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Fontes Interpretação e Validade da Norma Processual

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AULAS – MATERIAL DE APOIO 
(OBS: ESTE MATERIAL FOI ELABORADO COM BASE EM OBRAS DE DIREITO 
PROCESSUAL E CONSISTE APENAS EM UMA SÍNTESE DO CONTEÚDO E UM 
ROTEIRO DAS AULAS PARA USO DO PROFESSOR E GRACIOSAMENTE 
COMPARTILHADO COM OS ALUNOS, DEVENDO ESTES BUSCAREM NA 
BIBLIOGRAFIA INDICADA, OBRIGATORIAMENTE, A COMPLEMENTAÇÃO 
NECESSÁRIA) 
 
CURSO: Direito 
PERÍODO: 2/3º Semestre 
DISCIPLINA: Teoria Gera do Processo - TGP 
CARGA HORÁRIA SEMANAL: 03 horas/aula 
CARGA HORÁRIA SEMESTRAL: 60 horas/aula 
 
 
 
3 FONTES, INTERPRETAÇÃO E VALIDADE DA NORMA PROCESSUAL 
 
3.1 NORMA JURÍDICA 
 
Norma é uma regra de conduta, podendo ser jurídica, moral, técnica, etc. 
 
Norma jurídica é uma regra de conduta imposta, admitida ou reconhecida pelo 
ordenamento jurídico. 
 
3.1.1 Características 
 
As principais características da norma jurídica são: 
 
- GENERALIDADE: aplica-se a todas as pessoas indistintamente, ou ao menos a uma 
categoria delas. Daí o seu caráter abstrato. 
- IMPERATIVIDADE: impõe a todos os destinatários uma obrigação. Por isso a norma tem, 
em regra, caráter bilateral: a cada dever imposto corresponde um direito. Exemplo: se 
impõe o dever de não causar dano a alguém, assegura à vítima do dano o direito de ser 
indenizada. 
- AUTORIZAMENTO: consiste na possibilidade de o lesado pela violação da norma exigir 
seu cumprimento, o que estabelece a distinção entre as normas legais e as éticas ou 
religiosas. 
- PERMANÊNCIA: significa que a norma vigora e prevalece até sua revogação. 
- EMANAÇÃO: tratando-se de lei, que consiste na principal fonte de norma jurídica, vigora 
o princípio da supremacia da lei, ou seja, para assegurar maior segurança das relações 
jurídicas a lei deve ser escrita e emanada de autoridade competente, conforme 
determinações constantes na Constituição Federal. 
 
3.1.2 Classificação das Normas Jurídicas 
 
Os juristas apresentam diversas classificações para as normas, e, assim, salienta-se as 
mais ocorrentes: 
 
a) Quanto à fonte: relaciona-se à origem das normas, podendo ser: 
(i) legislativa 
(ii) consuetudinária/costumes 
(iii) principiológica 
(iv) jurisprudencial 
(v) analogia 
(vi) súmulas 
(vii) doutrina 
 
Obs.: esta classificação será abordada adiante. 
 
b) Quanto à validez: essa característica se subdivide em: 
 
(i) Espacial (territorial): as normas podem ser gerais ou locais. 
* Gerais são aquelas que valem em todo o território nacional, por exemplo, 
CC, CP, CPC, CPP, CLT 
* Locais são aquelas que atuam apenas em parte do território, por exemplo, 
normas estaduais ou municipais. 
 (ii) No tempo: podem ter: 
 * Vigência por prazo determinado: A norma normalmente tem caráter 
permanente, perdendo sua vigência quando revogada. Algumas normas têm 
vigência temporária, fim pré-determinado, quando seu próprio texto dispõe a 
data de seu fim. 
Ex. 1 - Lei de Incentivos Fiscais 
Ex. 2 – A lei também pode ser posta em vigor com vigência subordinada a um 
fato ou uma situação jurídica, estado de guerra ou calamidade pública. 
Ex. 3 – Medidas Provisórias (60 dias prorrogáveis uma vez por igual período) 
. 
 * Vigência por prazo indeterminado: quando a lei não prevê período de 
duração de sua atuação. Nesta categoria encontram-se a maioria das leis. 
 
 (iii) Âmbito material: podem ser de: 
 
* Direito Público: visa proteger o interesse do Estado. Regula as relações 
entre Estados e entre Estado e os particulares. Disciplina os interesses gerais 
da coletividade, sendo de aplicação obrigatória. 
 Principais Ramos: Direito Constitucional, Administrativo, Tributário, 
Previdenciário, Processual, Penal, dentre outros. 
 
* Direito Privado: disciplina as relações entre os particulares, vigorando 
enquanto perdurar a vontade destes. 
 Principais Ramos: Civil e Comercial/Empresarial 
 
* Direito Misto: visa proteger tanto o interesse do Estado quanto dos 
particulares ao mesmo tempo. 
 Principais Ramos: Direito de Família, do Trabalho, Agrário, Marítimo 
e o Aeronáutico. 
 
c) Quanto à sanção: podem ser: 
- Perfeitas (anulação do ato): quando a sanção para o descumprimento da norma 
consiste na nulidade automática ou na possibilidade de anulação do ato praticado. Ex: 
pessoa casada pelo regime de comunhão parcial de bens presta fiança ou aval sem a 
ciência do cônjuge. A referida situação é vedada pelo art. 1.647 do CC, o que torna anulável 
o ato praticado. 
- Mais que perfeita (anulação do ato + penalidade): além de considerar nulo o ato 
na hipótese de descumprimento, a norma prevê sanção para aquele que a violou. Ex: Não 
podem casar pessoas casadas. (art. 1.521, XI, do CC). A violação acarreta nulidade do 
casamento e punição penal do culpado. (Art. 235 do CP) 
- Menos do que perfeita (penalidade): quando o descumprimento da norma é 
combatido apenas com a sanção. Ex.: Não devem casar o viúvo ou a viúva que tiver filho 
do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e der partilha aos 
herdeiros (art. 1523, I, do CC). Portanto se acontecer o casamento, a norma foi violada, 
mas não será nulo o novo matrimônio, porque a referida norma não autoriza que se declare 
a nulidade de tal ato. Todavia, a penalidade consiste na obrigatoriedade da adoção do 
regime de separação de bens (art. 1.641 do CC) 
 
d) Quando à forma: podem ser 
 (i) escrita (leis, tratados, jurisprudência) 
 (ii) não escrita (os costumes) 
 
e) Quando à aplicabilidade: podem ser 
 (i) autoaplicável: não necessita de regulamento, pode ser aplicada de 
imediato. 
 (ii) regulamentável: precisa ser regulamentada por outra lei para ter 
aplicabilidade, p. ex. Lei de Drogas (Lei n. 11.343/2006) é regulamentada pela Portaria 
SVS/MS n. 344 que apresenta Listas de Substâncias Entorpecentes; o art. 5º, XLI, da CF 
prevê que “ a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades 
fundamentais”, contudo, não há na legislação definição do que seria “discriminação 
atentatória, logo, tal norma depende de regulamentação. 
 
f) Quanto à imperatividade: podem ser 
 (i) Cogentes: são as normas de ordem pública, que ordenam ou proíbem 
determinada conduta de forma absoluta. São de observância obrigatória; não podem ser 
derrogadas (não utilizada, não seguida ou ter descumprimento parcial) pela vontade das 
partes, ou seja, não oferece oportunidade de escolha. Ex.: Não podem casar o adotado 
com o filho do adotante. (art. 1.521, V, do CC) 
(ii) Não Cogentes: também conhecidas como dispositivas, permitem 
escolha, pois sua observação não é obrigatória. A normas dispositivas limitam-se a 
permitir determinado ato (permissão) ou suprir a vontade das partes (supletivas). 
* Permissiva: Quando consentem uma ação ou abstenção. Ex.: 
Permite pacto antenupcial para que os nubentes estipulem o que lhes 
convir acerca dos bens que já possuem. (art. 1.639 do CC) 
* Supletiva: Aplicadas por falta de manifestação da vontade das 
partes. Ex.: As partes podem convencionar o local do pagamento de 
uma dívida, se não o fizerem, a lei estipula que o pagamento então 
deverá ser no domicílio do devedor (art. 327 do CC). 
 
3.2 NORMA PROCESSUAL 
 
É o conjunto de regras jurídicas que trata da relação entre os que participam do processo, 
bem como, do modo pelo qual os atos processuais se sucedem no tempo. 
 
3.2.1 Fontes da Norma Processual 
 
A palavra fonte remete à ideia de origem, do lugar de onde brota algo. A expressão fonte 
do direito, assim, significa o lugar de onde brota o direito, de onde podemos extraí-lo. 
Afirmar que existe um direito, significa afirmar que existe um poder garantido por uma norma 
jurídica. 
Por fonte do direito entende-se o meio de produção ou de expressão da ordem jurídica (de 
onde emana). 
As fontes da norma processual podem ser Formais ou Não Formais. 
 
3.2.1.1 Fontes Formais 
 
As fontes formais expressam o direito positivo (conjunto de regras jurídicas em vigor em 
determinado país e em determinada época), as formas pelas quais ele se manifesta. 
 
a) Primária: Lei (fonte formal por excelência, a maisimportante fonte da norma processual 
civil) 
 
b) Acessórias: 
(i) Analogia: quando inexiste lei específica a regular determinada matéria, utiliza-
se uma norma prevista para regular situação semelhante àquela não cogitada por lei. 
Ex.: a união estável homossexual não está prevista em lei, contudo, o juiz aplica 
por analogia os direitos e deveres de uma união estável entre homem e mulher. 
Se um dos companheiros de uma união homossexual vier a falecer, o outro terá 
direito à pensão por morte. Muito embora não haja lei específica para o caso, aplica-se por 
analogia as regras previstas para os casos de morte de companheiro de uma união estável 
heterossexual. 
(II) Costume: consiste no resultado da prática reiterada de uma determinada 
conduta, que é tida pelo indivíduo como obrigatória. Os costumes são observados pelo 
direito, possuindo a mesma coercitividade/imposição de uma lei. 
Ex.: a lei não prevê a possibilidade de cheque pós-datado (vencimento futuro, vulgarmente 
conhecido como pré-datado). A data de vencimento do cheque, segundo a legislação 
vigente, é a data da emissão (preenchimento), visto que tem por natureza o pagamento à 
vista. Contudo, tornou-se comum a emissão de cheque pós-datado e muito embora não 
haja lei obrigando o credor (tomador) a aguardar a data futura para depositar/descontar o 
cheque, as pessoas passaram a se sentir moralmente obrigadas a honrar com aquela data 
futura do vencimento, o que caracteriza um costume. 
Ocorre que, por conta da prática reiterada de pagamento com cheque pós-datado (pré-
datado), o poder judiciário (intérprete da norma) considerando-a um costume, passou 
declarar como dano moral o ato de depositar/descontar o cheque pós-datado (pré-datado) 
antes do vencimento. 
(iii) Princípios Gerais do Direito: podem ser definidos como a base do 
ordenamento jurídico. Compõem o “espírito do sistema”, no sentido de princípios que 
inspiram todo o sistema do direito. 
Cumpre salientar que, embora a expressão seja “Princípios Gerais do Direito”, essa noção 
vai abranger tanto os princípios gerais quanto os específicos, relativos a uma determinada 
área. 
Esses princípios gerais têm dupla função: (a) orientar tanto o legislador na elaboração das 
normas, (b) quanto o aplicador do Direito, diante de uma lacuna ou omissão legal. 
(iv) Súmulas: denomina-se súmula a interpretação pacífica ou majoritária 
adotada por um Tribunal a respeito de um tema específico, a partir do julgamento de 
diversos casos análogos, com a dupla finalidade de tornar pública a jurisprudência para a 
sociedade bem como de promover a uniformidade entre as decisões. 
Dentre os diferentes tipos de súmulas existentes no ordenamento jurídico brasileiro, 
somente as Súmulas Vinculantes são consideradas fonte formal acessória do direito 
(divergência doutrinária). 
As Súmulas Vinculantes foram introduzidas no ordenamento jurídico brasileiro pela 
Emenda Constitucional n. 45, que acresceu o art. 103-A da CF, tendo seu regulamento 
outorgado pela Lei 11.417/2006. 
A edição, revisão e o cancelamento de súmula vinculante são realizados pelo STF, podendo 
versar apenas sobre matéria constitucional, visto ser o STF o guardião da Constituição 
Federal (art. 102). 
O efeito vinculante da súmula, significa dizer que o julgamento de todos os órgãos do Poder 
Judiciário e os atos da administração pública, em todas as esferas de poder, deverão 
observá-la. 
(v) Decisões definitivas de mérito proferidas pelo STF em controle de 
constitucionalidade (ADI e ADC), art. 102, §2º, da CF. 
 
3.2.1.2 Fontes Não Formais 
 
a) Doutrina: é o conjunto de ideias enunciadas nas obras dos jurisconsultos sobre 
determinadas matérias jurídicas. É a opinião comum dos jurisconsultos sobre determinada 
questão jurídica. 
 * Origem da Doutrina: a doutrina jurídica nasceu na Roma Antiga quando foram 
concedidas aos jurisconsultos clássicos da época, autonomia para responder diversas 
questões as quais os magistrados não conseguiam solucionar. 
 * Métodos de Exposição Doutrinária: análise de institutos; comentários por artigos 
de leis; comentários a decisões judiciais. 
 
b) Jurisprudência: é o conjunto de decisões dos tribunais, uma série de decisões similares 
a respeito da mesma matéria. Representa a complexa reunião de julgados e não cada um 
deles isoladamente. 
Sempre que questões jurídicas são decididas reiteradamente, no mesmo modo, tem-se o 
surgimento da JURISPRUDÊNCIA. Por ser fonte indireta do Direito, o juiz não fica vinculado 
a sua aplicação, mas terá nela importantes subsídios para decidir a questão que lhe foi 
destinada para a solução. 
 
3.3 INTERPRETAÇÃO DA NORMA PROCESSUAL 
 
A lei obriga a todos: ninguém pode alegar ignorância para não cumprir a lei. 
As normas são gerais e abstratas, cabendo ao juiz aplicá-la no caso concreto. Não basta 
que o juiz se atenha estritamente ao texto da lei, tem que analisá-la levando em conta todo 
o sistema jurídico e os fins sociais da lei (art. 5º, da LINDB e art. 8º do CPC). 
Os princípios fundamentais do processo estão na Constituição Federal, sendo que toda 
legislação processual deve ser interpretada de acordo com a Constituição Federal (art. 1º 
do CPC). 
 
3.3.1 Hermenêutica Jurídica 
 
É a ciência que se dedica ao estudo da interpretação das leis. Não há peculiaridades quanto 
aos diversos métodos de interpretação em relação às leis processuais, às quais se aplicam 
os mesmos métodos válidos para os demais ramos do direito. 
 
3.3.1.1 Métodos de Interpretação 
 
Os métodos classificam-se quanto às fontes (ou origens), quanto aos meios e quanto aos 
resultados. 
 
a) quanto às fontes: a interpretação podem ser 
 (i) Autêntica: quando formulada pelo próprio legislador que criou a norma e que, 
reconhecendo a dificuldade de sua compreensão, edita outra, que lhe aclara o sentido. 
 (ii) Jurisprudencial: é dada pelos tribunais no julgamento reiterado de casos. A 
reiteração de julgados num ou noutro sentido pode ajudar o julgador a formar a sua 
convicção e a interpretação. 
 (iii) Doutrinária: dada pelos estudiosos e comentaristas da ciência do direito. 
 
b) quanto aos meios: 
 (i) gramatical: decorre da análise do texto literal da lei, palavra por palavra. 
 (ii) sistemática: o intérprete situa o dispositivo a ser interpretado dentro do contexto 
normativo geral e particular, estabelecendo as conexões internas que enlaçam as 
instituições e as normas jurídicas. (Luiz Roberto Barroso). Ou seja, a lei deve ser 
interpretada de forma isolada e também considerando o sistema jurídico como um todo. 
Tratando-se de uma ação de alimentos, não deve a Lei de Alimentos (Lei nº 5.478/1968) 
ser Interpretada isoladamente, também deve ser analisada levando em conta as demais 
normas que tratam do assunto. 
(iii) Teleológica ou Finalista ou Lógica: leva em consideração a finalidade da 
norma jurídica. A interpretação lógica também é conhecida por interpretação Teleológica 
ou Finalista. Ex: em um caso envolvendo questões de consumo (relação consumerista) a 
lei (Código de Defesa do Consumidor - CDC) deve ser interpretada a favor do consumidor, 
pois quando o legislador elaborou o CDC tinha por finalidade proteger o consumidor 
(interpretação lógica). 
(iv) Histórica: leva em conta o processo evolutivo legislativo e histórico da lei. Para 
compreender a lei através do meio histórico, analisa-se os projetos de leis, as discussões 
havidas durante sua elaboração, a exposição de motivos e as obras científicas do autor da 
lei. Limonge França, complementa, dizendo que a interpretação histórica é aquela que 
indaga das condições de meio e momento da elaboração da norma legal, bem assim das 
causas pretéritas da solução dada pelo legislador. Ex.: A Lei Maria da Penha se interpretada 
pelo meio histórico leva-se em conta os elevados índices de violência doméstica contra 
mulher registrados até a entrada em vigor da lei e as discussões havidas no poder 
legislativo na tentativa de minimizar o problema. 
 
c) quanto aos resultados: podem ser 
 (i) Extensiva:extensiva também é chamada de interpretação ampliativa. Concluindo 
que a norma disse menos do que deveria dizer, o intérprete estende a sua aplicação para 
outras situações, que não aquelas originariamente previstas na lei. 
Ex.: o art. 235 do Código Penal - CP incrimina a bigamia. Daí conclui-se, por meio da 
interpretação extensiva, que a poligamia também é objeto de incriminação, ora, se bigamia 
é crime, a poligamia também é, muito embora o CP apresente apenas o termo "bigamia". 
 (ii) Restritiva: ocorre toda vez que se limita o sentido da norma. 
Esta interpretação restringe o sentido da norma jurídica, ou seja, atribui à norma alcance 
menor do que previsto no texto da lei. Isso quer dizer que a norma jurídica disse mais do 
que ela queria dizer. Nesse sentido, o interprete analisando a finalidade da lei (motivo pelo 
qual foi criada) restringe seu alcance, de modo a dar uma interpretação menos ampla 
àquela norma jurídica. 
Ex.: O texto da lei diz isso e aquilo (...) mas o intérprete ao analisar a finalidade da lei 
entende que na verdade quer dizer aquilo. 
 (iv) Declarativa: É aquela interpretação que chega ao mesmo resultado da lei, ou 
seja, aquilo que está escrito na norma. O interprete dá à lei interpretação que não restringe 
nem amplia sua aplicação, mas que corresponde exatamente com o texto da lei. 
Ex.: Se o texto da lei diz que em caso de divórcio o filho menor tem direito à pensão 
alimentícia, o interprete diante de um caso de divórcio ao declarar que a mãe ou pai 
contribua para o sustento do filho está fazendo interpretação declarativa, ou seja, 
exatamente conforme está escrito na lei. 
3.4 VALIDADE DA NORMA JURÍDICA PROCESSUAL 
Para que a norma jurídica seja válida, deve ser elaborada segundo critérios já estabelecidos 
no sistema jurídico, ou seja, deve respeitar hierarquia, que tem como ponto hierárquico a 
Constituição Federal; deve ser aprovada e promulgada pela autoridade competente; 
respeitar o quórum e prazos, conteúdo de acordo com as designações de competência para 
legislar. 
A norma jurídica tem vigência no tempo e no espaço (território). 
 (i) Vigência Temporal: qualidade da norma relativa ao tempo de sua atuação. 
 (ii) Vigência Espacial: território onde se aplica a norma jurídica 
 
3.4.1 Vigência Temporal (Lei Processual no Tempo) 
 
A vigência temporal diz respeito à validade e eficácia da norma processual no tempo. 
As leis processuais começam a vigorar após a publicação, respeitada a vacatio legis de 45 
dias, se outro prazo não for especificamente estatuído (art. 1º da LINDB) 
 
a) Término da Vigência: 
A norma normalmente tem caráter permanente, perdendo sua vigência quando revogada. 
Algumas normas têm vigência temporária, fim pré-determinado, quando seu próprio texto 
dispõe a data de seu fim. 
Ex. 1 - Lei de Incentivos Fiscais 
Ex. 2 – A lei também pode ser posta em vigor com vigência subordinada a um fato ou uma 
situação jurídica, estado de guerra ou calamidade pública. 
Ex. 3 – Medidas Provisórias (60 dias prorrogáveis uma vez por igual período) 
 
b) Revogação das Normas Jurídicas: 
 
Revogação é um termo genérico, que indica a ideia da cessação da existência da norma 
obrigatória. Quando a norma jurídica perde a vigência porque outra norma veio modificá-la 
ou revogá-la. A norma jurídica é permanente e só poderá deixar de surtir efeitos se a ela 
sobrevier outra norma que a revogue. O desuso não implica a perda da vigência da norma, 
e sim, a perda de sua efetividade. 
 
 Quando classificada de acordo com a sua extensão, a revogação pode ser: 
 (i) total (ab-rogação): quando toda a lei é revogada; ou 
(ii) parcial (derrogação): quando apenas parte da lei anterior é revogada. 
 
 Quanto a forma de revogação de uma lei antiga por uma lei nova, tem-se: 
 (ii) Formas de Revogação: 
 * Revogação Tácita ou Indireta: Quando a lei nova não declarar 
especificamente as normas jurídicas revogadas, hipótese em que (a) a revogação decorre 
da incompatibilidade de partes da lei nova com a anterior, ou (b) quando a lei nova regula 
inteiramente a matéria tratada na lei anterior. 
 * Revogação Expressa: Nova norma jurídica revogadora, declara a norma 
jurídica ou aspectos (capítulos, artigos, etc.) da norma jurídica anterior que estão sendo 
revogados. Quando expressa exatamente a lei, os artigos, capítulos, etc, revogados. 
 
c) Lei Processual Nova e processos em Curso 
 
A lei processual nova tem incidência imediata e atinge os processos em curso, contudo 
deve haver isolamento dos atos processuais: 
(i) processos exauridos: não sofrem nenhuma influência da lei nova 
(ii) processos pendentes: são atingidos pela lei nova, mas respeita-se o efeito dos 
atos já praticados (direito adquirido). Se por exemplo, a lei nova não mais considera título 
executivo um determinado documento particular, mas se a execução já havia sido proposta 
ao tempo da lei anterior, então terá seu prosseguimento observando a lei já revogada. A 
doutrina majoritária alega que a lei processual nova, embora se aplique aos processos 
pendentes, não poderá atingir atos processuais praticados sob a vigência da lei revogada. 
(iii) processos futuros: seguem totalmente a lei nova 
 
3.4.2 Vigência das normas processuais no Espaço 
 
Quais são os limites territoriais para que a lei processual brasileira seja aplicada? 
A normas processuais têm validade e eficácia em caráter exclusivo em todo território 
nacional 
 
Art. 1º do CPC – “A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, 
em todo território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.” (Grifo 
nosso). 
 
Os processos que tramitam no Brasil devem respeitar as normas processuais brasileiras, 
salvo as regras processuais previstas em acordos internacionais dos quais o Brasil seja 
parte (art. 13 do CPC)

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