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Convenio FENIPE e FATEFINA Promoção dos 300.000 Cursos Grátis 
Pelo Sistema de Ensino a Distancia – SED
CNPJ º 21.221.528/0001-60
Registro Civil das Pessoas Jurídicas nº 333 do Livro A-l das Fls. 
173/173 vº, Fundada em 01 de Janeiro de 1980, Registrada em 27 de 
Outubro de 1984
Presidente Nacional Reverendo Pr. Gilson Aristeu de Oliveira
Coordenador Geral Pr. Antony Steff Gilson de Oliveira 
APOSTILA Nº. 29/300.000 MIL CURSOS GRATIS EM 156 PAGINAS. 
Apostila (29)
Novo Testamento
Estudo Teológico Sobre o Novo Testamento Dividido em XXXI Parte apostila 
com 160 paginas "... O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR"
"... O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR”
Parte I
 Então, pelo poder do Espirito, voltou Jesus para a Galiléia, e sua fama correu por 
todas as regiões circunvizinhas. Ele ensinava nas suas sinagogas, e por todos era 
louvado. Chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou, num dia de sábado, na 
sinagoga, segundo os eu costume, e levantou-se para ler. Foi-lhe dado o livro do 
profeta Isaías. Ao abrir o livro, achou o lugar onde estava escrito: O Espirito do 
Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar aos pobres. Enviou-
me para apregoar liberdade aos cativos, dar vistas aos cegos, por em liberdade os 
oprimidos, e anunciar o ano aceitável do Senhor. Fechando o livro, devolveu-o ao 
assistente, e assentou-se. Os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. 
Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos."
(Lc 4.14-21). 
Começa no versículo quatorze uma das extraordinárias narrativas de todo o 
evangelho. Jesus está no culto da sinagoga, onde lê Isaías 61.1,2 (acrescido de 
58.6). Com essa narrativa, única nos Evangelhos, enquanto Mateus e Marcos 
dizem que Jesus anuncia o reino, Lucas mostra que o reino é a Sua realidade, é o 
Messias, o Cristo, o Ungido de Deus.
UMA ANÁLISE BREVE
Diferentes critérios podem ser utilizados passar estudar este trecho. Pode 
acontecer que alguém tenha uma veia literária, e através dela veja apenas o 
aspecto poético de Isaías 61. Observe-se o paralelismo entre os termos 
apresentados, entre os versos, por exemplo:
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 1
"Porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres", e "Restauração 
de vista aos cegos".
Porque, praticamente, é a mesma coisa que está sendo dita. Quando diz: 
"enviou-me para proclamar libertação aos cativos", isso é paralelo a "para 
por em liberdade os oprimidos". 
É a mesma idéia, portanto. E todo esse paralelismo, encontra o seu ponto 
culminante na expressão final: "para proclamar o ano aceitável do Senhor", 
que é o objeto da nossa reflexão.
Pode ser que alguém deixe de lado o aspecto literário, mas queira destacar o 
apelo político do que Jesus afirmou, o que, aliás, tem sido bastante 
explorado. Busca-se ver o lado político de expressões tão fortes como, 
"anunciar boas novas aos pobres", "libertação aos cativos", "restauração de 
vista aos cegos", "por em liberdade os oprimidos". O apelo político é muito 
do agrado dos radicais de plantão.
Desejamos, porém, ver a extraordinária lição de apostolado que se encontra 
no que Jesus Cristo disse, aplicando a Si mesmo. Enfocamos o 
embasamento de um ministério que é repassado à Igreja de Jesus Cristo. 
Queremos analisar a missão quer nos foi entregue pelo Senhor, porque vejo 
que tudo começa com a unção, visto que nenhum empreendimento em nome 
de Jesus Cristo subsiste sem a unção do Espírito Santo; nenhuma empresa 
em nome do evangelho, nenhuma campanha, nada, movimento algum pode 
subsistir em nome de Jesus Cristo se não tiver a unção do Espirito Santo 
sobre si. Por essa razão, Jesus leu: "O Espirito do Senhor está sobre mim", 
e daí em diante Ele explica para quê. 
Pedro num culto de proclamação do evangelho, na casa de um militar, um 
oficial do exército romano, refere-se ao ministério de Jesus Cristo, e afirma: 
"Como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o 
qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque 
Deus era com ele." (At 10:38), o que vai nos conduzir às expressões que 
definem a plataforma que vai ser seguida por Jesus Cristo, o Seu programa. 
"O Espirito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar 
aos pobres. Enviou-me para apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos 
cegos, por em liberdade os oprimidos." (Lc 4.18). 
PROFUNDA CARGA EMOCIONAL
"Pobres". falar de pobreza é uma carga emocional fortíssima. O jornal A 
Tarde (de Salvador) vem falando sobre a fome e a desnutrição no estado da 
Bahia. Falar de pobreza traz para nós sentimentos tremendamente 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 2
emocionais; 
"Cativos". Falar de prisão é a mesma coisa. É pesado, é triste, traz mágoa.
"Opressão". Há opressão demoníaca neste mundo. O crente é oprimido, mas 
não possuído.
Jesus fala de cegueira, e lê essas palavras em Isaías 61, capítulo 
considerado como o cerne da mensagem desse profeta. Jesus se identifica 
com o fato profético descrito, e demonstra ser Ele mesmo as boas novas; o 
profeta escatológico, o proclamador do evangelho; demonstra ser Aquele 
que traz libertação para os oprimidos, função eminentemente messiânica. 
Para os pobres, para os cativos, para os cegos, e para os oprimidos que são, 
não apenas os desafortunados deste mundo, mas todos os que têm 
necessidade especial de dependência de Deus (Lc 1.53; 6.20). Ou na 
expressão do comentarista de Lucas da 
Bíblia do Intérprete,
"o cativeiro a que Jesus se refere (Lc 4.18, 19) é evidentemente moral e 
espiritual. O pensamento não se move no plano de abrir portas físicas, para 
que os presos saiam], mas livrar os homens da invisível, porém 
terrivelmente real prisão de suas almas". 
Na verdade essas palavras de tão forte carga emocional descrevem a 
falência espiritual à qual Jesus dá especial atenção.
E no verso 19: "e para proclamar o ano aceitável do Senhor". Esse ano a ser 
proclamado é a era messiânica iniciada nele mesmo, na pessoa e na obra de 
Cristo.
No verso 21, verificamos: "Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta 
Escritura em vossos ouvidos". Os contemporâneos de Jesus não duvidavam 
que o reino de Deus viria algum dia. Todos criam no reino de Deus. Mas 
Jesus está ensinando que Deus está agindo agora, naquele mesmo 
momento, no presente, na obra dEle mesmo. E, assim, Ele se torna o centro 
da História, e até a História, porque a partir dEle ela passou a ser antes de 
Cristo (a. C.) e depois de Cristo (d. C.). O propósito de Deus é tudo colocar 
sob a autoridade de Jesus Cristo. 
E aqui O temos Senhor da História, agora com a vinda do reino, exaltado, 
glorificado nos termos de Mateus 28, final do verso 18 que diz: "foi-me dado 
todo o poder no céu e na terra". E porque recebemos a graça da libertação, 
podemos encontrar esta expressão do apóstolo Paulo: "Seja Paulo, seja 
Apolo, seja Cefas, seja o mundo, seja a vida, seja a morte, seja o presente, 
seja o futuro, tudo é vosso" (1 Co 3.22), autoridade que nos é passada por 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 3
Jesus Cristo.
AS LIÇÕES 
O ser humano vive preocupado com o seu salário, com a inflação que parece 
querer voltar; com os aumentos das passagens dos ônibus (verdade que 
agora mais espacejados), o avanço e engodo das seitas, com o 
desenvolvimento do país, com a paz mundial. Pois Jesus traz uma nova 
compreensão da vida humana, por isso que, plenamente de acordo com sua 
plataforma de ação, é o portador da obra redentora de Deus, e oferece Sua 
palavra e Suas ações como desafio à nossa própria fé. 
Muitos contemporâneos de Jesus criam que o reino de Deus era só comida e 
bebida (Rm 14.12), ou libertação política (Mt 27.39-44; Jo 6.14ss; At 1.6); ou, 
ainda, poder temporal (Lc 22.24-30; Mt 20.20). Até os discípulos caíram nesse 
erro?! Mas Jesus diz que o reino de Deus já veio em Sua pessoa e dá prova 
disso (Mt 4.17; 11.1-6; 12.28; Lc 17.20ss). Pois a fraqueza de algumaspregações está na idéia de que o reino de Cristo ainda virá (pregação do 
premilenismo e dos posmilenismo ). Não é isso o que Jesus Cristo nos 
ensina, e permitam-me voltar a Lucas 17.20,21 : "Interrogado pelos fariseus 
sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus 
não vem com aparência visível. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque o 
reino de Deus está dentro de vós." (Mt 12.28; 3.2). É o reino inaugurado, 
apesar de que será plenamente cumprido na Parousia, na Segunda Vinda (Lc 
22.18). É aquilo que C. H. Dodd chamou de "escatologia realizada", as coisas 
dos últimos dias já estão acontecendo e aconteceram na Pessoa de Jesus 
Cristo.
Quais são as lições que tiramos desses fatos? A primeira é que Jesus Cristo 
é o cumprimento das antigas profecias. Apesar de Suas palavras fazerem 
nascer opiniões diferentes ou de admiração (Lc 4.22), ou de repulsa (v. 28), 
Jesus cumpre as profecias! Apesar se quererem os Seus contemporâneos 
os sinais do shalom que Ele traz (v. 23), Jesus Cristo traz a salvação integral, 
o verdadeiro shalom, a paz. O apóstolo Paulo diz que "Ele é a nossa paz" (Ef 
2.14).
A segunda lição é que o reino de Deus é Jesus Cristo entre nós, é o 
Emanuel. Emanuel é toda uma expressão hebraica, que significa "Deus entre 
nós", "Deus no nosso meio", "Deus habitando no nosso meio", "Deus 
conosco". Não é libertação para o futuro, para os últimos dias, mas Jesus é 
hoje a boa notícia, a graça , a redenção dos homens. Jesus glorificado, 
Jesus Salvador, Jesus senhor, Jesus, o Cristo, é poder renovador sobre a 
terra, é salvação para a pessoa humana individual, razão porque o livro dos 
Atos dos Apóstolos repete até o fim que a verdade está em Cristo Jesus, e 
mostra o modelo da "Plataforma de Nazaré" na defesa/sermão de Paulo 
quando fala ao rei Agripa em Atos 26.17,18 : 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 4
"Eu te livrarei deste povo, e dos gentios, a quem agora te envio, para lhes 
abrir os olhos, e das trevas os converter à luz, e do poder de Satanás a Deus, 
a fim de que recebam remissão dos pecados e herança entre aqueles que 
são santificados pela fé em mim". Tocado por isso, Agripa diz a Paulo, "Ora, 
Paulo quase que eu viro cristão" (v. 28 BLH), 
e esse foi o seu grande erro, perto do reino, mas sem salvação: "Quase 
aceito o evangelho". O erro de muita gente é um "quase".
A terceira lição a destacar é que a missão da Igreja é dada por Deus. "A 
missão de Cristo [é] padrão e modelo para missão de sua igreja", diz Grellert 
em Os Compromissos da Missão. 
"Disse-lhes Jesus de novo: Paz seja convosco! Assim como o pai me 
enviou, eu vos envio." (Jo 20.21). Isso quer dizer que para igrejas que têm 
como modelo a missão de Jesus, há necessidade de vidas modeladas pelo 
mesmo Jesus. E assim disse João em sua Primeira Carta: "aquele que diz 
que está nele, também deve andar como ele andou" (1 Jo 2.6). 
"Pois quem conheceu a mente do Senhor, para que o possa instruir? Mas 
nós temos a mente de Cristo" (1 Co 2.16); 
"De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, 
que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas 
a si mesmo se esvaziou, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante 
aos homens. E, achando na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, 
sendo obediente até a morte, e morte de cruz." (Fp 2.5-8); 
"Pois os que dantes conheceu, também os predestinou para serem conforme 
a imagem de seu filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos 
irmãos" (Rm 8.29). 
Assim, temos que moldar a nossa vida pela de Jesus Cristo. Então, se como 
nós afirmamos, Missões é o nosso braço para alcançar este mundo para o 
Senhor. Temos o fato de que o Deus vivo é um Deus que envia. Os povos 
pagãos, vizinhos de Israel, não tinham deuses que enviavam a qualquer 
lugar pessoas com uma mensagem. Mas o nosso Deus é um Deus que envia: 
Ele enviou Seu Filho ao mundo, diz a Bíblia; enviou os apóstolos; Jesus 
Cristo enviou os setenta; e envia a Igreja; ele mesmo manda o Espírito Santo 
à Igreja para a unção, e a nossos corações, por isso Ele nos envia, também 
ao mundo perdido. "Disse-lhes Jesus de novo: Paz seja convosco! Assim 
como o pai me enviou, eu vos envio." (Jo 20.21) , "Assim como tu me 
enviaste ao mundo, também eu vos enviei ao mundo." (Jo 17.18).
E aí vem, a quarta lição: é preciso redescobrir a importância da escatologia, 
que é o ponto de contato entre a teologia (aquilo que nós cremos), e a 
missão (aquilo que nós fazemos). É preciso centralizar tudo na escatologia, 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 5
porque do ponto de vista da teologia, se não tivermos uma dimensão de 
futuro, o evangelho deixa de ser evangelho e se torna ética: um clube ético, 
e só. Se não olharmos para a Segunda Vinda de Cristo, teremos um grupo de 
idealistas que toda manhã de domingo vem para cantar, orar, e pronto, 
idealismo apenas e nada mais. 
Agora do ponto de vista de Missões, a escatologia é a sua razão. O Povo de 
Deus não pode ter crise de identidade, pois sabe quem Deus é, e sabe que é 
o povo desse Deus maravilhoso, Vivo e Verdadeiro! É povo que sabe o que 
faz! E sabe para que vive, porque a identidade da igreja como povo de Deus 
é uma identidade missionária!
Além disso, o povo de Deus não pode perder a memória. Quanta gente 
desmemoriada lá fora! De vez em quando é dito que "O Brasil está perdendo 
a memória, destruindo os seus monumentos, e seu passado". A nossa 
memória é o Novo Testamento, é a Escritura Sagrada! A nossa memória são 
as ações apostólicas, o que eles fizeram no passado! A nossa memória são 
os atos da Igreja Primitiva; como agia, assim queremos agora! O Povo de 
Deus há de estar padrões acima do mundo. Que história é essa de 
querermos nos igualar ao mundo?! E damos um exemplo: se o mundo vem à 
Igreja e ouve sua própria música aqui sendo tocada, onde está o fermento 
levedando a massa? Se nos colocamos no mesmo pé de igualdade, ou até 
abaixo, como vamos elevar os padrões do mundo? Mas Jesus, o Cristo de 
Deus, é decisivo e normativo para os assuntos de fé e prática.
Afunilando o assunto um pouco mais, isso vai trazer mais uma lição: é a de 
que ninguém pode obedecer às ordens de "ir" ou de "servir" se não tiver 
amor. Porque a obra de expansão do reino de Deus não pode ser realizada 
com carência de amor. Aí Jesus perguntou a Pedro: "Simão, filho de João, 
[verdadeiramente] tu me amas?" (Jo 21.16). E Jesus perguntou tantas vezes 
porque Pedro nunca respondia "[verdadeiramente] eu te amo", mas tão 
somente "eu te amo, eu tenho significativa amizade por ti". Que significa 
isso hoje? Sem dúvida, temos três passos no compromisso nosso com 
Cristo. Quando Jesus nos pergunta, "Fulano, você verdadeiramente me 
ama?", temos um convite à autoconsciência. Você tem que tomar 
consciência de quem é diante de Deus, e deste mundo também. Você 
representa as mãos de Deus, os pés de Deus e os olhos de Deus; você é um 
instrumento de Deus, um agente do reino de Deus. A segunda coisa é que 
você tem um convite à consciência da Pessoa de Jesus Cristo que é o 
Senhor do nosso futuro, é o Messias de Deus, é o ungido do Pai, é o Filho de 
Deus, é o Senhor de nossas almas, é o Salvador de nossas vidas. Você tem, 
igualmente, um compromisso. Há um hino que diz, 
"Eis-me submisso pra teu serviço". 
Bonito, não é? Porém, há crentes que parecem que cantam assim: 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 6
"Eis-me sumiço...", 
quer dizer, "caio fora, desapareço, não quero compromisso com a Igreja de 
Cristo". Mas temos um convite ao compromisso com a Igreja de Cristo. Um 
convite ao compromisso é o que precisa acontecer conosco, nos termos de 
Romanos 5.8: "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo 
morreu pôr nós, sendo nós ainda pecadores". Que o Senhor nos ajude 
nesses compromissos!
Parte II
PARA UMA ALMA RELIGIOSA, CURIOSA E CONFUSA 
 "Se alguém não tiver sabedoriasuficiente, peça-a a Deus, que a dá a todos de 
graça sem humilhar ninguém" (Carta de São Tiago, 1.5, Tradução 
Interconfessional dos Franciscanos Capuchinhos)
Estas perguntas, nós as recebemos para que déssemos uma resposta pastoral 
dentro da Palavra de Deus. Foram devidamente encaminhadas tanto ao anônimo 
consulente quanto ao portal evangélico que no-las enviou. Um amigo leu as 
respostas dadas, e sugeriu-nos dar publicidade para ajudar outros espíritos 
religiosos, curiosos porém confusos, assim como, nossos irmãos em Jesus Cristo. 
O nível é apologético.
"Meus caros irmãos das Igreja Evangélicas, eu sou da Igreja Católica e gostaria 
muito que vocês me respondessem a estas perguntas":
PERGUNTA # 1
"Já que a Igreja Batista, Adventista, Pentecostal, Messiânica, Presbiteriana, 
Quadrangular, Deus é Amor, Universal do Reino de Deus, etc... não têm 
imagem de nenhum "demônio" como na Igreja Católica, e se vocês adoram a 
Jesus Cristo, por que vocês então não se unem e formam uma única Igreja 
de Cristo?"
NOSSA RESPOSTA:
Na realidade, caro consulente, só existe uma Igreja de Jesus Cristo. Ela é 
formada por todos os salvos, de todos os tempos, de todos os quadrantes 
da Terra, de todas as línguas, de todas as raças, de todas as condições 
sociais, e não é conhecida por qualquer nome de Igreja particular, Grupo ou 
Denominação. É um Corpo que reúne todos os que foram alcançados pela 
Graça(1) de Deus, unido este Corpo pela fé a Jesus Cristo, o Filho de Deus, e 
sem nenhuma cor sectária. A Igreja de Cristo não é qualquer organização 
terrena, visível seja do movimento Ortodoxo em suas diversas formas 
(Grego, Russo, Ucraniano, Igrejas Orientais, etc.), dos diversos 
agrupamentos Católico-Romanos ou de quaisquer grupos Protestantes e 
outros Evangélicos (2).
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 7
Outrossim, não nos parece que qualquer grupo evangélico, para-evangélico 
ou presumido-evangélico tenha acusado as imagens e outros ícones 
presentes nos templos, capelas e lares católico-romanos de "demônios". 
Reconhecemos, sim a absoluta falta de ensino bíblico com respeito à 
veneração ou culto (mesmo que o seja de dulia ou hiperdulia, visto que na 
teologia romana a latria só é devida ao Criador), razão porque o culto 
anicônico das igrejas evangélicos é realizado nos moldes do ensino 
neotestamentário: "em espírito e verdade" e "racional"(3).
A propósito, vamos desfazer um engano: a assim chamada Igreja Messiânica 
Mundial do Brasil não é uma igreja evangélica. É um movimento não-cristão 
de origem japonesa, que não tem a Bíblia Sagrada como seu livro de fé. 
Portanto, convém não mais relacioná-la com as Igrejas denominadas 
protestantes nem com as evangélicas.
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PERGUNTA # 2
"Já que vocês dizem que as imagens que estão na Igreja Católica são 
demônios ou ídolos, dêem-me a prova de que elas realmente o são". 
NOSSA RESPOSTA 
Pena que sua afirmação está certa somente em parte. Não conhecemos 
qualquer afirmação entre os evangélicos de serem as imagens dos templos 
católicos "demônios". No entanto, quem as coloca na categoria de "ídolos" é 
a própria edição católico-romana da Bíblia Sagrada num livro considerado 
deuterocanônico (nós o chamamos "apócrifo") e que não se encontra no 
Cânon Original, que é o Palestino (escritos os livros em hebraico e 
aramaico), e conseqüentemente, também não no Cânon 
Protestante/Evangélico. Trata-se do livro de Sabedoria, do qual 
transcrevemos uma parte e indicamos outras. Foi utilizada para essa 
transcrição a edição da Bíblia Sagrada, traduzida pelo Pe. Matos Soares (4). 
Diz o capítulo 13.11ss:
Eis que um artista hábil corta do bosque um tronco direito, e destramente 
lhe tira toda a casca,e, valendo-se da sua arte, faz com esmero uma peça útil 
para uso da vida(5), e os restos daquela obra emprega-os para cozinhar a 
comida(6). E, quanto ao resto de tudo isto, que para nenhum uso é útil, por 
ser um madeiro torto e cheio de nós, vai-o esculpindo cuidadosamente nas 
horas livres, e, pela perícia de sua arte dá-lhe uma figura, e configura-o à 
semelhança de um homem,...
Depois prepara-lhe um nicho conveniente, pondo-o numa parede, e 
segurando-o com algum ferro, usando com ele desta precaução, para que 
não caia, reconhecendo que não pode ajudar-se a si mesmo, porque é uma 
estátua e tem necessidade de auxílio. E, fazendo-lhe votos, consulta-o a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 8
respeito dos seus bens, e dos seus filhos, ou de um casamento.
Não se envergonha de falar com aquele madeiro, que está sem alma; e roga 
pela saúde a um inválido, e pede a vida a um morto, e invoca em seu socorro 
um inútil; e, para o bom sucesso de uma jornada, recorre àquele que não 
pode andar; e para as suas compras, suas empresas, e para o bom êxito de 
todas as suas coisas, implora a quem é incapaz de tudo.
Continue lendo o capítulo seguinte, o 14, sobretudo os versos 7 e 8. Veja 
também os versos 17 a 20. 
O livro do profeta Isaías (46.7,8) tem igualmente uma palavra de condenação 
quando exclama:
Levam-no às costas, colocam-no no seu nicho, e ele fica sem se mover do 
seu lugar; e ainda, quando clamarem para ele, não ouvirá, nem os salvará da 
tribulação Lembrai-vos disto, envergonhai-vos, entrai em vós mesmos.
É ou não, a mesmíssima forma de uma prática de religiosidade encontrada 
sobretudo nos países latinos europeus e do Novo Mundo? Veja, ainda, Isaías 
44.9-20. 
A claríssima recomendação do Novo Testamento e que se encontra no 
último versículo da Primeira Carta de São João é: "Filhinhos, guardai-vos 
dos ídolos".
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PERGUNTA # 3
"Eu lhes pergunto quando Deus Todo Poderoso ordenou não fazer imagem, 
proibiu se fazer imagens dos homens santos, ou de se fazer imagens de 
deuses?" 
NOSSA RESPOSTA
Leia o que diz a Bíblia. Vamos reproduzir as palavras da tradução do Pe. 
Matos Soares em Êxodo 20.4,5:
Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima 
no céu, e do que há em baixo na terra, nem do que há nas águas debaixo da 
terra. Não adorarás tais coisas, nem lhes prestarás culto.
Raciocine: há cabimento para qualquer tipo de culto, seja dulia ou 
hiperdulia? A proibição é TOTAL: de "homens santos" e de "deuses" 
também. 
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PERGUNTA # 4
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 9
"Para vocês existem ou não os santos Ler 2 Tessalo-nicenses 1,10; Efésios 
3,8. 
NOSSA RESPOSTA
Do começo ao fim, a Bíblia Sagrada ensina uma Teologia da Santidade. Os 
textos mencionados são dois entre centenas tanto no Antigo quanto no 
Novo Testamento. 
A pergunta não deve ser se "existem ou não os santos". A pergunta é "QUE 
SIGNIFICA SER SANTO?" Há uma teologia popular e há uma Teologia Bíblica 
sobre este assunto. A primeira é incentivada e alimentada por uma 
compreensão equivocada do termo e do conceito; a segunda tem um caudal 
puríssimo na Escritura Sagrada.
A idéia popular é de que "santo" é alguém que, tendo obtido um altíssimo 
grau de bondade, perfeição e virtude, nem precisa passar pelo Purgatório, 
onde supostamente se "purificaria" dos pecados veniais(7). Outrossim, esta 
"teologia popular" da santificação avança no imaginário do povo com o 
conceito de beatificação até se chegar à canonização. São mais duas idéias 
não encontradas no Novo Testamento.
Graças a Deus, o ensino bíblico é suficientemente iluminado para não deixar 
dúvidas: "Santo é o que está reservado para Deus". O conceito de santidade 
(em hebraico kidshut) está ligado a objetos, eventos/datas, lugares e 
pessoas.
A "Arca da Aliança" era chamada Aron haKodesh, ou seja, a Arca Santa, 
porque era um objeto reservado, exclusivo do culto a Deus; 
o Templo de Jerusalém era nomeado Beith haMikdash porque era um 
edifício de usoexclusivo de Javé e Seu Culto; 
o povo de Israel era Santo por ser uma nação separada para Deus; 
o Shabath, um Dia Santo porque nele só uma realidade interessa: fazê-lo 
diferente de todos os outros. Recorde-se do mandamento que regula: 
"Lembra-te de santificar o dia de Repouso". Aproveite e leia o restante que 
está em Êxodo 20.7 a 11. 
Assim sendo, quem são os "santos"? A resposta da Bíblia Sagrada é que 
são aqueles que pertencem a Jesus Cristo, aqueles que foram lavados e 
purificados pelo sangue de Jesus (não pelo batismo, o que não é ensino 
neotestamentário), aqueles que O receberam pela fé salvadora, outro nome 
para a fé-adesão, fé-compromisso, fé-levada-a-sério. A Bíblia chama a estes 
de "fiéis", "santos" e "santificados", entre outros significativos epítetos. 
Leia: 1Coríntios 1.1,2; 2Coríntios 1.1; Efésios 1.1; Filipenses 1.1; 
Colossenses 1.1,2.
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PERGUNTA # 5
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Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 10
"Pois quando Deus disse em Levítico 19,1: ‘Dirás a toda a assembléia de 
Israel o seguinte: Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus sou santo’, 
Deus estava mandando seu povo ser santo ou demônio?" 
NOSSA RESPOSTA
Deus estava ordenando Seu povo, e, por extensão, aos salvos e fiéis da 
Igreja de Jesus Cristo a serem diferentes, que é, sem dúvida, a melhor 
interpretação para o conceito teológico veterotestamentário expresso pela 
palavra Kadosh. Ser uma reserva especial para Deus e Jesus Cristo. A 
Primeira Carta de São Pedro (2.5)esclarece: 
Vós, também, como pedras vivas sede edificados sobre ele como casa 
espiritual, sacerdócio santo para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis 
a Deus por Jesus Cristo.
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PERGUNTA # 6
"Os homens que seguem a Jesus Cristo, estão ou não estão no caminho da 
santidade? Ler: (I Coríntios 7,32-34)" 
NOSSA RESPOSTA
Os verdadeiros discípulos já encontraram esse caminho como bênção inicial 
de sua vida cristã. Caminhar por Ele é um ato de entrega e de adesão. 
Ninguém é salvo por procuração ou representado por outra pessoa como se 
pratica. A Bíblia registra as palavras de Jesus Cristo em João 14.6: "Eu sou 
o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim" 
(Bíblia de Jerusalém). Os cristãos da Igreja do tempo dos apóstolos eram 
chamados de "os do Caminho". Quem segue a Jesus Cristo busca a vida de 
separação, vida de-fazer-diferença-neste-mundo, ou, para usar a palavra 
bíblica: de santidade.
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PERGUNTA # 7
"Já que os que seguem a Jesus Cristo estão no caminho da santidade (para 
serem santos), será que nenhum homem chegou a alcançar essa santidade, 
chegou ou não chegou?" 
NOSSA RESPOSTA
Santidade é separação deste mundo, já o vimos. Ao longo da História da 
Salvação(8), milhões têm experimentado a santidade como estilo e prática de 
vida. Nas ruas de qualquer cidade ou no campo, os santos estão andando e 
passando por nós. Eles nos encorajam a tudo suportar pelo amor de Cristo e 
de Seu reino.
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PERGUNTA # 8
"Quantas Igrejas de Jesus Cristo existem, pois no Evangelho Jesus diz: ‘E 
eu te declaro: "Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as 
portas do inferno não prevalecerão contra ela.’ Ler: (Mateus 16,18), Jesus 
Cristo não disse no plural: "as minhas igrejas", Ele disse: a minha Igreja. Por 
que será então que existem tantas Igrejas?" 
‘NOSSA RESPOSTA
A resposta da Pergunta # 1 cobre, de certo modo, o alcance desta questão. A 
Igreja de Jesus Cristo, repetimos, não se identifica com uma Igreja nacional, 
um grupo local ou organização religiosa. Não tem um nome específico 
(Igreja Católica Apostólica Romana, Igreja Reformada, Igreja Evangélica de 
Confissão Luterana, Igreja Presbiteriana do Brasil, Assembléia de Deus - 
Ministério de Belém, Igreja Batista Sião, Jovens com uma Missão, Missão 
Antioquia, etc, etc). A Igreja Cristo é supranacional, e atemporal; o Corpo 
Místico de Cristo se forma de todos os fiéis sem distinção de raça, cor, 
língua ou filiação cristã. 
Um alerta, entanto, se faz necessário: os chamados "fiéis", "santos", 
"salvos" são aquelas pessoas que, conduzidas pelo Espírito Santo ao 
Salvador (Espírito que, como ensina a Bíblia na tradução do Pe. Matos 
Soares, convence o mundo "quanto ao pecado, à justiça e ao juízo"(9), pela 
fé receberam o perdão para os seus pecados (o Novo Testamento usa para 
essa gloriosa realidade o termo justificação)(10). A Igreja Cristo, Seu Corpo 
Místico, não é qualquer Igreja nominal (que tem origem e organização 
humana, inclusive a Igreja Católica Apostólica Romana, cuja origem se 
prende à "conversão" de Constantino, apesar de a história oficial conta-la 
diferentemente.
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PERGUNTA # 9
"O que Jesus queria dizer quando disse a Pedro: "Eu te darei as chaves do 
reino dos céus: tudo o que ligares na terra, será ligado no céu e tudo o que 
desligares na terra, será desligado no céu" ?, e o que significa ligar e 
desligar?" 
NOSSA RESPOSTA
O versículo mencionado se encontra no contexto de Mateus 16.13-20 que 
registra uma pesquisa conduzida por Jesus para saber qual a opinião 
popular em torno de Sua Pessoa. Os discípulos respondem que algumas 
pessoas entendiam que Jesus era João Batista, outros que seria Elias, o 
tesbita, outros, ainda, acreditavam que seria o profeta Jeremias ou talvez um 
outro dos inflamados pregadores da Antiga Aliança. 
O mesmo versículo aparece em 18.15-22 num contexto de disciplina e 
perdão no âmbito da igreja. 
Em João 20.23 em instruções que foram dadas aos apóstolos após a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 12
ressurreição, o mesmo ensino aparece ligeiramente modificado. 
Paulo em 1Coríntios 5.4,5 expõe um comentário sobre o mesmo tema. 
Ligar e desligar são termos técnicos rabínicos que significam "permitir" e 
"proibir" uma ação acerca da qual uma questão tenha sido levantada. Em 
Mateus 18.18, a ação de "ligar e desligar" tem a ver com a disciplina exercida 
pela igreja local, paroquial. 1Coríntios 5.4,5 reflete a excomunhão, exclusão 
da igreja para mortificação da natureza carnal.
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PERGUNTA # 10
"Baseado nesta observação: Pedro negou Jesus por três vezes antes de 
Jesus morrer. Porém quando Jesus ressuscitou; Jesus confirmou Pedro 
como primeiro pastor das suas ovelhas, também por três vezes. Ler: (João 
21,15-17), agora me responda já que Pedro iria morrer um dia, e o seu lugar 
ficaria vago, o substituto de Pedro teria ou não teria o mesmo poder que 
Jesus outorgou a Pedro? Ler para comparar Atos 1,15-26, e responda". 
NOSSA RESPOSTA
Cremos que será conveniente fazer uma exegese de João 21.15ss para 
entender porque Jesus fez por três vezes a pergunta "Simão, filho de João, 
amas-me?" para não se cair no pecado de ler o que não foi dito.
O Mestre fez a indagação a Pedro utilizando um verbo e Pedro todo o tempo 
com outro. Jesus lhe perguntou: "Simão, filho de João, agaposme? ("Tu me 
amas de verdade?") Pedro responde: "Sim, Senhor, tu sabes que filote" (Tu 
sabes que eu tenho amizade por ti). Não é isso o que Jesus Cristo quer de 
Seus discípulos. 
Não tendo ficado satisfeito com a resposta de Simão Pedro, Jesus repete a 
pergunta. A palavra final do Mestre é "Apascenta as minhas ovelhas". Não 
há qualquer indicação (nem por inferência) a um primado de Pedro. Há, sim, 
uma dupla lição para os cristãos: 
É preciso que cada discípulo de Jesus Cristo tenha uma PAIXÃO pelo 
Senhor, pelo Seu reino, pela Sua Causa, pela Sua missão neste mundo 
("agaposme?", "Amas-me verdadeiramente?");É preciso que cada discípulo de Cristo tenha uma MISSÃO, que confiada à 
Igreja é repassada a cada um individualmente ("apascenta as minhas 
ovelhas"). 
Como louvamos a Deus por este e outros espíritos que, religiosos, porém 
confusos, são curiosos a respeito de sua fé! Como pedimos que a 
iluminação do Seu Santo Espírito revele a verdade eterna, salvadora, 
purificadora e santificadora. Que sejam como os bereanos que "de bom 
grado receberam a palavra, examinando cada dia nas escrituras se estas 
coisas eram assim"(At 17.11).
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 13
NOTAS
(1) Graça: termo da Teologia que expressa o "o amor que não merecemos da 
parte de Deus ". Em Efésios 2.8, o apóstolo S. Paulo repassa o ensino vindo 
do Espírito Santo de que "Com efeito, é pela graça que vós sois salvos por 
meio da fé; e isto não depende de vós, é Dom de Deus. Isto não vem das 
obras, para que ninguém se orgulhe" (TEB - Tradução Ecumênica da Bíblia, 
SP, Edições Loyola com Recomendação de D. Luciano Mendes de Almeida, 
Presidente da CNBB).
(2) Protestantes e Evangélicos são realidades distintas, como o prezado 
consulente deve ter conhecimento, embora a opinião popular e a mídia os 
confunda. 
(3) Assim o descreveu Jesus em João 4.23,24, e Paulo, apóstolo, em 
Romanos 12.1.
(4) 45a ed. SP, Edições Paulinas, 1988.
(5) Ou seja, faz algo de utilidade como um móvel ou prateleira, etc.
(6) A lenha tem utilidade no uso doméstico
(7) Ressalte-se que nem a idéia de um "purificatório" ou "purgatório" nem a 
de "pecados veniais" têm substância no ensino bíblico.
(8) "História da Salvação" (Heilsgeschichte) é termo técnico para designar 
desde o evento cósmico e existencial chamado A Queda até o ministério 
salvador de Jesus Cristo e as conseqüentes implicações, até a Sua Parusia, 
a ressurreição final e a bem-aventurança eterna.
(9) João 16.8.
(10) Leia Romanos 5.1ss.
Parte III
RELIGIÃO OU EVANGELHO? 
"Pois é pela graça que sois salvos, por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom 
de Deus - não das obras para que ninguém se glorie." Ef. 2:8,9 
Desejamos refletir a respeito de algumas práticas religiosas do passado e do 
presente, e compará-las com o evangelho de Jesus Cristo. Observamos que 
quando abrimos qualquer livro que aborde a religião dos antigos, ele ensina que 
estava essa religião muito mesclada com a superstição. 
No antigo Egito, consideravam no seu panteão muitos deuses. Havia deuses para 
todos os gostos; havia um centro de cultos na cidade de Heliópolis, a cidade do 
Sol. O próprio deus do Sol era Rá, razão porque alguns faraós se consideram 
"filho do sol", adotando o nome de Ramsés, palavra formada de Rá (sol) e Mses 
(filho). Animais eram cultuados, o crocodilo (alguns podem ser vistos mumificados 
em museus), que era considerado deus da água; o gato, deus da alegria e do 
amor; o chacal era o guarda dos túmulos e deus dos mortos; Seu nome entre os 
egípcios era Anúbis. E o touro também, o deus Ápis. Quando o povo de Israel 
estava no deserto, notando a ausência de Moisés que estava no alto do monte 
Sinai, o povo pediu a Arão que fizesse um bezerro de ouro, uma reprodução do 
deus Ápis. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 14
Em outras civilizações, encontraremos o mesmo fenômeno. Na Assíria e na 
Babilônia, cultuava-se a natureza. O Sol (Shamesh) era cultuado; e havia uma 
deusa para a noite, a Lua (Nanna). O céu era cultuado com o nome de Ass; o 
deus do ar era Enlil, da água, Enki. A Mãe-terra era chamada Ninhursg, e a rainha 
do céu, Innana. 
Aliás, Gênesis 1 é uma verdadeira canção marcial. Por isso, no relato da obra 
criada parece no verso 11, "E disse Deus: Produza a terra relva, ervas que dêem 
semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cuja 
semente estava nele, sobre a terra. E assim foi" (1.11). Florestas, e campos eram 
cultuadas em Canaã como sendo a expressão da Mãe-natureza. O retorno à 
natureza era o grande desejo dos cananeus. No entanto, o Senhor está dizendo: 
"Vocês cultuam a natureza, mas Eu sou o Criador dessa natureza que vocês 
admitem como deuses". 
Mais adiante lemos: "Haja luminares". Eles eram cultuados, conforme vimos, no 
Egito, na Assíria, na Babilônia. Seres aquáticos foram cultuados: o peixe (na 
Filistia, Dagon), as aves (o íbis, no Egito). Em tudo Deus está dizendo, "Eu criei, 
enquanto vocês estão se dedicando a esses falsos deuses". 
Mas não é preciso ir ao passado. Hoje esse tipo de coisa acontece. Na Índia, o 
Hinduísmo ensina que a salvação se obtém através das boas obras. E uma 
pessoa vai realizando boas obras na sua presente vida e em outras do passado e 
do futuro de maneira a alcançar a purificar-se. Naquele país, ainda hoje existe o 
sistema de castas. A mais elevada é a dos brâmanes, os sacerdotes. Uma pessoa 
da casta dos sacerdotes não se casa com alguém de uma casta inferior. A 
seguinte é a dos militares, onde acontece o mesmo. Depois vem a dos 
comerciantes, e a dos agricultores, e por fim a dos "zé-ninguém", o pária, aquele 
cuja sombra tocando outra pessoa de casta acima, obriga-a a se purificar através 
de um banho porque ficou maculada pela sua sombra. 
No sistema hindu, se uma pessoa foi muito pecadora nesta vida, precisa cumprir a 
lei do Karma, tem que sofrer muito, e vai nascer numa casta inferior. Se era da 
casta militar, mas fez tanta coisa que não prestava nesta vida, tem que nascer 
numa casta inferior, como agricultor pôr exemplo. Mas fez tanto nessa outra 
condição que vai nascer como pária, e como pária foi tão ruim que pode nascer 
como um animal inferior. Por isso não matam animais. A TV Cultura mostrou o 
"Templo dos Ratos" alimentados com comida, com leite, e água levados pelas 
pessoas, que depois de bebida, e pisada pelos ratos é passada no corpo dos fiéis. 
Não é de admirar que na Índia haja uma explosão de epidemias por essa idéia 
que têm. Isso é hoje, e nem comem carne, porque a vaca, que é um animal 
sagrado, fica solta pelas ruas, atrapalhando, prejudicando o trânsito, mas ninguém 
tem a ousadia de matar uma vaca porque é considerada sagrada. 
Entre os nossos índios, ocorre o animismo, a idéia de que cada coisa tem o seu 
espírito. Existe o espirito das árvores, o espirito das águas, e o das nuvens, o 
espírito disso e daquilo. E cada pessoa que morre transforma-se num espírito 
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vagante. Há uma cerimônia no Xingu chamada quarup, quando, todos os anos, 
derrubam uma grande árvore na da floresta de modo a ser cortada em vários 
pedaços que são pintados e enfeitados para a "dança do quarup" que, segundo 
eles, faz com que o espírito daquele que morreu se incorpore naquele pedaço de 
tronco. Dançam, choram e oferecem presentes pensando estar na alma do seu 
parente incorporado. Essa coisa está vindo para o nosso meio. O jornal está 
falando de uma psicóloga em Salvador que se intitula Xamã. E ela está trazendo o 
Xamanismo como meio de terapia. Xamanismo é feitiçaria, pois em algumas tribos 
o feiticeiro, o pajé é chamado xamã. Ë pajelança. Mulher preparada, ilustrada 
trazendo a feitiçaria?! 
UM INSTINTO RELIGIOSO 
Que quer dizer tudo isso? Esses fatos nos dizem que há um instinto religioso na 
pessoa humana. Da mesma maneira que você tem o instinto de segurança, e o de 
alimentação, tem, igualmente, o instinto religioso que se encontra não só em cada 
pessoas individualmente falando, mas também em cada página da história. Por 
isso, Jesus disse: "Errais não conhecendo as Escrituras". E iam não somente 
atrás do crocodilo, atrás do peixe, ou atrás do trio elétrico, mas também atrás do 
xamanismo, porque pensam, sentem e querem algo que lhes satisfaça o instinto. 
E a religião é a expressão organizada desse instinto, razão porque o ser humano 
tem feito de tudo um deus: rãs, bois, sol, lua, árvores, etc. Isso quer dizer então, 
que todas as religiões sentem a mesma coisa, ou sejam elas primitivas ou 
altamente elaboradas. Todassão motivadas porque o ser humano necessita de 
Deus. 
O EVANGELHO 
Mas há algo diferente e especial no evangelho de Jesus Cristo: enquanto as 
religiões são motivadas pelo instinto religioso do ser humano o evangelho é 
motivado pelo amor de Deus. Que extraordinária diferença! Voltando à Escritura, 
encontramos o texto que diz "pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não 
vem de vós, é dom [é presente que vem da parte] de Deus"( Ef. 2.8). 
O cristianismo tem suas raízes no conceito de salvação, o que significa que nada 
que você faça, nada, absolutamente nada lhe pode dar a salvação. Somente a 
graça de Deus pode salvar. É o que diz aqui: "Pois é pela graça que sois salvos, 
por meio da fé - e isto não vem de vós, é Dom de Deus" (Ef. 2.8). 
Que ensinam os outros sistemas religiosos? Todos dizem que você precisa fazer 
alguma coisa para obter a salvação. Há os que dizem que você precisa realizar 
boas obras. "fora da caridade, não há salvação", dizem eles. Mas a Bíblia diz "não 
vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef. 2.9). 
Há os que dizem que vem através dos rituais, das rezas, das penitências. Está 
registrado no livro dos Atos dos Apóstolos o discurso que Paulo fez diante dos 
intelectuais em Atenas, afina flor dainteligentzia ateniense. No meio do discurso 
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ele citou, 
"Homens atenienses, em tudo vejo que sois muito religiosos. Pois passando eu e 
vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO 
DEUS DESCONHECIDO... Portanto, sendo nós geração de Deus, não havemos 
de pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra 
esculpida pela arte e imaginação do homem. Mas Deus não levando em conta os 
tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todos os lugares se 
arrependam" (17: 22,23 a 29, 30). 
Então vejam o interesse do evangelho não é que os deuses sejam aplacador, não 
é que se façam doações, ou rituais pelos quais espíritos sejam tranqüilizados, mas 
quer você seja salvo dos seus pecados, razão porque é perfeitamente correta a 
afirmação "O Cristianismo é uma religião de redenção."
Parte IV
OS OBJETOS DA PAIXÃO
Lucas 24. 13-35 
 "Em seguida, os soldados do governador, conduzindo Jesus ao pretório, reuniram 
em torno dele toda a corte. E despindo-o, cobriram-no com um manto escarlate, e, 
tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça. Na mão direita puseram 
um caniço e, ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos 
judeus! E, cuspindo nele, tiraram-lhe o caniço, e batiam-lhe com ele na cabeça. 
Depois de o haverem escarnecido, tiraram-lhe o manto, vestiram-lhe as suas 
vestes. E o levaram para ser crucificado" (Mt 27.27-31).
A rotina da crucificação havia começado. O verso 26 declara que depois de todo o 
sofrimento moral de Jesus, Pilatos, o Governador romano, mandara açoitá-lo. 
Depois da prisão (Mt 26.47ss), depois da passagem pelo Superior Tribunal 
Judaico (vv. 57ss), depois da negação de um dos Seus discípulos (26.69ss), 
depois do questionamento pelo Governador (27.11ss), Jesus é entregue aos 
soldados romanos (vv. 26,27; Jo 19.1-3). 
Agora é a vez dos soldados. Diz a Bíblia que Jesus foi despido e chicoteado (v. 
28). Na realidade, foi flagelado. O flagelo ou açoite consistia de uma tira de couro 
largo com pedacinhos de osso e chumbo. Era comum o seu uso antes da 
crucificação de um condenado, quando o corpo ficava reduzido a uma só chaga. 
Alguns morriam durante a sessão de tortura; outros ficavam loucos, e poucos 
permaneciam conscientes. Pois Jesus foi entregue aos soldados, enquanto os 
últimos detalhes da malfadada pena eram preparados.
Há no relato acima transcrito (Mt 27.27-31) alguns objetos que chamam a atenção: 
o manto real, a coroa real, o cetro real e a cruz.
O REI ESCARNECIDO (Mt 27.27-31) 
O Manto Escarlate. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 17
João, em seu Evangelho, dá-nos o detalhe da flagelação, o que não é encontrado 
nos Sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas). Encontra-se em 19.1-3. Após a sessão 
de flagelação, foi Jesus entregue para ser cumprida a pena. 
Diz a narrativa que os soldados fizeram uma paródia de um rei ao vestirem-no 
com uma capa vermelha (tirada de um deles), ao colocarem na Sua cabeça uma 
coroa de espinhos, e ao lhe darem um pedaço de caniço como se fosse o cetro de 
um rei. Continua o texto por dizer que Pilatos chegou a ter um momento de 
consciência (v. 4), para logo depois sair trazendo Jesus com a coroa de espinhos 
e o manto escarlate a fim de apresentá-lo ao povo sedento de violência, de 
sangue, do castigo sobre alguém.
A Coroa de Espinhos (v.29) 
O próprio Jesus já havia anteriormente falado em espinhos (Mt 7.16; Mc 4.7). Os 
galhos com espinhos eram largamente usados como cercas (como as nossas de 
arame farpado), e como combustível (nos fogões de lenha).
Coroas, havia-as de todo tipo: de ramos de louro como símbolo de vitória entre os 
gregos e os romanos; havia coroas de ouro e de pedras preciosas. De espinhos, 
porém, só de brincadeira, brincadeira de mau gosto; de espinhos, só mesmo as de 
uma mascarada, como é o caso no episódio da prisão de Jesus.
A coroa, o manto e caniço feito cetro eram simbólicos do reinado de Cristo, do Rei 
dos reis feito Servo Sofredor. Apontavam para o futuro reino (Ap 17.4), embora o 
significado óbvio e original da coroa de espinhos tivessem sido a evidência da 
crueldade, brutalidade e zombaria da soldadesca. Por outro lado, o significado 
figurado e profético da coroa de espinhos é o símbolo do ministério terreno de 
Jesus Cristo, representando, ainda o caráter do evangelho: a humildade, a 
contrição, o arrependimento e a servidão, ao tempo que de paz, vitória e poder.
O SERVO SOFREDOR: A CRUZ (Lc 23.33-46) 
Relatam os historiadores que a crucificação teve sua origem entre os persas. 
Destes passou aos cartagineses (povo de Norte da África de origem fenícia) e 
deles para os gregos e romanos. Narra a história que Alexandre, o Grande, certa 
ocasião ordenou que cerca de dois mil habitantes de Tiro, na Fenícia, fossem 
crucificados. O governo romano a usava com os rebeldes, escravos fugidos e 
criminosos.
O método da crucificação é retratado com clareza nos Evangelhos: o criminoso, já 
uma massa sangrenta por causa dos açoites, se resistisse era colocado na cruz 
para morrer de fome, sede, calor, fadiga e choque. Os que resistiam ficavam na 
cruz, às vezes, por dias, sujeitos à tortura das moscas e mosquitos nas feridas 
abertas e dos elementos: chuva, poeira, vento e Sol, além da dor física e moral. 
Foi isso o que Jesus sofreu por nós: dor e zombaria. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 18
O criminoso era levado pelo caminho mais longo de modo a ser visto pelo maior 
número de pessoas. Foi isso o que Jesus sofreu pelo ser humano. No entanto, a 
cruz significa a obra salvadora de Jesus Cristo. Paulo afirma que o evangelho da 
salvação é a palavra da cruz de acordo com 1Coríntios 1.18.
NO GÓLGOTA, TRÊS CRUZES (Lc 23.33-46) 
A Cruz de Desprezo (v. 39). É a blasfêmia em pessoa o criminoso ao lado 
esquerdo de Jesus que se reúne às autoridades, aos soldados e ao povo que 
descrê de Jesus e dEle escarnece. A zombaria se centralizava nas afirmações 
feitas por Jesus e Sua aparente impotência na cruz.
Usavam a glória de Cristo para fazer mofa, como já haviam zombado de Sua 
realeza. O General Booth, fundador do Exército da Salvação, expressou com 
muita propriedade, "é precisamente porque Cristo não quis descer que nEle 
cremos".
A Cruz da Confiança (v. 42). O criminoso do Seu lado direito, o penitente, o 
arrependido, após recriminar o escárnio de seu companheiro, volta-se para Jesus 
numa atitude de fé, precisamente a atitude que torna possível a salvação. 
A Cruz do Perdão (v. 43). É a da redenção, da libertação. Observemos que Jesus 
não desceu da cruz, levando consigo o malfeitor arrependido. Não havia sentido 
emfugir à morte. Pelo contrário, a morte é apresentada sob uma nova luz, visto 
que é necessária para que se cumpra a promessa que fizera ao criminoso 
penitente. A morte não é uma derrota, mas experiência necessária para entrar na 
glória.
Oh, cruz do perdão!... O verso 34 expressa, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem 
o que fazem". O perdão cristão é assombroso. Estevão também exclamou nos 
seus momentos finais, "Senhor, não lhes imputes este pecado"; Paulo instruiu os 
irmãos de Éfeso, "Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, 
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo" (Ef 
4.32). O perdão de Jesus aos Seus juízes e carrascos é, sem dúvida, 
impressionante.
Ainda na cena da crucificação, a suprema lição de que nunca é demasiado tarde 
para vir a Cristo exemplificado pelo criminoso em seus momentos de agonia.
Parte V
A DÚVIDA DE JOÃO 
De acordo com o dicionário Caldas Aulete, dúvida significa: "Incerteza, vacilação, 
hesitação da inteligência entre a afirmativa e a negativa de um fato, ou de um 
asserto, como verdadeiro". Mateus relata que "Quando João ouviu, no cárcere, 
falar das obras de Cristo, mandou por seus discípulos perguntar-lhe: És tu aquele 
que estava para vir ou havemos de esperar outro?" (Mt 11.2,3). Alguns intérpretes 
acham que não foi João Batista quem duvidou se Jesus era ou não era "aquele 
que estava para vir", mas tão somente os discípulos dele (de João). Ele os enviou 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 19
a Cristo a fim de que a dúvida deles fosse dissipada. Contudo, essa não parece 
ser uma interpretação segura. A afirmação de Jesus, "Ide e anunciai a João" (Mt 
11.4), confirma que era João mesmo quem tinha a dúvida. 
Em que consistia a dúvida de João? Os judeus tinham a idéia de que o reino 
vindouro do Messias seria um reino militarista, nacionalista e materialista. Os 
judeus pensavam que quando o Messias chegasse haveria de firmar-se como um 
grande Monarca, o qual haveria de libertá-los de toda a sua escravidão, e que 
elevaria os judeus acima de todos os demais povos, através do que se tornariam 
eles a raça conquistadora e proeminente. O próprio João Batista parece ter-se 
apoiado nesse conceito quando enviou seus discípulos para fazerem a Jesus a 
referida pergunta. É como se ele tivesse mandado dizer: "Eu sei tudo sobre esses 
milagres que tu fazes, mas quando terá lugar aquele grande acontecimento?". 
Jesus respondeu a João citando as Escrituras (Mt 11.4-6), como costumeiramente 
fazia. Em que sentido era alentadora esta resposta? Não é verdade que João 
Batista já sabia tudo isto (cf. Mt 11.2), e que o fato de o saber havia contribuído 
substancialmente para criar a dúvida? É verdade, porém, a forma de Jesus se 
expressar era nova. Era nova no sentido de que os amigos que informaram João 
dos milagres de Cristo não havia usado este tipo de formulação. Por outro lado, a 
mensagem na forma em que Jesus a expressou tinha um som conhecido. João 
devia recordar-se de certas predições proféticas; a saber, Isaías 35.5,6; 61.1. É 
como se Jesus dissesse ternamente a João: "Você se lembra destas profecias? 
Isto também foi predito acerca do Messias. E tudo isso está se cumprindo hoje em 
mim". 
A mensagem dirigida a João Batista termina com as palavras: "E bem-aventurado 
é aquele que não achar em mim motivo de tropeço" (Mt 11.6). Ou seja, quem não 
permite que nada do que faço ou diga lhe sirva de laço, o induza a pecar. Ainda 
que seja correto o ponto de vista segundo o qual nesta admoestação Jesus 
estivesse repreendendo João, a repreensão (se é que houve) era tão terna que 
não eclipsava em nenhuma forma o amor do Senhor por seu discípulo 
momentaneamente confuso. Na verdade, considerada corretamente, a 
admoestação contém uma bem-aventurança. "Bem-aventurado é aquele que...". O 
Senhor trata tão ternamente a João como o fez com o cego de nascença, a mulher 
pega em adultério, Pedro, Tomé, etc. Em vista do modo em que Jesus 
imediatamente procede a elogiar João publicamente, e a repreender aqueles que 
vêem falta neste arauto e nAquele de quem ele deu testemunho (Mt 11.7-19), 
temos como certo que a mensagem de Jesus teve o efeito desejado em João. 
Porém, o que se destaca é a sabedoria e a ternura de Jesus, e isto tanto na 
mensagem de alento dirigida a João como no testemunho dado acerca de João.
Parte VI
A FÉ QUE FALA (E NÃO FALA)
Tiago 3:1-12
Certa vez William Shakespeare comentou, "Quando palavras são raras, não são 
gastas em vão." Outro erudito disse, "Homens sábios falam porque têm algo para 
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dizer; tolos, porque gostariam de dizer algo." Um ditado filipino aconselha, "Na 
boca fechada, não entra mosca." Os árabes oferecem esta jóia de sabedoria: 
"Tome cuidado que sua língua não corte seu pescoço."
Salomão em Provérbios nos adverte, No muito falar não falta transgressão, mas o 
que modera os seus lábios é prudente (Pv. 10:19)
Capítulo 3 de Tiago nos coloca na parede e nos desafia a viver uma fé genuína, 
verdadeiramente cristã. No final do cp. 2, Tiago nos mostrou como a fé verdadeira 
manifesta-se inevitavelmente em obras. Agora, no cp 3, ele mostra que "obras" 
não são somente o que fazemos, mas também o que falamos. E não somente o 
que falamos, mas o que NÃO falamos! 
A língua é um músculo com sua origem no coração. Por isso a língua talvez revele 
o verdadeiro estado do nosso coração mais rápido que qualquer outra prova de fé 
genuína listada por Tiago. A língua sou eu. Eu sou o que a língua fala! Às vezes, 
soltamos uma palavra tão pesada, que cheira mal, e depois exclamamos, "De 
onde veio aquilo?" Mas o fato é que somos assim mesmo. Abaixamos a guarda e 
revelamos o verdadeiro eu, mesmo que só por um instante. Assim como Jesus 
disse, a boca só fala do que o coração está cheio (Mt 12:34). A língua é o dreno 
do coração! A língua serve como escape daquilo que está borbulhando no 
coração. Por isso, dizemos que É impossível domar a língua
Se Jesus não domar o coração!
Essa é uma mensagem tão simples, mas que precisamos ouvir todos os dias de 
nossas vidas. O propósito de Tiago é que sejamos mais sensíveis ao poder 
incrível da língua, e deixemos que Jesus peneire nossas palavras, filtre nossa fala 
e lacre os nossos lábios. Veja o poder da língua em Tiago 3.1-12:
I. A Língua tem Poder para Dirigir (3:1-4)
A língua é poderosa. Esse poder pode ser para o bem ou para o mal. Talvez, por 
ser tão potente, Deus prendeu a língua atrás de duas fileiras de dentes e dentro 
de uma caverna fechada. Tiago nos lembra que a língua tem um enorme potencial 
para direcionar vidas.
A. Por quem muito é falado, muito será julgado (3:1,2)
No contexto destas palavras a Igreja primitiva lidava com a valorização e poder 
dados a quem ensinava e direcionava os novos grupos de crentes que se 
formavam. Mas isso representava um perigo. A nova liberdade em Cristo, que 
incluía liberdade para falar em culto público, precisava ser bem manejada (1 Co 
14:26-34). Assim como Tiago nos lembrou no cp 1, "Todo homem, pois, seja 
pronto para ouvir, tardio para falar... "(vs 19).
Os leitores precisavam ficar cientes da seriedade de presumir falar em nome do 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 21
Senhor.
Conforme o ditado, Quem presume dizer, "Assim diz o Senhor, Deve fazê-lo com 
temor e tremor."
Tiago não quis minimizar ou desencorajar os dons de falar na igreja (Hb 5:12, Ef 
4:11,12; 1 Pe 4:10,11). Sua advertência é totalmente coerente com o princípio 
ecoado em Mateus 12:26,27 "De toda palavra frívola que proferirem os homens, 
dela darão conta no dia do juízo; porque pelas tuas palavras serás justificado, e 
pelas tuas palavras serás condenado."
Há duas razões porque devemos pensar bem antes de assumir a posição de 
mestre: 1) (Vs 1) O mestre, pela natureza do serviço, tem que falar muito. Por 
isso, haverá mais palavras para serem pesadas, mais potencial paraderramar 
palavras frívolas, inúteis, pecaminosas, enganadoras.
2) (Vs 2) O mestre tem maior responsabilidade, pois influencia a muitas outras 
pessoas pelo que fala, e facilmente tropeça no falar. Tem poder para dirigir, 
ministrar graça, ou enganar para toda a eternidade.
O mestre que não controla sua língua acaba tropeçando sobre a mesma. No 
mundo da política vemos isso. Um representante do FMI tropeça sobre sua língua 
e um país inteiro é colocado em descrédito. Um político num momento de 
descuido fala um anti-semitismo e perde uma eleição. 
A mesma coisa pode acontecer com os mestres (professores) na igreja. Temos 
que medir toda palavra quando ensinamos ou pregamos. Por isso ensinar e pregar 
são tarefas tão exaustivas. As vidas de homens e mulheres estão na balança. Mas 
o que ele quis dizer com "maior juízo"? (1 Co 3:10-15, 2 Co 5:10, Rm 14:10-12)-
Todos nós compareceremos diante do tribunal de Cristo. Não para sermos 
condenados (Rm 8:1 diz que isso não existe mais) mas para recebermos os 
prêmios de Jesus por um ministério fielmente cumprido. Haverá perda de galardão 
assim como houve perda de oportunidade para ministrar graça em nome de 
Jesus. Não desista! Seu trabalho não é vão. Mas leve a sério esse trabalho de 
conduzir os rebanhos do Senhor para pastos verdejantes! b. A língua freada 
implica em vida controlada (2b-4) Tanto no caso do "freio na boca do cavalo" 
quanto a do "leme no navio", vemos que uma parte pequena mas estratégica é 
capaz de direcionar algo poderoso e até grande. O freio se coloca num ponto 
estratégico, na boca do cavalo. Mesmo pequeno e fraco, consegue direcionar o 
cavalo com pouco esforço, até de uma criança. Também, o leme é infinitamente 
menor em proporção ao navio, mas assim mesmo , por ficar num ponto 
estratégico, é capaz de direcionar um transatlântico como Titanic ou um porta-
aviões conforme a vontade de um timoneiro. Assim é nossa língua, pequena 
porém estratégica. Conforme vs 2b, se conseguirmos refrear a língua, somos 
capazes de controlar o corpo inteiro. Mas como isso é difícil! Quantas vezes eu já 
quis frear minha língua quando já era tarde demais! Tantos "foras" que já dei! A 
nuvem de palavras mortíferas tende a pairar sobre nós até hoje, como uma nuvem 
preta. Mas uma vez que as palavras escapam de nossa boca, é impossível 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 22
chamá-las de volta. É realmente desesperador soltar palavras e depois ficar 
impotente enquanto assiste o estrago que elas fazem. Por isso temos que freá-las 
o quanto antes.
Palavras como...
*Fofoca *Um "corte" no meu irmão *Ódio *Obscenidade 
*Piadas sujas *Ira *Palavrão *Blasfêmia *Vingança *Inveja
Nosso desespero, é semelhante ao daquele motorista no volante de um carro que 
de repente começa a derrapar, perde o controle. Ele tenta frear, mas já é tarde 
demais.
II. A Língua Tem Poder para Destruir (5-8) A. Quem a língua solta causa grande 
revolta. (5,6) 
A Palavra de Deus nos adverte contra a destruição causada pela língua. Ao 
mesmo tempo nos encoraja pelo potencial que esta mesma língua tem para 
transmitir vida e graça para pessoas desanimadas. 
A morte e a vida estão no poder da língua;
o que bem a utiliza come do seu fruto.
A língua serena é árvore de vida,
mas a perversa quebranta o espírito (Pv. 18:21, 15:4). 
Em algumas épocas do ano encontramos ao longo das nossas rodovias incêndios 
quase todos os dias. Isso devido ao descuido de alguns, que sem querer ou não 
jogam seu cigarro pela janela. Uma pequena faísca acaba destruindo hectares de 
floresta e terras gramadas. 
Em Chicago, nos Estados Unidos, no ano de 1871, um lampião num celeiro deixou 
125.000 pessoas sem-teto, destruiu 17.500 prédios e matou 300 pessoas. Já na 
Coréia, em 1903, 2,6 km2 foram queimados quando algumas brasas na cozinha 
causaram um incêndio que destruiu 3000 edifícios. 
O poder destrutivo das palavras é visto no livro em que Hitler declarou sua filosofia 
nazista, Mein Kampf. Na II Guerra Mundial, as filosofias expressas naquele livro 
levaram à morte de 125 pessoas para cada palavra do livro. 
Uma vez que a faísca da língua ascende o fogo, é extremamente difícil pará-la, 
até que tenha destruido tudo em seu caminho. É assim com as nossas palavras. 
Uma pequena palavra mal-colocada, na hora errada, pode destruir uma vida. Uma 
palavra de crítica destrutiva; uma fofoca; uma colocação verídica mas cruel, sem 
tato, pode desmontar uma pessoa, uma família, uma igreja. Pior, a língua alimenta 
a si mesma. E assim como a língua, o fogo só precisa de oxigênio e combustível 
para queimar incessantemente . Com um pouquinho de fôlego, nossa fofoca, 
nossa reclamação, nossa murmuração, encontra bastante respaldo para queimar 
palavras para sempre. Precisamos evitar este fogo antes que comece! 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 23
Pois este fogo, provocado pela nossa língua, começa rapidamente e quando 
percebemos já se alastrou. Ela é descrita como fogo, consumindo. É um mundo 
de iniqüidade, que causa a maioria dos problemas que enfrentamos na igreja hoje, 
pois contamina todo o corpo, incendiando, destruindo a vida das pessoas. É 
influenciada e incendiada pelo próprio inferno, porque o diabo é fofoqueiro, 
mentiroso e acusador. Nenhum membro do corpo humano tem tanto potencial 
para o mal! 
Será que minha língua tem sido instrumento de desencorajar, desestimular, 
ridicularizar, gozar, e destruir? Meu cônjuge? Meus filhos? Meus pais? Meu 
pastor? Meus vizinhos? Meu patrão? Será que já incendiei vidas pelo poder 
destrutivo da minha língua? 
B. A língua venenosa é muito perigosa (7,8); 
Viver com a língua é como dormir com uma cascavel. Pode até parecer que está 
tudo sob controle, mas na hora em que você menos espera, ela dá o bote. 
A natureza da língua é venenosa, mortífera, indomável. Mesmo que o homem 
consiga domar animal, ave, réptil e peixe, ninguém de nós é capaz de conter 
nossa língua. 
Mas aqui entram as boas notícias. Jesus pode domar a língua porque Ele 
transforma o coração. O mesmo Jesus, que habita em nós pelo Seu Espírito, quer 
converter nossa boca! Já ouvi histórias de homens profanos, que cada palavra 
que saía de seus corações eram palavrões ou piadas sujas, mas que Jesus 
transformou completamente. Famílias desmontadas, foram reconstruídas por 
Jesus. 
Cristo vive em nós. Ele deseja usar nossa boca como um instrumento para a glória 
dEle e edificação de vidas. Não para destruir, mas para edificar. Pense: "O que 
Jesus falaria?" 
Em seu livro, "War of Words" (Guerra de Palavras), Paul Tripp aplica essas idéias 
ao contexto da família: Enquanto escrevo esse livro, fico triste pensando sobre 
quanta conversa em minha família não reconhece a seriedade que [a Bíblia] dá [à 
língua]. Não, não temos brigas feias, mas há muitas palavras impensadas, cruéis, 
irritantes e de reclamações faladas todos os dias. 
Creio que somos como muitas famílias cristãs-minimizamos esses "pequenos" 
pecados da fala porque nosso lar está livre de abuso físico e verbal, e realmente 
nós nos amamos. Mas... palavras que " mordem e devoram" são palavras que 
destroem. Não são "tudo bem". Então precisamos fazer tudo possível para dar às 
nossas palavras a importância que a Bíblia as dá, lembrando que Deus diz que 
prestaremos contas de cada palavra frívola. (202) 
Peça a Deus que peneire as palavras da sua família, especialmente ao redor da 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 24
mesa, no carro, naqueles momentos de confraternização. Desafio aos pais que 
vigiem o que é falado em sua casa essa semana, clamando a Deus que 
transforme toda fala em casa. 
III. A Língua tem Poder para Dividir (9-12) 
A língua dividida significa fonte corrompida, e que algo está errado com o coração! 
A língua é a fonte que jorra hipocrisia e falsidade; é o auge da esquizofrenia 
verbal. É incoerente, dividida, como língua de cobra. Da mesma boca podemos 
cantar louvores na igrejae destruir nosso cônjuge no caminho para casa. 
Podemos dar uma aula de EBD e logo em seguida detonar a vida de um filho. Isso 
é errado! Mas esse tipo de incoerência é típica da língua. Não significa, 
necessariamente, que não somos convertidos. Significa que a conversão do nosso 
coração ainda não alcançou os lábios. 
Seria impossível para uma fonte natural produzir água doce e amargosa ao 
mesmo tempo (11). 
Seria impensável colher azeitonas de uma figueira (12), ou fonte de água salgada 
dar água doce. 
Mas a língua pode. A mesma língua, como no caso de Pedro, pode declarar uma 
revelação celestial para Jesus, "Tu és o Cristo, o filho do Deus vivo" e na próxima 
sentença ser reprovado pelo próprio Jesus por ter falado palavras do inferno, 
"Arreda! Satanás" (Mt 16:17, 23). 
Fico imaginando se Tiago, meio-irmão do próprio Senhor Jesus, lembrava da sua 
juventude, e a maneira pela qual ele e seus outros irmãos tratavam o irmão mais 
velho, Jesus. Imagine como seria ser irmão mais novo de Jesus! Quantas palavras 
desgraçadas teriam escapado de sua boca, quando ainda não acreditava que 
Jesus era o Cristo. Palavras venenosas, diabólicas, talvez um "dedo-duro", com 
acusações falsas, ciúmes, vingança, ódio. Afinal de contas, não teria sido fácil ser 
um irmão de Jesus. Imagine seus pais falando, "Tiago, por que você não pode ser 
como Jesus?" Mais tarde, tudo mudou. A fonte poluída foi transformada. Água 
salgada virou doce. O meio-irmão incrédulo, zombador, se tornou líder da igreja 
em Jerusalém e autor dessa epístola maravilhosa. Tiago destaca que uma fé 
genuína implica em mudanças radicais (literalmente) na língua! A mudança 
"radical" significa uma mudança de raiz, ou seja, do coração. O coração controla a 
língua. Quando Jesus transforma o coração, mudanças têm de acontecer na 
língua. Às vezes, essas mudanças demoram. Significa que ainda existem sujeiras 
no encanamento. Mas geralmente uma fonte cristalina tem que produzir palavras 
cristalinas. 
Você já reparou no poder das palavras para fazer bem ou mal? Consegue se 
lembrar de uma vez em que você foi desmontado por uma palavra desgraçada? 
Por outro lado, lembra-se de alguma vez em que alguém falou uma palavra de 
encorajamento que mudou toda a sua perspectiva de vida? 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 25
Somos pecadores por natureza, e a tendência natural é de fofocar, resmungar, 
criticar, xingar, blasfemar. Mas foi por isso que Jesus veio para este mundo-- para 
resgatar a língua do homem. Para isso, precisava fazer um transplante--não da 
nossa língua, mas do nosso coração, pois a língua só fala do que o coração está 
cheio. A morte e a ressurreição de Jesus tiveram como alvo transformar o coração 
daqueles que depositam sua confiança (fé) nele (e só nele) para a vida eterna. O 
resultado deve ser uma transformação de vida, a começar com a raiz (o coração) 
até o fruto (a língua)! 
Como, então, desativar esta bomba entre nossos lábios? A resposta bíblica é de 
pesar, pensar e peneirar nossas palavras. Em outras palavras, falar pouco e falar 
bem o que falamos. 
É impossível domar a língua, se Jesus não domar o coração.
Parte VIII
A FÉ É QUE ENFRENTA PROVAÇÕES
Tiago 1:2-12
Certa vez um grupo de mulheres queria saber como eram confeccionadas as jóias 
que elas tanto apreciavam. Foram, então, visitar um ourives. Chegando ao local 
onde o ourives trabalhava, puderam observar como ele queimava a prata no fogo 
cuidadosamente a fim de torná-la pura.
Depois de um tempo observando seu trabalho, ficaram admiradas com a precisão 
com que ele lidava com o metal precioso, tirando-o no momento exato de sua boa 
têmpera. Elas lhe perguntaram como ele podia saber quando chegava a hora 
certa de retirar a prata do fogo, visto que ele já lhes tinha dito que se deixasse a 
prata tempo demais no fogo ela seria destruída. Ele disse que era bem simples, 
que havia um "macete" para descobrir a hora certa. Era quando ele podia ver a 
sua própria imagem refletida na prata, isto, então, indicava que já era hora de tirá-
la. A imagem do ourives refletida na prata indica que ela já está purificada. Da 
mesma maneira a Palavra de Deus nos sugere que o Senhor quer ver sua 
imagem refletida em nós (Rm 8.29). E por coincidência ele também nos purifica 
com o "fogo das provações" para atingir seu propósito. O "fogo das provações" 
vem das mais diversas áreas de nossa vida: finanças, saúde, problemas 
familiares, vizinhos, trabalho e escola.
Porém, se sabemos que o fogo das provações nos purifica, como devemos reagir 
a ele? Será que há alguma porção das Escrituras que nos ajude a reagir 
positivamente diante das provações a fim de que Deus complete sua obra em 
nós? Sim, existe. Na verdade existe um livro que pode nos ajudar muito.
O livro chama-se Tiago, e mesmo pequeno, é um gigante em termos da sua 
mensagem para a vida e ética cristã hoje. Tiago apresenta para nós provas de 
uma fé genuína, testes que vão tirar a escória da nossa fé e fazer com que a 
imagem de Cristo Jesus seja cada vez mais nítida em nós. Tiago dispensa das 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 26
saudações preliminares e vai direto ao assunto: 
Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por várias provações 
(1.2)
Como, porém, Tiago pode nos dizer imperativamente que devemos ter alegria em 
meio à provação, se ela é tão ruim para nós? É porque ele sabe que o verdadeiro 
crente crê que Deus torna isto possível. Fé é um verbo ativo que está no tempo 
presente! Mas Tiago não pára por aí. Ele também nos ajuda de forma prática para 
enfrentarmos as provações. Ele nos dá cinco passos pelos quais enfrentaremos a 
refinação da nossa fé pelo fogo da provação.
1. Primeiro Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provações com Alegria (1:2,3)
A primeira prova talvez seja a mais difícil. Uma fé pura consegue enxergar a mão 
invisível de Deus tirando o máximo proveito do fogo das provações. A fé se alegra 
porque sabe que a provação tira as imperfeições da nossa fé. Confia única e 
exclusivamente em Deus e pede sabedoria dEle para poder tirar o mesmo proveito 
das tribulações da vida. Fica resoluta, sem vacilar, em meio às dificuldades. Ter 
alegria quando chega os momentos difíceis não significa que provações são 
divertidas ou engraçadas. Não significa que temos algum complexo de martírio ou 
somos sado-masoquistas. A idéia é de uma avaliação cuidadosa, racional, 
pensada, madura, que vê a longo prazo e reconhece o benefício que as provações 
trazem consigo. Por exemplo, a mulher que está para dar a luz sabe muito bem 
que deve suportar a dor do parto para ter a alegria de ver seu filho nascer; o atleta 
sabe que tem de treinar muitas horas por dia para ter a alegria de vencer a 
maratona. Na verdade, precisamos aprender a suportar as dores da provação hoje 
para termos a alegria de colhermos seus doces frutos amanhã. Esta deve ser a 
razão principal por que provações são motivo de alegria. Reconhecemos que a 
mão de Deus está sobre nós, que Ele é maior que a provação, que não escapa 
nada de seu controle, que Ele é capaz de produzir um bem muito maior (cp. José 
Gn 50:20).
2. Segundo Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Perseverança 
(1:4)
Podemos definir alguém perseverante como uma pessoa disposta a ficar 
"debaixo" até o fim.
Provações somente são motivos de alegria se continuarmos firmes até ao fim. 
Temos que permitir que Deus faça a obra completa pelo fogo da provação.
Não significa que não vamos tentar sair do sofrimento, pois não somos mártires. 
Assim como a mulher pode fazer tudo para aliviar a dor do seu parto, nós também 
podemos fazer tudo para aliviar a dor, mas sem pecado.
Precisamos entender que as provações que vêm da parte de Deus têm o objetivo 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 27
de desenvolver a nossa fé. Por exemplo, quando passamos por problemas 
financeiros, Deus quer nos ensinar a ser bons mordomos daquilo que Elemesmo 
tem confiado a nós. Mas é verdade também que o diabo se aproveita de situações 
como esta e vem nos tentar, para sacrificarmos alguns princípios éticos e dessa 
maneira desagradarmos ao Senhor.
Os atletas são o melhor exemplo de perseverança para nós. Eles treinam muitas 
horas para alcançarem seu prêmio. São perseverantes em repetir todos os dias 
aqueles exercícios físicos que os condicionam para a vitória. O treinamento em si 
com certeza não é muito agradável, pois consome muito tempo de sua semana e 
também traz consigo dores para o corpo. Porém, no dia da vitória eles nem se 
lembram mais destas dores de que foram "obrigados" a suportar. A perseverança 
produz uma fé vibrante, forte, completa e íntegra.
3. Terceiro Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Súplica (1:5)
Quando enfrentamos provação, normalmente vamos descobrir que nos falta algo . 
Ela revela impaciência, incredulidade, fraqueza, ira e desânimo. Porém o que mais 
nos falta é sabedoria-não necessariamente para saber a razão pelo sofrimento 
(quase nunca descobrimos isso) mas para saber como responder quando 
percebemos as falhas do nosso coração. E o que fazer nesta situação? Orar! 
Suplicar a Deus por sabedoria para poder lidar com a provação da forma correta.
É comum ouvirmos este versículo fora de seu contexto sendo usado como um 
pedido generalizado por sabedoria. Acredito que isto seja válido, pois Deus 
sempre se agrada de pedidos por sabedoria, porém, a ênfase do texto está no 
pedido por sabedoria em meio a tribulação. A nossa primeira opção em tempos 
difíceis é voltarmos nossa face para Deus, confiante de que Ele há de responder 
com liberalidade.
Aprendemos algo importante sobre nosso Deus-Sua natureza é generosa! O texto 
grego literalmente diz "o dando-Deus". Ele não fica incomodado, irritado ou bravo 
quando clamamos, suplicamos e o importunamos dia após dia por sabedoria para 
enfrentar uma situação insuportável. Ele se agrada de filhos que O procuram 
dessa maneira.
4. Quarto Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Fé (1:6-8)
Mas existe um "porém" no texto. Podemos pedir, mas o pré-requisito é a FÉ. Não 
é uma fé cega, mas que tem olhos espirituais abertos para compreender e confiar 
na natureza de Deus. O ponto da provação é para desenvolver nossa fé. Então o 
que adianta suplicar a Deus mas sem fé de que Ele se importa e de fato responde 
às orações que lhe fazemos?
O ponto da provação é estabilidade, firmeza, convicção e maturidade. Mas a 
dúvida leva para instabilidade, agitação, inconstância-assim como as ondas 
dirigidas pelo vento. Essa pessoa já começa derrotada.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 28
5. Quinto Passo: A Fé Verdadeira Enfrenta Provação com Esperança (1:9-12)
Os últimos versos deste parágrafo parecem fora do lugar, mas de fato fazem parte 
do argumento. Por que Tiago começa falando sobre o pobre e o rico? O que tem a 
ver?
Os leitores, na grande maioria, eram pessoas pobres. Precisavam reconhecer que 
a provação era algo temporário, transitório e superficial. Mesmo em condições 
humildes, tinham uma posição em Cristo de dignidade. Em outras palavras, havia 
esperança para os pobres. Essa vida não é o fim!
O rico, por outro lado, precisava compreender que suas riquezas eram 
insignificantes à luz do grande esquema do universo. Não garantiam nada em 
termos da eternidade. De fato, suas riquezas eram superficiais, instáveis e 
superficiais. Quem depende de posses e bens para seu "estatus" diante de Deus 
está em sérios apuros.
O último versículo conclui essa parte sobre a prova da provação, mostrando que 
havia, sim, possibilidade para o futuro. Quem persevera em Cristo em meio as 
provações revela uma fé vibrante, viva e eficaz. No final do processo, terá o 
galardão chamado "a coroa da vida".
Entendo que o galardão é a vida, ou seja, que essa pessoa terá o alívio final de 
todos os seus sofrimentos numa vida sem fim.
Conclusão:
Sei que muitos estão sentindo o fogo do ourives em suas vidas. Mas todo esse 
processo significa que Deus encontra em nós uma fé como brilhante, que vale a 
pena trabalhar. Será que você e eu estamos permitindo que Deus trabalhe, mas 
trabalhe mesmo, a nossa fé? Estamos dispostos, ao encontrarmos o ensino do 
livro de Tiago, a deixarmos que o Ourives termine seu trabalho em nós?
"Aumenta minha fé!
Revele Seu Filho em mim."
As provas de uma fé genuína são oportunidades para aqueles que realmente são 
filhos de Deus desenvolverem sua vida cristã. São oportunidades para dizer "SIM" 
ao Espírito Santo, movidos pela Palavra de Deus.
Lembre-se:
Fé é um verbo ativo... no tempo presente.
Parte VIII
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 29
A GUERRA POR DENTRO
Tiago 4:1-6
Conforme o relato bíblico, o mundo começou em paz, e terminará do mesmo jeito. 
Mas, se existe uma característica que define a raça humana entre o começo e fim, 
é a palavra “CONFLITO”. Desde o momento da primeira briga conjugal, quando 
Adão gritou “Foi a mulher que Tu me deste”; desde a rivalidade entre os irmãos 
gêmeos, Caim e Abel, que culminou no primeiro assassinato; incluindo guerras 
praticamente ininterruptas durante milhares de anos. São conflitos causados pela 
natureza humana. Essa natureza faria qualquer coisa para conseguir o que quer, 
inclusive eliminar qualquer um que bloqueie seus sonhos e ideais.
É isso que Tiago 4.1-6 nos ensina:
1 De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão 
dos prazeres que militam na vossa carne?
2 Cobiçais e nada tendes; matais, e invejais, e nada podeis obter; viveis a 
lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis;
3 pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos 
prazeres. 4 Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de 
Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de 
Deus.
5 Ou supondes que em vão afirma a Escritura: É com ciúme que por nós 
anseia o Espírito, que ele fez habitar em nós?
6 Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá 
graça aos humildes.
Infelizmente, algumas pessoas são infiéis a Deus quando flertam com o 
mundo, quando paqueram valores terrenos, quando dão a mão para a 
ambição, quando abraçam a cobiça. Mas nosso Deus não aceita 
concorrentes. Sua aliança com Seu povo exige EXCLUSIVIDADE! 
Versículo 4 começa chamando os leitores de “infiéis”. A palavra é 
“adúlteros”, uma palavra forte e inesperada, mas que tem raízes fortes no 
Velho Testamento. O povo de Israel foi acusado de adultério espiritual pelo 
fato de ter abandonado o Deus da aliança. Era uma “esposa” que dividia sua 
atenção entre dois amores. 
Deus não aceita uma esposa de tempo parcial. Seu senhorio é total. Deus 
não quer um pedaço, mas tudo. O amigo do mundo não pode ser amigo de 
Deus. 
No parágrafo que começa no v. 1, Tiago traça para nós o fruto ruim de 
guerras, brigas e conflitos até a raiz podre de egoísmo desenfreado, cobiça, 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 30
inveja, mundanismo. Ele nos mostra que nossa atitude para com o mundo 
revela nosso coração.
A fé verdadeira manifesta-se numa vida transformada, de forma presente e 
ativa. Esse texto nos desafia a rejeitar a cultura desse mundo e abraçar os 
valores de Deus. Vamos traçar a patologia de conflitos entre nós: A causa, 
as conseqüências, e a cura para conflitos humanos . . . 
I. A Causa de Conflito Humano: Cobiça (1-2)
O texto começa com uma pergunta retórica que expõe nosso coração, e 
provoca uma reflexão mais filosófica. De onde vem as guerras, os conflitos, 
as conflagrações entre homens? 
Seja uma briga de duas crianças que querem o mesmo brinquedo, seja no 
serviço, entre funcionário e patrão, ou entre motoristas no meio do trânsito; 
sejam batalhas travadas entre pais e filhos, marido e esposa, ou, entre 
nações as guerras e invasões—qual a raiz desses conflitos? 
O mundo oferece muitas respostas. Alguns diriamque o problema está no 
ambiente. Que temos que modificar o comportamento do ser humano 
proporcionando-lhe um ambiente mais ameno. 
Outros como Marx diriam que todos os conflitos vêm por causa de opressão 
econômica. Talvez Freud diria que conflito é o resultado de inibições sexuais 
e repressão religiosa. Mas Deus deixa muito claro que o problema vem de 
outra fonte. Vem do coração humano. Vem da cobiça. 
Vss 1 e 2 dizem que o conflito humano vem dos prazeres carnais dentro de 
nós (1), da inveja que temos. Há três termos nesses versículos que 
descrevem essa idéia de cobiça:
1. A palavra “prazeres” é a mesma que nos deu palavras como “hedonismo” 
ou “hedonista”. 
Identifica pessoas que vivem pelo prazer. Os prazeres em nossos corações 
tornam-se ídolos que dominam nosso pensamento, nossos sonhos. 
Conflitos surgem quando um interfere com o belo prazer do outro.
2. A palavra “cobiça” representa desejo forte. Normalmente tem uma 
conotação negativa, um desejo tão forte que domina toda nossa vida, todo 
nosso pensamento. Ficamos com uma obsessão ou fixação por aquilo que 
desejamos.
Cobiça é um pecado tão malvado quanto o diabo, cuja cobiça custou-lhe o 
céu. É um pecado tão velho quanto a raça humana, pois foi no Jardim do 
Éden que o primeiro casal, num ambiente perfeito-- em perfeita comunhão 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 31
com Deus, sem inflação, sem poluição, sem impostos, sem pedágios, sem 
IPTU--mesmo assim queria mais. 
“Quanto você precisa para realmente ficar contente?” alguém perguntou 
certa vez para o homem mais rico no mundo. “Somente mais um dólar” foi 
sua resposta.
Uma interpretação meramente superficial dos primeiros 9 dos 10 
mandamentos talvez levaria alguém a pensar que fosse capaz de cumpri-los. 
“Não furtarás, não mentirás, não matarás . . .” Mas quando chegamos ao 
décimo mandamento, Deus deixa claro que Sua vontade vai foi muito além 
do superficial. Deus quer nosso coração. O décimo mandamento diz, “Não 
cobiçarás.” Esse mandamento expõe nosso coração como realmente é: sujo, 
enganoso, cobiçoso, invejoso. Essa é a função da Lei. A Lei mostra minha 
incapacidade de obedecer a Deus. Expõe a natureza humana, e me 
impulsiona até a Cruz.
Por isso, para viver em paz, preciso deixar que Deus arranque meu velho 
coração, que me faz pecar, e que troque-o por outro. 
3. A palavra “invejais” (“invejais, e nada podeis obter”) é a mesma usada em 
3:14 (inveja amargurada), e vem de uma palavra que fez surgir nossa palavra 
“zelo”. A idéia é que temos zelo (ambição), por nós mesmos, e faremos o 
que julgamos necessário para conseguir o que queremos, quando queremos 
e como queremos. 
Cobiça e inveja sempre são pecados cometidos de forma vertical, de baixo 
para cima. São pecados de comparação em que olhamos sempre para o que 
os outros “acima” de nós têm, e que desejamos. Poucas vezes fazemos o 
contrário, olhando para baixo e reconhecendo como somos bem-
aventurados. Por isso precisamos sondar e guardar nosso coração, que é 
altamente enganoso. Precisamos descobrir se porventura estamos sendo 
seduzidos pelas cobiças, pelos desejos, pela inveja, levando-nos a 
comprometer valores bíblicos. Quando Deus, em Sua infinita graça, revela-
nos nosso coração, quando percebemos que boa parte da causa dos 
conflitos está dentro em mim, então já estamos andando em direção da cruz 
de Cristo. Só Ele pode nos libertar de nós mesmos.
II. As Conseqüências do Conflito Humano (2-3) 
Há pelo menos duas conseqüências que o texto aponta como resultado da 
nossa cobiça
1. Mãos vazias (2,3)
Cobiça nunca é o caminho correto para satisfazer nossos desejos. O 
caminho mais garantido para NÃO receber o que tanto deseja é egoísmo, 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 32
brigas, contendas, conflitos, cobiça e inveja. Quando crianças brigam por 
um brinquedo, muitas vezes ambas acabam perdendo o direito de usá-lo. 
Quando adultos processam um ao outro, muitas vezes o único que ganha é 
o advogado deles! Quando nações se enfrentam em guerra civil, todos 
perdem. Pessoas cobiçosas muitas vezes acabam com as mãos vazias! 
Depois das nossas brigas, mesmo quando saímos vitoriosos, o que 
ganhamos? Valeu a pena mesmo? Será que valeu ter relacionamento 
quebrados, uma úlcera criada, noites sem sono? Será que o caminho de 
contendas e cobiça trazem algum fruto bom? Ganhamos a batalha mas 
perdemos a guerra!
Conflito humano também é caracterizado pela independência de Deus. A 
pessoa quer conseguir o que quer do SEU jeito. Manipula, prepara o 
esquema, orquestra todos os detalhes. Mas esquece do mais básico: pedir a 
Deus. “Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis 
mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (4.2,3; veja 1:5)!
E quando pede, é de forma egoísta. Nenhuma oração egoísta pode ser feita 
“em nome de Jesus”. Oração “em nome de Jesus” é oração feita conforme 
Jesus faria. E Jesus vivia sua vida para servir aos outros, não para satisfazer 
seus próprios desejos! 
Na igreja, vemos os resultados de conflitos em divisões, facções e irmãos 
que nada têm a ver um com o outro. Talvez ganhemos uma discussão, uma 
posição, uma opinião, mas perdemos o irmão.
No mundo, um país ganha um pouco mais de território, um pouco mais de 
dinheiro, mas a que custo? Quantas pessoas morrem para assegurar esses 
benefícios? Quantas mães perdem seus filhos? Quantas mulheres ficam 
viúvas? Quantas crianças órfãs? Significa que guerra sempre é errada? Não, 
há ocasiões em que guerra se torna necessária para proteger vidas. Mas 
muitas vezes, sua raiz é cobiça humana que resulta em mãos e corações 
vazios.
Isso nos leva para a segunda conseqüência de conflito humano: 
2. Morte 
Quando a cobiça individual junta-se a outros pecados, o resultado é guerra. 
Guerra leva para morte. Morte enche o inferno. E o inimigo fica contente. Sua 
rebelião, sua causa, avança. A guerra mais sangrenta, na história, foi a II 
Guerra Mundial: 56,4 milhões de pessoas morreram para satisfazer a cobiça 
de um grupo de homens que queriam controlar o mundo Para que? 
Mas guerra civil é pior ainda. A Rebelião de Taiping na China, matou 20 
milhões de compatriotas! A Guerra Civil dos Estados Unidos foi a mais triste 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 33
em toda a sua história.
O DIABO ESTÁ ENCHENDO O INFERNO COM AS ALMAS DE PESSOAS 
VÍTIMAS DE SUAS PRÓPRIAS COBIÇAS.
Talvez você pense que sua cobiça nunca matou ninguém. Mas Jesus disse 
que cada um que se irar contra seu irmão, já matou-o em seu coração (Mt 
5:21,22). A diferença entre Guerra Mundial e meus conflitos é que eu tenho 
uma língua e não uma bomba nuclear como arma principal. 
Matamos o caráter de outras pessoas. Matamos sua reputação. Por que? 
Porque queremos o que elas tem. Ou porque bloquearam nossos sonhos.
III. A Cura para Conflito Humano (4-6)
A cura para conflito humano tem que ser aplicado onde reside o problema: 
no coração. Somente um espírito dependente e humilde, que busca em Deus 
tudo que precisa para vida, é capaz de resolver os conflitos humanos. 
Tiago aponta as atitudes necessárias para contrariarmos a tendência 
humana de cobiçar e brigar:
1. Lealdade (4,5)
Conflitos naturalmente se levantam quando a nossa lealdade fica dividida. 
Adúlterio talvez seja a maior ameaça que um casal pode enfrentar. A pior 
praga que uma nação pode experimentar é guerra civil. É como um 
organismo cujo sistema imunológico começa a atacar seus próprios órgãos 
até matar o corpo. Uma casa dividida contra si mesma não pode permanecer. 
Por isso, nossa lealdade a Deus, nossa amizade com Ele, toma precedência 
sobre tudo. Amizade com o mundo requer inimizade com Deus (vs. 4).
O V. 5 é de difícil interpretação: “Ou supondes que em vão afirma a 
Escritura: É com ciúme que por nós anseia o Espírito, que ele fez habitar em 
nós?”
À luz do contexto imediato, que fala de adultério espiritual, parece que a 
idéia é mais ou menosassim: Deus colocou em nós o Espírito Santo, pelo 
qual temos a adoção como filhos de Deus. É um espírito filial, que clama 
“Abba, Pai”. É um Espírito de relacionamento, que se entristece quando nós 
nos distanciamos de Deus e dos irmãos. É um Espírito que provoca em nós 
uma inquietação quando deixamos nosso primeiro amor, e seguimos a 
outras paixões que não sejam Deus.
Nesse sentido o Espírito fica com ciúmes do nosso primeiro amor.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 34
2. Humildade/Graça
O parágrafo termina destacando o dom gratuito de Deus para com aqueles 
que buscam nEle o que precisam. Não precisamos lutar. Não precisamos 
manipular. Não precisamos assassinar o caráter daqueles ao nosso redor. 
Não precisamos fazer um show. Não precisamos usar máscara. Precisamos 
ser humildes. Dependentes. Precisamos clamar ao Senhor com nossas 
necessidades. Precisamos pedir “em nome de Jesus”— conforme Seu 
desejo, sempre dentro da ética bíblica que exalta o outro acima de nós 
mesmos. Precisamos clamar pela graça dEle, seu amor não merecido.
O filósofo Epicuro disse, “Para fazer um homem alegre, não aumente suas 
posses, mas limite seus desejos. A cura para conflito humano está aqui, em 
humildade e dependência do Senhor. “Os humildes recebem o que os 
arrogantes cobiçam.” 
A cura para cobiça e conflitos humanos não é conseguir mais, é desejar 
menos; não é achar sua satisfação em coisas, mas no Criador. Não é lutar 
para vencer pelo esforço, mas depender para vencer pela graça. 
Amizade com o mundo é inimizade com Deus!
Parte IX
A LEI DO ESPÍRITO DA VIDA
Tiago 4:1-6 
"Portanto, não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A 
Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte. De 
fato -- coisa impossível à Lei, porque enfraquecida pela carne -- Deus, enviando o 
seu próprio Filho numa carne semelhante à do pecado e em vista do pecado, 
condenou o pecado na carne, a fim de que o preceito da Lei se cumprisse em nós 
que não vivemos segundo a carne, mas segundo o espírito. Com efeito, os que 
vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o 
espírito, as coisas que são do espírito".
Romanos 8:1-5
ÍNDICE ANALÍTICO
Capítulo 1 - A Liberdade Cristã
Capítulo 2 - Não Há Nenhuma Condenação
Capítulo 3 - Paulo, Servo de Jesus
Capítulo 4 - O Coração das Escrituras
Capítulo 5 - Pela Graça, Dom de Deus 
CAPÍTULO 1: A LIBERDADE CRISTÃ
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 35
Tecnicamente, temos aqui dois blocos de textos: um maior, que é o capítulo 8 
inteiro, cuja temática é a da vida cristã sob a lei do Espírito; e um bloco menor, 
que vai do versículo 1 ao 11, e que trata especificamente da vida emancipada por 
esta lei do Espírito.
O texto em análise está dentro desses dois blocos, que nos dão a linha de 
pensamento do autor: uma seqüência de análises sobre a vida emancipada (vs.1-
11); a vida exaltada (12-17); a vida esperançosa (18-30); e a vida exultante (31-
39). Dessa maneira, "neste capítulo, o apóstolo traça o curso da vida cristã, na 
qual a graça triunfa sobre a lei, e os crentes experimentam livramento do 
pecado".1
A epístola de Paulo, como um todo, enfoca três blocos temáticos: do capítulo 1 ao 
8, fala da justificação pela fé; do capítulo 9 ao 11, discute a exclusão temporal dos 
judeus e a inclusão dos gentios ao povo de Deus; e do capítulo 12 ao 16, 
exortações práticas.
Ao analisar a justificação, mostra que a salvação do homem repousa 
fundamentalmente sobre a fé, proveniente da graça de Cristo e não na lei de 
Moisés. Essa misericórdia de Deus não depende da lei, porque o homem, em sua 
natureza pecaminosa, não tem como responder efetivamente às exigências da lei, 
que expressa a santidade de Deus. Assim, a graça provem de Cristo, que no seu 
amor e sacrifício, perdoa os pecados dos homens. A liberdade da vida cristã, 
liberdade diante da lei, não depende do próprio homem, nem do que ele possa 
fazer, mas daquilo que Cristo já fez por ele.
Há uma outra epístola de Paulo, que também trata dessa relação lei versus graça, 
que é a carta escrita aos Gálatas, onde o capítulo correlato a Romanos 8 é 
Gálatas 5. Ali, o apóstolo escreve sobre a justificação pela fé, falando da liberdade 
cristã.
Sem dúvida, a análise de Paulo parte de elementos vetero-testamentários, que 
descreve no capítulo 4 de Romanos, ao explicar que a promessa feita a Abraão 
teve por base a fé, já que ainda era incircunciso e não tinha a lei, enquanto 
formalização apresentada a Moisés.
A passagem analisada encaixa-se perfeitamente não somente na linha geral de 
pensamento do autor, mas dentro do ensinamento bíblico como um todo. 
CAPÍTULO 2: NÃO HÁ NENHUMA CONDENAÇÃO
O texto que estamos analisando está inserido numa epístola, forma literária 
específica, amplamente utilizada pelos apóstolos e pela igreja primitiva. No 
capítulo que segue, analisaremos com mais detalhes esta forma literária, 
inserindo-a no contexto histórico de gregos e romanos durante o primeiro século 
da era cristã.
A epístola aos Romanos é uma carta de difícil compreensão. Isto porque Paulo 
tinha o costume de escrever intercalando um pensamento central com várias 
digressões, tornando complexa a conexão das idéias expostas. Outra dificuldade é 
o próprio tema, já que o apóstolo estava tratando de um assunto eletrizante para a 
época, mas hoje aceito pela totalidade cristã: os gentios podem ou não tornarem-
se cristãos sem serem prosélitos dos judeus? 
Em Romanos 8:1-5, encontramos cinco verbos fundamentais para a compreensão 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 36
do que o autor está expondo. São eles: 
(1) o oposto ao estado de escravidão, receber alforria, não estar sujeito a uma 
obrigação, livrar, libertar. "Te libertou", variantes: "me libertou", "nos libertou". É 
um aoristo passado, isto significa que a ação foi plenamente realizada, mas segue 
vigente no presente.
(2) penalidade imposta por condenação judicial, servidão penal, condenar. 
Também é um aoristo passado.
(3) encho, aterro, encho a ponto de transbordar, dou plenitude, cumpro.2
(4) ando, vivo, dirijo minha vida.
(5) penso, ter a mente controlada por, ter como hábito de pensamento, inclinar-se.
Desses verbos, dois são antônimos (receber alforria versus condenado 
judicialmente) e levam à oposição que o autor quer mostrar entre a lei do Espírito 
da vida e a lei do pecado e da morte. Assim, ao regime do pecado, Paulo opõe o 
novo regime do Espírito (cf. 3:27+), e diz que em nós transborda o espírito da lei. 
Esse preceito da lei (que pode ser traduzido como "o que é justo/o que é bom na 
lei"), cujo cumprimento só é possível pela união com Cristo através da fé, tem sua 
tradução no mandamento do amor (cf. 13:10, Gl 5:14 e Mt 22:40). Isto porque, não 
vivemos segundo a carne, mas andamos no Espírito, ou seja, temos a mente 
controlada pelo Espírito.
É interessante notar que a palavra lei aparece 70 vezes no texto de Romanos e 
sempre tem uma das três conotações: (a) revelação de Deus e de sua santidade, 
(b) foi dada para esclarecer o que é pecado, e (c) existe para orientar a vida 
daquele que crê.
Da mesma maneira, a palavra carne é sempre utilizada em Romanos com um dos 
quatro sentidos: (a) natureza humana fraca (6:19), (b) natureza velha do cristão 
(7:18), (c) natureza humana de Cristo (8:3), (d) e natureza humana não 
regenerada (8:8).
O capítulo 8 de Romanos nos apresenta a operação do Espírito Santo, entendida 
nos versículos 4, 5, 6 e 10, como aquele que comunica a vida. No versículo 2, 
como aquele que dá liberdade. E no versículo 26, como aquele que intercede 
pelos crentes junto ao Pai.
É interessante notar que o texto original de Romanos 8, em grego, começa com 
dois advérbios intercalados por uma partícula ilativa, que poderíamos traduzir 
assim: "Atualmente, por isso, nada em absoluto..." pode condenar aqueles que 
estão em Cristo Jesus 
Essa partícula ilativa, queé um conectivo, nos leva ao capítulo 7, onde o Paulo 
mostra que lei e pecado não são sinônimos. E que há uma grande diferença entre 
a natureza da lei e a natureza humana. Entre o que é Espírito e o que é carnal. O 
corpo, com os membros que o compõem (7:24) interessa a Paulo enquanto 
instrumento da vida moral. Submetido à tirania da carne (7:5), ao pecado e à 
morte (6:12+; 7:23), Paulo clama: quem me livrará? E dá "graças a Deus, por 
Jesus Cristo, nosso Senhor" (7:25). É a partir desse clímax, que o apóstolo dá 
seqüência ao texto, informando que "por isso", "hoje", "nada em absoluto" pode 
condenar os que estão em Jesus Cristo. 
CAPÍTULO 3: PAULO, SERVO DE JESUS
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 37
No mundo de gregos e romanos, as cartas particulares tinham em média, cerca de 
noventa palavras. Já os textos literários, como os de Sêneca, por exemplo, tinham 
em média duzentas palavras3. As epístolas de Paulo, no entanto, eram bem 
maiores. A menor delas, dirigida a Filemon, tem 335 palavras, e a maior, enviada 
a igreja de Roma, 7.101 palavras. Assim, podemos dizer que o apóstolo Paulo 
criou um novo gênero literário, a epístola, maior que as cartas e os textos literários 
comuns à época, de conteúdo teológico explícito, e dirigida a comunidade 
específica.
Quase sempre, as cartas eram ditadas a um escriba profissional, chamado 
amanuense, que usava uma espécie de taquigrafia durante o ditado rápido. 
Depois, o amanuense burilava o texto, e o autor, finalmente, editava a carta. Na 
carta de Paulo aos Romanos seu amanuense foi Tércio (Rm. 16:22).
Quando escreveu sua epístola aos Romanos, Paulo era um cristão maduro. Tinha 
mais de cinqüenta anos e 25 anos de conversão. Estava ansioso para ministrar 
nessa igreja, que já era conhecida no mundo cristão (1:8), e por isso escreveu a 
carta que deveria preparar sua futura visita (15:14-17). Foi escrita em Corinto, 
possivelmente no ano 58 d.C., quando Paulo estava levantando um coleta para os 
irmãos da Palestina. Partiu, então, para Jerusalém para entregar o dinheiro. Lá é 
preso, e acabará sendo levado à Roma, mas como prisioneiro. 
CAPÍTULO 4: O CORAÇÃO DAS ESCRITURAS
Para muitos teólogos, que vão de Orígenes a Barth, a carta do apóstolo Paulo aos 
Romanos é o ponto alto das Escrituras. Ela sedimentou a fé de Agostinho e a 
Reforma de Lutero. Calvino, por exemplo, considerava que quem entendesse 
Romanos estaria com a porta aberta para a compreensão de toda a Bíblia. E 
Tyndale também diz algo parecido, ao afirmar que Romanos é "a parte principal e 
mais excelente do Novo Testamento, e o mais puro Evangelion, isto é, as boas 
novas a que chamamos Evangelho, e também uma luz e um caminho para 
penetrar em toda a Escritura"4.
Em termos de doutrina, Paulo em Romanos mostra que a Lei de Moisés, em si 
boa e santa (7:12), fez o homem conhecer a vontade de Deus, mas não lhe 
transmitiu a força para cumpri-la. Deu-lhe consciência de seu pecado e da 
necessidade que tem de socorro (3:20, 7:7-13). Esse socorro, inteiramente 
gratuito, chegou através de Jesus. E a humanidade, morta no pecado, é recriada 
em Cristo (5:12-21), podendo agora viver em liberdade e justiça, segundo a 
vontade de Deus (8:1-4).
Romanos tem como tema central a revelação da justiça de Deus e a 
universalidade da obra de Cristo. E, se Romanos é o centro nevrálgico das 
Escrituras, o capítulo 8 é o coração de Romanos. 
CAPÍTULO 5: PELA GRAÇA, DOM DE DEUS
O capítulo 8 de Romanos mostra que a lei foi, através do sacrifício de Cristo, 
dominada pela graça. Como vimos neste estudo, a epístola de Romanos é 
fundamental no processo vivenciado pela Reforma. A igreja que rompe com o 
catolicismo romano, quer a reformada de Lutero, Calvino e Zwinglio, quer a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 38
revolucionária de anabatistas e inspiracionistas, entende que o apóstolo Paulo 
traça na epístola aos Romanos o curso da vida cristã, mostrando que através da 
graça há vitória plena sobre o pecado.
Paulo queria deixar claro que as propostas judaizantes não tinham razão de ser, 
pois a obediência à lei nunca logrou êxito. Através de Cristo, unido a Cristo pelo 
Espírito, aquele que crê está absolvido de seus pecados e pode iniciar uma vida 
de liberdade, dentro de uma nova lei, a lei do Espírito da vida em Jesus Cristo.
O que os cristãos do século XVI entendiam, contextualizando os ensinamentos de 
Paulo, é de não havia mais necessidades de obras e penitências para se alcançar 
a salvação. O que a Igreja Católica Romana proclamava, tanto no que concerne 
às indulgências, como às obrigações de caridade, estava fora da doutrina cristã 
pregada por Paulo nas epístolas aos Romanos e Gálatas, assim como no restante 
das Escrituras.
Ainda hoje Romanos apresenta ensinamentos fundamentais para a igreja de 
Cristo: a pecaminosidade do homem (1:18-3:30); sua desesperada luta interior 
(7:14-25), a gratuidade da salvação (3:21-24), a eficácia da morte e ressurreição 
de Cristo (4:23-25, 5:6-11, 6:3-11), a justificação pela fé (5:1-2) e nossa adoção 
como filhos (8:14-17).
É a partir desta hermenêutica, delineada nos vários passos apresentados neste 
trabalho, que o trecho de Romanos 8:1-5 deve ser interpretado. Teremos, então, 
uma melhor compreensão daquilo que o apóstolo Paulo chama de "a lei do 
Espírito da vida em Jesus Cristo" e de sua importância no caminhar do cristão.
Pr. Jorge Pinheiro 
BIBLIOGRAFIA Recomendada
Dobson, John H., Aprenda o Grego do Novo Testamento, CPAD, Rio de Janeiro, 
1994.
Gundry, Robert H., Panorama do Novo Testamento, Edições Vida Nova, São 
Paulo, 1991.
Halley, H. H., Manual Bíblico, Edições Vida Nova, São Paulo, 1993.
Rega, Lourenço Stelio, Noções do Grego Bíblico, Edições Vida Nova, São Paulo, 
1993.
Taylor, W.C., Dicionário do Novo Testamento Grego, JUERP, Rio de Janeiro, 
1991.
The Greek New Testament, United Bible Societies, USA, 1994.
Virkler, Henry A., Hermenêutica - Princípios e Processos de Interpretação Bíblica, 
Vida, São Paulo, 1994. 
1 Davidson, F., "O Novo Comentário da Bíblia", Edições Vida Nova, São Paulo, 
1994, pág. 1167.
2 "Cumprir, isto é, fazer que a vontade de Deus (revelada na Lei) seja obedecida 
como deve ser, e as promessas de Deus (dadas pelos profetas) recebam seu 
cumprimento". Taylor, W.C., Dicionário do Novo Testamento Grego, JUERP, São 
Paulo, 1991, pág. 177, verbete plhrow, in citação de Thayer.
3 "A usual folha de papiro media cerca de 34 cm x 28 cm (...), podendo acomodar 
entre 150 e 250 palavras (...), e a maioria das cartas antigas não ocupava mais 
que uma página de papiro". Gundry, Robert H., Panorama do Novo Testamento, 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 39
pág. 287. Ed. Vida Nova - São Paulo.
4 Packer, James I. in O Conhecimento de Deus, pág. 235. Editora Mundo Cristão, 
São Paulo.
Parte X
A SERVIÇO DE DEUS
TEXTO BÍBLICO: Atos 20 : 24 
 Introdução
Desculpas para os incrédulos não aceitarem o Evangelho
Desculpas para os crentes não se engajarem no serviço.
A Serviço de Deus
1. Em um Ministério
1.1 - A Determinação do Apóstolo
1.2 - A Vocação do Crente - 1 Tm 12 : 13
2. Com um Dom
2.1 - Servindo uns aos outros - 1Pe 4 : 10
2.2 - Em um só corpo - Ilust. Sintonia / Rm 12 : 3 - 6a 
3. Na Igreja 
3.1 - A Vocação da Igreja - Mt 4 : 18
3.2 - A Rede Ministerial - Ilustração Rede
Conclusão - Cl 4 : 17 
O SERMÃO
Precisamos lembrar a todo momento do compromisso que temos como igreja, 
com o "Ide de Jesus", portanto devemos ter presente em nossas mentes e em 
nossos corações o constante propósito de evangelizar.
Refletindo sobre esta premissa, podemos enumeras as desculpas clássicas que 
os incrédulos nos dão para não aceitar o Evangelho da Salvação. E quais são 
elas?
Não sou Pecador
É tarde demais para mim
Ainda sou jovem, quem sabe ...
A vida do crente é muito exigente
Não tenho tempo
Mas, pior do que estas desculpas são as que encontramos entre os próprios 
crentes, no seio da igreja, para não se comprometeremno serviço cristão. E pode, 
os novamente enumerá-las: 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 40
Não tenho tempo
Não sei o que fazer
Não me dou com o fulano
Ninguém me chamou
Focado neste segundo grupo é que estaremos refletindo sobre quando estamos A 
Serviço de Deus.
Leitura Bíblica
1. A SERVIÇO DE DEUS EM UM MINISTÉRIO
No texto que lemos na palavra de Deus, encontramos o apóstolo Paulo 
enfatizando aos líderes da igreja de Éfeso que mito mais do que a sua própria vida 
o importante seria que ele concluísse o ministério que havia recebido de Jesus, a 
saber, o testemunho, isto é anunciar o Evangelho da graça de Deus.
Encontramos aí um exemplo de determinação e compromisso a ser seguido por 
quem quiser estar a serviço de Deus. Nenhuma das dificuldades que poderiam 
estar à sua espera, e no verso anterior Paulo afirma que "...o Espírito o havia 
assegurado que lhe esperavam cadeias e tribulações" , poderiam mudar o seu 
objetivo, até que completasse a sua carreira.
Do mesmo modo que o apóstolo, o crente que tem o compromisso de servir a 
Deus deve abraçar o seu ministério e em qualquer circunstancia deve perseverar 
em seu caminho, despojando-se de desculpas banais como as que vimos à 
pouco. Ah! Mas não sei onde devo servir na igreja!
Na Primeira Epístola de Paulo à Timóteo capítulo 1 versos 12 a 14 lemos: 
"Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus, nosso Senhor, que 
me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que noutro tempo era 
blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na 
ignorância, na incredulidade. Transbordou, porém, a graça de nosso Senhor com 
a fé e o amor que há em Cristo Jesus."
Todo aquele que buscar a Deus através de Jesus Cristo, será designado a um 
ministério. Será capacitado pelo Espírito Santo e nele transbordará a Graça do 
Senhor.
Aparentemente simples, não é?
Mas é simples mesmo, desde que cada um de per si tome a decisão de servir a 
Deus. E o salmista diz mais:"Servi ao Senhor com alegria e apresentai-vos diante 
dele com cânticos.", O crente abraçando um ministério que irá exercer com 
compromisso e alegria.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 41
2. A SERVIÇO DE DEUS COM UM DOM
Ainda assim restará a pergunta: Mas servir à Deus de que maneira? Conforme 
uma daquela desculpas já citada. A Palavra de Deus nos assegura que a todos 
Deus concede graciosamente pelo menos um dom, com o qual podemos servi-lo.
O apóstolo Pedro em sua Primeira Epístola capítulo 4 verso 10 e 11, nos diz a 
respeito disto:
"Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons 
despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém fala, fale de acordo com os 
oráculos de Deus, se alguém serve faça-o na força que Deus supre, para que em 
todas as coisas seja Deus glorificado, por meio de Jesus Cristo, a quem pertence 
a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém."
Pois aí está amados irmãos, não só recebemos o dom, mas quando nos 
colocamos a serviço de Deus, somos supridos por Ele em força e capacitação.
Devemos estar em constante sintonia com Deus E o que isto significa 
exatamente? Em termos técnicos estar em sintonia é "Oscilar na mesma 
freqüência"- Quando temos um emissor pulsando em uma determinada 
freqüência, só podemos captar estes sinais se nosso receptor estiver pulsando na 
mesma freqüência, ou seja em sintonia.
Um exemplo prático disto é o nosso rádio, quando a estação emite o seu sinal, isto 
quer dizer que suas ondas pulsam e o meu radio só conseguirá captar esta onda 
se seu receptor oscilar na mesma freqüência. Rádios à parte, assim também 
devemos ser com Deus, ou seja, oscilarmos na mesma freqüência que Ele para 
podermos ouvir a sua voz, ou repetindo em uma visão mais antiga esta 
explicação: "Falarmos de acordo com os oráculos de Deus."
Voltemos então nossas atenções para a questão do "servi uns aos outros 
conforme o dom que recebemos de Deus." No momento em estivermos servindo 
uns aos outros e aplicando nossos dons ao serviço de Deus, estaremos então 
agindo como a igreja que Jesus Cristo nos legou.
Na Epístola aos Romanos no capítulo 12, verso de 3 a 6a, Paulo disserta sobre as 
nossas responsabilidades dizendo:
"Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de 
si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação segundo a medida 
da fé que Deus repartiu a cada um. Porque, assim como num só corpo temos 
muitos membros, mas nem todos os membros tem a mesma função, assim 
também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns 
dos outros, tendo, porém, diferentes dons segundo a graça que nos foi dada."
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 42
Em busca de definirmos um padrão para estarmos a serviço de Deus, já falamos 
sobre a determinação e o compromisso em abraçarmos um ministério, falamos 
também sobre o uso dos dons que recebemos graciosamente de Deus e esse 
texto que acabamos de ler nos coloca último aspecto desta reflexão.
3. A SERVIÇO DE DEUS NA IGREJA
Para podermos compreender melhor como devemos estar a serviço de Deus na 
Igreja, precisamos ter certeza de qual a verdadeira vocação da igreja, e nós 
encontramos Jesus explicando a Pedro e André, no início de seu ministério, com 
palavras que aqueles homens só entenderiam algum tempo depois. 
No Evangelho segundo Mateus no capítulo 4 verso 19, são estas as palavras de 
Jesus:
"Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens."
E esta é a nossa chave. Devemos ser pescadores de homens, pois esta é a 
vocação da Igreja de Jesus Cristo. Precisamos como igreja estar sempre lançando 
nossas redes para pescarmos mais e mais almas para Jesus.
Imaginemos a malha de uma rede de pesca, onde cada nó, ou seja, aquele ponto 
onde as linhas se unem seja um membro da nossa igreja. Que aquele ponto seja 
você, eu, enfim todos nós. Cada um representado por um nó.
Imagine também que ao invés da linha de nylon, fazendo aquela união estejam 
nossos braços abertos, sustentando, assim, o irmão da direita e o da esquerda. Ao 
mesmo tempo que somos alcançados e sustentados pelos braços fortes de dois 
outros irmãos. Pronto estará formada a redada Igreja de Jesus Cristo, pronta para 
ser lançada, com um único objetivo, o de pescar almas, composta com homens 
usando seus dons e comprometidos em seus ministérios
CONCLUSÃO
Esteja atento para o seu momento. Ore desde agora por este alvo, e mais ainda 
ore por voce neste alvo, pelo momento em que for chamado para compor esta 
rede de pescar homens.
Por fim, devemos ouvir o conselho que Paulo deu a Arquipo, líder da igreja de 
Colossos, que se encontra em Colossenses capítulo 4 verso 17.
"Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires."
Parte XI
A VIDA ETERNA
Segundo o Evangelho de João 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 43
Nenhum outro escritor do Novo Testamento utiliza tanto a expressão vida eterna 
como o apóstolo João. Enquanto nos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e 
Lucas) vida eterna aparece 6 vezes, em João temos nada menos que 17 
ocorrências. Isto não significa que nos evangelhos sinóticos o tema da vida eterna 
seja ignorado, pelo contrário, os três primeiros evangelhos tratam do mesmo tema 
quando falam do reino de Deus. Ambos (vida eterna e reino de Deus) pertencem à 
mesma categoria teológica, e são sinônimos. 
Segundo C. K. Barret, vida eterna em João "substitui o reino de Deus dos 
evangelhos sinóticos". E mais: "Aquilo que é, propriamente, uma bênção futura 
torna-se um fato presente em virtude do futuro em Cristo".
A NATUREZA DA VIDA ETERNA
O substantivo "vida" em grego pode ser bíos ou zoê. Bíos significa a vida física, 
biológica e zoê aquela qualidade espiritual de vida eterna que só Jesus é capaz de 
oferecer. Em João zoê pode vir ou não acompanhado do adjetivo "eterno", que em 
grego é aiõnios. Na maioria das vezes temoszoê aiõnios (vida eterna), e mesmo 
quando zoê está sozinho, em João sempre significa vida eterna.
A vida eterna é uma obra da livre graça de Deus. A salvação em sua maior 
expressão. Nem mesmo a morte física serve de obstáculo para a vida eterna; pelo 
contrário, a morte, para os crentes, é "uma libertação do pecado e um passo para 
a vida eterna" (Catecismo de Heidelberg). Disse Jesus: "Eu sou a ressurreição e a 
vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim, 
não morrerá, eternamente" (Jo 11.25,26). Ter a vida eterna é o mesmo que estar 
salvo num processo irreversível (cf. Jo 5.24; 6.47; 10.27,28). Como o próprio nome 
indica, vida eterna não é uma coisa que temos hoje e perdemos amanhã. Neste 
caso seria vida temporária e passageira, jamais eterna!
A natureza essencial da vida eterna foi descrita pelo Senhor Jesus assim: "E a 
vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus 
Cristo a quem enviaste" (Jo 17.3). Esta passagem "não define vida eterna, mas 
mostra como se manifesta e quão maravilhosa é" (William Hendriksen). E de que 
forma ela se manifesta? Hendriksen explica: "A vida eterna por meio da qual tanto 
o Pai como o Filho são glorificados se manifesta no verdadeiro conhecimento do 
que envia e do enviado". Segundo George Ladd, "Em João, o conhecimento é 
uma relação com base na experiência. Existe uma relação íntima, mútua, entre o 
Pai e o Filho; por sua vez, Jesus conhece seus discípulos e por eles é conhecido; 
e, em conhecê-lO, eles também conhecem a Deus". Disse Jesus: "Eu sou o bom 
pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim, assim como o 
Pai me conhece a mim e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas" (Jo 
10.14,15).
Em se tratando de nossa relação com Jesus, é preciso entender que este 
conhecimento, longe de ser uma simples questão de compreensão intelectual, 
envolve sempre um relacionamento pessoal de íntima comunhão com nosso 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 44
Senhor. Este é o significado básico do verbo conhecer em João. 
Conhecer a Deus é conhecer a verdade libertadora. "Disse, pois, Jesus aos 
judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois 
verdadeiramente meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos 
libertará" (Jo 8.32). Conhecer a verdade "significa chegar a compreender o 
propósito salvador de Deus, incorporado em Cristo, e a liberdade prometida é a 
liberdade do pecado (Jo 8.34), liberdade essa que não poderia ser realizada sob 
as condições da antiga aliança, mas somente através do Filho [Jo 8.36]" (Ladd). E 
ainda: "A verdade de Deus não está apenas incorporada em Cristo, mas é 
também manifesta em Sua palavra, pois Ele fala a verdade (Jo 8.40,45) e veio 
para dar testemunho da verdade (Jo 18.37). Esta verdade não é simplesmente a 
revelação daquilo que Deus é, mas a manifestação da presença salvadora de 
Deus no mundo. Portanto, tudo o que Jesus fez e oferece é verdadeiro (Jo 7.18; 
8.16), isto é, está de acordo com a Sua natureza e com o plano de Deus. Este 
propósito redentor é a palavra de Deus (Jo 17.6,14) é a própria verdade (Jo 
17.17), a qual é uma com a pessoa do próprio Jesus (Jo 1.1)".
O ASPECTO PRESENTE DA VIDA ETERNA
Que a vida eterna já é uma realidade na vida de todo aquele que crê em Jesus, é 
facilmente percebido em João 6.47, onde o verbo ter está no presente do 
indicativo. Disse Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: Quem crê, tem a vida 
eterna" (cf. I Jo 5.13). "A vida que pertence ao futuro, ao reino da glória", diz 
Hendriksen, "passa a ser possessão do crente aqui e agora (...). Esta vida é 
salvação e se manifesta na comunhão com Deus em Cristo (Jo 17.3); na 
participação do amor de Deus (Jo 5.42), de sua paz (Jo 16.33), e de seu gozo (Jo 
17.13)".
John MacArthur complementa: "Biblicamente, a vida eterna não é apenas a 
promessa da vida na eternidade, mas é também a qualidade de vida característica 
das pessoas que vivem na eternidade. Tem a ver com qualidade tanto quanto 
duração (Jo 17.3). Não é apenas viver para sempre. A vida eterna é ser 
participante do reino onde habita Deus. É andar com o Deus vivo, em comunhão 
infindável". 
A ênfase central do evangelho de João é levar homens e mulheres a terem uma 
experiência presente de vida eterna. O aspecto presente, bem como o futuro da 
vida eterna, é mediado pela pessoa de Cristo. Desse modo, não é difícil 
compreender porque as suas palavras são vida (Jo 6.63), visto que elas procedem 
do Pai, que lhe ordenou o que deveria dizer. E o mandamento de Deus é vida 
eterna (Jo 12.49,50). Mas a vida eterna não é apenas mediada por Cristo e Sua 
palavra. Ela habita na própria pessoa de Jesus (Jo 1.4; 5.26; 14.19). Ele é o pão 
da vida (Jo 6.48). Ele é a água vida (Jo 4.10,14). Conseqüentemente, Jesus podia 
dizer: "Eu sou a vida" (Jo 11.25; 14.6), e vida em abundância (cf. Jo 10.10).
Para que a vida eterna seja uma realidade presente na vida de alguém, é 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 45
necessário receber a Jesus Cristo e confiar somente nEle para a vida eterna (cf Jo 
3.16). "A falta de vida eterna é equiparada com o estado de perdição, de estar 
condenado ou perdido, em contraste com aqueles que têm a vida eterna, que são 
declarados salvos e que recebem a promessa de que nunca perecerão [Jo 
3.15,16,18,36; 10.9]" (John Walvoord). 
Uma vez adquirida, é necessário que a vida eterna se expresse através da 
obediência e prática do evangelho (Jo 12.50; 13.17). A salvação em Cristo exige 
mudança de vida, aqui e agora. Além disso, a vida eterna deve ser uma realidade 
tão presente em nossa vida, a ponto de podermos cantar assim: 
Depois que Cristo me salvou,
Em céu o mundo se tornou;
Até no meio do sofrer
Eu tenho paz no meu viver.
O ASPECTO FUTURO DA VIDA ETERNA
A vida eterna é qualidade e duração. Ter uma vida que não acaba jamais é o 
grande anseio do ser humano. Haja vista a atitude da mulher samaritana quando 
ouviu de Jesus: "Aquele, porém, que beber da água da vida que eu lhe der, nunca 
terá sede, para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte 
a jorrar para a vida eterna. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água para 
que eu não mais tenha sede, nem precise vir aqui buscá-la" (Jo 4.14,15). Ou dos 
judeus quando ouviram Jesus dizer: "Porque o pão de Deus é o que desce do céu 
e dá vida ao mundo. Então lhe disseram: Senhor, dá-nos sempre desse pão" (Jo 
6.33,34). Infelizmente nem a mulher samaritana nem os judeus entenderam, a 
princípio, o significado da vida eterna que Jesus lhes oferecia.
Em João a expressão vida eterna contém, além de seu significado presente, um 
aspecto futuro ou escatológico, como por exemplo em 12.25: "Quem ama a sua 
vida, perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo, preservá-la-á para a 
vida eterna".
Quem beber da água viva descobrirá que ela também é uma fonte a jorrar para a 
vida eterna (Jo 4.14); e aquela comida que Cristo oferece também produz vida 
para o futuro (Jo 6.27).
A vida eterna, no aspecto escatológico, será experimentada quando o justo passar 
pela "ressurreição da vida" (Jo 5.29). Esta declaração é bem parecida com aquela 
de Daniel 12.2: "Muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a 
vida eterna, e outros para vergonha e horror eterno".
O princípio da vida eterna que habita o corpo mortal do crente se estende para a 
ressurreição do mesmo. Aquele a quem Jesus concedeu vida eterna será 
ressuscitado no último dia (Jo 6.40,54). Jesus é a ressurreição e a vida. Quem 
nEle crê poderá morrer fisicamente, mas viverá novamente (Jo 11.25,26), isto é, o 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 46
corpo ressuscitará para uma alma que nunca morreu, a fim de, juntos, desfrutarem 
eternamente da presença de Deus. 
Caberia aqui uma ligeira observação acerca do castigo eterno. Não trataremos do 
assunto propriamente dito, vistoque este não é o tema do nosso estudo. Por isso, 
mencionaremos o castigo eterno apenas como auxílio para uma compreensão 
melhor da vida eterna. 
Hoje em dia, não são poucos os que negam a condenação eterna. Igrejas, num 
passado recente, se dividiram por causa desta questão. Os universalistas e os 
aniquilacionistas de nossos dias rejeitam definitivamente a idéia de um inferno 
onde pessoas sofrerão por toda a eternidade. Ambos argumentam que Deus é 
muito bom e misericordioso para condenar qualquer pessoa por toda a eternidade. 
Alguns universalistas defendem que as pessoas que viveram pecando deverão ser 
castigadas durante certo tempo após a morte, mas depois todo mundo será salvo. 
Os aniquilacionistas, por sua vez, entendem que os ímpios serão, como o próprio 
nome diz, aniquilados. Alguns aniquilacionistas também crêem que depois da 
morte um sofrimento temporário precederá o aniquilamento final e definitivo dos 
ímpios. 
Ora, seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso. Deus é amor mas também é 
justiça! Nosso Senhor Jesus foi claro quando disse: "Por isso quem crê no Filho 
tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a 
vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36; cf. Dn 12.2; Mt 25.46). 
Quando Jesus diz que aquele que "se mantém rebelde contra o Filho não verá a 
vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus" (Jo 3.36), Ele está se referindo ao 
destino final dos ímpios. O inferno é a manifestação permanente e eterna da ira de 
Deus contra os pecadores impenitentes. O castigo que os ímpios sofrerão depois 
desta vida será de igual maneira sem fim, como sem fim será a bem-aventurança 
futura do povo de Deus. 
Sendo assim, as ovelhas de Jesus podem descansar nas promessas 
consoladoras do Supremo Pastor: "Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, 
eternamente, e ninguém as arrebatará da minha mão" (Jo 10.28). Por outro lado, 
como bem observou Antony Hoekema, "O ensinamento bíblico com respeito ao 
inferno deve acrescentar uma nota de profunda seriedade em nossa pregação e 
ensino bíblico. Devemos falar do inferno com tristeza, com dor, talvez até com 
lágrimas – mas devemos falar a respeito". E mais: "Em nosso empreendimento 
missionário, a doutrina do inferno deve incitar-nos a um maior zelo e urgência. Se 
é certo que muita gente vai em direção de uma eternidade sem Cristo, a menos 
que ouçam o evangelho, quão ansiosos deveríamos estar para levar-lhes o 
evangelho!" . (Tradução livre).
AS IMPLICAÇÕES DA VIDA ETERNA PARA O POVO DE DEUS
Quais as implicações práticas da vida eterna para a igreja evangélica 
brasileira do novo milênio? Consideremos três aspectos:
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 47
Em primeiro lugar, é preciso uma reflexão séria e responsável do papel da 
igreja na sociedade. Somos salvos para fazer a diferença através de uma 
postura ética, de valores que manifestem nitidamente a diferença que a vida 
eterna faz no meio e através do povo de Deus. A natureza da vida eterna, 
expressa no conhecimento de Deus e de Sua verdade, deve levar a igreja a 
experimentar a renovação de vida que começa aqui e agora. A vida só tem 
sentido quando é vivida na presença de Deus com responsabilidade. Por 
isso, a igreja precisa parar de brincar com coisa séria e viver o evangelho 
integral de nosso Senhor Jesus Cristo.
Em segundo lugar, a vida eterna deve nos levar a uma atitude prática em 
relação ao destino futuro dos justos e dos injustos. O que significa o céu 
para os crentes? O que quer dizer viver para sempre? Estamos preparados? 
A igreja do Senhor está pronta? Você está preparado para se encontrar com 
Deus? Está certo que tem a vida eterna? E o que dizer daqueles que estão 
indo para o inferno? Até onde somos culpados pelo destino eterno dos 
pecadores? Essas indagações não devem ser menosprezadas. São 
necessárias uma reavaliação de conceitos e uma ação salvífica urgente da 
igreja no mundo. 
Em terceiro lugar, temos que levar em muita consideração a razão de ser da 
própria vida eterna. De um lado temos o propósito imediato, isto é, somos 
salvos porque Deus nos ama e quer nos ajudar. Do outro lado há o propósito 
final da vida eterna: a glória de Deus. Glorificar a Deus deveria ser o maior 
desejo do cristão. Viver como Deus quer é viver para a sua honra e glória. 
Infelizmente, muitas vezes a glória de Deus não tem sido, na prática, a maior 
preocupação do povo de Deus. A busca do bem-estar tem ocupado com 
muita freqüência o lugar de uma vida obediente e submissa à vontade de 
Deus. Certamente Deus abençoa o Seu povo e se deleita nisso, porém, 
somente quando Ele ocupa o primeiro lugar em nosso coração. Se 
agradarmos a Deus, não como pessoas interesseiras, mas como verdadeiros 
crentes interessados em Sua pessoa, e se o amarmos nem tanto por aquilo 
que Ele vai nos dar, mas principalmente por aquilo que Ele é, com certeza a 
vida eterna que de Deus recebemos será a expressão de louvor no dia-a-dia 
de pessoas que verdadeiramente amam e glorificam a Deus.
Parte XII
ANÁLISE SEMÂNTICA
De I Pedo 2:4-10 
Vers. 04 - Chegando-vos a ele, a pedra viva, rejeitada é verdade pelos homens, 
mas diante de Deus eleita e preciosa.
O 1º verso merece atenção especial, a partir da palavra giqon (pedra). É de uso 
figurativo1 pois designa o caráter inflexível ou de sentimentos duros (Cf. 
CULLMANN, 1965:324). Ao dizer que devemos chegar a Cristo, o apóstolo faz uso 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 48
da palavra pedra como algo vivente. Essa declaração permite compreender o 
caráter de Cristo, ou seja : Deus vivente. Com certeza, o uso do substantivo pedra 
é mais um recurso literário e lingüístico do que propriamente teológico. Ao 
apropriar-se da linguagem simples para referendar o caráter de Cristo, o autor é 
sábio, pois considera a estrutura da “teologia da pedra” como indicativo da 
superioridade das demais compreensões teológicas a respeito da salvação. Sendo 
assim, a pedra é símbolo figurativo do Cristo que, por sua vez, é símbolo figurativo 
de salvação. Dessa forma, pedra em 2:4 é vocábulo substituto da salvação.
Está clara a indicação de que Cristo é a pedra viva, pois o verbo zwnta (particípio 
presente) denota a qualidade verbal 2 do substantivo giq on (pedra).
Essa qualificação é própria nos escritos petrinos e paulinos, pois além da ênfase 
no Cristo, enquanto Salvador, é também ao aspecto sustentador da salvação - a 
pedra é viva (Cf. I Cor 10:4; Rm 9:33, 10:11).
Interessante notar é que o autor também argumenta o aspecto do adjetivo 
negativo dessa pedra, ou seja, é rejeitada. O que o autor quer dizer, na verdade, é 
uma releitura de Is. 28:16, cujo contexto lembra-nos do povo que não depositou 
confiança no Senhor Iahweh. Da mesma forma, a pedra é rejeitada por não 
depositarem à ela o crédito de confiança merecido. O autor releva-nos 
paradoxalmente a qualificação da pedra, ou seja, é viva, pois é a salvação; é 
rejeitada, pois não há mérito de fé alguma. Sendo assim, rejeitada é sinônimo de 
falta de fé, e, consequentemente anti-sinônimo de salvação.
Todavia, a linguagem do autor é explicativa ao exemplificar os dois aspectos da 
pedra na perspectiva divina : eleita e preciosa. A combinação grega de eklekton 
(eleita) e entimon (preciosa) quanto à pedra é máxima, por partir de (segundo 
Deus). Isso denota a exposição divina da eleição de Jesus-pedra (salvação) e da 
preciosidade que este representa aos olhos de Deus. dir-se-ia que tais adjetivos 
são conseqüências da ação divina sobre a pedra (Jesus). Tais qualidades são 
somente compreendidas por aqueles que obedecem o (chegando-vos) a Cristo. 
Concluindo, pedra viva é Cristo que salva mediante os que crêem Nele, e, para os 
que não crêem, ele é a pedra rejeitada. 
Vers. 05 - Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, constituí-vos em um 
edifício espiritual, dedicai-vos a um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes 
sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.Comecemos a análise pela expressão giq on zwnteV (pedras vivas). embora seja 
a mesma expressão dada a Cristo, a diferença se faz pelo verbo constituí-vos. 
Essa constituição é mister por causa da ação prática de Deus na vida daqueles 
que crêem. Trata-se mais de uma exigência, um dever a ser cumprido. Os que 
crêem são chamados a se tornarem oikoV pnenmatikoV (edifícios espirituais). 
Trata-se de termos pertinentes à posição dos que aceitam a pedra viva. de certa 
forma, os “edifícios espirituais” são : o crer, o aceita, o confiar, o receber a pedra, 
o adorar a Deus, etc. Esse edifício não tem uma característica física, isto é, não é 
determinado por medidas conhecidas na arquitetura, mas sim, por características 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 49
espirituais, “a do Espírito”,3 ou seja, a exigência que o Espírito faz é o de crer na 
giq on zwnta (pedra viva).
Uma outra exigência feita nesse verso é que devemos nos dedicar a um 
sacerdócio santo. (eiV ierateuma). Essa exigência é feita apenas no sentido 
funcional, isto é, a nós é dado o ofício de sacerdotes. Não há intermediários entre 
aqueles que crêem e Deus. Ser sacerdote é uma designação de forma constitutiva 
por parte de Deus, mas não institucional (por parte dos homens). Essa nova 
designação, só é compreendida à luz da fé em Cristo, haja vista que tais 
implicações somente são encontradas no Novo Testamento.4 A posição que o 
indivíduo assume em Cristo é a de ser sacerdote, pois pode oferecer sacrifícios 
movidos pela fé e não pelo pecado. Sendo assim, os sacrifícios espirituais são 
provas de fé (crer, obedecer, adorar, profetizar, etc.), apresentados em momentos 
doxológicos pelo que aceita a vontade de Deus.
Vers. 06 - Com efeito, nas Escrituras se lê : Eis que ponho em Sião uma pedra 
angular, eleita e preciosa, quem nela confia não será confundido.
Este versículo é uma rememoração de Isaías 28:16. O uso das Escrituras denota 
a autoridade do Antigo Testamento na releitura dos apóstolos. Para o autor da 
carta, a “pedra angular” é Cristo por estar sustentando Sião (o povo que nele crê). 
No contexto vétero-testamentário, Isaías 28 comenta o juízo de Deus sobre 
Efraim, ao mesmo tempo que o profetiza com uma promessa (Vers. 16 : “quem 
nela (pedra) crer não será confundido “. É uma releitura muito apropriada para o 
contexto neo-testamentário, pois é Deus quem, através de Cristo, elege e torna 
“essa pedra” preciosa.
Os apóstolos e discípulos da época neo-testamentária dão ênfase ao A.T por 
questões de estilo literário : paralelismo, releitura e narrativa divina.5 Dessa forma, 
entende-se as referências do A.T apenas como re-interpretação e ênfase teológica 
por parte do apóstolo. Pedro, ao associar o contexto de Isaías com o da 
comunidade de sua época, estaria atualizando a teologia (fé e prática) de Isaías 
28:16. Certamente, as nuances da nova vida em Cristo extrapolaria os conceitos 
de “pedra angular” de Isaías. Enquanto o “crer “de Isaías 28:16 é a sujeição dos 
líderes à vontade de Deus, o “crer “ de I Pedro é a Fé depositada em Cristo.
Vers. 07 - Isto é, para vós que credes ela será um tesouro precioso, mas para os 
que não crêem, a pedra que os edificadores rejeitaram, essa tornou-se pedra 
angular.
Vers. 08 - Uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair. Eles tropeçam na 
Palavra, para o que também foram destinados.
Esses versículos devem ser entendidos como uma conclusão dos argumentos 
apresentados anteriormente. É como se o autor estivesse finalizando sua 
exposição, mas dando ênfase nos aspectos positivos e negativos dessa 
conclusão, por exemplo :
CRER (+) NÃO-CRER (-)
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 50
Tesouro Precioso Rejeitada
Eleita Tropeço
Faz Cair
A linguagem usada é a da figura de um construtor. A “pedra angular” é a principal 
da construção. Poderíamos dizer que essa pedra é a que sustentará as demais. 
Sendo assim, as demais colunas, paredes, aberturas, etc; devem estar ligadas à 
ela. Na analogia petrina, essa pedra angular é a que representa a sustentação da 
fé, da esperança, das vitórias dos que crêem. O “crer “nesse texto é a exigência 
clara para os que querem ter uma construção forte. A construção que representa a 
“pedra principal “ é a feita pela fé em Cristo. Quando Pedro diz “isto é para vós 
que credes“, está fazendo referência à comunidade dos cristãos dispersa na Ásia 
Menor : (Ponto, Bitínia, Galácia e Capadócia). Com certeza, essa comunidade 
“creu “ na pedra preciosa e por isso está tendo uma boa construção.
O autor reafirma a experiência cristã da comunidade a partir da fé depositada na 
Pedra (Cristo). Mas para os que não crêem é a pedra de tropeço, a rocha que faz 
cair. a referência “que não crêem “ é específica para os judeus. Podemos chegar a 
essa conclusão por causa do final do versículo “para os que também foram 
destinados” (Is. 8:14).
Ao rejeitar Cristo, os que não crêem estão rejeitando a pedra que Deus elegeu 
como fundamental para a salvação/eleição. Não considerar essa “forma divina “ de 
“crer “ na pedra é o mesmo que incredulidade. A fé em Cristo é, então, escândalo, 
pois não crêem; ao mesmo tempo que a conseqüência é “cair “. Podemos 
entender que a incredulidade é a rejeição de Cristo. Os judeus não aceitaram a fé 
como forma divina da eleição. Eles a rejeitaram e ao mesmo tempo 
escandalizaram-se. A “rocha” só faz “cair “ porque não aceita a incredulidade.
Vers. 09 - Mas vós sois uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa, o 
povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências 
daquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa.
Vers. 10 - Vós que outrora não éreis povo, mas agora sois povo de Deus, que não 
tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia.
Os versículos 9 e 10 representam os resultados da fé em Cristo. Tratam-se de 
nomeações referentes à nação de Israel, mas que na visão petrina correspodem à 
nova identidade a partir da fé em Cristo. Essa identidade é pertinente aos que 
crêem, tanto judeus como gregos. A nova realidade dos que crêem corresponde à 
função que deverão cumprir. Isso comprova pelos adjetivos dados, por exemplo :
Raça Eleita: Aqueles que são chamados para a grande construção. Essa eleição 
desempenha a função dos responsáveis pela construção. São somente eleitos por 
Deus porque crêem.
Sacerdócio Real: É o ofício exercido pelos que crêem. É uma função religiosa 
identificada pela categoria dos responsáveis pela adoração a Deus. Crer é exercer 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 51
a função sacerdotal para adorar a Deus. Não é mais exigida a representação 
visível e única do sacerdote, mas, agora pela fé em Cristo, todos são eleitos 
enquanto sacerdotes e possuidores do sacerdócio, isto é, o ofício de endereçar a 
Deus a fé que adora.
Nação Santa: A santidade é pertinente à nova realidade da fé em Cristo. É a 
qualidade dos que são separados para exercer uma nova função : ser santo. Não 
se trata de uma qualidade extra-dimensional ou invisível, mas representativa do 
ponto de vista da fé em Cristo. A santidade é, portanto, o momento em que a ação 
de crer separa o povo para uma nova realidade : a de servir a Deus. Poderíamos 
considerar o alcance geográfico da santidade de Deus: todos os que crêem em 
Cristo em qualquer lugar da terra. 
Povo de sua Propriedade Particular : É a consideração que o autor faz àqueles 
que crêem na pedra e que, automaticamente, são feitos propriedades de Deus. 
Essa menção que o autor faz é ainda qualificada como “particular“, “exclusiva”, 
tudo indica a nova concepção da soberania de Deus sobre nós, ou seja, somos 
exclusivos para o uso divino. Essa exclusividade é quanto ao serviço exigido por 
Deus : proclamar as excelências divinas. Daí, entende-se que Deus é soberano 
sobre o seu povo de propriedade exclusiva. 
Todas as qualidades relacionadas à eleição dos que crêem, referem-se à 
exigência do serviço: proclamar. Essa ação só pode ser executada pelo povo 
eleito por Deus. A eleição para o serviço é mediante a fé : Poderíamos afirmar, 
nas palavras de Pedro, que a fé em Cristo elege a comunidade para o serviço. 
Contextualmente, esse serviço seria a apresentação do Cristo kerigmático, 
representado figuradamente pelos termos “luz”(comp. Jo 1:1:10) Ainda outros 
textos afirmam que a passagem para a fé cristã é uma passagem das trevas para 
a luz (Jo12:46, II Cor 4:6, Ef. 5:8).
A referência às “excelências de Deus” referem-se às novas realidades 
abençoadoras de Deus : ser eleito, precioso e responsável pela adoração a Deus. 
Tais bênçãos são frutos da fé. É ela que nos eleva à categoria de proclamadores. 
O reforço que o apóstolo faz para que “proclameis” é um imperativo kerigmático da 
experiência e vivência da fé cristã.
O verso 10 é uma confirmação dos resultados da fé cristã. Essa confirmação é 
caracterizada pelos adjetivos “sois povo de Deus “ e “alcançastes misericórdia “. 
esses adjetivos representam a elevação dos que crêem na Pedra Eleita, Viva, pois 
são “da misericórdia de Deus“. Diríamos que a convicção da fé em Cristo, 
experimentada pela comunidade, é tão enfática que alcança o favor imerecido de 
Deus. A misericórdia, atributo de Deus, era caracterizado na literatura vétero-
testamentária como inalcançável, mas na visão petrina, é dada àqueles que 
crêem. Essa misericórdia é, então, a nova identidade que o “povo” alcançou “de 
Deus”. 
1 Para um estudo mais detalhado sobre figuras a respeito de Cristo veja : 
MATEOS, Juan e CAMACHO, Fernando. Evangelho : Figuras & Símbolos, Editora 
Paulinas, São Paulo, 1991.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 52
2 LASOR, Wilhan S. Gramática Sintatica do Grego no Novo Testamento. Editora 
Vida Nova, 1986
3 RIENECKER, F e ROGERS, C. Chave Linguística do Novo Testamento. Editora 
Vida Nova. São Paulo, 1995, pp 556
4 O sumo-sacerdote no VT é figura também constituída por Deus, mas este 
apenas apresentava sacrifícios “visíveis “ a Deus ( animais, oblação, libação, 
expiação, etc ), e responsável por representar o pecado do povo perante Deus. Os 
auxiliares ( sacerdotes ) não detinham posição de sumo-sacerdote, daí apenas um 
ser o responsável pelos atos litúrgicos.
5 GABEL, John B. et al. A Bíblia como Literatura. Edições Loyola. São Paulo, 
1993, pp 27 - 48.
Parte XIII
CHOQUE CULTURAL: O MUNDO E O CÉU
Tiago 3:13-18 
Você já experimentou choque cultural? Choque cultural acontece quando 
enfrentamos estilos de vida, língua, roupa, moeda, religião, valores, perspectivas, 
totalmente diferentes dos nossos. 
Com certeza você já enfrentou algum tipo de choque cultural. Quando mudou para 
uma outra cidade ... Quando mudou de escola ou emprego, onde tudo é diferente: 
Horários, serviços, o "jeitão" de fazer as coisas... quando mudou de igreja. Às 
vezes enfrentamos choque cultural quando casamos. Os costumes, as tradições 
familiares, as maneiras de celebrar aniversários, feriados, são todos diferentes. 
Como as pessoas reagem ao choque cultural? Quando falamos do cristão em 
relação à cultura do mundo, Jesus disse que teríamos que "estar NO mundo, sem 
ser DO mundo." Paulo falou para não sermos "conformados com esse mundo, 
mas transformados pela renovação da nossa mente". João disse, "Não ameis o 
mundo, nem as coisas que estão no mundo" Pedro nos lembra de que tudo que 
vemos no mundo há de derreter e ser reduzido a nada. O autor de Hebreus nos 
chama de "peregrinos" em busca de uma cidade celeste.
Todos esses autores bíblicos identificam uma guerra entre culturas, um choque 
cultural entre o mundo em que vivemos e o céu de onde vem nossa cidadania. O 
livro de Tiago vai ainda mais longe. Ele não deixa dúvidas sobre os traços que 
identificam um cidadão do mundo e um cidadão do céu.
Tiago 3:13-18 aborda as características que definem a cultura do mundo e a do 
céu. A fé verdadeira manifesta-se numa vida transformada, de forma presente e 
ativa. O texto nos desafia a rejeitar uma cultura e abraçar outra. A sabedoria (ou 
cultura) do mundo é diabólica, egocêntrica, ambiciosa, contenciosa e vem direto 
do inferno. Sempre quer levar vantagem. Entretanto a sabedoria (ou cultura) do 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 53
céu vem de Jesus, é pacífica e bondosa, sempre pensa nos outros primeiro, é 
cheia de amor. Essa cultura celestial quer compartilhar a vantagem que tem em 
Cristo. 
O texto começa com uma pergunta: "Quem entre vocês é sábio e entendido?" 
Muitos entre os leitores talvez pensavam que eram sábios, a ponto de quererem 
ser mestres (vs 1). Mas será que eram sábios MESMO? Ou será que tinham 
adotado a cultura do mundo e sua definição de sabedoria? 
Definição do Mundo. O mundo define sabedoria como "esperteza". É levar 
vantagem, explorar, avançar, manipular. Subir a escada mais rápido que o outro. 
Enganar antes de ser enganado. Matar antes de ser morto.
Definição Bíblica. Sabedoria bíblica significa adquirir a perspectiva de Deus sobre 
tudo que acontece no mundo. É subir a escada da Palavra para adquirir a ótica 
divina sobre valores, vida, ministério e família. No Velho Testamento significava ter 
"jeitão" para viver. Cultura é "jeitão". E o "jeitão do céu não é levar vantagem sobre 
os outros, mas compartilhar a vantagem que tem em Cristo! É a ética de Jesus, 
que é amar a Deus e ao próximo como a si mesmo. Não é ser servido, mas servir, 
é dar a sua vida (Mc 10:45).
Sabedoria bíblica significa investir sua vida para sempre. Viver na presença de 
Deus em todos os momentos. Sabedoria bíblica não pisa nos outros para subir 
mais alto, mas dá uma mão para ajudar os outros a subirem. Não vem 
geneticamente, mas pela Palavra de Deus, aplicada ao meu coração pelo Espírito 
de Deus, pela obediência e pela graça. Por isso o salmista declarou "Os teus 
mandamentos me fazem mais sábio que os meus inimigos; porque aqueles eu os 
tenho sempre comigo. Compreendo mais do que todos os meus mestres, porque 
medito nos teus testemunhos. Sou mais entendido que os idosos, porque guardo 
os teus preceitos."(Sl 119:98-100).
Sabedoria bíblica significa viver a vida de Jesus na terra, uma vida dedicada a 
outras pessoas. É reconhecer que somos abençoados para sermos uma bênção, 
não para acumular mais bênçãos para nós mesmos. É mansa, humilde, digna, 
cheia de boas obras, focalizada no outro e não em si mesma. "Mostre em 
mansidão de sabedoria, mediante condigno proceder, as suas boas obras."
Em nosso mundo, viver esse padrão divino realmente é contra-cultura. Significa 
remar contra a maré! Será que eu e você estamos praticando a sabedoria divina, 
remando contra a maré? Ou será que nos nossos negócios, na escola, no serviço, 
já somos idênticos ao mundo? Será que nós também adotamos o padrão de 
esperteza, de querer levar vantagem em tudo?
I. A Cultura (Sabedoria) do Inferno: Ambiciosa e Contenciosa (14-16)
Cada cultura no mundo tem seus costumes, suas marcas peculiares. Vemos isso 
especialmente nas formas de se vestir de cada grupo étnico. A cultura do inferno 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 54
também usa uma roupa típica. Não é vermelha, com chifres e tridente, mas tem 
um traje facilmente identificável. É o vestuário do diabo e tem cheiro de enxofre!
A cultura do mundo (inferno) em relação à cultura do céu diz:
"Somente o forte sobrevive" (Deus diz que os mansos herdarão a terra) "Você é 
mestre do seu destino." (Mas o céu sabe que Deus é soberano) "Usa pessoas, 
ama coisas." (Deus diz, "Usa coisas, ama pessoas") "Comamos, bebemos, 
amanhã morreremos" (Deus diz, "Comam e bebam, mas lembrem-se de que tudo 
que você faz será lembrado para sempre) "Eu sou número um, e não existe 
número dois!" (Deus diz, "Amarás o teu próximo como a ti mesmo." 
Nos versículos de 14 a 16 há duas descrições principais da cultura infernal: 
ambiciosa e contenciosa. ESSA CULTURA É ESPERTA E QUER LEVAR 
VANTAGEM EM TUDO. A idéia é de ambiçãoe arrogância na vida, com um único 
propósito: satisfazer seus próprios desejos, viver para si, custe o que custar para 
os outros. E ai de quem ficar na frente dessa pessoa. Faria qualquer coisa para 
avançar.
1. Inveja amargurada -- a palavra "inveja" literalmente diz "zelo". Zelo pode ser 
bom ou ruim. Mas esse é ruim. É interesse demasiado em mim mesmo, um zelo 
por mim mesmo. EU cuido de mim. EU me protejo. EU faço tudo em meu próprio 
interesse. E quando não tenho meus desejos satisfeitos, fico magoado. Mas esse 
zelo desorientado e diabólico também é vázio, e nunca pode ser satisfeito. Quanto 
mais o ego se alimenta, tanto mais quer. Por isso é amargurado. 
A ética do mundo está totalmente centrada no eu. Temos que tomar cuidado, pois 
existe uma doutrina de amor próprio que passa mascarada como sabedoria 
biblica, quando de fato é característica da cultura do inferno. Alguns afirmam que o 
homem precisa amar a si mesmo para poder amar ao seu próximo. Mas 
confundem o ensino biblico. A Palavra de Deus nunca nos manda amar a nós 
mesmos - muito pelo contrário, usa o amor natural que as pessoas tem como o 
padrão da medida de amor que devem ter para com os outros. A ética bíblica é 
uma ética OUTRO-cêntrica. Essa é a vida de Jesus em nós. Está mais 
preocupado com o bem-estar do outro do que consigo mesmo. Declarações sobre 
"baixa auto-estima", "falta de amor próprio", "complexo de inferioridade" revelam 
preocupações da cultura mundial. Pessoas deprimidas, vázias, em parafuso, às 
vezes (nem sempre) passam pelas nuvens pretas pois vivem em torno de si 
mesmas. Precisam elevar os olhos e ver outras pessoas ao seu redor, pessoas 
com necessidades e dificuldades maiores que as suas. Quando nosso mundo gira 
em torno de nós mesmos, quando defendemos os direitos de "numero 1" 
seguimos a sabedoria desse mundo e do seu principe. Mas o fruto que colhemos 
é muito amargo.
2. Sentimento faccioso. "ambição egoísta" A idéia é de contendas entre pessoas, 
causadas justamente pela competição, pela cobiça, por partidarismo e divisão. A 
Biblia é muito clara quando diz que "Deus ODEIA quem semeia contendas entre 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 55
irmãos" (Pv 6:19). Mas essa é a cultura do inferno.
3. Terrena. "Não é a sabedoria que desce lá do alto", então deve ser de baixo! 
Sabedoria do inferno é o padrão entre os homens. É "da terra". Uma terra em que 
os mais fortes devoram os mais fracos. Cada um por si e que os demais que se 
danem. Contudo, esses não são os padrões de Deus. Ele disse que "os mansos 
herdarão a terra!", "Quem perder sua vida no serviço a outros, achá-la-á."
4. Animal (não espiritual). A palavra descreve o homem "natural" ou seja, o homen 
não regenerado, que não consegue viver um padrão sobrenatural e voltado para o 
bem do outro. É material e sensual, portanto sub-natural, pois não foi assim que 
Deus fez o homen. Vemos essa característica animal logo depois do primeiro 
pecado, no Jardim do Éden. Adão parece um animal com suas costas na parede 
quando confrontado por Deus. E em resposta, ele vai ao ataque, culpando a 
mulher e depois a Deus pelo seu pecado.
Vemos isso o tempo todo. É só reparar, filas de banco, engarrafamento de 
trânsito, disputas pelas últimas vagas em estacionamentos, lutas desesperadas 
pela vantagem que queremos ter sobre todos.
5. Demoníaca. Aqui descobrimos a verdadeira origem dessa sabedoria. É a 
cultura do inferno! É assim que os demônios vivem. Quando adotamos o padrão 
de ambição, amor próprio, divisão e contendas nos revelamos como cidadãos de 
uma sociedade totalmente possessa pelo culto de si mesmo, em que cada um 
devora o outro, falando mal, acusando, criticando, xingando. Cria pessoas nunca 
satisfeitas, descontentes, ou acomodadas. Sempre exigindo mais e mais, mais 
conquistas, mais honras, mais dinheiro, mais posses, mais glória. Que maneira 
horrível de se viver!
Sl 131 "Não é ambiciosa minha alma. Não anda a procura de grandes coisas, de 
coisas maravilhosas demais para mim..." 
6. Confusão e toda espécie de coisas ruins. Quais os resultados esperados da 
cultura do inferno, em que é cada um por si? O primeiro é confusão. A palavra fala 
de desordem. Encrencas. Esse zelo amargurado é o que causa brigas em nossos 
casamentos, entre irmãos, nos esportes. Leva para úlceras, hipertensão, enfartos, 
brigas, familias desfeitas, separação, divórcio, lágrimas, ressentimento, mágoas, 
igrejas dividas, um testemunho perdido. 
Jesus disse "Vinde a mim... aprendei de mim, pois sou MANSO E HUMILDE DE 
CORAÇÃO e achareis descanso para vossas almas!" Jesus ofereceu vida por 
meio da morte--morte para si, para sua ambição, para sua fama, para a defesa 
dos seus direitos, para a promoção dos seus interesses. Quando você não se 
importa com quem recebe a gloria, fica livre para amar!
II. A Cultura do Céu: Pacífica e Bondosa (16-18)
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 56
A cultura do céu compartilha a vantagem em vez de levar vantagem. Se for 
necessário, leva desvantagem. Isso não significa ser "capachão", mas cristão. O 
"jeitão" do céu é pensar nos outros antes de mim mesmo.
Assim como a cultura e sabedoria do inferno tem sua roupa típica, a sabedoria do 
alto também se veste de forma única. Essa sabedoria manifesta-se numa vida 
transformada-- coração, cabeça e conduta. (13). Sabedoria diante de Deus, não é 
tanto uma questão intelectual, mas moral. 
1. Pura -- Pureza de mente, pureza de vida, são ridicularizados em nossos dias. A 
sabedoria do inferno é suja, esperta, cheia de gracinhas que gozam da santidade 
da pureza moral. Essa sabedoria do inferno já contaminou a terra. Dizem que a 
indústria da pornografia nos EUA gera mais de 10 bilhões de dólares por ano. Dez 
mil novos filmes pornográficos são produzidos, e mais de 700 milhões de vídeos 
são emprestados. A corrupção mundial devora o dinheiro do povo. 
Criticamos a corrupção dos grandes, mas um dia eles eram pequenos como nós. 
E a infidelidade nessas coisas pequenas transformou-se nessa grande corrupção 
que nos deixa indignados. 
2. Pacífica--não causa, mas cura conflitos! Um pacificador está sempre pronto 
para paz! Quer resolver conflitos a qualquer custo! Não guarda mágoas! Nao 
permite que haja barreiras entre os irmãos.
Porque sabe viver pela graça, pela aceitação incondicional de Deus, não tem nada 
a perder. Nada para defender. Não precisa proteger seus próprios interesses a 
qualquer custo. Quando errado, é capaz de pedir perdão. Quando certo, não 
precisa brigar até humilhar os outros. Para esse indivíduo, pessoas são mais 
importantes que posições.
3. Indulgente (amável)--moderado, cortês, gentil, tolerante, manso. Não arrogante, 
não é sábio aos seus próprios olhos, tem "poder sob controle". É um fruto do 
Espírito. É uma maneira de ver e tratar as pessoas, que não as usa, mas as ama. 
4. Tratável (compreensiva) - A cultura do céu é ensinável, acessível, ouve, se 
submete, não rancoroso, não cria motivos para discutir... disposto. Essa pessoa 
ouve críticas com humildade e cresce.
5. Plena de Misericórdia e Fruto da Justíça (Gl 5:22) - Cidadãos do céus mostram 
compaixão, mesmo que o outro não tenha razão. Interesse genuíno pelo outro que 
leva a abrir mão dos meus interesses, meus direitos, e tratar o outro com 
misericórdia. Firmeza com compaixão. "Plena de misericórdia" significa "ser 
controlado" pela misericórdia, assim como "cheio do Espírito" significa ser 
controlado pelo Espírito. Mas como? Uma pessoa controlada pela misericórdia 
sempre deixa que a misericórdia ganhe quando há um conflito em seu espírito.
6. Imparcial. Não olha somente para si mesmo e seus interesses (2:1-11). Não 
julga as pessoas pelo que tem, pelo que sabem, pelo que podem fazer por ela. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 57
Tem a perspectiva de Deus sobre as pessoas.
7. Sem fingimento -- Não faz da vida um "show". Não usa máscaras, nem finge ser 
o que nãoé. Pois na verdade é transparente. Quem é assim? Mais uma vez, 
descobrimos que não somos nós, mas Cristo. Ele é a sabedoria de Deus que se 
tornou sabedoria para nós. E hoje quer viver Sua vida em nós.
Qual é a sua cultura? Você semeia a paz, procurando sempre levar vantagem? Ou 
compartilha as vantagens que já recebeu em Cristo Jesus (v. 18)?
A CULTURA DO CÉU NÃO PROCURA LEVAR VANTAGEM; MAS 
COMPARTILHA A VANTAGEM QUE JÁ TEM EM CRISTO. 
Parte XV
CRISTÃO TAMBÉM FAZ DIETA!
Tiago 1:22-25 
Certa vez um pastor bem conhecido em sua cidade estava comendo peixe num 
restaurante, quando o ateu mais arrogante da cidade entrou e sentou-se ao lado 
dele. O ateu logo começou a zombar do pastor, e perguntou-lhe, “Pois é, pastor, a 
Bíblia está cheia de contradições. O que você faz quando encontrar uma delas?” 
“Simples” respondeu o pastor. “Há muito que ainda não entendo na Bíblia, mas 
faço igual o que estou fazendo com esse peixe que estou comendo. Tiro os 
espinhos, coloco-os de lado, e deixo qualquer tolo que quiser, engasgar-se neles.”
Tiago 2.14-26 é um que tem sido como espinho na garganta de alguns. Inclusive, 
o grande Reformador, Martinho Lutero, quase engasgou neste mesmo texto. Ele 
chamou o livro de Tiago uma “Epóstola de Palha”, pelo simples fato de que não 
conseguia engolir o ensino de Tiago sobre Fé e Obras. O problema centraliza-se 
em textos que parecem contraditórios:
Rm 4:5 Mas ao que não trabalha, porém crê naquele que justifica ao ímpio, a sua 
fé lhe é atribuída como justiça.” Rm 3.28 “Concluímos, pois, que o homem é 
justificado pela fé, independemente das obras da lei.”
Tg 2:24 “Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente.” 
E agora? Quem tem razão--Paulo ou Tiago? A Bíblia se contradiz? Somos salvos 
pela fé somente, ou pelas obras? Qual a importância de obras na vida cristã? 
Antes de analisarmos o texto versículo por versículo (próximo artigo), precisamos 
tratar dessa questão.
O problema não é tão difícil como parece, especialmente quando entendemos 
bem o CONTEXTO dos textos em questão. Para descobrirmos a resposta à nossa 
pergunta, devemos voltar ao que a Escritura declara em claro e alto som. Partindo 
do que sabemos com certeza, podemos interpretar os textos mais difíceis, dentro 
de seus respectivos contextos. Vamos descobrir dois princípios fundamentais, o 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 58
primeiro, a perspectiva de Paulo, o segundo, a perspectiva de Tiago.
1. Só fé em Jesus Cristo salva, sem o acréscimo de obras (a perspectiva de 
Paulo).
O texto bíblico é unânime, de começo ao fim . . . Não há nada em nós capaz de 
merecer a vida eterna. 
Rm 3:10-12 “não há justo, nem sequer um; não há quem entenda, não há quem 
busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça 
o bem, não há nem um sequer.
Is 64:6 Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como 
trapo da imundícia
Ef 2:8,9—Porque pela graça sois salvos mediate a fé, e isto não vem de vós, é 
dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.
Tt 3:5—não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua 
misericórdia, ele nos salvou. 
2 Tm 1:9—nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas 
obras, mas conforme a sua própria determinação e graça que nos foi dada em 
Cristo Jesus antes dos tempos eternos.
Rm 3:20-28 “visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei . . . 
Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos 
profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos os que 
crêem . . . sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção 
que há em Cristo Jesus; . . . Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, 
independentemente das obras da lei.
Quando lemos esses textos, só podemos concluir que a salvação é obra de Deus, 
independente das obras, para que somente Deus receba toda a glória. A fé não é 
uma obra, mas uma resposta à obra prévia de Deus no coração humano. Significa 
receber um presente dado por Deus. Ninguém se vangloria por estender a mão 
para receber um presente. A glória pertence àquele que o doou.
Inclusive, à luz desse presente de valor inestimável, qualquer tentativa de comprá-
lo diminui tamanho sacrifício feito por Cristo para torná-lo possível. Por exemplo, 
digamos que um dia você descobre que precisa de um transplante de rim. A única 
pessoa no mundo que tem um órgão compatível com seu corpo é sua própria 
mãe. Quando ela fica sabendo da sua necessidade, no mesmo instante oferece 
doar o rim dela. Depois da cirurgia, você chega para sua mãe e diz, “Mãe, a 
senhora me deu vida quando entrei nesse mundo; agora a senhora salvou a 
minha vida. Sou muito grato. Quero fazer alguma coisa para pagar a senhora pelo 
que fez por mim. Quanto posso te dar pelo seu rim? Será que R$7 seria bom?
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 59
Essa é a diferença entre todas as religiões do mundo e o verdadeiro cristianismo. 
As religiões ensinam que o homem faz boas obras PARA SER SALVO, enquanto 
a Bíblia ensina que fazemos boas obras POR QUE JÁ SOMOS SALVOS. A 
religião exalta ao homem, e diminui tamanho sacrifício de Cristo na cruz, pois acha 
que pode merecer a salvação. Mas o cristianismo exalta a Deus, pois reconhece 
que seria impossível pagar o que foi comprado por Cristo na cruz. Religião é 
motivada pela culpa, mas cristianismo pela graça. Religião leva à escravidão, 
dúvida e insegurança, enquanto cristianismo verdadeiro leva à segurança de um 
relacionamento filial com Deus.
Então, qual o lugar de obras na vida cristã? Obras são muito importantes, mas 
como resposta de gratidão pelo que Deus já fez por nós em Cristo.
Paulo e Tiago estão falando em dois contextos diferentes. Paulo combate a idéia 
de que um relacionamento com Deus pode ser “comprado” por boas obras, 
enquanto Tiago luta contra aqueles que dizem que a salvação não precisa fazer 
nenhuma diferença na maneira de se viver a vida. É como se os dois estivessem 
de costas um para o outro, unidos, mas combatendo inimigos diferentes. Para 
ambos, a fé em Cristo Jesus é o meio da salvação. Mas Paulo combate o 
LEGALISMO enquanto Tiago combate a LIBERTINAGEM. 
2. A verdadeira fé em Jesus nunca fica só, mas rompe-se em obras (a 
perspectiva de Tiago).
Se somos salvos somente pela fé, o que acontece depois? Voltemos para a 
história do transplante de rim, doado pela sua mãe. Se você realmente se viu 
como condenado à morte, sem esperança; se você recebeu um presente de valor 
inestimável, um rim da sua própria mãe, sua vida depois será diferente! Você vai 
amar sua mãe como nunca amava antes. Você faria de tudo para agradá-la—ela é 
a sua vida! Você vai querer servi-la—lavar louça, levá-la para comer fora, enviar o 
melhor cartão para o Dia das Mães, etc. Não para ganhar a salvação—você já a 
tem! Mas porque você foi salvo, pela graça e pelo amor dela!
Tiago combate a idéia de que uma pessoa genuinamente convertida a Deus possa 
continuar sua vida como se nada tivesse acontecido. A salvação verdadeira não 
inclui nenhum requisito além da fé—a mão do mendigo esticado para receber a 
esmola do céu. Mas implica em mudança radical de vida depois, pela obra do 
Espírito Santo que habita no cristão, pela compreensão de tudo que Cristo fez por 
nós na cruz.
Tiago não nos chama para “fabricar” obras, acrescentar ítens na nossa lista de 
afazeres espirituais. O ponto é que uma fé verdadeira, que vem de Deus, que 
trouxe nova vida pelo Espírito Santo, naturalmente produz o fruto de boas obras. 
Temos parte no processo, sim. Cooperamos com a graça de Deus na produção de 
boas obras. Caso contrário Tiago não teria razão de escrever. 
Paulo diz a mesma coisa em 2Co 5:17 Se alguém está em Cristo, nova criatura é; 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 60
as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas. Gl 2:20 Soucrucificado 
com Cristo, logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. 
Num certo sentido, Paulo descreve como o homem é justificado diante de Deus, 
enquanto Tiago descreve como o homem demonstra sua justificação diante dos 
homens. Um fala da perspectiva vertical enquanto o outro, da horizontal. 
Tg 2:24 “Verificais que uma pessoa é justificada por obras, e não por fé somente.
Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus). Na justificação divina, 
somos DECLARADOS justos. Na justificação diante dos homens, somos 
DEMONSTRADOS justos. A fé falsa baseia-se em PROFISSÃO, mas a fé 
verdadeira baseia-se em POSSESSÃO. Em outras palavras, a fé que salva 
rompe-se em obras.
Esse é o ensino unânime das Escrituas: Primeiro fé, depois obras. Mas as obras 
não nos santificam. Mesmo depois da salvação, a vida cristã se vive pela fé, e não 
pelas obras. As obras são resposta de gratidão produzidas em nossas vidas pelo 
Espírito Santo (Gal 3.1-3). Vejo como Paulo concorda com Tiago quanto à 
importância de obras como resultado (sobre-natural) da salvação pela fé:
Ef 2:10—Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as 
quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.
Tito 1:16—No tocante a Deus professam conhecê-lo, entretanto o negam por suas 
obras, por isso que são abomináveis, desobedientes e reprovados para toda boa 
obra.
Tiago nos lembra de que a fé verdadeira, que abraça Jesus e Sua obra na cruz 
como a única esperança de vida eterna, não pode ficar só. Infelizmente, algumas 
pessoas afirmavam fé em Jesus, mas era uma fé que desejava muito a desejar. 
Era uma fé como os demônios têm (Tg 2.19). Eles crêem no único Deus. Crêem 
que Jesus é o Filho de Deus; sabem que Jesus morreu na cruz pelos pecados. E 
além disso, sua “fé” os faz tremer! Eles têm uma resposta emocional. Mas nem 
por isso são salvos! 
Historicamente, a fé evangélica tem entendido que a fé que salva envolve três 
elementos: 1) Conhecimento dos fatos do Evangelho 2) Afirmação dos fatos do 
Evangelho 3) CONFIANÇA PESSOAL nos fatos do Evangelho para MINHA 
salvação.
Muitos hoje possuem itens um e dois acima. Mas não chegam à fé verdadeira, que 
exige apropriação pessoal do Evangelho. Não lançam o peso da sua esperança 
de vida eterna sobre o Jesus e somente Jesus. Afirmam os fatos do Evangelho, 
mas não confiam unica e exclusivamente neles para vida eterna. Esse passo 
“radical” só vem quando Deus converte a alma de alguém. E quando esse “novo 
nascimento” acontecer, há mudanças radicais na vida da pessoa. É isso que 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 61
Paulo e Tiago afirmam juntos.
Um outro Reformador do XVI século, João Calvino, conseguiu reconciliar o ensino 
de Paulo e Tiago quando declarou, Só fé em Jesus Cristo é que salva, mas fé em 
Jesus Cristo nunca fica só.
XV
FÉ QUE FUNCIONA
Tiago 2:14-26 (Parte II) 
 
Autor(a): PR. DAVI MERKH 
 
Casado com sua esposa Carol a 22 anos e têm 6 filhos. Leciona no Seminário 
Bíblico Palavra da Vida, ministra como pastor auxiliar de exposição bíblica na 
Primeira Igreja Batista de Atibaia, e é autor de 14 livros. E-Mail: 
pr_dmerkh@piba.org.br
Como criança, eu gostava muito de brincar dom dominós, montando fileiras 
sinuosas e derrubando o primeiro na esperança de que todos caíssem. Se por 
acaso houve uma interrupção do “efeito dominó”, eu sabia que algo estava errado
—um dominó fora do lugar, um desnível na superfície, algum outro defeito.
O livro de Tiago mostra o “efeito dominó” na vida cristã. A fé genuína em Cristo 
Jesus inevitavelmente leva para uma vida de boas obras. Se porventura isso não 
acontecer, existe ampla evidência de que algo está errado. Ou a pessoa nunca 
“entrou na linha” (não aceitou Jesus de verdade) ou está com algum defeito sério 
em sua vida (está desalinhado ou desajustado). 
Já descobrimos no primeiro estudo desse texto que não existe nenhuma 
contradição entre Paulo e Tiago quando se trata da fé e das boas obras na vida 
cristã. Descobrimos dois princípios fundamentais:
1. Só fé em Jesus Cristo é que salva, nunca obras. Obras não são uma condição 
de salvação, nem da santificação, que acontece pela fé em Cristo (Ef 2.8,9).
2. A verdadeira fé em Jesus nunca fica só, mas rompe-se em obras. Obras 
acompanham a verdadeira fé, como expressão da vida de Cristo em nós. São 
produzidas por um coração cheio de graça, não culpa.
Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus). Na justificação divina, 
somos DECLARADOS justos. Na justificação diante dos homens, somos 
DEMONSTRADOS justos. A fé falsa baseia-se em PROFISSÃO só, mas a fé 
verdadeira baseia-se em POSSESSÃO. Em outras palavras, a fé que salva 
rompe-se em obras. 
Só fé em Jesus Cristo é que salva, Mas fé em Jesus Cristo nunca é só.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 62
Jesus nos disse que “pelos frutos os conhecereis”. Se alguém professa ser crente 
em Cristo mas sua vida não mudou em nada, será que realmente é salvo? 
Embora não possamos julgar aos outros, segundo 2 Coríntios 13.5, devemos 
julgar a nós mesmos: Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; 
provai-vos a vós mesmos. Por isso, Tiago sugere provas concretas de uma fé 
genuína em seu livro. Para ele “’Crer’ é um verbo ativo e presente”. 
Em Tiago 2.14-16 vamos descobrir pelo menos três características de uma fé “de 
boca pra fora”, e não “de coração para dentro”. Essa fé sem o efeito dominó de 
obras é inútil, inválida e morta.
I. Fé sem Obras é Inútil (14-16)
Tiago pergunta, “qual o proveito” de uma fé sem obras (vss. 14,16). Tal fé sem 
obras é inoperante (vs. 20). O que ele está dizendo? Uma fé verdadeira é como 
uma semente plantada no solo fértil da vida de Jesus, que tem todas as condições 
possíveis para gerar fruto. Se uma semente não der fruto, só existem duas opções
—ou o solo é ruim, ou a semente está morta. Sabemos que em Cristo o “Solo” é 
perfeito. Então o problema deve estar na semente.
A. Fé Falsa é uma Fantasia! Fé sem obras, nas palavras de Jesus, é como sal 
insípido, sem sabor, que não presta para nada. É um ramo não ligado à videira, 
que só presta para ser podado e queimado.
Na época em que Tiago escreveu havia muita empolgação, até mesmo 
“intoxicação” com a graça. No contexto judaico de legalismo opressivo, em que o 
povo carregava fardos enormes de “performance” da lei, de repente, a verdade de 
Cristo os libertou. Mas existia um perigo, perigo que Paulo também atacava em 
suas cartas. “Pequemos, para que a graça super abunde?” 
“De jeito nenhum!”, vem a resposta tanto de Paulo como de Tiago. Quem tem 
essa perspectiva nunca compreendeu a graça do Senhor! É a prova mais clara de 
que nunca fora regenerado. 
Fomos salvos com propósito. Salvação em Cristo é muito mais que um apólice de 
seguros de vida, que alguém compra e coloca numa gaveta e esquece! A 
salvação genuína significa uma vida “em Cristo” com “Cristo em nós”.
As perguntas no vs. 14 é retórica; os leitores já sabiam a resposta: “Qual é o 
proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, 
semelhante fé salvá-lo?” Entende-se que existem vários tipos de “fé”. Existe uma 
fé verdadeira e uma fé falsa. A primeira é uma possessão, a outra é mera 
profissão. Por isso a pergunta, “pode, acaso ‘semelhante’ fé salvá-lo?” Esse tipo 
de fé falsa é inútil. 
B. Fé Falsa é Insensível.
Vss 15 e 16 ilustram a insensibilidade (inutilidade) de tal fé. Por ser uma fé morta, 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 63
não responde. Não faz nada. Não reage. Não sente. Não faz bem para ninguém, 
muito menos a pessoa que diz que a possui. Seria o auge de auto-engano e 
crueldade imaginar que meras palavras de consolo tomariam o lugar de obras de 
consolo. “Aquela” fé é “de boca pra fora”. As palavras de quem diz “Ide em paz, 
aquecei-vos e fartai-vos” caem para terra. É uma fé falada, não uma vida vivida. É 
uma falsa compaixão, sem coração, sem realidade, umafantasia
Temos que questionar a nós mesmos se temos criado calos na nossa fé. Se 
estamos ficando endurecidos pelas necessidades que encontramos ao nosso 
redor. Se não somos mais chocados pela miséria que o pecado tem produzido em 
nosso mundo... crianças com defeitos físicos... mendigos ... bêbedos... aidéticos... 
ovelhas sem pastor. 
Será que somos compassivos diante de por atores e atrizes em filmes e novelas, 
mas endurecidos diante de tragédias na vida real? De que vale nossa ortodoxia se 
não resulta em ortopraxia?
Quantas vezes nossa fé não passa de hipocrisia, palavras vazias que soam 
bonitas mas que fazem absolutamente nada? Quantas vezes caímos numa rotina 
de chavões evangélicas, mas que não fazem bem para ninguém! Há pessoas que 
conseguem farejar falsa doutrina de 50 km, mas não conseguem dar um copo de 
água fria para uma pessoa sedenta. Tiago, falando em nome de Deus, não tem 
paciência para esse tipo de fé cerebral e hipócrita. 
Fé sem obras é hipocrisa.
Obras sem fé é religiosidade.
Fé que rompe-se em obras é espiritualidade.
II. Fé sem obras não se valida (18-25) A palavra “justificação” admite de mais de 
um significado no Novo Testamento. Quando Paulo fala em “justificação” do 
crente, normalmente descreve um ato judicial do Supremo Juíz, em que Ele 
declara alguém não somente livre do pecado, mas coberto da justiça de Jesus (2 
Co 5:21). Ser “declarado justo” é o significado básico de “justificação”. Nesse 
caso, essa “transação” acontece entre Deus e o homem só, e é invisível por outros 
homens. Então, como saber se é verdadeira?
A única maneira de tornar fé visível é pelas obras.
A fé invisível torna-se visível quando veste-se em obras.
Assim como existem dois tipos de fé (profissão e possessão), também existem 
dois tipos de justificação. Existe um outro significado, o uso de Tiago aqui, que 
significa “mostrar-se justo” ou “validar”(cp. Rm 3:4,1 Tm 3:16, Lc 7:35).
Por exemplo, quando falamos em “justificar um voto”, queremos dizer “validar 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 64
nossa ausência na votação”. Quando Tiago fala em justificação, tem em mente 
essa idéia de “validar”a fé. É a idéia de ter o “reconhecimento de firma” da nossa 
fé. No cartório humano nossas obras validam a fé que dizemos que temos. 
Paulo diz, “Deus justifica quem crê em Jesus, sem obras da lei.” Tiago acrescenta, 
“O homem tem sua fé validada pelo fruto que produz.” Em ambos os casos, 
salvação é sempre pela fé, sem obras, sem condição, a não ser fé em Cristo 
Jesus. Mas essa fé é “radical”—produz mudanças na “raíz” do coração, que com o 
passar do tempo, produzem fruto.
A. Fé Verdadeira exige Mais que Conhecimento e Emoção (18-19). 
Tiago usa o efeito “choque” para defender sua tese. Distingue entre dois tipos de 
fé—uma fé falsa, invisível, ou pelo menos incompleta, que até os demônios tem, e 
uma fé verdadeira, visível, que manifesta-se pelas obras.
Segundo vs. 19, os demônios são ortodoxos! Monoteístas, trinitarianos, crêem na 
divindade e humanidade de Jesus, crêem que Jesus morreu na cruz pelos 
pecados, crêem que ressuscitou ao terceiro dia! Além disso, eles têm uma reação 
emocional a esses fatos (tremem). Mas não são salvos. Falta-lhes um ingrediente 
essencial, que transforma fé falsa em fé genuína: CONFIANÇA.
B. Fé Verdadeira Justifica-se Pelas Obras (20-23). Abraão foi DEMONSTRADO 
justo 30 a 40 anos depois que foi DECLARADO justo, quando ofereceu Isaque no 
altar (Gn 22). Leia bem o texto. 
Tiago afirma a salvação pela fé somente . . . vs. 23 deixa isso muito claro, citando 
Gn 15:6.
“Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. Mas veja bem: O 
processo que se iniciou depois que ele creu em Deus--a semente da sua fé-- 
brotou, e 40 anos depois, justificou-se diante de Deus e do mundo. Sua fé na 
realidade de Deus, na obra de Deus em sua vida, na promessa de Deus, era tão 
grande, que ele podia colocar TUDO no altar de Deus, seu único filho, o filho da 
promessa, sua esperança do futuro, sua alegria. Somente uma fé madura, 
arraigada na soberania e no amor de Deus, é capaz disso.
Conforme vss 22 e 23, “foi pelas obras que a fé se consumou”, ou seja “se 
aperfeiçoou”, se fez “perfeita”, completa. Em outras palavras, o fruto da fé é obras.
Às vezes, teremos que esperar muito tempo, como Abraão, para ver que tipo de 
fruto a fé a de produzir. Mas certamente será produzido. E se não existe, temos 
toda razão para questionar se a fé existe também.
Por isso vs. 24 diz que somos justificados—no sentido de sermos demonstrados 
como pessoas de fé—pelo fruto da nossa fé. A pessoa é DEMONSTRADA justa 
pelas obras baseadas em fé.,
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 65
Um segundo exemplo é Raabe. Ela começou do outro lado do espectro da 
humanidade que Abraão—prostituta, cananita, mulher mentirosa. Mas ela também 
foi aceita por Deus, baseada numa fé inabalável em Deus e Sua Palavra, e 
depois, manifestada diante de todos por obras de fé, obras arriscadas. Ela colocou 
tudo no altar também, e assim sua fé foi validada.
III. Fé sem obras é morta (17, 20, 26)
O grande clímax do texto está no vs. 26. De fato, começa no vs. 17: A fé invisível
—fé “de boca pra fora”—não é uma fé viva, não é uma fé verdadeira, mas morta. 
A ordem é simples: Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus).
Assim como um corpo sem o espírito não tem força, nem vida, assim uma “fé” que 
não rompe-se em obras é morta. Fica totalmente insensível, fria, dura. Não reage. 
Não sente. Não mexe. Não cresce. 
O que fazemos revela quem somos. Se não fazemos nada, somos mortos. Se a 
árvore só produz fruto podre, a árvore está podre:
Mt 7:16-20 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos 
espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim toda árvore boa produz bons frutos, 
porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos 
maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom 
fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
1 Jo 3:7-10 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a 
justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do 
diabro, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o 
Filho de Deus, para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de 
Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina 
semente; ora, esse não pode viver pecadno, porque é nascido de Deus. Nisto são 
manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica 
justiça não procede de Deus, também aquele que não ama a seu irmão.
Não podemos “fabricar” boas obras. São o produto natural de quem tem vida em 
si, a vida de Jesus, cultivada e demonstrada pelo Espírito Santo, que nos “cutuca” 
em direção a um caráter aprovado por Deus. Tiago escreve por esse mesmo 
Espírito para nos “cutucar” em direção às obras que revelam uma fé verdadeira. 
Podemos recapitular as “obras” que ele mesmo já mencionou até esse ponto no 
livro como provas de uma fé genuúina, uma fé presente e ativo:
1. Reage as provações com alegria (1.2-12)
2. Resiste tentação, CRENDO que Deus é bom e que não tenta a ninguém, mas 
que a culpa pelo pecado vem de mim mesmo (1.13-18)
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 66
3. Recebe a Palavra, como praticante e não somente ouvinte. Quem foi 
regenerador pela Palavra da verdade não consegue mais viver sem ela. Deve sua 
vida a Ela! (1.19-25).
4. Reflete sua religião em generosidade, santidade e palavras peneiradas 
(1.26,27).
5. Rejeita favoritismo (2.1-13). 
Mais tarde na carta, Tiago dará outras obras que são fruto natural de quem 
realmente crê em Jesus. Mas por ora, cabe a nós fazermos o que Paulo sugere 
em 2 Co 13:5, e examinar-nos a nós mesmos, para ver se realmente estamos na 
fé. Se confiamos, mas confiamos mesmo em Cristo Jesus e somenteCristo, então 
é hora de deixar que a vida dEle seja vivida em nós, em nosso caráter, 
transformado diariamente, de glória a glória, à imagem de Cristo.
Só fé em Jesus Cristo é que salva, Mas fé em Jesus Cristo nunca fica só.
Parte XVI
FÉ QUE FUNCIONA
Tiago 2:14-26 (Parte II) 
 Como criança, eu gostava muito de brincar dom dominós, montando fileiras 
sinuosas e derrubando o primeiro na esperança de que todos caíssem. Se por 
acaso houve uma interrupção do “efeito dominó”, eu sabia que algo estava errado
—um dominó fora do lugar, um desnível na superfície, algum outro defeito.
O livro de Tiago mostra o “efeito dominó” na vida cristã. A fé genuína em Cristo 
Jesus inevitavelmente leva para uma vida de boas obras. Se porventura isso não 
acontecer, existe ampla evidência de que algo está errado. Ou a pessoa nunca 
“entrou na linha” (não aceitou Jesus de verdade) ou está com algum defeito sério 
em sua vida (está desalinhado ou desajustado). 
Já descobrimos no primeiro estudo desse texto que não existe nenhuma 
contradição entre Paulo e Tiago quando se trata da fé e das boas obras na vida 
cristã. Descobrimos dois princípios fundamentais:
1. Só fé em Jesus Cristo é que salva, nunca obras. Obras não são uma condição 
de salvação, nem da santificação, que acontece pela fé em Cristo (Ef 2.8,9).
2. A verdadeira fé em Jesus nunca fica só, mas rompe-se em obras. Obras 
acompanham a verdadeira fé, como expressão da vida de Cristo em nós. São 
produzidas por um coração cheio de graça, não culpa.
Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus). Na justificação divina, 
somos DECLARADOS justos. Na justificação diante dos homens, somos 
DEMONSTRADOS justos. A fé falsa baseia-se em PROFISSÃO só, mas a fé 
verdadeira baseia-se em POSSESSÃO. Em outras palavras, a fé que salva 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 67
rompe-se em obras. 
Só fé em Jesus Cristo é que salva, Mas fé em Jesus Cristo nunca é só.
Jesus nos disse que “pelos frutos os conhecereis”. Se alguém professa ser crente 
em Cristo mas sua vida não mudou em nada, será que realmente é salvo? 
Embora não possamos julgar aos outros, segundo 2 Coríntios 13.5, devemos 
julgar a nós mesmos: Examinai-vos a vós mesmos se realmente estais na fé; 
provai-vos a vós mesmos. Por isso, Tiago sugere provas concretas de uma fé 
genuína em seu livro. Para ele “’Crer’ é um verbo ativo e presente”. 
Em Tiago 2.14-16 vamos descobrir pelo menos três características de uma fé “de 
boca pra fora”, e não “de coração para dentro”. Essa fé sem o efeito dominó de 
obras é inútil, inválida e morta.
I. Fé sem Obras é Inútil (14-16)
Tiago pergunta, “qual o proveito” de uma fé sem obras (vss. 14,16). Tal fé sem 
obras é inoperante (vs. 20). O que ele está dizendo? Uma fé verdadeira é como 
uma semente plantada no solo fértil da vida de Jesus, que tem todas as condições 
possíveis para gerar fruto. Se uma semente não der fruto, só existem duas opções
—ou o solo é ruim, ou a semente está morta. Sabemos que em Cristo o “Solo” é 
perfeito. Então o problema deve estar na semente.
A. Fé Falsa é uma Fantasia! Fé sem obras, nas palavras de Jesus, é como sal 
insípido, sem sabor, que não presta para nada. É um ramo não ligado à videira, 
que só presta para ser podado e queimado.
Na época em que Tiago escreveu havia muita empolgação, até mesmo 
“intoxicação” com a graça. No contexto judaico de legalismo opressivo, em que o 
povo carregava fardos enormes de “performance” da lei, de repente, a verdade de 
Cristo os libertou. Mas existia um perigo, perigo que Paulo também atacava em 
suas cartas. “Pequemos, para que a graça super abunde?” 
“De jeito nenhum!”, vem a resposta tanto de Paulo como de Tiago. Quem tem 
essa perspectiva nunca compreendeu a graça do Senhor! É a prova mais clara de 
que nunca fora regenerado. 
Fomos salvos com propósito. Salvação em Cristo é muito mais que um apólice de 
seguros de vida, que alguém compra e coloca numa gaveta e esquece! A 
salvação genuína significa uma vida “em Cristo” com “Cristo em nós”.
As perguntas no vs. 14 é retórica; os leitores já sabiam a resposta: “Qual é o 
proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, 
semelhante fé salvá-lo?” Entende-se que existem vários tipos de “fé”. Existe uma 
fé verdadeira e uma fé falsa. A primeira é uma possessão, a outra é mera 
profissão. Por isso a pergunta, “pode, acaso ‘semelhante’ fé salvá-lo?” Esse tipo 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 68
de fé falsa é inútil. 
B. Fé Falsa é Insensível.
Vss 15 e 16 ilustram a insensibilidade (inutilidade) de tal fé. Por ser uma fé morta, 
não responde. Não faz nada. Não reage. Não sente. Não faz bem para ninguém, 
muito menos a pessoa que diz que a possui. Seria o auge de auto-engano e 
crueldade imaginar que meras palavras de consolo tomariam o lugar de obras de 
consolo. “Aquela” fé é “de boca pra fora”. As palavras de quem diz “Ide em paz, 
aquecei-vos e fartai-vos” caem para terra. É uma fé falada, não uma vida vivida. É 
uma falsa compaixão, sem coração, sem realidade, uma fantasia
Temos que questionar a nós mesmos se temos criado calos na nossa fé. Se 
estamos ficando endurecidos pelas necessidades que encontramos ao nosso 
redor. Se não somos mais chocados pela miséria que o pecado tem produzido em 
nosso mundo... crianças com defeitos físicos... mendigos ... bêbedos... aidéticos... 
ovelhas sem pastor. 
Será que somos compassivos diante de por atores e atrizes em filmes e novelas, 
mas endurecidos diante de tragédias na vida real? De que vale nossa ortodoxia se 
não resulta em ortopraxia?
Quantas vezes nossa fé não passa de hipocrisia, palavras vazias que soam 
bonitas mas que fazem absolutamente nada? Quantas vezes caímos numa rotina 
de chavões evangélicas, mas que não fazem bem para ninguém! Há pessoas que 
conseguem farejar falsa doutrina de 50 km, mas não conseguem dar um copo de 
água fria para uma pessoa sedenta. Tiago, falando em nome de Deus, não tem 
paciência para esse tipo de fé cerebral e hipócrita. 
Fé sem obras é hipocrisa.
Obras sem fé é religiosidade.
Fé que rompe-se em obras é espiritualidade.
II. Fé sem obras não se valida (18-25) A palavra “justificação” admite de mais de 
um significado no Novo Testamento. Quando Paulo fala em “justificação” do 
crente, normalmente descreve um ato judicial do Supremo Juíz, em que Ele 
declara alguém não somente livre do pecado, mas coberto da justiça de Jesus (2 
Co 5:21). Ser “declarado justo” é o significado básico de “justificação”. Nesse 
caso, essa “transação” acontece entre Deus e o homem só, e é invisível por outros 
homens. Então, como saber se é verdadeira?
A única maneira de tornar fé visível é pelas obras.
A fé invisível torna-se visível quando veste-se em obras.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 69
Assim como existem dois tipos de fé (profissão e possessão), também existem 
dois tipos de justificação. Existe um outro significado, o uso de Tiago aqui, que 
significa “mostrar-se justo” ou “validar”(cp. Rm 3:4,1 Tm 3:16, Lc 7:35).
Por exemplo, quando falamos em “justificar um voto”, queremos dizer “validar 
nossa ausência na votação”. Quando Tiago fala em justificação, tem em mente 
essa idéia de “validar”a fé. É a idéia de ter o “reconhecimento de firma” da nossa 
fé. No cartório humano nossas obras validam a fé que dizemos que temos. 
Paulo diz, “Deus justifica quem crê em Jesus, sem obras da lei.” Tiago acrescenta, 
“O homem tem sua fé validada pelo fruto que produz.” Em ambos os casos, 
salvação é sempre pela fé, sem obras, sem condição, a não ser fé em Cristo 
Jesus. Mas essa fé é “radical”—produz mudanças na “raíz” do coração, que com o 
passar do tempo, produzem fruto.
A. Fé Verdadeira exige Mais que Conhecimento e Emoção (18-19). 
Tiago usa o efeito “choque” para defender sua tese. Distingue entre dois tipos de 
fé—uma fé falsa, invisível, ou pelo menos incompleta, que até os demônios tem, e 
uma fé verdadeira,visível, que manifesta-se pelas obras.
Segundo vs. 19, os demônios são ortodoxos! Monoteístas, trinitarianos, crêem na 
divindade e humanidade de Jesus, crêem que Jesus morreu na cruz pelos 
pecados, crêem que ressuscitou ao terceiro dia! Além disso, eles têm uma reação 
emocional a esses fatos (tremem). Mas não são salvos. Falta-lhes um ingrediente 
essencial, que transforma fé falsa em fé genuína: CONFIANÇA.
B. Fé Verdadeira Justifica-se Pelas Obras (20-23). Abraão foi DEMONSTRADO 
justo 30 a 40 anos depois que foi DECLARADO justo, quando ofereceu Isaque no 
altar (Gn 22). Leia bem o texto. 
Tiago afirma a salvação pela fé somente . . . vs. 23 deixa isso muito claro, citando 
Gn 15:6.
“Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”. Mas veja bem: O 
processo que se iniciou depois que ele creu em Deus--a semente da sua fé-- 
brotou, e 40 anos depois, justificou-se diante de Deus e do mundo. Sua fé na 
realidade de Deus, na obra de Deus em sua vida, na promessa de Deus, era tão 
grande, que ele podia colocar TUDO no altar de Deus, seu único filho, o filho da 
promessa, sua esperança do futuro, sua alegria. Somente uma fé madura, 
arraigada na soberania e no amor de Deus, é capaz disso.
Conforme vss 22 e 23, “foi pelas obras que a fé se consumou”, ou seja “se 
aperfeiçoou”, se fez “perfeita”, completa. Em outras palavras, o fruto da fé é obras.
Às vezes, teremos que esperar muito tempo, como Abraão, para ver que tipo de 
fruto a fé a de produzir. Mas certamente será produzido. E se não existe, temos 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 70
toda razão para questionar se a fé existe também.
Por isso vs. 24 diz que somos justificados—no sentido de sermos demonstrados 
como pessoas de fé—pelo fruto da nossa fé. A pessoa é DEMONSTRADA justa 
pelas obras baseadas em fé.,
Um segundo exemplo é Raabe. Ela começou do outro lado do espectro da 
humanidade que Abraão—prostituta, cananita, mulher mentirosa. Mas ela também 
foi aceita por Deus, baseada numa fé inabalável em Deus e Sua Palavra, e 
depois, manifestada diante de todos por obras de fé, obras arriscadas. Ela colocou 
tudo no altar também, e assim sua fé foi validada.
III. Fé sem obras é morta (17, 20, 26)
O grande clímax do texto está no vs. 26. De fato, começa no vs. 17: A fé invisível
—fé “de boca pra fora”—não é uma fé viva, não é uma fé verdadeira, mas morta. 
A ordem é simples: Recebemos a vida, e depois revelamos a vida (de Jesus).
Assim como um corpo sem o espírito não tem força, nem vida, assim uma “fé” que 
não rompe-se em obras é morta. Fica totalmente insensível, fria, dura. Não reage. 
Não sente. Não mexe. Não cresce. 
O que fazemos revela quem somos. Se não fazemos nada, somos mortos. Se a 
árvore só produz fruto podre, a árvore está podre:
Mt 7:16-20 Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos 
espinheiros ou figos dos abrolhos? Assim toda árvore boa produz bons frutos, 
porém a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa produzir frutos 
maus, nem a árvore má produzir frutos bons. Toda árvore que não produz bom 
fruto é cortada e lançada ao fogo. Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis.
1 Jo 3:7-10 Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a 
justiça é justo, assim como ele é justo. Aquele que pratica o pecado procede do 
diabro, porque o diabo vive pecando desde o princípio. Para isto se manifestou o 
Filho de Deus, para destruir as obras do diabo. Todo aquele que é nascido de 
Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina 
semente; ora, esse não pode viver pecadno, porque é nascido de Deus. Nisto são 
manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica 
justiça não procede de Deus, também aquele que não ama a seu irmão.
Não podemos “fabricar” boas obras. São o produto natural de quem tem vida em 
si, a vida de Jesus, cultivada e demonstrada pelo Espírito Santo, que nos “cutuca” 
em direção a um caráter aprovado por Deus. Tiago escreve por esse mesmo 
Espírito para nos “cutucar” em direção às obras que revelam uma fé verdadeira. 
Podemos recapitular as “obras” que ele mesmo já mencionou até esse ponto no 
livro como provas de uma fé genuúina, uma fé presente e ativo:
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 71
1. Reage as provações com alegria (1.2-12)
2. Resiste tentação, CRENDO que Deus é bom e que não tenta a ninguém, mas 
que a culpa pelo pecado vem de mim mesmo (1.13-18)
3. Recebe a Palavra, como praticante e não somente ouvinte. Quem foi 
regenerador pela Palavra da verdade não consegue mais viver sem ela. Deve sua 
vida a Ela! (1.19-25).
4. Reflete sua religião em generosidade, santidade e palavras peneiradas 
(1.26,27).
5. Rejeita favoritismo (2.1-13). 
Mais tarde na carta, Tiago dará outras obras que são fruto natural de quem 
realmente crê em Jesus. Mas por ora, cabe a nós fazermos o que Paulo sugere 
em 2 Co 13:5, e examinar-nos a nós mesmos, para ver se realmente estamos na 
fé. Se confiamos, mas confiamos mesmo em Cristo Jesus e somente Cristo, então 
é hora de deixar que a vida dEle seja vivida em nós, em nosso caráter, 
transformado diariamente, de glória a glória, à imagem de Cristo.
Só fé em Jesus Cristo é que salva, Mas fé em Jesus Cristo nunca fica só.
Parte XVI
LENDO MATEUS COM OLHOS JUDEUS 
Os Evangelhos chamados Sinóticos têm sido objeto de intenso estudo desde a 
primeira parte do século 19. O chamado "Problema Sinótico" tem ocupado os 
estudiosos por dezenas de anos em uma verdadeira caçada às fontes destes 
Evangelhos, tendo ficado claro para estes mestres que os Evangelhos de Lucas e 
Mateus tinham incorporado a maior parte do Evangelho de Marcos, tendo, porém, 
elementos comuns que nele não estavam. Tem-se dado, igualmente, a busca da 
chamada fonte ou documento Q (inicial da palavra alemã Quelle, que significa 
"fonte"), ou mesmo de várias formas deste documento, o qual é supostamente a 
fonte ou fontes dos Sinóticos. Os pesquisadores do assunto hoje têm a tradição 
oral e as primitivas narrativas escritas como fontes comuns dos Evangelhos 
Sinóticos.
Os evangelistas, aqui incluindo João, apresentam distintos retratos de Jesus 
Cristo. Acerca desse assunto, LAGRANGE expressou-se, 
"Marcos trabalha no calor terreno da terracota; Lucas esculpe no mármore branco 
(tanto no Evangelho quanto no livro dos Atos, a geografia é teológica, sua mente é 
fascinada pela vasta expansão da missão universal do Cristianismo); A visão de 
Mateus é colorida por um forte interesse na eclesiologia (seu estilo é hierático e 
litúrgico); João, por outro lado, é um sacramentalista com uma percepção mística 
do mistério da Palavra feita carne". 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 72
Os Evangelhos canônicos foram compostos entre os anos 55 e 85 do calendário 
romano, e são considerados como forma escrita da tradição oral da Igreja 
Apostólica. Lucas, em 1.1-3, refere-se à existência de muitos Evangelhos 
baseados nas narrações feitas pelos discípulos e por pessoas que testemunharam 
os fatos. Marcos teria ouvido de Pedro, e Mateus havia feito uma compilação das 
próprias palavras de Jesus em aramaico.
O papel de Israel, nos Evangelhos é o de guia: os goyim (gentios) deveriam unir-
se a Israel, visto que este não perdera a posição até então ocupada. 
SCHLESINGER afirma que "o evangelista Mateus nada sabe a respeito da 
invalidação da antiga aliança. Para ele, o chamado das nações gentílicas é coisa 
secundária. A comunidade que possui o reino não é um novo Israel, senão o 
verdadeiro Israel."
O problema que se apresenta é o do reconhecimento do novo estado de coisas 
que Jesus, o Nazareno prega. Mateus é o "Evangelho do cumprimento" (5.17-20). 
Jesus enviado apenas às ovelhas perdidas da casa de Israel (15.24); Salvador do 
Seu povo (1.21). É o "nazareno" de uma não identificada profecia (2.23).
De acordo com Mateus, o Malkut haShamaim ("Reino dos Céus") é o cumprimentodas antigas profecias, a última realização da Torah ("instrução, lei"), o judaísmo 
dos antepassados levado à sua maior perfeição. A nova ordem não é a negação 
da antiga aliança, mas a sua consecução (Mt 26.28), de acordo com o oráculo de 
Jeremias em 31.31-33. Mateus se refere a uma aliança que se renova 
periodicamente. Para ele, a Igreja de Cristo personifica a autêntica fé de Israel.
O LUGAR DE MATEUS NOS SINÓTICOS
No Evangelho de Mateus, quatro elementos, que são a Lei, o Juízo, a Igreja e a 
Missão Universal, estão perfeitamente integrados como círculo e expansão da 
Pessoa, de Cristo e Sua missão neste mundo.
O Evangelho de Mateus é ao mesmo tempo um livro teológico, ou seja, faz um 
estudo e busca a compreensão de Deus em Jesus e Seu destino escatológico, já 
que Ele revela Deus entre nós (11.25ss). Mas é, também, um livro antropológico 
porque se volta para o ser humano. Mateus é um livro eclesiológico, porque a 
comunidade de Cristo exerce o serviço aos irmãos e a ajuda aos pequenos, como 
o expressa o capítulo 18. 
O Evangelho de Mateus tem sido sempre de elevada estima por seu íntimo 
relacionamento com o ambiente palestino do qual Jesus veio e no qual viveu, e 
pela admirável síntese de seu ensino. Seu autor, Mateus (ou Levi) foi um dos 
apóstolos e testemunha ocular, que segundo Papias (c. 140 d.C.), "colocou em 
ordem os ditos do Senhor na língua hebraica (aramaica), que cada um traduziu do 
melhor modo que podia".
O vocábulo grego logia, palavra que significa "sentenças" e título da obra/fonte em 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 73
aramaico do Evangelho de Mateus, reproduz o hebraico devarim que significa 
"palavras", "fatos". A obra aramaica de Mateus já não mais existe. Assim, há quem 
admita que o Evangelho de Mateus, seqüência dessa primeira obra, tenha sido 
escrito em grego numa data bem posterior, por um autor familiarizado com o 
ambiente helenístico da Igreja da Ásia Menor, e que fez uso abundante de 
materiais conhecidos na Igreja Primitiva como didakê ou "instrução".
O conceituado pensador judeu Martin BUBER escreve em sua obra Dois Tipos de 
Fé que o Cristianismo como tal teve início quando as convocações de Jesus para 
entrar no chegado Malkut haShamaim foram entendidas como um convite à 
conversão. Para Buber, esse foi o momento de infidelidade à religião de Israel. E a 
doutrina de Cristo não é uma evolução e aperfeiçoamento do que viera 
anteriormente (a Antiga Aliança), mas uma deturpação e um desvio. 
CINCO BLOCOS
O Evangelho original em língua semítica foi escrito entre 50 a 65 d.C., 
provavelmente começando com o ministério de João, o Batista (o atual capítulo 3) 
e terminou com relato tradicional da paixão/ressurreição. O Evangelho de Mateus 
está dividido em cinco seções que são centradas nos cinco grandes discursos de 
Jesus, espelho na Nova Aliança dos cinco livros de Moisés. 
O Primeiro Sermão (capítulos 5 a 7) foi anunciado numa montanha. É o Sinai da 
Nova Aliança. É precedido pela chamada dos discípulos e numerosas curas e 
exorcismos. Jesus proclama deste modo a chegada do Malkut haShamaim. 
Mateus utiliza essa expressão porque respeitosa e judaicamente evita falar o 
nome de Deus que seria mencionado na expressão sinônima Malkut haElohim, ou 
seja, "Reino de Deus". O que marca o fim do primeiro "livro" ou seção é a 
expressão de 7.28, "E aconteceu que concluindo Jesus este discurso..."
O Segundo Sermão (10.5-42) apresenta as instruções dadas aos Seus discípulos 
antes de Jesus enviá-los em missão. Os doze vão armados com poder para 
exorcizar e curar, como tinham visto Jesus fazer na tríplice série de três milagres 
que precedem esta seção. Termina toda a seção com a expressão de 11.1, "E 
aconteceu que, acabando Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos..."
As seções narrativas dos capítulos 11 e 12 falam da oposição a Jesus e Sua 
pregação da chegada do "reino dos céus" por parte dos captores de João, o 
Batista, das cidades ímpias de Corazim e Betsaida, e da mentalidade dos 
perushim (fariseus), preparando para o capítulo 13, que o Terceiro Sermão, 
coleção de sete parábolas que ilustram este chegado reino. 13.53 encerra a seção 
dizendo "E aconteceu que Jesus, concluindo estas parábolas..."
A Quarta coleção de palavras de Jesus (capítulo 18) registra Seu ensino sobre os 
deveres dos discípulos. As narrativas da capacitação dos discípulos, a 
transfiguração, a Sua paixão predita conduzem a essa seção. O capítulo 19.1 dá 
por encerrado o bloco.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 74
A Quinta e última seção, e seu discurso principal (capítulos 24 e 25) tem caráter 
profético. Ele é o centro da seção, apesar de o capítulo 23 se apresentar como um 
discurso com sete "ais" contra os escribas e fariseus. 26.1 encerra todo o 
Evangelho por dizer "... quando Jesus concluiu todos estes discursos..."
É preciso que honestamente se registre que nem todos os estudiosos concordam 
como esta ordem estrutural ou princípio interno de composição em cinco livros ou 
cinco seções do Evangelho de Mateus. L. VAGANAY, citado por SLOYAN, divide-
o em três seções (3.1 - 4.22; 4.23 - 11.20; 12.1 - 25.46), sendo que a primeira e a 
segunda partes fazem paralelo com Marcos 1.1-20 e 2.23 - 13.37.
LÉON-DUFOUR divide Mateus em duas partes que são 
o ensino de Jesus como guia para a conduta da comunidade de Cristo (o Sermão 
do Monte) até a confissão de Pedro em Cesaréia de Filipos, e 
a proclamação da salvação (o kerygma), bem como a paixão vindoura e a 
preocupação com as chamadas "últimas coisas". 
Até mesmo no fato de que Mateus, apresentando Jesus como a fonte da Torah 
cristã, adota o modo dos perushim, visto que estes eram extremamente 
preocupados com a Torah. É aí que Mateus é totalmente diferente de Paulo, no 
fato de que não o evangelista faz pouco caso da Lei como tal. Pelo contrário, ele 
aprova e referenda a Lei, mesmo para cristãos. Trata-se, no entanto, de uma Lei 
nova designada a suplantar e a substituir as leis mosaicas. Em alguns lugares até 
apresenta uma lei mais rigorosa que a mosaica, e assim fazendo, reflete um 
desejo de produzir uma justiça que excederá a dos sopherim (escribas) e 
perushim (cf. 5.20).
O Evangelho de Mateus é, antes de tudo, o Evangelho do Reino, em suas 
parábolas, na pregação de Jesus, na consciência da condição do povo remido por 
Deus vivendo no meio de um mundo ímpio. Há uma forte corrente de escatologia 
apocalíptica (especialmente nos capítulos 24 e 25, o "Pequeno Apocalipse") tão 
ao gosto da sofrida gente judia.
Presume-se que este Evangelho tenha sido escrito em Antioquia da Síria. Talvez o 
fato da grande presença de judeus em Antioquia tenha levado a certa urgência na 
sua confecção. Parece que Mateus havia se defrontado com essa pressa ao 
responder à alegação de que Jesus não havia verdadeiramente morrido. É assim 
que ficam registradas informações como 27.54, 62-66; 28.11-15, e que parecem 
sugerir uma controvérsia com os judeus.
O EVANGELHO DOS JUDEUS
O Evangelho de Mateus reserva seu caráter essencialmente judaico ao enfatizar o 
tema do "cumprimento" mais do que qualquer outro evangelista, Mateus cita as 
profecias do Antigo Testamento e as aplica aos eventos da vida e do ministério de 
Jesus. A Sua genealogia traçada a partir de Abraão, a ênfase em Jesus como o 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 75
Rei messiânico e Legislador, mas, ao mesmo tempo, "o Servo Sofredor", mostram 
que para este evangelista a nota principal do ensino cristão é que Jesus era 
Aquele que fora predito por Moisés e pelos profetas.
A determinação de Mateus em apresentar Jesus como um novo e superior Moisés 
o leva a "moldar o seu Jesus de acordo com a figura de Moisés no Êxodo" Como 
Moisés, Jesus quase pereceu na chamada matança dos inocentes . Como Moisés 
em Midiã, Jesus ficou um tempo em desterro no Egito. Como Moisés, apresentou 
o Seu grande ensino num monte. Como os ensinos de Moisésestão registrados 
em cinco livros, há em Mateus, como já mencionamos, cinco blocos de material 
pedagógico, terminando cada um com um colofon, uma conclusão formal (5.1 - 
7.29; 10.5 - 11.1; 13.1-53; 18.1 - 19.1; 24.2 - 26.1).
Principais características deste Evangelho:
Ter sido escrito para os judeus. Foi escrito por um judeu para convencer os 
judeus. Assim, um dos grandes objetivos deste Evangelho é demonstrar que todas 
as profecias do Antigo Testamento se cumprem em Jesus, e por isso, é o 
Messias. Daí, a frase com suas variantes que é dezesseis vezes recorrente: "Tudo 
isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta..." O 
nascimento e o nome de Jesus são cumprimento de profecias (1.21-23); a fuga 
para o Egito também (2.14,15); a matança dos inocentes (2.16-18); o regresso e a 
fixação de José, bem como a infância de Jesus em Nazaré (2.13); o uso de 
parábolas (13.34,35); a traição por trinta moedas de prata (27.9); o sorteio da 
roupa do Mestre enquanto preso à cruz (27.35). 
judaismo de Jesus é percebido na sua atitude para com a Lei. Ele não veio para 
destruir a Lei, mas para cumpri-la. 
Há em Mateus um interesse apocalíptico particularmente forte. É basicamente 
encontrado nos capítulos 24 e 25. 
Seu evangelho docente é outra característica especial. A sistematização do seu 
trabalho usando dois números significativos para o judeu: o 3 e o 7. Exemplos 
desta sistematização são:
José recebe 3 mensagens; 
Pedro nega a Jesus 3 vezes; 
Pilatos faz 3 perguntas; 
No capítulo 13, há 7 parábolas do reino; 
No capítulo 23, há 7 "ais" pronunciados acerca dos escribas e fariseus; 
A genealogia é um excelente exemplo desta sistematização. Mateus quer 
demonstrar que Jesus é da linhagem de Davi. Como em hebraico não há 
numerais, usam-se as consoantes do alfabeto que possuem, portanto, valor 
numérico. Por exemplo, David, ou seja, D V D. A soma dá 14. A genealogia de 
Jesus em Mateus consiste em 3 grupos de 14 nomes. Tudo feito para que o leitor 
judeu perceba a messianidade de Cristo embutida nas palavras, números e 
valores.
Somente quem conhece a riqueza do pensamento rabínico galileu, ambiente de 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 76
Jesus, pode acompanhar e compreender plenamente os seus sermões e dar 
plena força às suas próprias palavras e expressões. SCHLESINGER afirma que 
para Jesus, seus ensinamentos não pressupõem o abandono da religião judaica.
O Evangelho de Mateus é, portanto, o que mais se aproxima do pensamento 
judaico, e aquele no qual a hostilidade contra os judeus é menos acentuada, e sua 
principal característica é mostrar como Jesus realiza as obras divinas. Que a 
missão de Jesus é dirigida primordialmente aos b'nei Israel (filhos de Israel), não 
há dúvida. É bastante ler os versos 10.5,6; 15.24 (cf. Jo 1.11).
Baseado no original aramaico, o atual Evangelho de Mateus manifesta pelo estilo, 
forma, fraseologia e expressões, o método de discussão de caráter semita. A 
intenção do autor é introduzir a mensagem do Malkut (reino) nos quadros da 
religião judaica. Multiplica as citações do Tanach (Antigo Testamento) para 
mostrar a sua realização na vida de Jesus.
Para Jesus, a importância da Torah é sintetizada na fórmula "Não penseis que vim 
destruir a lei ou os profetas; não vim para destruí-los, mas para cumpri-los" (5.17). 
E quando denuncia a hipocrisia dos sopherim e dos perushim, mesmo assim 
assume o ensino deles.
Jesus no Monte parece refletir a tipologia de Moisés. Relembra, pelo cenário e 
conteúdo de sua prédica, o grande mediador da lei de Deus no judaismo, A 
seriação de dez milagres operados por Jesus lembra as dez pragas do Egito. A 
"nuvem luminosa" que envolve Jesus transfigurado, no episódio do Monte Tabor, 
em que são mencionados também Elias e Moisés, reassume com destaque a 
conceituação judaica da Shekinah, que é a presença divina no povo de Israel. 
A época da redação do Evangelho de Mateus era dura para os cristãos. Os judeus 
mostravam-lhes uma hostilidade acentuada, quase do mesmo modo que os 
romanos. 
Para alguém tão versado na tradição judaica como Mateus, é evidente que, para 
contar a história do Messias, a primeira tarefa a empreender é demonstrar que é o 
Messias. E para isso, deve provar em primeiro lugar que o Messias pertence à 
linhagem de Davi. Conseqüentemente, Mateus começa por apresentar uma 
genealogia (1.1- 17). Registramos abaixo um paralelo entre fatos, eventos e 
palavras do Evangelho de Mateus com sua correspondência no Antigo 
Testamento.
Mt 1.22,23 
Is 7.14 
Mt 2.2 
Nm 24.17; Is 60.3 
Mt 2.5,6 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 77
Mq 1.33; 5.2; Sm 5.2 
Mt 2.16-18 
Jr 1.24; Gn 35.19; Ex 15,16 
Mt 2.13-15 
Os 11.1 
Mt 2.19,20 
Ex 4.19 
Mt 2.22,23 
não se sabe onde, pois não há no Antigo Testamento qualquer referência ao 
Messias como nazareno. É possível que Mateus tenha feito um jogo de palavras 
com nazireu (= Jz 13.5), ou de Is 11.1 ou Zc 6.12, "Renovo", em hebraico netzer. 
O jogo é "nazareno"" com "nazireu" ou "nazareno" com "netzer" 
Mt 3.11,12 
Ez 36.24-26; 2Rs 5.10 
Mt 3.3 
Is 40.3 
Mt 3.4 4.4 
2Rs 1.8; 1Rs 17.6; 
Ml 4.5 
Dt 8.3 
Mt 4.6 
Sl 91, 11, 12 
Mt 4.7 
Dt 6.16 
Mt 4.10 
Dt 6.13,14; 
Mt 4.14-16 
Is 9.1,2; 
Mt 5.4 
Sl 37.11 
Mt 8.17 
Is 53.4 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 78
Mt 9.12,13 
Os 6.6 
Mt 21.1 
Zc 14.4 
Mt 21.12,13 
Jr 7.1,11 
Mt 24.31? 
Dn 7.13,14 
Mt 26.15 
Zc 11.12 
Mt 27.7-10 
Zc 11.13 
Mt 27.24 
Dt 21.6,7 
Mt 27.34 
Sl 69.22 
Mt 27.46 
Sl 22.2, 17-19 
]E, ainda, a controvérsia sobre o Shabbath (Repouso) (Mt 12.11-14) como 
cumprimento de Isaías 42.1-4.
TEMAS E PROBLEMAS ESPECIAIS
Cristologia
Destacam-se na cristologia de Mateus: 
A comparação de Mateus com Marcos para detectar quais as diferenças entre os 
dois Evangelhos mesmo onde correm paralelamente. O de Mateus é 
freqüentemente mais explícito que o de Marcos. 
Os títulos cristológicos usados no Evangelho de Mateus, que são ricos e 
significativos. "Filho de Davi", por exemplo, aparece logo no seu primeiro 
versículo, identificando Jesus com o Messias davídico. É sintomático que esse 
título aparece sempre nos lábios dos necessitados. Mateus usa o título Kyrios 
(Senhor) mais do que Marcos. É palavra que vai desde o "senhor" da linguagem 
quotidiana (13.27) até à confissão da Divindade. O mesmo ocorre com o título 
"Filho do Homem". 
Profecia e Cumprimento
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 79
Em Mateus o retorno de Jesus do Egito cumpre o texto veterotestamentário que 
se refere a Êxodo 2.15. 
O pranto das mães de Belém cumpre a referência de Jeremias ao pranto de 
Raquel pelos seus filhos em Ramá. 
Jesus que se muda para Nazaré cumpre "o que fora dito pelos profetas" 
A compra de um campo pelos sacerdotes por trinta moedas de prata cumpre as 
Escrituras descrevendo ações realizadas por Jeremias e Zacarias (27.9). 
A Lei 
A questão da atitude do evangelista com respeito à Lei é um assunto crucial no 
Evangelho de Mateus. As dificuldades se prendem a vários fatores: 
Várias passagens podem ser compreendidas como uma firme defesa da Lei (ex.: 
5.18,19; 8.4; 19.17,18) e mesmo a autoridade dos fariseus e mestres da Lei em 
interpretá-la (23.2,3). Espera-se dos discípulos de Jesus que jejuem, dêem 
esmolas (6.2-4) e que paguem as taxas do templo (17.24-27). 
Algumas passagens podem ser vistas como um "amaciamento" da rejeição de 
Marcos de certas partes da Lei. A adição da cláusula que encerra um "exceto" 
("não sendo por causa", ARC) em 19.9 e a omissão de Marcos 7.19b ("ficando 
puras todas as comidas) na perícope correspondente de Mateus (15.1-20) têm 
convencido muitos que Mateus não anula qualquer ordem do Antigo Testamento. 
Há algumas passagens onde, formalmente pelo menos, a letra da lei 
veterotestamentária é suplantada (ex.: 5.33-37) ou uma instituição do Antigo 
Testamento que é reverenciada parece ser depreciadae potencialmente 
suplantada (ex.: 12.6). 
Há uma passagem (5.17-20) que é amplamente reconhecida como programática 
do ponto de vista legal de Mateus. 
CARÁTER LITERÁRIO
Das 105 seções de Marcos, 93 aparecem em Mateus e 81 em Lucas. 4 seções de 
Marcos não aparecem em Mateus e em Lucas. Marcos tem 661 versículos; 
Mateus, 1068 e Lucas, 1149. Em seu texto, Mateus reproduz nada menos que 606 
dos versículos de Marcos; Lucas, 320. Mateus usa 51% das palavras de Marcos.
Voltamos a registrar que afirmam alguns estudiosos que o Evangelho de Mateus 
como o temos hoje não provém diretamente da mão do apóstolo Mateus, pois 
quem foi testemunha ocular da vida de Cristo não precisaria usar Marcos como 
fonte para narrá-la. No entanto, Papias afirma que Mateus colecionou os ditos de 
Jesus em língua hebraica. Há evidência suficiente de que o Evangelho de Mateus 
como o conhecemos é uma obra compilada de várias fontes escritas, do 
Evangelho de Marcos e de uma coleção de ditos de Jesus originalmente escritos 
em hebraico ou aramaico. Papias, bispo de Hierápolis (moderna Turquia) cerca de 
125 d.C. explora esse assuntos na sua obra Explicações dos Ditos (Logion) do 
Senhor. Cerca de 3/5 do Evangelho é devotada aos discursos de Jesus.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 80
CONCLUSÃO
As opiniões acerca deste Evangelho e o que representa e/ou pode representar 
para o moderno judaismo são variadas. Em círculos judaicos mais ortodoxos, 
afirma-se que " O que é bom no Novo Testamento, não é bom; o que é novo não é 
bom. No entanto, Martin BUBER, o célebre pensador, filósofo e teólogo judeu 
deixou afirmação de que "Quem encontra Jesus Cristo encontra o judaísmo". O 
próprio Pinhas LAPIDE que o citou opinou que "O judeu Jesus e a hebraicidade 
básica de sua mensagem servirão de critérios para maior aproximação possível do 
sentido original da obra-prima de sua ética, sentido oculto na versão grega do 
evangelho". 
FONTES PRIMÁRIAS
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M. Rosalie (Org.). Contemporary New Testament Studies. Collegeville, Liturgical 
Press, 1965, pp. 131-`152 
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1988. Trad. B. G. Ibañez. 
BARCLAY, William. Mateo 2 Vols. 1a Reimpressão. Buenos Aires, La Aurora, 
1973. Trad. M. P. Rivas. 
CARSON, D. A. Matthew Em: GAEBELEIN, Frank E. (Org.).The Expositor's Bible 
Commentary, Vol. 8. Grand Rapids, Zondervan, 1984, pp. 3 - 600. 
LAPIDE, Pinhas. O Sermão da Montanha - Utopia ou Programa? Petrópolis, 
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PIKAZA, Javier. A Teologia de Mateus. SP, Paulinas, 1978. Trad. J. R. Vidigal. 
RYAN, M. Rosalie. Saint Matthew. Em: RYAN, Op. Cit., p. 238. 
SANDMEL, Anti-Semitism in the New Testament. Philadelphia, Fortress, 1978. 
SCHLESINGER, Hugo. Os Evangelhos e os Judeus. SP, Paulinas, 1985 
SLOYAN, Gerard S. The Gospel According to Matthew. Em RYAN, Op. Cit., pp . 
239-246. 
ZOLLI, Eugenio. Guia Do Antigo E Do Novo Testamento. SP, Paulinas, 1961. 
Trad. F. Dattler. 
FONTES SECUNDÁRIAS
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CHOURAQUI, André. A Bíblia - Matyah (O Evangelho Segundo Mateus). Rio, 
Imago, 1996. Trad. L. Duarte. 
GABEL, John B. e WHEELER, Charles B. A Bíblia Como Literatura. São Paulo, 
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KERMODE, Frank. Mateus. Em: ALTER, Robert e KERMODE, Frank. Guia 
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L'ABBAYE de Saint-Andre.Le Nouveau Testament. Bruges, L'Abbaye de Saint-
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MALINA. Bruce J. The New Testament World - insights from cultural anthropology. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 81
Atlanta, John Know, 1981. 
RHYMER, Joseph and BULLEN, Anthony. Companion to the Good News New 
Testament. Glasgow, Collins, 1977.
Parte XVII
LEVANDO A SÉRIO A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO 
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua 
grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição 
de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável 
e inacessível, reservada no céus para vós, que pelo poder de Deus sois 
guardados mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no 
último tempo" (1Pe 1.3-5)
Os arminianos ensinam que o salvo pode "cair da graça", ou seja, "perder a 
salvação" (?!) porque ela depende da vontade do ser humano. O ensino bíblico 
posto em evidência por João Calvino é que os salvos não se perdem, não podem 
se perder, porque a vontade do Deus que os salvou não muda. É assim que 
encontramos nas Escrituras as preciosas palavras: "para o louvor da glória da sua 
graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado", e, ainda, "Segundo a sua própria 
vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade, para que fôssemos como 
primícias das suas criaturas" (Ef 1.6; Tg 1.18). Igualmente, há uma palavra no livro 
de Jó que expressa, "Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus 
propósitos pode ser impedido" (42.2). 
No arminianismo, o ser humano é responsável por conservar-se salvo, mantendo 
continuamente a fé e a obediência. O ensino da Bíblia Sagrada é que a salvação é 
do Senhor. Daniel, o profeta, nos repassa essa palavra que nos diz com absoluta 
clareza: "Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misercórdia e o perdão; pois nos 
rebelamos contra ele. E se nós vamos ao último livro da Bíblia, o vidente de 
Patmos nos dirá: 
"Depois destas coisas, ouvi no céu como que uma grande voz de uma imensa 
multidão, que dizia: Aleluia! A salvação e a glória e o poder pertencem ao nosso 
Deus" (Ap 19.1).
Por isso, por ser uma dádiva de Deus não pode ser perdida (cf. Jo 6.39; 10.27-29; 
Rm 2.4; (.37-39). Pelo contrário, Jesus nos diz para nosso conforto: "A vontade do 
que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, 
mas que eu o ressuscite no último dia" (Jo 6.39); e nesta outra expressão do 
Salvador:
"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; eu 
lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha 
mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las 
da mão de meu Pai" (Jo 10.27-29).
Há quem não tenha certeza da salvação? Há quem, chamando-se cristão, não 
leve a sério a segurança dessa salvação? Sim; por essa razão, João explicou 
porque escreveu o Evangelho que leva o seu nome: "Jesus, na verdade, operou 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 82
na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos 
neste livro; estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo. o 
Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome" (Jo 20. 30,31). E 
João, na sua Primeira Carta, "Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no 
nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna", porque havia 
já naquela época alguns que não tinham muita segurança da salvação concedida 
por Jesus ( 5.13).
É privilégio do salvo saber que está eternamente salvo (glória a Deus por isso!), 
mas não é privilégio algum viver na incerteza da salvação. Pode alguém receber a 
vida eterna, e depois perdê-la, indo eternamente para o inferno? Há grupos que 
dizem que sim, e estão bem espalhados na Cristandade. A Bíblia diz um 
veemente "NÃO!", ou como diz a antiga palavra de ordem:
UMA VEZ SALVO, SALVO PARA SEMPRE!!!
E isso porque "os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis" (Rm 11.29 TEB).
A doutrina da segurança eterna do salvo tem outros nomes: "perseverança dos 
santos", "perseverança dos salvos", dos regenerados, daqueles que são feitos 
novas criaturas em Cristo. Um crente pode até errar, mas ele cai e se levanta 
porque essa queda é temporária. Spurgeon sugere que é como num navio: 
podemos cair muitas vezes no seu convés, mas Deus não permitirá que sejamos 
jogadosno mar! Estávamos atravessando para a Ilha de Itaparica no ferry boat, e 
aconteceu que o barco jogava tanto que algumas pessoas se desequilibraram, e 
eu também teria caído se não estivesse me segurando no cabo. Que excelente 
ilustração para a segurança da salvação... Nós estamos num barco (aliás, o barco 
é uma figura da Igreja), podemos cair no chão, mas não somos jogados à fúria das 
águas (Jo 6.37). O problema é que há muita gente que diz possuir a fé, mas não 
sabe o que seja, nem crê no que fala (1Jo 2.19; 2Pe 2.22).
A CERTEZA DA SEGURANÇA
A certeza da segurança da salvação, a certeza da perseverança vem de uma 
compreensão clara das coisas elementares dessa salvação. O regenerado se 
caracteriza por certas qualidades éticas e espirituais. Por exemplo, pelo 
discernimento da verdade . Não está aqui na palavra de Deus? "Quanto a vós, a 
unção que dele recebestes fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém 
vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina a respeito de todas as coisas, e é 
verdadeira, e não é mentira, como vos ensinou ela, assim nele permanecei" (1Jo 
2.27).Essa é uma grande verdade espiritual que nós temos. 
Querem ver outra que nos dá segurança? A posse do Espírito Santo. Não 
andamos ansiosamente buscando o Espírito Santo, não, porque quando cremos 
recebemos o Espírito: Ele é nosso (creio que fica melhor dizer, nós somos dEle); 
não é um objeto a ser possuído, Ele é que nos possui quando somos convencidos 
do pecado, da justiça e do juízo (1Jo 3.24; Rm 8.9, 14). 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 83
Uma terceira realidade espiritual é o amor à paz e à fraternidade (1 Jo 3.10,11,14). 
Vejo que todas elas são privilégios maravilhosos dados ao crente pela 
misericórdia de Deus. A justificação, quando você é declarado reto, livre, limpo 
dos seus pecados do passado (Rm 5.1); a adoção como filho de Deus, realidade 
marcante do seu presente (Jo 1.12; Rm 8.14, 15; Gl 3.26; 1Jo 3.1); e a 
santificação, quando você é declarado separado para Deus, como reserva 
especial para o nosso Pai .
E isso se perde? Podemos perder a justificação, e a adoção , a santificação, e a 
glorificação que nos aguarda? Somos reservados, regenerados para uma herança 
incorruptível (ela não decai, não se estraga), incontaminável (nenhum fungo pode 
maculá-la), e ela não murcha, essa herança que está reservada nos céus para os 
santos. Isso é a glorificação! E isso se perde? E isso vai para o lixo? A LIMPURB 
vai levar a nossa salvação! Não! Estamos seguros! E por que estamos seguros? 
Por causa do amor de Deus que é imutável (Hb 6.17,18). Não pode existir essa 
idéia que Deus me ama hoje, mas amanhã ,não sei não... O amor de Deus não 
muda! Estamos seguros por causa de Suas promessas. E as promessas de Deus 
mudam? A palavra de Deus diz, "ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te 
desampararei" (Hb 13.5). Que promessa extraordinária! Quero ainda ir à Carta aos 
Hebreus: "para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus 
minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar 
mão da esperança proposta" (Hb 6.18). As gloriosas promessas de Deus não 
mudam!
Porque temos segurança da nossa salvação? Por causa da aliança feita com 
Deus. No profeta Jeremias, o texto diz: "E lhes darei um só coração, e um só 
caminho, para que me temam para sempre, para o seu bem e o bem de seus 
filhos, depois deles; e farei com eles um pacto eterno de não me desviar de fazer-
lhes o bem; e porei o meu temor no seu coração, para que nunca se apartem de 
mim" (Jr 32.39,40). Como Deus é fiel; nós cantamos sempre a Sua fidelidade para 
conosco:
"Tu és fiel, Senhor, meu Pai celeste,
pleno poder aos teus filhos darás.
Nunca mudaste, tu nunca faltaste:
Tal como eras, tu sempre serás".
Estamos seguros por causa do valor do sacrifício de Jesus Cristo, que não foi um 
sacrifício em vão. Vejo em João 6.39, o próprio Senhor dizendo, e repetimos o que 
já foi mencionado: "A vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca 
nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia". 
Estamos seguros por causa do Espírito Santo que vive nos salvos, "o qual é o 
penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para o louvor da 
sua glória" (Ef 1.14). Assim, até parece que as perguntas de Romanos 8.31 a 39 
foram feitas a pessoas que não criam na salvação eterna do crente. essas 
perguntas são:
"Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (v. 31b);
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"Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus?" (v. 33a);
"Quem os condenará?" (v. 34a);
"Quem nos separará bo amor de Cristo?" (v. 35a);
e , aí, temos outras perguntas: "a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, etc." 
(cf. v. 35), perguntas que falam de um modo tão claro, e para cada uma delas a 
resposta é "nada, ninguém, coisa alguma pode nos separar". É verdade que 
Satanás, que é o nosso arqui-inimigo, o nosso resistente-mór, tudo faz para 
derrubar o crente. Ele usa anjos maus, é verdade, e usa gente incrédula, é 
verdade. E a lista do verso 35 de Romanos 8 fazem parte de um rol das possíveis 
dificuldades que poderiam ser interpretadas como ausência do amor de Deus. 
Quais são elas? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo 
(seja qual for), a espada . Não, nada disso nos separa do amor de Deus. Pelo 
contrário, vou, então, ao Salmo 44.22, e encontro a expressão, "Mas por amor de 
ti somos entregues à morte o dia todo; somos considerados como ovelhas para o 
matadouro".
Dá para entender, então, que essas dificuldades nos vêm porque fomos entregues 
à morte o dia todo? Ora, quem ama a Deus é odiado pelo mundo; quem ora a 
Deus Satanás odeia porque ele não pode ver o seu império estremecido pela 
nossa oração. É por isso. Assim, a nossa maior qualidade dada por Jesus Cristo é 
sermos "mais que vencedores", diz a Escritura (Rm 8.37). No entanto, coitado do 
ímpio , ele é por natureza uma pessoa alienada, a Bíblia o diz: "Alienam-se os 
ímpios desde a madre; andam errados desde que nasceram, proferindo mentiras" 
(Sl 58.3). Vejam só: desde o útero, eles são alienados?! Precisa qualidade maior 
para os verdadeiros crentes que a segurança da salvação? Mas um filho de Deus, 
o salvo em Cristo Jesus, quem já recebeu o sopro, o toque do Espírito, esse pode 
acontecer de cair em pecado, quando, então, vai perder muita coisa: a alegria da 
salvação (Sl 51.12), a bênção da comunhão com os irmãos, mas deve se levantar. 
Sim, porque o crente em Jesus Cristo, o verdadeiro crente, não fica derrubado, 
não. Miquéias, o profeta, diz: "Não te alegres, inimiga minha, a meu respeito; 
quando eu cair, levantar-me-ei; quando me sentar nas trevas, o Senhor será a 
minha luz. Sofrerei a indignação do Senhor, porque tenho pecado contra ele; até 
que ele julgue a minha causa, execute o meu direito. Ele me tirará para a luz, e eu 
verei a sua justiça" (7.8,9), pois, "Confirmados pelo Senhor são os passos do 
homem em cujo caminho ele se deleita; ainda que caia, não ficará prostrado, pois 
o Senhor lhe segura a mão" (Sl 37.23,24).
Até o erro, o pecado, tem seu lado de crescimento. Paulo quando escreve o Hino 
de Exaltação a Deus pelo Seu cuidado amoroso, diz que "sabemos que todas as 
coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são 
chamados segundo o seu propósito" (Rm 8.28). Até o pecado, até o engano, até 
aquilo que não devíamos fazer mas fizemos, sendo circunstancial, ele nos ensina, 
tem seu valor pedagógico. O crente em Jesus Cristo não pode perder a salvação 
porque tem um grande Salvador que não deixa a Sua obra pela metade, não. A 
missão de Jesus não ficou no Calvário, não: foi até à ressurreição, e Ele saiu 
dentre os mortos, e garantiu a nossa salvação. Como é que um grandioso 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 85
Salvador como esse nos deixaria na metade do caminho? 
Também porque não podemos perdera nossa redenção, visto que, mesmo 
acusados por Satanás, temos um advogado diante do Pai (1Jo 2.1; cf. Hb 9.24).
Outra razão é porque estamos guardados pelo poder de Deus. Volto à Palavra 
Santa: "pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé" (1Pe 1.5a; cf. 2Tm 
1.12). Uma das mais preciosas lições da Nova Aliança é que a salvação não 
depende de mim, nem de minhas obras, nem de meus atos, mas me é concedida 
pela graça, pela misericórdia, pelo amor de Deus, amor que eu não mereço. Assim 
diz a Santa Escritura. E diz várias vezes que eu não mereço, e que você não 
merece: "Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção 
que há em Cristo Jesus...porque todos pecaram e destituídos estão da glória de 
Deus" (Rm 3. 24, 23). Nós não merecemos, mas Deus nos concede Sua salvação. 
Se formos a outros textos, temos também muita palavra abençoadora: "Porque 
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não 
vem das obras, para que ninguém se glorie" (Ef 2.8,9; cf. Cl 1.12-14; 2Tm 1.8,9). 
Isso quer dizer que o crente em Jesus Cristo é nascido de Deus (1Jo 5.1); nascido 
de uma semente que não se estraga, não apodrece. Vejam só: "tendo renascido, 
não de semente corruptível, mas de incorruptível, pela palavra de Deus, a qual 
vive e permanece" (1Pe 1.23), razão porque cada filho de Deus, cada filha do Pai 
Celestial participa igualmente da Sua natureza. Ora, o irmão participa da natureza 
de Deus: se Deus morrer, o irmão morre. Mas como Deus não morre, não Se 
corrompe, não Se esfuma, o irmão, a irmã está selado, e protegido, e guardado 
quanto a sua salvação para o Dia Final (cf. 2Co 1.21,22; Ef 4.30). 
E tem mais: o crente em Jesus Cristo não se perde porque a alegria dos anjos não 
se acaba; a alegria que foi demonstrada nos céus no dia da sua conversão essa 
não se acaba(Lc 15.10), ou será que existe um ciclo de ALEGRIA NO CÉU - 
tristeza porque você caiu - ALEGRIA porque você voltou - tristeza porque você 
novamente caiu? Será que a Bíblia ensina isso?
SEGURANÇA E PERSEVERANÇA
No entanto, que tranqüilidade tem o crente em Jesus Cristo que leva a sério a 
segurança da salvação!... As promessas do Senhor nos dão segurança (cf. Jr 
32.40; Jo 6.37; 2Tm 2.19); vida eterna não é fumaça (cf. Jo 6.47)! Não é "talvez 
tenha", não é "quem sabe se eu vou ter a salvação", não! (cf. 1Jo 5.11-13). Nós 
estamos seguros, seguros nas mãos fortes do Senhor! (cf. Sl 37.23,24,28a; 
97.10). E lembremos que a ressurreição de Jesus Cristo é o alicerce desta 
segurança (Ef 2.6).
Vejam agora uma coisa muito séria: só quando se confia em Jesus até certo ponto 
é que se tem medo de perder a salvação ("Olha, Jesus, eu confio até chegar perto 
do Calvário; lá em cima, não..." ). Se a nossa confiança é até certo ponto, fica 
difícil, porque aí você tem medo de perder a salvação. Daí em diante, se a obra de 
Jesus fica pelo meio do caminho, esse crente, essa irmã, é deixado só, 
abandonado. Como fica, então, a promessa de Jesus em João 14.18 que diz: 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 86
"Não vos deixarei órfãos"? E aquela que diz "estou convosco todos os dias, até a 
consumação dos séculos"? (Mt 28.20). Ou Jesus é nossa esperança para tudo, ou 
não é esperança para coisa nenhuma! Mas, Paulo, apóstolo, nos fala ao coração 
dizendo: "o qual vos confirmarás até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de 
nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a 
comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor" (1Co 1. 8,9). Que palavra 
linda e extraordinária! Por isso, à luz destes fatos, não entendo como há quem 
pregue que a salvação pode ser perdida?! Que testemunho notável para sua 
família, para seus amigos, para seus colegas, o irmão confirmado na fé, você 
confirmada na fé em Jesus Cristo. Não é (graças a Deus!) salvação-por-enquanto, 
não; e graças a Deus não é salvação temporária, não é condicional, não é até 
certo limite. É uma eterna e gloriosa salvação! Por isso, os santos perseveram: 
porque Deus é fiel (1Co 1.9). E Deus é fiel no que planejou, e no que prometeu.
Assim, essa monstruosa, herética, diabólica idéia do crente perder a salvação 
repudia toda a boa nova do evangelho de Jesus! Nega que Jesus Cristo seja 
digno de crédito ao dizer que nada nos arrebata da Sua mão (cf. Jo 10.28; 1Jo 
5.10,11); faz de Deus um mentiroso (Hb 6.17-20); anula João 3.16, e desfaz toda 
a verdade que está revelada em Romanos capítulos 4, 5 e 8; cancela a 
justificação, e o perdão dos pecados, e a adoção de filhos, e o batismo no Espírito 
Santo, e os dons do Espírito, e o fruto do Espírito já cultivado no irmão. Tudo isso 
vai para o lixo se o irmão crê que vai perder um dia a sua salvação. Faz ser um 
sonho, um esfumaçado sonho o Salmo 23 com sua gloriosa declaração de 
confiança, "O Senhor é meu pastor; nada me faltará", e o Salmo 32 onde se lê, 
"Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada, e cujo pecado é coberto". 
Isso vai embora, pelo esgoto! Isso desaparece da minha vida porque eu não creio, 
acho que amanhã vou perder a salvação?! Hoje eu a tenho, mas não garanto por 
amanhã?! Se a perda da salvação é verdadeira, ou, mesmo, imaginável, a Bíblia 
está brigando com ela mesma, está se contradizendo porque fala de "eterna 
salvação", "eterna redenção" e "vida eterna" dezessete vezes só no Evangelho de 
João (cf. Hb 5.9; 9.12); fala de "peso eterno de glória mui excelente", de "eterna 
consolação", de "herança eterna", e de "aliança eterna" (cf. 2Co 4.17; 2Ts 2.16; 
Hb 9.15; 13.20).
Mas há quem saia do nosso meio? Há? Sem dúvida! E a Bíblia diz que há aqueles 
que não se agüentaram no nosso meio porque "saíram dentre nós, mas não eram 
dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas 
todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos" (1Jo 2.19). 
Voltaram para o mundo porque a ele pertenciam, abandonaram a família de fé. 
Mas, há quem saia do nosso meio? Há sim: são aqueles a quem Jesus Cristo vai 
dizer, "Nunca vos conheci" (cf. Mt 7.21-23).
A Escritura Sagrada tem três lições que não podemos jamais esquecer. A 
perdição humana é total, porque a Queda foi total, e todos fomos arrastados pelo 
pecado.
Parte XVIII
PACIÊNCIA NA PROVAÇÃO
Tiago 5:7-12 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 87
Eu odeio esperar. No volante, não quero ficar atrás de um carro andando 30 km/h. 
No supermercado, fico irritado quando a moça precisa trocar o papel do caixa 
justamente na hora que eu chego à frente da fila. No banco, perco paciência com 
as filas serpentinas. 
Sou como aquela pessoa que orou a Deus, “Senhor, dá-me paciência, e eu a 
quero AGORA!” 
Talvez fiquemos impacientes por causa de filas intermináveis e carros lentos. Mas 
o livro de Tiago consolava irmãos que enfrentavam situações bem mais difíceis. 
Muitos deles eram pessoas pobres, marginalizadas, perseguidas por serem 
cristãos (2:5-7). Precisavam de paciência para sobreviver as tribulações da vida. 
No texto anterior (5:1-6), descobrimos que os ricos haviam oprimido esses pobres. 
Haviam vivido uma vida luxuosa, enquanto retiveram o salário dos diaristas, 
levaram os pobres diante dos tribunais para defraudá-los, condenando e matando 
alguns pela injustiça. 
Foi justamente neste contexto que Tiago agora fala às pessoas oprimidas, 
atribuladas, sofridas, que estavam passando por males severos sem entender 
porque Deus não fazia nada. O enfoque muda dos opressores para os oprimidos, 
dos perseguidores para os perseguidos. Seus leitores enfrentavam a tentação de 
serem impacientes; queriam que algo acontecesse, e já. Corriam o risco de 
FAZER algo acontecer, tomando em suas próprias mãos a vingança. 
Tiago usa 2 palavras diferentes que descrevem a qualidade de paciência na vida 
do cristão. A primeira palavra significa “longânimidade” ou seja, alguém que 
demora a esquentar, especialmente em relação a pessoas. A segunda palavra 
traz a idéia de “ficar debaixo” de uma pressão,tribulação ou aflição, especialmente 
em relação a circunstâncias. Podemos juntar as duas idéias para dizer que, o 
cristão maduro aprende a permanecer debaixo de sofrimento sem perder 
paciência com as pessoas ao seu redor. 
7 Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador 
aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as 
últimas chuvas. 
8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do 
Senhor está próxima. 
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o 
juiz está às portas. 
10 Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais 
falaram em nome do Senhor. 
11 Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da 
paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 88
terna misericórdia e compassivo. 
12 Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, 
nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para 
não cairdes em juízo. 
Precisamos fazer algumas observações de imediato. Primeiro, fica óbvio que o 
tema desse penúltimo parágrafo do livro é paciência (ou talvez, perseverança). 
Note a repetição: Vs. 7 “pacientes . . . com paciência”; Vs. 8 “pacientes; Vs. 10 
“paciência”; Vs. 11 “perseveraram firmes . . . paciência de Jó” 
Segundo, é interessante notar que o texto destaca pelo menos três vezes a vinda 
do Senhor como a bendita esperança do cristão diante das tribulações. 
Vs. 7 “até a vinda do Senhor”; Vs. 8 “A vinda do Senhor está próxima”; Vs. 9 “O 
juiz está às portas” 
Juntando esses dois temas (paciência e a vinda do Senhor) podemos resumir a 
lição principal que Tiago quer nos transmitir: 
A fé verdadeira persevera em meio a tribulação na esperança da vinda do 
Senhor. 
Como que o cristão maduro enfrenta provação? Descobrimos pelo menos quatro 
atitudes que nos encorajam nesse texto: 
I. A Fé Verdadeira é Paciente em Provação . . . Confiante da Vinda do Senhor 
(7,8) 
Como reagimos diantes das provações dessa vida? 
*Uma doença crônica que rouba nossa alegria 
*Um casamento morto 
*Um filho desviado 
*Um patrão ou colega de serviço ou escola que nos aborrece 
*Uma situação financeira desesperada 
*Uma morte que nos deixa com um vazio constante no coração . . . 
A resposta é: esperar, confiante na vinda do Senhor. Não devemos reivindicar 
bênção, declarar em nome de Jesus que nossos problemas desaparecerão, 
decretar a vontade do Senhor ou, através do pensamento positivo, verter as 
nossas circunstâncias. Quem dera, fosse tão simples! O único conselho que Tiago 
nos dá é: Sede pacientes . . . até a vinda do Senhor. 
7 Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador 
aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as 
últimas chuvas. 
8 Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do 
Senhor está próxima. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 89
A volta de Cristo Jesus é a “bendita esperança” de todo cristão. Jesus falou que 
neste mundo teremos tribulação (Jo 16:33). Paulo ecoou o mesmo princípio 
dizendo que “todos que querem viver piedosamente em Cristo Jesus sofrerão 
perseguição (2 Tm 3:12).” (cf At 14:22) O próprio livro de Jó (Elifaz) falou, O 
homem nasce para o enfado como as faíscas das brasass voam para cima. (5:7) 
A palavra “vinda” do Senhor significa mais que a chegada dele. Refere à presença 
dele também, e esse é o nosso consolo. A dura realidade é que Deus não 
consertará todos os males desse mundo até a volta de Jesus! 
Rm 8:17,18 Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e 
co-herdeiros com Cristo; se com ele sofrermos, para que também com ele 
sejamos glorificados. Porque para mim tenho por certo que os sofimentos do 
tempo presente não são para se comparar com a glória por vir a ser revelada em 
nós. 
2 Co 4:17 Porque a nossa leve momentânea tribulação produz para nós eterno 
peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas coisas que se 
vêem, mas nas que se não vêem, porque as que se vêem são temporais, e as que 
se não vêem são eternas. 
Conforme a ilutração no texto, é impossível ser um fazendeiro, um “lavrador”, um 
agricultor, sem ter paciência! Naquela cultura, havia um tempo prolongado entre 
as chuvas de outubro/novembro (no início do plantio) e março/abril (no final). Um 
tempo de espera, sem nenhum fruto. Mas o jardineiro esperava. . . . e 
esperava . . . na certeza de que o fruto viria. A vida cristã é assim. O segredo de 
perseverança quando o caminho é duro, é saber que Deus está produzindo fruto 
em nós. Gememos em nós mesmos, esperando a colheita. 
Filipenses nos encoraja na vida cristã, que às vezes parece tão lenta, tão 
demorada: Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós 
há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus. (1:6). (Cf. 1 Jo 3:2,3: Amados, agora 
somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Sabemos 
que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque havemos de 
vê-lo como ele é. A a si mesmo se purifica todo o que nele tem esta esperança, 
assim como ele é puro. 
Somos encorajados na vida cristã, mesmo que às vezes pareça tão lenta, tão 
demorada. Deus está produzindo fruto em nossas vidas; mesmo que o resultado 
final demore, virá! 
Mas, como Tiago pôde afirmar que a vinda de Jesus estava próxima, se quase 
2000 anos já se passaram, e Jesus ainda não voltou? Entendemos que, até a 
primeira vinda de Jesus, todo o tempo e a história estavam marchando em direção 
ao precipício chamado “eternidade”. Mas, depois da ressurreição e ascenção de 
Cristo, o próximo evento na cronologia divina é o retorno de Cristo. 
Não resta outro acontecimento antes do final dos tempos. Em outras palavras, 
chegamos à beirada do precipício e estamos agora andando na margem dele. A 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 90
qualquer momento, a qualquer hora, Jesus pode voltar. O fim está próximo! No 
momento em que ele voltar, nosso sofrimento acabará . . . estaremos com o 
Senhor . . . o sofrimento terminará: 
Ap 21:3,4 Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo, Éis o tabernáculo de 
Deus com os homens. Deus habitará com eles. Eles serão povos de Deus e Deus 
mesmo estará com eles. E lhes enxugará dos olhos toda lágrmia, e a morte já não 
existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas 
passaram. 
À luz dessa realidade, temos que fortalecer nossos corações . . . Em outras 
palavras, temos que firmar as raízes para produzirmos fruto em meio a 
tempestade! As raízes fundas na promessa da vinda do Senhor. Devemos 
focalizar nessas verdades, encorajar uns aos outros diariamente, lembrar de 
valores eternos e viver para eles. A palavra “fortalecer” traz a idéia de “fixar, de 
forma resoluta” (Lc 9:51). 
II. A Fé Verdadeira é Paciente em Provação . . . Confiante na Justiça do Senhor 
(9) 
9 Irmãos, não vos queixeis uns dos outros, para não serdes julgados. Eis que o 
juiz está às portas. 
Além da perseguição de fora (dos ricos), havia a possibilidade de aflição de dentro 
da igreja. Tiago é realista. Reconhece que, às vezes, os irmãos não se dão tão 
bem juntos. Paulo também reconheceu esse fato em Ef 4:2 “com toda humildade e 
mansidão, com longanimidade (= paciência), suportando-vos uns aos outros em 
amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no 
vínculo da paz.” 
A ordem é para não se queixarem uns contra os outros. A palavra “queixar” traz a 
idéia de ficar exasperado com alguém, ao ponto de agonizar por dentro, de gemer. 
Foi usada em vários outros textos: 
2 Co 5:2, 4 E por isso, neste tabernáculo gememos, aspirando por ser revistidos 
da nossa habitação celestial 
Rm 8:23 E não somente ela, mas também nós quetemos as primícias do Espírito, 
igualmente gememos em nosso íntimo, guardando a adoção de filhos, a redenção 
do nosso corpo 
Mc 7:34 Jesus, erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse . . . 
Rm 8:26 O Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis 
Tiago adverte os leitores a não se queixarem entre si, pois existe um perigo real 
deles mesmos serem julgados, caso tiverem errado. Mas ao mesmo tempo 
oferece uma palavra de consolo—o Juiz está à porta. Em outras palavras, 
vingança pertence ao Senhor, não a nós. Se nosso irmão nos maltrata, se somos 
blasfemados, alvo de fofocas, Deus sabe disso. Ele pode providenciar uma 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 91
solução. 
Em vez de criar casos entre irmãos, devemos sofrer a injustiça (confiantes na 
justiça do Senhor) antes de corer o risco de injustiçar o outro. Vingança pertence 
ao Senhor, mesmo dentro da família da fé. Deus quer que paz reine entre nós 
(veja 1 Co 6). 
III. A Fé Verdadeira Persevera em Provação . . . Confiante da Misericórdia do 
Senhor (10,11) 
Temos uma rica tradição histórica! A fé dos nossos antepassados, que não 
tiveram os mesmos privilégios como nós, nos deixa um exemplo. Os profetas, que 
falaram com autoridade como representantes do Senhor, sofreram muitos males, 
mas com grande paciência. 
A razão porque todos esses antepassados perseveraram, é porque sabiam algo 
que seus perseguidores não sabiam—que seu Deus era misericordioso e bondoso 
(compassivo). 
10 Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais 
falaram em nome do Senhor. 
11 Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da 
paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de 
terna misericórdia e compassivo. 
A palavra “misericordioso” significa “de grande compaixão”. Em outras palavras, 
Deus SENTE o que sentimos. É isso que o livro de Hebreus fala sobre Jesus: 
Hb 4:15, 16 “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se 
(=sentir junto, sofrer junto conosco) das nossas fraquezas, antes foi ele tentado 
em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, 
portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos 
misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna. (cf. Hb 2:17,18) 
Temos que confiar no caráter do nosso Deus! Em meio a sofrimento, temos que 
fixar nossa âncora naquilo que sabemos ser verdadeiro a respeito de Jesus. O 
difícil em tempos de crise é acreditar que Ele realmente quer o nosso bem . . . que 
Ele realmente é um Deus bom . . . que Ele sente conosco . . . que nos ama. 
IV. A Fé Verdadeira Persevera em Provação . . . Confiante na Soberania do 
Senhor (12) 
12 Acima de tudo, porém, meus irmãos, não jureis nem pelo céu, nem pela terra, 
nem por qualquer outro voto; antes, seja o vosso sim sim, e o vosso não não, para 
não cairdes em juízo. 
Esse versículo parece mudar de assunto. Mas está ligado à idéia de respostas à 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 92
provação. 
Quando nos encontramos em apertos, somos tentados a fazer votos precipitados 
na esperança de nos livrar da situação. Podemos imaginar situações em que 
alguém, querendo se livrar de uma dificuldade, assume um ompromisso, jura por 
algo sobre o qual não tem controle, ou faz uma promessa. Em outras palavras, é 
muito fácil em meio a provação, dizer coisas que você não quis dizer—votos, 
promessas, ameaças, palavrões: “Se o Senhor me livrar dessa, prometo servi-lo o 
resto da minha vida . . .” O juramento é uma tentativa de “validar” as palavras, de 
assumir uma postura de controle e poder que não temos. Deus é o único 
soberano. Só Ele nos livrará do sofrimento, no tempo dEle. Não podemos 
apressar a vontade dEle através de promessas vãs. Por isso, a fé persevera em 
provação confiante na soberania do Senhor, sem tentar manipular a situação 
pelas nossas palavras. 
Ninguém gosta de esperar. Mas às vezes é a melhor maneira de mostrar nossa 
confiança no Senhor. 
Glorificamos a Deus quando perseveramos pacientemente pela vontade dEle, 
confiantes 
1) da Vinda dEle para “acertar as contas” (7,8) 
2) na Justiça dEle, para fazer a coisa certa (9) 
3) na Misericórdia dEle, para ter compaixão de nós (10,11) 
4) na Soberania dEle, para resolver tudo em Seu tempo (12) 
A fé verdadeira persevera em meio a tribulação na esperança da vinda do Senhor.
Parte XIX
O “SHOW DO CRISTÃO"
Tiago 1:26-27 
 Como identificar uma pessoa “espiritual”? Se tivéssemos um “religiômetro”, qual 
seria o índice? 
O número de vezes que realiza uma hora silenciosa? A fidelidade no dízimo? A 
freqüência aos cultos? O corte de cabelo? A “moda” de roupa que usa (ou deixa 
de usar)? 
Infelizmente, nossa definição de espiritualidade muitas vezes reflete somente uma 
perspectiva externa, e não o coração. Por isso 1 Sm 16:7 nos lembra que “O 
homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração”. Medimos espiritualidade muitas 
vezes por atos religiosos, ou às vezes pelo conhecimento que alguém possui. Mas 
a medida de Deus é diferente. Deus não coloca sua fita de medir ao redor da 
cabeça, mas ao redor do coração. 
Parte do problema está com a própria palavra “religião”, que vem do latim 
“religione” e traz a idéia de “religar-se” a um deus. O problema é que essa é uma 
tarefa impossível para o homem através do seu próprio esforço.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 93
A verdadeira religião começa com Deus—o esforço dEle! Ele é o Único capaz de 
esticar os braços o suficiente para nos atrair para si mesmo. O sacrifício de Jesus 
efetuou uma mudança “religiosa”, ou seja, homem e Deus podem ser 
reconciliados de novo, pela transformação no coração humano. 
Os fariseus eram campeões de Religião. Mas era um Show—o “Show da 
Religião”. Mas Deus quer algo diferente. Um “Show do Coração”. Um coração 
verdadeiro, transformado por Jesus. 
Essa transformação no coração tem evidências práticas e claras. São evidências 
que brotam do coração, dificlmente finjidas ou falsificadas. O livro de Tiago, cujo 
tema é “Provas de uma Fé Verdadeira”, nos oferece três avaliações do nosso 
coração que se registram no “religiômetro” divino.
Aprendemos em Tiago 1.26,27 que 
A fé verdadeira REFLETE SUA RELIGIÃO num coração transformado por Jesus.
Nesses versículos encontramos em miniatura as mensagens principais do livro de 
Tiago. 
I. A Verdadeira Religião PENEIRA AS PALAVRAS (26)
O texto começa jogando dúvida sobre a real existência da fé da pessoa que supõe 
ser religiosa. O problema é que sua língua o trai! Se suas palavras só destroem, 
não importa se ela vá à igreja sempre que as portas estejam abertas, se ela leia a 
Bíblia inteira três vezes por ano ou se contribua generosamente para missões. 
Sua religião é vazia! 
Certa vez alguém disse que a língua é o músculo mais comprido do corpo 
humano, pois tem sua origem no coração. Jesus disse, “A boca fala do que está 
cheio o coração” . Tiago faz essa conexão entre a língua e o coração no final do 
versículo quando diz que essa pessoa está “enganando o próprio coração”. 
Tiago expõe o coração humano pelo que é, para que os cristãos deixem Jesus 
tomar controle de seus corações. É triste imaginar que essa pessoa se engana, 
pensando que ela é grande coisa no Reino de Deus, pois participa de muitas 
atividades religiosas. Ela mantém um padrão de espiritualidade estabelecido por 
homens, mas ignora o padrão divino. Seu coração está longe de Deus! 
A palavra “refrear” foi usada para descrever o freio na boca dos cavalos, um 
pequeno instrumento inserido na parte sensível da boca do cavalo e capaz de 
direcionar seu corpo inteiro. O cristão que tem Jesus reinando em seu coração 
usa uma santa peneira para pesar suas palavras ANTES que são faladas. O 
Espírito Santo segura a peneira, e os furos são finos e feitos pela Palavra de 
Deus. As palavras pesadas e podres ele joga fora. Somente o que passa pelaReverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 94
peneira divina sai dos seus lábios. 
Somente o Espírito Santo é capaz de transformar um coração podre num coração 
limpo. Certamente a nossa conversão a Jesus é um bom começo, pois limpa a 
fonte das palavras. Mas é preciso nos vigiar diariamente para manter as águas 
cristalinas (Rm 12.2).
II. A Verdadeira Religião PROTEGE OS MENOS-PRIVILEGIADOS (27a)
O próximo versículo apresenta um contraste. Se religião vazia, inútil e impotente 
manifesta-se numa língua desenfreada, como seria uma religião pura, sem 
mácula? (A palavra traz a idéia de não ter nenhuma mancha, ser irrepreensível). 
Como será uma vida realmente espiritual diante de Deus? 
A resposta é inesperada! Tiago não cita uma lista de afazeres religiosos. Não dá 
pontos pelos anos de freqüência na EBD. Fala do tratamento dado aos órfàos e às 
viúvas.
Naquela época, ainda pior do que hoje, órfãos e viúvas eram pessoas muito 
carentes. Numa sociedade agrícola, sem INSS, orfanatos, asilos, ou assistência 
social, essas pessoas sofriam demais. Quem os ajudava não tinha perspectiva 
nenhuma de retorno. 
Quem “visita” órfãos e viúvas em suas tribulações demonstra “religião” (mudança 
interior) verdadeira. A palavra “visitar” pode nos enganar... a idéia não é de 
simplesmente passar na casa de alguém e dar um “alô” ocasional. O termo 
significa “cuidar, acompanhar, preocupar-se com”. Está no tempo presente, 
indicando que é uma ATITUDE CONSTANTE!
Logo, Tiago destacará ainda mais esse tema quando condena acepção de 
pessoas na igreja (2.1-11) e insensibilidade às pessoas com necessidades reaias 
(2.15-17). 
Como você encara os menos-privilegiados? É sensível e compassivo? Ou crítico e 
cético? Evita-os? Ou procura oportunidades, dentro do possível, para mostrar-lhes 
o amor de Cristo?
Essa idéia de sensibilidade às necessidades daqueles ao nosso redor também 
reflete um tema de destaque no livro de Provérbios (fonte de muitas idéias em 
Tiago):
Provérbios 21:13 O que tapa o ouvido ao clamor do pobre também clamará e não 
será ouvido. 28:27 O que dá ao pobre não terá falta, mas o que dele esconde os 
seus olhos será cumulado de maldições.
29:7 Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o perverso de nada disso quer 
saber.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 95
14:31 O que oprime ao pobre insulta aquele que o criou, mas a este honra o que 
se compadece do necessitado.
19:17 Quem se compadece do pobre ao Senhor empresta, e este lhe paga o seu 
benefício.
31:8,9 Abre a tua boca a favor do mudo, pelo direito de todos os que se acham 
desamparados. 
Abre a tua boca, julga retamente, e faze justiça aos pobres e aos necessitados.
À luz do que Tiago (e Jesus) ensinam a respeito dos menos-privilegiados, a nossa 
primeira resposta não deve ser sair correndo para dar uma esmola. Primeiro Jesus 
quer transformar nosso coração. Precisamos clamar a Ele para nos dar um 
coração compassivo e sensível. 
Fico triste quando ouço como alguns que se dizem cristãos tratam pessoas mais 
humildes. O problema é que não encaram as pessoas como Jesus as encarava. 
Por isso, clamemos a Ele para que sejamos sensíveis, sábios e genuínos na 
proteção dos menos-privilegiados.
III. PRESERVA A PUREZA (27b)
A terceira evidência de uma fé verdadeira, que registra no “religiômetro divino”, é 
uma vida pura. É interessante que Tiago não diz, “Adquira pureza” ou “vença 
espiritualidade pela luta”.
Fala “guardar-se” incontaminado do mundo. O verbo é presente, e traz a idéia de 
uma vigia constante, uma preservação e proteção de uma posição já adquirida.
Mais uma vez, notamos que Tiago vai voltar para essa idéia mais tarde no capítulo 
quatro, quando trata da questão dos desejos mundanos que habitam em nossos 
corações (4.1-4).
Aqui, Tiago soa como o Apóstolo Paulo, que sempre nos chama para uma vida 
DIGNA da alta posição nos concedida em Cristo Jesus! Na conversão obtemos 
essa posição, de sermos vestidos com a justiça de Cristo (2 Co 5:21). Agora, 
baseado nessa alta posição que temos diante de Deus, pelos méritos de Jesus, 
devemos andar de modo digno.
Outra vez, estamos falando sobre mais do que mero comportamento. Trata-se de 
uma questão interna, do coração humano. Guardar-se incontaminado do mundo 
fala sobre muito mais do que observar listas de atividades que você faz (ou deixa 
de fazer). Iinfelizmente, muitas vezes somos mais conhecidos como crentes pelos 
nossos não-fazeres do que pelos fazeres. 
Permitimos que o mundo nos conforme ao seu padrão, ou somos transformados 
diariamente pela realidade de uma cidadania fora deste mundo? Somos seduzidos 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 96
pelas atrações temporais dessa vida, ou temos olhos fixados nas celesteais? 
Paqueiramos o mundo para ver o que ele pode nos oferecer, pensando que 
podemos brincar com tentação? Adotamos os padrões e a aparência do mundo 
para sermos aceitos por ele? 
Jesus nos chamou para ficarmos NO MUNDO, sem sermos DO MUNDO.
O povo do Exodo descobriu como isso é difícil uma vez que você é contaminado 
pelos valores do mundo. Demorou uma noite para tirar Israel do Egito, mas 40 
anos para tirar o Egito do coração de Israel.
O profeta Daniel nos deixa um exemplo positivo de como estar no mundo sem ser 
do mundo. Resolveu não contaminar-se com as finas regalias ilícitas do rei. 
Guardou-se incontaminado do mundo. E Deus honrou-o.
No “religiômetro divino” há três registros que nos ajudam a medir nosso próprio 
coração. A fé verdadeira:
1) Peneira as Palavras
2) Protege os menos-Privilegiados
3) Preserva a Pureza
Resumindo, podemos afirmar que
A fé verdadeira REFLETE SUA RELIGIÃO num coração transformado por Jesus.
Parte XX
SIGNIFICADO DE 'FIM DA LEI"
Em Romanos 10.4 
O grande volume de literatura produzida nos últimos anos enfocando o tema da lei 
em Paulo demonstra o caráter polêmico do assunto.1 Os principais textos "legais" 
do apóstolo têm sido cuidadosamente investigados,2 interpretações tradicionais 
são postas em cheque, surgem novas questões e perspectivas,3 
conseqüentemente soluções inusitadas e desafiadoras são apresentadas.4 A 
interpretação de Romanos 10.4, já bem conhecida como um "campo de batalha", 
tornou-se ainda mais debatida com o surgimento da chamada "nova perspectiva" 
sobre Paulo e a lei.
Esta "nova perspectiva" sobre Paulo e a lei de Moisés vem se desenvolvendo a 
partir de obras de Krister Stendahl (1963) e principalmente E. P. Sanders (1977). 
Nessas obras é descartada a interpretação tradicional que entende que Paulo e o 
Novo Testamento nos apresentam o judaísmo daquele período como uma religião 
legalista. Conseqüentemente, surgiram várias novas interpretações para explicar a 
polêmica de Paulo contra a lei. A abordagem sociológica de J. D. G. Dunn é a que 
tem sido mais aceita: Paulo combate as obras da lei não porque expressam 
legalismo, mas porque "obras da lei" para Paulo se referem aos emblemas 
característicos do judaísmo (leis dietárias, sábado, e circuncisão), os quais 
enfatizam a separação entre judeus e gentios que Cristo aboliu.
É neste contexto que a interpretação de Romanos 10.4 ganha relevância 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 97
extraordinária. O desafio exegético não é somente determinar se te/loj ("fim") deve 
ser entendido por "fim/terminação" ou "alvo/cumprimento" e em que sentido, mas 
agora é preciso tratar também da natureza da antítese presente no contexto em 
face dos novos questionamentos apresentados pela "nova perspectiva". Em outras 
palavras, é preciso determinar se Paulo está combatendo ou não o legalismo 
judaico como tradicionalmente se tem interpretado.
Portanto, nosso intuito neste trabalho é determinar o significado de Romanos 10.4 
em seu contexto, procurando interagir com as principais questões e opiniões 
contemporâneas.
I. Análise Contextual
Nos capítulos 9 a 11 de Romanos Paulo retoma o tema já tratadode maneira 
provisional em 3.1-8, qual seja, a vindicação dos propósitos e do caráter de Deus 
em face à incredulidade dos judeus. S. K. Williams caracteriza o objetivo de Paulo 
em Romanos como a demonstração de que o seu evangelho está em perfeita 
concordância não somente com o plano de Deus mas também com quem Deus é: 
Senhor de todos os povos e para sempre fiel à sua própria natureza e propósito.5 
Observamos também que já em 1.16 Paulo delineia a prioridade dos judeus na 
história da salvação a despeito de sua incredulidade (cp. 2.9-10; 3.1-2). Como 
ressaltou J. C. Beker: "Paulo demonstra como ele integra a universalidade do 
evangelho e a particularidade de Israel."6 
Paulo introduz esta seção da carta (caps. 9-11) falando da tristeza do seu coração 
pela incredulidade dos seus compatriotas judeus (9.1-3) e menciona os privilégios 
concedidos por Deus a eles (9.4-5). Contudo a palavra de Deus não falhou7 , pois 
somente são verdadeiros israelitas os filhos da promessa, os quais são objeto do 
decreto soberano da eleição de Deus (9.6-13). Esta eleição não depende das 
obras praticadas pelas pessoas, quer sejam obras boas ou más, mas da vontade 
do que chama.8 Não há injustiça em Deus porque esta é uma questão de 
misericórdia (9.14-18); assim Deus manifesta tanto a sua ira e poder em vasos de 
ira, preparados para a destruição, como a riqueza da sua glória em vasos de 
misericórdia, preparados de antemão para a glória (9.19-23). A estes (que somos 
nós os crentes) Deus chamou não só dentre os judeus mas também dentre os 
gentios segundo seu propósito manifestado anteriormente pelos profetas (9.25-
29). Nas passagens de Oséias (Os 2.25 e 2.1) citadas em 9.25-26 Paulo faz 
referência à salvação concedida aos dentre os gentios, e nas de Isaías (Is 10.22; 
28.22; 1.9), citadas em 9.27-28, ele faz referência à salvação somente do 
remanescente dos filhos de Israel, que são os seus verdadeiros descendentes.9 
Se até aqui Paulo focalizou o seu tema da perspectiva dos propósitos soberanos e 
do caráter justo de Deus, agora, de 9.30-10.21, ele o focaliza da perspectiva da 
atitude de Israel. No capítulo 11 ele abordará a questão a partir de uma 
perspectiva harmonizada na qual a soberania divina e a responsabilidade humana 
são enfatizadas.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 98
Em contraste com os salvos dentre os gentios, os quais alcançaram a justiça que 
decorre da fé, embora não a buscassem,10 os não-salvos dentre Israel, apesar de 
buscarem lei de justiça, não atingiram essa lei, pois sua busca não decorreu da fé 
e sim como que das obras, e assim vieram a tropeçar na pedra de tropeço porque 
nela não creram (9.30-33).11 Paulo ora pela salvação deles dizendo que são 
zelosos por Deus, porém sem entendimento (10.1-2).O problema deles é 
desconsiderar ( a)gnoou=ntej, "desconhecendo")12 a justiça providenciada por 
Deus e tentar estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitando assim à justiça 
que vem de Deus,13 pois Cristo, para todo o que crê (judeu ou gentio), é o fim de 
se usar a lei para tentar estabelecer a justiça própria14 (10.3-4). A lei traz a 
exigência da prática;15 resta, portanto, ao transgressor da lei16 (quer judeu ou 
gentio) o caminho da justiça que é pela fé em Cristo — "todo aquele (judeu ou 
gentio) que invocar o nome do Senhor, será salvo" (10.5-13). A fé vem pela 
pregação da palavra de Cristo; contudo, a incredulidade dos judeus cumpre os 
propósitos de Deus que incluem também revelar-se aos gentios (10.14-21).
Deus se mantém fiel para com o seu povo ("a quem de antemão conheceu") 
salvando-lhe no presente o remanescente segundo a eleição da graça, do qual 
Paulo faz parte (11.1-5). Sendo pela graça, fica excluído o caminho das obras; a 
justiça17 que Israel continua buscando (e)pizhtei=, "busca"), somente a eleição 
(ou seja, os eleitos) obteve ( e)pe/tuxen, "alcançou"), os demais foram 
endurecidos como profetizado no passado (11.6-10). A incredulidade dos judeus 
serve ao propósito divino de trazer a salvação aos gentios; contudo, essa queda é 
reversível, pois, mediante o ciúme, a "plenitude" de Israel (o número total dos 
eleitos) haverá de ser salva, abandonando a incredulidade, sendo reenxertada na 
sua própria raiz (11.11-24). Somente uma parte de Israel é endurecida e isso 
durará enquanto a plenitude dos gentios está também sendo salva. É desta 
maneira (ou(/twj, "assim") que todo o Israel18 será salvo, como prometido nas 
Escrituras (11.25-27). Por causa da irrevocabilidade dos dons e da vocação de 
Deus, Israel, apesar de estar em posição de inimizade, também participa (desta 
maneira)19 da sua misericórdia concedida a todos (judeus e gentios), pois todos 
estão igualmente encerrados na desobediência (11.28-32). Paulo termina 
exaltando a Deus por sua sabedoria e conhecimento manifestados em seus juízos 
e caminhos soberanos (11.33-36).
II. A Antítese entre Legalismo e Fé e a Nova Perspectiva
Para os eruditos da "nova perspectiva", esta passagem não apresenta qualquer 
indício de que Paulo esteja combatendo o legalismo judaico. E. P. Sanders, por 
exemplo, argumenta que em 10.3 o contraste é entre a justiça que está disponível 
somente ao povo do pacto, o qual é observante da Torá, e uma justiça disponível 
pela fé a todos: 
Sua própria justiça, em outras palavras, significa aquela justiça que somente os 
judeus têm o privilégio de possuir, antes que justiça própria que consiste em os 
indivíduos apresentarem seus méritos como uma reivindicação diante de Deus.20 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 99
J. D. G. Dunn entende que i)di/an, "própria," refere-se não ao status justo que 
cada israelita buscava alcançar, mas à "justiça que é peculiar ao povo do pacto, a 
justiça que era possessão somente deles e não dos gentios."21 S. R. Bechtler 
conclui: 
O problema descrito em 10.3, portanto, não é que Israel, pelos seus esforços 
meritórios, esteja procurando criar a sua própria justiça, mas que o seu zeloso 
apego à sua visão exclusivista do pacto impede a possibilidade da oferta da 
salvação aos gentios fora do pacto.22 
Todavia, toda esta seção (capítulos 9-11), bem como toda a carta, mostra que a 
justiça própria que os judeus procuram estabelecer encontra-se em oposição à 
justiça de Deus, ficando assim do lado oposto no paralelismo antitético que 
permeia toda a carta: por um lado a miséria e as realizações humanas e por outro 
a ação redentora divina em Cristo através da justiça e)k pi/stewj, "pela fé". Não há 
como negar o fato de que Paulo estabelece fortemente uma antítese ao legalismo 
judaico; é o que comprovaremos abaixo.
A. Antítese no contexto próximo
1. Romanos 9.1-29 - Somente os filhos da promessa são considerados filhos de 
Deus e não todos os descendentes naturais de Abraão (9.6-8). Em 9.9, a 
promessa de um filho para Sara contrasta com a providência de Abraão (não 
mencionada no texto) de obter filho da escrava. No caso dos filhos de Rebeca, 
Paulo enfatiza que a eleição23 de Deus independe das obras praticadas, sejam 
boas ou más, quer pelo que é aceito ou pelo que é rejeitado (9.10-13). Ao 
enfatizar que a salvação é concedida somente aos que são contemplados pela 
misericórdia de Deus, Paulo mostra que a vontade e o esforço humanos nada 
podem reivindicar de Deus (9.14-18). O homem não se encontra numa posição na 
qual possa reclamar das escolhas de Deus (9.19-20). Tanto os "vasos de ira" 
como os "vasos de misericórdia" indicam a situação de miséria do homem (9.21-
23). Os verbos e particípio e)ka/lesen, "chamou", kale/sw, "chamarei" , 
h)gaphme/nwn, "amada" , klhqh/sontai, "serão chamados", swqh/setai, "será 
salvo", poih/sai, "cumprirá" e e)gkate/lipen , "deixado," mostram que somente a 
ação de Deus pode reverter a miséria do homem (judeu ou gentio) (9.24-29).
2. Romanos 9.30-10.21 - Não foi o esforço humano (mh\ diw/konta, "que não 
buscavam") que levou os gentios a alcançarem a justiça e)k pi/stewj, "que decorre 
da fé". Por outro lado,Paulo mostra que Israel fracassou em sua busca da no/mon 
dikaiosu/nhj, "lei de justiça", porque o fez ouk ) e)k pi/stewj a)ll )w(j e)c e)/rgwn, 
"porque não decorreu da fé, e, sim, como que das obras"24 (9.30-32). O caminho 
das obras (em contraste com o caminho da fé) implica num tropeço na pedra que 
Deus colocou justamente para que o homem, nela crendo, não ficasse mais nessa 
miserável posição de humilhação (ou) kataisxunqh/setai, "não será confundido") 
(9.32-33). Paulo deixa claro que apesar do zelo que demonstram por Deus, os 
judeus não possuem a salvação (10.1-2). Esta salvação de Deus é recebida 
quando o homem cessa de usar a lei (te/loj no/mou, "fim da lei") para estabelecer 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 100
a justiça própria e, deixando de ignorar o caminho de justiça que Deus 
providenciou, ele se sujeita a esta justiça, crendo que em Cristo ele é salvo 
independentemente de qualquer justiça própria (10.3-4). Paulo estabelece um 
contraste (de, "mas" em 10.6) entre a justiça e)k [tou=,] no/mou, "decorrente da 
lei," e a justiça e)k pi/stewj, "decorrente da fé": pela primeira o homem só obtém 
vida mediante a prática da lei, o que lhe é impossível;25 pela segunda o homem é 
salvo apenas crendo e confessando que em Cristo Deus é quem agiu para nos 
libertar de nossa miséria. Pela invocação do nome do Senhor o homem reconhece 
tanto o seu fracasso em atender às demandas da lei, como também a suficiência 
do poder de Deus para nos salvar (10.5-15). Tanto a incredulidade e a rebeldia de 
Israel, como a insensatez e a indiferença dos gentios, mostram a miséria humana 
e contrastam com a bondade de Deus em chamar a todos para receberem o seu 
favor (quer enviando pregadores do evangelho, ou provocando ciúmes e ira, quer 
revelando-se ou estendendo a mão, 10.16-21).
3. Romanos 11.1-36 - É a graça de Deus (xa/riti, "pela graça") e não as obras dos 
homens (ou)ke/ti e)c e)/rgwn , "já não é pelas obras") que determina a eleição 
divina do remanescente de Israel, eleição essa que traz salvação a esse 
remanescente (ontem e hoje), em contraste com o fracasso da atual busca de 
Israel que só traz mais endurecimento, cegueira e miséria (11.1-10). Somente 
Deus pode reverter a miséria humana: primeiro, Deus usa o tropeço de Israel para 
trazer a salvação, riqueza e reconciliação aos gentios; segundo, Deus usa o ciúme 
de Israel para salvar e restabelecer à vida os que fazem parte da plh/rwma 
a)utw=n, "sua plenitude"; só Deus, em sua bondade, é poderoso para enxertar 
(pela fé) os gentios na oliveira boa, e nela reenxertar (afastando a 
incredulidade)26 os ramos naturais cortados (judeus incrédulos) (11.11-24). 
Enquanto as palavras "impiedades", "pecados", "inimigos" descrevem a miséria 
judaica, por outro lado, Deus, em sua fidelidade e amor, é aquele que liberta 
completamente o seu povo (11.25-29). Tanto gentios como judeus estão 
aprisionados na desobediência; somente pela misericórdia de Deus podem ser 
libertados (11.30-32). Só Deus merece o louvor das suas criaturas, pois ninguém 
primeiro deu a ele para que Deus lhe ficasse devendo uma retribuição, pelo 
contrário, "dele e por meio dele e para ele são todas as cousas. A ele, pois, a 
glória eternamente. Amém."(11.33-36).
Em resumo: O contexto descreve os judeus incrédulos como estando cortados da 
raiz santa, aprisionados na desobediência, vivendo em impiedade e pecados 
como inimigos, estando endurecidos, cegados, num estado de miséria, tendo 
tropeçado, procurando, todavia, ser zelosos por Deus, porém sem entendimento, 
tentando estabelecer sua justiça própria, justiça que julgam provir da lei, como que 
pelas obras, ignorando a justiça de Deus em Cristo, não se sujeitando a ela, tendo 
fracassado completamente em seus esforços. Estão mortos (11.15)!27 Schreiner, 
tendo em mente as idéias de J. D. G. Dunn, observa corretamente: "Práticas que 
separavam os judeus dos gentios, tais como circuncisão, sábado e leis 
alimentares, não são sequer mencionadas nesta seção da carta." E conclui: 
Parece que a maneira mais natural de se ler Romanos 9.32 e 10.3 é ver que os 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 101
judeus fracassaram ao tentarem ser justos com base em suas obras, e estas 
obras não podem ser limitadas a parte da lei. Assim, está evidente no texto uma 
crítica à justiça-de-obras num sentido amplo. Embora Paulo proclame a inclusão 
dos gentios em Romanos 9-11, os judeus não são especificamente reprovados por 
serem tão exclusivos em Romanos 9.30-10.8. Pelo contrário, eles são censurados 
por fracassarem na obediência à lei e por legalismo.28 
B. Antítese na carta
1. Romanos 3.19-20 - Nesta passagem Paulo está resumindo o seu argumento 
anterior (Rm 1.18-3.18). O significado de "obras da lei" em 3.20 não pode ser 
separado do que Paulo diz a respeito da lei em Romanos 2. Nesse capítulo, Paulo 
claramente está procurando convencer os judeus do fracasso de sua tentativa de 
guardar a lei. Paulo não os critica por observarem a circuncisão, mas por não 
obedecerem às normas morais da lei (2.21-22) enquanto pensam que a 
circuncisão poderia protegê-los do julgamento de Deus. Conclui-se que "obras da 
lei" em 3.20 designa de maneira ampla os atos exigidos pela lei, e a razão para a 
condenação é o fracasso em se guardar a lei. Romanos 3.20 fala da incapacidade 
humana para obedecer a lei. O problema não é uma atitude errada ou um espírito 
exclusivista, mas sim a desobediência. Paulo afirma que ninguém será justificado 
por fazer o que a lei requer, pois ninguém obedece toda a lei.
2. Romanos 3.27-4.529 - Apesar da nova exegese deste texto apresentada pelos 
representantes da nova perspectiva,30 a maneira mais natural de se ler esta 
passagem é ver aqui uma polêmica contra a tentativa de se obter salvação pela 
prática de boas obras. Paulo afirma que a jactância foi excluída não pela "lei das 
obras" mas pela "lei da fé". O verso 28 provê a base (ga/r, "pois") para a exclusão 
dessa jactância. A jactância é excluída porque "o homem é justificado pela fé 
independentemente das obras da lei." Como "obras da lei" refere-se à lei como um 
todo, pode-se concluir que Paulo está falando contra aqueles que chegam a se 
orgulhar por tentarem obter a salvação por sua prática das obras prescritas na lei 
de Moisés. Paulo continua tratando do mesmo assunto usando o caso de Abraão 
em 4.1-5. A prática de determinadas obras constitui a base para a jactância (4.2). 
Se Abraão tivesse sido justificado desta maneira, Deus lhe seria obrigado a pagar 
o salário por ter realizado essa obra requerida (4.4). Mas não foi assim que 
Abraão foi justificado; foi a sua fé em Deus que lhe foi imputada/reconhecida para 
justiça (4.3), e assim, como ímpio que era, ele recebeu a dom divino da justiça 
salvadora (4.5).31 
3. Romanos 4.6-8 - Davi fala de uma "justiça à parte das obras" como sendo a 
bênção do perdão das iniqüidades e pecados. Para Davi, "iniqüidades" e 
"pecados" (verso 7) são uma outra maneira de descrever as obras que se diz 
estarem faltando (xwri\j e)/rgwn, "independentemente de obras") no verso 6. Não 
se pode inferir das palavras de Paulo que os "pecados de Davi" consistiam numa 
ênfase na circuncisão ou em outros "emblemas separadores" que causavam a 
exclusão dos gentios do povo de Deus (a circuncisão, as leis dietárias, e o 
calendário religioso judaico). As suas "impiedades" e "pecados" descritos aqui são 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 102
termos gerais para aquele que peca por desobedecer a lei. Schreiner conclui: 
A conexão entre o fracasso (sic) de Davi em realizar as "obras" necessárias em 
4.6 e a reivindicação de Paulo de que a justiça é "à parte das obras da lei" (3.28) 
sugere que a razão pela qual as "obras da lei" não justificam é o fracasso em se 
obedecer toda a lei.32
Na conclusão de sua pesquisa na carta aos Gálatas, Augustus N. Lopes 
afirma: 
...o ataque de Paulo às "obras da lei" em Gálatasfaz parte da sua polêmica mais 
geral contra o sistema legalista e inadequado do judaísmo palestino, como uma 
religião de méritos e em direta oposição ao evangelho da graça revelado em 
Cristo, conforme tradicionalmente se vem afirmando. Embora a ênfase de Dunn na 
função sociológica da lei nos desafie a ampliar nossa interpretação e incluir 
também este aspecto na polêmica de Paulo contra as "obras da lei" em Gálatas, 
sua tese fundamental, bem como muitas teses da "nova perspectiva" sobre o 
judaísmo e Paulo, não pode ser aceita senão debaixo de severas restrições e 
qualificações. Portanto, desde que não conseguimos ser convencidos por elas, 
resta-nos permanecer com a interpretação tradicional, que, mesmo parecendo 
antiquada e indefensável para muitos, continua refletindo mais exatamente a 
intenção de Paulo ao afirmar que a salvação é pela fé, sem as "obras da lei".33 
III. Fim ou Alvo da Lei ?
Já vimos que o contexto mostra (1) que Paulo está combatendo o legalismo 
judaico, (2) que os judeus deveriam ter cessado de usar a lei para tentar 
estabelecer a justiça própria, (3) que a salvação oferecida na pregação da fé 
implica numa sujeição à justiça de Deus, ou seja, em cessar de confiar nos 
supostos méritos próprios (provindos da prática das obras da lei) para confiar 
somente em Cristo, o Redentor, (4) que Cristo é um salvador tão suficiente que 
para o homem receber essa salvação ele deve cessar de inquirir sobre o que 
precisa praticar para ser salvo, pois basta invocar o nome do Senhor, crendo e 
confessando a Jesus como Senhor. Diante disso, vemos que Paulo está tratando 
da questão da experiência pessoal da salvação, da apropriação da justiça de Deus 
em Cristo. É nesse contexto que ele afirma que Cristo é fim da lei (te/loj no/mou) 
para justiça a/para/de todo o que crê, e a maneira mais natural de entender esta 
expressão, de acordo com o contexto é: "Cristo é a cessação da lei com vistas à 
justiça, isto para todo o que crê."
Notamos que Paulo não está fazendo uma declaração abrangente sobre o 
relacionamento entre o Velho Testamento e o Novo Testamento, ou afirmando que 
no Novo Testamento a lei tem um papel predominantemente negativo. Parece ser 
esse o receio dos que, apesar de aceitarem que no contexto Paulo trata do 
legalismo judaico, ainda preferem traduzir te/loj por "alvo". É o caso de C. E. B. 
Cranfield: 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 103
Aqueles que pensam que a atitude de Paulo para com a lei era 
predominantemente negativa são naturalmente inclinados a escolher o sentido, 
"terminação"...Esta interpretação possui muitos adeptos; mas, à vista de 
passagens tais como Romanos 7.12, 14a, 8.4, 13.8-10 e da declaração categórica 
em Romanos 3.31, e também do fato de que Paulo repetidamente apela para o 
Pentateuco para apoiar os seus argumentos (talvez especialmente sugestivo seja 
o fato que ele faz assim em Romanos 10.6-10), parece extremamente provável 
que ela deva ser rejeitada, e a tradução "alvo" preferida.34 
Vê-se que este receio de Cranfield o impediu até de considerar a interpretação 
que defendemos, a qual não implica numa abrogação da lei no Novo Testamento. 
Entende-se a posição de Cranfield como uma reação contra os que afirmam que 
em Romanos 10.4 Paulo ensina que Cristo aboliu a lei. Não é este o nosso caso. 
Concordo inteiramente com a advertência e conclusão de Schreiner: 
...o principal problema com muitas interpretações de Romanos 10.4 é que os 
eruditos estão tentando apoiar seu entendimento global do relacionamento entre a 
lei e o evangelho com base neste texto. Conseqüentemente, grandes batalhas são 
travadas sobre se Cristo é o alvo ou o fim da lei. Os assuntos nesta disputa 
teológica são inteiramente cruciais, e carecem de novas discussões. Mas a minha 
tese neste artigo é que Paulo em Romanos 10.4 tem em vista algo mais modesto. 
O problema específico que ele combate é a tendência humana de fazer mal uso 
da lei para estabelecer a justiça própria. O propósito do texto não é prover uma 
declaração programática sobre o relacionamento entre o evangelho e a lei. Paulo 
está respondendo a um problema específico: o uso da lei para se estabelecer a 
justiça própria. Não é para se surpreender, então, que Romanos 10.4 viesse a 
conter um declaração experimental, pois Paulo está reagindo a um problema 
experimental. Tal tentativa de se estabelecer a justiça própria tem grandes 
conseqüências para Paulo, visto que os que assim fazem fracassaram em se 
submeter à justiça salvadora de Deus. Eles deveriam ter se submetido à justiça de 
Deus, visto que crer em Cristo é o fim de se usar a lei para estabelecer a justiça 
própria para todos os que crêem.35 
A. A Palavra "te/loj"
Alguns afirmam que te/loj em Paulo geralmente significa "alvo". Todavia, essa 
teoria não pode ser sustentada pela evidência. A única passagem Paulina em que 
te/loj pode significar "alvo" é 1 Timóteo 1.5. Os dois usos de te/loj em Romanos 
6.21-22 devem ser traduzidos por "resultado" e não por "alvo". Em 2 Coríntios 3.13 
te/loj deve ser traduzido por "fim"; dificilmente poderia significar "alvo". O sentido 
temporal de te/loj pode ser constatado como predominante no Novo Testamento, 
tanto em construções preposicionais (certamente em Mt 10.22; 24.13; Mc 13.13; 1 
Co 1.8; Hb 3.14; 6.11; Ap 2.26; provavelmente em Lc 18.5; Jo 13.1; 2 Co 1.13; 1 
Ts 2.16), como em construções sem preposição (certamente em Mt 24.6, 14; Mc 
3.26; 13.7; Lc 1.33; 21.9; 1 Co 15.24; Hb 7.3; 1 Pe 4.7; Ap 21.6; 22.13; 
provavelmente em Mt 26.58). As únicas passagens em que te/loj poderia significar 
"alvo", em nosso entender, além de 1 Timóteo 1.5, são 1 Pedro 1.9 e Lucas 22.37.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 104
Em Romanos 10.4 ambas as interpretações são possíveis, dado o uso da palavra; 
todavia, a maneira mais comum em que Paulo usa esse termo nos leva a esperar 
o sentido "fim". Não há, como vimos na análise anterior, argumentos contextuais 
para preferirmos "alvo"; portanto, linguisticamente é preferível traduzir te/loj por 
"fim". Käsemann afirma ser ridículo enfatizar a conexão lógica com a metáfora de 
corrida em 9.31s e, em assim fazendo, esquecer de 9.32s.36 
B. Argumentos Finais na Interpretação de Romanos 10.4
A relação lógica entre os versos 3 e 4 apoia a nossa interpretação. A conjunção 
ga/r, "porque," no início de 10.4, mostra que este verso está intimamente ligado ao 
verso anterior. A principal proposição do verso 3 é que os judeus não se 
submeteram à justiça de Deus. Vimos que a melhor maneira de entendermos isso 
é que os judeus não se submeteram à ação de Deus pela qual ele declara justos 
os que nele confiam. Os dois particípios (a)gnoou=ntej, "desconhecendo," e 
zhtou=ntej, "procurando") no verso 3 explicam a razão pela qual os judeus não se 
submeteram à justiça salvadora de Deus: porque eles ignoraram a justiça de Deus 
e porque eles tentaram estabelecer a sua própria justiça. Vimos pela ligação com 
o contexto (em especial 9.30-33) e com toda a polêmica contra o legalismo judaico 
nesta carta, que Paulo está afirmando que alguns judeus pensavam que poderiam 
obter justiça pela prática daquilo que a lei determina. Está claro que Paulo entende 
que eles estavam errados em não se sujeitar à justiça de Deus e que esta sujeição 
deveria se expressar através da fé em Cristo. O verso 4, então, provê a razão pela 
qual os judeus deveriam ter se submetido à justiça de Deus: Cristo põe um fim à 
tentativa de se estabelecer a justiça própria. Leon Morris registra a expressão de 
Victor P. Furnish: Cristo "escreve ‘finis’ ao triste espetáculo da vã tentativa humana 
de alcançar a vida através das obras da lei."37 Schreiner acertadamente observa: 
A íntima conexão entre os versos 3-4 demonstra que Paulo não está fazendo uma 
declaração teológica global entre a lei e o evangelho no verso 4. Ele está 
respondendo ao problema específico levantado no verso 3 de pessoas 
erroneamente usando a lei paraestabelecer sua própria justiça. No verso 4 Paulo 
afirma que aqueles que crêem em Cristo cessam de usar a lei como um meio para 
se estabelecer a justiça própria.38 
Há pessoas que desaprovam esta exegese afirmando que ei)j dikaiosu/nhn, "para 
justiça," está mais próximo de Xristo/j, "Cristo", do que de te/loj ga/r no/mou, 
"porque o fim da lei". Devemos notar, entretanto, que esta última frase é movida 
para o início da oração para dar ênfase ao fato de que Cristo põe um fim nessa 
atitude errada para com a lei. "Seifrid corretamente argumenta que ei)j 
dikaiosu/nhn, "para justiça," não está relacionado a tudo quanto precede mas 
somente ao nominativo predicativo te/loj no/mou, "fim da lei"."39 
A expressão panti\ t%= pisteu/onti, "a/para/de todo o que crê," dá suporte à idéia 
de que Paulo não está fazendo uma declaração global sobre a relação entre o 
evangelho e a lei. Cristo não é o fim de se usar a lei para justiça no caso dos 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 105
judeus do verso 3. O verso 4 é uma declaração acerca da experiência dos crentes 
em Cristo, qual seja: todos os que confiam em Cristo para serem justificados 
cessam de usar a lei para estabelecer a sua própria justiça.
A partícula ga/r, "pois, ora," no verso 5 indica que os versos 5-8 provêem uma 
base para o verso 4: o verso 5 afirma que aquele que busca a justiça da lei viverá 
somente se praticar a lei . Por causa da exigência da prática da lei pelo homem40 
nesse verso 5 e o contraste das obras com a fé em todo o contexto, como temos 
mostrado, deve-se concluir que há uma idéia implícita neste verso, qual seja: 
ninguém pode cumprir a lei e, assim, a justiça não pode ser alcançada através da 
tentativa de se guardar a lei. Os versos 6-8 ensinam que Cristo já realizou tudo o 
que nos era impossível de cumprir. A justiça não vem pela prática da lei, pois 
ninguém pode cumpri-la perfeitamente; a justiça é oferecida mediante a fé em 
Cristo. Desta maneira, os versos 5-8 fundamentam o verso 4 ao confirmarem que 
o crer em Cristo põe um fim em toda a tentativa de se obter justiça através da lei.
É importante observar que Paulo não está sugerindo aqui que antes da vinda de 
Cristo todos os judeus usavam a lei para estabelecer a justiça própria. Paulo 
ensina que Abraão (Rm 4.1-5; Gl 3.6-9) e Davi (Rm 4.6-8) foram salvos pela fé e 
não pelas obras. É justo entender que Paulo está mencionando Cristo no verso 4 
porque agora, com a chegada de Cristo na plenitude dos tempos41 (Gl 4.4), o 
modo específico de se manifestar confiança em Deus e em suas promessas é 
depositar a confiança em Deus que enviou seu Filho para fazer propiciação pelos 
nossos pecados (Rm 3.21-26).
IV. Conclusão
Romanos 10.4 deve ser entendido a partir da perspectiva da polêmica de Paulo 
contra o legalismo judaico. Os judeus deveriam ter deixado de procurar 
estabelecer a sua própria justiça pela prática da lei porque pela prática da lei 
ninguém será justificado, visto que todos, judeus e gentios, estão debaixo do 
pecado. Antes, eles deveriam ter se submetido à justiça de Deus crendo em 
Cristo. Cristo, sim, realizou aquilo que é impossível aos homens, para obter-lhes a 
justiça, a qual ele lhes oferece gratuitamente pela fé, à parte das obras da lei. Os 
judeus deveriam, portanto, ter compreendido que Cristo, para aquele que crê, põe 
um fim a esta maneira errônea de buscar a justiça pelas obras da lei.
Paulo não está fazendo uma declaração teológica global acerca do 
relacionamento entre a lei e o evangelho. Ele não está afirmando que a lei foi 
abolida, nem que Cristo é o alvo da lei, nem que a exclusividade da lei foi posta de 
lado, etc. Ele está tratando, a partir da perspectiva da experiência dos crentes, do 
problema do legalismo dos judeus: Cristo, para o crente, é o fim do legalismo. 
Usando a frase de Furnish: Cristo "escreve ‘finis’ ao triste espetáculo da tentativa 
humana de obter vida através das obras da lei."
V. Implicações Práticas de"Alvo" ou "Fim"
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 106
O problema do legalismo não foi só do judeu no passado, mas está sempre 
presente como uma tentação para os cristãos de todos os tempos. É comum hoje 
encontrar crentes legalistas que não se dão conta da incoerência de suas 
posições: confiam em Cristo como Salvador, mas sentem que precisam fazer algo 
para merecer a sua salvação. Pastores se debatem contra o legalismo evangélico 
de suas ovelhas; parece que a soteriologia legalista do romanismo, espiritismo, 
etc., ainda influencia a vida de fé dos convertidos. Problemas de depressão 
espiritual têm, por vezes, como raiz, uma apreensão defeituosa e distorcida da 
justificação pela fé. Ademais, na evangelização do povo brasileiro é imprescindível 
focalizar que Cristo põe fim à tendência humana de pensar que se pode "comprar" 
com obras a eterna salvação.
Vê-se que este texto de Paulo é tremendamente prático, e aplica-se a todos os 
casos acima mencionados, ajudando para que hoje as pessoas tenham uma 
verdadeira experiência da salvação, uma fé verdadeira. Esta nossa interpretação 
entende que Paulo está tratando da experiência das pessoas de seu tempo, de 
seus patrícios que erraram nessa área, bem como de crentes que descobriram em 
Cristo a libertação do legalismo. A interpretação que traduz te/loj por "alvo" não 
realça tanto este aspecto experimental presente tanto no texto como em seu 
contexto, pelo contrário, introduz uma discussão teológica sobre o relacionamento 
entre os testamentos que chega a obscurecer o contraste (em 10.5-15) entre o 
caminho inviável das obras e o caminho da graça mediante a fé em Cristo.
Notas
1 Ver, por exemplo, o artigo de Douglas J. Moo, "Paul and the Law in the Last Ten 
Years," em Scottish Journal of Theology 40 (1987) 287-306.
2 Conferir o esforço para categorizar os usos paulinos de no/moj, "lei," por 
exemplo, em Douglas J. Moo, "‘Law’, ‘Works of the Law,’ and Legalism in Paul," 
em Westminster Theological Journal 45 (1983) 73-100.
3 John M. G. Barclay, em seu artigo "Paul and the Law: Observations on Some 
Recent Debates," em Themelios 12 (September 1986) 5-15, oferece um excelente 
resumo dos principais pontos em debate.
4 Thomas R. Schreiner, em seu artigo "‘Works of the Law’ in Paul," em Novum 
Testamentum 33 (1991) 217-244, apresenta e combate as novas soluções; James 
D. G. Dunn, em "The New Perspective on Paul," em Bulletin of the John Rylands 
Lybrary 65 (1983) 95-122, descreve o novo panorama nos estudos paulinos e 
defende a sua teoria.
5 S. K. Williams, "The ‘Righteousness of God’ in Romans," em Journal of Biblical 
Literature 99 (1980) 254.
6 J. C. Beker, Paul the Apostle (Philadelphia: Fortress, 1980) 89.
7 "E não pensemos que a palavra de Deus haja falhado" (9.6) é confirmado 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 107
adiante em 9.28: "porque o Senhor cumprirá a sua palavra sobre a terra, 
cabalmente e em breve". Toda a seção é recheada de citações do Velho 
Testamento para comprovar o cumprimento da palavra de Deus.
8 Paulo neste ponto menciona a antítese sustentada em toda a carta: a salvação 
de Deus não é procedente de obras humanas. Ver 9.32 e 11.6.
9 Esta mesma distinção interna dentro da descendência "segundo a carne" de 
Abraão também é feita em 9.6 ("Israel"), 9.7 ("seus filhos", "tua descendência"), 
9.8 ("filhos de Deus", "devem ser considerados como filhos da promessa"), 11.5 
("remanescente segundo a eleição da graça"), 11.7 ("a eleição"), 11.12: ("a sua 
plenitude"), e 11.28 ("amados por causa dos patriarcas"). Ver também Romanos 
2.28-29 ("judeu é aquele que o é interiormente").
10 Romanos 10.19-20 revela que esta conquista dos gentios é fruto da iniciativa 
de Deus.
11 A antítese agora é entre "das obras" e "da fé" sendo que em 9.11 (no grego, 
v.12) é entre "por obras" e "por aquele que chama", isto por causa da perspectiva 
usada em cada seção. Em 11.6 é entre "pelas obras" e "pela graça".
12Comparar o sentido do verbo em 1 Coríntios 14.38 e Romanos 2.4.
13 Paulo já havia tratado desta justiça de Deus em Cristo "no tempo presente" em 
3.21-26.
14 Esta é a interpretação que defenderei adiante.
15 Comparar com 2.13 ("Porque os simples ouvidores da lei não são justos diante 
de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados") e 2.25 ("Porque a 
circuncisão tem valor se praticares a lei").
16 Paulo já tinha mostrado que o judeu é transgressor da lei em 2.17-27. Também 
em 3.9-19, 23.
17 Não há como negar o paralelo com 9.30-32 (diw/kwn no/mon dikaiosu/nhj, "que 
buscava lei de justiça") e 10.1-5.(th\n i)di/an [dikaiosu/nhn] zhtou=ntej sth=sai, 
"procurando estabelecer a sua própria (justiça)".
18 "Todo o Israel" (11.26) que será salvo é distinto da nação de Israel como um 
todo (11.25), tal como em 9.6: "nem todos os de Israel são de fato israelitas". Ver 
também 2.28, 29; 4.12; 9.7-8.
19 Acima descrita: possuindo um remanescente eleito pela graça de Deus (9.6-8, 
23, 27-29, 11.5-7, 12, 26), o qual está sendo e será salvo (9.24, 27; 11.1-5, 14, 15, 
25-27, 31-32) pela fé em Jesus (10.9-13; 11.20 com 11.23), mesmo que seja 
mediante a incitação à emulação (10.19; 11.11-14, 23-24, 28, 30-32).
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 108
20 E. P. Sanders, Paul, the Law, and the Jewish People (Philadelphia: Fortress, 
1983) 38. Tradução minha, itálicos dele.
21 J. D. G. Dunn, Romans, WBC (Dallas: Word, 1988) 2:587, tradução minha.
22 S. R. Bechtler, "Christ, the te/loj of the Law: The Goal of Romans 10:4," em 
Catholic Biblical Quarterly, 56 (1994) 298, tradução minha.
23 A palavra e)klogh/, "eleição" (9.11), é a mesma usada para a eleição da graça 
para a salvação em 11.5-7, onde também há um contraste com e)c e)/rgwn, "pelas 
obras".
24 Esta expressão no presente contexto indica a realização humana tentando 
alcançar justiça. Moo observa que neste contexto (9.11-12) "obras" deve incluir 
qualquer coisa que os homens façam, "quer boa ou má", e afirma: "‘Obras’ são 
consideradas como sendo boas ações que poderiam ser concebidas como 
meritórias " ( "‘Law’, ‘Works of the Law,’" 95-96, tradução minha, itálicos dele).
25 Paulo já havia mostrado em 3.20 que este caminho é impossível ao pecador: 
"visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que 
pela lei vem o pleno conhecimento do pecado," e já havia dado a razão em 3.9: 
"pois já temos demonstrado que todos, tanto judeus como gregos, estão debaixo 
do pecado".
26 Comparar com 11.26: "apartará de Jacó as impiedades".
27 É surpreendente como esta descrição se encaixa com o "eu" de Romanos 7.9-
25: "...e eu morri. E o mandamento que me fora para vida, verifiquei que este 
mesmo se me tornou para morte. Porque o pecado, prevalecendo-se do 
mandamento, pelo mesmo mandamento me enganou e me matou" (7.9b-11).
28 Thomas R. Schreiner, "Paul’s View of the Law in Romans 10.4-5," em 
Westminster Theological Journal 55 (1993) 116-117, tradução minha.
29 Ver a defesa de Schreiner de que 3.27-28 trata do mesmo assunto que 4.1-5, 
em "‘Works of the Law’ in Paul," 232.
30 Ver exposição e avaliação por Schreiner, "‘Works of Law’ in Paul," 233-238.
31 Para uma defesa convincente a partir deste e de outros textos paulinos de que 
Paulo combatia o legalismo, veja R. H. Gundry, "Grace, Works, and Staying Saved 
in Paul," em Biblica 66 (1985) 1-38. Também B. L. Martin, Christ and the Law in 
Paul, SuppNovT 62 (Leiden: Brill, 1989) 93-96.
32 Schreiner, "‘Works of the Law’ in Paul," 229, tradução minha.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 109
33 Augustus N. G. Lopes, "Paulo e a Lei de Moisés: Um Estudo sobre as ‘Obras 
da Lei’ em Gálatas" em Chamado para Servir: Ensaios em Homenagem a Russell 
P. Shedd, ed. Alan B. Pieratt (São Paulo: Vida Nova, 1994) 71.
34 C. E. B. Cranfield, "St. Paul and the Law," em Scottish Journal of Theology 
(1964) 49, tradução minha.
35 Schreiner, "Paul’s View of the Law in Romans 10:4-5," 124, tradução minha.
36 E. Käsemann, Commentary on Romans (Grand Rapids: Eerdmans, 1980) 283.
37 L. Morris, The Epistle to the Romans (Grand Rapids: Eerdmans, 1988) 381, 
tradução minha.
38 Schreiner, "Paul’s View of the Law in Romans 10:4," 122, tradução minha.
39 Ibid., 123, referindo-se a M. A. Seifrid, "Paul’s Approach to the Old Testament in 
Romans 10:6-8," em Trinity Journal 6 (1985) 9, nota 29, tradução minha.
40 Cranfield entende que se trata do homem Jesus Cristo e que o de\, "mas," no 
verso 6 indica o contraste entre o justo estado que Cristo obteve por sua 
obediência, por suas obras, e o justo estado que os homens recebem pela fé nele 
(Romans, 2:521-22). Ao fazer isso Cranfield se vê obrigado a afirmar que a citação 
desse mesmo verso de Levítico 18.5 em Gl 3.12 também refere-se à obediência 
de Cristo (Romans, 2:522 n. 2), o que é totalmente improvável. Contra Cranfield 
veja a argumentação de F. F. Bruce, Commentary on Galatians, NIGNTC (Grand 
Rapids: Eerdmans, 1982) 163; e também Schreiner, "Paul’s View of the Law in 
Romans 10:4," 126.
41 Käsemann corretamente chama atenção para o "argumento profundamente 
apocalíptico" do texto, mas erroneamente o liga a uma descontinuidade e 
contradição entre a lei e Cristo (Romans, 282).
Parte XX
OS IRMÃOS DE JESUS 
Os "irmãos de Jesus", de que fala a Bíblia, seriam apenas seus primos? José 
continuou sem conhecer sua esposa mesmo depois do nascimento de Jesus? O 
que dizem os comentaristas nas bíblias aprovadas pela Igreja Católica? É 
admissível supor que os irmãos de Jesus, que não criam nele, fossem seus 
apóstolos? Tentaremos encontrar respostas para essas indagações. Usaremos as 
seguintes versões bíblicas: 
(a) A BÍBLIA DE JERUSALÉM, Paulus Editora, 1973, 8a impressão em 
janeiro/2000, rubricada em 1.11.1980 por Paulo Evaristo Arns, Arcebispo 
Metropolitano de São Paulo. O trabalho de tradução foi "realizado por uma equipe 
de exegetas católicos e protestantes e por um grupo de revisores literários". Nas 
referências, será assim mencionada: Bíblia {católica] de Jerusalém. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 110
(b) BÍBLIA SAGRADA, Edição Ecumênica, tradução do padre Antônio Pereira de 
Figueiredo; notas e dicionário prático pelo Monsenhor José Alberto L. de Castro 
Pinto, Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro; edição aprovada pelo cardeal D. Jaime de 
Barros Câmara, Arcebispo do Rio de Janeiro; BARSA, 1964. Nas referências, será 
designada assim: Bíblia [católica] Sagrada.
(c) BÍBLIA APOLOGÉTICA, João Ferreira de Almeida, Corrigida e Revisada, ICP 
Editora, 2000, notas do Instituto Cristão de Pesquisas. Será assim indicada: Bíblia 
Apologética. 
(d) BÍBLIA DE ESTUDO PENTECOSTAL, Almeida, revista e corrigida, Casa 
Publicadora das Assembléias de Deus (CPAD), 1995. será referida: Bíblia de 
Estudo Pentecostal. 
Inicialmente, veremos os versículos que falam dos "irmãos de Jesus", extraídos da 
Bíblia [católica] de Jerusalém: 
"Não é ele o filho do carpinteiro? E não se chama a mãe dele Maria e seus irmãos 
Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde 
então lhe vêm todas essas coisas? E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes 
disse: "Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa" (Mateus 
13.55-58; Marcos 6.3-6). 
"Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e seus irmãos estavam fora, 
procurando falar-lhe.Jesus respondeu àquele que o avisou: "Quem é minha mãe e 
quem são meus irmãos?" E apontando para os discípulos com a mão, disse: "Aqui 
estão a minha mãe e os meus irmãos, porque aquele que fizer a vontade de meu 
Pai que está nos Céus, esse é meu irmão, irmã e mãe". (Mateus 12.46-50; Marcos 
3.32-35; Lucas 8.19-21). 
"Depois disso, desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos e seus discípulos, 
e ali ficaram apenas alguns dias". (João 2.12). 
"Aproximava-se a festa judaica das Tendas. Disseram-lhe, então, os seus irmãos: 
'Parte daqui e vai para a Judéia,para que teus discípulos vejam as obras que 
fazes, pois ninguém age às ocultas, quando quer ser publicamente conhecido. Já 
que fazes tais coisas, manifesta-te ao mundo!' Pois nem mesmo os seus irmãos 
criam nele"(João 7.2-5). 
"Tendo entrado na cidade, subiram à sala superior, onde costumavam ficar. Eram 
Pedro e João, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus;Tiago, filho de 
Alfeu, e Simão, o Zelota; e Judas, filho de Tiago.Todos estes, unânimes, 
perseveravam na oração com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de 
Jesus, e com os irmãos dele" (Atos 1.13-14). Comentários da Bíblia de Jerusalém: 
"O apóstolo Judas é distinto de Judas, irmão de Jesus (cf. Mt 13.55; Mc 6.3) e 
irmão de Tiago (Judas 1). Não se deve também, parece, identificar o apóstolo 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 111
Tiago, filho de Alfeu, com Tiago, irmão do Senhor (At 12.17; 15.13, etc)". 
"Não temos o direito de levar conosco, nas viagens, uma mulher cristã, como os 
outros apóstolos e os irmãos do Senhor e Cefas?" (1 Coríntios 9.5). 
"Em seguida, após três anos, subi a Jerusalém para avistar-me com Cefas e fiquei 
com ele quinze dias.Não vi nenhum apóstolo, mas somente Tiago, o irmão do 
Senhor. Isto vos escrevo e vos asseguro diante de Deus que não minto" (Gálatas 
1.18-20). Comentários da Bíblia de Jerusalém: "Outros traduzem: "a não ser 
Tiago", supondo que Tiago faça parte dos Doze e se identifique com o filho de 
Alfeu (Mt 10.3p), ou tomando "apóstolo" em sentido lato (cf.Rm 1.1+)". 
A Igreja Católica assim se manifestou em seu Catecismo: 
"A isto objeta-se por vezes que a Escritura menciona irmãos e irmãs de Jesus. A 
Igreja sempre entendeu que essas passagens não designam outros filhos da 
Virgem Maria: Com efeito, Tiago e José, "irmãos de Jesus" (Mateus 13.55), são os 
filhos de uma Maria discípula de Cristo (Mateus 27.56), que significativamente é 
designada como "a outra Maria" (Mateus 28.1). Trata-se de parentes próximos de 
Jesus, consoante uma expressão conhecida do Antigo Testamento (Gênesis 13.8; 
14.16; 29.15, etc.)" (Catecismo da Igreja Católica, p. 141. # 500). 
De uma página de apologética católica na Internet colhemos a seguinte explicação 
extra-oficial: 
"São Lucas esclarece que Tiago e Judas eram filhos de Alfeu ou Cléofas (Lucas 
6.15-16). Portanto o eram também José e Simão. Mas não Jesus, que sabemos 
era filho de "José, o carpinteiro". Portanto, não poderiam ser irmãos carnais. Por 
outro lado, São Mateus dá o nome da mãe deles: "Entre as quais estava... Maria, 
mãe de Tiago e de José" (Mateus 27.56). Não se pode confundir esta Maria com 
sua homônima, esposa de José, o carpinteiro. São João deixa bem clara essa 
distinção: "Junto à cruz de Jesus estava sua mãe e a irmã (prima) de sua Mãe, 
Maria, mulher de Cléofas" (João 19.25), cuja filha se chamava Maria Salomé. São 
as bem conhecidas "três Marias". Aliás, atualmente os protestantes mais cultos já 
nem levantam mais essa objeção". 
Vejamos agora quais as "Marias" citadas nos evangelhos (Bíblia [católica] de 
Jerusalém): 
NA CRUCIFICAÇÃO
"Estavam ali muitas mulheres, olhando de longe. Haviam acompanhado Jesus 
desde a Galiléia, a servi-lo. Entre elas, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de 
José, e a mãe dos filhos de Zebedeu" (Mt 27.56).
"E também ali estavam ali algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas, Maria 
Madalena, Maria, mãe de Tiago, o Menor, e de José, e Salomé" (Mc 15.40). 
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Comentário da referida Bíblia: "Provavelmente, [Salomé] é a mesma que Mt 27.56 
denomina a mãe dos filhos de Zebedeu". 
"Perto da cruz de Jesus, permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, 
mulher de Clopas, e Maria Madalena" (Jo 19.25). Comentários da referida Bíblia, 
referindo-se "a irmã de sua mãe": "Ou se trata de Salomé, mãe dos filhos de 
Zebedeu (cf. Mt 27.56p) ou, ligando essa denominação ao que se segue, "Maria, 
mulher de Clopas". 
NA RESSURREIÇÃO
"Após o sábado, ao raiar do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra 
Maria vieram ver o sepulcro" (Mt 28.1). Comentário da referida Bíblia sobre a 
"outra Maria": "Isto é, "Maria [mãe] de Tiago" (Mc 16.1; Lc 24.10; cf. Mt 27.56)".
"Passado o sábado, Maria Madalena e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram 
aromas para ir ungi-lo" (Mc 16.1-2). 
"Eram Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago" (Lc 24.10), 
Vejamos agora quais os "Tiagos" citados nos evangelhos, conforme consta do 
Dicionário na parte final da Bíblia [católica] Sagrada, item "b" retro: 
1. Tiago - "O Maior (mais velho), filho de Zebedeu e Salomé e irmão de São João 
Evangelista (Mt 4.21). era de Betsaida na Galiléia, pescador (Mc 1.19) e 
companheiro de São Pedro como seus irmãos (Lc 5.10)."
2. Tiago - "O Menor (mais moço), filho de Alfeu ou Cléofas (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 
6.15; At 1.13) e de Maria (Jo 19.25). Foi chamado "irmão do Senhor" (Gl 1.19), no 
sentido semita [relativo aos judeus] que tem essa palavra que pode se aplicar aos 
primos e outros consangüíneos em linha colateral mais afastados, e até mesmo 
aos simples conacionais. Tiago Menor era primo de Jesus por ser sobrinho de S. 
José. N. Senhor apareceu-lhe uma semana depois da Ressurreição (1 Co 15.7). 
Foi o primeiro bispo de Jerusalém depois da dispersão dos Apóstolos.O fato de 
Paulo o ter procurado (Gl 1.19) e de ter ele feito o discurso final no Concílio de 
Jerusalém parece provar isto (At 15.13) Foi morto no Templo por instigação do 
sumo Sacerdote Anás II, tendo sido lançado de uma galeria e espancado até à 
morte (62 depois de Cristo)". 
3. Epístola de S. Tiago - "Uma das epístolas católicas atribuída a São Tiago, o 
menor..."
Vejamos agora quais os "Judas" citados nos evangelhos, segundo Dicionário da 
Bíblia [católica] Sagrada, item "b" retro: 
1. Judas - "Habitante de Damasco que hospedou S.Paulo (At 9.11)". 
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2. Judas Iscariotes - "O Apóstolo que traiu N. Senhor (Mt 10.4; Mc 3.19; Lc 6.16). 
Iscariot quer dizer "homem de Cariot", aldeia de Judá". 
3. Judas Tadeu - "Um dos doze apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18; Lc 6.16; Jo 14.22). É 
o irmão de Tiago o Menor e "irmão", isto é, primo do Senhor (At 1.13); Mt 13.55; 
Mc 6.3)". 
4. Epístola de S. Judas Tadeu - Um dos livros canônicos do Novo Testamento, 
classificado entre as chamadas "Epístolas Católicas". 
A partir dessas informações surgem algumas indagações: 
Primeiro - Os apóstolos Tiago (o Menor) e Judas (Tadeu) são os mesmos 
chamados de "irmãos de Jesus" em Mateus 13.55 e Marcos 6.3? Que dizem as 
bíblias católicas retrocitadas? 
O que vimos foram interpretações discordantes. A Bíblia de Jerusalém diz nos 
comentários sobre Atos 1.13 que "o apóstolo Judas é distinto de Judas, irmão de 
Jesus", isto é, não são a mesma pessoa, ou seja, o apóstolo Judas é uma pessoa 
e o irmão de Jesus, com idêntico nome, é outra pessoa. No mesmo passo, diz que 
o apóstolo Tiago, filho de Alfeu, não é o mesmo Tiago, irmão do Senhor. 
Reiterando a sua posição, referida Bíblia afirma nos comentários sobre Gálatas 1-
18-20: "Outros traduzem: "a não ser Tiago", supondo que Tiago faça parte dos 
Doze e se identifique com o filho de Alfeu (Mt 10.3p), ou tomando "apóstolo" em 
sentido lato (cf. Rm 1.1+)". 
Por outro lado, a Bíblia Sagrada, católica, como discriminada no início deste 
trabalho, assume posição diferente. O dicionário que compõe essa Bíblia diz que 
"Tiago, o Menor, filho de Alfeu ou Cléofas (Mt 19.3; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13) e de 
Maria (Jo 19.25), foi chamado "irmão do Senhor". Diz mais que "Tiago Menor era 
primo de Jesus por ser sobrinho de S.José". Confirmando, diz que "Judas Tadeu, 
um dos apóstolos (Mt 10.3; Mc 3.18...) é o irmão de Tiago, o Menor, e "irmão", isto 
é, primo do Senhor (At 1.13; Mt 13.55; Mc 6.3)". O descompasso é lamentável, a 
menos que se configure aí o "livre-exame" - situação em que comentaristas ou 
exegetas católicos interpretamlivremente os textos bíblicos sem guardar 
coerência com a cúpula do Vaticano. 
No particular, concordo plenamente com a Bíblia [católica] de Jerusalém. Os 
irmãos de Jesus (Mt 13.55 e Mc 6.3, etc.), não foram apóstolos ou mesmo 
discípulos, pelo seguinte: 
a) Os irmãos de Jesus não criam nEle. No registro de João 7.2-5 nota-se 
claramente essa incredulidade. Entende-se, também, que Jesus evitou a 
companhia deles nesse episódio (Jo 7.8-10). Ao dizerem "para que teus discípulos 
vejam as obras que fazes" seus irmãos se excluíram do rol dos seguidores de 
Jesus. Ademais, Jesus não iria escolher para apóstolo alguém que não cria nEle. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 114
b) Segundo, a Bíblia estabelece distinção entre ser discípulo e ser irmão de Jesus 
(Jo 2.12; At 1.13-14; 1 Co 9.5; Gl 1.18-20). Por exemplo, em certa ocasião Jesus 
estava com seus discípulos em determinado local, e lá fora estavam sua mãe e 
seus irmãos (Mt 12.46-50; Mc 3.32-35; Lc 8.19-21). 
Segundo, a tia de Jesus - irmã de sua mãe Maria - era Salomé, mãe dos filhos de 
Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas? 
Vejamos mais uma vez o que relata João 19.25: "Perto da cruz de Jesus, 
permaneciam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e 
Maria Madalena". 
A frase está de tal forma postada que admite duas interpretações. A primeira é a 
de que "a irmã de sua mãe" é uma pessoa, e Maria, mulher de Cléofas, outra. A 
segunda hipótese é a de que o nome da tia de Jesus é Maria, a mulher de 
Cléofas. A Bíblia [católica] de Jerusalém concorda comigo quando diz: "Ou se trata 
de Salomé, mãe dos filhos de Zebedeu (Mt 27.56) ou, ligando essa denominação 
ao que se segue, "Maria, mulher de Clopas". 
A Bíblia Sagrada, edição católica, afirma no seu "dicionário": "Maria de Cléofas" é 
irmã da SS. Virgem Maria, i.e. sua prima, pois em hebraico a palavra tem um 
sentido mais lato. Segundo uns seria a mãe de Tiago (o menor), José, Simão e 
Judas Tadeu e esposa de Cléofas também chamado Alfeu (Mt 27.56; Mc 3.18; 
6;3; 15.40). Segundo outros são duas pessoas com o mesmo nome, uma, irmã de 
S. José, seria a esposa de Alfeu e mãe de Tiago Menor e José; e a outra seria 
cunhada de S. José por ser casada com Cléofas, irmão de S. José, e seria a mãe 
de Simão e Judas Tadeu. Como quer que seja, uma Maria de Cléofas e uma 
Maria, mãe de Tiago, aparecem nos Evangelhos como tendo acompanhado o 
Senhor até o Gólgota e preparado os aromas... (Jo 19.25; Lc 24.10; Mt 28.9)". 
Terceiro, de quem seriam filhos os irmãos de Jesus?
Não eram filhos de Zebedeu e de sua provável mulher Salomé, porque os filhos 
destes eram João e Tiago (Mt 4.21). Ora, os irmãos de Jesus foram Tiago, José, 
Simão e Judas, afora algumas irmãs (Mt 13.55-56, Mc 6.3). João está excluído 
dessa relação. Além disso, os irmãos de Jesus não criam nEle (Jo 7.5). Logo, 
João, apóstolo, não foi seu irmão. 
Não eram filhos de Maria, mulher de Alfeu ou Cléofas, cujo filho Tiago, o menor, 
foi apóstolo (Mt 10.3; Mc 15.40), e como tal não poderia ser irmão de Jesus, 
porque estes não criam nEle (Jo 7.5). Ademais, não consta que Tiago, José, 
Simão e Judas, irmãos do Senhor, fossem filhos do referido casal. 
A Bíblia [católica] de Jerusalém é de parecer semelhante quando diz: "O apóstolo 
Judas é DISTINTO de Judas, irmão de Jesus (cf. Mt 13.55; Mc 6.3) e irmão de 
Tiago (Judas 1). Não se deve também, parece, IDENTIFICAR o apóstolo Tiago, 
filho de Alfeu, com Tiago, irmão do Senhor (At 12.17; 15.13, etc)". Realce 
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acrescentado. Contrapondo-se, a outra Bíblia, católica, diz que Judas, apóstolo, é 
o irmão de Tiago o menor e "irmão", isto é, primo do Senhor (Mt 13.55; Mc 6.3). 
Ou seja, Tiago e Judas, eram ao mesmo tempo irmãos (ou primos) e apóstolos. 
Se os irmãos de Jesus não eram filhos de Zebedeu, nem o eram de Alfeu, seria da 
tia de Jesus, não devidamente identificada em João 19.25? Não pode ser porque 
essa tia de Jesus já foi devidamente identificada pelo catolicismo, ao dizer que ou 
se chamava Salomé,mãe dos filhos de Zebedeu, ou era Maria, mulher de Cléofas.
Vamos agora ler o que dizem outros comentaristas a respeito dos irmãos de 
Jesus. 
IRMÃOS DO SENHOR - "Aqueles de quem se fala em Mateus 12.46 e 13.55, e 
outros lugares,como irmãos de Jesus, seriam filhos de José e Maria? Segundo 
uma opinião que já vem do segundo século pelo menos, esses "irmãos de Jesus" 
eram filhos de um primeiro matrimônio de José. Mais tarde foram, por alguns 
críticos considerados primos do nosso Salvador. Podem, contudo, ter sido filhos 
de José e Maria. Em todas as passagens, menos uma, em que esses irmãos de 
Jesus são mencionados nos Evangelhos, acham-se associados com Maria. Se 
eram eles filhos mais velhos de José, não seria então Jesus o herdeiro do trono de 
Davi, segundo as nossas noções de primogenitura. Eles não acreditavam em 
Jesus no princípio da Sua missão, e até, segundo parece (Jo 7.5), depois que os 
apóstolos foram escolhidos; e por essa razão eles não puderam ser do número 
dos Doze, dos quais, na verdade, eles particularmente se distinguem, quando num 
período posterior são vistos na companhia deles (At 1.14). Não devem, portanto, 
ser confundidos com os filhos de Alfeu, embora tenham os mesmos nomes. Além 
disso, as palavras "filho" e "mãe", sendo empregadas nesta passagem (Mt 13.55) 
no seu natural e principal sentido, semelhantemente devem ser tomados os 
nomes "irmão" e "irmã" , pelo menos, até ao ponto de excluir o termo "primo". O 
fato de terem os filhos de Alfeu, bem como os irmãos do Senhor, os nomes de 
Tiago, José e Judas, nada prova, visto que esses nomes eram muito vulgares nas 
famílias judaicas. Estranha-se que não fossem lembrados estes irmãos, quando 
Jesus confiou a sua mãe aos cuidados de João; mas isso explica-se pela razão de 
que a esse tempo ainda eles não criam Nele. A conversão deles parece ter sido 
quando se realizou a aparição de Jesus a Tiago, depois da Sua ressurreição (1 Co 
15.7)." (Dicionário Bíblico Universal, pelo Rev Buckland, Editora Vida, 1993). 
IRMÃOS DO SENHOR - "Relação de parentesco atribuída a Tiago, José, Simão e 
Judas, Mt 13.55;Mc 6.3, que aparecem em companhia de Maria, Mt 12.47-50; Mc 
3.31-35; Lc 8.19-21, foram juntos para Cafarnaum no princípio da vida pública de 
Jesus, Jo 2.12, mas não creram nele senão no fim de sua carreira. Jo 7.4,5. 
Depois da ressurreição, eles se acham em companhia dos discípulos, At 1.14, e 
mais tarde os seus nomes aparecem na lista dos obreiros cristãos, 1 Co 9.5. 
Tiago, um deles, salientou-se como líder na Igreja de Jerusalém, At 12.7; 15.13; Gl 
1.19; 2.9, e foi autor da epístola que traz o seu nome. Em que sentido eram eles 
irmãos de Jesus? Tem sido assunto de muitas discussões. Nos tempos antigos, 
julgava-se que eram filhos de José, do primeiro matrimônio. O seu nome não 
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aparece mais na história do evangelho. Sendo José mais velho que Maria é 
provável que tivesse morrido logo e que tivesse casado antes. Esta opinião é 
razoável, mas em face das narrativas de Mt 1.25 e Lc 2.7, não é provável. No 
quarto século, S. Jerônimo deu outra explicação, dizendo que eram primos de 
Cristo, pelo lado materno, filhos de Alfeu ou Cléofas com Maria, irmã da mãe de 
Jesus. Esta explicação se infere, comparando Mc 15.40 com Jo 19.25, e a 
identidade dos nomes Alfeu e Cléofas. Segundo esta idéia, Tiago, filho de Alfeu, e 
talvez Simão e Judas, contados entre os apóstolos, fossem irmãos de Jesus. 
Porém, os apóstolos se distinguiam dos irmãos, estes nem ao menos criam nele, e 
não é provável que duas irmãs tivessem o mesmo nome. Outra idéia muito antiga 
é que eles eram primos de Jesus pelo lado paterno e outros ainda supõem que 
eram os filhos da viúva do irmão de José, Dt 25.5-10. Todas estas opiniões ou 
teorias parecem ter por fim sustentar a perpétua virgindade de Maria. O que 
parecemais razoável e mais natural é que eles eram filhos de Maria depois de 
nascido Jesus.Que esta teve mais filhos é claramente deduzido de Mt 1.25 e Lc 
2.7 que explica a constante associação dos irmãos do Senhor com Maria" 
(Dicionário da Bíblia, John D. Davis, 21a Edição/2000, Confederação Evangélica 
do Brasil). 
SEUS IRMÃOS - "Não há razão para supor que estes irmãos, tanto como as irmãs 
mencionadas (Mt 13.55-56), não eram filhos de José Maria" (O Novo Comentário 
da Bíblia, vol. II, Nova Vida, 1990, 9a Edição). 
IRMÃOS DO SENHOR (Mateus 12.46-50) - "Por insistir na teoria da virgindade 
perpétua de Maria, o Catolicismo Romano os levou a explicar erroneamente o 
sentido da expressão irmãos. Assim, eles acreditam que Jesus não tinha irmãos 
no verdadeiro sentido dessa palavra e o grau de parentesco que ela exprime. No 
entanto,esse raciocínio não desfruta de nenhum apoio escriturístico. A Bíblia é 
clara ao afirmar que Jesus tinha quatro irmãos, além de várias irmãs (Mt 13.55,56; 
Mc 3.31-35; 6.3; Lc 8.19-21; Jo 2.12; 7.2-10; At 1.14; 1 Co 9.5; Gl 1.19). A teoria 
desenvolvida pelos católicos romanos e por alguns protestantes, que visa 
defender que Maria permaneceu virgem, é totalmente fútil. Esse conceito só 
passou a fazer parte da teologia muitos séculos depois de Jesus. Seu objetivo, é 
claro, era exaltar Maria, criando, assim, a mariolaria" (Bíblia Apologética, João F. 
Almeida, ICP Editora, 1a Edição, 2000). 
Quarto, José e Maria se "conheceram" após o nascimento de Jesus? 
A nossa análise terá como base o seguinte registro: "José, ao despertar do sono, 
agiu conforme o Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher.Mas 
não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho. E ele o chamou com o 
nome de Jesus" (Mateus 1.24-25, Bíblia [católica] de Jerusalém). 
A passagem acima diz claramente que José, atendendo ao anjo, recebeu em sua 
casa a sua esposa Maria, e foram viver como marido e mulher. Está dito que 
Maria foi a mulher de José; que José não conheceu a sua esposa enquanto ela 
estava grávida de Jesus; que Jesus nasceu de uma virgem, porque José somente 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 117
conheceu sua mulher - ou seja, teve relações com ela - depois do nascimento de 
Jesus. 
Católicos há que contestam o que está escrito na Bíblia, e dizem que "nas 
Sagradas Escrituras a expressão "até que" é empregada muitas vezes para 
indicar um tempo indeterminado, e não para marcar algo que ainda não 
aconteceu". Não iremos nos estender na refutação dessa tese porque as duas 
bíblias de início citadas, aprovadas pelo catolicismo, interpretam corretamente 
referido versículo.Vejamos: 
"Mas [José] não a conheceu até o dia em que ela deu à luz um filho, e ele o 
chamou com o nome de Jesus": "O texto não considera o período ulterior [depois 
do parto] e por si não afirma a virgindade perpétua de Maria, mas o resto do 
Evangelho, bem como a tradição da Igreja, a supõem" (Comentário da Bíblia 
[católica] de Jerusalém). 
Em outras palavras, os exegetas católicos, que trabalharam na edição da referida 
Bíblia, reconheceram o óbvio, ou seja, que até o nascimento de Jesus, José e 
Maria não se "conheceram". Todavia, dizem bem quando entendem que a 
Tradição "supõe", isto é, o dogma da perpétua virgindade de Maria é uma 
suposição, não uma realidade bíblica. O comentário acima coloca por terra 
argumentos outros não oficiais, segundo os quais José não conheceu sua esposa 
nem antes nem depois do nascimento de Jesus. 
Outro comentário: "Enquanto (ou até que): esta palavra portuguesa traduz o latim 
donec e o grego heos ou, que por sua vez estão calcados sobre a expressão 
hebraica ad ki que se refere ao tempo anterior a esse limite sem nada dizer do 
tempo posterior, cf. Gn 8.7;Sl 109.1; Mt 12.20; 1 Tm 4.13. A tradução exata seria: 
"sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz...", pois a nossa expressão "sem que" 
tem o mesmo valor" (Bíblia [católica] Sagrada. 
O que a Bíblia acima está dizendo em seus comentários é que o "ATÉ" não foi 
ALÉM do nascimento de Jesus, ou seja, enquanto grávida e até dar à luz não 
houve "conhecimento" mútuo do casal. 
Concordando com as Bíblias Católicas, a Bíblia Apologética, usada pelos 
evangélicos, assim esclarece: "Veja a preposição "até" em qualquer concordância 
bíblia e ficará surpreso a respeito do seu significado. Observe alguns exemplos: 
Levíticos 11.24-25: "E por estes sereis imundos: qualquer que tocar os seus 
cadáveres, imundo será ATÉ à tarde". E depois da tarde, eles permaneceriam 
imundos? Vejamos agora Apocalipse 20.3: "E lançou-o no abismo, e ali o 
encerrou, e pôs selo sobre ele, para que não mais engane as nações, ATÉ que os 
mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco tempo". Assim, 
a relação existente antes do nascimento de Jesus se modificou [como se 
modificou a situação de Satanás após os mil anos de prisão], não a conheceu até 
que ela deu à luz. Essa passagem declara que, depois do nascimento de Jesus, 
José Maria tiveram uma vida conjugal normal, como qualquer outro casal. Nenhum 
autor do Novo Testamento ensina a doutrina da virgindade perpétua de Maria. Se 
se tratasse de uma doutrina ou ensinamento vital ou essencial como requer o 
catolicismo romano, certamente Paulo e os outros discípulos teriam mencionado a 
respeito. Assim resta ao catolicismo romano apegar-se à tradição, porque a Bíblia 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 118
não aceita essa teoria (Colossenses 2.8)". 
A expressão "não coabitou com Maria ATÉ QUE nascesse Jesus" está muito 
clara. Ligada à fala do anjo que disse a José que RECEBESSE Maria, sua mulher, 
ficou entendido que passado o período da gravidez e do descanso depois do 
parto, José e Maria, marido e mulher, continuariam uma vida a dois como todos os 
casais do mundo. Assim aconteceu, pois tiveram muitos filhos, conforme está em 
Mateus 13.55-56. José e Maria constituíram um casal muito feliz e foram 
abençoados por Deus. E por ter filhos, por amar o seu esposo, por ter sido mãe, 
Maria não pecou nem perdeu a sua santidade. Maternidade e santidade podem 
caminhar juntas, sem que uma prejudique a outra. Sexo no casamento não 
pecado.
Quinto, houve ordem divina para que José não "conhecesse" sua mulher? 
Se não havia a intenção formal nem de José nem de Maria de viverem sem 
relações íntimas, embora residissem sob o mesmo teto, teria havido alguma 
ordem divina nesse sentido? O leitor deverá ler cuidadosamente Mateus 1.18-25 e 
Lucas 1.26-38 para verificar a inexistência de qualquer tipo impedimento. A 
resposta de Maria ao anjo - "Como é que vai ser isso, se eu não conheço homem 
algum?" (Lc 1.34) - pode ser interpretada como um voto de virgindade? A Bíblia 
[católica] de Jerusalém, em seus comentários, responde: "A "virgem" Maria é 
apenas noiva (v.27) e não tem relações conjugais (sentido semítico de "conhecer", 
cf. Gn 4.1; etc.). Esse fato, que parece opor-se ao anúncio dos vv. 31-33, induz à 
explicação do v. 35. NADA NO TEXTO IMPÔE A IDÉIA DE UM VOTO DE 
VIRGINDADE" (realce acrescentado). 
Sexto, o que diz a Igreja Católica sobre o Matrimônio? 
a) "Os atos com os quais os cônjuges se unem íntima e castamente são honestos 
e dignos e a sexualidade é fonte de alegria e prazer"? (Catecismo da Igreja 
Católica, p. 612, # 2362). Por que com Maria seria diferente? 
b) "Pela união dos esposos realiza-se o duplo fim do matrimônio: o bem dos 
cônjuges e a transmissão da vida", pois que "esses dois significados ou valores do 
casamento não podem ser separados sem alterar a vida espiritual do casal" (C.I.C. 
p. 612, # 2363). Por que com o casal José Maria seria diferente? Esses "valores" 
não diziam respeito também a eles? 
c) "A sagrada Escritura e a prática tradicional da Igreja vêem nas famílias 
numerosas um sinal da bênção divina e da generosidade dos pais"? (C.I.C., p. 
615, # 2373). Por que Maria não podia ter muitos filhos? 
d) "Exige a indissolubilidade e a fidelidade da doaçãorecíproca e abre-se à 
fecundidade"? (C.I.C. p. 449 #1643). Por que doação recíproca e fecundidade 
deveriam ficar for a do casamento de José e Maria? 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 119
e) "O instinto do Matrimônio e o amor dos esposos estão, por sua índole natural, 
ordenados à procriação e à educação dos filhos... e por causa dessas coisas são 
como que coroados de sua maior glória"? Se "os filhos são o dom mais excelente 
do Matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais... pois 
"Deus mesmo disse: "Crescei e Multiplicai" (Gn 2.18)" (C.I.C. p.452 #1652). José e 
Maria não deveriam crescer e multiplicar? Eles não tinham essa índole natural à 
procriação? 
f) "A sexualidade está ordenada para o amor conjugal entre o homem e a mulher,e 
no casamento a intimidade corporal dos esposos se torna um sinal de um penhor 
de comunhão espiritual"? (C.I.C., p.611 #2360). Por que eles não podiam? 
g) "Por causa da prostituição cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma 
tenha o seu próprio marido", e que "a mulher não tem poder sobre o seu próprio 
corpo, mas tem-no o marido"; e que "não vos defraudeis [negar relação íntima] um 
ao outro, senão por consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes à 
oração; mas que "depois ajuntai-vos outra vez para que Satanás não vos tente por 
causa da incontinência [ausência de relações sexuais]", tudo como está escrito 
nas palavras inspiradas do apóstolo Paulo (1 Coríntios 7.2-5). A abstinência do 
casal não estaria fora dos propósitos de Deus? Lembremo-nos das palavras de 
Jesus: "Aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é meu 
irmão, irmã e mãe" (Mt 12.46-50). Lembremo-nos também das palavras de Maria: 
"Fazei tudo o que Ele vos disser" (Jo 2.5)
OUTRAS CONSIDERAÇÕES
1) Lemos em João 2.12: "Desceu [Jesus] a Carfanaum, com sua mãe, seus irmãos 
e seus discípulos. E ficaram ali muitos dias". Não pode ser outro o entendimento: 
Jesus com sua família, a mãe com seus filhos ficaram muitos dias naquela cidade. 
Não há como forçarmos uma interpretação que nos levaria a pensar que Maria, 
não tendo filhos com José, resolvera criar seis ou mais parentes. Vejam também a 
distinção entre "discípulos" e "irmãos". 
2) Quando o termo "irmãos e irmãs" é empregado em conjunto com "pai" ou 
"mãe", o sentido não pode ser o de primos e primas, mas de irmãos biológicos, 
filhos de um mesmo pai ou mãe. Exemplo: "Se alguém vier a mim, e não aborrecer 
a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos, e irmãs, e até mesmo a sua própria 
vida, não pode ser meu discípulo" (Lucas 14.26). 
3) Vejamos quais as palavras usadas no grego - a língua original do Novo 
Testamento - para designar IRMÃOS, IRMÃS, PARENTES, PRIMOS e 
SOBRINHOS, conforme a Concordância Fiel do Novo testamento, dois volumes, 
Editora Fiel, 1a Edição, 1994: 
Adelphos - Usada 343 vezes para designar pessoas que têm em comum pai e 
mãe, ou apenas pai ou mãe; indicar duas pessoas que têm um ancestral comum 
ou que faz parte do mesmo povo, ou membros da mesma religião. Com essa 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 120
palavra são nomeados os irmãos de Jesus (Mt 12.46-4813.55; Mc 6.3; Jo 2.12; 
7.3,5,10; At 1.14; 1 Co 9.5; Gl 1.19; Jd 1). 
Adelphe - O termo é traduzido 26 vezes como irmã, indicando (poucas vezes) a 
participante de uma mesma fé, e (a maioria dos casos) a filha de um mesmo pai 
ou mãe. Foi usado, por exemplo, para designar as irmãs de Jesus (Mt 13.56; Mc 
3.32; 6.3), a irmã da mãe de Jesus (Jo 19.25), as irmãs de Lázaro, Marta e Maria 
(Jo 11.1,3,5,28,39). 
Syngenis - Usado como o feminino de "parente" para indicar o parentesco de 
Maria, mãe de Jesus, com Isabel: "Também Isabel, tua parenta..."(Lc 1.36). 
Syngenes - Termo usado para designar pessoa consangüínea, da mesma família, 
ou da mesma pátria (compatriota). Vejamos alguns dos 11 casos em que o termo 
foi usado:
Mc 6.4 - "Um profeta só é desprezado em sua pátria, em sua parentela e em sua 
casa". Nota: Quando se trata dos "irmãos de Jesus", o termo usado é "adelphos" 
ou "aldephe". 
Lc 1.36 - "Isabel tua parenta". Nota: Se Isabel fosse irmã de Maria (filhas de pais 
comuns) o termo teria sido "adelphe", de igual modo como foi usado em Jo 19.25 
para designar a irmã da santa Maria.
Lc 2.44 - " e puseram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos". 
Lc 21.16 - "Sereis traídos até por vosso pai e mãe, irmãos, parentes, amigos, e 
farão morrer pessoas do vosso meio..." Nota: Muito importante registrar que nesse 
versículo são usadas as palavras "adelphos", para irmãos, e "syngenes", para 
parentes. Entende-se que o termo "adelphos", quando associado às palavras pai 
ou mãe tem o natural significado de filhos carnais. 
Anepsios - Usada somente uma vez para identificar o termo "primo", na seguinte 
passagem: "Saúdam-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, PRIMO 
de Barnabé..." (Colossenses 4.10, Bíblia [católica] de Jerusalém). Nota: Havia 
portanto na linguagem grega palavras para identificar irmãos, primos e parentes. 
Logo, se Tiago, José, Simão, Judas e mais algumas mulheres (Mt 13.55-56; Mc 
6.3) fossem parentes de Jesus, e não filhos de Maria, a palavra grega mais correta 
seria "anepsios" ou "syngenes". 
4) Gostaria de chamar a atenção dos leitores para o que está em Atos 1.13-14: 
Tendo chegado, subiram ao cenáculo, onde permaneciam. Os presentes eram 
Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de 
Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, filho de Tiago. Todos estes perseveravam 
unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e 
com seus irmãos". 
Entendo que Maria, as outras mulheres e os irmãos de Jesus eram pessoas 
distintas dos apóstolos acima citados. Tiago e Judas, irmãos de Jesus, não 
estavam incluídos naquela relação. Juntaram-se aos apóstolos naquela ocasião. 
Não me parece justo procurarmos uma mãe para os irmãos de Jesus. A outra 
Maria, que pode ser a de Alfeu ou Cléofas, era mãe de Tiago e de José. Vejam:
"Maria, mãe de Tiago e de José" (Mt 27.56); "Maria, mãe de Tiago, o menor, e de 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 121
José" (Mc 15.40); "Maria, mãe de Tiago" (Lc 24.10); "Tiago, filho de Alfeu" (Mt 
10.3; Lc 6.15; At 1.13). 
Ora, os irmãos de Jesus se chamavam Tiago, José, Simão e Judas. O mesmo 
cuidado com o que os evangelistas Mateus e Marcos citaram os nomes de todos 
os irmãos de Jesus, um por um, teria usado para descrever os filhos dessa Maria. 
Entretanto, só foram citados Tiago e José. E Simão, com quem fica? A Bíblia 
descreve os seguintes: Simão, irmão de Jesus (Mt 13.55; Mc 6.3); Simão, 
chamado Pedro, apóstolo (Mt 4.18; 10.3); Simão, o Zelote, apóstolo (Mt 10.4; Mc 
3.18; Lc 6.15; At 1.13). Ainda há outros com o nome Simão, como por exemplo 
Simão Iscariotes, pai de Judas, o traidor (Jo 6.71). A Bíblia com muita propriedade 
identifica cada um com o detalhe do apelido ou do parentesco. E Judas? A Bíblia 
diz que Judas, apóstolo, era filho deTiago (Lc 6.16). Não há nenhum registro 
afirmando que a outra Maria ou Maria, de Cléofas, tenha um filho com o nome de 
Judas. É quase certo que o autor da Epístola de Judas seja o irmão do Senhor, 
como descrito em Mateus 13.55 e Marcos 6.3, pelos seguintes motivos: 1) Ele não 
se apresenta como apóstolo de Cristo, mas como "servo" e irmão de Tiago (Jd 
1.1); 2) A sua exortação no v. 17 sugere que ele não fazia parte dos Doze. 
Os dados levantados apontam para o entendimento de que Tiago, Simão, José 
Judas, e mais algumas mulheres, eram realmente irmãos carnais de Jesus, filhos 
de Maria e de José.
Parte XXI
QUEM ME FEZ PECAR?
Tiago 1:13-16 
Quando André aceitou assumir a diretoria daquela escola publica já sabia que 
teria muito trabalho pela frente. Aquela escola era muito conhecida pela 
indisciplina dos alunos, mas, ele estava disposto a mudar esta situação.
Então ele começou seu trabalho chamando os alunos a sua sala.
---Pedro,perguntou o diretor, por que você roubou os biscoitos de seu amigo?
---Sabe o que é, disse Pedro, é que meus pais discutiram quando eu tinha seis 
anos de idade e hoje eu não consigo parar de comer. E depois eu iria pagar pelos 
biscoitos... André ficou surpreendido com aquela resposta, mas era apenas o 
começo. Veja o que disseram outros alunos:
---Beatriz, por que você falta às aulas de educação física?
---É porque eu tenho um defeito genético que me faz detestar educação física.
---Patrícia, por que você não faz sua lição de casa?
---Porque minha mãe não me dá chocolate. O senhor tem que dizer para ela que 
se ela não me der chocolate eu não vou fazer a lição mesmo, e vou ser burra pelo 
resto da vida. Será que ela não entende?
---Paulo, por que você não assiste às aulas de geografia?
--- Porque eu tenho trauma de geografia.
André ficou impressionado com a capacidade daqueles alunos de justificarem seu 
mau comportamento.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 122
Vivemos em dias de vitimização, em que o homem faz de tudo para não assumir a 
culpa pelo seu pecado. Incrível o que faríamos, as desculpas que inventaríamos, 
para não admitir que somos ruins, pecadores eculpados.
Quem me faz pecar? Certamento não pode ser minha a culpa. Tem que haver 
alguém que posso culpar.
Mas como vamos descobrir, reconhecer que a fonte do pecado está dentro em 
mim, e não fora, é um dos primeiros sinais de alguém que tem uma fé viva. De 
fato, é condição ou pré-requisito para uma fé verdadeira, pois sem esse 
reconhecimento ninguém se salva!
O verdadeiro crente por definição vive a sua fé no nível do coração., Esse é um 
dos problemas com muito evangelismo dos nossos dias. Tentamos salvar pessoas 
que não sabem que estão perdidas! Oferecemos Jesus como se fosse mais uma 
opção de auto-ajuda, ou talvez uma amuleta para trazer prosperidade e boa sorte, 
e não a única esperança de pessoas desesperadas, em perigo de eterna 
condenação no inferno. Mas ninguém vai querer ser achado quando não sabe que 
está perdido. Ninguém se salva quando não sabe que está condenado.
O autor bíblico, Tiago, já 2000 anos atrás, antecipava essa tendência do coração 
humano de culpar a todos menos a si mesmo pelo pecado. Pior é que, quando 
culpamos aos outros, estamos de fato culpando o próprio Deus pelo nosso 
pecado.
Olhando para o texto de Tiago 1.13-16 percebemos como ele lidava com esta 
tendência do coração humano. Primeiro ele deixou uma clara proibição de não 
jogar a culpa pelo pecado em outros, principalmente Deus e, segundo, ele 
explicou que a raíz de todo pecado não está nos outros, mas, sim, em mim 
mesmo.
I. A Proibição: Não Culpar a Deus pelo meu Pecado 1.13)
Alguns leitores de Tiago estavam culpando a Deus por uma provação que levava 
ao pecado. Como alguns hoje não pagam seus impostos e se justificam dizendo: 
"Se eu pagar tais impostos minha empresa não vai sobreviver", muitos ali se 
justificavam com desculpas semelhantes.
Mas essas justificativas pelo pecado, em efeito, culpavam o próprio Deus que 
prometeu Não vos sobreveio tentação que não fosse humana; mas Deus é fiel, e 
não permitirá que sejais tentados além das vossas forças; pelo contrário, 
juntamente com a tentação vos proverá livramento, de sorte que a possais 
suportar (1 Co 10:13).
Afirmar que outros são responsáveis pelo meu pecado é o caminho mais fácil e 
mais popular de escaparmos responsabilidade pessoal.
A palavra "tentação" constroi uma ponte entre esse parágrafo e o anterior. É a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 123
mesma palavra traduzida "provação" e "tentação". A idéia é de uma situação difícil 
que provoca uma resposta.
Mas tudo depende de quem origina a situação. Quando Deus nos coloca numa 
situação de provação, sempre é para nos aprovar, mostrar genuína nossa fé. 
Quando o Inimigo explora desta mesma situação, é para nos derrubar, 
desqualificar e, acima de tudo, para sujar o nome do nosso Deus. Quando 
provados, podemos dizer que somos testados por Deus, para revelar Seu Filho 
em nós. Mas nunca, nunca, podemos dizer que Deus é responsável direta ou 
indiretamente por nos colocar numa situação que nos provoca a pecar.
Talvez você esteja pensando, "Mas eu nunca iria culpar a Deus pelo meu pecado." 
Mas pense de novo. Somos experts em racionalização e justificação do nosso 
pecado. Temos "n" maneiras de passar a culpa pelo nosso próprio a outros e, na 
última análise, no próprio Senhor. 
A expressão Deus não pode ser tentado pelo mal indica que não há nada em 
Deus que corresponda à tentação. Não há nada em Deus que possa ser seduzido 
a fazer o mal. É como alguém que tenta agarrar com suas mãos a neblina da 
manhã: sua tentativa será tola e inútil.
Uma vez que Deus não é seduzido pelo mal e nada há nele de mal, Ele não é a 
fonte nem o responsável, direta ou indiretamente, pelo meu pecado. Seria 
totalmente incoerente para Deus tentar incitar alguém ao mal, visto que Ele é tão 
distante do pecado que não podia nem encarar seu próprio Filho na cruz do 
Calvário.
Gostaria que você me acompanhasse por um pequeno tour, primeiro pelo mundo, 
depois pelas Escrituras, para descobrir como o homem atual não é muito diferente 
do que o homem antigo em termos do desvio da culpa.
O Mundo Atual
Como culpamos a Deus e outros pelo nosso pecado? Uma variedade de 
respostas, que refletem a degradação dos nossos tempos, são encontradas. Boa 
parte das tentativas científicas, filosóficas, teológicas e psicológicas dos nossos 
dias tem como propósito isentar o homem da culpa e transferí-la para outros!
1. Ciência
Evolução-o homem é produto de tempo + chance ou "acaso". Um mesclar de 
átomos formando, por acaso, moléculas, um conglomerado a-moral que, graças à 
sorte, formaram um ser inteligente.
Então, não sou eu culpado pelo "pecado" (se tal existe) mas sim, o conjunto de 
elementos e qúimicas que compõem o "Eu"
Medicina-o homem está "doente", mas não culpado. Ele sofre da doença de 
alcoolismo, mas não pode ser chamado um "alcoólatra" ou bêbedo (hoje, usa-se o 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 124
novo termo, "acoolista" para dar a idéia de que ele é vítima do álcool, não um 
adorador dele.) Pessoas que abusam da comida tem transtornos alimentares 
quando de fato são bolímicas ou glutonas.
Genética-o homem é produto de DNA, genes e cromossomos e é programado por 
eles para ser o que é.
2. Psicologia
Behaviorismo-o homem é produto do seu ambiente. Ele é um animal, que quando 
condicionado pelo mal, mau se tornará, mas quando condicionado pelo bem, será 
bom. Culpado é o ambiente.
Auto-estima-a raiz de todos os males é que não me amo o suficiente . . . por isso, 
fico desanimado, bebo demais, fofoco, minto, etc. Culpado são os que me 
oprimiram.
Trauma e Regressão à Infância- Os verdadeiros culpados são meus pais e Deus.
Vitimização-não sou membro de uma família conturbada pelo pecado, mas uma 
família disfuncional.
Psicánálise-sou dirigido por instintos básicos que, quando remprimidos, me levam 
a extrapolar meus desejos. Complexos sexuais causados pelos pais, pela 
sociedade, pelo id, ego ou contra-ego, mas certamente não pela minha natureza 
pecaminosa. Culpada é a sociedade, a religião e o instinto básico.
3. Teologia/Filosofia
Pós-modernismo. O mundo atual evoluiu para uma filosofia/teologia de pós-
modernismo. O que enfrentamos hoje quando fazemos a pergunta, "Quem é 
responsável pelo meu pecado?" é "O que é pecado?" O pecado se tornou relativo. 
(Pós modernismo não é tão pós-moderno assim . . . quase 4000 anos atrás na 
época dos juízes havia muitos pós-modernistas: "Cada um faz o que era reto aos 
seus próprios olhos." No mundo hoje, não existe absolutos. Ninguém tem o direito 
de dizer "Isso é errado" ou "aquilo é pecado". Se não existe um absoluto, estou 
livre do pecado, pois afinal, não existe pecado quando não há lei. Eu sou minha 
própria lei. Por isso listamos pós-modernismo como resposta"teológica" à questão 
da culpa e do pecado.
Batalha espiritual-Mas existem outras tentativas mais sutis de minimizar o pecado, 
mais "espirituais". O que se vê em muitas igrejas hoje é uma ênfase em batalha 
espiritual que tem praticamente o mesmo efeito de isentar o indivíduo do seu 
pecado. Em algumas formas de batalha espiritual os demônios é que são 
responsáveis pelo pecado do homem.
Alguns movimentos chegam a dar nomes para esses demônios que não 
encontramos de forma alguma na Bíblia. O efeito é que, de forma sutil, culpamos a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 125
outros e não a nós mesmos pelo pecado: 
Tenho o demônio de depressão . . . de ira . . . de fornicação . . . de 
espancamento... de sonegação . . . de mentira . . . É muito cômodo, então, fazer 
um exorcismo, algum rito religioso, para me livrar do "demônio" e também da 
culpa. Mas enquanto não tratamos da raíz, esses "demônios" voltam.
Maldição de família-Uma outra forma "religiosa" de me justificar e isentar da culpa 
é pela doutrina da "maldição de família". Não sou eu o responsável pelo pecado, 
pois tenho fantasmas pairando sobre meu passado; ancestrais que são 
responsáveis pelo que sou. Precisoregressar, renunciar, decretar para me livrar 
dessa maldição que me força a pecar. Mas de novo, não sou eu mas outros (e na 
última análise, o próprio Deus que me colocou nessa família) que são 
responsáveis pelo meu pecado.
Cura Interior-Certamente há necessidade de cura interior para todos nós. O 
pecado tem deixado circatrizes em nossos corações. Mas alguns movimentos 
promovem técnicas espetaculares, emocionais e/ou psicológicas para lidar com o 
pecado sem perseguir o problema até a raíz-o coração humano e a natureza 
humana. Somos vítimas, muitas vezes, sim; mas também somos responsáveis 
diante de Deus pelas nossas reações pecaminosas ao pecado. Ao invés de culpar 
aos outros (alguns movimentos até chegam ao ponto de "perdoar a Deus", 
devemos confessar nosso pecado. Em vez de culpar os pais, irmão, patrões, 
vizinhos, devemos perdoá-los e nos arrepender dos nossos pecados.
Não negamos a influência e o impacto que o pecado de outros têm, que existem 
feridas profundas, circatrizes e verdadeiras vítimas do pecado. Mas não podemos 
culpar essas circunstância pelo nosso pecado! De uma forma ou outra, todas 
essas respostas, todas essas tentativas, representam maneiras de nós culparmos 
o próprio Deus pelo nosso pecado. Afinal de contas, é como que disséssemos que 
foi Ele que nos colocou naquela família, foi Ele que permitiu que nossos ancestrais 
fossem assim, foi Ele que não impediu que os demônios nos atacassem, foi Ele 
que permitiu que perdéssemos nosso emprego, foi Ele que enviou aquela mulher 
para trabalhar na minha firma, foi Ele que...
Será que eu e você caímos no mesmo erro que Tiago adverte? Culpar aos outros, 
e especialmente a Deus, é marca de quem não está permitindo que a vida de 
Jesus seja vivida nele.
II. A Explicação: Eu Sou Responsável pelo meu Próprio Pecado (14-15)
Onde não há culpa pessoal, não há graça individual. Para alguém ser salvo, tem 
que ficar perdido. Tentamos salvar algumas pessoas mostrando todos os 
benefícios sem primeiro mostrar que são perdidas.
Tiago mostra como eu sou o principal responsável pelo meu próprio pecado. O 
verdadeiro cristão, para se tornar cristão, tem que reconhecer esse fato. O 
primeiro ponto do Evangelho é: Eu sou pecador! Essa mensagem não é muito 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 126
popular em nossos dias. Preferimos falar em erros, falhas, defeitinhos, mas não 
em pecado como ofensa contra um Deus santo. 
Tiago usa uma analogia apropriada de pecado sexual para descrever o processo 
mortífero que leva ao pecado:
Cobiça Atrai Seduz Concebe Dá à luz: pecado Morte 
As Escrituras
Culpar outros pelo meu pecado tem uma longa história nas Escrituras. Veja:
1. Adão e Eva (Gn 3:12-)
Quando Deus confrontou Adão ele transferiu sua culpa para outro dizendo que a 
culpa não era dele, mas sim da mulher. Aliás, disse Adão, foi a mulher que Tu me 
deste; ou seja, no final das contas a culpa era de Deus que lhe tinha dado aquela 
mulher. E, afinal, por que Deus tinha de criar a serpente? Mais uma razão pela 
qual ele não era culpado e sim Deus, até a serpente que o enganou existia pela 
vontade de Deus.
2. Arão (Ex 32:24)
Moisés teve de confrontar seu irmão por Ter levado o povo à idolatria. Mas este 
também transferiu sua culpa para outro. "Olha Moisés, visto que você sumiu e não 
voltava, e o povo precisava de uma direção espiritual dadas as desfavoráveis 
circunstâncias, não tive escolha a não ser fazer este bezerro de ouro".
3. Saul (1 Sm 13:12)
Samuel ficou extremamente triste quando viu que Saul havia oficiado o sacrifício 
que era de sua responsabilidade. Confrontado, Saul não admitiu sua 
desobediência, apenas disse que o fez por causa das circunstâncias tão urgentes. 
Vemos, portanto, que o homem de hoje não é diferente do homem do passado.
Haverá, então, algum remédio para isto?
O caminho da graça começa quando reconhecemos a nossa culpa!
Pv 28:13 diz: O que encobre as suas transgressões, jamais prosperará; mas o que 
as confessa e deixa, alcançará misericórdia. (Sl 32:1-5)
1 Jo 1:9 diz que se confessarmos os nossos pecados Deus é fiel para nos 
perdoar. Esse é um caminho confiável, tanto para aquele que nunca abraçou 
Jesus como seu Salvador, quanto para aquele que já conhece Jesus mas é 
tentado a se desculpar pelo pecado. Confissão significa concordar com Deus 
sobre o meu pecado. Os pecados devem ser identificados pelos seus nomes e 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 127
confessados. É chegar diante dele e dizer: Senhor, pequei contra ti porque tenho 
mágoas em meu coração e tua Palavra diz que isto é pecado. Perdoa-me. A obra 
de Cristo na cruz, morrendo no nosso lugar, pagando o preço de toda a sujeira 
que já cometemos, é suficiente para livrar da condenação eterna todos que 
depositam sua confiança unica e exclusivamente nEle. Sua ressurreição garante 
que todos os nossos pecados foram perdoados.
Não há necessidade para os alunos da escola do Diretor André, muito menos nós, 
justificarmos nosso pecado. O caminho da graça começa quando reconhecemos a 
nossa culpa, e corremos até o perdão oferecido por Cristo Jesus.
Parte XXII
REAVIVAMENTO HOJE
Tiago 5:13-18 
 O Brasil precisa de um reavivamento. Um reavivamento que provoca mudanças 
reais e duradouras no seio da igreja, da sociedade e da família. Um reavivamento 
que é mais que fogo de palha, show gospel, louvorzão e emoção. Algo que 
transforma-nos de tal forma, que somos controlados pelo Espírito de Deus, 
usando a Palavra de Deus, para nos conformar à imagem de Deus.
Quando se fala em reavivamento hoje, pensa-se em igrejas avivadas. Pensa-se 
em fanaticismo, expulsão de demônios, guerra espiritual, línguas, batismos no 
Espírito, reivindicações de bênção “em nome de Jesus”, curas e milagres. Mas 
será que é isso que encontramos nas Escrituras como sinal de reavivamento? Ou 
será que o reavivamento bíblico é algo mais profundo, humilde, contundente, que 
evidencia-se muito mais no lar do que no culto público, mais em oração particular 
do que louvorzão, que se vê mais numa igreja inflamada pela causa de missões 
do que na construção de um templo luxuoso e cada vez mais confortável para 
seus membros?
O livro de Tiago nos ensina sobre reavivamento verdadeiro, ou seja, uma fé 
verdadeira e suas evidências na vida real. “Provas de uma fé verdadeira” é o tema 
do livro. 
O livro termina como começou, falando de provações, sofrimento e tribulação. O 
primeiro parágrafo do livro nos ensinou que a fé verdadeira (a vida de Jesus em 
nós) manifesta-se na hora de provações. Nessas horas, cabe a nós olharmos para 
o Senhor em oração, clamando por sabedoria para lidar corretamente com a 
situação (1.5). 
O último texto do livro é considerado por alguns como um dos trechosmais 
difíceis, não somente de Tiago, mas de todo o NT. Mas se analisarmos bem o 
contexto, o texto em si não é tão problemático. De fato, vai direto ao assunto. E o 
assunto principal é oração, ou seja, uma comunhão viva com Deus. Nos ensina 
que A FÉ VERDADEIRA FALA COM DEUS, em todas as circunstâncias, na 
alegria e tristeza, na força ou na fraqueza, na bonança ou na tempestade. Esse é 
o reavivamento verdadeiro que Tiago quer provocar—uma comunhão constante 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 128
com Deus através de Jesus Cristo.
13 Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante 
louvores.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam 
oração sobre ele, ungindo -o com óleo, em nome do Senhor.
15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver 
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, 
para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, 
com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis 
meses, não choveu.
18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
Há vários problemas interpretativos neste texto: 
Que tipo de sofrimento está em vista (13)? 
Que tipo de doença? (14) 
Por que a oração dos líderes espirituais é mais eficaz (15)? 
O que significa a unção com óleo? É algo a ser praticado hoje? Se não, por que 
não? Se sim, porque não o fazemos? 
Há uma promessa aqui de cura? Se não, o que significa que "a oração da fé 
salvará o enfermo"? Se sim, porque não saímos com óleo sagrado ungindo a 
todos os enfermos? 
Se for uma promessa, não seria uma cura da nossa mortalidade? Não seria o fim 
da morte, pelo menos as mortes causadas por doenças?
É impressionante o número de abusos desse texto. O sacramento de extrema 
unção da igreja romana baseia-se neste texto. Algumas igrejas neo-pentecostais 
usam o texto para defender um uso místico de óleo sagrado para assistir em todo 
tipo de milagre imaginável. Mas é isso que Tiago tem em mente?
Infelizmente, alguns têm até lucrado com a venda de “óleos sagrados”. É possível 
ver propagandas e fazer compras, por exemplo, de 6 frascos de 10 ml de "Óleo 
Sagrado da Unção" por somente R$168. Existe também "óleo da unção bíblico"" 
que contém azeite de oliveira, incenso e canela (somente R$ 96); "Óleo da unção 
Rosa de Sarom" (somente R$96); "Óleo da unção de alegria"(também R$ 96); 
"Bálsamo de Gileade para Unção". Uma propaganda afirma "Muitos têm sido 
roubados por Satanás, que tudo faz para que o uso da unção com óleo não 
aconteça no dia-a-dia do crente.. . você vai ver, porém, que muitas bênçãos estão 
ao seu alcance, ao entender o simbolismo e o sentido espiritual da unção com 
óleo, e fazendo dele uso em sua vida."
E se eu e você não compramos esse óleo? Será que estamos perdendo uma 
bênção? Será que perdemos nossa chance para reavivamento pela unção 
sagrada? 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 129
Algumas Observações Iniciais
1. O contexto do texto é paciência no sofrimento e perseguição (5.1-12).
Alguns irmãos estavam desfalecendo por causa das tribulações dessa vida, suas 
injustiças, crime, perseguição. Prestes a desistir, desanimados e tristes, exaustos 
depois de tanto lutar contra o mal.
2. O tema do texto é oração, não unção com óleo! Todos os 6 vss. falam de 
oração. Note as frase e os termos usados:
Vs. 13: sofrendo? Ore! Alegre? Cante louvores (forma de oração)
Vs. 14: doente? (fraco) Ore! 
Vs. 15: oração (não óleo) salvará o enfermo; o Senhor o levantará.
Vs. 16: orai uns pelos outro . . . . a súplica do justo (a oração tem poder, não 
porque torce o braço de Deus, mas porque expressa nossa fé no poder de Deus, e 
glorifica a Ele quando Ele responde!)
Vs 17: Elias orou (era como nós—fraco, falho, depressivo . . . )
Vs. 18: orou
3. A mensagem do texto como um todo é que a fé verdadeira fala com Deus! 
O reavivamento verdadeiro vem pela comunhão constante com o Criador do 
Universo e Seu Filho Jesus Cristo. 
O ponto do texto é simples, claro e objetivo. A maior e mais clara evidência de 
uma fé viva, é alguém que vive sua fé em diálogo constante com o Senhor. Deus é 
uma realidade tão presente em sua vida, que não consegue deixar minutos 
passarem sem falar com Ele!
No texto, descobrimos 3 situações em que o crente fala com Deus. 
I. A Fé Verdadeira Fala com Deus no Sofrimento (13a)
Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração.
“sofrendo”— traz a idéia de estar em apertos, passando por uma situação difícil, 
passando mal. Esta é uma situação que exige oração! Uma forma da mesma 
palavra “sofrendo” foi usada no vs 10. Foi usada por Paulo em 2 Tm 2.9 do 
sofrimento de Paulo na prisão (perseguição) e na exortação para Timóteo para 
“suportar as aflições” associadas com seu ministério (4:5). Mal-tratamento por 
causa do evangelho está em vista.
Nós oramos, sim, nas nossas aflições (veja Tiago 1:2-5, 1 Pe 5:7, Fp 4:6). Mas 
nem sempre aproveitamos da oração como a nossa primeira linha de defesa em 
meio as dificuldades. Às vezes é nosso último recurso—quando ficamos 
desesperados, depois de tentar tudo. Mas Deus quer que a oração seja nossa 
primeira opção. 
Você está sofrendo hoje? Sofrendo injustiças por causa da sua fé? Sendo 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 130
ridicularizado pelos colegas da escola por ser crente? Sendo margenalizado por 
familiares que não conhecem Jesus? Sendo prejudicado na carreira por não ser 
como os outros? A resposta é: ore, e continue orando (a ordem está no tempo 
presente). Não desfaleça! Lembre-se do que Paulo diz em Rm 8:18 Porque para 
mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para se 
comparar com a glória por vir a ser revelada em nós.
II. A Fé Verdadeira Fala com Deus na Alegria (13:b)
Tiago nos apresenta uma segunda situação em que devemos falar com Deus. É o 
oposto da primeira.
Está alguém alegre? Cante louvores.
“Está alguém alegre (encorajado, de bom humor)?”—Fale com o Senhor por meio 
de louvores! A palavra descreve alguém que está bem de vida--não 
necessariamente fisicamente, mas espiritualmente e emocionalmente. Essa 
pessoa regozija-se no Senhor e não nas circunstâncias. 
Talvez seja alguém que já passou pelos apertos, problemas ou perseguições 
descritos na primeira parte do versículo. Apesar dos tormentos, conseguiu 
enxergar Aquele que é invisível. Por isso, fala com Deus pelo canto! O coração 
que transborda de alegria só pode cantar sua gratidão ao Senhor—mesmo nas 
tribulações!
Foi justamente essa a resposta de Paulo e Silas em At 16:22-25. Açoitados, 
lançados na cadeia, os pés prendidos num tronco, sem poder dormir . . . costas 
como carne moída com feridas abertas, secas, com moscas, mosquitos e talvez 
ratos ao redor . . . Mas sua esperança estava fixada em algo maior. 
Experimentaram o que Deus pede em 1 Ts 5:16-18 que diz, “regozijai-vos 
sempre... orai sem cessar... em tudo dai graças.”
Esse é o significado do andar com Deus, e o segredo de “reavivamento”: viver 
sempre na presença de Jesus, em comunhão com Ele, pela oração. Essa fé é 
contagiosa!
III. A Fé Verdadeira Fala com Deus na Fraqueza Espiritual (5:14-18)
A última situação em que o cristão fala com Deus é a que Tiago mais desenvolve. 
Fé em Deus não tenta enfrentar a luta sozinho! Nas horas de fraqueza física-
espiritual, clama a Deus.
14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam 
oração sobre ele, ungindo -o com óleo, em nome do Senhor.
15 E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver 
cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 131
16 Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, 
paraserdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
17 Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, 
com instância, para que não chovesse sobre a terra, e, por três anos e seis 
meses, não choveu.
18 E orou, de novo, e o céu deu chuva, e a terra fez germinar seus frutos.
“Está alguém doente (fraco)?” 
A resposta é: Ore! Ore uns pelos outros! Verifique diante do Senhor se há algum 
pecado não confessado. Mas ore.
Vamos examinar esse texto mais de perto. Os termos usados são interessantes, 
pois apontam mais que uma mera doença física, como muitos entendem. Falam 
mais de “doença espiritual”, ou seja, desânimo, fraqueza, ou até mesmo 
enfermidade física que tem origem espiritual. Quase todos os termos admitem 
desse sentido duplo (físico-espiritual).
"doente" (vs. 14) = esse termo foi usado no NT com significado de “fraqueza”, 
tanto emocional como espiritual; (At 20:35, Rm 4:19, 8:3, 14:1-2, 1 Co 8:11-12, 2 
Co 11:21, 29, 12:10, 13:3,4,9), além de doença física.
"o enfermo"(vs 15)—mais uma vez, o termo pode indicar mais que uma doença 
física, e inclui idéias como exaustão (cp. Hb 12:3--para não vos fatigueis, 
desmaiando em vossas almas).
“Chame os presbíteros”--Por que o "fraco/doente" chama para si os presbíteros 
(líderes espirituais da igreja) e não os diáconos (servos em questões físicas-
materiais)? Provavelmente pelo fato de que os “doentes” aqui são fracos 
espiritualmente, depois de travar muitas lutas na vida. Precisavam chamar aqueles 
que eram mais fortes espiritualmente. O mesmo sentimento encontra-se em 1 Ts 
5.14:
Exortamos-vos, também, irmãos, a que admoesteis os insubmissos, consoleis os 
desanimados, ampareis os fracos (mesma palavra), e sejais longânimos para com 
todos. 
Podemos entender que é o doente e não os líderes espirituais que tomam a 
iniciativa (ele os chama). Por que? Não seria a responsabilidade dos líderes irem 
atrás dessa ovelha doente? Mas, se a “doença” da ovelha fosse uma questão de 
debilitação espiritual (até mesmo por motivos de pecado), então ELA precisava 
tomar a iniciativa. Chama os presbíteros justamente pelo fato de que seu 
problema é mais espiritual do que físico. 
“façam oração sobre ele”— O texto transmite a idéia é de alguém prostrado, 
exausto, desanimado, indisposto, sofrendo mesmo; não entendemos aqui alguém 
com um simples resfriado, dorzinha nas costas, ou dor de cabeça, pedindo uma 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 132
“cura”. Algo muito mais sério está vista.
"ungindo-o com óleo" (14) Esse ato acompanha a oração e é subordinada a ela, 
gramatica e logicamente. A palavra “ungir” não é o termo mais comum para unção 
espiritual nas Escrituras (aquele termo é chrio, de onde vem o nome "Cristo", ou 
seja, "Ungido"). A unção com óleo é secundária no texto, subordinada à oração, 
acompanhando a oração. Como ato visível e palpável ministra esperança para o 
“doente”, daquilo que é invisível e abstrato (a oração e o perdão).
Óleo foi usado com fins medicinais (Lc 10:34) e sobrenaturais (Mc 6:13) no NT. 
Também foi um símbolo nas Escrituras de uma separação especial de alguém 
para uma atuação especial divina. Pode ser que os líderes também ministravam a 
unção como forma de consolo e refrigério físico para reanimar o fraco, além de 
simbolizar seu pedido por uma atuação especial de Deus em sua vida. 
“em nome do Senhor”-- Essa frase já virou chavão em nossos dias traz a idéia 
de uma oração feita dentro da vontade do Senhor, debaixo da autoridade dEle, 
conforme a vontade dEle, como representantes dEle. Não é uma forma de 
mandar, exigir ou reivindicar bênção, como se fosse um feticho evangélico. Muito 
pelo contrário. Expressa humildade e submissão à vontade de Jesus. Oração feita 
“em nome de Jesus” precisa ser “como Jesus faria”.
"salvará o enfermo"—algumas Bíblias traduzem a palavra “salvará” com 
"curará", mas o verbo é o verbo comum no NT para salvação da alma. É um termo 
espiritual mas que, novamente, admite de dois sentidos—salvação física (cura) e 
salvação espiritual. Tudo depende do uso no contexto. 
Existe a possibilidade aqui de se referir tanto a uma “salvação” espiritual 
(restauração) como física (cura depois de confissão).
“O Senhor o levantará”-- Repare que é uma oração de fé, não do doente, mas 
dos presbíteros, que faz com que o Senhor o levante! (Aqueles que argumentam 
que alguém não foi curado por falta de fé enganam-se, pois a fé reconhecida por 
Deus nesse texto não é do doente/fraco mas daqueles que oram sobre ele, ou 
seja, os líderes espirituais!) Repare também que é o SENHOR e não algum 
milagreiro que recebe a glória como responsável pela restauração. O Senhor o 
levantará. 
2 Co 12:7-10 é um texto paralelo interessante. É possível que o Senhor nos 
levante, sem necessariamente nos curar! A graça dEle nos sustém, mesmo que a 
situação não seja resolvida! Aprendemos a depender dEle, e por isso somos 
fortes, mesmo sendo fracos!
“e se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados”
—A frase aqui é chave. Encontramos a associação antes implícita, agora explícita, 
entre “doença” e pecado. Na situação que Tiago tem em vista, existe uma forte 
conexão entre doença física e pecado. Esse é o ponto do texto, e a chave de 
interpretação. O verbo traduzido “houver cometido pecados” traz a idéia de 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 133
pecados do passado que continuam surtindo efeitos no presente em sua vida. Em 
outras palavras, nunca foram resolvidos. Talvez em meio a perseguição ele 
blasfemou, duvidou, mentiu ou fugiu de Deus. 
Talvez desonrou o nome de Jesus. Por isso, agora encontra-se desfalecido e 
desamparado.
Pensa que não presta mais, que pisou na bola, e que não existe retorno para ele. 
Se ele foi disciplinado pela igreja, talvez seja por isso que é SUA responsabilidade 
chamar os presbíteros até ele. Como representantes espirituais da congregação, 
eles precisam ouvir sua confissão para depois restaurá-lo. 
“Confessai, POIS”—À luz da seriedade de pecado e suas conseqüências na vida 
de um cristão, somos chamados a não esconder nosso pecado! Pv 28:13 nos 
lembra, O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as 
confessa e deixa, alcançará misericórdia. 
Pecado certamente pode ser uma causa de doença física/espiritual em nossas 
vidas! Por isso precisamos sempre ser transparentes uns com os outros e não 
brincar com nossa fé. Nossos pecados podem nos arrastar para o abismo de 
desânimo, derrota e desfalecimento. "Orai uns pelos outros, para serdes curados."
Resumindo, devemos clamar a Deus quando nossa fé enfraquece. Devemos 
confessar nossos pecados uns aos outros, e orar uns pelos outros, para que a 
nossa fé não desfaleça. Se alguém cair em pecado e por isso, entra em parafuso, 
sofre fisica e espiritualmente, deve chamar os líderes espirituais da igreja para 
interceder por ele. Deus diz que ouvirá essa oração.
Segundo esse texto, oração em todos os momentos da vida (a verdadeira e 
constante comunhão com Deus) é um dos ingredientes fundamentais de 
reavivamento verdadeiro, profundo, duradouro e bíblico.
A fé verdadeira manifesta-se em oração: dependência total; confiança absoluta; 
conversa genuina, não finjida, com Deus em todos os momentos. Não um show de 
oração, mas uma atitude profunda de humildade e dependência. 
Será que a fé verdadeira manifesta-se em nós numa vida mais e mais marcada 
pela comunhão com Deus? Em todas as situações da vida, será que nossa 
primeira resposta é falar com ele?
Jesus quer ser nosso melhor amigo. Esse tipo de relacionamento com Jesus é 
exatamente isso—um relacionamento! Uma amizade!
Aplicação: Como tornar esse estilo de vida algo natural? Quantas vezes eu 
preciso ser lembrado desses mesmos princípios? No início, talvez um pouco 
forçado. Para alguns, é mais fácil do que para outros. Mas temos um 
Companheiro, um Advogado, alguém chamado ao nosso lado para nos ajudar.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastorda Igreja Presbiteriana de Nova Vida 134
*Transformar os momentos mais rotineiros do dia em cultos de oração (lavar 
louça, enfrentar trânsito
*Orar pelas pessoas que encontra quando as vê
*Orar pelas notícias (guerra, fome, inchentes)
*Agradecer pelos benefícios enquanto os recebe (água quente, comida, roupa, sol, 
luz elétrica, encanamento) (Não por acaso Paulo diz “Em tudo dai graças” logo 
depois de “Orai sem cessar”) (1 Ts 5:18)
*Orar no início, meio e fim de uma aula
*Orar num aconselhamento com um amigo ou numa confrontação
*Orar na disciplina do seu filho, ou quando recebendo uma bronca do seu pai.
*Gastar os primeiros e últimos momentos do dia em conversa com o Senhor
*Cultivar o hábito de entregar todos os serviços durante o dia ao Senhor
Parte XXIII
VIDA IMPREVISÍVEL
Tiago 4:13-17 
Nunca me esquecerei do testemunho feito por meu amigo, Roberto, no cemitério, 
depois do falecimento trágico de sua esposa Valéria. Roberto deu um desafio para 
todos ali presentes, em que mencionou um texto estranho do livro de Eclesiastes:
Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete,
Pois naquela se vê o fim de todos os homens;
E os vivos que o tomem em consideração (Ecl 7:2)
Certa vez um sábio comentou sobre o texto: “Uma visita a um lar abalado pela 
tragédia nos relembra a brevidade da vida e a necessidade de um viver sábio. Tal 
visita é melhor do que a visita a um lugar de festividade impetuosa.”
Tiago 4.13-17 nos lembra de que a vida, sim, é breve e imprevisível e por isso, 
deve ser vivida com humildade e submissão sob a soberana mão de Deus.
Atendei agora, vós que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá 
passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros. Vós não sabeis o que 
sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois apenas como neblina que aparece 
por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer, Se o Senhor quiser, 
não só viveremos, como faremos isto ou aquilo. Agora, entretanto, vos jactais das 
vossas arrogantes pretensões. Toda jactância semelhante a essa é maligna. 
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.
O livro de Tiago tem mais de 50 ordens (imperativos e proibições) em pouco mais 
de 100 versículos; temos, na média, uma ordem a cumprir de dois em dois 
versículos! 
No capítulo 4 de Tiago, nos primeiros dois versículos, descobrimos uma 
implicação da nossa fé agarrada em Cristo—A Fé Genuína Rejeita Valores 
Mundanos. A fé verdadeira vive sua vida à luz de realidades celestiais. Não ama 
esse mundo, em que somos peregrinos. Não se agarra nele.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 135
Não constrói sua vida sobre o luxo, pois o luxo um dia vai virar lixo. Vive à luz da 
eternidade, com convicção e firmeza e esperança e dedicação à causa de Cristo e 
Seu Reino. 
Reconhece que tudo que se vê aqui um dia se derreterá. Esses fatos ficam mais 
claros para os verdadeiros cristãos em velórios! É nessas horas que percebemos 
a realidade da nossa fé. Nós nos entristecemos, choramos,mas não como aqueles 
que não têm esperança. Nos agarramos mais que nunca na verdade de um Jesus 
vivo, ressurreto.
“Por que Jesus está vivo, o amanhã enfrento! 
Porque vivo está, temor não há. 
Porque eu bem sei, bem sei que é dele o meu futuro . . .”
Tiago 4:13-17 continua essa linha de pensamento, nos advertindo sobre a 
brevidade dessa vida. A FÉ VERDADEIRA RECONHECE QUE A VIDA É 
IMPREVISÍVEL! O texto condena a arrogância e soberba de pessoas que viviam 
suas vidas agarradas no mundo, como se fossem soberanas, como se fossem 
eles que mandavam na terra, como se eles mesmos fossem onipotentes, 
oniscientes, auto-suficientes. O fato é que nossa vida é um vapor que aparece e 
desaparece.
Como, então, viveremos, à luz de uma vida imprevisível? Desanimamos? 
Desistimos? Abandonamos a Jesus? Viramos as costas? Na verdade, podemos 
ver 3 REALIDADES VIVIDAS por aqueles que têm uma fé genuína:
I. Devemos Reconhecer que a Vida é Breve e Imprevisível (13,14)
Quantas vezes nesses últimos anos, temos sido lembrados de que a nossa vida é 
breve. Que ninguém entre nós é capaz de controlar seu destino. Que ninguém de 
fato sabe o que há de acontecer amanhã.
Esses pensamentos podem nos levar ao desespero. Mas devem nos levar a 
esperança. Não em nós, mas em Deus, o único que sabe exatamente o que há de 
acontecer amanhã. O número dos nossos dias já está escrito no livro dEle. Não há 
nenhuma surpresa! Ele sabe quanto tempo nos resta. Cada dia, temos 
exatamente um dia a menos para gastar em torno de Jesus e Seu Reino. A 
pergunta é: Como estamos investindo nossa vida, nosso tempo? Estamos vivendo 
hoje, para a eternidade?
Infelizmente, algumas pessoas vivem suas vidas como se fossem indestrutíveis. 
Como se fossem mestres do seu próprio destino. Como se nunca teriam fim. Tiago 
condena esse tipo de humanismo, secularismo, que exalta o homem e seus 
planos, sem levar em consideração a vontade de Deus (vs. 13)
Atendei agora, vós que dizeis: Hoje, ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá 
passaremos um ano, e negociaremos e teremos lucros. 
Não há nada de errado com planejamento. A Bíblia nos encoraja a sermos 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 136
diligentes, a planejar para o futuro, como a formiga que prepara sua casa para o 
inverno. Mas nunca somos encorajados a planejar nosso futuro num vácuo de 
auto-suficiência. Tudo que fazemos tem que ser submetido ao Plano Divino. Tudo 
que planejamos tem que ser coerente com os valores bíblicos. Tudo que 
sonhamos tem que ser coerente com o uso de nossas vidas para eternidade.
Penso comigo mesmo sobre os nossos planos, nossos sonhos, nossos ideais, 
nossos alvos como casal. Planos para crescer e envelhecer juntos. Planos para 
celebrar bodas de prata. Planos para visitar os filhos, os netos. Planos para viajar. 
Planos para conhecer, quem sabe, outros lugares do mundo.
Mas Tiago nos adverte. Enquanto planejamos, nunca podemos esquecer de quem 
somos. Somos seres frágeis e dependentes. Somos finitos, limitados, fracos, 
vítimas de um mundo contaminado pelo pecado. 
No texto, os negociantes judaicos, que por sinal haviam experimentado muito 
sucesso na vida, faziam seus planos numa redoma de auto-suficiência. Estavam 
construindo suas vidas sobre um fundamento de luxo, só para descobrir no fim 
que tudo era lixo. Faziam seus planos sem Deus.
Construíam seus castelos sobre a areia. Mas a onda da soberania de Deus subiu 
na praia, e levou tudo para o fundo do mar.
Nunca podemos deixar Deus fora dos nossos planos (v14):
Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? 
Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.
Esse texto nos alerta sobre duas razões porque todos os nossos planos devem 
ser submetidos à soberania de Deus:
1. Porque somos ignorantes do futuro. Não sabemos o que vai acontecer 
amanhã. Somos limitados. Finitos. Não somos oniscientes. Podemos e devemos 
fazer planos, mas nunca com arrogância, auto-suficiência, prepotência, ou 
autonomia. 
Esse fato deve nos levar a humildade e dependência, cientes de que, no momento 
em que Jesus tira sua mão sustentadora das nossas vidas, pararemos de respirar. 
Por isso, vivemos nossas vidas cientes da soberania de Deus. Ele sabe. Ele se 
importa. Ele traça os planos para nossa vida. 
Ele direciona. Podemos lançar sobre Ele toda a nossa ansiedade, porque Ele tem 
cuidado de nós!
2. Porque somos impotentes. Também não somos onipotentes. Não temos 
poder nem de acrescentar um fio de cabelo nas nossas cabeças, muito menos 
mais um minuto para nossas vidas (Mt 6:27). Somos como neblina que aparece e 
logo se dissipa.
Por isso vivemos nossas vidas amarradas em Jesus, na esperança de vê-lo a 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 137
qualquer instante. O cristão não precisa temer a morte! Choramos, sim, pelos que 
ficam, pela dor, pelo vazio. Mas quando vivemos nossas vidas com olhosfixos no 
alvo, há uma certa expectativa do além. Somos peregrinos! Somos forasteiros!
II. Devemos Reconhecer que Deus é Soberano (15)
Uma fábula européia conta a história de uma aranha orgulhosa: “Havia uma 
aranha no canto de um celeiro que admirava tanto sua teia, que a cada dia 
limpava, arrumava e mostrava para todos que passavam. Porém um dia, enquanto 
admirando sua bela obra-de-arte, ficou incomodada com a única coisa que 
impedia que esta fosse a melhor teia-de-aranha na história do mundo. Foi aquele 
fio lá em cima, que estragava toda a estética do resto. Não teve dúvidas, cortou 
logo o fio que ligava sua teia ao teto, porém logo em seguida, seu mundo ruiu.
Infelizmente é isso que muitas pessoas estão fazendo. Cortam o fio que leva a 
Deus. Decidem que podem construir sua teia-de-aranha sem nenhum fio no teto. 
Abandonam a fé. 
Expressamos nossa confiança na soberania de Deus através de um 
reconhecimento simples, humilde e dependente, de que Deus tem tudo sob 
controle. “Se Deus quiser.” 
O triste hoje, é que esta frase “se Deus quiser” virou chavão, assim como a 
saudação “Graça e paz”. Mas a frase está cheia de significado, quando expressa a 
confiança do nosso coração. Mostra que somos seres dependentes, não 
autônomos, não auto-suficientes, não capazes de fazer nada fora da boa mão de 
Deus. Isso mexe com nosso orgulho. Elimina nossa arrogância. 
Repare que a soberania de Deus não anula planejamento. Continuamos fazendo 
planos, mas são planos contingentes, dependentes, provisórios: “Se o Senhor 
quiser, não só viveremos, como faremos isto ou aquilo.” Tudo condicionado à 
vontade de Deus. E, subentende-se, de forma coerente com Seus valores.
Em outras palavras, submetemos todos os nossos planos à soberana mão de 
Deus. Confiamos nEle para estabelecer ou não os desejos do nosso coração (Sl 
90:17).
Assim como Jesus falou, se alguém quer ganhar sua vida, precisa perdê-la num 
plano maior. Investe na eternidade. Constrói hoje para sempre. A única maneira 
de fazer sentido de um mundo assim é confiar na soberania de Deus, descansar 
nEle, e viver cada dia como se fosse seu último.
III. Devemos Reconhecer que Auto-Suficiência é Pecado (16,17)
O texto termina com uma advertência contra auto-suficiência. Quando fazemos 
planos com auto-suficiência, somos orgulhosos, arrogantes, soberbos. Excluímos 
Deus dos nossos planos e das nossas vidas. 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 138
Essa foi a atitude do diabo! “Agora, entretanto, vos jactais das vossas arrogantes 
pretensões.
Toda jactância semelhante a essa é maligna.” Vem do diabo. Ele quis construir 
seu próprio império independente de Deus. Ele quis ser Deus. Sua ambição, seu 
egoísmo levou a sua queda.
Às vezes, gostaria muito de ser Deus. Gostaria muito que todos os meus planos já 
saíssem com o carimbo divino de aprovação. Gostaria que todos os meus sonhos 
fossem realizados. Mas eu não sou Deus. Ainda bem!
O versículo 17, avaliado dentro desse contexto, tem uma aplicação bem mais 
direta. 
Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.
Qual é o bem que se deve fazer, nesse contexto? VIVER SUA VIDA DEBAIXO DA 
SOBERANIA DE DEUS, INVESTINDO SEUS POUCOS ANOS HOJE PARA O 
REINO DE DEUS!
Em outras palavras, viver uma vida de dependência constante de Deus. Submeter 
todo plano à inspeção divina. Passar todo sonho pelo crivo da Palavra de Deus e 
de valores eternos. Buscar em primeiro lugar o reino de Deus e Sua justiça. Usar 
meu tempo, meus bens, minha inteligência, minha energia, minha boca, minhas 
mãos, para o bem do Reino de Deus. Parar de correr atrás do luxo desse mundo, 
que um dia vai virar lixo. Investir em 3 eternos—a Palavra de Deus, a Pessoa de 
Deus, o Povo de Deus. Estes são investimentos que durarão para todo sempre! 
De fato, em termos da eternidade, realmente é muito melhor irmos para um velório 
do que uma festa. Porque na casa de choro podemos considerar a fragilidade do 
ser humano, da nossa necessidade de Jesus em todos os momentos de nossas 
vidas, da grandeza de Deus, da esperança do céu, de um Jesus vivo, ressurreto, 
que nos traz todo consolo e toda esperança. À luz da ressurreição de Jesus, 
DEVEMOS VIVER, HOJE PARA SEMPRE.
Parte XXIV
JESUS E A MULHER SAMARITANA:
Repensando velhos conceitos 
O encontro de Jesus com a mulher samaritana poderia ser descrito como "a vitória 
do evangelho sobre os preconceitos sócio-culturais". Os judeus e samaritanos não 
se entendiam desde os tempos de Oséias, o último rei de Israel. 
I
Tudo começou quando Oséias conspirou contra Salmanasar, rei da Assíria. 
Samaria, a capital de Israel, foi sitiada pelas tropas assírias por três anos e, 
posteriormente, seus moradores foram transportados para a Assíria (2 Rs 17.3-6). 
Isto aconteceu em 722 a.C. Somente os pobres puderam ficar em Israel (cf. Jr 
39.10). Logo, vieram também estrangeiros e se estabeleceram na região 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 139
devastada. Diz o relato bíblico: "O rei da Assíria trouxe gente de Babilônia, de 
Cuta, de Hamate e de Serfavaim, e a fez habitar nas cidades de Samaria, em 
lugar dos filhos de Israel; tomaram posse de Samaria e habitaram nas suas 
cidades" (2 Rs 17.24). Da mescla com a população que havia ficado, surgiu uma 
nova raça denominada de samaritanos (nome derivado de Samaria, a metrópole 
fundada por Onri, pai de Acabe, por volta de 880 a.C.).
No princípio, quando os estrangeiros passaram a habitar em Samaria, eles não 
temeram ao Senhor; pelo que o Senhor mandou leões invadirem suas terras, os 
quais mataram a alguns do povo. Com razão atribuíram esta praga à ira de Deus. 
Então, rogaram ao rei da Assíria que enviasse um sacerdote israelita para lhes 
ensinar "como servir o Deus da terra". E assim aconteceu que um judaísmo 
adulterado foi enxertado ao culto pagão. Quando uma parte dos judeus voltou à 
terra de seus pais (principalmente, mas não exclusivamente, parte dos que haviam 
sido deportados para a Babilônia em 586 a.C.), construiu-se um altar para o 
holocausto e pos-se os fundamentos do templo, samaritanos zelosos e seus 
aliados interromperam as obras (Ed 3 e 4). Assim fizeram porque negaram a eles 
a permissão de cooperar na obra de reconstrução. Sua petição foi: "Deixa-nos 
edificar convosco, porque, como vós, buscaremos a vosso Deus, como também já 
lhe sacrificamos desde os dias de Esar-Hadom, rei da Assíria, que nos fez subir 
para aqui". A resposta que receberam foi a seguinte: "Nada tendes conosco na 
edificação da casa do nosso Deus". Ao receberem esta dura resposta os 
samaritanos passaram a odiar os judeus. Logo começaram a construir seu próprio 
templo no monte Gerizim. Porém, João Hircano, um dos reis macabeus, destruiu 
este templo em 128 a.C. Os samaritanos, não obstante, continuaram adorando em 
cima da montanha, onde haviam erigido o templo sagrado.
A aversão dos judeus para com os samaritanos pode ser vista ainda em Jo 8.48 e 
no livro apócrifo de Eclesiástico 50.25,26.1 E a mesma atitude por parte dos 
samaritanos em Lc 9.51-53.
Dois fatores principais ocasionaram o encontro de Jesus com a samaritana. O 
primeiro foi a desconfiança por parte dos fariseus e a conseqüente "tempestade" 
que começava a se armar (Jo 4.1). Os fariseus viam surgir diante de seus olhos 
outro profeta como João Batista. É certo que a verdadeira preocupação dos 
fariseus não era com o batismo de um ou do outro, mas eram as multidões que 
Jesus arrastava que começava a incomodá-los. A fim de evitar um confronto antes 
do tempo, o Mestre decidiu deixar a Judéia e partir para a Galiléia (v3).
O segundo fator que ocasionou o encontro está no verso 4: "E era-lhe necessário 
atravessar a província de Samaria". Por que era necessário que Jesus passasse 
por Samaria? Seria por causa das chuvas que transbordavam o rio Jordão, 
dificultando o caminho costumeiramente seguido pelos judeus que queriam ir até a 
Galiléia, como sugerem alguns? Acredito que não. Seráque o Mestre apenas 
queria cortar caminho por Samaria para chegar na Galiléia? Muito menos, visto 
que não era normal um judeu passar por Samaria, seja qual fosse a circunstância. 
MacArthur observa:
Os samaritanos representavam uma ofensa tão grande que eles nem queriam por 
os pés na Samaria. Embora a rota mais curta atravessasse essa província, os 
judeus nunca usavam esse caminho. Eles tinham a própria trilha, que ia ao norte 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 140
da Judéia, a leste do Jordão, entrando na Galiléia. Jesus bem poderia ter seguido 
por essa rota, muito usada, que unia a Judéia à Galiléia.2
A questão era: Jesus necessitava ir por aquele caminho e chegar numa cidade 
samaritana de nome Sicar porque "precisava atender a um compromisso divino 
junto ao poço de Jacó".3
Não há unanimidade entre os estudiosos quanto ao horário da chegada de nosso 
Senhor ao poço (v6). João estaria usando o horário judaico (meio dia) ou o horário 
romano (seis da tarde)? Este detalhe não é tão importante. Basta saber que Jesus 
chegou na hora certa. Nem antes; nem depois. "Ele estava no local e no tempo 
indicados por Deus, determinado a fazer a vontade do Pai. Ele estava lá para 
buscar e salvar uma única, triste e desventurada mulher".4
II
"Nisto veio uma mulher samaritana tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber" 
(Jo 4.7). 
"Então lhe disse a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, pedes de beber a 
mim que sou mulher samaritana..." (Jo 4.9).
Com uma simples petição (dá-me de beber), o nosso Senhor declara que a 
separação entre os povos em geral, e judeus e samaritanos em particular, estava, 
de certa forma, com os dias contados. A parede divisória desaparece onde o 
evangelho se faz presente (cf. Gl 3.28; Ef 2.14).
No simples fato de viajar por Samaria e pedir água à uma samaritana, Jesus 
estava derrubando barreiras centenárias de preconceito racial. "A misericórdia de 
nosso Senhor transpôs as barreiras do ódio nacionalista, como se vê não somente 
aqui, João 4, mas também em Lc 9.54,55; 17.11-19; e na parábola do Bom 
Samaritano (Lc 10.25-37)".5 É interessante observarmos que o encontro de Jesus 
com a mulher samaritana foi precedido pela ida dos discípulos à cidade de Sicar 
para comprar alimentos (v8). Mandar os discípulos comprar alimentos foi um santo 
pretexto do Mestre. Nem tanto para ficar simplesmente sozinho e conversar 
sossegado com a mulher. Muito menos porque precisasse de comida naquela 
hora (veja vv31-34). É que as barreiras deveriam ser destruídas em seus 
discípulos também (cf. Lc 9.51-56).
Embora estivesse verdadeiramente cansado e necessitasse de água (vv6,7), 
Aquele que pedia tinha muito mais a oferecer. Pedir água àquela mulher fazia 
parte de uma estratégia evangelística, se é que podemos dizer assim. "À medida 
que o Grande Evangelista procura ganhá-la, Ele orienta sabiamente a conversa, 
levando-a de um simples comentário sobre beber água à revelação de que Ele era 
o Messias".6 Aquele que pedia água fria estava oferecendo água viva, a saber, a 
Si mesmo.
Conhecendo a tradição discriminatória, a mulher ficou perplexa com o pedido de 
Jesus. Nos tempos do Novo Testamento havia uma desigualdade muito grande 
entre homem e mulher. Nos tempos bíblicos (e em muitos países orientais de 
hoje) os homens não conversavam com mulheres em público, mesmo sendo suas 
esposas. Se entre um judeu e um samaritano existiam preconceitos profundos, 
imagine-se entre um judeu e uma samaritana, e uma samaritana de vida imoral! 
Independente do modo em que vivia uma samaritana, os judeus sempre 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 141
consideravam-nas em estado de perpétua contaminação. Um judeu preferia 
morrer de sede a tomar água da mão de um samaritano, muito menos de uma 
mulher samaritana, sobretudo pecadora. Haja vista a surpresa dos discípulos ao 
virem Jesus falando com a mulher (v27). 
A mulher estava surpresa com o fato de Jesus se dirigir a ela, pedindo água de 
seu cântaro "impuro". Mas a impureza não estava no cântaro, e sim, na vida dela. 
E era aquela vida que o Senhor Jesus queria purificar.
É provável que na mente da samaritana, moldada por uma sociedade 
culturalmente preconceituosa, passasse também o seguinte pensamento: "Tu és 
judeu, estás necessitado de água e não podes valer-te. Eu sou mulher samaritana, 
sou auto-suficiente e, portanto, posso ajudar-te". Jesus, pois, mostrou que a 
realidade era completamente outra. A mulher é quem precisava de água de 
verdade e Ele era a única fonte que podia sacia-la (v10).
Ainda que a mulher samaritana não entendesse à princípio que a verdadeira água 
viva estava fora e não no fundo do poço, os progressos começavam a aparecer. 
Ela já não vê Jesus como um simples forasteiro judeu afoito. Agora ela O chama 
de "senhor" (v11) e não mais "tu" (v9). Os preconceitos sócio-culturais que 
impregnavam tanto judeus como samaritanos começam a arrefecer da parte dela.
Convém ressaltar, ainda, que a mulher samaritana não era desprezada apenas 
pelos judeus, mas também pelo seu próprio povo, em razão da vida libertina que 
levava. A vida dela era um emaranhado de adultérios e divórcios. "Na sociedade 
de então, isso fazia dela uma pessoa rejeitada e proscrita, com um status social 
igual ao de uma prostituta comum".7 
Perto de Sicar haviam muitos poços nos quais ela poderia buscar água. "As 
mulheres costumavam cumprir esta tarefa num horário mais fresco e em grupo, 
pois era mais seguro e mais cômodo".8 Entretanto, a condição de vida que levava 
a obrigava fazer longas caminhadas, sozinha, até o poço de Jacó. Além disso, 
buscava sua água no horário em que provavelmente não encontraria as suas 
conhecidas.
O Rev. Miguel Rizzo Jr., ilustre pastor presbiteriano falecido, escreveu um 
excelente opúsculo entitulado O Cântaro Abandonado, no qual relata o 
preconceito social sofrido pela mulher samaritana com o seguinte quadro:
"Vivia segregada da sociedade. Possivelmente, no convívio que outrora tivera com 
suas amigas, percebeu que elas a repeliam. Quantas vezes teria ouvido 
comentários cortantes de sua conduta!
-Já é o segundo marido, diriam algumas.
Tempos depois seria mais acre o comentário:
-Já é o terceiro marido.
Mas a situação ia piorar ainda:
-Já é o quarto marido.
Quantas ironias acompanhariam, na maledicência social, esses comentários 
mordazes! E iam-se tornando mais ferinos:
-Já é o quinto marido.
Na época em que se deram os fatos que comentamos, a crítica provavelmente 
seria já mais enxovalhante:
-Agora é o sexto marido".9
A imoralidade é uma prática inaceitável. Mas não se pode confundir o pecador 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 142
com o pecado. A vida leviana daquela mulher era reprovável, porém, havia nela 
uma alma necessitada de compaixão. Estava socialmente marginalizada e 
moralmente esfarrapada. E foi assim que Jesus a encontrou e a salvou.
III
"Senhor, disse-lhe a mulher: Vejo que tu és profeta. Nossos pais adoravam 
neste monte; vós, entretanto, dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se 
deve adorar" (vv 19,20).
Constrangida com a revelação de sua vida de pecado, e aproveitando a 
capacidade profética de seu interlocutor, a mulher tentou mudar de assunto. 
Digo "tentou" porque na verdade era Jesus quem conduzia o diálogo. A 
mulher estava estrategicamente cercada do princípio ao fim da conversa. E a 
evangelização acabaria na hora exata, com os assuntos devidamente 
tratados. Não é curioso que os discípulos chegassem exatamente no fim da 
conversa?
O último obstáculo a ser vencido seria o preconceito religioso. Deste 
preconceito entre judeus e samaritanos originavam-se todos os 
preconceitos sócio-culturais. Como observou corretamente A. Gelston: "O 
ponto principal da discórdia era o templo do monte Gerizim".10 Os judeus 
insistiam que Jerusalém era o único lugar de adoração. A tradição 
samaritana, por sua vez, dizia que uma longa cadeia de figuras bíblicas, 
desde Adão até José,conheciam o monte Gerizim como lugar sagrado. 
Implicitamente, a samaritana estava perguntando: "Quem está certo?".
A conversa de Jesus com a mulher samaritana passa a girar em torno da 
verdadeira adoração. "É bastante significante a importância dada ao lugar de 
culto por uma alma cujos pecados são expostos".11 
No decorrer do diálogo muitos sub-temas são abordados, tais como: o lugar 
da adoração, o tempo da adoração, a busca dos adoradores, o verdadeiro 
adorador, a quem se deve adorar, o modo correto de se adorar, etc. Não 
temos espaço para tratar separadamente cada um desses sub-temas. Basta 
dizer, por enquanto, que Deus só pode ser verdadeiramente adorado, desde 
que seja verdadeiramente conhecido. Como diz muito bem o Dr. Héber 
Carlos de Campos em seu comentário de João 4.20-24: "O pressuposto 
inequívoco para verdadeira adoração é o conhecimento do verdadeiro 
Deus".12
Nosso Senhor ensinou à samaritana que quem conhece Deus de fato, só 
pode adorá-lO em espírito e em verdade. Estudiosos da Bíblia têm dado 
diversas interpretações para a expressão "em espírito e em verdade" de 
João 4.23,24.13 Parece razoável entendermos que ao estabelecer o modo 
correto de adorar a Deus, isto é, em espírito e em verdade, Jesus estava 
criticando o culto judaico e o culto samaritano.
Os samaritanos acreditavam que adoravam o mesmo Deus dos judeus, mas 
não aceitavam as mesmas Escrituras dos judeus, a não ser os cinco 
primeiros livros, o Pentateuco de Moisés. Como não aceitavam os demais 
livros da revelação divina (por acharem que eram invenções dos judeus), o 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 143
culto dos samaritanos era defeituoso. Por isso Jesus disse à mulher: "Vós 
adorais o que não conheceis, nós adoramos o que conhecemos, porque a 
salvação vem dos judeus" (v22). Os samaritanos adoravam "em espírito", 
isto é, adoravam aquele que eles não conheciam "com alegria e verdadeiro 
entusiasmo". Mas e daí? Não adoravam "em verdade" porque rejeitavam 34 
livros do Velho Testamento, a Bíblia de então. A revelação de Deus nas 
Escrituras é progressiva; portanto, é impossível conhecê-lO 
verdadeiramente ficando apenas com os cinco primeiros livros da Bíblia.
Por outro lado, os judeus aceitavam toda Escritura. Por isso conheciam 
Deus e tinham tudo para adorá-lO corretamente. "Tinham tudo", mas não o 
faziam. Os judeus se limitavam à formalidade de um culto onde o espírito 
não estava presente. Faltavam emoção, vida e alegria no culto judaico.
Contudo, uma nova era estava surgindo para a adoração. Logo, logo tanto 
judeus como samaritanos compreenderiam que para adorar a Deus o que 
menos importava era o espaço físico. O que conta "não é onde se deve 
adorar, mas a atitude do coração e da mente, e a obediência à verdade de 
Deus quanto ao objeto e o método de adoração. Não é o onde, mas o como e 
o quê o que realmente importa".14 Deus quer homens e mulheres que O 
adorem com o espírito dos samaritanos e a verdade dos judeus.15 
O resultado do encontro de Jesus com a mulher samaritana não poderia ser 
menos que excelente. A pecadora tornou-se missionária! Extremamente 
feliz, deixou seu cântaro e correu para anunciar na cidade sua grande 
descoberta: o Messias chegou! A mulher despertou o interesse dos seus 
concidadãos de tal modo que conseguiu levá-los a Jesus (vv29,30). Houve 
uma grande colheita: Muitos samaritanos creram em Cristo Jesus (vv39-42).
IV
São grandes as lições que aprendemos do encontro de Jesus com a mulher 
samaritana. A começar pelo resultado da conversa, vemos uma mulher 
outrora desprezada por todos, sendo usada poderosamente por Cristo para 
influenciar os moradores de sua cidade. Quão glorioso é Cristo: "Ele ergue 
do pó o desvalido, e do monturo, o necessitado" (Sl 113.7).
Como esta mulher, existem tantas outras em nossas cidades. Assim como 
elas, tantos outros se encontram à margem da sociedade, roubados de seus 
direitos e dignidade. E nós, evangélicos, lamentavelmente somos culpados 
por boa parte da marginalização do indivíduo pela sociedade, pois fazemos 
pouco ou nada em mostrar para a sociedade que o homem e a mulher, a 
criança e o idoso, o deficiente, os proscritos em geral , etc., são valorizados 
por Cristo e como humanos que são devemos valorizá-los também. 
Falhamos em não ver (ou fingimos que não vemos) a pessoa por trás de 
seus pecados.
Outra lição importante que aprendemos de João 4 são os princípios básicos 
para uma boa evangelização. Notamos que Jesus conduzia a conversa, 
utilizando-Se, primeiramente, de Sua sede física para chegar à sede 
espiritual daquela mulher. Com habilidade o Senhor invalida as tentativas da 
samaritana de controlar o diálogo, mudar de assunto e perguntar coisas sem 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 144
importância. Não precisamos conhecer a vida de uma pessoa como Cristo 
conhece para sermos eficicientes na evangelização. Nossa suficiência está 
em Cristo e o Espírito Santo nos guiará com triunfo em nossa evangelização.
Mas as lições de evangelismo continuam. Na tentativa de fugir da 
confrontação, vemos na mulher samaritana o símbolo do pecador em seu 
estado natural. No "cerco" de Cristo temos o exemplo que devemos seguir 
na evangelização dos perdidos. Aprendamos com o Mestre a sermos mais 
sensíveis com os marginalizados e como abordá-los com eficiência.
Não é preciso pressa quando se evangeliza. Este é outro ponto que 
extraímos de João 4. O importante, como o nosso Senhor ensinou,é que haja 
progresso. O próprio Jesus revelou pouco a pouco quem Ele era. E em 
perfeita harmonia com esta revelação gradual, a confissão da mulher 
também avançou. Primeiro viu Jesus como um simples forasteiro judeu; 
depois um profeta, que revelou coisas de sua vida particular e, por último, o 
Messias.
A conversa sobre a verdadeira adoração é uma preciosidade do Novo 
Testamento. Contudo, ao mesmo tempo que é edificante torna-se 
preocupante também. Receio que muito do chamado culto cristão de hoje 
não passe de culto samaritano ou judaico. De um lado temos os entusiastas, 
mas vazios de conteúdo, de doutrina. Do outro lado temos os experts na 
Bíblia e na doutrina, mas totalmente frios e sem entuisiasmo e alegria no 
Senhor. Que Deus nos ajude a oferecermos a Ele a adoração que Lhe é 
devida.
NOTAS
1. O historiador judeu Flávio Josefo disse que, por volta do ano 19 d.C., um 
grupo de samaritanos entrou no templo de Jerusalém e espalhou ossos 
humanos sobre o altar, profanando o santuário e acirrando contra si o ódio 
judaico. Este ato causou revolta e indignação por parte de todos os judeus 
das sinagogas de Israel, que passaram a encerrar suas orações diárias 
lançando uma maldição sobre os samaritanos. Cf. A Missão da Igreja, 
(Missão Editora, Belo Horizonte,1994), pp. 65,6.
2. John F. MacArthur, O Evangelho Segundo Jesus, (Editora Fiel, São Paulo, 
1991), p. 57.
3. MacArthur, op.cit., p. 57.
4. Idem, p. 58
5. G. Hendriksen, El Evangelio Según San Juan, (SLC, Grand Rapids, 1987), 
pp. 172,3.
6. MacArthur, op. Cit., p. 56.
7. MacArthur, op. cit., p. 55.
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 145
8. Rosane Maria, Senhor dá-me de beber em No Princípio era o Verbo, 
(Encontrão Editora, Curitiba, 1994), p. 243.
9. M. Rizzo, Jr., O Cântaro Abandonado, (UBB, São Paulo, 1982), p. 34.
10. A. Gelston, Samaritanos em O Novo Dicionário da Bíblia, ( Edições Vida 
Nova, São Paulo, Vol. II, 1986), p. 1472.
11. A. J. Macleod, O Evangelho Segundo São João em O Novo Comentário 
da Bíblia, (Edições Vida Nova, São Paulo, Vol. II, 1987), p. 1071.
12. H. C. Campos, O Pressuposto Básico da Verdadeira Adoração, artigo não 
publicado, p. 33.
13. Consulte comentários bíblicos de João 4.23,24.
14. G. Hendriksen, op. cit., pp. 178,9.
15. É importante observar, porém, que os judeus aceitavam todo o VT, tendo 
a oportunidade de conhecer tudo o que de Deus se podia conhecer "naquela 
época". Entretanto, hoje já não é possível dizer queos judeus conhecem 
verdadeiramente a Deus porque rejeitam a revelação de Deus em Cristo 
Jesus, conforme nos é ensinado no Novo Testamento.
Parte XXV
VISÃO: ENXERGAR ALÉM DA MAIORIA 
 A confrontação da mediocridade exige pensamento claro.
as pessoas que enfrentam a mediocridade devem fazê-lo mediante a perspectiva 
de outro reino, não governado por nós, mas pelo próprio Senhor. 
Custa nosso compromisso e revela-se periodicamente em expressões@ 
extravagantes. 
MUNDO: Inteligência humana, simpatia persuasiva, lógica inteligente e atraente, 
competição, criatividade e riqueza de recursos, mas tem falta dos ingredientes 
essenciais que capacitam a pessoas alçar vôo sublime, como o da águia.
- A parte traiçoeira é a maneira como nosso cérebro passa por lavagem pelo 
sistema, ficando, assim, bloqueado, impedido de atingir seu potencial total.
O resultado final é previsível : ansiedade interna e mediocridade externa.
TRÊS FATOS INDISPUTÁVEIS
A RESPEITO DO SISTEMA MUNDANO.
Mateus 6:24-34
- "Ninguém pode...", NÃO andeis...", "Qual de vós poderá"
"Basta a cada dia seu próprio mal..."
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 146
- é a diferença entre a maneira como as pessoas vivem natural-mente (cheias de 
preocupação e ansiedade), e a maneira como o Senhor planejou que vivêssemos 
(livres de todo aquele excesso de bagagem).
- Decaímos para um modo de vida inferior porque "os gentios é que procuram 
todas estas coisas" (v.32)
1. VIVEMOS NUM MUNDO HOSTIL, NEGATIVO.
O sistema que nos rodeia focaliza-se nos pontos negativos : 
- no que está errado, não no que está certo,
- no que está faltando, não no que está presente,
- no feio, não no bonito (Ex : Dinossauros - "a era o feio"
- no que é destrutivo, não no que é construtivo,
- no que não pode ser feito, não no que pode ser feito,
- no que fere, não no que ajuda,
- no que nos falta, não no que temos.
A maioria das notícias se relaciona em fatos negativos. 
É contagioso : Ex : Satanás e Eia
A atitude mental negativa conduz a sentimentos incríveis de ansiedade. O 
resultado é :medo, ressentimento e ódio.
O sistema mundano opera de modo direto contra a vida que Deus planejou para o 
seu povo.
2. ESTAMOS ENGOLFADOS PELA MEDIOCRIDADEE CINISMO.
Sem a motivação do entusiasmo e da visão cheia do poder divino, as pessoas 
tendem para a "média".
- fazendo apenas o suficiente para serem aprovadas.
- a maioria dita as regras, e a excitação é substituída por um dar de ombros. 
- NÃO apenas se perde a excelência de vida, mas sempre que ela levanta a 
cabeça, é considerada uma ameaça.
3. A MAIORIA ESCOLHE NÃO VIVER DE MODO DIFERENTE.
"Vá na onda" e "NÃO faça onda" e "Quem se importa?"
- O cinismo está presente e a coragem está ausente.
A Coragem : 
- dá a uma nação seu orgulho
- a um lar seu propósito
- a uma pessoa a vontade de produzir o melhor possível.
"É preciso que alguém saliente que desde os tempos antigos 
o declínio da coragem tem sido considerado o começo do fim" 
Alexandre Soljenitsin
O QUE É NECESSÁRIO PARA VIVER DE MODO DIFERENTE?
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 147
VISÃO:
- A águia possui oito vezes mais células visuais por centímetro cúbico do que o ser 
humano.
- Voando à altura de 200 metros a águia consegue detectar um objeto do tamanho 
de uma moedinha, movendo-se na grama de 15 cm de altura. 
- A águia pode enxergar um peixe de oito centímetros saltando num lago e oito 
quilômetros de distância. 
- As pessoas que têm a visão de uma águia conseguem enxergar o que a maioria 
não vê.
DETERMINAÇÃO:
- Capacidade de a pessoa manter-se disciplinada, coerente, forte e diligente a 
despeito das circunstâncias ou das exigências.
- As águia são férreas na defesa de seu território e de seus filhotes.
- A força de suas garras é fenomenal.
- Podem agarrar e quebras os ossos fortes do braço humano.
- As pessoas semelhantes a águia possuem tenacidade.
PRIORIDADES:
- Escolha das primeiras coisas em primeiro lugar.
- Fazer o essencial na ordem de sua importância, deixando de lado o inci-dental.
PRESTAÇÃO DE CONTAS:
- Dar respostas às perguntas difíceis, estando em intimo contato com algumas 
pessoas em vez de viver em isolamento, como o lobo solitário.
- Pessoas semelhantes à águia podem ser raras, mas elas possuem uma lealdade 
incrível quando aderem a uma causa.
DOIS HOMENS CORAJOSOS QUE DISCORDA-RAM DA MAIORIA.
Números 13
1. Houve um exodo.
2. Sob a liderança de Moisés, o povo escolhido de Deus chegou às fron-teiras da 
Terra Prometida.
3. O novo território lhes pertencia : "Voces terão a terra!"
4. Deus ordenou a Moisés que espiassem a terra.
- Nem uma só vez os espias foram consultados e encorajados a dar sua opinião 
quanto a se poderiam conquistar Canaã. 
- NÃO havia a minima necessidade disto, porque o Senhor já havia prometido a 
vitória.
- Os espias eram homens famosos entre os israelitas (Nm 13:3-16.)
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 148
5. A missão deles era bem clara. Dolorosa e explicitamente clara (17-20)
- Moisés não lhes disse : "E quando regressarem, dêem-nos conselho sobre se 
devemos ou não invadir a terra." - o povo ouviu o relatório (21-27) : oh!!! ah!!!
RELATÓRIO NEGATIVO
28-29,31 "MAS..."
- Quem havia perguntado?
- Ninguém queria saber se seria capaz de subir ou não.
- Deus tinha prometido que a terra seria deles.
- Só precisavam saber como era a terra.
- Extrapolaram os objetivos de sua missão : (32-33)
- O Negativismo e a visão restritiva são contagiosos : 14:1-2
- Sempre aparece um camarada com idéias criativas : 14:4
- Quando a maioria é deficiente de visão, a miopia espiritual tende a cobrar ônus 
pesado daqueles que tentam liderar : (v.5)
RELATÓRIO POSITIVO
VISÃO ILIMITADA 13:30, 14:6
- Havendo visão, não há lugar para o medo.
"Mas toda a congregação disse que os apedrejassem" Nm 14:10
É duvidoso que a maioria alguma vez tenha razão" Arnold Toynbee
VISÃO é a habilidade de...
- ver a presença de Deus,
- perceber o poder de Deus,
- focalizar os planos de Deus, apesar dos obstáculos.
O A-B-C-D-E da Visão...
A. ATITUDE
- ser otimista em vez de pessimista.
- positiva em vez de negativa.
- NÃO totalmente positiva como se fora uma fantasia, porque voce conta com a 
presença de Deus.
- Voce não desiste. Diz: "Senhor, este é o teu momento. É aqui que tu assumes o 
controle."
B. BASE DE FÉ
- Forte base de fé no poder de Deus.
- confiança nas demais pessoas ao seu redor, engajadas em batalhas 
semelhantes às suas.
- confiança em Voce mesmo, pela graça de Deus. Recusando-se a cair em 
Reverendo Gilson de Oliveira Pastor da Igreja Presbiteriana de Nova Vida 149
tentação, a dar lugar ao cinismo, à duvida. NÃO desanimando.
C. CAPACIDADE
- prontidão para o fortalecimento.
- "Voce precisa esta disposto a ser fortalecido. 
- Voce precisa permitir que sua capacidade seja invadida pelo poder de Deus.
D. DETERMINAÇÃO
- Insistir em vez de desistir,
- As circunstancias endurecem e Voce endurece mais duro ainda.
- A visão requer determinação, foco contínuo em Deus, que está observan-do e 
sorrindo.
E. ENTUSIASMO
- "entheos" (Deus em)
- Capacidade de ver Deus numa dada situação, o que torna o evento excitante.
- É quando nos tornamos convencidos de que Deus, nosso Pai celeste, participa 
de nossas atividades e as aplaude.
Ilustração : jovem atleta preguiçoso, pai cego morre.
Parte XXVI
O “Evangelho de Judas” 
As investidas dos inimigos da cruz surgem por todos os lados. Nos primeiros 
séculos da era cristã, os gnósticos foram uma ameaça à igreja primitiva. Uma 
mistura de ensinos cristãos, filosofias pagãs e tradições judaicas motivou Paulo a 
escrever a epístola aos colossenses, onde ressalta:
“Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs 
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e 
não segundo Cristo” (Cl 2.8). O motivo de sua preocupação era “para que 
ninguém vos engane com palavras persuasivas”. 
A Igreja tem sofrido ataques

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