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EDUCAÇÃO INCLUSIVA: SUA LEGISLAÇÃO Declaração Universal dos Direitos Humanos O principal documento que serve de referência ao exercício da cidadania é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que foi criada pela ONU em 1948. No dia 10 de dezembro de 1948, a Organização das Nações Unidas (ONU) – na ocasião composta por 58 Estados-membros, entre eles o Brasil – instituiu a Declaração Universal dos Direitos Humanos. O documento define os direitos básicos do ser humano. Em seus trinta artigos, estão listados os direitos básicos para a promoção de uma vida digna para todos os habitantes do mundo independentemente de nacionalidade, cor, sexo e orientação sexual, política e religiosa. A declaração é um marco normativo que serve de pressuposto para as condutas de estatais e dos cidadãos. Os princípios nela contidos têm a função de inspirar e balizar o comportamento dos indivíduos. Vejamos a seguir o texto da declaração a partir de seus objetivos. Declaração de Jomtien De acordo com a Declaração de Jomtien, também chamada Declaração Mundial de Educação para Todos, seu objetivo é “satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos… e o esforço de longo prazo para a consecução deste objetivo pode ser sustentado de forma mais eficaz, uma vez estabelecidos objetivos intermediários e medidos os progressos realizados.” Dessa forma, os países participantes foram incentivados a elaborar Planos Decenais, em que as diretrizes e metas do Plano de Ação da Conferência fossem contempladas. No Brasil, o Ministério da Educação divulgou o Plano Decenal de Educação Para Todos para o período de 1993 a 2003, elaborado em cumprimento às resoluções da Conferência. É considerada um dos principais documentos mundiais sobre educação, ao lado da Convenção de Direitos da Criança (1988) e da Declaração de Salamanca de 1994. De acordo com a Declaração: “Cada pessoa – criança, jovem ou adulto – deve estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas voltadas para satisfazer suas necessidades básicas de aprendizagem. Essas necessidades compreendem tanto os instrumentos essenciais para a aprendizagem (como a leitura e a escrita, a expressão oral, o cálculo, a solução de problemas), quanto os conteúdos básicos da aprendizagem (como conhecimentos, habilidades, valores e atitudes), necessários para que os seres humanos possam sobreviver, desenvolver plenamente suas potencialidades, viver e trabalhar com dignidade, participar plenamente do desenvolvimento, melhorar a qualidade de vida, tomar decisões fundamentadas e continuar aprendendo.” Declaração de Salamanca A Declaração de Salamanca foi constituída na Conferência Mundial sobre. Necessidades Educativas Especiais: acesso e qualidade, em junho de 1994, em Salamanca, na Espanha. O evento foi realizado pela UNESCO e teve como objetivo formalizar a atenção educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais. Foi a primeira vez que se discutiu o direito à educação de forma tão organizada e nesta magnitude, no âmbito da educação especial. Selecionamos alguns trechos da Declaração, que serviram como fundamentos para as políticas educacionais dos países participantes (inclusive o Brasil) apresentados por Hennemann (2012, s.p): https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/onu.htm https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/cidadania.htm ❖ Todas as crianças, de ambos sexos, têm direito à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, que são únicas; ❖ Toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas; ❖ Sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades; ❖ As com necessidades educacionais especiais devem ter acesso às escolas comuns, que deverão integrá-las dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de atender a essas necessidades; ❖ Escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional; ❖ A Declaração se dirige a todos os governos, incitando-os a: ❖ Dar a mais alta prioridade política e orçamentária à melhoria de seus sistemas educativos, para que possam abranger todas as crianças, independentemente de suas diferenças ou dificuldades individuais; ❖ Adotar, com força de lei ou como política, o princípio da educação integrada, que permita a matrícula de todas as crianças em escolas comuns, a menos que haja razões convincentes para o contrário; ❖ Criar mecanismos descentralizados e participativos, de planejamento, supervisão e avaliação do ensino de crianças e adultos com necessidades educativas especiais; ❖ Criar mecanismos descentralizados e participativos, de planejamento, supervisão e avaliação do ensino de crianças e adultos com necessidades educativas especiais; ❖ Promover e facilitar a participação de pais, comunidades e organizações de pessoas com deficiência, no planejamento e no processo de tomada de decisões, para atender a alunos e alunas com necessidades educacionais especiais; ❖ Assegurar que, num contexto de mudança sistemática, os programas de formação do professorado, tanto inicial como contínua, estejam voltados para atender às necessidades educacionais especiais, nas escolas integradoras. DECLARAÇÃO DE GUATEMALA Para os efeitos desta Convenção, entende-se por: 1. Deficiência O termo "deficiência" “significa uma restrição física, mental ou sensorial, de natureza permanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”. E o termo discriminação contra pessoas com deficiência “significa toda a diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, que tenham efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais” (HENNEMANN,2012,s.p.). É a primeira vez que se discute e se cria uma definição para estes termos. 2. Discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência a) O termo "discriminação contra as pessoas portadoras de deficiência" significa toda diferenciação, exclusão ou restrição baseada em deficiência, antecedente de deficiência, consequência de deficiência anterior ou percepção de deficiência presente ou passada, que tenha o efeito ou propósito de impedir ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício por parte das pessoas portadoras de deficiência de seus direitos humanos e suas liberdades fundamentais. b) Não constitui discriminação a diferenciação ou preferência adotada pelo Estado Parte para promover a integração social ou o desenvolvimento pessoal dos portadores de deficiência, desde que a diferenciação ou preferência não limite em si mesma o direito à igualdade dessas pessoas e que elas não sejam obrigadas a aceitar tal diferenciação ou preferência. Nos casos em que a legislação interna preveja a declaração de interdição, quando for necessária e apropriada para o seu bem-estar, esta não constituirá discriminação. OBS: TERMO UTILIZADO ATUALMENTE; atualmente, o termo oficial e CORRETO que foi definido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito das Pessoas com Deficiência é PcD que significa Pessoa com Deficiência, pois ele esclarece que há algum tipo de deficiência sem que isso inferiorize quem atem. Pessoa portadora de deficiência (PPD) ou Portador de Necessidades Especiais (PNE) são termos errados e devem ser evitados, uma vez que não transmitem a realidade como deveriam. MARCOS DA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA O debate sobre a Educação Especial e Inclusiva no Brasil, em especial no aspecto de incluir a todos em instituições de ensino regulares (ou seja, as que misturam alunos com e sem deficiência), tem sido intenso nos últimos anos. Atualmente, o MEC está revisando a atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), que é de 2008. O texto proposto enfrenta forte oposição de alguns grupos de educadores que tratam do assunto, para quem a nova redação voltaria a estimular a volta da separação das pessoas com deficiência indo na contramão da perspectiva social - que aponta para a eliminação das barreiras e na promoção da acessibilidade, e não separação dos alunos com e sem deficiência. Durante a elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a disputa se deu pela retirada do texto introdutório de detalhamentos sobre a Educação Inclusiva, um trecho que havia sido redigido por meio de contribuições de entidades e pesquisadores que trabalham com o tema. Além disso, o documento cita a necessidade de uma "diferenciação curricular", o que é repudiado por especialistas, por ser uma forma de discriminação. (Leia a íntegra da BNCC) BRASIL 1961 – Lei Nº 4.024 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamentava o atendimento educacional às pessoas com deficiência, chamadas no texto de “excepcionais” (atualmente, este termo está em desacordo com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Segue trecho: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade.” 1988 – Constituição Federal O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” e “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”. 1989 – Lei Nº 7.853 O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na área da Educação, por exemplo, obriga a inserção de escolas especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Também afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino”. Ou seja: excluía da lei uma grande parcela das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar socialmente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo também é garantido pelo texto. 1990 – Lei Nº 8.069 Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº 8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento educacional especializado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino; trabalho protegido ao http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4024.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7853.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm adolescente com deficiência e prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa condição. 1994 – Política Nacional de Educação Especial Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a chamada “integração instrucional”, um processo que permite que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças com deficiência que “(. ..) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos "normais” (atualmente, este termo está em desacordo com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Ou seja, a política excluía grande parte dos alunos com deficiência do sistema regular de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial. 1996 – Lei Nº 9.394 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em vigor tem um capítulo específico para a Educação Especial. Nele, afirma-se que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial”. Também afirma que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de ensino regular”. Além disso, o texto trata da formação dos professores e de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 1999 – Decreto Nº 3.298 O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo principal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “contexto socioeconômico e cultural” do País. Sobre o acesso à Educação, o texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento do ensino regular. 2001 – Lei Nº 10.172 O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e jovens com deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como modalidade de Educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante. 2001 – Resolução CNE/CEB Nº 2 O texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Nacionais para http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf a Educação Especial na Educação Básica. Entre os principais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar- se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma Educação de qualidade para todos”. Porém, o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular pelo atendimento especializado. Considera ainda que o atendimento escolar dos alunos com deficiência tem início na Educação Infantil, “assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado”. 2002 – Resolução CNE/CP Nº1/2002 A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a formação deve incluir “conhec imentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educacionaisespeciais”. 2002 – Lei Nº 10.436/02 Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais (Libras). 2005 – Decreto Nº 5.626/05 Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002 (link anterior). 2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com deficiência nos currículos das escolas. 2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da infraestrutura das escolas, abordando a acessibilidade das edificações escolares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais. 2007 – Decreto Nº 6.094/07 O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento reforça a inclusão deles no sistema público de ensino. 2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva Documento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Brasil para embasar “políticas públicas promotoras de uma Educação de qualidade para todos os alunos”. http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_02.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm http://portal.mj.gov.br/sedh/edh/pnedhpor.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/livro.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Decreto/D6094.htm http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf 2008 – Decreto Nº 6.571 Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica e o define como “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”. O decreto obriga a União a prestar apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino no oferecimento da modalidade. Além disso, reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola. 2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica, que deve ser realizado no contraturno e preferencialmente nas chamadas salas de recursos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de orientação para os sistemas de ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571. 2011 - Decreto Nº 7.611 Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para o dever do Estado com a Educação das pessoas público-alvo da Educação Especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja inclusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência. Também determina que o Ensino Fundamental seja gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta de Educação Especial deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino. 2011 - Decreto Nº 7.480 Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). 2012 – Lei nº 12.764 A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. 2014 – Plano Nacional de Educação (PNE) A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é: “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_09.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7480.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htmhttp:/www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm http://www.observatoriodopne.org.br/ sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”. O entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais. 2019 - Decreto Nº 9.465 Cria a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, extinguindo a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). A pasta é composta por três frentes: Diretoria de Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras. OBS:SECADI- Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão A LEGISLAÇÃO E A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL BRASILEIRA A história da Educação Especial no Brasil foi determinada, até o final do século XIX, pelos hábitos e informações vindos da Europa. O abandono de crianças com deficiências nas ruas era comum, assim como nas rodas dos expostos e portas de conventos e igrejas, o que criou uma institucionalização do cuidado dessas crianças por religiosas (MOREIRA,2013). O PRIMEIRO MARCO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL FOI NO PERÍODO IMPERIAL O nome roda se refere a um artefato de madeira fixado ao muro ou janela do hospital, no qual era depositada a criança, sendo que ao girar o artefato a criança era conduzida para dentro das dependências do mesmo, sem que a identidade de quem ali colocasse o bebê fosse revelada. A roda dos expostos, que teve origem na Itália durante a Idade Média, aparece a partir do trabalho de uma Irmandade de Caridade e da preocupação com o grande número de bebês encontrados mortos. Tal Irmandade organizou em um hospital em Roma um sistema de proteção à criança exposta ou abandonada. As primeiras iniciativas de atendimento à criança abandonada no Brasil se deram, seguindo a tradição portuguesa, instalando-se a roda dos expostos nas Santas Casas de Misericórdia. Em princípio três: Salvador (1726), Rio de Janeiro (1738), Recife (1789) e ainda em São Paulo (1825), já no início do império. Outras rodas menores foram surgindo em outras cidades após este período. http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/57633286 Em 1891 a escola passou a se chamar Instituto Benjamin Constant - IBC. Em 1857, D. Pedro II também criou o Instituto Imperial dos Surdos-Mudos. A criação desta escola deve-se a Ernesto Hüet que veio da França para o Brasil com os planos de fundar uma escola para surdos-mudos. Na mesma época, em 1857, D. Pedro II criou Instituto Imperial dos Surdos-Mudos. A história da nossa língua de sinais se mistura com a história dos surdos no Brasil. Até o século XV os surdos eram mundialmente considerados como ineducáveis. ... Em 1857, Huet veio ao Brasil a convite de D. PedroII para fundar a primeira escola para surdos do país, chamada na época de Imperial Instituto de Surdos Mudos. __ INES. Ainda no período imperial, em 1874, iniciou-se o tratamento de deficientes mentais no hospital psiquiátrico da Bahia (hoje hospital Juliano Moreira) (MOREIRA,2013,s.p.). Em 1889,após a Proclamação da República, a deficiência mental ganha destaque nas políticas públicas, “porque acreditavam que esta deficiência pudesse implicar em problemas de saúde- uma vez que era vista como problema orgânico e a relacionavam com a criminalidade, além de temerem pelo fracasso escolar”, segundo Moreira(2013,s.p.). Mais tarde, por volta de 1930, surgiram diversas instituições privadas para cuidar da deficiência mental. Assim, temos dois momentos históricos: no primeiro, “durante o Brasil Império, as pessoas com deficiências mais acentuadas, impedidas de realizar trabalhos braçais na agricultura ou serviços de casa, eram segregadas em instituições públicas”. As demais, com deficiências leves, “conviviam com suas famílias e não se destacavam muito, uma vez que a sociedade, por ser rural, não exigia um grau muito elevado de desenvolvimento cognitivo”. No segundo momento “ ao mesmo tempo em que surgia a necessidade de escolarização entre a população, a sociedade passa a conhecer o deficiente como um indivíduo que, devido às suas limitações, não podia conviver nos mesmos espaços sociais que os normais” __por isso, deveria, portanto, estudar em locais apropriados, e só “seriam aceitos na sociedade aqueles que conseguissem agir o mais próximos da normalidade possível, sendo capaz de exercer as mesmas funções” ( MOREIRA,2013,s.p.). Acontece, neste período, o desenvolvimento da psicologia voltada para educação, o surgimento das instituições privadas e das classes especiais. Consequentemente, a legislação é adaptada a esta nova realidade. Destacamos, anteriormente, o aspecto da garantia dos direitos das pessoas com deficiência. Agora, vamos destacar legislação específicas da área educacional, com informações baseadas em Moreira (2013). 1961 LEI Nº 4.024 A antiga Lei de Diretrizes e Bases da Educação. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, previa o direito dos excepcionais à educação, de preferência, no sistema regular de ensino. A intenção prevista era de integrada, conforme as possibilidades, todos os alunos, com deficiências ou não. Além disso, incentivavam- se iniciativas privadas para que também oferecessem ensino para alunos com dificuldades. 1971 LEI Nº 5.692 Modificou a LDBEN de 1961 e estabeleceu tratamento especial para alunos com deficiências físicas e mentais com atraso relacionado à idade regular de matrícula, e, aos considerados superdotados. Afinal, não organizou um sistema de ensino eficaz para atender às necessidades educacionais especiais, reforçando, assim, as classes e escolas especiais. 1973 CRIAÇÃO DO CENESP Criado pelo MEC, o Centro Nacional de Educação Especial- passou a ser responsável pela supervisão da educação especial no Brasil, fomentado ações assistencialistas direcionadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação. 1988 CONSTITUIÇÃO FEDERAL Um dos objetivos básicos, da Constituição Federal de 1988 é “ Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas d e descriminação”, determinando a educação como um direito de todos, garantindo o desenvolvimento integral da pessoa, promovendo o exercício da cidadania e a preparação para o trabalho, instituindo a “ Igualdade de condições de acesso e permanência na escola”. Estabelece como obrigações do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, de preferência, no ensino regular (ART.208). 1989 LEI Nº 7.853 Esta lei estabelece normas gerais para assegurar os direitos das pessoas portadoras de deficiências, e sua efetiva integração social. As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações governamentais necessárias o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade. 1990- DECLARAÇÃO DE JOMTIEN Estabelece o fim de preconceitos e estereótipos de alguma natureza na educação, sendo ela um direito fundamental de todos- mulheres ou homens, de todas as idades do mundo inteiro. O Brasil, ao assinar esta declaração assumiu a obrigação de erradicar o analfabetismo e expandir o ensino fundamental. 1994- POLÍTICA NASCIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL Refirmou os pressupostos de participação e aprendizagem, mas não reformulou as práticas educacionais no ensino comum, mantendo a responsabilidade da educação para os alunos com necessidades especiais, na educação especial. 1994- LEI Nº 8859 Estendeu aos alunos de ensino especial, a possibilidade de atividades de estágio. 1994 DECLARAÇÃO DE SALAMANCA A Declaração de Salamanca ampliou o conceito de necessidades educacionais especiais, incluindo todas as crianças que não estejam conseguindo se beneficiar com a escola, seja por que motivo for. Assim, a ideia de “necessidades educacionais especiais” passou a incluir, além das crianças portadoras de deficiências, aquelas que estejam experimentando dificuldades temporárias ou permanentes na escola, as que estejam repetindo continuamente os anos escolares, as que sejam forçadas a trabalhar, as que vivem nas ruas, as que moram distantes de quaisquer escolas, as que vivem em condições de extrema pobreza ou que sejam desnutridas, as que sejam vítimas de guerra ou conflitos armados, as que sofrem de abusos contínuos físicos, emocionais e sexuais, ou as que simplesmente estão fora da escola, por qualquer motivo que seja. 1994- PORTARIA MEC Nº 1.793 Aconselha a inserção das disciplinas de Aspectos Ético- Político- Educacionais nos cursos de Pedagogia e em todas as licenciaturas. 1996- LEI Nº 9.394- ATUAL LEI DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO Os sistemas de ensino precisem garantir aos alunos, currículo, método, recursos e organização específicos para acolher às suas necessidades; e a aceleração de estudos aos superdotados para conclusão do programa escolar. Ainda prevê oferta de educação, de preferência, no sistema regular para os alunos deficientes, a oferta de serviço e apoio especializado, a oferta de ensino na educação infantil e diminui o atendimento em classe e/ou escolas especiais, aos alunos cuja deficiência não permite a integração na rede regular. Assim, a rede regular começou a matricular os deficientes nas salas comuns. 1999- DECRETO Nº3.298 Estabelece a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Politica para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, reafirmando a educação especial como categoria de ensino que pode promover o desenvolvimento de pessoas com necessidades especiais. 2001- DECLARAÇÃO INTERNACIONAL DE MONTEREAL SOBRE INCLUSÃO Institui que o acesso a todos os espaços da vida é uma condição para que os direitos humanos sejam efetivados, considerando que uma sociedade inclusiva é a essência do desenvolvimento social sustentável. 2001- PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO- PNE, LEI Nº 10.172 Estabelece objetivos e metas para que os sistemas de ensino defendam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos. Diminuindo o déficit da oferta de matriculas para alunos com deficiência nas escolas comuns do ensino regular, priorizando a formação docente, a acessibilidade física e o atendimento educacional especializado. 2002- LEI 10.436 Reconhece a Libra (Língua Brasileira de Sinais) com língua oficial no país, justamente com o Português. 2002- RESOLUÇÃO CNE/CP 01 Constitui a Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica e determina que as instituições de Ensino Superior devam antever, em sua organização curricular, aformação docente direcionada a diversidade, contemplando conhecimentos sobre os alunos com necessidades educacionais especiais. 2002- PORTARIA MEC 2.678 Estabelece diretrizes e normas para o uso, o ensino, a produção e a programação do Sistema Braile em todas as modalidades de ensino, abrangendo o projeto da Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a sugestão para o seu uso em todos os países 2004- LEI Nº 10.845 Garante o Programa de Complementação ao Atendimento Educacional Especializado ás Pessoas Portadoras de Deficiência (PAED), com fins principais de avaliar a universalização do atendimento especializado de alunos com deficiência, cuja condição não consista a integração em classes comuns de ensino regular e garantir, progressivamente, a admissão dos educandos com deficiência nas salas comuns de ensino regular 2006- CONVENÇÃO SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA(CDPD) A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, adotada pela ONU em 13 de dezembro de 2006, em reunião da Assembleia Geral para comemorar o Dia Internacional dos Direitos Humanos, é um marco para muitos militantes da justiça e equidade sociais e para seu público destinatário. Outro benefício muito importante concedido à pessoa com deficiência é a aposentadoria especial. Contudo, para ter direito a ela, é necessário que a deficiência física, mental ou sensorial dificulte a participação da vida em sociedade, ou impeça o cidadão de disputar vários tipos de oportunidades com as demais pessoas. 2009- RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 04 Estabelece Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica, na Educação Especial. 2011- META 4 DO NOVO PLANO NASCIONAL DE EDUCAÇÃO O Plano Nacional de educação(PNE 2011-2020), com o objetivo de articular nacionalmente os sistemas de educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e suas respectivas estratégias de implementação, de forma a assegurar a manutenção e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e modalidades, por meio de ações integradas dos poderes públicos das diferentes esferas federativas, é composto por 12 artigos e um anexo com 20 metas para a Educação, e tem como foco a valorização do magistério e a qualidade da Educação. Para quem defende a inclusão plena em escolas regulares do sistema público de ensino, tal escrita legitima a exclusão da população com deficiência da rede comum de ensino, permitindo a triagem de alunos para o acesso na escola e traz de volta a separação em escolas e classes especiais. 2012- LEI Nº 12.764 Berenice Piana é uma militante brasileira, coautora da lei 12.764, sancionada em 28 de dezembro de 2012, que leva seu nome: a Lei Berenice Piana, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro Autista. Esta lei reconhece o autismo como uma deficiência, estendendo aos autistas, para efeitos legais, todos os direitos previstos para pessoas com algum tipo de deficiência. Berenice é mãe de três filhos, sendo o caçula autista, o que lhe motivou à luta em defesa das pessoas com esse transtorno. Por conta disso, ela idealizou a primeira clínica Escola do Autista do Brasil, implantada em Itaboraí, no Rio de Janeiro, em abril de 2014, além de participar da criação de leis em defesa do autista em vários municípios e estados brasileiros. Esta lei reconhece o autismo como uma deficiência, instituindo a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtornos do Espectro Autista e prevê a participação da comunidade na formulação das políticas públicas voltadas para os autistas, além da implantação, acompanhamento e avaliação da mesma. Por considerado os autistas como pessoas com deficiência, todos os direitos das pessoas com deficiência também passam a acolher as pessoas com esse transtorno. Assim, as pessoas com Transtorno do Espectro Autista e sua família passam a poder utilizar todo o serviço que a Assistência Social tem a oferecer no município onde reside. Também tem o direito à educação com atendimento especializado garantido pelo Estado. Com a Lei, fica assegurado o acesso a ações e serviços de saúde, incluindo: o diagnóstico precoce, o atendimento multiprofissional, a nutrição adequada e a terapia nutricional, os medicamentos e as informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento. Da mesma forma, a pessoa com autismo terá assegurado o acesso à educação e ao ensino profissionalizante, à moradia, ao mercado de trabalho e à previdência e assistência social. https://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_dezembro https://pt.wikipedia.org/wiki/28_de_dezembro https://pt.wikipedia.org/wiki/2012 https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_Berenice_Piana https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_do_espectro_autista https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_do_espectro_autista https://pt.wikipedia.org/wiki/Transtornos_do_espectro_autista EDUCAÇÃO INCLUSIVA SUA LEGISLAÇÃO DISCIPLINA: EDUCAÇÃO ESPECIAL PROFESSORA: CLEUZELY APª CORRÊA DO PRADO TURMA MAGISTÉRIO 3º ANO
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