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FATEFINA - Curso de teologia - Estudo da teologia de seitas e heresia 347

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Convenio FENIPE e FATEFINA Promoção dos 300.000 Cursos Grátis 
Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls. 
173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em 27 de 
Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira 
APOSTILA Nº. 35/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 347 PAGINAS. 
Apostila 35
Estudo da Teologia de Seitas e Heresia EINSTEIN E OS CAMINHOS DA 
CRIAÇÃO
 Parte I
A cosmogonia judaica e o conceito espaço-tempo - em Gênesis Um 
Aos olhos de Hitler e de seus fiéis, conforme descreve Raphaël Draï [La Pensée 
Juive et L'Interrogation Divine, Exégèse et Épistémologie (Paris: Presses 
Universitaires de France, 1966) 1], existia um perigoso pensamento judaico, 
caracterizado por sua essência maléfica, inspiradora da física de Einstein, da 
literatura de Kafka, da música de Schoenberg e da psicanálise de Freud. Deixando 
de lado os delírios hitlerianos, podemos dizer que há um criativo e fecundo 
pensamento judaico, que através dos séculos soube combinar Torah e 
conhecimento, ética e epistemologia. Nosso propósito é, numa primeira 
aproximação, mostrar que os estudos judaicos dos conteúdos de Gênesis Um 
produziram uma epistemologia que interliga o conceito espaço/tempo em Gênesis 
Um com a teoria da relatividade. Essa dialética tem especial importância para a 
teologia cristã, já que a partir dela podemos entender melhor a realidade de 
Gênesis Um.
No começar Deus criando o fogoágua e a terra.
E a terra era lodo torvo e a treva sobre o rosto do abismo
E o sopro-Deus revoa sobre o rosto da água.
[Tradução de Augusto de Campos in Bere'shith, A Cena da Origem, SP, 
Perspectiva, 1988, p. 45].
O desafio maior para quem analisa significações é o próprio exercício da leitura. O 
desejo de conservar a linguagem pode levar a uma solução oposta àquela se 
pretende. Considerar o simbólico como abstrato e irrelevante é, em última 
instância, separar signo e objeto. Assim quando um texto passa a ser apenas e 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 1
somente um conjunto fechado costumamos dizer que compreendemos o referido 
texto. Mas ao fazer isso, na verdade, eliminamos a possibilidade de restaurar sua 
intenção original e de ultrapassar a letra para captar o sentido primeiro de seu 
autor. Logicamente, esse midrash tem como ponto de partida, e exige como 
garantia, a compreensão do primeiro discurso.
Em novembro de 1942, o poeta e crítico Ezra Pound afirmava que "o mistério 
profundo da vida é descobrir porque os outros não compreendem aquilo que se 
escreve e diz. A coisa parece simples e clara ao escritor, mas outros o tomam em 
sentido diferente. E se gastam anos para saber porque e como" [Ezra Pound, 
Lettere 1907-1958, Milão, Feltrinelli Editore, 1980, p. 7]. Logicamente, como autor 
e crítico, Pound falava de hermenêutica em seu sentido laico, que não implica na 
inesgotabilidade do texto sagrado. Produto não inspirado, esse texto, fruto da 
inteligência e arte de um homem, pode ser percorrido por outro homem em sua 
totalidade, arrancando do discurso poético os elementos lógicos que lhe deram 
constituição, interpretando-o com tal maestria e clareza quanto poderia fazê-lo seu 
próprio autor. Mas mesmo assim, como alerta Pound, isso pode transformar-se em 
tarefa de anos.
Interpretar o texto bíblico, decifrá-lo, arrancar dele significações é um desafio que 
não se resume a um homem ou a um curto período de anos. É nosso pressuposto 
que Gênesis Um enquanto palavra/ordem do Deus criador apresenta mais 
conteúdos do que é perceptível na leitura de toda uma geração. Aqui há uma 
dialeticidade que permanecerá no equilíbrio de seus contrários, sem solução ou 
síntese enquanto houver história: a revelação do que é perfeito dá-se através de 
um instrumento imperfeito, a linguagem humana. Nossa necessidade histórica de 
interpretar nasce daí, dessa inadequação entre significante e significado. "A tarefa 
do intérprete consiste, pois, na explicitação da mensagem divina, através do 
raciocínio bem dirigido. As conclusões a que se chega nada acrescentam ao 
significado do texto, pois já estavam contidas ali desde sempre; embora para ele 
sejam novas, uma vez que diferem do que está escrito, em si mesmas não o são, 
porque estavam gravadas no subsolo do texto que se interpretou. Contudo, sendo 
a Bíblia obra de um ser infinito, as interpretações jamais se esgotam. Cada novo 
corte no texto aprofunda o seu sentido, mas é sempre possível avançar mais. Elas 
se sucedem através do tempo, porém, por mais surpreendentes que pareçam, têm 
a garantia de se situarem no mesmo campo inicial". [Renato Mezan, Freud: A 
Trama dos Conceitos, SP, Perspectiva, 1982, p. 342].
Exatamente, por isso, parto do pressuposto de que a teologia judaica nos últimos 
mil e novecentos anos apresenta uma hermenêutica bastante criativa do Gênesis 
Um. Essa hermenêutica ou midrash não ficou restrita aos círculos rabínicos, mas 
fez parte da tradição e da cultura do judaísmo através dos séculos. Escritores, 
artistas e cientistas judeus utilizaram esses conhecimentos em seus campos de 
trabalho. Einstein conhecia essas fontes, em parte desconhecidas para o mundo 
cristão, mas ricas e cheias de significados para todo intelectual judeu. Por isso, 
esta releitura da teoria do caos tem como roteiro a cosmogonia judaica e as idéias 
centrais da teoria da relatividade. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 2
Albert Einstein era judeu, acreditava em Deus criador, mas não aceitava o 
conceito bíblico de Deus pessoal. Foi um sionista militante durante toda sua vida, 
a ponto de em 1952 lhe ser oferecida a presidência de Israel. Não aceitou. Estava 
casado com a física. "As equações são mais importantes para mim porque a 
política é feita para o presente, ao passo que uma equação é algo para toda a 
eternidade". [Stephen W. Hawking, Uma Breve História do Tempo, RJ, Rocco, 
1988, pp. 240-241].
DO TZIMTZUM AO PROCESSIO DEI AD EXTRA
Apesar de seus matizes, o judaísmo mostrou uma coerência em relação à 
hermenêutica de Gênesis Um, a defesa da criação ex nihilo. Assim, o recuo de 
Deus para permitir que surgisse o vazio, o nada, e nele o universo finito, é 
desenvolvido na teoria da contração, em hebraico tzimtzum. Essa teoria 
formalizada pelo rabino Luria (1534-1572) é uma das concepções mais 
surpreendentes do pensamento judaico. Isaac Luria, um dos maiores expoentes 
da tradição mística no judaísmo, nasceu no Cairo, mas desenvolveu seu ministério 
em Safed, na Palestina. 
A expressão tzimtzum significa originariamente concentração, mas acabou sendo 
entendida como retirada. Segundo Scholem, Luria partiu de textos do Midrash, 
onde encontramos que Deus concentrou sua Shekiná, sua presença divina, no 
Santo dos Santos, assim todo seu poder retraiu-se num único ponto. É assim que 
surge a expressão tzimtzum. [Exod Raba ao Êx 25:10, Lev. Raba ao Lv 23:24; 
Pessikta de Rab Kahana, Ed. Buber 20 a; Midrasch Schir Ha-Schidim, Ed. Griinhut 
(1899), f. 15b, citado por Gershom Scholem, A Mística Judaica, SP, Perspectiva, 
1972, p. 263].
Infelizmente, as duas expressões, concentração e retirada, que deveriam ser 
entendidas como complementares, já que Deus se retira e então concentra a sua 
luz sobre este ponto, passa a dividir os estudiosos em dois grandes grupos: os 
que defendem o tzimtzum como base para a doutrina da creatio ex nihilo e 
também para aqueles que defendem a doutrina da emanação (em hebraico atsilu) 
ou processio Dei ad extra.
Dessa maneira, o próprio Luria, apesar de partir de uma expressão que 
naturalmente deve levar à creatio ex nihilo, torna-se o principal expositor dentro do 
misticismo judaico do processio Dei ad extra, que tem por base não um processo 
no tempo, mas uma estrutura da realidade, enquanto emanação, criação, 
formação e ação. Assim, para esses rabinos, níveis inferioresde realidade 
emanaram de níveis superiores que, por sua vez, tiveram origem em Deus. Dentro 
dessa concepção há um midrash, a teoria do vaso quebrado, que trabalha com a 
hipótese de que o mundo foi feito de remanescentes de mundos anteriores, que 
Deus havia destruído. Uma conhecida lenda rabínica explica esse processo como 
o desprender de uma chama de carvão da roupa de Deus.
"No princípio (Gênesis 1:1), a vontade do Rei começou a gravar signos na esfera 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 3
superior. Do recesso mais oculto, uma negra chama brotou do mistério do ein sof, 
o Infinito, como um novelinho de massa informe, como que inserido no aro dessa 
esfera, nem branca nem preta, nem vermelha nem verde, de nenhuma cor. 
Somente depois de distender-se como um fio, produziu ela cores para luzir em si. 
Do âmago da chama, jorrou uma fonte da qual brotaram cores e se espalharam 
sobre tudo embaixo, oculto na ocultação mais misteriosa do ein sof. Mal rompeu 
ela, inteiramente irreconhecível, seu círculo de éter, sob o impacto da irrupção, um 
ponto oculto, superno fulgiu da irrupção final. Aquém desse ponto está excluído 
todo conhecimento e por isso ele é chamado reschit, princípio, a primeira palavra 
do Todo". [O Princípio, Sefer ha-Zohar (Livro do Esplendor), in J. Guinsburg, Do 
Estudo e da Oração, SP, Perspectiva, 1968, p. 605]. Apesar de sua riqueza 
teológica, não estaríamos longe da verdade ao classificar a doutrina da emanação 
como um panenteísmo, que define o mundo material como o desdobramento de 
Deus em diferentes níveis. E porque o mundo existe dentro de Deus, os 
defensores do processio Dei ad extra consideram necessário descobrir o que há 
de divino nos fenômenos do cotidiano.
Se entendermos, porém, a teoria do tzimtzum, como a relação dialética de dois 
movimentos, o da retirada e o da concentração ficará mais fácil aproveitar os 
estudos de Luria. O tzimtzum explica o recuo de Deus para permitir que surgisse o 
vazio, o nada, e nele o universo finito. Como Deus é infinito, sem o tzimtzum não 
haveria o nada no qual pudesse produzir a estrutura espaço/tempo de uma 
criação separada. É interessante notar, que se por um lado a dialética da 
autocontração e concentração divinas deu origem ao mundo material, o choque 
entre o movimento restritivo e o transbordante amor de Deus criou também a 
possibilidade do mal. Nesse sentido, a cosmogonia judaica, vê a criação em 
primeiro lugar como consciente autolimitação e na seqüência como revelação e 
julgamento. E como julgamento é entendida a imposição de limites, ele faz parte 
da revelação, que se expressa pela primeira vez como criação de Deus. Em 
outras palavras: se o mal é uma probabilidade que surge da dialética amor divino 
e retração, o julgamento passa a ser inerente a tudo na criação, já que todas as 
coisas estão determinadas enquanto limites.
A tradição do debate sobre a creatio ex nihilo é antiga no pensamento judaico. Na 
verdade, podemos dizer que começa a ser realizada no segundo século. Por isso, 
não é de estranhar que encontremos reflexões profundas sobre Gênesis Um nos 
séculos posteriores. Assim, em um dos textos mais representativos do 
pensamento caraíta, movimento medieval de retorno à letra da Escritura, 
considerado por muitos um protestantismo judeu de coloração pietista, a 
"Explanação dos Mandamentos", de Aha Nissi ben Noah de Bassorá, que ensinou 
em Jerusalém na segunda metade do século IX, lemos:
"No primeiro dia, Deus criou sete coisas: o céu, a terra, as trevas, a luz, a água, o 
abismo e o vento (Gn.1:1-12). Primeiro criou tohu e bohu (a solidão e o caos), dos 
quais surgiu a terra (Gn.1:1-2). Criou as trevas: 'Ele formou a luz e criou as trevas' 
(Isaías 45:6). Criou o vento, conforme a palavra: 'e criou o vento'. Criou a água, 
pois com a criação da terra havia água. Criou o abismo, para que a água tivesse 
uma profundidade e uma submersão. Criou a luz (Gn.1:3). Para a criação do 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 4
mundo foram necessárias quatro coisas: a ordem, o trabalho, a determinação e a 
proclamação" [Nissi ben Noach, Explanação dos Mandamentos, in J. Guinsburg, 
op. cit., p.309]. Nesse texto aparentemente tão simples, encontramos dois 
conceitos muito importantes: tohu e bohu fazem parte da criação e para que haja 
criação é necessário ordem.
Outro grande teólogo judeu, que fez oposição ao pensamento caraíta, foi Saadia 
Gaon (892-942). Influenciado pela efervescente teologia do Islã e pelo 
pensamento helenístico clássico, Gaon combateu a presença heterodoxa, de 
tendência maniqueísta, os remanescentes de Filo e a crítica gnóstica. Seu texto 
sobre a doutrina da creatio ex nihilo é de uma profunda beleza, apesar de 
apresentar imperfeições normais ao conhecimento da época, como, por exemplo, 
sua visão geocêntrica. Mas, de forma brilhante enfrenta opositores bem parecidos 
aos que encontramos hoje em dia.
"Aqueles que acreditam na eternidade do mundo procuram provar a existência de 
algo que não tem começo nem fim. Por certo, nunca depararam com uma coisa 
que percebessem, pelos sentidos, sem ser começo nem fim, mas procuram 
estabelecer sua teoria por meio de postulados da razão. Semelhantemente, os 
dualistas empenham-se em provar a coexistência de dois princípios separados e 
opostos, cuja mistura fez que o mundo viesse a ser. Sem dúvida, nunca 
testemunharam dois princípios separados e opostos, nem o pretenso processo da 
mistura, mas tentaram suscitar argumentos derivados da razão pura em favor de 
sua teoria. De maneira similar aqueles que acreditam numa matéria eterna 
consideram-na como um hilo, isto é, algo em que não há originalmente qualidade 
de quente ou frio, de úmido ou seco, mas que se transforma por uma determinada 
força e assim produz aquelas quatro qualidades. Indubitavelmente, seus sentidos 
nunca perceberam uma coisa carente de todas essas quatro quantidades, nem 
jamais perceberam um processo de transformação e a geração das quatro 
qualidades como é sugerido. (...) Assim sendo, é claro que todos concordam em 
admitir alguma opinião concernente à origem do mundo que não tem base na 
percepção sensorial". [Saadia Gaon, Criação Ex-Nihilo in J. Guinsburg, op. cit., p. 
316].
Para sua defesa da criação ex-nihilo, Gaon trabalha com quatro argumentos, três 
dos quais muito bem expostos: de finitude do universo, estrutura e acidentalidade. 
"(...) continuou a afirmar que nosso Senhor, louvado e enaltecido seja, informou-
nos que todas as coisas foram criadas no tempo, e que Ele as criou do nada (...). 
Ele nos comprovou essa verdade por meio de sinais e milagres, e nós a 
aceitamos. Examino ainda mais nesta matéria com o intuito de saber se ela podia 
ser comprovada por especulação como foi comprovada por profecia. Achei que 
era este o caso por um certo número de razões, da quais, devido à brevidade, 
selecionei as quatro seguintes: 1. A primeira prova baseia-se no caráter finito do 
universo (...). 2. A segunda prova é derivada da união de partes e da composição 
de segmentos. Vi que os corpos consistem de partes combinadas e de segmentos 
ajustados entre si (...). 3. A terceira prova baseia-se na natureza dos acidentes. 
Verifiquei que nenhum dos corpos são desprovidos de acidentes que os afetem 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 5
direta ou indiretamente. Animais, por exemplo, são gerados, crescem até que 
alcançam sua maturidade, então, definham e se decompõem. Então eu disse a 
mim mesmo: Será que a terra como um todo é livre destes acidentes? (...) 4. A 
quarta prova baseia-se na natureza do tempo. Sei que o tempo é triplo: passado, 
presente, futuro. Embora o presente seja menor do que qualquer instante, tomo o 
instante como se toma um ponto e digo: Se um homem tentasse em seu 
pensamento ascender deste ponto no tempo ao ponto mais elevado, ser-lhe-ia 
impossível fazê-lo, porquanto o tempo é agora admitido como infinito e é 
impossívelao pensamento penetrar no ponto mais remoto daquilo que é infinito." 
[Saadia Gaon, Quatro Argumentos para a Criação, idem, op. cit., pp. 317-320].
De todos os pensadores judeus medievais, talvez o mais conhecido fora dos 
meios judaicos, seja o talmudista francês Shlomo bar Itzhak, o rabi Rashi de 
Troyes (1040-1105). Exegeta, Rashi apresenta uma tradução para o versículo um 
de Gênesis que leva em conta estrutura e acidentalidade: "No princípio, ao criar 
Deus os céus e a terra, a terra era vã..." E segundo seu midrash, o texto não está 
preocupado em mostrar a ordem da criação, mas em afirmar o ato criador de 
Deus. Rashi mostra-se preocupado com o sentido literal, mas define claramente 
sua hermenêutica: "Todo texto se divide em muitos significados, mas, afinal 
nenhum texto está destituído de seu sentido literal" [Herman Hailperin, Rashi and 
the Christian Scholars, Pittsburgh, University of Pittsburgh Press, 1963].
A DIALÉTICA DA ESTRUTURA E ACIDENTALIDADE
Dessa maneira, tanto para expositores da creatio ex nihilo como para os 
defensores do processio Dei ad extra a intenção primeira de Gênesis-Um é 
apresentar Deus como criador, que utiliza tohu e bohu como matéria prima para a 
formação do universo. E é a partir dessa relação entre criação e revelação, que os 
estudiosos judeus entenderão a redenção, já que o fim messiânico ou estágio final 
do mundo revelado significa uma volta ao começo, uma nova criação.
"A Redenção deveria ser conseguida não por um movimento tempestuoso na 
tentativa de apressar crises e catástrofes históricas, mas antes pela remarcação 
do caminho que conduz aos primórdios da Criação e da Revelação, ao ponto em 
que o processo do mundo (a história do universo e de Deus) principiou-se a 
desenvolver-se dentro de um sistema de leis. Aquele que conhecia a senda pela 
qual viera podia ter esperanças eventualmente de poder retornar sobre seus 
passos". [Gershom Scholem, A Mística Judaica, SP, Perspectiva, 1972, p. 248].
Assim, mais do que qualquer intencionalidade em apresentar a cronologia da 
criação, Gênesis Um apresenta uma ordem enquanto dialética da estrutura e 
acidentalidade. Esse processo é interpretado por Scholem como "o primeiro ato, o 
ato do tzimtzum, no qual Deus determina e (...) limita a Si mesmo, é um ato de 
julgamento que revela as raízes dessa qualidade em tudo o que existe. Essas 
raízes do julgamento divino subsistem em mistura caótica com o resíduo da luz 
divina que remanesceu, após a retirada ou retraimento original, dentro do espaço 
primário da criação de Deus. Então um segundo raio de luz emanado da essência 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 6
do Ein-Sof traz ordem ao caos e põe o processo cósmico em movimento, ao 
separar os elementos ocultos e moldá-los em nova forma" [Iossef ibn Tabul in 
Gershom Scholem, Kiriat Sefer, vol. XIX, pp. 197-199].
E dois escritos antigos nos mostram que a doutrina da creatio ex nihilo tem suas 
bases tanto no Tanach, como apócrifos intertestamentários. Lemos em Isaías: 
"Assim diz Iahveh, teu redentor, aquele que te modelou desde o ventre materno. 
Eu, Iahveh, é que fiz tudo, e sozinho estendi os céus e firmei a terra. Com efeito, 
quem estava comigo?" (Is.44:24). E em II Macabeus 7:28: "Eu te suplico, meu 
filho, contempla o céu e a terra e observa tudo o que neles existe. Reconhece que 
não foi de coisas existentes que Deus os fez, e que também o gênero humano 
surgiu da mesma forma". Esta, aliás, é a primeira afirmação explícita da criação ex 
nihilo.
A primeira vista, a cosmogonia judaica define a centralidade de Gênesis-Um no 
ato criativo de Deus apenas enquanto espacialidade. Seria uma busca do lugar, 
da centralidade espacial. O que leva muitos a afirmarem que não há nenhum 
elemento espaço-temporal em Gênesis. Mas, isso não é verdade. Em 1740, Anton 
Lazzaro Moro, cristão novo, geólogo e exegeta italiano, desenvolveu uma 
sofisticada defesa da hipótese espaço-temporal em Gênesis Um. Dizia ele que 
tudo que está "envolto e fechado" precisa de um tempo para libertar-se e tornar-se 
evidente, e que Deus, ao criar a natureza, colocou-se com administrador das leis 
criadas. Daí conclui: "Quando a Escritura afirma que 'Spiritus Dei ferebatur super 
aquas (...)' indica uma função que traz consigo sucessão de tempo" [Anton 
Lazzaro Moro, De Crostacei e degli altri Corpi Marini che si Truovano su Monti, 
1740, in Paolo Rossi, A Ciência e a Filosofia dos Modernos, São Paulo, Editora 
Unesp, 1992, p. 345].
Desenvolvendo sua tese espaço-temporal, explica que toda a criação sofreu duas 
produções diferentes, que precisam ser cuidadosamente separadas: "a primeira é 
a do nada pela mão imediata do criador; a outra provém do seio das segundas 
causas acionadas pelo administrador da natureza. A primeira produção é 
instantânea e é ato divino proporcionado pela onipotência e eternidade de Deus; a 
segunda [produção] implica que o ato divino seja adaptado às exigências da 
natureza que Deus estabeleceu em cada coisa" [Idem, op. cit., p. 345]. A partir daí 
sua cosmogonia é surpreendente. Explica que é Deus quem moveu circularmente 
"a celeste matéria de todo o planetário vórtice", obrigando essa matéria que 
formaria o Sol a colocar-se no lugar que lhe era destinado. Constatando que seja 
qual for a velocidade que se queira atribuir ao movimento diário do Sol e de seu 
vórtice, "isso não aconteceu num só dia e em só vinte e quatro horas". A formação 
do Sol, assim como a produção dos planetas, afirma Moro, "comprova que 
aqueles seis dias não foram de medida igual aos dias modernos, mas que foram 
espaços de tempo de duração muito mais longa, ou seja, de uma duração 
proporcional à atividade das causas segundas e à exigência dos efeitos 
produzidos; espaços esses que foram chamados dias, conforme o costume 
freqüentemente usado nas Escrituras de exprimir com o nome de dias certos 
espaços de tempo longos e indeterminados" [Idem, op. cit., p. 347]. É interessante 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 7
ver como a física do século vinte, principalmente aquela que sofreu influências 
dessa mesma cosmogonia, traduziu para uma nova linguagem antigos conceitos.
É verdade, que desde Aristóteles a ciência avaliou equivocadamente o conceito 
tempo, considerando-o absoluto, sem relação imediata e causal com o espaço. 
Pensou um tempo sem ambigüidades, achando que se fosse medido 
corretamente, entre dois espaços ou eventos, o intervalo de mensuração seria 
sempre igual. Durante séculos, inclusive para Newton, o tempo foi independente 
do espaço. Mas, em 1905, Einstein tornou pública uma nova teoria de espaço, 
tempo e movimento, que ele chamou de relatividade especial. Comprovada em 
experiências de laboratório, essa teoria, aceita pela grande maioria dos físicos 
atuais, levanta algumas hipóteses simplesmente impressionantes, como a 
equivalência da massa e da energia, a elasticidade do espaço e do tempo e a 
criação e destruição da matéria. Dez anos depois, na seqüência da teoria anterior, 
Einstein publica a sua teoria da relatividade geral, com novas e surpreendentes 
previsões: a curvatura do espaço e do tempo, a possibilidade de que o universo 
seja finito, mas ilimitado e a possibilidade de o espaço e o tempo se esmagarem, 
deixando de existir.
"(...) estas considerações levou-nos a conceber teoricamente o universo real como 
um espaço curvo, de curvatura variável no espaço e no tempo, de acordo com a 
densidade de distribuição da matéria, susceptível porém, quando considerada em 
larga escala, de ser tomado como um espaço esférico. Esta concepção tem, pelo 
menos, a vantagem de ser logicamente irrepreensível, e de ser aquela que melhor 
se cinge ao ponto da teoria da relatividade geral". [Albert Einstein, Considerações 
Cosmológicas sobre a Teoria da Relatividade, in O Princípio da Relatividade, H. A 
Lorentz, A. Einstein, H. Minkowski, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1958, 
pp. 239-240].
E ao criticar a teoria do tempo absoluto,Einstein vai mostrar que à medida que o 
deslocamento de um objeto se aproxima da velocidade da luz, sua massa 
aumenta mais rapidamente, de forma que gasta mais energia para aumentar sua 
velocidade. Por isso, muito possivelmente nunca possa atingir a velocidade da luz, 
pois deixaria de ter massa intrínseca. O importante dessa teoria é ter modificado a 
compreensão de tempo e de espaço. Antes, considerava-se que a velocidade da 
luz era a distância que ela percorre, dividida pelo tempo que leva para fazer isso. 
Agora, compreendemos que a velocidade pode ser a mesma, mas não a distância 
percorrida. A partir da teoria da relatividade, o conceito de simultaneidade, ou seja, 
da existência de um mesmo momento em dois lugares diferentes, deixou de ter 
qualquer significado em termos de universo.
O TEMPO ENQUANTO NÃO-DETERMINAÇÃO
Em linguagem da física da relatividade o tempo gasto é a velocidade da luz 
multiplicada pela distância que a luz percorreu. Temos então várias medidas de 
tempo, ou seja, medições diferentes entre dois eventos ou espaços. Gênesis nos 
apresenta este conceito de tempo com 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 8
Dessa maneira, à medida que a luz percorre verticalmente o campo gravitacional 
da Terra perde energia e sua freqüência diminui. Em outras palavras, espaço e 
tempo são quantidades dinâmicas. Quando um corpo se move no universo afeta a 
curva do espaço-tempo e, por sua vez, a curva do espaço-tempo afeta a forma 
como os corpos se movem e as forças atuam. Só que, e esse conceito é 
importantíssimo para a relatividade geral, não há como falar de espaço-tempo fora 
dos limites do universo. Essa premissa é interessante, pois descarta a idéia de um 
universo imutável, que sempre existiu, para trabalhar com a possibilidade de um 
universo que teve início, é plástico e encontra-se em expansão.
Ora, o que Gênesis está mostrando é que o universo teve um início, que a criação 
não é um mito. "Não há nenhum paralelo bíblico aos mitos pagãos que relatam a 
morte de deuses mais velhos (ou poderes demoníacos) pelos mais jovens; não se 
acham presentes nos tempos primevos quaisquer outros deuses. As batalhas de 
Iahveh com monstros primevos, aos quais é feita ocasionalmente alusão poética, 
não são lutas entre deuses pelo domínio do mundo. As batalhas de Iahveh com 
Raabe, o dragão, Leviatã, no mar, a serpente veloz, etc., não são esclarecidas 
pela referência ao mito da derrota de Tiamat por Marduc e sua subsequente 
tomada do poder supremo". [Yehezkel Kaufmann, A Religião de Israel, São Paulo, 
Perspectiva, 1989].
Assim, para a teoria da relatividade o universo tem começo como singularidade, 
que ficou conhecida como Big Bang e deverá ter um final também singular, o 
colapso total ou Big Crunch. Mesmo sem querer forçar, o Big Crunch nos leva ao 
texto de Pedro: "Ora, os céus e a terra estão reservados pela mesma palavra ao 
fogo (...) O dia do Senhor chegará como ladrão e então os céus se desfarão com 
estrondo, os elementos, devorados pelas chamas se dissolverão e a terra, 
juntamente com suas obras, será consumida" (II Pedro 3.7 e 10). Só que, como o 
espaço-tempo é finito, mas sem limites, o Big Crunch poderia levar a uma 
concentração de energia tal, que muito possivelmente possibilitaria a formação de 
um novo universo. E essa formulação nos leva a outro texto bíblico: "Vi então um 
céu novo e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra se foram (...)" 
Apocalipse 21.1.
"De forma semelhante, se o universo explodisse novamente, deveria haver um 
outro estado de densidade infinita no futuro, o Big Crunch, que seria o fim do 
tempo. Mesmo que o universo como um todo não entrasse novamente em 
colapso, haveria singularidades em algumas regiões determinadas, que 
explodiriam para formar buracos negros. Essas singularidades seriam o fim do 
tempo para quem ali caísse. Na grande explosão e demais singularidades todas 
as leis são inoperantes. Então, Deus ainda teria tido completa liberdade para 
escolher o que aconteceu e como o universo começou". [Stephen Hawking, op. 
cit., p. 236].
Ora, como a expansão do universo implica em perda de temperatura, que é uma 
medida de energia, quando o universo dobra de tamanho, sua temperatura cai 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 9
pela metade. Assim, quando Deus cria o universo, supõe-se que tinha tamanho 
zero e temperatura infinitamente quente. Mas à medida que se expande, a 
temperatura cai. Isso explica porque o universo é tão uniforme, e parece igual 
mesmo nos mais diferentes pontos do espaço. Uma das consequências, caso 
consideremos o fiat divino como o Big Bang, é que a partir da grande explosão 
não houve tempo de a luz se deslocar por ilimitadas distâncias. É por isso que 
Gênesis apresenta em primeiro lugar tohu e bohu, as trevas e o abismo, e só no 
versículo três o surgimento da luz.
É interessante ver que uma das possibilidades que alguns físicos baralham, um 
pouco a contragosto, é a de que Deus escolheu a configuração inicial do universo 
por razões que não temos condições de compreender. Consideram que os 
acontecimentos do surgimento do universo não se deram de forma arbitrária, mas 
refletem um ordem comum. Hawking, como não é teólogo, opta por uma variável 
que chama limitação caótica ou escolha ao acaso. Dentro desse ponto de vista, o 
universo primordial surgiu como caos. Ora a segunda lei da termodinâmica mostra 
que há essa tendência no universo, e que a ordem e o equilíbrio, ou seja, a vida, 
que é a forma mais organizada da matéria, surge como oposição a este caos.
"Einstein uma vez formulou a pergunta: 'Que nível de escolha Deus teria tido ao 
construir o universo?' Se a proposta do não limite for correta, ele não teve 
qualquer liberdade para escolher as condições iniciais. Teria tido, ainda 
naturalmente, a liberdade de escolher as leis a que o universo obedece. Isto, 
entretanto, pode não ter sido um grau assim tão elevado de escolha. Pode ter sido 
apenas uma, ou um pequeno número de teorias completas unificadas, tal como a 
teoria do filamento heterótico, que são autoconsistentes e permitem a existência 
de estruturas tão complexas quanto os seres humanos, que podem investigar as 
leis do universo e fazer perguntas acerca da natureza de Deus". [Stephen 
Hawking, op. cit., p. 237].
"Toda variação de entropia no interior de um sistema termodinâmico pode ser 
decomposta em dois tipos de contribuição: a entrada exterior de entropia, que 
mede as trocas com o meio e cujo sinal depende da natureza dessas trocas, e a 
produção de entropia, que mede os processos irreversíveis no interior do sistema. 
É essa produção de entropia que o segundo princípio define como positiva ou 
nula". [Ilya Prigogine e Isabelle Stengers, Entre o Tempo e a Eternidade, São 
Paulo, Companhia das Letras, 1992, p. 53].
"(...) as leis científicas não distinguem entre as direções para frente e para trás do 
tempo. Entretanto, há pelo menos três setas de tempo que distinguem o passado 
do futuro, que são a seta termodinâmica, direção do tempo em que a desordem 
aumenta; a seta psicológica, direção do tempo na qual se recorda o passado e 
não o futuro; e a seta cosmológica, direção do tempo em que o universo se 
expande mais do que se contrai. Demonstrei que a seta psicológica é 
essencialmente a mesma que a termodinâmica, de modo que ambas sempre 
apontam para a mesma direção. A proposta do não limite para o universo prevê a 
existência de uma seta termodinâmica do tempo bem definida, porque o universo 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 10
deve começar num estado plano e ordenado. E a razão por que se observa esta 
seta termodinâmica se adequar à cosmologia é que os seres inteligentes só 
podem existir na fase de expansão". [Stephen Hawking, idem, op. cit., pp. 210, 
211].
Coerente com sua visão de que Deus não joga dados com o universo, Einstein 
dará um feroz combate às teses de acausalidade namecânica quântica, 
defendidas pelas escolas de Copenhagem e Gottingen. "Não posso suportar a 
idéia de que um elétron exposto a um raio de luz possa, por sua própria e livre 
iniciativa, escolher o momento e a direção segundo o qual deve saltar. Se isso for 
verdade, preferia ser sapateiro ou até empregado de uma casa de jogos em vez 
de ser físico". Citado por Franco Selleri, Paradoxos e realidade, Ensaios sobre os 
Fundamentos da Microfísica, Lisboa, Fragmentos, 1990, p. 41. Em 1944, voltaria à 
carga: "Nem sequer o grande sucesso inicial da teoria dos quanta consegue 
convencer-me de que na base de tudo esteja o indeterminismo, embora saiba bem 
que os colegas mais jovens considerem esta atitude como um efeito de esclerose. 
Um dia saber-se-á qual destas duas atitudes instintivas terá sido a atitude correta". 
[Ibidem, op. cit. p. 59].
Guardadas as devidas proporções, Agostinho, pai e mestre da igreja cristã, 
também considera que o caos transcende o tempo. "E por isso o Espírito, Mestre 
do vosso servo, quando recorda que no princípio criaste o céu e a terra, cala-se 
perante o tempo. Fica em silêncio perante os dias. O céu dos céus, criado por Vós 
no princípio, é, por assim dizer, uma criatura intelectual, que apesar de não ser 
coeterna convosco, ó Trindade, participa contudo da vossa eternidade. (...) Sem 
movimento nenhum desde que foi criada, permanece sempre unida a Vós, 
ultrapassando por isso todas as volúveis vicissitudes do tempo. Porém, este caos, 
esta terra invisível e informe não foi numerada entre os dias. Onde não há 
nenhuma forma nem nenhuma ordem, nada vem e nada passa; e onde nada 
passa, não pode haver dias nem sucessão de espaços de tempo" [Santo 
Agostinho, Confissões, XII, 9, SP, Abril, 1973, pp. 264, 265].
O bispo de Hipona faz claramente uma separação, não somente neste texto, entre 
os céus dos céus, uma dimensão além dos limites da ciência, e "o nosso céu e a 
nossa terra" (universo), que segundo ele é terra. Para ele é totalmente 
compreensível que essa terra fosse "invisível e informe", pois estava reduzida a 
um abismo sem luz, exatamente porque não tinha forma. Diríamos hoje, não há 
espaço-tempo. E, de maneira brilhante, tenta uma definição, apesar de alertar 
para suas limitações: "um certo nada, que é e não é". Interessante, Nissi ben 
Noach diria praticamente a mesma coisa.
"O conceito de tempo não tem significado antes do começo do universo. O que foi 
apontado pela primeira vez por Agostinho, quando indagou: 'O que Deus fazia 
antes de criar o universo?'"[Stephen Hawking, op. cit., p. 27].
Conhecemos as três principais teorias cristãs sobre a criação: tudo é criação 
original, teoria da brecha e teoria do caos. A partir do que vimos, gostaria de fazer 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 11
alguns acréscimos à teoria do caos:
1. O versículo primeiro de Gênesis-Um está fora do espaço-tempo. Nesse sentido 
refere-se à dimensão divina do céus dos céus conforme explicita Agostinho. A 
criação do espaço-tempo começa com o próprio caos, que não deve ser entendido 
como negação ou pura ausência, mas como entropia. É ex-nihilo enquanto 
universo-espaço-temporal que surge, mas não enquanto realidade de Deus, que 
repousa naqueles quatro conceitos enumerados por Noach: determinação, 
proclamação, trabalho e ordem.
2. O tempo não pode ser medido pois não é cronológico, é o tempo da 
ordem/organicidade de Deus, ou se quisermos kairoV, ou. Isso é explicável porque 
não há um tempo, mas diversos tempos. A criação implica na expansão do 
espaço-tempo. Assim o espaço-tempo de Gênesis 1:3 é totalmente diferente do 
espaço-tempo de Gênesis 1:12. 
3. Toda discussão que tente uma polaridade entre evolução teísta ou criação de 
seis dias de vinte e quatro horas não procede. Isto porque o espaço-tempo entre 
os seis dias não são iguais e porque não há evolução, uma teoria do progresso 
aplicada à natureza. Há criação e expansão da massa, o que na Bíblia traduz-se 
em criação e sustentação. "És tu, Iahveh, que és o único! Fizeste os céus, os céus 
dos céus, e todo o seu exército, a terra e tudo o que ela contém, os mares e tudo 
o que eles encerram. A tudo isso és tu que dás vida, e o exército dos céus diante 
de ti se prostra". (Neemias 9.6).
Parte II
A CONFISSÃO POSITIVA E AS ENFERMIDADES 
A seguinte declaração de Jesus deve causar algum incômodo aos filhos da 
Confissão Positiva: “As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o 
Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20). 
Como é que Jesus fez tal declaração negativa? Ele desconhecia que as palavras 
têm poder? Que o que falamos se transforma em realidade? Que confirmar 
miséria é duvidar da providência divina? É dar brecha ao diabo? É claro que Jesus 
desconhecia tal doutrina. A doutrina dEle era a da Verdade. Jesus sabia que nem 
sempre o que é positivo é verdadeiro. Não procurava enganar a Si próprio. Se um 
“positivista”, por algum motivo, for morar debaixo de uma ponte dirá: “Estou 
morando numa linda mansão com piscina de água cristalina”. 
Jesus disse que Pedro O negaria três vezes. Aconteceu exatamente como 
afirmara, apesar da confissão positiva de Pedro (Lc 22.34, 57-60). Que coisa! 
Como é que o Mestre fez essa confissão negativa? Falou negativo, deu negativo. 
Em outra ocasião, Pedro disse a Jesus, em tom de branda repreensão, que de 
modo nenhum Ele iria padecer em Jerusalém, nas mãos dos principais sacerdotes 
e escribas. Ouviu uma dura repreensão: “Para trás de mim, Satanás, que me 
serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas 
só as que são dos homens” (Mt 16.22,23). Jesus disse que Pedro estava agindo 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 12
de modo semelhante ao diabo, querendo impedir Sua morte expiatória. Pedro já 
deveria ter aprendido que o positivo para Jesus era sempre o verdadeiro, e não o 
falso. Se ele disse que seria morto Jerusalém, é porque Ele seria morto em 
Jerusalém. 
O rei Josafá andou na contramão da Confissão Positiva. Fez tudo ao contrário. Em 
vez de levantar-se e exigir que o diabo saísse do seu caminho; em vez de 
“confessar a Palavra de Deus” que sempre prometeu livramento ao seu povo; em 
vez de “decretar” a sua vitória, “pôs-se a buscar o Senhor, e apregoou jejum em 
todo o Judá”, e disse: “Em nós não há força perante esta grande multidão que vem 
contra nós, e não sabemos o que faremos; porém os nossos olhos estão postos 
em ti” (2 Cr 20.3,12). As palavras de Deus ainda estavam bem conservadas no 
coração daquele rei: “Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, 
e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu 
ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Cr 7.14). 
A Bíblia nos ensina que nossas confissões positivas não podem contrariar a 
verdade dos fatos. Se um crente está com um câncer nos intestinos, com 
metástase no estômago e no fígado, não pode simplesmente afirmar que são 
apenas sintomas ou artimanhas do diabo para que haja confissão negativa. E 
quando o crente morre é porque morreu mesmo; não são sintomas da morte. Se o 
apóstolo Paulo fosse um “positivista”, teria negado a existência de um espinho na 
sua carne. 
Teria dito: “Saia de cima de mim, Satanás. Você quer me enganar com seus 
sintomas, mas você não me engana não. Ouviu bem, seu safado? Arrume tudo o 
que é seu e esqueça meu endereço. O Senhor já levou as minhas dores e 
enfermidades. Já fui completamente curado por Suas pisaduras”.
Porém, com humildade, e reconhecendo a realidade da situação, revelou que “orei 
[pediu] ao Senhor por três vezes” para que desviasse de mim esse espinho. A 
reposta de Deus foi um “NÃO” bem grande. Os “positivistas” não querem nem 
ouvir falar nessa “fraqueza” de Paulo. O apóstolo era um pessimista? Ou era 
porque ele, seguindo o exemplo de Cristo, sempre falava a verdade? Falava o que 
era verdadeiro sem perder a confiança: “Como a verdade de Cristo está em mim,esta glória não me será impedida nas regiões da Acaia” (2 Cr 11.10). De modo 
algum Paulo seria admitido no rol dos arautos da Confissão Positiva. Como é que 
um crente que já foi sarado pode sofrer tantas adversidades? Mas Paulo se 
gloriava nas fraquezas: “Sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas 
necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor a Cristo. Porque quando 
estou fraco então sou forte” (2 Co 12.10). Os arautos ensinam e afirmam: “Não 
sou fraco, não fico doente, não passo necessidade, então sou forte”. 
Não podemos confessar nossas doenças porque elas não existem, porque são 
apenas sintomas colocados pelo diabo para nos enganar? O Apóstolo 
desconhecia essa estratégia do inimigo. Não negou que estava doente quando 
pregou pela primeira vez aos gálatas (Gl 4.13-14) e confessou a doença de 
Trófimo e a freqüente enfermidade de Timóteo (2 Tm 4.20; 1 Tm 5.23).
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 13
Deus é bom, não castiga ninguém com doenças nem que seja para provar a fé de 
seus filhos? Leiamos: 1) “E disse-lhe o Senhor: Quem fez a boca do homem? Ou 
quem fez o mudo, ou o surdo, ou o que vê, ou o cego? Não sou eu, o Senhor? (Êx 
4.11). 2) “E o Senhor feriu o rei, e ficou leproso até ao dia da sua morte” (2 Rs 
15.5). 3) “A lepra lhe saiu na testa [de Uzias]... visto que o Senhor o ferira” (2 Cr 
26.19,20). 4) “Miriã ficou leprosa como a neve” porque “a ira do Senhor se 
acendeu” contra ela” (Nm 12.9-10). 5) Jó “era homem íntegro, reto e temente a 
Deus e se desviava do mal”; foi chamado por Deus de “meu servo”, mas Deus 
permitiu que a destruição viesse sobre ele: perdeu seus filhos e seus bens, e ficou 
coberto de “úlceras malignas, desde a planta do pé ao alto da cabeça” (Jó 
1.1,8,12; 2.5). 
Deus sempre atende ao que lhe pedimos? Deus disse “não” a Moisés quando este 
pediu para entrar em Canaã: “Rogo-te que me deixes passar, para que veja esta 
boa terra. Porém o Senhor não me ouviu. Antes o Senhor me disse: Basta, não 
me fales mais deste assunto” (Dt 3.25-26). É porque esse Deus era do Antigo 
Testamento? Mas na Nova Aliança Ele também não atendeu ao pedido de Paulo 
na questão do espinho na carne (2 Co 12.7-9). Hoje em dia, Ele diz não a muitos 
de seus filhos, porque muitas vezes pedimos coisas inconvenientes, ou que serão 
pedra de tropeço no futuro. Graças a Deus não somos atendidos em tudo que Lhe 
pedimos. O melhor é dizermos “se Deus quiser”, pois Ele sabe o que é melhor 
para nós (Tg 4.15). A Confissão Positiva condena com veemência a oração em 
que se diz “se for da Sua vontade”. Mas vejam:
“Porque melhor é que padeçais fazendo bem, se a vontade de Deus assim o quer, 
do que fazendo o mal” (1 Pe 3.17; cf 4.19). “Esta é a confiança que temos nele, 
que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” (1 Jo 5.14). 
Os crentes são exortados a orarem para que a vontade de Deus seja feita (Mt 
6.10; 26.42. Lc 11.2; Rm 15.30-32; Tg 4.13-15). 
Comparemos agora esses fatos bíblicos com o pronunciamento de alguns arautos 
da Confissão Positiva:
“Jesus era sempre positivo em Sua mensagem” (E.W.Kenyon). Positivo ou 
sincero? A conotação do Movimento é diferente. Confessar positivo é dizer as 
coisas boas segundo as promessas da Bíblia. Exemplo: se alguém está doente, 
nunca deve confessar que está doente, mas dizer que já foi curado. Se um casal 
crente tiver um filho paraplégico, deve dizer que a criança está curada. Levar uma 
criança ao médico, ainda que os sintomas nos digam que se trata de grave 
enfermidade, é não confiar na Palavra de Deus. 
Assim, podemos dizer que Deus foi sincero, e não positivo, quando disse ao 
primeiro casal: “Porque no dia em que dela comeres certamente morrerás” (Gn 
2.17). E quando disse à mulher: “Multiplicarei grandemente a tua dor, e a tua 
conceição; com dor darás à luz filhos” (3.16). E quando disse a Adão: “Maldita é a 
terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida” (v.17). 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 14
“Nosso problema é que oramos e confessamos muito., mas não mandamos. É 
gostoso mandar!... 
Jesus pagou o preço para fazermos isso...” (Kenneth Hagin Jr). Isto é, orar muito 
não convém; confessar nossas fraquezas, idem. Mandar seria o melhor caminho. 
Que arrogância! Tal ensino destoa dos termos da oração-modelo ensinada por 
Jesus: “Pai nosso, que estais nos céus, seja feita a tua vontade... não nos deixes 
cair em tentação, livra-nos do mal...”. Na relação com o Pai, Jesus não mandava: 
“Se queres, passa de mim este cálice” (Lc 22.42). 
“Não ore mais por dinheiro... Exija tudo o que precisar. Deus quer que seus filhos 
usem a melhor roupa, dirijam os melhores carros e tenham o melhor de tudo... 
simplesmente exija o que você precisa” (Kenneth Hagin). O tema principal da 
Confissão Positiva é dinheiro, sucesso, prosperidade para viver bem aqui e agora. 
Muito pouco ou quase nada se fala em arrependimento e perdão, uma das 
primeiras recomendações de Pedro, no início da Igreja (At 2.38). 
“Satanás, espíritos demoníacos da AIDS, eis que eu os amarro! Vocês, espíritos 
demoníacos do câncer, da artrite, das infecções, da enxaqueca, da dor – saiam já 
desse corpo. Espíritos de enfermidades que atormentam o estômago, Satanás, eu 
amarro você, no nome de Jesus” (Roberto Tilton, na televisão). Algumas dessas 
enfermidades não têm nada a ver com demônios, mas com desejos pecaminosos 
da carne. “Infelizmente, porque esses vícios humanos [como o de fumar], como a 
lascívia, o egoísmo e a glutonaria são tidos como provocados pelos demônios, os 
crentes se condicionam a interpretá-los como ataques satânicos, fugindo à sua 
responsabilidade pessoal.
Quando um homem casado comete adultério, ele pode racionalizar 
convenientemente o seu pecado, ser exorcizado do “demônio” da lascívia, e seguir 
seu caminho sem ao menos descobrir seu verdadeiro problema espiritual – que é 
a raiz de tudo – e a única e real solução – o arrependimento” (Hank Hanegraaff). 
“Quase a cada dia um novo personagem da Fé parece emergir do nada. 
Entretanto, todos têm uma coisa em comum: as conseqüências de seus ensinos 
são letais. Nalguns casos, o dano é físico; noutros, espiritual, e, tragicamente, em 
alguns poucos, o dano é múltiplo, tanto um como o outro. Só podemos orar para 
que a Igreja cristã finalmente reconheça os proponentes da Fé [Confissão 
Positiva] como o que de fato são: falsos mestres que estão desviando seus 
seguidores da verdadeira fé para o reino das seitas” (Hank Hanegraaff, 
Cristianismo em Crise, p.393). 
“Recuso-me a considerar o meu corpo, recuso-me a ser movido pelo que vejo e 
pelo que sinto...Escolho ouvir sua Palavra, em vez de dar crédito ao que meu 
corpo tenta dizer... Tenho visto pessoas morrerem, mas eu continuo firme, 
dizendo: `Bendito seja Deus, você não vai morrer! E de qualquer jeito morrem!´ 
Mas permaneço alegre porque resisti” (Kenneth Copeland). Aí temos uma 
confissão negativa da Confissão Positiva. Ou seja: há pessoas que adoecem e 
morrem, apesar da oração, apesar de “por suas pisaduras fostes sarados”. 
Copeland não deveria permanecer alegre ao ver os outros morrerem. Deveria se 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 15
recolher em arrependimento e reconhecer que acima de tudo está a soberania de 
Deus, que não promete cura instantânea e automática para todos os que passam 
à condição de filhos de Deus (Jo 1.12).
“A fé em Deus – fé que parte do coração – acredita na Palavra de Deus, sem 
importar quais sejam as evidências físicas. Uma pessoa que busque cura deveria 
olhar para a Palavra de Deus e não para seus sintomas. Ela deveria dizer: “Sei 
que estou curada, porque a Palavra diz que pelas suas pisaduras eu fui curada” 
(Kenneth Hagin). 
Seguindo os passos doutrinários de Hagin e de outros “positivistas”, o 
televangelista brasileiro R.R. Soares assim resume suas convicções: É errada a 
idéia que “o Senhor Deus é quem cura, e que Ele é o responsávelpara que os 
milagres ocorram. Enquanto você esperar que Ele venha curá-lo, provavelmente 
continuará sofrendo. Se você descobre que certa coisa é sua, você não precisará 
de nenhuma fé para exigir aquilo que sabe que é seu. Você simplesmente tomará 
posse do que é seu. Você deve exigir o cumprimento do seu direito imediatamente 
e, logicamente, ficar curado. Você deve “exigir os seus direitos em Cristo. Usar a 
frase `se for a Tua vontade´ em oração pode parecer espiritual, e demonstrar 
atitude piedosa de quem é submisso à vontade do Senhor, mas além de não 
adiantar nada, destrói a própria oração. Não é pela misericórdia de Deus que você 
poderá ser curado, mas sim que você tem o direito de exigir a sua cura. É só você 
crer no que o Senhor declara e exigir a Sua bênção [exigir de Deus a bênção], 
ordenando ao mal que saia do seu corpo. Você não precisa orar, jejuar ou pedir a 
quem quer que seja para orar por você. Segundo estas declarações [Is 53.4,5] 
você pode ter certeza absoluta que Deus já o curou.
Você é o único responsável por sua cura. Você deve exigir o cumprimento do seu 
direito imediatamente e, logicamente, ficar curado” (R.R.Soares, “O Direito de 
Desfrutar Saúde”, pp. 6,7,8,10,17-19,23,31).
“Aquilo que você diz invariavelmente torna-se no que você será ou terá. Falar em 
fracasso, comentar o quanto você sofre, confessar o que o mal está lhe fazendo, é 
dar aos poderes das trevas o senhorio da sua vida. As suas palavras farão de 
você um vencedor ou um derrotado. São as nossas palavras que nos darão 
saúde, ou que nos manterão enfermos. Os sintomas não significam que você já 
esteja doente. Quando você fala dos seus sofrimentos e dissabores... você faz 
com que o inimigo tenha mais força e controle sobre a sua vida. Quem confessa 
isso está semeando as piores sementes da destruição. Quando o diabo lhe trouxer 
qualquer sintoma de doença ou de qualquer outra coisa, recuse receber e resista-
lhe usando a Palavra do Senhor. Assim, você não ficará enfermo. É impossível 
alguém confessar fracassos e derrota e viver vitoriosamente. Não adianta ficar 
orando, jejuando e pedindo ao Senhor que o vença [o diabo] por você”. 
(R.R.Soares, A Sua Saúde Depende do que Você Fala, pp. 5,6,9,10,42,43). 
Os bereanos foram chamados de “mais nobres” em relação aos de Tessalônica 
“porque de bom grado receberam a palavra, examinando cada dia nas Escrituras 
se estas coisas eram assim” (At 17.11).
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 16
Sejamos tão nobres quanto aqueles irmãos de Beréia. Façamos um resumo da 
doutrina apresentada por R. R. Soares: 1) Não é Deus quem cura. 2) A ocorrência 
de milagres não é responsabilidade de Deus. 3) É inútil ficar esperando por Deus. 
4) O crente não precisa de fé para exigir o que é seu. 5) O crente deverá 
simplesmente exigir seus direitos em Cristo. 6) Colocar-se à mercê da vontade de 
Deus anula a oração. 7) A cura não decorre da misericórdia de Deus, mas do 
direito a que fizemos jus, o qual deve ser exigido. 8) Basta exigir que o mal saia do 
corpo, sem necessidade de orar ou jejuar, ou pedir oração a qualquer pessoa. 9) 
As doenças que os crentes julgam ter são apenas sintomas. 10) Quem fala de 
seus sofrimentos e dissabores está semeando as piores sementes da destruição. 
Essa doutrina é estranha à Bíblia. Os expositores da teologia da prosperidade têm 
a liberdade de criar dia após dia novas teses, conceitos, dogmas, modismos sem 
fim. Agora mesmo – escrevo em setembro de 2004 – a Igreja Universal lançou a 
campanha para troca do anjo da guarda. Os cristãos brasileiros foram convidados 
a comparecerem aos templos daquela Igreja para os procedimentos legais com 
vistas à substituição do seu anjo guardião. Mas voltemos ao que foi ensinado pelo 
missionário, que tentou sintetizar em dois ou três livros a doutrina da teologia da 
prosperidade. 
Para contradizer esses ensinos, vejamos, em primeiro lugar, a carta de Paulo aos 
filipenses: “Mas confio no Senhor que também eu mesmo, em breve, irei ter 
convosco. Julguei, contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão, e 
cooperador, e companheiro nos combates... 
porquanto tinha muitas saudades de vós todos e estava muito angustiado de que 
tivésseis ouvido que ele estivera doente. E, de fato, esteve doente e quase à 
morte, mas Deus se apiedou dele e não somente dele, mas também de mim, para 
que eu não tivesse tristeza sobre tristeza” (Fp 2.24-27). 
Primeiro, deduz-se desse relato que crente adoece e poderá chegar a morrer em 
conseqüência da doença. Paulo também declara que Timóteo sofria de freqüentes 
enfermidades no estômago (1 Tm 5.23) e que ele mesmo orou três vezes ao 
Senhor para que se livrasse de um espinho na carne, e o Senhor não o atendeu (2 
Co 12.7-10). 
Segundo, vimos que Epafrodito e Timóteo não estavam com sintomas de doença, 
mas estavam enfermos mesmo. 
Terceiro, Paulo não apelou para exigir seus direitos em Cristo ou para mandar o 
diabo sair nem dele nem de seus discípulos. Pelo contrário, considerou que a cura 
de Epafrodito foi resultado da misericórdia de Deus (“Deus apiedou-se dele”). 
Quarto, o texto nos revela que Paulo sempre esperava que a vontade de Deus 
prevalecesse. Isto está ainda mais claro na questão do espinho na carne. 
Quinto, vê-se que não se pode interpretar em termos absolutos o versículo 22, 
capítulo 21 de Mateus: “E tudo o que pedirdes em oração, crendo, o recebereis” 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 17
(v.Mc 11.24). Vimos que Deus disse “não” para Paulo e Timóteo e “sim” para 
Epafrodito. É que nossos pedidos esbarram na soberana vontade de Deus, que 
pode agir ou deixar de agir, atender ou não atender. 
Sexto, vimos que em nenhum momento Paulo julgou que a enfermidade de 
Epafrodito e Timóteo fosse de origem maligna, embora o apóstolo fosse dotado de 
discernimento para detectar tal investida (v.Atos 13.8-11; 16.16-17).
Sétimo, deduz-se que a vontade de Deus prevaleceu nas enfermidades desses 
dois irmãos, pois Deus, “pelas mãos de Paulo, fazia maravilhas extraordinárias, de 
sorte que até os lenços e aventais levavam do seu corpo aos enfermos, e as 
enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam” (At 19.11-12). Apesar 
de tais poderes, não pôde curar seus queridos companheiros. Entendemos 
portanto que tudo o que pedirmos receberemos... se for da vontade de Deus. 
Filipenses 2.24-17 talvez não tenha sido suficiente para convencer os 
contradizentes (Tt 1.9). Vamos então obter mais subsídios no livro de Tiago, 
escrito “para encorajar os crentes judeus que enfrentavam várias provações, que 
punham sua fé à prova, para corrigir crenças errôneas a respeito da natureza da 
fé salvífica”. Não há dúvida quanto aos destinatários do livro: “Doze tribos da 
Dispersão” (Tg 5.1); “irmãos” (5.2,19; 2.1,5; 5.7,9,10,12). Vejamos o que diz: “Está 
alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores. Está alguém 
entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o 
com azeite em nome do Senhor; e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o 
levantará... Confessai as vossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, 
para que sareis; a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.13-
16). Deduz-se que: 
Primeiro, em qualquer situação devemos falar com Deus e rogar por Sua 
misericórdia. Segundo, o pedido é feito, mas quem levanta o enfermo é o Senhor, 
se Ele quiser. Não é a nossa atitude isolada de levantar-se e exigir nossos direitos 
em Cristo Jesus. Terceiro, contrariando a doutrina da prosperidade, Tiago 
recomenda pedir oração a outro irmão, “orai uns pelos outros”.
Falta mais alguma coisa. A Confissão Positiva diz que se confessarmos nossos 
problemas estaremos semeando destruição e dando brecha para o diabo nos 
dominar. Vamos recorrer em primeiro lugar ao Senhor, que revelou não ter onde 
repousar a cabeça, como já dito no início deste trabalho (Mt 8.20). E mais uma vez 
recorremos a Paulo, que de modoalgum seria aceito como arauto da Confissão 
Positiva. Além de não negar seu “espinho na carne”; de não ocultar a doença em 
Timóteo e Epafrodito, ele jogou pesado ao falar de suas vicissitudes. Vejamos.
“São ministros de Cristo? Eu ainda mais; em trabalhos, muito mais; em açoites, 
muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco 
quarentena de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui 
apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em 
viagens, muitas vezes; em perigos de rios, de salteadores; em perigos dos da 
minha nação, em perigos dos gentios, na cidade, no deserto, no mar, entre falsos 
irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em 
jejum, muitas vezes, em frio e nudez” (2 Co 11.23-27). 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 18
Como o próprio nome diz, a Confissão Positiva ensina que devamos falar 
positivamente, confessando a Palavra. O Espírito Santo não orientou Paulo nessa 
direção. Ele, segundo essa doutrina, deveria ter dito: “Nunca passei fome nem 
sede, nem sofri açoites nem perseguições porque a Palavra diz que Deus supre 
as minhas necessidades. Porque Deus não deseja que nenhum filho seu sofra; 
porque Deus é amor dEle não pode se originar o mal, por isso eu vivo num mar de 
rosas, e a minha casa tem uma piscina de água mineral e empregados à minha 
disposição. Eu sou um homem próspero”. Nada disso. Paulo falou simplesmente a 
verdade, sem receio de que suas “poderosas” palavras o colocasse sob o 
senhorio de forças malignas. Não satisfeito com o relato de suas mazelas, Paulo 
ainda declarou que se gloriava em suas fraquezas (v.30), que sentia “prazer nas 
fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por 
amor de Cristo. Porque, quando estou fraco, então, sou forte” (2 Co 12.10). 
Jamais um discípulo da Confissão Positiva diria tamanha asneira. Falaria assim: 
“Sinto prazer na minha boa vida, quando estou no meu carro importado, comendo 
em bons restaurantes, ganhando muito dinheiro. Porque, enquanto sou próspero, 
sou forte”. 
Nossas palavras têm poder? Aquilo que falamos se concretiza? Não aconteceu 
com Jonas. Ele preferiu morrer a cumprir a missão em Nínive. Foi preciso passar 
pelo vale da sombra da morte para compreender que Deus é soberano e faz o que 
lhe agrada (Jn 1.12,17): “Agindo eu, quem o impedirá?” (Is 43.13). Eu mesmo, 
durante a doença de minha esposa, pedi que, se fosse da vontade de Deus levá-la 
para Si, levasse a mim. Eu a substituiria na morte. Deus tinha outro plano. Ele não 
me atendeu. 
Pelas suas pisaduras fomos sarados
A principal coluna em que a Confissão Positiva se sustenta, com relação às 
enfermidades, é Isaías 53.4-5, como segue: “Verdadeiramente ele tomou sobre si 
as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si... Mas ele foi ferido 
pelas nossas transgressões, e moído pelas nossas iniqüidades. O castigo que nos 
traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. A partir daí, 
os arautos defendem que, ao sermos aceitos como filhos de Deus pela fé em 
Jesus Cristo, estamos automaticamente livres de qualquer espécie de doença; 
que a nossa conquista de saúde perfeita se deu na cruz; que não precisamos orar, 
ter fé ou pedir que a vontade de Deus seja feita; que cabe a cada um se levantar e 
tomar posse da bênção e exigir de Deus seus direitos, e, do diabo, que saia do 
nosso corpo. Em síntese, é assim que a Confissão Positiva apresenta sua 
doutrina. Benny Hinn tenta resumir a questão assim: “Se seu corpo pertence a 
Deus, não pode pertencer às enfermidades”. Kenneth Copeland: “Depende de 
você decidir se quer ou não viver sofrendo enfermidades”. Kenneth Hagin: “Faz 
grande diferença aquilo que alguém pensa. Acredito que esse é o motivo pelo qual 
muitas pessoas estão enfermas. O que faz um crente ser bem-sucedido é o 
pensamento certo, a crença certa e a confissão certa”. 
Devemos aceitar pacificamente tais ensinos, ou fazermos como os bereanos? A 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 19
segunda opção é a mais correta, pois tudo deve ser examinado e passado pela 
peneira da Palavra. 
Vejamos a experiência pessoal. Você conhece ou teve notícias de crentes 
verdadeiros que estão ou estiveram doentes? Muitos, não é verdade? Você 
conheceu crentes fiéis que morreram em conseqüência de determinada doença, 
apesar das orações e vigílias? Muitos, não é verdade? Talvez o próprio leitor 
esteja lutando contra determinado mal, apesar de se levantar, de exigir, de 
repreender.
As evidências nos revelam que os crentes adoecem e eventualmente morrem em 
conseqüência das enfermidades adquiridas. Isto é um fato. Outra comprovação, 
além das nossas experiências pessoais e dos exemplos bíblicos, já relatados 
(Paulo, Timóteo, Epafrodito), é a que lemos no livro de Tiago, capítulo cinco, já 
citado. Ali se diz que crente pode adoecer, e, quando, adoece, o melhor é pedir 
oração (vv. 14,15 e 16). 
Tais evidências nos levam a refletir no seguinte: a) Se “pelas suas pisaduras 
fomos sarados”, por que as doenças ocorrem? b) As doenças relatadas na Bíblia e 
as que conhecemos por experiências pessoais são apenas sintomas? Elas não 
existem e nunca existiram? c) Se nossas doenças foram levadas por Jesus há 
dois mil anos, por que Deus na Sua Palavra, pela carta de Tiago aos crentes, 
recomenda que estes chamem os presbíteros para receberem oração? d) Por que 
a doutrina de não pedir oração, de não aceitar, de decretar, estrebuchar, exigir 
somente foi dada aos santos da Confissão, depois de dois mil anos? e) Tiago não 
foi inspirado pelo Espírito Santo e portanto suas recomendações não servem para 
os dias atuais?
Tais proposições nos levam a examinar com maior atenção Isaías 53.4-5. O 
versículo quatro fala em “enfermidades” e “dores”. Os versículos 5 a 12 falam em 
“transgressões”, “iniqüidades”, “expiação do pecado” “justificará a muitos e “levar 
sobre si o pecado de muitos”. Então, o livramento proporcionado por Jesus 
envolve os problemas físicos e espirituais, isto é, abrange enfermidades e 
pecados, porém em tempos diferentes. Como veremos mais adiante, a profecia de 
Isaías foi cumprida uma parte durante o ministério de Jesus (Mt 8.16-17) e outra 
na Sua expiação (1 Pe 2.24). Se a morte expiatória de Cristo nos torna imune às 
doenças, como propõem os “positivistas”, deveria também nos tornar imunes ao 
pecado, pois os efeitos da expiação envolvem “transgressões”. “iniqüidades” e 
“enfermidades” (Is 53.4-5). Se a proposta dos “positivistas” diz que estamos livres 
das enfermidades, por que não encampa também o pecado? Seríamos então 
seres perfeitos em todos os aspectos, iguais a Adão e Eva antes da queda. Não 
sofreríamos sequer de dor de dente ou de unha cravada, e estaríamos isentos de 
qualquer pecado. Mas não é assim. 
Já vimos que estamos sujeitos às doenças, e, quanto ao pecado, sabemos que 
não estamos isentos dele. Não vivemos na prática do pecado (1 Jo 5.18), o 
pecado não tem domínio sobre nós (Rm 6.14), mas pecamos eventualmente. 
Tiago recomenda aos crentes que confessem seus pecados uns aos outros (Tg 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 20
5.16). “Ele foi ferido por nossas transgressões” (Is 53.5) é o mesmo que “Cristo 
morreu por nossos pecados” (1 Co 15.3). Os presbíteros, assim como todos os 
crentes, estão sujeitos a pecar (1 Tm 5.20). Leiam mais: “Se dissermos que não 
temos pecado nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós” 
(1 Jo 1.8,10). A natureza pecaminosa é uma ameaça constante na vida do crente. 
Contamos com o socorro do Espírito Santo para que as obras do corpo sejam 
mortificadas (Rm 8.13; Gl 5.16-25). Mas há um escape para quem peca: “Se 
confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e 
nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1.9). 
Todos os dias os “positivistas” oram por crentes enfermos. É umaincoerência. 
Eles oram, rogam a Deus, expulsam as enfermidades chamando-as pelo nome e 
declaram que “estão curados em nome de Jesus”. Ora, seria o caso de agir 
conforme ensinam, isto é, não adianta orar nem ter fé; basta tomar posse do 
direito conquistado. Para que haja coerência com o que pregam, em vez de 
oração deveriam dizer aos irmãos doentes: “Voltem para seus lugares. Vocês não 
estão enfermos. Será preciso explicar tudo novamente? Vocês foram curados há 
dois mil anos. O que vocês estão sentindo é apenas um sintoma colocado pelo 
diabo para enganar vocês. Essa miopia, essa dor de dente, dor na coluna, 
sinusite, câncer nas vias respiratórias, tudo isso vai passar. Basta mandar o diabo 
sair do corpo de vocês e proferir palavras de comando para que se cumpra o que 
está dito na Palavra. Voltem tranqüilos; não procurem médicos nem tomem 
remédios. Se alguém morrer, é porque já estava no tempo. Pelo menos morrem 
positivamente”. Ademais, quando oram pela cura dos crentes estão “confessando” 
a doença de cada um. Incoerência. 
Dizem que Deus não deseja que seus filhos fiquem doentes. Este argumento é 
mais ou menos semelhante ao usado pelo espiritismo com relação ao inferno. Ora, 
Deus, sendo amor, bondade e misericórdia, também não deseja que nenhum se 
perca ou cometa qualquer pecado. Porém, ele conhece as nossas fraquezas. Para 
o pecado, temos o Espírito Santo que nos convence quando nos desviamos da 
Palavra. Pelo arrependimento, recebemos o perdão e a nossa conciliação com 
Deus se restabelece. Para a doença, Deus capacitou a Igreja com “dons de curar” 
destinados à restauração da saúde (1 Co 12.9; cf. Mc 16.18). Deus estaria sendo 
incoerente? Observadas as recomendações de Tiago 5.14-15, entende-se que os 
dons de curar se destinam a curar também os crentes. Como pode? Os crentes 
foram ou não foram curados há dois mil anos “pelas pisaduras” de Jesus? 
Podemos entender como dons de curar sintomas? Improvável. 
Mateus 8.17 é usado pela Confissão como prova de que nenhum vírus ou bactéria 
ataca os crentes: “E chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados, e 
ele, com a sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam 
enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele 
tomou sobre si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças”. 
Quando realizou essa cura e outras mais, Jesus ainda não havia passado pelo 
Calvário. Ao realizá-las durante seu ministério, cumpriu-se a profecia messiânica 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 21
de Isaías 53. Foi necessário que assim procedesse para mostrar que Ele era 
realmente o Messias esperado e profetizado; que se Ele tinha poder para curar, 
também o tinha para perdoar. Caso semelhante ocorreu quando, no início de sua 
missão, leu Isaías 61.1, e, ao final, disse: “Hoje, se cumpriu esta Escritura em 
vossos ouvidos” (Lc 4.21). Ele veio para libertar os cativos, e libertou-os. A dois 
discípulos de João Batista, que lhe perguntaram se ele era o Messias esperado, 
Jesus respondeu: “Ide e anunciai a João as coisas que ouvis e vedes: os cegos 
vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos 
ressuscitam, e aos pobres é anunciado o evangelho” (Mt 11.1-5). O reino de Deus 
chegou com demonstração de poder. Jesus explica: “Se eu expulso os demônios 
pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus” (Mt 
12.28). 
Para melhor compreensão, vejamos: “Elevando ele mesmo em seu corpo os 
nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos 
viver para a justiça. E pelas suas feridas fostes sarados” (1 Pe 2.24). “Pelas suas 
pisaduras fomos sarados”, de Isaías 53.5, recebe aqui o seu significado maior e o 
seu cumprimento na morte expiatória. Não a cura automática das doenças, mas a 
remissão de nossos pecados, que se verificou no Calvário, e não antes, visto que 
Ele morreu por nossos pecados (1 Co 15.3; cf. Jo 1.29; 2 Co 5.21; 1 Pe 3.18). 
Pedro não está afirmando que o sofrimento e morte de Jesus nos tornaram 
imunes às doenças. Ele ressalta que “Cristo carregou os nossos pecados na cruz, 
tornando-se nosso substituto, quando tomou sobre Si a penalidade dos nossos 
pecados. O propósito de Sua morte vicária foi livrar-nos totalmente da culpa, poder 
e influência do pecado. Cristo, pela sua morte, removeu nossa culpa e o castigo 
dos nossos pecados e proveu um caminho, mediante o qual pudéssemos voltar a 
Deus, conforme a sua justiça (Rm 3.14-26) e receber a graça de vier em retidão 
diante dEle (Rm 6.2,3; 2 Co 5.15; Gl 2.20). Pedro usa a palavra “sarados” ao 
referir´se à salvação e todos os seus benefícios” (Bíblia de Estudo Pentecostal).
A cura de enfermidades continua na Igreja. Para isso, Deus distribui dons de 
curar, como já dito. A Igreja também pode proclamar o perdão dos pecados, desde 
que haja sincero arrependimento (Mc 2.7; Jo 20.23; At 2.38; 1 Jo 1.9). 
À guisa de conclusão, destacamos:
1 - Não há uma cura automática de todos os enfermos que se convertem. Um 
paraplégico poderá ser curado na hora da conversão, ou permanecer enfermo 
pelo resto da vida. Nem por isto deixará de ser feliz e ter paz no coração, pois a 
alegria em Cristo independe das circunstâncias. 
2 – As conseqüências da queda de Adão, pelo que herdamos um corpo corruptível 
e cheio de fraquezas, só serão desfeitas quando estivermos no céu, onde teremos 
um corpo incorruptível e imortal (1 Co 15.54). Na glória, “Deus limpará de seus 
olhos toda a lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor; 
porque já as primeiras coisas são passadas” (Ap 21.4).
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 22
3 – Se acometido de alguma enfermidade, o crente deverá seguir as 
recomendações da Palavra de Deus, conforme Tiago 5.14-16: a) limpar sua vida 
de qualquer impureza; b) limpar o coração de qualquer sentimento de vingança ou 
ódio, e perdoar as ofensas; c) solicitar oração aos líderes da Igreja e aos irmãos; 
d) esperar no Senhor, confiante que Ele ouve as orações de seus filhos e agirá no 
tempo determinado, segundo a Sua vontade.
4 – O texto de Isaías 53.4-5, examinado o contexto, fala de cura espiritual 
(“transgressões”, “iniqüidades”) como resultado da morte vicária de Cristo, isto é, 
nossos pecados foram cancelados “por suas pisaduras”, no Calvário. Tal 
interpretação é evidenciada em 1 Pedro 2.24.
5 – A profecia de Isaías 53.4-5 concernente às enfermidades foi cumprida em 
Jesus durante seu ministério. Tal evidência está explicitada em Mateus 8.16-17. 
6 – Assim como não precisamos decretar o perdão de nossos pecados, recebido 
pela fé, não precisamos decretar a cura de nossas enfermidades, que depende, 
como vimos, de nossa fé e da soberana vontade de Deus.
Parte III
A DIVINDADE DE JESUS CRISTO 
 No espiritismo, Ele era um reformador da Judéia, com a missão de ensinar aos 
homens uma elevada moral, a moral evangélico-cristã; foi a segunda revelação de 
Deus (a primeira teria sido Moisés, e a terceira, o espiritismo); foi um médium de 
primeira grandeza, um espírito iluminado. Para os testemunhas-de-Jeová, Ele é 
um ser criado por Jeová, poderoso, mas não todo-poderoso. No budismo, Jesus 
foi um grande Mestre. No mormonismo, Jesus não foi gerado pelo Espírito Santo, 
e viveu em poligamia: Marta e Maria, irmãs de Lázaro, teriam sido suas esposas. 
No islamismo, um mensageiro de Deus, porém menor que Maomé. Na Nova Era, 
Jesus não é Deus porque todos somos deuses; a Era de Peixes, de Jesus, está se 
expirando, e um novo avatar surgirá para conduzir a humanidade à Era de 
Aquários, que colocará o mundo em ordem e estabelecerá a paz. 
Negar a divindade de Jesus é uma das características das seitas, mas "as portas 
do inferno não prevalecerão" contra a Igreja de Cristo. Para nós, cristãos, Jesus 
Cristo é Deus. A prova disso não é apenas a nossa fé. Contamos com a Bíblia 
Sagrada, livro escrito por cerca de 40 escritores, divinamente inspirados;contamos com o testemunho de apóstolos que caminharam com Jesus, ouviram 
suas palavras e viram seus milagres, a exemplo de Pedro que declarou enfático: 
"TU ÉS O CRISTO, O FILHO DO DEUS VIVO" (Mateus 16.16). Temos as 
palavras do próprio Jesus que afirmou: "EU E O PAI SOMOS UM" (João 10.30). 
Temos o testemunho do profeta Isaías que, 700 anos de o Verbo habitar entre 
nós, chamou-O de "Deus Forte" e "Pai da Eternidade" (Isaías 9.6). Contamos, 
também, com o testemunho de milhões de vidas transformadas pelo poder que há 
no nome de Jesus. Tratar-se-ia de apenas um espírito evoluído, um homem com 
poderes mediúnicos como desejam os kardecistas? Se Jesus é apenas um 
espírito iluminado, por que não "baixa" nas sessões espíritas? Se Jesus foi igual a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 23
Buda e Maomé, onde estão seus ossos? Em lugar nenhum iremos encontrá-los 
porque Jesus ressuscitou, e vive e reina para sempre. Aleluia! Vejamos o que 
dizem as Escrituras sobre a divindade de Jesus.
CRISTO, O CRIADOR 
§ "Todas as coisas foram feitas por meio dele, e sem ele nada do que foi feito se 
fez... estava no mundo, e o mundo foi feito por ele e o mundo não o conheceu 
(João 1.3, 10)). "Pois nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na 
terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, 
sejam potestades, tudo foi criado por ele e para ele" (Colossenses 1.16). "...a nós 
falou-nos [Deus] nestes últimos dias pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de 
tudo, por quem fez o mundo (Hebreus 1.2).
CRISTO, O DEUS
§ "A virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamarão pelo nome de 
Emanuel, que quer dizer: Deus conosco" (Mateus 1.23). "No princípio era o Verbo, 
e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... e o Verbo se fez carne e 
habitou entre nós (João 1.1,14). Atenção: "O Verbo era Deus", e não "o Verbo era 
um deus", como desejam os testemunhas-de-Jeová. "Eu e o Pai somos um" (João 
10.30); "Quem me vê, vê o Pai" (João 14.9). "O Pai está em mim, e eu nele" (João 
10.38); "Disse-lhe Tomé: Senhor meu e Deus meu" (João 20.28); "Deles são os 
patriarcas, e deles descende Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus 
bendito eternamente. Amém". (Romanos 9.5). "Pois nele habita corporalmente 
toda a plenitude da divindade (Colossenses 2.9). "Porque um filho nos nasceu...o 
seu nome será: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe 
da Paz" (Isaías 9.6). "Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna" (1 João 5.20). 
Outras referências: João 1.15,18,30; Colossenses 1.15; 2 Coríntios; 4.4; 5.19. 
CRISTO, O ETERNO
§ "Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, o princípio e o fim" (Apocalipse 
22.13). "Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão nascesse, eu 
sou" (João 8.58). "Eu e o Pai somos um" (João 10.30,38). "Há tanto tempo estou 
convosco e não me conheces, Filipe? Quem me vê, vê o Pai... crede-me quando 
digo que estou no Pai e o Pai está em mim" (João 14.9-11,20; 17.21). "Vim do Pai 
e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai" (João 16.28) Outras 
ref.: João 1.18; 6.57; 8.19.
CRISTO, O TODO-PODEROSO
§ "É-me dado todo o poder no céu e na terra" (Mateus 28.18). "Eu sou o Alfa e o 
Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, aquele que é, que era e que há de vir, o 
Todo-poderoso" (Apocalipse 1.8). Outras referências: Efésios 1.20-23; João 21.17.
CRISTO, O SALVADOR
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 24
§ "Mas quando apareceu a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor 
para com os homens, não por obras de justiça que houvéssemos feito, mas 
segundo a sua misericórdia, ele nos salvou mediante a lavagem da regeneração e 
da renovação pelo Espírito Santo, que ele derramou ricamente sobre nós, por 
meio de Jesus Cristo nosso Salvador"(Tito 3.4-6).
§ "E em nenhum outro há salvação, porque debaixo do céu nenhum outro nome 
há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos" (Atos 4.12). Vejam a 
ênfase: "Em nenhum outro nome". Não sobra para Buda, para Allan Kardec, para 
Maomé, para Confúcio, para Lao-Tsé, para ninguém. E mais: João 3.16; Lucas 
4.18; Isaías 61.1.
Jesus não foi um simples fundador de uma religião. Os afamados fundadores de 
seitas que surgiram na história da humanidade estão todos mortos e devidamente 
enterrados; seus corpos foram comidos pelos vermes, e seus ossos, se ainda 
restam, estão em algum lugar. Com Jesus não aconteceu a mesma coisa. A terra 
não pôde detê-lo, a morte não teve domínio sobre Ele. Jesus ressuscitou do 
sepulcro e sobre isto há o testemunho das Escrituras; há o registro de 
testemunhas oculares que com Ele estiveram durante sua vida terrena e após a 
sua ressurreição, e viram-no ascender aos céus (Mateus 28.1-10; 16-18; Marcos 
16.1-14; Lucas 24.1-53; João 20.1-18).
OS TÍTULOS DE JESUS
De forma direta ou indireta, pelo nome ou pelos títulos, o nosso Salvador permeia 
toda a Bíblia, onde é apresentado, por exemplo, como Messias, Redentor, 
Libertador, Perdoador de pecados, Juiz, Rei dos reis e Senhor dos senhores. 
Vejamos alguns dos títulos de Jesus distribuídos por vários livros: 
Gênesis: Semente da mulher.
Jó: Redentor.
Salmos: Pedra angular. 
Cantares: Rosa de Saron. 
Isaías: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz, 
Emanuel, Glória do Senhor, Legislador, Poderoso de Jacó, Renovo, Santo de 
Israel. 
Jeremias: Justiça nossa.
Daniel: Ungido ou Messias. 
Miquéias: Juiz de Israel. 
Ageu: Desejado de todas as nações.
Zacarias: Rei. 
Malaquias: Mensageiro da aliança, Sol da justiça. 
Mateus: Filho amado, Filho de Davi, Filho de Deus, Filho do homem, Guia, Rei dos 
judeus. 
Marcos: Filho do Deus Bendito, Santo de Deus. 
Lucas: Consolação de Israel, Filho do Altíssimo, Poderoso Salvador, Profeta, 
Salvador, Sol nascente. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 25
João: A Porta, a Ressurreição e a Vida, Bom Pastor, Cordeiro de Deus, Criador, 
Deus Unigênito, Eu Sou, Luz do mundo, Luz Verdadeira, Verbo, Verdade, Vida, 
Videira verdadeira. 
Atos: Justo, Santo, Senhor de todos. 
Romanos: Deus bendito, Libertador. 
1 Coríntios: Adão, Nossa Páscoa, Rocha, Senhor da glória. 
2 Coríntios: Imagem de Deus. 
Efésios: Cabeça da Igreja. 
1 Timóteo: Bem-aventurado e único Soberano, Mediador, Rei dos reis, Rei dos 
séculos, Senhor dos senhores. 
Tito: Salvador. 
Hebreus: Apóstolo da nossa confissão, Herdeiro de todas as coisas, Autor e 
Consumador da fé, Grande Sumo Sacerdote. 
1 Pedro: Pastor e Bispo das almas, Príncipe dos pastores. 
1 João: Advogado. 
Apocalipse: Alfa e Ômega, Cordeiro, Leão da Tribo de Judá, O Primeiro e o 
Último, Primogênito, Rei dos santos, Resplandecente estrela da manhã, Todo-
poderoso. 
A TRINDADE
Negar a divindade de Jesus é negar a existência do Deus trino, ou seja, do Deus 
único, eternamente subsistente em três Pessoas: a Primeira Pessoa, Deus Pai; a 
Segunda Pessoa, Deus Filho; e a Terceira Pessoa, Deus Espírito Santo. A 
unidade divina é uma unidade composta dessas três pessoas, coexistentes, 
porém distintas. Examinemos a Palavra: 
§ "Ouve, Israel, o SENHOR, nosso Deus, é o único SENHOR" (Deuteronômio 6.4). 
Este versículo é muito usado pelos que não aceitam a Trindade. Sustentam que 
não existem três Deuses, mas apenas um. Ora, a idéia do Deus trino, da unidade 
composta, está subjacente em outras passagens, como veremos a seguir.
§ "Então disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem..." (Gênesis 1.26). O 
uso da primeira pessoa do plural - FAÇAMOS - indica que Deus não estava só na 
obra da Criação: o Filho e o Espírito estavam presentes. Vejam também Gênesis 
3.22; 11.7; Isaías 6.8. 
§ "Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do 
Filho, e do Espírito Santo" (Mateus 28.19).
§ "A graça do Senhor Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo 
sejam com todos vós" (2 Coríntios 13.13). Conhecida como a "bênção apostólica", 
este versículo revela

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