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MESOPOTÂMIA A Mesopotâmia abrigou as primeiras sociedades conhecidas, por volta do IV milênio antes de Cristo. O nome Mesopotâmia, que significa ”terra entre rios”, foi atribuído à região pelos antigos gregos, dada a sua localização entre os rios Tigre e Eufrates. Atualmente, na maior parte da área da antiga Mesopotâmia localiza-se o Iraque, onde existem mais de 10 mil sítios arqueológicos, fontes de estudo para se conhecer a história dos povos mesopotâmicos. SOCIEDADE A prática da agricultura e da pecuária aconteceu em vários locais diferentes do mundo. A importância das atividades agrícolas pode ser exemplificada pelo fato de que, até o século VI a.C., não havia moeda cunhada na economia mesopotâmica. A cevada e alguns metais, como a prata e o cobre, eram utilizados como padrão de valor nas trocas comerciais. PRIMEIROS POVOS Na região mesopotâmica vivem diferentes povos: sumérios, acádios, babilônios, assírios e caldeus, entre outros. Ao longo da história, esses povos confrontaram-se em vários momentos. Grupos nômades e seminômades, das montanhas ou do deserto, atacavam as populações sedentárias que viviam nos vales e nas planícies, onde havia áreas férteis para plantar e para criar rebanhos. TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS A Mesopotâmia foi uma das primeiras regiões do mundo em que ocorreram a chamada “revolução agropastoril”. O desenvolvimento da agricultura e da pecuária foi modificando a forma como os grupos humanos se organizavam. Como alguns deles começaram a controlar a produção de alimentos, permaneciam mais tempo nos lugares que ocupavam, passando a formar aldeias agrícolas e pastoris. Na agricultura destacaram-se os cultivos de cevada (usada para fazer pão e cerveja), trigo, linho (usado na confecção de tecidos), sésamo (gergelim, do qual se extraía óleo para alimentação e iluminação), tâmaras, legumes (cebolas, alhos) etc. Na pecuária criavam-se ovelhas, cabras, porcos, bois e asnos. Os povos mesopotâmicos adaptaram-se às condições naturais da região: construíram diques e barragens para conter as enchentes dos rios Tigres e Eufrates, além de canais de irrigação para levar a água desses rios até os lugares mais secos. A divisão do trabalho no interior das comunidades se modificou. Alguns grupos dedicaram-se mais a certos ofícios e técnicas ligados à agricultura, enquanto outros se especializaram na fabricação de instrumentos de metal, na produção da cerâmica, na construção de canais e barragens etc. Os historiadores calculam que, no período que compreende desde a formação das aldeias e vilas até o fim III milênio a.C., o trabalho coletivo baseava-se na cooperação entre pessoas de famílias diversas. Por volta do início do II milênio a.C., muitas famílias passaram a controlar seus próprios campos e plantações. Algumas delas faziam negócios com outras; trocavam suas terras, por exemplo, por objetos de cerâmica e instrumentos de metal. Por essa razão, certas famílias passaram a ter mais rebanhos ou terras e, assim, tornaram-se mais poderosas do que outras, o que lhes permitia influenciar as decisões tomadas pelos moradores das aldeias. PRIMEIRAS CIDADES Algumas aldeias mesopotâmicas deram origem às primeiras cidades, como Ur, Uruk, Nippur, Kish, Lagash e Eridu, por volta de 4 mil anos atrás. Formavam aglomerados com várias construções (casas, templos, ruas, pontes, palácios) e eram geralmente cercadas por muralhas, visando sua proteção. Dentre essas construções destacavam-se os zigurates, formados por diversos andars, cada um menor que o inferior. Um exemplo conhecido é a Torre de Babel, que, segundo a Bíblia, os filhos de Noé pretenderam construir em Babel (nome hebreu para Babilônia), para atingir o céu. Essas primeiras cidades continuavam muito ligadas à vida rural, misturando o espaço urbano com áreas de plantação ou pastoreio. No entanto, nelas surgiu um grande número de novos ofícios: carpinteiros, ourives, cortadores de pedra, ceramistas, pedreiros, tecelões e comerciantes. Uma das explicações para o surgimento das cidades é que o aumento da população nas aldeias tornou necessárias novas formas de organização do trabalho, da justiça, da religião, da segurança dos habitantes e da proteção dos bens econômicos. Com o aumento da população urbana, a produção rural também teve de crescer, o que gerou um excedente que era vendido nas cidades, estimulando o comércio. As decisões sobre a vida da comunidade passaram a ser tomadas pelos grupos mais poderosos, que controlavam os templos (os sacerdotes) e os palácios (o rei e sua corte). CENTROS DE PODER: OS TEMPLOS Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, adoravam diversos deus, muitos dos quais relacionados a elementos da natureza: Anu (deus do céu); Ishtar (deusa do amor e da fertilidade); Enlil (deus do ar e do destino); Shamash (deus do Sol e da justiça); Ninmah (deusa da terra e da fertilidade); Enki (deus das águas, da sabedoria e das técnicas). As cerimônias religiosas eram dirigidas por sacerdotes ou sacerdotisas, que se reuniam em diversas corporações dedicadas ao culto de determinado deus. Era comum as cidades terem um deus protetor, para o qual se construía um templo principal. Além das funções religiosas, os sacerdotes do templo também exerciam atividades econômicas. Com as oferendas recebidas dos fiéis, acumularam rico patrimônio em terras, rebanhos, plantações e oficinas artesanais. Desenvolviam também um ativo comércio com as regiões vizinhas. Para controlar a contabilidade do templo (relação de produtos, recebimentos, pagamentos, empréstimos), os sacerdotes foram desenvolvendo um sistema de escrita e numeração. Em razão de seu poder religioso e econômico, muitos sacerdotes teriam exercido grande influência política na Mesopotâmia, sobretudo nas sociedades sumérias. CENTRO DE PODER: O PALÁCIO REAL Ao longo do III milênio a.C., encontrava-se em cidades mesopotâmicas a figura do rei, que, se tornou o principal centro do poder político, superando, muitas vezes, a força dos sacerdotes do templo. Por volta de 2500 a.C., o rei, sua família e seus funcionários moravam no palácio real, numa nova estrutura arquitetônica, que se destacava além do templo. Uma das hipóteses para explicar a aquisição de poderes pelo rei é a de que, no início da vida urbana, provavelmente não existiam palácios reais separados dos templos. No entanto, à medida que as cidades foram crescendo e acumulando riquezas, passaram a atrair a cobiça de povos vizinhos. Diante do risco de invasões, pilhagens e guerras, a defesa da cidade tornou-se uma preocupação para seus habitantes, sendo necessário organizar tropas militares e escolher um comandante, que também tinha funções sacerdotais. Com o tempo, esse comandante e sacerdote ampliou seus poderes e tornou-se uma autoridade permanente. Supõe-se que essa seja uma das possíveis origens da figura do rei. Além do poder político, o rei e seus funcionários controlavam uma razoável parcela da atividade econômica. Possuíam oficinas onde eram produzidos instrumentos de metal, objetos de cerâmica, tecidos, mobiliário etc. Exigiam o pagamento de tributos que eram arrecadados na forma de bens materiais, como alimentos, rebanhos e sementes. Além disso, o poder real impunha à população livre trabalhos obrigatórios: construção de edifícios (palácios e templos), de muralhas e outras fortificações para a defesa da cidade; construção, manutenção e limpeza dos canais de irrigação e diques etc. Essa exigência de prestação de serviços da população livre é considerada por muitos historiadores a principal forma de exploração do trabalho na Mesopotâmia. Mesmo havendo uma separação entre rei (palácio) e sacerdotes (templo), a religião sempre foi utilizada para justificar o poder do rei, que, assim, preservava sua liderança religiosa. Pelas ideias dominantes na Mesopotâmia, o rei era visto como um representante direto dos deuses, alguém predestinado para concretizar entre os homens a vontadedivina. Assim, conforme a religião, o rei detinha um lugar especial na sociedade, entre os deuses e os homens. OS BABILÔNIOS Grande parte das cidades da Mesopotâmia jamais se uniu para formar um reino único; independentes entre si, foram chamadas pelos historiadores de cidades-Estados. Entretanto, em diferentes épocas, cidades mais fortes e poderosas, como Acad, Babilônia e Assur, impuseram seu domínio sobre outras cidades da Mesopotâmia e regiões vizinhas. Um exemplo de expansão e unificação política da Mesopotâmia ocorreu por volta de 1763 a.C., sob o governo de Hamurábi, rei babilônio que consolidou seu poder tomando medidas marcantes em diferentes aspectos sociais. Impôs o deus babilônio Marduk aos povos vencidos e repartiu a propriedade da terra entre o Estado, os templos e os particulares. Consagrou a divisão da sociedade em três grandes categorias: os awilum: homens livres de elevada posição (sacerdotes, grandes proprietários, ricos comerciantes) a quem as normas jurídicas conferiam tratamento privilegiado; ● os mushkenum: homens livres de média posição que trabalhavam como servidores nos palácios, artesãos ou pequenos comerciantes; ● os escravos: prisioneiros de guerra ou homens livres que não conseguiam pagar suas dívidas e se tornavam propriedade do credor. Normalmente, a escravidão por dívida durava certo período, estipulado pelo juiz da questão. Dependendo da posição social da vítima, um mesmo crime era punido de forma diferente. Crimes contra os awilum tinham, geralmente, penas mais severas do que as punições atribuídas aos praticados contra os mushkenum.
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