Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br DELEGADO Nathalia Masson Direito Constitucional Aula 2 ROTEIRO DE AULA Tema: Poder Executivo (D) Licença Art. 83, CF/88: O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo. É um cenário equivalente ao cenário de renúncia. Prazo inferior a 15 dias, licença não é necessária. ADI 5373 MC/RR, Rel. Min. Celso de Mello: A exigência de prévia autorização da assembleia legislativa para o governador e o vice-governador do estado ausentarem-se, em qualquer tempo, do território nacional mostra-se incompatível com os postulados da simetria e da separação dos Poderes. ADI 3.647-MA, Rel. Min. Joaquim Barbosa: O Tribunal julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro - PMDB para declarar a inconstitucionalidade do § 5º do art. 59 e do parágrafo único do art. 62, ambos da Constituição do Estado do Maranhão, com redação dada pela Emenda Constitucional estadual 48/2005, dação dada pela Emenda Constitucional estadual 48/2005, que estabelece que não constituirá impedimento, para efeito de substituição do Governador pelo Vice-Governador, o afastamento do primeiro do país ou do Estado por até quinze dias, e veda que qualquer um deles se ausente, por período superior a quinze dias, sem licença da Assembleia Legislativa. (...) 2 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br (...) Tendo em conta o princípio da simetria, entendeu-se haver afronta ao art. 79 ("Substituirá o Presidente, no caso de impedimento, e suceder-lhe- á, no de vaga, o Vice-Presidente.") e ao art. 83 ("O Presidente e o Vice-Presidente da República não poderão, sem licença do Congresso Nacional, ausentar-se do País por período superior a quinze dias, sob pena de perda do cargo."), ambos da CF, haja vista que o legislador estadual não poderia nem excluir das causas de impedimento, para fins de substituição, o afastamento do Governador por até quinze dias do país ou do Estado, sob pena de acefalia da chefia do Poder Executivo, nem excluir a sanção de perda do cargo prevista na Constituição Federal. ➢ Atenção! O art. 83 consagra norma de repetição obrigatória. (E) Posse Art. 78, CF/88: O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil. Parágrafo único. Se, decorridos dez dias da data fixada para a posse, o Presidente ou o Vice- Presidente, salvo motivo de força maior, não tiver assumido o cargo, este será declarado vago. Tem que olhar se existe ou não motivo, se existe vai aguardar o tempo necessário. Se só o vice aparecer, governa o vice. Método Mnemônico: licença é uma palavra mais extensa. Posse é palavra mais curta. Art. 82, CF/88: O mandato do Presidente da República é de quatro anos e terá início em primeiro de janeiro do ano seguinte ao da sua eleição. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 16, de 1997) (F) Imunidades do Presidente da República Não tem nenhuma imunidade do tipo material: inviolabilidade. A imunidade material é apenas para membros do legislativo. Não existe para o presidente da República. Tem imunidade formal. São três: Imunidades não são vantagens ou privilégios pessoais, são prerrogativas que estão atreladas ao cargo. Importante é manter a higidez das instituições. 3 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br (i) Prisão Só pode ser preso por sentença penal condenatória pelo STF, por crime comum. Única hipótese. Art. 86, § 3º, CF/88: Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. ➢ Atenção! Professora entende que essa prisão deve ser por sentença condenatória definitiva. Fonte: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1063. 4 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Como é caso de ex-presidente vai existir prisão em flagrante, etc. Obs: a maioria das Constituições Estaduais, repetiu essa regra para os governadores por simetria. O STF entende que só existe para o presidente como chefe de Estado. Não é extensível. Esse dispositivo é inconstitucional. Governador e Prefeito não são detentores dessa prerrogativa. (ii) Cláusula de irresponsabilidade penal temporária ou relativa É na esfera penal apenas. Art. 86, § 4º, CF/88: O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. 5 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Fonte: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1165. Não é que o presidente não vai ser responsabilizado. Ele irá, apenas não agora. Não ficará impune. Súmula 394, STF: Cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício. (Cancelada) Tratava-se de uma perpetuação da jurisdição especial. Notícias STF Quarta-feira, 31 de outubro de 2018 Ministro acolhe pedido da PGR e suspende temporariamente tramitação de inquérito contra Michel Temer O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, acolheu pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e determinou a suspensão temporária do trâmite do Inquérito (INQ) 4462 em relação ao presidente da República, Michel Temer, até o término do seu mandato. Na mesma decisão, Fachin reconheceu a incompetência do STF em relação a Eliseu Padilha e Wellington Moreira Franco também investigados no inquérito, e ordenou a remessa do caso para a Justiça Eleitoral de São Paulo. (...) 6 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br (...) Recursos ilícitos O Inquérito 4462 foi instaurado em março de 2017, inicialmente contra o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, e o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco. O objeto da apuração é o suposto recebimento de recursos ilícitos da Odebrecht como contrapartida ao atendimento de interesses pela Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República, órgão comandado sucessivamente pelos dois ministros entre 2013 e 2015. (...) Em março, a pedido da procuradora-geral, Temer foi incluído no inquérito em relação a fatos ocorridos antes de sua investidura no cargo de presidente da República. Com o término das investigações, Raquel Dodge propôs o sobrestamento do feito em relação a Temer com fundamento na imunidade prevista no artigo 86, parágrafo 4º, da Constituição da República. O dispositivo assegura ao chefe do Poder Executivo Federal o não exercício da persecução penal por fatos estranhos às funções de seu cargo. (...) (...) Imunidade Ao deferir o pedido, o ministro Fachin assinalou que o impedimento à responsabilização criminal do presidente da República impede a ação do Ministério Público, na condição de titular da ação penal, na vigência do mandato, que garante imunidade penal temporária. Observou, no entanto, que a imunidade não é extensível aos demais investigados. Competência Em relação a Padilha e Moreira Franco, o ministro lembrouque o Plenário do STF, no julgamento de questão de ordem da Ação Penal (AP) 937, delimitou o alcance da prerrogativa de foro à imputação de crimes cometidos no cargo e em razão do cargo daquele acusado criminalmente. No caso, conforme assinalado pela procuradora-geral da República, a suposta participação dos investigados teria ocorrido em 2014. Em 2015, os dois teriam se desligado dos cargos públicos então exercidos e voltaram a ser nomeados em 2017 para pastas diferentes das anteriores. (...) (...) Por isso, o relator reconheceu a incompetência do STF para processar o inquérito em relação a eles. Crime eleitoral No relatório policial, o delegado de Polícia Federal sugere o indiciamento de alguns dos envolvidos pelo crime de falsidade ideológica, previsto no artigo 350 do Código Eleitoral (Caixa Dois eleitoral). “Em se tratando de apurações pela suposta prática de delitos de tutela penal eleitoral, tem-se como providência mais adequada o envio do inquérito, inicialmente, ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo”, assinalou o relator. 7 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br ➢ Atenção! Não é extensível aos demais chefes do executivo. (iii) Autorização Art. 51, CF/88: Compete privativamente à Câmara dos Deputados: I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado. Art. 86, caput, CF/88: Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. 8 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Fonte: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1171. ➢ Atenção! Nunca existiu para os Prefeitos Municipais. ➢ Atenção! Até 2017, entendia-se que se a Constituição Estadual tivesse previsão expressa, o governador fazia jus a essa imunidade. STF decidiu que não é extensível. - Casos dos Governadores: virada paradigmática Notícias STF Quinta-feira, 04 de maio de 2017 Plenário confirma que não é necessária autorização prévia para STJ julgar governador O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu, na sessão desta quinta-feira (4), o julgamento de três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs 4798, 4764 e 4797), e confirmou o entendimento de que as unidades federativas não têm competência para editar normas que exijam autorização da Assembleia Legislativa para que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) instaure ação penal contra governador e nem para legislar sobre crimes de responsabilidade. Também foi confirmado que, no caso de abertura de ação penal, o afastamento do cargo não acontece automaticamente. 9 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br - Juízo de admissibilidade Esse juízo não é jurídico, esse juízo é político. Questiona-se a existência de condições institucionais para o processamento do presidente. O juízo é provisório e não vinculante. Não significa que ele vai ser necessariamente processado. Terá um segundo juízo de admissibilidade: pelo STF se crime comum, pelo Senado se por crime de responsabilidade. O STF não fica vinculado. Quanto ao Senado, já se teve ideia que tinha vinculação de obrigatoriedade a instaurar o processo. Hoje o entendimento é que não vincula nem o STF, nem o Senado. Segundo o Min. Roberto Barroso, redator para o acórdão (ADPF 378): “(...) a Câmara dos Deputados somente atua no âmbito pré-processual, não valendo a sua autorização como um recebimento da denúncia, em sentido técnico. Assim, a admissão da acusação a que se seguirá o julgamento pressupõe um juízo de viabilidade da denúncia pelo único órgão competente para processá-la e julgá-la: o Senado”. - Suspensão do Presidente da República Art. 86, CF/88: § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. ➢ Atenção quando o processo começa! Não é a partir da autorização da Câmara! Prazo máximo de suspensão: 180 dias. O processo segue mas a suspensão termina. (G) Responsabilização do Presidente da República 10 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentem contra a Constituição Federal e, especialmente, contra: I - a existência da União; II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes constitucionais das unidades da Federação; III - o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais; IV - a segurança interna do País; V - a probidade na administração; VI - a lei orçamentária; VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em lei especial, que estabelecerá as normas de processo e julgamento. Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade. § 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: I - nas infrações penais comuns, se recebida a denúncia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; II - nos crimes de responsabilidade, após a instauração do processo pelo Senado Federal. § 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o julgamento não estiver concluído, cessará o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular prosseguimento do processo. § 3º Enquanto não sobrevier sentença condenatória, nas infrações comuns, o Presidente da República não estará sujeito a prisão. § 4º O Presidente da República, na vigência de seu mandato, não pode ser responsabilizado por atos estranhos ao exercício de suas funções. ➢ Atenção! A lei 1079/50 foi recepcionada. ➢ Para avaliar se é recepcionada o que tem que avaliar? Para a incidência da teoria da recepção a única coisa que importa é o aspecto material, a forma não é importante. A forma não é fator impeditivo. Exemplo: Código Penal, que um é decreto lei, foi recepcionado. Exemplo: CTN é lei ordinária, a Constituição Federal pede lei complementar para regulamentar o assunto. Foi recepcionado com nova roupagem. (i) Regras procedimentais 11 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Lei 8038/1990. Regimento Interno STF 230-246 Constituição Federal artigo 85. Lei 1079/50 Súmula vinculante nº 46, STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. (ii) Alcance da locução (A) Crime de responsabilidade Meras infrações políticos administrativas. Não são crimes propriamente. Se atentar que são descritos de forma muito genérica, algo que não iria se coadunar com o princípio da legalidade. “Conforme preleciona José Afonso da Silva os crimes de responsabilidade podem ser classificados em dois grupos: (i) infrações políticas(art. 85, incisos I a IV, da CF/88): condutas que impliquem atentado contra a existência da União, contra o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes Constitucionais das unidades da federação, contra o exercício dos direitos políticos, individuais e sociais e contra a segurança interna do país; (ii) crimes funcionais (art. 85, incisos V a VII, da CF/88): atos que atentem contra a probidade na administração, a lei orçamentária e o cumprimento das leis e das decisões judiciais.” SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional positivo. 28ª ed. Malheiros, 2007. p. 550- 551. (B) Crime comum Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXVIII - e reconhecida a instituição do júri, com a organização que lhe der a lei, assegurados: a) a plenitude de defesa; b) o sigilo das votações; c) a soberania dos veredictos; 12 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida; Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; ➢ Qual norma será aplicada? Prevalece que o STF será competente, pelo princípio da especialidade. Súmula vinculante nº 45: A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela constituição estadual. ➢ Súmula comum que se transformou em vinculante. Princípio da supremacia da Constituição Federal. O júri está previsto na Constituição. O outro foro está em um documento inferior. Exemplo: o vereador não tem previsão na Constituição federal, mas tem na Constituição do Estado. Na Constituição do Estado é estabelecida a competência do TJ. Então, a Constituição Federal prevalece. ➢ Atenção! Como ex-presidente pode ser julgado pelo júri. (iii) Penas aplicáveis em caso de eventual condenação (A) Crime comum STF. Tornar concreta a pena descrita em abstrato no Código Penal. (B) Crime de responsabilidade Art. 52 Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. a- Perda do cargo 13 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br b- Inabilitação por 8 anos para exercer qualquer função pública. São penas autônomas. Pode ter uma pena e não a outra. Exemplo: Collor renunciou na abertura da sessão. Recebeu a inabilitação. Dilma só perdeu o cargo. A votação foi em dois tempos. Condenada por um, absolvida em outro. ➢ 2/3 = 54 dos 81 ➢ Presidente do STF que preside a sessão. (H) Responsabilização dos demais Chefes do Poder Executivo (A) Governadores (i) Crime comum Art. 105, CF/88: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; ➢ Atenção! Não tem mais necessidade da Assembleia Legislativa autorizar o processo. Funcionava como um espaço de imunidade para os governadores. STJ - AP 866, Ministro Luís Felipe Salomão: Diante da recente e notória decisão do Plenário do Supremo Tribunal Federal, ao julgar questão de ordem na AP 937, da relatoria do Ministro 14 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Roberto Barroso, conferindo nova e conforme interpretação ao art. 102, I, b e c da CF, assentando a competência da Corte Suprema para processar e julgar os membros do Congresso Nacional exclusivamente quanto aos crimes praticados no exercício e em razão da função pública, e que tem efeitos prospectivos, em linha de princípio, ao menos em relação às pessoas detentoras de mandato eletivo com prerrogativa de foro perante este Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, "a"), faz-se necessária igual observância da regra constitucional a justificar eventual manutenção, ou não, do trâmite processual da presente ação penal perante a Corte Especial deste Tribunal Superior. (...) 4. No caso em exame, é ação penal na qual foi ofertada denúncia em face de RICARDO VIEIRA COUTINHO, atual Governador do Estado da Paraíba, pela suposta prática de 12 (doze) crimes de responsabilidade de prefeitos (art. 1º, inciso XIII, do DL 201/67), (...) (...) decorrente da nomeação e admissão de servidores contra expressa disposição de lei, ocorridos entre 01.01.2010 e 01.02.2010, quando o denunciado exercia o cargo de Prefeito Municipal de João Pessoa/PB, ou seja, delitos que, em tese, não guardam relação com o exercício, tampouco teriam sido praticados em razão da função pública atualmente exercida pelo denunciado como Governador. Nessa conformidade, reconhecida a inaplicabilidade da regra constitucional de prerrogativa de foro ao presente caso, por aplicação do princípio da simetria e em consonância com a decisão da Suprema Corte antes referida, determino a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça do Estado da Paraíba, para distribuição a uma das Varas Criminais da Capital, e posterior prosseguimento da presente ação penal perante o juízo competente. ➢ Limitação de ordem temporal: durante o mandato. (ii) Crime de responsabilidade A União é quem legisla sobre o tema. As Constituições Estaduais não podem legislar sobre o tema. Art. 78, § 3º, Lei nº 1.079: Nos Estados, onde as Constituições não determinarem o processo nos crimes de responsabilidade dos Governadores, aplicar-se-á o disposto nesta lei, devendo, porém, o julgamento ser proferido por um tribunal composto de cinco membros do Legislativo e de cinco desembargadores, sob a presidência do Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá direito de voto no caso de empate. A escolha desse Tribunal será feita – a dos membros do legislativo, mediante eleição pela Assembleia: a dos desembargadores, mediante sorteio. ➢ Atenção! Tribunal híbrido de 11 membros. Não é tribunal de exceção porque já se sabe qual a formatação. 15 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br ADI 4764-AC, Rel. Min. Celso de Mello, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União. Isso consta da Súmula Vinculante 46. Fonte: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1186. (B) Prefeitos (i) Crime comum Art. 29, CF/88: O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal,que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (Renumerado do inciso VIII, pela Emenda Constitucional nº 1, de 1992) ➢ Atenção! Depende da natureza da infração: Súmula 702, STF: A competência do Tribunal de Justiça para julgar prefeitos restringe-se aos crimes de competência da Justiça comum estadual; nos demais casos, a competência originária caberá ao respectivo tribunal de segundo grau. (i) Tribunal de Justiça (art. 29, X, CF/88); 16 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br (ii) TRF (súmula 702, STF); (iii) TRE (súmula 702, STF). (ii) Crime de responsabilidade (i) Impróprio: Poder Judiciário (art. 1º, Decreto-Lei nº 201/67); (ii) Próprio: Câmara de Vereadores (art. 4º, Decreto-Lei nº 201/67). Art. 4º, decreto-lei 201/67: São infrações político-administrativas dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com a cassação do mandato: I - Impedir o funcionamento regular da Câmara; II - Impedir o exame de livros, folhas de pagamento e demais documentos que devam constar dos arquivos da Prefeitura, bem como a verificação de obras e serviços municipais, por comissão de investigação da Câmara ou auditoria, regularmente instituída; III - Desatender, sem motivo justo, as convocações ou os pedidos de informações da Câmara, quando feitos a tempo e em forma regular; IV - Retardar a publicação ou deixar de publicar as leis e atos sujeitos a essa formalidade; V - Deixar de apresentar à Câmara, no devido tempo, e em forma regular, a proposta orçamentária; VI - Descumprir o orçamento aprovado para o exercício financeiro, VII - Praticar, contra expressa disposição de lei, ato de sua competência ou omitir-se na sua prática; VIII - Omitir-se ou negligenciar na defesa de bens, rendas, direitos ou interesses do Município sujeito à administração da Prefeitura; IX - Ausentar-se do Município, por tempo superior ao permitido em lei, ou afastar-se da Prefeitura, sem autorização da Câmara dos Vereadores; X - Proceder de modo incompatível com a dignidade e o decoro do cargo. Art. 1º, decreto-lei 201/67: São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores: 17 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio; Il - utilizar-se, indevidamente, em proveito próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços públicos; Ill - desviar, ou aplicar indevidamente, rendas ou verbas públicas; IV - empregar subvenções, auxílios, empréstimos ou recursos de qualquer natureza, em desacordo com os planos ou programas a que se destinam; V - ordenar ou efetuar despesas não autorizadas por lei, ou realizá-Ias em desacordo com as normas financeiras pertinentes; VI - deixar de prestar contas anuais da administração financeira do Município a Câmara de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição do Estado indicar, nos prazos e condições estabelecidos; (...) ➢ Atenção! Esses crimes listados no artigo 1º são crimes comuns. Essa nomenclatura não tem respaldo hoje. A solução encontrada foi chamar esses crimes de responsabilidade impróprio. Já o artigo 4º, traz crimes de responsabilidade de verdade. Por essa razão, são os crimes de responsabilidade próprios. 18 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Fonte: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1186. Súmula 208, STJ: Compete a Justiça Federal processar e julgar Prefeito municipal por desvio de verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal. Súmula 209, STJ: Compete a Justiça Estadual processar e julgar Prefeito por desvio de verba transferida e incorporada ao patrimônio municipal. Notícias STF Terça-feira, 14 de maio de 2019 1ª Turma remete para primeira instância ação penal contra prefeito de Barueri (SP) por dispensa de licitação Nesta terça-feira (14), a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a remessa, para a primeira instância da Justiça de São Paulo, de ação penal contra o prefeito de 19 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Barueri (SP), Rubens Furlan. Ele responde por dispensa irregular de licitação que implicou em sobre preço na contratação de shows no município. Por maioria dos votos, o colegiado deu provimento a um agravo regimental interposto pela defesa do prefeito contra decisão da relatora, ministra Rosa Weber, que negou seguimento ao Recurso Extraordinário (RE) 1185838. O RE começou a ser analisado em julgamento virtual, mas o ministro Alexandre de Moraes pediu destaque do processo para julgamento presencial da Turma. De acordo com os autos, o Tribunal de Justiça de São Paulo recebeu denúncia relacionada a fatos ocorridos entre 2009 e 2011, quando Rubens Furlan era prefeito de Barueri, cargo que ocupa atualmente em razão de nova eleição. (...) (...) Voto da relatora Segundo a ministra Rosa Weber, relatora, o Tribunal de Justiça reconheceu a competência para apreciar ação penal invocando questão de ordem definida pelo Plenário do Supremo na AP 937. Nesse caso, a Corte entendeu que o foro por prerrogativa de função daqueles que exercem mandatos parlamentares aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. A relatora votou no sentido de negar provimento ao recurso e manter a decisão do TJ-SP. Para ela, o precedente do Supremo se aplica ao caso concreto, tendo em vista que os delitos imputados foram praticados no exercício do cargo de prefeito e estão relacionados às funções desempenhadas por Furlan, ressaltando que entre os dois mandatos “houve um pequeno interregno”. Ao votar, a ministra Rosa Weber disse que se limitou a manter a definição da competência feita pelo TJ-SP que invocou a questão de ordem na AP 937. (...) (...) Provimento O ministro Alexandre de Moraes abriu divergência. Segundo ele, o processo deveria ter sido enviado à primeira instância no momento em que Rubens Furlan deixou de ser prefeito. Ele observou que não houve reeleição, pois quando o primeiro mandato de Furlan terminou outro prefeito assumiu o cargo. O ministro afirmou, ainda, que o fato de Rubens Furlan voltar ao mandato não prorroga o foro. “Não há nada relacionado ao exercício do atual mandato”, observou, ao explicar que o TJ manteve a sua competência até o final, mas os fatos “foram praticados lá atrás e houve um momento em que ele [Furlan] deixou de ser prefeito”. Para o ministro Alexandre de Moraes, a intenção da decisão plenária do Supremo foi definir que o foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e que estejam relacionados às funções desempenhadas na atualidade. Por essas razões, o ministro deu provimento ao agravo para determinar a remessa dos autos à primeira instância, mantida a validade de todos os atos praticados pelo Tribunal de Justiça. 20 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br O ministro Luiz Fux acompanhou integralmente a divergência, já o ministro Marco Aurélio votou no sentido de dar provimento ao recurso, com a remessa do processo à primeira instância, porém sem validar os atos decisórios do TJ-SP. (I) Atribuições do Presidente da República Art. 84, CF/88: Compete privativamente ao Presidente da República:I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal; III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição; IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução; V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente; VI – dispor, mediante decreto, sobre: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; (Incluída pela Emenda Constitucional nº 32, de 2001) VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos; VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional; IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio; X - decretar e executar a intervenção federal; XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias; XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 23, de 02/09/99) 21 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei; XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União; XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União; XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII; XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional; XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional; XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional; XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei; (prover é delegável o extinguir não) XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62; XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição. Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações. 22 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br Fonte: MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. 8ª. ed. Salvador: Juspodivm, 2020, p. 1158. ➢ Atenção! Esse rol é exemplificativo, não é fechado. Exemplo: Editar lei delegada está no artigo 68. ➢ Se é privativo pode delegar? O parágrafo único autoriza. 23 _____________________________________________________________________________ www.g7juridico.com.br ➢ Atenção! Pode prover e desprover. Para o STF, a atribuição de prover abrange a de desprover. ➢ Atenção! Extinguir, não pode delegar. Só por lei. ➢ Muito cuidado! Se cargo estiver vago, pode delegar e fazer por decreto.
Compartilhar