer que há sinais que dificilmente 
conseguiremos divisar com clareza. O objetivo dos sinais é nos advertir 
contra a possibilidade de marcar tempos que só Deus conhece. O Senhor da 
história não é refém de nossas interpretações, que falham, conquanto Ele 
não falhe jamais.
7. SÓ PODEMOS FALAR DA ETERNIDADE POR MEIO DA LINGUAGEM 
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26
POÉTICA
Além da fixação do tempo para os acontecimentos do fim, nós lavramos em 
um outro tipo de dificuldade: a linguagem. A linguagem objetiva não 
consegue falar da eternidade; só a imaginação poética nos ajuda. É isto que 
faz o autor de Apocalipse. Tudo ali é poesia.
7.1. A imaginação poética
Toda a descrição da vida celestial, ao longo de todo o Novo Testamento, é 
poética. É a poesia que nos ajuda a descrever a morte, a ressurreição, a 
parousia e o céu. A poesia não remete para a mentira, mas para a 
incompetência da linguagem narrativa (jornalística, objetiva, positiva).
Não podemos tomar as imagens acerca da vida celestial e limitá-las. Quem lê 
o salmo 23 não pensa que Deus seja um pastor de ovelhas com um cajado 
na mão a cuidar delas, mas -- isso, sim -- imagina que Deus se parece com 
um pastor de ovelhas com um cajado na mão a cuidar dos seus filhos. Quem 
lê a descrição das ruas celestiais, como a de Apocalipse, não deve imaginá-
las como sendo de ouro, mas como sendo tão imponentes e valorosos como 
o ouro, o mais rico dos metais preciosos, razão por que foi utilizado para 
servir como meio de comparação acerca da vida pós-esta. O céu é um lugar. 
Até podemos chamá-lo de nova terra, à falta de elementos para descrevê-lo, 
porque nada tem a ver com esta vida aqui e nada sabemos como ela será, a 
não ser que será radicalmente diferente desta.
Diante de nossa impossibilidade de imaginar o diferente como sendo 
diferente, só podemos falar da eternidade por meio da linguagem poética. 
Um exemplo neste capítulo é a referência à morte como sendo um sono (os 
que dormem -- versículo 20 --, nem todos dormiremos -- versículo 51). O 
apóstolo não está falando do sono da alma: está usando um termo próprio 
da tradição bíblica para descrever a morte.
7.2. A vida celestial
Em sua descrição poética, Paulo prefere usar a imagem da semente para 
descrever a natureza de nossos corpos (?) celestiais. 
Mas alguém dirá: Como ressuscitam os mortos? e com que qualidade de 
corpo vêm?
Insensato! o que tu semeias não é vivificado, se primeiro não morrer. E, 
quando semeias, não semeias o corpo que há de nascer, mas o simples 
grão, como o de trigo, ou o de outra qualquer semente. Mas Deus lhe dá um 
corpo como lhe aprouve, e a cada uma das sementes um corpo próprio.
Nem toda carne é uma mesma carne; mas uma é a carne dos homens, outra 
a carne dos animais, outra a das aves e outra a dos peixes. Também há 
corpos celestes e corpos terrestres, mas uma é a glória dos celestes e outra 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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a dos terrestres. Uma é a glória do sol, outra a glória da lua e outra a glória 
das estrelas; porque uma estrela difere em glória de outra estrela.
Assim também é a ressurreição, é ressuscitado em incorrupção. Semeia-se 
em ignomínia, é ressuscitado em glória. Semeia-se em fraqueza, é 
ressuscitado em poder. Semeia-se corpo animal, é ressuscitado corpo 
espiritual. Se há corpo animal, há também corpo espiritual. (Assim também 
está escrito: O primeiro homem, Adão, tornou-se alma vivente; o último 
Adão, espírito vivificante.) Mas não é primeiro o espiritual, senão o animal; 
depois o espiritual. O primeiro homem, sendo da terra, é terreno; o segundo 
homem é do céu. Qual o terreno, tais também os terrenos; e, qual o celestial, 
tais também os celestiais. E, assim como trouxemosa imagem do terreno, 
traremos também a imagem do celestial.
Mas digo isto, irmãos, que carne e sangue não podem herdar o reino de 
Deus; nem a corrupção herda a incorrupção.
Eis aqui vos digo um mistério: Nem todos dormiremos mas todos seremos 
transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da 
última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos serão ressuscitados 
incorruptíveis, e nós seremos transformados.
Porque é necessário que isto que é corruptível se revista da 
incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. Mas, 
quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é 
mortal se revestir da imortalidade, então se cumprirá a palavra que está 
escrito: "Tragada foi a morte na vitória". Onde está, o morte, a tua vitória? 
Onde está, o morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a 
força do pecado é a lei.
Mas graças a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo 
(versos 35-57).
Desta seção, eivada de imagens poéticas, podemos reter algumas verdades 
inquestionáveis:
1. A vida celestial é radicalmente diferente da vida terrena. Um fruto não se 
parece com o grão do qual germinou. Uma árvore não se parece com a 
semente que a fez nascer. A vida celeste não se parece com a vida terrena.
Nossos novos corpos não conhecerão as limitações de tempo e espaço que 
experimentam aqui. Podemos, diante disto, ainda nos referir a eles como 
"corpos"? Não está o apóstolo novamente fazendo poesia?
2. Estes nossos novos corpos serão corpos glorificados. O máximo que 
podemos saber a este respeito é que estes novos corpos se parecerão com 
o corpo do Jesus ressurreto. Mais do que isto não sabemos, exceto ainda 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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que, quando adentrarmos à eternidade, os elementos constitutivos desses 
nossos corpos não serão mais a carne e o sangue, isto é, não serão células 
biologicamente formadas, nem serão mais passíveis de ser atingidas pelo 
poder do pecado.
3. A participação na vida eterna celeste é o cume do processo iniciado na 
ressurreição de Jesus: a vitória sobre a morte. Depois de ver Jesus reinando 
nos céus e de nos contemplar ajoelhados diante dEle confessando o Seu 
senhorio, Paulo pergunta à morte, com ironia:
-- Ei, morte, onde está a ponta aguçada de ferro com a qual você flagelava as 
pessoas? Ei, morte, onde está o seu sorriso de vitória? 
Mesmo a morte, este acontecimento definitivo, tornou-se relativa diante do 
Absoluto dos absolutos. Por isto, podemos cantar que Jesus está vencendo 
e um dia terminará sua obra.
8. CONCLUSÃO
O apóstolo Paulo termina seu capítulo mostrando qual deve ser o sentido de 
se estudar escatologia: reafirmar o valor da confiança no Senhor, que 
transforma as nossas ações em ações úteis no Seu reino.
A especulação deve ceder lugar ao compromisso.
A recordação deve preceder a esperança.
Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e constantes, sempre 
abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no 
Senhor (verso 58).
Podemos concluir com esta oração, própria do cristão que ora, age e espera.
PLANETA PRECÁRIO
Ele vem.
A qualquer momento, ele vem.
E eu estou indo ao seu encontro.
Ainda visto as roupas de sempre,
ainda olho nas mesmas direções,
ainda piso nos mesmos caminhos,
ainda toco nos mesmos corpos,
ainda digo as mesmas palavras que os homens
mas eu espero a hora
o instante do encontro
para um abraço muito longo.
E o meu rosto será outro.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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E o meu verbo será outro.
E o meu corpo será outro.
Pode ser que eu chegue primeiro
porque eu tenho muita pressa de chegar.
Se primeiro eu for,
receberei logo a sua palavra,
mas o seu corpo
certamente esperarei
pela minha pressa de chegar.
Parte IV
UMA MULHER VESTIDA DO SOL 
 
Um sinal grandioso apareceu no céu: uma Mulher vestida com o sol, tendo a lua 
sob os pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas; estava grávida e 
gritava, entre as dores do parto, atormentada para dar à luz. Apareceu então outro 
sinal no céu: um grande Dragão, cor de fogo, com sete cabeças e dez chifres e 
sobre as cabeças sete diademas; sua cauda arrastava um terço das estrelas do 
céu, lançando-as para a terra. O Dragão colocou-se diante da mulher que estava 
para dar à luz, a fim de lhe devorar o filho, tão logo nascesse. Ela deu à luz um 
filho, um varão, que Irá reger todas as nações com um cetro de ferro. Seu filho, 
porém, foi arrebatado para junto de Deus e de seu trono, e a Mulher fugiu para o 
deserto, onde Deus lhe havia preparado um lugar em que fosse alimentada por mil 
duzentos e sessenta dias. (...) Ao ver que fora expulso para a terra, o Dragão pôs-
se a perseguir a Mulher que dera à luz o filho varão. Ela, porém, recebeu as duas 
asas da grande águia para voar ao deserto, para o lugar em que, longe da 
Serpente, é alimentada, é alimentada por um tempo, tempos e metade de um 
tempo. A Serpente, então, vomitou água como um rio atrás da Mulher: a terra 
abriu a boca e engoliu a água que o Dragão vomitara. Enfurecido por causa da 
mulher, o Dragão foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes, os que 
observam os mandamentos de Deus e mantêm o Testemunho de Jesus" (Ap 
12.1.17). 
Seria a santa Maria, a mãe de Jesus, essa "Mulher que deu à luz um varão", fugiu 
para o deserto, onde foi alimentada por mil duzentos e sessenta dias? Colhemos 
de um site de apologética católica a seguinte interpretação extra-oficial: 
"No Apocalipse, João contempla nesta visão três verdades: a Assunção de Nossa 
Senhora, sua glorificação, sua maternidade espiritual. O Apocalipse descreve que 
esta mulher "estava grávida e (...) deu à luz um Filho, um menino, aquele que 
deve reger todas as nações..." (Ap 12, 2.5 ). Qual mulher, que de fato, esteve 
grávida de Jesus senão a Santíssima Virgem? (conf. Is 7, 14). Outros contestam, 
dizendo que esta mulher é símbolo da Igreja nascente. Mas, a Igreja nunca esteve 
"grávida" de Jesus Cristo! Antes, foi Cristo que gerou a Igreja, foi ele que a 
estabeleceu e a sustenta. E para provar que esta mulher é exclusivamente Nossa 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida
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Senhora, em outro lugar está escrito: "O Dragão vendo que fora precipitado na 
terra, perseguiu a Mulher que dera à luz o Menino" ( Ap 12, 13 ). A Igreja teria 
dado à luz a um Menino? Evidente que não! Portanto esta mulher refulgente é 
unicamente, Nossa Senhora, pois foi ela unicamente que gerou "o menino" 
prometido conf. Is 9, 5 ). Diz ainda a Sagrada Escritura que: "(o Dragão) deteve-se 
diante da Mulher que estava para dar à luz (...) para lhe devorar o Filho (...) A 
Mulher fugiu para o deserto, onde (...) foi sustentada por mil duzentos e sessenta 
dias" ( AP 12, 4.6 ). De fato, o demônio maquinou contra a vida de Jesus desde 
seu nascimento, na pessoa do perseguidor Herodes. Maria fugiu então com o filho 
para o deserto (Egito). Lá ficou por aproximadamente mil e duzentos e sessenta 
dias (três anos e meio). Ou seja, do ano 7 AC, ano do nascimento de Jesus, 
conforme atualmente se acredita, até março-abril do ano 4 AC, ano da morte de 
Herodes. Perfazendo os três anos e meio de exílio, nos quais foi sustentada pela 
Providência. Portanto, todos esses versículos, confirmam primeiramente a 
assunção de Nossa Senhora. Pois o apóstolo a contempla revestida de sol, já 
estabelecida desde agora na glória prometida pelo seu Filho, quando diz "Os 
justos resplandecerão como o sol" (Mt 13,43). Confirma incontestavelmente sua 
realeza espiritual, pois a mesma se apresenta coroada com doze estrelas, símbolo 
das doze tribos de Israel e dos doze apóstolos. Portanto Rainha do Antigo e do 
Novo Testamento. Por fim confirma sua maternidade espiritual, pois diz o Espírito 
Santo: "(O Dragão) se irritou contra a Mulher ( Maria ) e foi fazer guerra ao resto 
de sua descendência ( seus filhos espirituais ), os que guardam os mandamentos

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