Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.
left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

left-side-bubbles-backgroundright-side-bubbles-background

Crie sua conta grátis para liberar esse material. 🤩

Já tem uma conta?

Ao continuar, você aceita os Termos de Uso e Política de Privacidade

Prévia do material em texto

nº 184 • Agosto | Setembro • 2015
Data celebrada em 27 de agosto homenageou a categoria que, nesta 
edição especial, mostra onde e como faz Psicologia no dia a dia
por uma sociedade mais 
democrática e igualitária
A Psicologia
Erika
Caixa de texto
ÍNDICE

PSICOLOGIA CLÍNICA .......................... 03
PSICOLOGIA CLÍNICA .......................... 07
PSICOLOGIA ESCOLAR ....................... 12
PSICOLOGIA ESCOLAR ........................16
PSICOLOGIA ESCOLAR ....................... 25
PSICOLOGIA DO ESPORTE ................ 28
PSICOLOGIA DO ESPORTE ................. 34
PSICOLOGIA DO ESPORTE ................. 38
PSICOLOGIA FORENSE ....................... 45
PSICOLOGIA FORENSE ....................... 49
PSICOLOGIA FORENSE ....................... 54
PSICOLOGIA HOPITALAR .................... 59
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL ............. 64
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL ............. 72
NEUORPSICOLOGIA ............................ 78
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL ....... 81
PSICOLOGIA DO TRÂNSITO ............... 85
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL ........ 89
2 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de são Paulo, CRP sP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | adriana eiko Matsumoto
secretário | guilherme luz Fenerich
Tesoureira | gabriela gramkow
Conselheiros
alacir Villa Valle Cruces, aristeu Bertelli da silva, 
Bruno simões gonçalves, Camila de Freitas Teodoro, 
Dario Henrique Teófilo Schezzi, Graça Maria 
de Carvalho Camara, gustavo de lima Bernardes 
sales, ilana Mountian, Janaína leslão garcia, 
Joari aparecido soares de Carvalho, Jonathas 
José salathiel da silva, José agnaldo gomes, livia 
gonsalves Toledo, luis Fernando de oliveira saraiva, 
luiz eduardo Valiengo Berni, Maria das graças 
Mazarin de araujo, Maria ermínia Ciliberti, Marília 
Capponi, Mirnamar Pinto da Fonseca Pagliuso, 
Moacyr Miniussi Bertolino neto, Regiane aparecida 
Piva, sandra elena spósito, sergio augusto garcia 
Junior, silvio Yasui.
Realização Linha Fina
Jornalista responsável Milton Bellintani (MT b 18.122)
Reportagens adriana Carvalho, denise Ramiro, 
Milton Bellintani
Direção de arte Cláudio Franchini
Fotos da capa Reprodução site CRP sP
Revisão linha Fina
Impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 89.300 exemplares
Sede CRP SP
Rua arruda alvim, 89, Jardim américa
Cep 05410-020 são Paulo sP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
atendimento | atendimento@crpsp.org.br
diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site 
www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada santista e Vale do Ribeira
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
grande aBC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
são José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e litoral norte | tel. (12) 3631-1315
í n d i c e
184
PROCESSO | ACOLHIMENTO
a psicóloga ana Maria e o estudante Wallace atuam em duas realidades. 
ela na atenção a pessoas com esclerose múltipla e ele, com usuários de crack. 4
PROCESSO | ACOMPANHAMENTO
irineu atua com prevenção de perda de memória de idosos. Marcelo 
promove a religação dos vínculos de pessoas em condições de abandono. 8
PROCESSO | AVALIAÇÃO
Armando introduziu a avaliação psicológica em um hospital para identificar 
níveis de estresse. lúcia analisa casos da justiça de crianças e adolescentes. 11
PROCESSO | EDUCATIVO
Marcos coordena grupos de pesquisa docente na universidade. a estudante ester 
completa sua formação em sintonia com a professora que supervisiona estágios. 14
CAPA | PSICOLOGIA TODO DIA, EM TODO LUGAR E SEUS PROCESSO DE TRABALHO
depoimentos em vídeo recebidos pelo CRP sP já somam mais de 300. Relatos estão 
organizados no site pelos processos da profissão e dão visibilidade às práticas psi. 16
PROCESSOS | FORMATIVO E FORMATIVO DE PSICÓLOGAS/OS
Mariana e ana Cristina são professoras. uma no curso de Psicologia e a outra no de 
serviço social. Pablo fala de suas descobertas no estágio com Reintegração social. 20 
PROCESSOS | GRUPAIS
Marcella e ariadine contam sobre os benefícios da terapia grupal
para promover o bem estar e a qualidade de vida das pessoas. 22
PROCESSO | ORGANIZATIVO
a experiência de dreyf e eduardo passa por palcos distintos, cujo ponto em 
comum é colocar a Psicologia na proteção de quem tem direitos negados. 25
 
PROCESSOS | ORIENTAÇÃO E ACONSELHAMENTO
Maria Celina atua com alunos em projeto de saúde coletiva de um Centro 
universitário. Ricardo com os 250 usuários de um CaPs e seus familiares. 27 
PROCESSO | TERAPÊUTICO
Cássia, Carlos e Wellington atendem estudantess em espaços distintos: consultório, 
clínica particular e serviço público. Veja o que há de comum em seu trabalho. 30 
Capa (a partir da esquerda): dreyf gonçalves, ana Cristina nassif soares, Ma-
ria Celina Trevizan Costa, ariadine Beneton de Campos, Cássia Bighetti, Mariana 
garbin, Wellington Passos, ester aline da silva, ana Maria Canzonieri, irineu Fer-
reira de souza, Marcelo Marques de oliveira, lucia Maria Rodrigues de almeida e 
Marcella Milano. Contracapa (a partir da esquerda): Marcos Roberto Vieira garcia, 
Clélia Prestes, lívia Penteado, Carlos eduardo Mendes, ana Bock, eduardo neves, 
Priscila leite gonçalves, Carlos eduardo Cunha, Mathilde neder, Ricardo José her-
nandes, armando Ribeiro das neves neto, ana Rita de Paula, lilian suzuki.
Carlos Cunha entende e pratica a Psicologia como um fazer coletivo
Veja o vídeo de Carlos Eduardo Cunha usando o leitor de QR 
Code do celular/tablet ou clicando com o mouse na foto. 
30 psi • ConsElho REgional dE PsiCologia dE são Paulo
Em seu consultório no distrito de souzas, na Região Metro-politana de Campinas, a psi-
cóloga Cássia aparecida Bighet-
ti atende pessoas com questões 
diversas. a depressão é uma das 
mais recorrentes e foi o tema de 
seu doutorado. sua inserção na 
carreira combina a atuação clínica 
individual com a docência. “desde 
a graduação, que concluí em 1993, 
meu foco é a terapia cognitivo 
comportamental. Comecei aten-
dendo na Clínica da universidade 
são Francisco, em itatiba, quando 
cursava o mestrado. Foi onde me 
formei e, hoje, coordeno o curso de 
Psicologia”, explica Cássia.
a pesquisa no doutorado pro-
porcionou a ela ferramentas para 
aprofundar-se no tratamento da 
depressão e de pessoas com trans-
torno de humor. “além de adultos, 
também trabalho com crianças 
que apresentam indícios de de-
pressão infantil. Meu foco está na 
família: terapia individual de adul-
tos, crianças, pais e casais. ”
no caso dela, a atuação acadê-
mica é o espaço onde, no dia a dia, 
realiza a troca de conhecimentos, 
se atualiza e torna a rotina indi-
vidual no consultório o momento 
em que escolhe trabalhar sozinha.
Carlos Eduardo Cunha trabalha 
não muito distante dali: em su-
maré, cidade a apenas 41 km de 
distância. Mas seu ambiente pro-
fissional é totalmente diferente, 
marcado por práticas coletivas. 
Como único psicólogo da secreta-
ria Municipal de saúde, ele atua no 
apoio em saúde mental da equipe 
de saúde, que é composta, ainda, 
por um médicos e enfermeiros. 
“Prestei concurso público e fui se-
lecionado para trabalhar na cida-
de, que na época organizava o seu 
serviço de saúde mental”, conta.
Carlos passou cinco anos traba-
lhando na área de assistência à 
saúde até ser convidado a reorga-
nizar os serviços, passando a atuar 
na gestão. “uma das medidas foi 
desmembrar o ambulatório de es-
pecialidades médica, separando e 
fortalecendo o ambulatório de saú-
de mental”, explica. segundo ele, 
foi uma época rica de debates so-
bre o tema no município, embala-
do pela Reforma Psiquiátrica e pela 
construçãodo sistema Único de 
saúde (sus). algum tempo depois, 
sumaré criou seu CaPs (Centro de 
atenção Psicossocial). 
Tecendo a rede
Paralelamente a isso, Carlos fez 
uma especializacão em gestão de 
serviços de saúde. “no curso, de dois 
anos, se discutiu desde a filosofia 
do sus a uma proposta gerencial 
de uma unidade Básica de saúde.” 
o viés de gestor se colou definitiva-
p r o c e s s o s : t e r a p ê u t i c o s
ajuda o outro a falar
Cássia, Carlos e Wellington atendem pessoas com questões como depressão, uso de 
drogas ilícitas e problemas respiratórios de ordem psicológica. Em consultório próprio, no 
serviço público e clínica particular. O processo de trabalho unifica essas diferenças
Quem sabe ouvir
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA CLÍNICA
mente em sua atuação como psicó-
logo. “Como apoiador, minha ação 
principal é trabalhar na confecção da 
teia que potencializa os serviços de 
saúde, atuando com os gestores das 
unidades de saúde e com os traba-
lhadores da saúde mental.”
Ele conta que sua visão da Psicolo-
gia, enquanto profissão que trabalha 
para diminuir o sofrimento psíquico 
das pessoas, está marcada por criar 
as condições para que esse serviço 
possa ser acessado universalmente 
– por quem pode pagar pelos servi-
ços e por quem depende de que seja 
ofertado pelo setor público. 
Sujeitos de direitos
ao formar-se em 2013, após cursar 
administração, Wellington Passos se 
imaginava trilhando o caminho em 
que melhor poderia aproveitar seu 
conhecimento anterior: a Psicologia 
organizacional. Em vez disso, foi 
atraído pela Psicologia Clínica, área 
em que cada vez mais reconhece 
uma habilidade nova: a de saber es-
cutar as pessoas. 
a mudanca de prioridade não foi 
obra do acaso e sim sugestão de um 
amigo, dono de uma clínica de trata-
mento de doenças respiratórias, que 
o convidou para usar uma sala em 
seu primeiro ano como psicólogo. 
“a clínica ofereceu a possibilidade 
de atendimento psicológico a quem 
tinha problemas respiratórios e esse 
serviço apurou que existia mais rela-
ção entre dificuldades de respiração 
e questões de fundo psicológico do 
que se poderia imaginar”, relata.
Quais eram essas questões? Para 
muitos fumantes, a atenção psicoló-
gica revelou que o cigarro era conse-
quência e não causa de seus proble-
mas de saúde, apesar de agravá-los. 
se o tabaco levou à perda da capaci-
dade respiratória, a necessidade de 
fumar passou a ser percebida como 
compensação para situações de 
ansiedade, angústia ou depressão. 
“algumas pessoas entenderam que 
se resolverem essas questões terão 
mais chance de deixar o fumo”, diz.
Essas três experiências, tão dife-
rentes entre si, não poderiam ser 
comparadas na análise da Psico-
logia sob a luz da classificação por 
áreas. ao contrário. É no reconhe-
cimento dessa diversidade que a 
Psicologia vislumbra novos cami-
nhos de atuação. 
Wellington Passos se imaginava um psicólogo organizacional e virou clínico
Veja o vídeo de Wellington Passos usando o leitor de QR 
Code do celular/tablet ou clicando com o mouse na foto. 
Cássia Bighetti atua sozinha em consultório e cercada de gente, na universidade
Veja o vídeo de Cássia aparecida Bighetti usando o leitor de QR 
Code do celular/tablet ou clicando com o mouse na foto. 
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA CLÍNICA
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA ESCOLAR
Educação 
sob
pressão
14 PERSPECTIVA DA/DO USUÁRIA/OPráticas Integrativas Complementares crescem em variedade4 ORIENTAÇÃOPosse de armas e o papel das/dos psicólogas/os 20 MATÉRIA ESPECIALA importância de compreender (e defender) a laicidade
Em meio a propostas 
conservadoras, psicólogas e 
psicólogos podem contribuir 
para defender a pluralidade e a 
democracia nas escolasnº 195 • Fevereiro | Março | Abril • 2019
2
S U M Á R I O
13 PENALIDADES 
14
PERSPECTIVA DO USUÁRIO
Práticas Integrativas Complementares focam a saúde dos 
pacientes e os ajudam a reencontrarem-se.
27
UM DIA NA VIDA | COACHING
Eliana Totti detalha os fundamentos e objetivos da 
profissão e defende a melhor formação na área.
7
CAPA | EDUCAÇÃO
Medidas e projetos conservadores que rondam o setor no 
Brasil e o papel da Psicologia nesse cenário.
24
ARTIGO | SUICÍDIO
Marcia Matos trata do tema (e de sua relação com ele), que 
ainda é um tabu na sociedade.
26
SUBSEDE | ALTO TIETÊ
Depois de décadas de espera, profissionais de 11 
municípios passam a ter o apoio de nova unidade.
30ESTANTE | MURALUma seleção de livros lançados e eventos programados relacionados aos temas da edição.
20
MATÉRIA ESPECIAL | LAICIDADE
A separação entre Estado e Igreja é tema tão antigo, 
latente e maltratado quanto relevante para assegurar a 
pluralidade e os Direitos Humanos.
Publicação do Conselho Regional de Psicologia de 
São Paulo, CRP SP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | Luciana Stoppa dos Santos
Vice-presidenta | Larissa Gomes Ornelas Pedott
Secretária | Suely Castaldi Ortiz da Silva 
Tesoureiro | Guilherme Rodrigues Raggi Pereira
Conselheiras/os
Aristeu Bertelli da Silva (Afastado desde 1º/03/2019 
- PL 2068ª de 16/03/2019), Beatriz Borges Brambilla, 
Beatriz Marques de Mattos, Bruna Lavinas Jardim 
Falleiros (Afastada desde 16/03/2019 - PL 2068ª, 
de 16/03/2019), Clarice Pimentel Paulon (Afastada 
desde 16/03/2019 - PL 2068ª de 16/03/2019), Ed 
Otsuka, Edgar Rodrigues, Evelyn Sayeg (Licenciada 
desde 20/10/2018 - PL 2051ª de 20/10/18), Ivana 
do Carmo Souza, Ivani Francisco de Oliveira, Magna 
Barboza Damasceno, Maria das Graças Mazarin de 
Araújo, Maria Mercedes Whitaker Kehl Vieira Bicudo 
Guarnieri, Maria Rozineti Gonçalves, Maurício Marinho 
Iwai (Licenciado desde 1º/03/2019 - PL 2068ª, de 
16/03/2019), Mary Ueta, Monalisa Muniz Nascimento, 
Regiane Aparecida Piva, Reginaldo Branco da Silva, 
Rodrigo Fernando Presotto, Rodrigo Toledo , Vinicius 
Cesca de Lima (Licenciado desde 07/03/2019 - PL 
2068ª de 16/03/2019) 
Realização
Coordenação de Relações Externas CRP SP 
Cristina Fernandes de Souza e KMZ CONTEÚDO
Jornalista responsável Gustavo Dhein (MTB 39.546 SP)
Reportagens e Edição Gustavo Dhein e Erika Mazon 
Direção de arte Sergio Honório
Capa Sergio Honório | Foto Freepik 
Fotos internas Arquivo CRP-SP, iStock e Pixabay 
Revisão CRP SP
Impressão Rettec Artes Gráficas e Editora Ltda
Tiragem 107.000 exemplares
Sede CRP SP
Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América
Cep 05410-020 São Paulo SP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
Atendimento | atendimento@crpsp.org.br
Diretoria | direcao@crpsp.org.br
Informações | info@crpsp.org.br
Centro de Orientação | orientacao@crpsp.org.br
Administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site 
www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
Assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada Santista e Vale do Ribeira 
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
Grande ABC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
São José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
Sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e Litoral Norte | tel. (12) 3631-1315
Errata
Na edição nº 194, pág. 6, foi publicado errado o crédito 
da entrevistada Cláudia Catão, que é doutora em 
psicologia clínica e psicanalista; e na pág. 26, também 
foi publicado errado o crédito da entrevistada Ana 
Gebrim, que é psicanalista e socióloga.
4
ORIENTAÇÃO | POSSE DE ARMAS
Decreto facilita o acesso e amplia o intervalo entre as 
avaliações psicológicas para 10 anos.
18
COTIDIANO | COREP
A Psicologia brasileira se organiza, por meio de eventos 
preparatórios, pré-congressos, congressos regionais e 
nacional, para definir suas diretrizes.
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 3
A educação sempre foi um campo em disputa e nos últimos tempos tem estado ainda mais no centro 
do debate público. E a Psicologia tem muito a contri-
buir com este debate e não é somente nas situações 
emergenciais como a ocorrida em uma escola esta-
dual de Suzano (SP) em março, naqual dois jovens 
atentaram contra a vida de estudantes e funcionários 
da unidade educacional. Tampouco a atuação das 
psicólogas e psicólogos é exclusiva para atender es-
tudantes considerados como “problemáticos”. Dedi-
camos a matéria de capa desta edição para jogar luz 
na complexa teia de relações que acontecem dentro 
da escola e fora dela que afetam sobremaneira quem 
está na ponta, principalmente os estudantes, profes-
sores e a comunidade escolar, e que necessitam, hoje 
mais que nunca, do olhar e da atuação dedicada e cui-
dadosa da Psicologia. 
Atentos aos desafios a serem enfrentados pela 
sociedade para o fortalecimento do Estado Democrá-
tico que assegura o cumprimento dos direitos huma-
nos inalienáveis e a proteção da vida, trazemos tam-
bém nesta edição a orientação para a/o psicóloga/o 
em como atuar frente às mudanças geradas pelo de-
creto que flexibiliza a posse de arma. 
Também baseados na premissa de políticas pú-
blicas que garantam o bem-estar de toda a popula-
ção, destacamos a inclusão das Práticas Integrativas 
Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS). 
Vale ressaltar que o Sistema Conselhos vem discutin-
do os limites e possibilidades da prática profissional 
da/o psicóloga/o neste campo. É justamente pensan-
do no bem-estar dos indivíduos e na qualidade dos 
serviços oferecidos a quem precisa deles que pro-
duzimos uma matéria sobre coaching, em que expli-
citamos as diferenças e complementariedade entre 
coaching e Psicologia. Na matéria, é ressaltada, so-
bretudo, a importância da formação adequada e uma 
prática baseada em evidências científicas e orienta-
da pelo rigor ético. 
O Código de Ética Profissional da/o Psicóloga/o no 
artigo 2º das Responsabilidades da/o Psicóloga/o diz 
que ao psicólogo é vedado “induzir a convicções po-
líticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de 
orientação sexual ou a qualquer tipo de preconceito, 
quando do exercício de suas funções profissionais. 
Foi a partir desse princípio que produzimos a matéria 
especial sobre laicidade. Não se trata de posição con-
trária às religiões, mas sim de assegurar a pluralidade 
e a separação entre Estado e religião. A laicidade in-
teressa a todas as religiões pois protege a diversida-
de de crenças.
Na seção Cotidiano contamos um pouco como 
foi todo o processo que culminou no 10º Corep, que 
aconteceu nos dias 5, 6 e 7 de abril. Foram 129 even-
tos preparatórios desde outubro de 2018 que reuniu 
4.551 participantes, além dos 36 pré-congressos com 
449 psicólogas/os que ocorreram nas sede e subse-
des do Estado de São Paulo. Foram produzidas 1.380 
propostas foram eleitas 209 delegadas e 32 estudan-
tes delegadas para estarem presentes no Congres-
so Regional. A cobertura completa estará na próxima 
edição do Jornal Psi. E por que tratamos do Corep na 
seção Cotidiano? Porque acreditamos que o Corep é o 
momento em que exercemos nosso ideal de respeito 
mútuo com as diferenças e os diferentes, no espaço 
da categoria, para se pensar e repensar a Psicologia 
como profissão e sua fundamental contribuição para 
a sociedade. 
E foi justamente no IX Congresso Regional da Psi-
cologia que foi proposta e aprovada a instalação de 
uma nova subsede para atender a região Alto Tietê. 
É com muita alegria que apresentamos nesta edição 
a nova subsede localizada em Mogi das Cruzes que 
atenderá cerca de 5 mil psicólogas/os de 11 municí-
pios da região. É uma conquista que vem atender a 
uma reinvindicação de três décadas da categoria!
XV Plenário do Conselho Regional 
de Psicologia de São Paulo
E D I T O R I A L
A PSICOLOGIA EM DEFESA DA 
EDUCAÇÃO
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA ESCOLAR
n ° 1 9 5 • F e v e r e i r o - M a r ç o - A b r i l • 2 0 1 9
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 7
A Psicologia pode ajudar a frear a onda conservadora 
que ameaça avançar sobre o ensino com 
consequências desastrosas
EDUCAÇÃO 
COM TODAS E 
PARA TODAS AS 
PESSOAS
Para ela, as ações relacionadas a essa onda con-
servadora favorecem a perpetuação do status quo, a 
não abertura ao diferente, e integram um bem articula-
do projeto de doutrinação que inclui até mesmo o se-
questro semântico de expressões e termos. Exemplo 
é a própria “Escola sem partido”, conceito que provoca 
debates e é bastante ideológico: quer um partido único. 
“A verdadeira escola sem partido é aquela que nós e os 
professores, em sua maioria, defendemos há tempos, 
caracterizada pela defesa da pluralidade e do respei-
to. Alguém se atreve a dizer que as escolas militares – 
que o governo pretende expandir – não têm partido?”, 
questiona Fabíola. Beatriz complementa: “autores 
como Paulo Freire e Ignácio Martín-Baró, nos anos de 
1970 e 1980, já falavam sobre a necessidade de de-
sideologização na educação, mas, para eles, isso sig-
nifica desocultar aquilo que está escamoteado, como 
as opressões, as violências e as desigualdades. Ou 
seja, desideologizar passa por explicitar como a rea-
lidade se constituiu, justamente o que as propostas 
conservadoras pretendem eliminar”. 
“E scola sem partido, reforma curricular do ensino médio, ensino domiciliar, cortes orçamentários, militarização das escolas. 
Os temas e projetos são variados, mas a pauta de 
todos está alinhada a um objetivo comum: interdição 
à formação do pensamento crítico. Essa síntese é 
possível de ser construída a partir das declarações 
das professoras universitárias e psicólogas Marilene 
Proença Rebello de Souza, Fabiola Freire Saraiva Melo 
e Beatriz Borges Brambilla a respeito da educação 
brasileira atual e dos desafios que ela enfrenta com 
o fortalecimento de uma onda conservadora que 
tenta avançar sobre o setor. O que está em questão é, 
fundamentalmente, o tipo de formação a ser oferecida 
e que escola deve ser consolidada. “Ela pode ser um 
espaço em que as relações sociais se reproduzem, 
com violência, desigualdade, preconceito, ou seja, 
tal como funciona a sociedade, ou um espaço para 
a produção do novo, de elaboração de sentimentos 
e histórias, de retomadas de memórias pessoal e/ou 
coletivas”, diz Beatriz.
“passivos”, mas que para compreender o espaço dado 
pela população ao conservadorismo é preciso levar 
em conta o fato de sermos frutos de uma história de 
dominação, de colonialidade, que acaba traduzindo em 
silenciamentos: hoje, a colonialidade espelha o neoli-
beralismo, que vai muito além da economia e interfere 
inclusive no conjunto de afetos que os sujeitos podem 
ou não produzir a partir de sua lógica individualista. 
Marilene ressalta o período entre 2002 e 2014 
como altamente relevante para a educação em razão 
do desenvolvimento de valores progressistas e da 
promoção de ações como a criação da Conferência 
Nacional da Educação, da qual a categoria de psicólo-
gas e psicólogos participou ativamente. “Houve mais 
recursos para o ensino e a formação de professores, 
aprovação 10% do PIB para o setor, redução na eva-
são escolar, articulação do governo federal com Es-
tados e municípios, criação do Ideb e a reorganização 
de áreas estratégicas no Ministério da Educação. Ou 
seja, a educação passou a ter lugar central nas políti-
cas governamentais, para além da retórica”, sintetiza 
a docente da USP. 
Ilu
st
ra
çõ
es
: S
er
gi
o 
R
os
si
Os motivos para que o pensamento conservador 
avance no Brasil incluem, na opinião de Fabíola, a crise 
econômica e a descrença em relação à política tradi-
cional, fenômenos interligados. Eles ajudam a com-
preender, por exemplo, a ascensão ao poder do novo 
governo federal, que se comprometeu com pautas re-
trógradas e baseadas na defesa da moral. Além disso, 
segundo ela, esse tipo de posicionamento encontra 
eco em nossa sociedade porque ela remanesce estru-
turalmente racista, homofóbica e machista, reflexo de 
nossa história. “Com isso, abre-se espaço para uma 
série de políticas educacionais intencionais, que aca-
bam sendo chamadas de reformas, mas são extrema-
mente perigosas, porque trazem à tona coisas que in-
genuamente imaginávamos ter ficadono passado. Se 
olharmos para trás, confirmaremos que, em vários mo-
mentos, a educação foi empregada como instrumento 
de domesticação, para colonizar as pessoas, ou, como 
diria Hannah Arendt, promover a coerção sem a neces-
sidade de empregar a violência”, explica. Para Fabíola, 
existe uma tendência de muitos assumirem, a partir do 
cenário atual, que os brasileiros são “conformados”, 
CAPA
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo8
No entanto, paralelamente a esses aspectos re-
levantes, outros foram relegados a segundo plano, 
o que parece interferir diretamente no atual cenário. 
“Apesar de extremamente importante, o aporte maior 
na educação representou, para um grande número de 
brasileiros, o acesso às novas políticas sociais, mas 
não a uma nova política educacional efetivamente”, 
diz Fabíola. 
Formação crítica x submissão e disciplina
As três psicólogas fazem uma leitura convergente 
sobre o que pode representar o avanço do conser-
vadorismo sobre a educação em relação ao desen-
volvimento dos estudantes: a interdição do pensar 
sobre os processos históricos e sociais e a formação 
de pessoas submissas, disciplinadas, subordinadas, 
que não conhecem – e tornam-se, portanto, menos 
aptas a contestar – as contradições e de-
sigualdades existentes. “Há vários in-
teresses em jogo nisso, incluindo, é 
claro, o do mercado, ao qual pouco 
interessa a existência de profis-
sionais críticos. Para o mercado, 
interessa que existam executo-
res. Quando você cria – ou pelo 
menos pretende criar – uma lei 
que proíbe temáticas específi-
cas na escola, você está privan-
do as pessoas de aprenderem a 
pensar. Como não falar sobre as-
suntos como o feminismo, em pleno 
século XXI, num país com alto índice de 
feminicídio e estupros, sendo muitos deles 
dentro das famílias?”, analisa Fabíola. 
Para Marilene, o conservadorismo no campo da 
educação se manifesta em aspectos básicos e afir-
mações simplistas, como as de que “as famílias das 
classes populares não cuidam de seus filhos”, “a 
criança pobre não é capaz de aprender”, bem como 
na manutenção de uma escola disciplinar com esva-
ziamento dos conteúdos e do conhecimento. “A dis-
puta que está em jogo é por valores e direitos sociais, 
e ainda estamos em choque, precisamos entender 
melhor o que está acontecendo para encontrar nos-
sos argumentos e fortalecê-los”, avalia.
A regulamentação do ensino domiciliar também 
preocupa por seguir a orientação ideológica reacio-
nária. “É um movimento contrário à democratização 
da sociedade retirar crianças e jovens do convívio es-
colar, de um espaço tão importante de socialização 
que é a escola”, afirma Marilene. Os educandários, 
especialmente os públicos, a despeito de suas po-
tenciais falhas ou fragilidades, configuram um cená-
rio que possibilita o contato com diferentes classes 
sociais, ideias, raças, etc. Ela critica um dos principais 
argumentos dos defensores da educação domiciliar, 
que veem nela a possibilidade de blindar seus filhos 
da violência, do bullying e de comportamentos inde-
sejáveis. “Pode-se acabar formando novos guetos 
que impeçam a interação com o diferente, o divergen-
te, que é o que as escolas também possibilitam. As 
famílias podem optar por matricular seus filhos em 
colégios com uma inclinação religiosa específica, por 
exemplo, o que não podemos aceitar é que a escolha 
religiosa se torne uma política pública. Considerar que 
a educação domiciliar se torne uma política de Estado 
é desconsiderar a luta pela democratização da edu-
cação que sempre defendemos e continuare-
mos defender”, diz. 
Beatriz considera que a pauta vai de 
encontro à batalha travada há anos 
por profissionais da educação, pis-
cólogas e psicólogos, no sentido 
de garantir a educação pública, 
gratuita e de qualidade, com o 
Estado se responsabilizando pelo 
acesso de todos ao ensino. “Além 
disso, a educação domiciliar fere a 
Lei das Diretrizes e Bases (LDB), que 
pressupõe relações de convivência e 
diversidade do conteúdo ensinado”, ar-
gumenta. 
Para Fabíola, a educação domiciliar, além de 
ser uma forma de o governo transferir suas responsa-
bilidades para os indivíduos, tende a afetar especial-
mente as classes menos favorecidas – além de legiti-
mar a possibilidade de haver crianças fora da escola. 
“Estamos em um país em que persiste uma alta taxa 
de analfabetismo, em que crianças não conseguem 
fazer contas básicas. Como esperar, por exemplo, que 
um pai sem o devido preparo seja capaz de repassar 
conhecimentos aos filhos? Professores formados en-
contram dificuldades para isso; imagine alguém sem 
experiência e técnicas didáticas”, considera Fabíola. 
O conjunto de pautas conservadoras pode esbar-
rar em outra batalha travada por psicólogas e psicó-
logos no campo da educação, contra a medicalização. 
“Definitivamente são propostas que não pretendem 
levar ao pensamento nem à criatividade, mas de con-
trole sobre mentalidades, corpos e comportamentos. 
n ° 1 9 5 • F e v e r e i r o - M a r ç o - A b r i l • 2 0 1 9
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 9
Nos anos de 1970 falava-se em disciplina. Hoje esta-
mos calando a vida por meio da medicalização exces-
siva”, pondera Beatriz. 
Com uma série de ações e movimentos, nos últi-
mos anos profissionais da Psicologia e da Educação 
conseguiram barrar um pouco o avanço de iniciati-
vas que preconizavam o diagnóstico dos alunos para 
a indicação de tratamentos medicamentosos, que 
atendem a interesses comerciais específicos e não 
se tratam de ações educativas preocupadas com o 
que é melhor para o aluno.. A ampliação de políticas 
e discursos que ressaltam comportamentos “indese-
jados” poderia significar um incremento da “patolo-
gização” dos estudantes. “A questão é que a medi-
calização aparentemente funciona. Aí é que está a 
perversidade. Porque se eu te dou um remédio que te 
dopa, te domestica, é claro que ‘funciona’. O número 
de pessoas medicalizadas só cresce, e isso traduz, 
mais uma vez, a ideia da busca individualizada, e não 
coletiva, para a solução de problemas”, acrescenta 
Fabíola.
O impacto nos docentes 
Os impactos das pautas conservadoras já são 
sentidos entre os docentes. Para Fabíola, um projeto 
como o “Escola sem Partido”, mesmo sem ser apro-
vado, já ocasionou prejuízos sensíveis à categoria, 
em razão da desqualificação dos professores que ele 
estimula e, mais pontualmente, por meio da criação 
de espaço para o denuncismo. “Já se estabeleceu 
um clima de tensão e vigilância e de destruição da 
imagem do docente, que é desabonado em relação, 
inclusive, aos conhecimentos que detém”, explica a 
docente da PUC-SP, que acredita que acabar com a 
autoridade do professor mina a educação. “Isso não 
tem a ver com autoritarismo, que é inaceitável. Tem 
a ver com autoridade, e essa relação é fundamental 
para que a educação de fato aconteça”. 
Além do mais, acarreta perda de autonomia por 
parte dos educadores, o que é uma das principais 
causadoras de desânimo entre eles. Os reflexos po-
dem incluir o sentimento de “desresponsabilização” 
com a formação dos alunos. Se a ideia prevalecen-
te for a de que a eles cabe simplesmente transmitir 
saberes “mecanicamente”, essa perspectiva esvazia 
o seu papel em sala de aula. “Eu trabalho com pro-
fessoras/es, e a maioria delas/deles é extremamente 
comprometida, chega a desembolsar recursos pró-
prios para prover materiais aos alunos”, conta Fa-
bíola. A categoria já é uma das que apresenta mais 
incidência de problemas psíquicos, em razão do des-
gaste emocional e das péssimas condições de tra-
balho. 
Para Marilene, a questão do sofrimento docente é 
altamente relevante, mas é necessário repensar as 
condições de trabalho dele e sua participação nos 
processos de mudanças. “É preciso avançar muito 
no campo sindical, politizar mais o movimento e as/
os docentes para que sejam capazes de reivindicar 
melhores condições, para não cairmos apenas no 
discurso sobre o sofrimento, sem que isso se reverta 
em melhorias.Precisamos refletir sobre como mudar 
essa condição para não colocá-los simplesmente 
na condição de vítima, o que pode levá-los a serem 
ainda menos valorizados do ponto de vista social”, 
avalia. 
Um projeto como o Escola sem Partido, 
mesmo sem ser aprovado, já ocasionou 
prejuízos sensíveis à categoria, em razão da 
desqualificação dos docentes que ele estimula 
e, mais pontualmente, por meio da criação de 
espaço para o “denuncismo”.
CAPA
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo10
A contribuição da Psicologia 
para a Educação
“Hoje temos uma produção acadêmica importan-
te na área da Psicologia da Educação e existe o re-
conhecimento do papel da categoria nos debates e 
propostas para o setor no Brasil”, avalia a professora 
Marilene. O que ainda falta, no entanto, segundo ela, 
é uma regulamentação sobre a atuação de psicólo-
gas e psicólogos na educação. Boa parte deles atua 
nos estados e municípios em postos “alternativos”, 
já que não existem vagas específicas. Projeto para 
que isso mude já tramita há quase duas décadas no 
Senado, mas até agora não houve definição sobre o 
tema. O resultado é a falta de “uniformidade” no que 
diz respeito à presença dessas/desses profissionais 
em educandários para dar apoio aos alunos e profes-
sores: há municípios grandes com poucos profissio-
nais; e cidades pequenas com uma boa concentra-
ção deles.
“É claro que precisamos pensar também no perfil 
de psicólogas e psicólogos que queremos atuando 
na educação. Porque se forem profissionais interes-
sados somente em diagnosticar e medicalizar, não 
adianta”, observa Fabíola. Mas, se forem comprome-
tidas/os com a defesa dos pilares da profissão, ela 
diz, a presença é altamente relevante para defender 
o respeito às diferenças e à pluralidade de ideias, es-
timular o diálogo e ajudar na mediação de conflitos. 
“Posso falar do trabalho que realizo cotidianamente 
com alunos nas escolas. Não à toa, os colégios que-
rem muito receber estagiários de Psicologia e reco-
nhecem o trabalho desenvolvido, especialmente em 
instituições em que há crianças e jovens vistos como 
‘desinteressados e agressivos’”. Segundo ela, por 
meio de ações psicoeducacionais – incluindo rodas 
de conversa, assembleias de classe e oficinas lúdi-
cas psicoeducativas –, os estudantes encontram ca-
minhos para dialogar, debater diferentes pontos de 
vista. “Na Psicologia, temos ferramentas que permi-
tem ir além do simples ´não faça isso` ou da adoção 
de soluções punitivas e simplistas. Quando compre-
endem mais sobre as razões pelas quais carregamos 
em nós o machismo e o racismo, alunos passam a 
ouvir o outro, a saber como ele se sente, e isso muda 
muita coisa”, garante. 
Beatriz, por sua vez, define que a Psicologia nas 
escolas é uma oportunidade para “construir a partir 
do diálogo, que é encontrar a diferença”. Ela concedeu 
a entrevista ao Jornal PSI um dia após dois jovens te-
rem atirado contra colegas em uma escola em Suza-
n ° 1 9 5 • F e v e r e i r o - M a r ç o - A b r i l • 2 0 1 9
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 11
no (SP). “Ainda estou abalada com isso. A experiência 
educacional, quando olhamos para a nossa história, 
revela que não há sujeitos com boa experiência es-
colar: o colégio se apresenta como espaço de dispu-
ta, de sofrimento. Quando não temos psicólogas/os 
nesses espaços, isso fica muito encoberto, como se 
fosse natural. A Psicologia oferece instrumentos ca-
pazes de desvelar processos que foram escamotea-
dos e encobrem as violências. O papel dela na escola 
é construir a partir de outro lugar, construir um novo 
espaço em que toda a comunidade escolar pode fa-
lar. A Psicologia coletiviza os processos”.
Repensar nossa forma de comunicar 
e relacionar
Para Marilene, o atual cenário brasileiro leva a 
refletir sobre a necessidade de repensar a manei-
ra como acessar e mobilizar a população em torno 
de ideias progressistas e da luta pela manutenção 
de conquistas e direitos, e para a continuidade dos 
avanços. “Dia desses conversava com uma pessoa 
aqui na Universidade e ela me disse que a Mangueira, 
no carnaval deste ano, fez o que nós, como socieda-
de, não conseguimos fazer”, exemplificou. A escola 
de samba desenvolveu o enredo “História para ninar 
gente grande” e exaltou líderes que influenciaram 
a história do Brasil, especialmente índios e negros. 
Também homenageou a vereadora Marielle Franco, 
assassinada em março de 2018, e despertou a aten-
ção e o interesse pelos temas. “Talvez seja preciso 
pensar em renovar as nossas formas de comunicar 
e nos relacionarmos com os públicos para além da-
quilo que já sabemos fazer, como seminários”, ava-
lia a docente. Na mesma linha, Fabíola refere-se à 
necessidade de buscar novas 
linguagens e meios de atin-
gir o público e convidá-lo 
ao debate e à reflexão. 
“Precisamos desco-
brir como chegar às 
pessoas de forma 
mais contundente. 
Utilizar uma lingua-
gem menos formal, 
rebuscada, e mais 
acessível, por exemplo, 
para nos fazermos enten-
der e sermos combativos. Há 
uma série de veículos midiáticos 
muito interessantes, mas a sua linguagem rebusca-
da, difícil de entender, acaba afastando muitas pes-
soas do debate”, avalia.
CAPA
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo12
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA ESCOLAR
nº 192 • Maio | Junho | Julho • 2018
26 UM DIA NA VIDAO cotidiano de uma psicóloga dentro da Fundação Casa12 MATÉRIA ESPECIALA Psicologia do Esporte e a Copa do Mundo 24 MUNDO MELHORPsicologia e questão racial no Fórum Social Mundial
2
S U M Á R I O
4
7
10 
12
21
24
29
26
30
AMÉRICA LATINA | VII CONGRESSO DA ULAPSI
A Costa Rica sediará, em julho, a sétima edição do 
encontro da União Latino-americana de Entidades da 
Psicologia.
MATÉRIA ESPECIAL | A PSICOLOGIA DO 
ESPORTE NO BRASIL 
Em período de mais uma Copa do Mundo de futebol, vem à 
tona o papel, a história e os aportes da Psicologia do 
Esporte.
ORIENTAÇÃO | ESCUTA E DEPOIMENTO ESPECIAL 
Nova lei referente aos direitos de crianças e adolescentes 
vítimas ou testemunhas de violência é problematizada por 
entidades da Psicologia.
QUESTÕES ÉTICAS | MEDIAÇÃO NO CRP SP
Veja como está, na prática, a implementação da experiência 
de mediação nos processos éticos e disciplinares do 
Conselho.
PENALIDADES ÉTICAS
MUNDO MELHOR | FÓRUM SOCIAL MUNDIAL 2018
Em artigo, psicóloga e educadora social conta sua vivência 
em atividades sobre a questão racial durante FSM realizado 
em março em Salvador.
UM DIA NA VIDA | ADOLESCENTES EM 
CONFLITO COM A LEI 
Mônica dos Santos conta como é o seu cotidiano de 
trabalho como psicóloga dentro de uma Fundação Casa 
em São Paulo.
ESTANTE | MURAL
Livro do importante pensador pós colonial camaronense 
Achille Mbembe – “Crítica da razão negra” - é lançado no 
Brasil pela editora n-1. 
SUBSEDES | FECHAMENTO DE MAIS UM MANICÔMIO
Sorocaba e região comemora a desativação do Hospital 
Psiquiátrico Vera Cruz, depois de anos de denúncias de 
maus tratos.
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de São Paulo, CRP SP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | Luciana Stoppa dos Santos
Vice-presidenta | Maria Rozineti Gonçalves
Secretária | Suely Castaldi Ortiz da Silva 
Tesoureiro | Guilherme Rodrigues Raggi Pereira
Conselheiras/os
Aristeu Bertelli da Silva, Beatriz Borges 
Brambilla, Beatriz Marques de Mattos, Bruna 
Lavinas Jardim Falleiros, Clarice Pimentel 
Paulon, Evelyn Sayeg, Ed Otsuka, Edgar 
Rodrigues, Ivana do Carmo Souza, Ivani 
Francisco de Oliveira, Larissa Gomes Ornelas 
Pedott, Magna Barboza Damasceno, Maria 
das Graças Mazarin de Araújo, Maria Mercedes 
Whitaker Kehl Vieira Bicudo Guarnieri, Mary 
Ueta, Maurício Marinho Iwai, Monalisa Muniz 
Nascimento, Regiane Aparecida Piva, Reginaldo 
Branco da Silva, Rodrigo Fernando Presotto, 
Rodrigo Toledo, Vinicius Cesca de Lima 
Realização
Jornalista responsável Gabriela Moncau 
(MTB 0069610 SP)
Reportagens e Edição Gabriela Moncau 
Direção de arte Sergio Rossi
Capa Sergio Rossi 
Revisão CRP SP
ImpressãoRettec Artes Gráficas
Tiragem 100.000 exemplares
Sede CRP SP
Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América
Cep 05410-020 São Paulo SP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
Atendimento | atendimento@crpsp.org.br
Diretoria | direcao@crpsp.org.br
Informações | info@crpsp.org.br
Centro de Orientação | orientacao@crpsp.org.br
Administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site 
www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
Assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada Santista e Vale do Ribeira
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
Grande ABC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
São José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 
3235-5047
Sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e Litoral Norte | 
tel. (12) 3631-1315
16
CAPA | A LUTA ANTIMANICOMIAL E O DESMONTE DO SUS
Psicólogas/os debatem a importância da resistência frente 
aos recentes ataques à Reforma Psiquiátrica e, mais 
amplamente, ao Sistema Único de Saúde.
EM TEMPOS DE 
COPA DO MUNDO, 
A PSICOLOGIA DO 
ESPORTE EXPÕE 
SUA HISTÓRIA
S
uécia, 1958. O mundo viu, pela primeira 
vez, o garoto de 17 anos que seria o maior 
jogador de futebol de todos os tempos. A 
Copa do Mundo que trouxe ao Brasil o pri-
meiro título mundial contou com dribles e 
golaços de Pelé, Garrincha, Didi, Djalma Santos, Zito, 
Vavá e Zagallo. Na final contra o time da casa, o placar 
de 5 a 2 marca não só a maior goleada em finais de 
Copa do Mundo até então, como também o mito de 
origem da Psicologia do Esporte no Brasil.
De 1958 para cá passaram-se cinco décadas e vin-
te Copas do Mundo. Depois do fatídico 7x1 que des-
classificou a seleção brasileira frente à Alemanha em 
pleno Belo Horizonte na Copa de 2014, a equipe vai à 
Rússia para a nova edição da competição. O momento 
traz à tona os desafios referentes ao preparo emo-
cional dos atletas e, mais amplamente, sobre o papel, 
a história e os aportes da Psicologia do Esporte no 
Apesar de não ser 
acompanhado pelo 
investimento necessário, 
Brasil vê o crescimento da 
Psicologia do Esporte I
lu
st
ra
çõ
e
s:
 S
e
rg
io
 R
o
ss
i
país. Será que foi mesmo em 1958 que esse campo da 
Psicologia nasce no Brasil? Rebobinemos um pouco.
A história da Psicologia do Esporte no Brasil
João Carvalhaes (1917-1976) foi o psicólogo da 
seleção brasileira da Copa de 1958. É considerado por 
boa parte da literatura como o pioneiro da Psicologia 
do Esporte por suas grandes contribuições à área, 
antes mesmo da Psicologia ser considerada uma 
ciência, reconhecimento que aconteceu em 1962. 
Paulista de Santa Rita do Passo Quatro, Carva-
lhaes foi jornalista e psicólogo. Com o pseudônimo 
de João do Ringue, publicava artigos sobre boxe no 
começo da década de 1950. Na Psicologia, aplicou 
seus conhecimentos de psicotécnica na Federação 
Paulista de Futebol, em uma unidade de seleção de 
árbitros, no São Paulo Futebol Clube e na Seleção 
Brasileira de Futebol.
MATÉRIA ESPECIAL
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo12
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA DO ESPORTE
As manchetes dos jornais estampavam o estra-
nhamento e o reconhecimento ao trabalho psicológico 
com a seleção campeã de 1958: “Não há jururus na se-
leção... Carvalhaes, peça útil na máquina da seleção”; 
“Como a psicologia ajudou o Brasil a ganhar a Copa de 
1958?”; “A seleção seria campeã sem ‘doidões’ como 
Pelé, Garrincha, Gilmar?”. O compilado de manchetes 
é feito por artigo das psicólogas Cristianne Carvalho 
e Ana Maria Jacó-Vilela, Psicologia do esporte no Brasil 
em dois tempos: uma história contada e uma história a 
ser contada. As autoras constatam que há registros 
de outras pessoas, fatos e informações significativos 
da relação da Psicologia com o Esporte antes da dé-
cada em que Pelé brilhou.
A importância da atuação da/o psicóloga/o junto 
a equipes esportistas já era discutida no Brasil nos 
anos 1930. Uma prova disso são artigos encontrados 
por Carvalho e Jacó-Vilela em revistas, por exemplo, 
da Escola de Educação Física do Exército e da Escola 
Nacional de Educação Física e Desportos da Univer-
sidade do Brasil (hoje, a UFRJ). 
Em 1960 é fundada a Sociedade Internacional da 
Psicologia do Esporte, impulsionando a produção 
acadêmica que se expandiria na década seguinte. Os 
anos 1970 são marcados pela criação da Sociedade 
Brasileira de Psicologia do Esporte, da Atividade Físi-
ca e da Recreação (organização constituída predomi-
nantemente por profissionais da Educação Física) e 
pela ampliação da atuação de profissionais em equi-
pes de futebol profissional.
Em 1981, Porto Alegre sedia o I Congresso Brasi-
leiro de Psicologia do Esporte. No artigo A psicologia 
do esporte no contexto do Sistema de Conselhos, Mô-
nica d’Fátima Freires da Silva recorda que a primeira 
iniciativa de formação específica foi na Faculdade de 
Educação Física da FMU - Faculdades Metropolitanas 
n ° 1 9 2 • M a i o | J u n h o | J u l h o • 2 0 1 8
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 13
Unidas, que promoveu em 1994 uma especialização 
em Psicologia do Esporte. No ano seguinte, a PUC-RS 
criou o primeiro curso da América do Sul de pós-gra-
duação em Psicologia do Exercício & Esporte. 
Em 2002 o Instituto Sedes Sapientiae inaugura o 
curso de especialização profissional em Psicologia do 
Esporte, primeiro curso no Brasil a ser reconhecido 
pelo CFP. Em 2003 é fundada a Associação Brasileira 
de Psicologia do Esporte (ABRAPESP).
Na década de 2010, narra Luciana Ângelo, inte-
grante do Núcleo Psicologia e Esporte do CRP SP, um 
grupo de psicólogos é oficializado no Comitê Olímpico 
Brasileiro (COB) e é criado o primeiro Grupo de Traba-
lho sobre o tema na Assembleia de Políticas, da Admi-
nistração e das Finanças (APAF) – órgão do Sistema 
Conselhos. 
A Psicologia do Esporte hoje
“Implicada em seus primórdios com aspectos mais 
biológicos, hoje, a Psicologia do Esporte vem estu-
dando e atuando em situações que envolvem moti-
vação, personalidade, agressão e violência, liderança, 
dinâmica de grupo, bem-estar de atletas caracte-
rizando-se como um espaço onde o enfoque social, 
educacional e clínico se complementam”. A descrição 
é da psicóloga Katia Rubio, mestra em Educação Físi-
ca e doutora em Educação, no artigo A psicologia do 
esporte: histórico e áreas de atuação e pesquisa.
Marcos Gercino da Silva é psicólogo esportivo do 
Grêmio Osasco Audax, Programing e-sports e São 
Cristóvão Saúde/São Caetano. “Uma coisa funda-
mental no trabalho é a abordagem inicial: explicar aos 
atletas a função do trabalho, pois ainda existe pre-
conceito por conta da falta de conhecimento”, conta.
O preconceito a que se refere Marcos pode ser 
exemplificado com as declarações feitas por Dunga, 
ex-técnico da seleção brasileira. Durante a última 
Copa do Mundo, o então técnico deu entrevistas cri-
ticando a imagem deixada por jogadores brasileiros 
por chorarem em campo e colocou em dúvida a efi-
ciência do trabalho de psicólogas/os no futebol. 
“Uma cena de choro como a do jogo contra o Chile 
pega mal no meio do futebol. Nós somos machistas, 
temos aquela coisa de que homem não chora”, disse 
Dunga: “Não sei se psicólogo resolve. Nada contra, 
mas dificilmente um jogador vai se abrir em cinco mi-
nutos A primeira coisa que pensa é: será que ela vai 
contar ao treinador o que falei?”. Em nota de repúdio 
às declarações de Dunga, o CRP SP critica seu “total 
desconhecimento do campo de exercício da Psicolo-
gia como ciência e profissão no contexto esportivo”. 
A tranquilidade do ex-técnico da seleção brasilei-
ra em recorrer ao machismo presente no futebol para 
confirmar sua opinião é também uma mostra inegável 
de que as questões de gênero, tão presentes no de-
bate público atualmente, atravessam também o es-
porte e a Psicologia do Esporte. 
“Um debate que está latente, por exemplo, é a 
respeito da presença de atletas trans”, relata Victor 
Cavallari, também membro do NúcleoPsicologia e Es-
porte do CRP SP. Para ele, as discussões têm ocorrido 
de forma reducionista. “As pessoas não veem que es-
colher um argumento biológico é também assumir um 
posicionamento político ideológico”, comenta. “Essas 
manifestações no esporte refletem as características 
violentas e preconceituosas da nossa sociedade”.
Recentemente veio à público a denúncia de 42 
atletas da seleção brasileira masculina de ginástica 
artística, que revelaram ter sofrido abusos sexuais 
cometidos pelo ex-técnico, quando eram crianças e 
adolescentes. 
No tocante a orientações para atletas, familiares 
e psicólogas/os em casos de abuso sexual no âmbito 
esportivo, o Núcleo Psicologia e Esporte do CRP SP 
recomenda a leitura das “Onze dicas para que famí-
lias e cuidadores garantam a proteção de suas crian-
ças e adolescentes”, da Unicef Brasil. Entre os pon-
tos, estão a garantia às crianças e adolescentes de 
serem ouvidos, a devida atenção à denúncias feitas 
pelos meninos e meninas e a exigência de todas as 
informações sobre cláusulas contratuais asseguran-
do que estejam de acordo com o Estatuto da Criança 
e do Adolescente.
“Outra orientação pós escuta é o Disque 100”, 
explica Cavallari. “Nós mesmos podemos fazer a de-
MATÉRIA ESPECIAL
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo14
núncia. Em um caso em que participei, fizemos um re-
latório para o Conselho Tutelar e o caso já ser aten-
dido no CRAS [Centro de Referência de Assistência 
Social]”, conta. Luciana Ângelo destaca a importância 
de psicólogas/os se informarem sobre a responsabi-
lidade que têm no campo do trabalho, consultando o 
Código de Ética, o Ministério Público e o Conselho. “É 
possível entrar em contato com o CRP SP, seja para 
fazer uma denúncia anônima, seja para pedir orienta-
ção”, informa.
A presença de atletas trans, o investimento em 
modalidades femininas, os assédios e abusos se-
xuais, os espaços de poder e decisão na gestão do 
esporte são temas sobre os quais a Psicologia, na vi-
são de Cavallari, deve contribuir de forma profunda. 
“Precisamos buscar meios de reduzir os sofrimentos 
das pessoas e contribuir de maneira mais efetiva para 
a garantia de acesso à prática esportiva”, salienta.
Oportunidades de trabalho
Para Gercino, a ampliação das oportunidades de 
trabalho na área comprovam que a Psicologia do Es-
porte tem ganhado mais espaço. “Nas Olimpíadas de 
Londres de 2012 havia sete psicólogas/os junto com 
os atletas. Já nas Olimpíadas do Rio de 2016 esse 
número saltou para cerca de 40 profissionais”, exem-
plifica. Mas pondera, ao dizer que as/os profissionais 
ficam “reféns dos incentivos do governo”: “O governo 
federal fez um corte de 87% no orçamento do Minis-
tério do Esporte de 2017 para 2018. Isso é um absur-
do. Sem dizer o corte de 36% do valor do bolsa atleta. 
Se não há investimento para a/o própria/o atleta e 
para a estrutura do esporte, isso se reflete também 
para a/o psicóloga/o”.
Investimentos em assistência psicológica conti-
nuada são feitos apenas na ponta da pirâmide, em 
atletas consagradas/os, “sem considerar a sustenta-
bilidade do sistema com planejamento para o futuro”, 
analisa Luciana Ângelo. Fatores como desenvolvi-
mento de talentos, suporte à carreira de atletas e ins-
talações são alguns dos que formam, para Luciana, 
“aquilo que permitiria desenvolver o esporte no Brasil 
de maneira plena e positiva, com entregas de valor 
para um maior contingente de pessoas, organizações 
e sociedade de modo geral”.
Lais Yuri começou a trabalhar na Psicologia do Es-
porte há cerca de 10 anos e observa um crescimento 
da área. Atualmente, ela atende cerca de 120 atletas 
entre 14 e 37 anos do Ituano Futebol Clube e trabalha 
também no Instituto Tênis, um projeto de incentivo ao 
esporte com foco em tênis de alto rendimento juvenil 
e profissional. “Com as Olimpíadas no Brasil em 2016 
houve um aumento da demanda de atletas olímpicos 
por profissionais da Psicologia do Esporte. Mas não 
houve continuidade. Acabaram os patrocínios às/aos 
atletas e com isso acabou a contratação e remunera-
ção de psicólogas/os”, lamenta.
Copa do Mundo 2018
Com a chegada de mais uma Copa do Mundo e 
com a ainda fresca memória do 7x1, vem à tona de-
bates a respeito da importância do equilíbrio emocio-
nal para o bom desempenho dos atletas e o papel da 
preparação psicológica. No entanto, Lais reforça que 
as contribuições da Psicologia do Esporte precisam 
ser entendidas para além de importantes momentos 
de decisão. “O trabalho da/o psicóloga/o do esporte 
é contínuo, de médio e longo prazo. Defendemos que 
nosso trabalho não seja requisitado apenas durante 
grandes eventos. Tem atletas que eu acompanho há 
seis, oito anos”, atesta. 
Mesmo em situação de Copa do Mundo, Marcos 
Gercino defende, como Lais, que a Psicologia do Es-
porte pode ajudar muito a seleção brasileira, desde 
que não seja vista como algo emergencial, mas “pre-
ventivo e inserido desde o início da preparação desse 
grupo de jogadores”. A equipe técnica definida pela 
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) para acom-
panhar a seleção brasileira na Rússia, no entanto, não 
inclui psicóloga/o.
“Em situações como Copa do Mundo – o sonho de 
qualquer criança que inicia no futebol – entendemos 
que essa dobradinha, a importância do jogo com a 
incerteza do resultado, promove uma desregulação 
emocional, que pode causar falta de concentração, 
alteração do humor, nervosismo”, narra Lais. 
Em seu artigo, Katia Rubio aponta que a ansieda-
de tem sido estudada no esporte partindo de seus 
efeitos emocionais negativos. Porém, estudos feitos 
em Fisiologia e Psicologia têm demonstrado que um 
determinado tipo de ansiedade é necessário para a 
prontidão na execução de algumas tarefas. Esse es-
tado é chamado de ativação. Para Lais Yuri, “a Psi-
cologia do Esporte, para situações como de Copa do 
Mundo, ajuda a trabalhar que o fator emocional não 
atrapalhe, mas pelo contrário, colabore”.
n ° 1 9 2 • M a i o | J u n h o | J u l h o • 2 0 1 8
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 15
CATEGORIA 
DEFINIRÁ NOVAS 
GESTÕES DOS 
CONSELHOS
CATEGORIA 
DEFINIRÁ NOVAS 
GESTÕES DOS 
CONSELHOS
ELEIÇÕES:
nº 187 • Abri l | Maio | Junho • 2016
26 MUNDO MELHORAbordagens que proporcionam ao idoso 
voz e escuta
4 MATÉRIA ESPECIALOs impactos da publicidade infantil na 
subjetividade da criança
9 QUESTÕES ÉTICASDilemas e avanços necessários relativos aos serviços 
psicológicos online
S U M Á R I O
4
6
10
14
16
24
28
30
QUESTÕES ÉTICAS | SERVIÇOS 
PSICOLÓGICOS ONLINE
As polêmicas que envolvem o trabalho da 
psicologia realizadas por meios tecnológicos de 
comunicação à distância.
CAPA | ELEIÇÕES DO SISTEMA CONSELHOS
Conheça as chapas que se propõem a ser gestão do 
Conselho Regional de Psicologia de São Paulo pelos 
próximos três anos.
ORIENTAÇÃO | COBRANÇA DO CONSELHO REGIONAL 
DE ADMINISTRAÇÃO
Nota técnica explica às/aos psicólogas/os que pedidos de 
contribuição por conselhos de outras categorias são 
indevidos.
MATÉRIA ESPECIAL | PUBLICIDADE INFANTIL
Como estimular a construção de uma consciência crítica 
frente aos impactos das propagandas na subjetividade 
das crianças?
PERSPECTIVA DO USUÁRIO | ATLETAS 
DE ALTO RENDIMENTO
Às vésperas das Olimpíadas no Brasil, atletas falam da 
importância de seu preparo psicológico.
MUNDO MELHOR | ENVELHECIMENTO
Oficinas de memória e acompanhamento terapêutico são 
algumas das abordagens comprometidas com o 
protagonismo do idoso.
PSICOLOGIA E COTIDIANO | DISPUTA DA 
GUARDA DOS FILHOS
Aspectos importantes e desafios para fazer uma avaliação 
psicológica que embase a decisão jurídica sobre a guarda 
dos filhos. 
UM DIA NA VIDA | A LÍNGUA DOS SINAIS
Priscila Mourão relata como é sua experiência de fazer 
atendimento psicológico voltado para a população com 
deficiência auditiva.
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de São Paulo, CRP SP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | Elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | Adriana Eiko Matsumoto
Secretário | JoséAgnaldo Gomes
Tesoureiro | Guilherme Luz Fenerich
Conselheiros
Alacir Villa Valle Cruces, Aristeu Bertelli da 
Silva, Bruno Simões Gonçalves, Camila de 
Freitas Teodoro, Dario Henrique Teófilo Schezzi, 
Gabriela Gramkow, Graça Maria de Carvalho 
Camara, Gustavo de Lima Bernardes Sales, 
Ilana Mountian, Janaína Leslão Garcia, Joari 
Aparecido Soares de Carvalho, Livia Gonsalves 
Toledo, Luis Fernando de Oliveira Saraiva, Luiz 
Eduardo Valiengo Berni, Maria das Graças 
Mazarin de Araujo, Maria Ermínia Ciliberti, 
Marília Capponi, Mirnamar Pinto da Fonseca 
Pagliuso, Moacyr Miniussi Bertolino Neto, 
Regiane Aparecida Piva, Sandra Elena Spósito, 
Sergio Augusto Garcia Junior, Silvio Yasui
Realização
Jornalista responsável Gabriela Moncau 
(MTB 0069610 SP)
Reportagens e Edição Gabriela Moncau 
Direção de arte Sergio Rossi
Capa | Arte Sergio Rossi | Foto: Divulgação 
CRP-SP
Revisão CRP-SP
Impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 92.000 exemplares
Sede CRP SP
Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América
Cep 05410-020 São Paulo SP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
Atendimento | atendimento@crpsp.org.br
Diretoria | direcao@crpsp.org.br
Informações | info@crpsp.org.br
Centro de Orientação | orientacao@crpsp.org.br
Administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site 
www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
Assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada Santista e Vale do Ribeira
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
Grande ABC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
São José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 
3235-5047
Sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e Litoral Norte | 
tel. (12) 3631-1315
23
29
PROCESSOS ÉTICOS | PSICÓLOGA/O NA MÍDIA
O caso dessa edição aborda a importância do respeito à 
diversidade sexual em posicionamentos de profissionais 
na imprensa.
PENALIDADES 
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo10
P E R S P E C T I V A D O U S U Á R I O
Às vésperas dos Jogos Olímpicos no Rio de 
Janeiro, atletas de alto rendimento dão peso ao 
preparo psicológico
Ilu
st
ra
çã
o
: S
e
rg
io
 R
o
ss
i
EXERCITANDO O 
EQUILÍBRIO 
EMOCIONAL
Marina Zablith passou boa parte dos seus 29 anos de vida dentro da água. Desde pequena 
se acostumou com o mundo das piscinas. Seu pai 
integrou a equipe brasileira de natação nas Olim-
píadas de Roma em 1960 e de Tóquio em 1964. Sua 
mãe foi campeã brasileira no mesmo esporte. A 
irmã, como ela, nadou e jogou polo aquático. Quan-
do tinha 14 anos Marina foi convocada para o time 
júnior da seleção brasileira de polo. Hoje é a capitã 
da seleção e uma das mais experientes da equipe 
que vai competir na Olimpíada desse ano. Carrega 
no currículo o bicampeonato sul-americano e a me-
dalha de bronze nos jogos Pan-Americanos de To-
ronto e de Guadalajara. 
Há pouco tempo Marina se mudou para a Itália. 
Apesar de toda a bagagem enquanto atleta, o frio na 
barriga veio. “Na Itália a liga é muito profissional e eu 
tinha a ideia de que elas eram fisicamente muito su-
periores”, relata. Quando chegou, percebeu que até 
existia alguma desvantagem. Mas não a que imagi-
nava. “Na parte física, seja na natação seja na mus-
culação, eu não perco para as meninas daqui. A di-
ferença que sinto é na parte psicológica”, constata. 
“No tênis profissional, 95% é mental” falava o 
norte-americano Jimmy Connors, um dos líderes no 
ranking das décadas de 1970 e 1980. “Se teu cére-
bro pode convencer teu corpo de que ele pode fa-
zer algo, sem dúvida o fará”, comentava o campeão 
olímpico (oito vezes!) de atletismo Carl Lewis. 
Marina compartilha da mesma opinião e observa 
que as italianas do polo aquático, por estarem acos-
tumadas com “o ritmo alucinante de campeonato” 
da liga profissional, têm a atenção e a concentração 
mais afiadas. “Foi quando eu percebi que o que falta-
va para nós, da seleção brasileira, era esse preparo 
psicológico”, diz Zablith. Pela primeira vez desde que 
integra a seleção brasileira, Marina e suas companhei-
ras passaram a ter acompanhamento psicológico. 
A preparação redobrada não é a toa. A Olimpíada 
desse ano, com sede no Rio de Janeiro, vai receber 
(em meio ao caos político brasileiro, ao desvelamento 
dos processos relativos às empreiteiras que constru-
íram as obras dos megaeventos e as mobilizações 
contra as remoções forçadas e a militarização) cer-
ca de 10 mil atletas que disputarão medalhas de 43 
modalidades. 
O polo aquático foi incluído no torneio olímpico no 
ano de 2000 e essa é a primeira vez que a equipe bra-
sileira participará do maior evento esportivo do mundo.
O adversário favorito, a cobrança interna, aquele 
movimento ou exercício que precisa acertar mas que 
não está saindo bem no treino, as pessoas na torcida, 
o desentendimento com alguém, a lesão que não sa-
rou direito, o namoro, a família, a pressão de se apre-
sentar no seu próprio país. Como que atletas de alto 
rendimento se preparam emocionalmente para essa 
competição que é, para a maioria dos esportes, a de 
maior nível em âmbito internacional?
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA DO ESPORTE
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 11
n º 1 8 7 • A b r i l | M a i o | J u n h o • 2 0 1 6
“Uma coisa importantíssima 
para mim é a questão de expor 
os medos. Não somos livres 
de medos nem de problemas, 
afinal somos humanas e não 
máquinas. Mas a partir do 
momento em que você aceita 
isso, você começa a ter controle 
sobre isso” 
 Fabiana Diniz
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo12
P E R S P E C T I V A D O U S U Á R I O
Concentração treinável
Fabiana Carvalho Diniz, mais conhecida como 
Dara, é pivô da seleção brasileira de handebol des-
de 1999 e também capitã de sua equipe. Já passou 
por clubes no Brasil, em Portugal, na Espanha e agora 
está na Alemanha, no Hypo Niederosterreich. 
Duas partidas de quartas de final do mundial de 
handebol. Uma em 2011 no Brasil. A outra, em 2013 
na Sérvia. Na primeira Dara diagnostica, ao olhar para 
trás, a “falta de maturidade psicológica da equipe”: 
“Foi por isso que perdemos. Tínhamos um trabalho 
em relação a isso, mas o que conversávamos fora de 
quadra acho que eu não sabia usar 100% dentro de 
quadra, ou talvez não tenha dado a verdadeira impor-
tância para esse preparo emocional”. Na opinião de 
Dara, “é preciso acreditar naquilo que se propõe fazer 
em todos os âmbitos de preparação. Com o psicológi-
co não é diferente”.
 O jogo de quartas de final de 2013 contra a Hun-
gria foi disputadíssimo, com duas prorrogações. “Fisi-
camente já estávamos destruídas, cometemos erros 
na hora em que podíamos ter matado a partida. Mas 
de alguma forma a gente conseguiu não se abater 
muito com isso, já pensar rapidamente na seguinte 
bola. Tenho certeza que tem a ver com o amadureci-
mento do nosso preparo mental”, recorda Dara. Des-
sa vez elas levaram a medalha de ouro para casa.
Marina também lembra de situações em sua tra-
jetória em que o elemento psicológico foi marcante. 
Pouco antes do mundial de polo aquático em Xangai, 
em 2011, a dor no ombro estava pegando e o desem-
penho no treino ia mal. “Estava mal, me colocando 
para baixo. Cheguei um dia no treino e fui conversar 
com meu técnico. Ele disse que eu tinha que entender 
que era uma jogadora importante, que eu precisava 
aparecer no jogo”, expõe Zablith: “Naquele momen-
to eu não achava que eu era uma pessoa importan-
te para o time. Estava mesmo precisando trabalhar 
minha confiança. E foi impressionante, porque bastou 
essa conversa para que eu mudasse de 8 para 80”.
O treinamento, para Dara, é para se “desconectar 
do mundo” a partir do instante em que pisa na quadra. 
“Minha mãe e meu marido me ajudam muito porque 
me ‘economizam’ de informações que possivelmen-
te vão me tirar do foco”, observa. “A concentração 
passa muito por você saber o que pode acontecer e 
ter em mente a linha traçada. Nada pode te desviar 
disso, principalmentequando vêm as adversidades”, 
descreve a pivô. 
Quando se pensa na questão psicológica para 
atletas, a primeira coisa que vem à cabeça são os fa-
tores que afetam o rendimento esportivo. E o inverso? 
De que forma a dedicação ao esporte afeta a saú-
de psicológica da pessoa no que diz respeito à sua 
vida de modo geral? “Acho que o esporte ensina mui-
ta coisa que me fortalece para as questões fora dele 
também”, avalia a capitã da seleção de polo. “O atleta 
está acostumado com a vitória, mas principalmente 
com a derrota, o fracasso. É uma situação normal e 
você tem que aprender a lidar com aquilo muito rá-
pido, superar, achar maneiras de melhorar. Acho que 
o atleta tem um olhar diferente para as coisas. E vai 
para a vida inteira”, assinala Marina Zablith. 
Expor os medos
“Uma coisa importantíssima para mim e que con-
verso muito com nossa psicóloga Alessandra Dutra é 
a questão de expor os medos. Medo de errar, medo de 
se lesionar, medo de perder...”, reflete a handebolis-
ta. “Procuro exteriorizar para ter ajuda e ‘matar’ essa 
sensação. Aprendi com ela que não somos livres de 
medos nem de problemas, afinal somos humanas e 
não máquinas. Mas a partir do momento em que você 
aceita isso, você começa a ter controle sobre isso”, 
resume Dara.
Quanto à expectativa para os Jogos Olímpicos, 
Dara fala do “foco total” e da “preparação nos aspec-
tos físicos, técnicos, táticos, nutricionais e psicoló-
gicos”, sendo o último para ela o grande diferencial. 
Apesar de já ter participado de quatro Olimpíadas, a 
ansiedade não diminui, ainda mais com o adicional do 
fator casa. A seleção brasileira feminina de handebol, 
atual campeã mundial, está na briga por medalha.
Alexander Popov, melhor nadador da Olimpíada de 
1996, declarou que “quem quer que esteja fisicamen-
te bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu 
corpo. Mas quem junta a um corpo em forma uma ca-
beça bem cuidada é capaz de feitos excepcionais”.
“O atleta está acostumado com 
a vitória, mas principalmente 
com a derrota, o fracasso. É 
uma situação normal e você 
tem que aprender a lidar com 
aquilo muito rápido” 
 Marina Zablith
 psi • Março / abril / Maio 2014 1
A subjetividade
no país do futebol 
nº 177 • MARÇO | ABRIL • 2014
Copa do Mundo no Brasil divide opiniões, 
traz à tona contradições e suscita debate sobre 
a fragilidade da democracia 
nº 178 • Março | Abril | Maio • 2014
a
n
to
n
io
 S
co
rz
a 
/ 
Sh
u
tt
er
st
oc
k.
co
m
2 psi • CoNSElHo rEGioNal DE PSiColoGia DE São PaUlo psi • Março / abril / Maio 2014 3
Publicação do Conselho regional de Psicologia 
de São Paulo, CrP SP, 6ª região
Diretoria
Presidenta | Elisa Zaneratto rosa
Vice-presidenta | Maria Ermínia Ciliberti
Secretário | luis Fernando de oliveira Saraiva
Tesoureira | adriana Eiko Matsumoto
Conselheiros
adriana Eiko Matsumoto, alacir Villa Valle Cruces, 
ana Paula Porto Noronha, aristeu bertelli da Silva, 
bruno Simões Gonçalves, Camila de Freitas Teodoro, 
Dario Henrique Teóilo Schezzi, Elisa Zaneratto rosa, 
Gabriela Gramkow, Graça Maria de Carvalho Camara, 
Guilherme luz Fenerich, Gustavo de lima bernardes 
Sales, ilana Mountian, Janaína leslão Garcia, Joari 
aparecido Soares de Carvalho, Jonathas José Salathiel 
da Silva, José agnaldo Gomes, livia Gonsalves Toledo, 
luis Fernando de oliveira Saraiva, luiz Eduardo Valiengo 
berni, Maria das Graças Mazarin de araujo, Maria 
Ermínia Ciliberti, Marília Capponi, Mirnamar Pinto 
da Fonseca Pagliuso, Moacyr Miniussi bertolino Neto, 
regiane aparecida Piva, Sandra Elena Spósito, Sergio 
augusto Garcia Junior e Silvio Yasui.
Realização KMZ Conteúdo (11) 3031-7360
Jornalista responsável Marina bueno (MT b 54.276)
Reportagens Erika Mazon, Marina bueno e Svendla Chaves
Arte Fajardo ranzini Design Gráico (11) 3021-2465
Foto da capa Shutterstock.com
Revisão KMZ Conteúdo
Impressão rettec artes Gráicas
Tiragem 85.000 exemplares
Sede CRP SP
rua arruda alvim, 89, Jardim américa
Cep 05410-020 São Paulo SP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
atendimento | atendimento@crpsp.org.br
Diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site | www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
baixada Santista e Vale do ribeira | tel. (13) 3235-2324, 
3235-2441
bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
Grande abC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
São José do rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
Sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e litoral Norte | tel. (12) 3631-1315
UM DIA NA VIDA | CONQUISTAS E DESAFIOS DA PSICOLOGIA DO ESPORTE 
o campo de atuação também de psicólogas/os vem ampliando espaço 
e conquistando reconhecimento. 4
PERSPECTIVA DO USUÁRIO | UNIDOS PELA LOUCURA DO CARNAVAL
atendidos em serviços de saúde mental que integram a ala
 “loucos pela X”, da escola de samba paulistana X-9, contam sua experiência. 7
ORIENTAÇÃO | CUIDADOS DEVEM SER SINGULARES, PORÉM 
DEFINIDOS COLETIVAMENTE
Projeto Terapêutico Singular (PTS), na área de saúde, e Plano de 
atendimento individual (Pia), na de assistência, embasam os atendimentos. 10
SUBSEDES | “ROLEZINHOS” É TEMA DE RODA DE CONVERSA
a subsede de bauru promoveu debate sobre a repressão contra a 
juventude; em assis, questões raciais foram foco de parcerias. 13
CAPA | EM CAMPO, A SUBJETIVIDADE!
Movimentos pró e contra a realização da Copa do Mundo no brasil 
reletem nuances da cultura nacional. 14 
MUNDO DO TRABALHO | ENTRE A SAÚDE E A SEGURANÇA 
Proissionais que atuam no sistema prisional têm como desaio equilibrar 
o papel pericial e a atenção à saúde dos detentos. 17 
PSICOLOGIA E COTIDIANO | MEU FILHO VAI MAL NA ESCOLA 
Psicóloga e educadora orienta sobre os aspectos que envolvem a demanda 
apresentada por grande parte dos pais. 20 
MUNDO MELHOR | PROTAGONISMO E RESISTÊNCIA 
a rádio comunitária Nova Paraisópolis FM comprova os benefícios 
da democratização da mídia. 23 
QUESTÕES ÉTICAS | PROCESSOS ÉTICOS E PENALIDADES
lidar com pessoas que planejam ou já tentaram o suicídio requer 
discernimento e imparcialidade, segundo especialista. 27 
MURAL | CONHEÇA O PORTAL DO CRP SP NO YOUTUBE
Seção aborda apoio do Conselho ao projeto que acaba com “autos de 
resistência” e à posição da oNU de considerar tortura a internação compulsória. 30
ESTANTE | TÍTULOS 
agora, a seção apresenta também dicas de vídeos de interesse da categoria. 31 
a Copa do Mundo acontece no país do futebol e o brasil vive às voltas com uma pluralidade de pro-
cessos e acontecimentos a ela relacionados. a conclu-
são das grandes obras envolvendo estádios, aeroportos 
e outras construções foi marcada por inúmeras rever-
berações, das modernizações produzidas aos efeitos 
nefastos a trabalhadores envolvidos e populações que 
vivem próximas aos locais dos jogos. a mobilização 
dos torcedores, estampada nas ruas, casas, nos carros 
e nas caras pintadas e enfeitadas, de um lado e, de ou-
tro, as manifestações que questionam e denunciam 
o grande evento, as quais enfrentam os mecanismos 
legais e as opera-
ções estatais que 
se apresentam 
para seu contro-
le. as cidades se 
reorganizaram e 
reorganizaram-
se os calendários. 
São inúmeros 
elementos que 
constituem esse 
momento his-
tórico, os quais, 
com toda cer-
teza, só podere-
mos identiicar 
e compreender 
em toda a sua 
complexidade ao 
longo do tempo. 
Por detrás disso tudo, uma dimensão fundamental, 
muitas vezes pouco reconhecida ou colocada em aná-
lise: a dimensão subjetiva. São afetos, sentidos, con-
cepções, ações, expectativas, convicções, projetos cole-
tivos e individuais, sonhos, enim. São os processos que 
constituem a subjetividade humana, ao lado de outros 
elementos que produzem esse momento histórico. a 
dimensão da realidade que a Psicologia busca compre-
ender eanalisar e em relação à qual nossa proissão 
atua. Por isso, diante de todas as análises, interpreta-
ções e intervenções em relação à Copa do Mundo no 
brasil, a Psicologia tem algo a dizer. 
assim como a Copa do Mundo, também a Psicologia 
tem algo a dizer e, portanto, contribuições possíveis 
em relação a inúmeros outros processos que enfren-
tamos hoje na nossa sociedade: as manifestações dos 
jovens nos grandes shoppings das cidades, suas mo-
tivações, determinações e os efeitos produzidos em 
diferentes parcelas da população; os processos escola-
res, as expectativas e os receios em relação às crianças 
que não respondem às exigências do processo de es-
colarização, produzindo uma tensa e imensa deman-
da daqueles que “vão mal na escola”; a constituição 
de equipes esportivas e a relação da população com as 
práticas e atividades físicas; a questão racial; os pro-
cessos de comunicação e as iniciativas pela democra-
tização e pluralização das informações que circulam 
para o nosso povo. Esses são alguns dos temas trazidos 
nesta edição. buscamos colocar em diálogo leituras re-
lativas à dimen-
são subjetiva 
que constitui es-
ses fenômenos, 
apontando com 
isso possibilida-
des e referências 
relativas ao tra-
balho das/os psi-
cólogas/os. 
oferecemos esta 
publicação do 
CrP SP como 
mais um canal 
de orientação. 
Nela disponibili-
zamos relexões 
que podem guiar 
o exercício pro-
issional em dife-
rentes situações: da construção de projetos singulares 
de atenção à complexidade própria dos casos que en-
volvem situações de suicídio, ou ainda aos desaios de 
enfrentar as duras condições para construir uma atu-
ação qualiicada no sistema prisional. São contribui-
ções que pretendem qualiicar a prática proissional, 
trazendo ainda um novo elemento: a perspectiva do 
usuário dos serviços de Psicologia, que, entendemos, 
deve ser protagonista na orientação e direção das in-
tervenções realizadas.
Nossa expectativa é de que essa leitura contribua com 
a prática proissional de cada psicóloga/o de nosso Es-
tado, na direção de uma atuação ética, qualiicada e 
comprometida com a dignidade da nossa população.
XIV Plenário do Conselho Regional 
de Psicologia de São Paulo
Shutterstock.com
E d i t o r i a lÍ n d i c e
178
A psicologia e a valorização da 
dimensão subjetiva da realidade
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA DO ESPORTE
4 psi • CoNSElHo rEGioNal DE PSiColoGia DE São PaUlo psi • Março / abril / Maio 2014 5
alessandra Dutra orienta a central da Seleção Feminina de Handebol, ana Paula
u m d i a n a v i d a
Campo de trabalho é cada vez 
mais reconhecido no brasil, 
embora os avanços na 
área de pesquisa 
ainda sejam
tímidos
a Psicologia do Esporte foi re-conhecida como uma subá-rea da Psicologia pela ame-
rican Psychological association 
(aPa) em 1986. No brasil, à época da 
instituição do título de especialista 
em Psicologia, ela foi regulamenta-
da como especialidade. Com mui-
tas associações e grupos organiza-
tivos de psicológas/os que atuam e 
pesquisam no campo, a Psicologia 
do Esporte tem alcançado proje-
ção cada vez mais relevante no 
brasil, embora muitas pessoas a 
relacionem mais com as Ciências 
do Esporte do que com a própria 
Psicologia. a confusão é provoca-
da principalmente pelo fato de os 
cursos de graduação em Psicolo-
gia não incluírem disciplina obri-
gatória em Psicologia do Esporte, 
o que acontece na formação em 
Educação Física. 
alessandra Dutra, consultora, 
psicóloga do esporte da Seleção Fe-
minina de Handebol brasileira, do 
Centro de Formação de Tenistas e 
do Centro de Formação de atletas 
bauer, analisa a questão. “Embora 
a Psicologia do Esporte possa ser 
uma ciência dentro das ciências do 
esporte, para os psicólogos é uma 
prática. E em uma prática existem 
diversas linhas a serem lidas e in-
terpretadas. Por isso, acredito que a 
Psicologia do Esporte não seja uma 
disciplina acadêmica nos cursos de 
Psicologia, mas uma prática que 
pode ser estudada em outra dis-
ciplina, ligada às instituições, por 
exemplo, ou vista como um estágio 
aplicado”. Também de acordo com 
a psicóloga, isso acaba diicultando 
a divulgação da área proissional 
na graduação e a elaboração de 
pesquisas sobre o tema. “Provoca 
um gap grande para os estudantes 
entre a graduação e a pós-gradua-
ção. Eles só vão produzir cientiica-
mente na área na pós-graduação. 
Em contrapartida, como no curso 
de graduação da Educação Física 
existe a disciplina Psicologia do 
Esporte, os educadores físicos aca-
bam tendo uma noção mais ampla 
da Psicologia do Esporte do que o 
próprio estudante da Psicologia. E é 
aí que mora um grande problema: 
educadores físicos se veem mais 
capacitados do que a nossa pró-
pria categoria, que ica um pouco 
amarrada. Dessa forma, outros pro-
issionais se apropriam de algumas 
questões que são ligadas à Psicolo-
gia, principalmente intervenções. 
Essa é a grande diiculdade que eu 
vejo em não termos a área mais ex-
plorada nas faculdades”, diz. 
Prática x pesquisa
Em suas várias viagens interna-
cionais, acompanhando atletas em 
importantes competições, alessan-
dra pôde perceber a maturidade da 
Psicologia do Esporte em diferentes 
locais. Sua avaliação é de que o brasil 
é muito rico na área prática, enquan-
to outras nações estão muito mais 
avançadas no campo das pesquisas. 
“Porém há também uma lacuna en-
tre os países com muitas produções 
cientiicas, cujos estudos nem sem-
pre reletem com idelidade a rotina 
da área pela falta de conhecimento 
prático. Do outro lado, há o brasil, que 
possui bastante prática, mas não de-
senvolve muitas pesquisas”, pondera. 
o reconhecimento da área nos 
últimos anos no País, mesmo sem 
grandes registros dos proissionais 
em anais e periódicos acadêmicos, 
é notável. alessandra diz que o bra-
sil é um dos que mais avançam na 
credibilidade do trabalho da Psi-
cologia com os proissionais do es-
porte. “É mais fácil para um técnico 
ou professor de educação física se 
aproximar da Psicologia no brasil 
do que em outros países, como Es-
tados Unidos, em que os técnicos 
exercem diversas funções. E como 
já temos atuações expressivas de 
psicólogos em esportes de alto ren-
dimento, a área acaba sendo mais 
divulgada pela mídia e alcança re-
conhecimento”, acredita. 
Foi com o apoio do trabalho de 
alessandra, em parceria com ou-
tros proissionais dos campos da 
Conquistas e desaios da
Psicologia do Esporte
saúde e dos esportes, que a Seleção 
Feminina de Handebol brasilei-
ra conquistou seu primeiro título 
mundial, em 2013 na Sérvia, e a me-
dalha de ouro nos Jogos Sul-ameri-
canos do Chile, este ano. a façanha 
ganhou as manchetes, divulgando 
direta ou indiretamente a atuação 
e importância de equipes interdis-
ciplinares na preparação de atletas, 
incluindo psicólogas/os do esporte. 
Interdisciplinaridade
Como psicóloga do esporte da 
Seleção Feminina de Handebol 
há quatro anos, alessandra Dutra 
diz que os resultados expressivos 
obtidos pelo time só foram possí-
veis pela atuação de equipe inter-
disciplinar. “No alto rendimento, 
podemos ter técnico, supervisor, 
assistente técnico, treinador de 
goleiros, preparador físico, médico, 
nutricionista, massoterapeuta e i-
sioterapeuta. São proissionais que 
têm de adotar a mesma linguagem 
Sh
u
tt
er
st
oc
k.
co
m
6 psi • CoNSElHo rEGioNal DE PSiColoGia DE São PaUlo psi • Março / abril / Maio 2014 7
Áreas de atuação
Na Psicologia do Esporte há di-
ferentes rumos a seguir: alguns 
bastante recentes, como no caso de 
transição de carreira, e outros mais 
reconhecidos, como a atuação com 
atletas em esportes de alto rendi-
mento.
Alto rendimento: inclui progra-
mas de treinamento psicológico na 
busca de melhor desempenho em 
competições dos chamados esportes 
de alto rendimento. as atividades 
desenvolvidas visam, entre outros, 
ao enfrentamento do estresse com-
petitivo, ao controle da atenção e 
concentração, ao fortalecimento de 
habilidades de comunicação, ao de-
senvolvimento de liderança e à coe-são de equipe. 
Qualidade de vida e bem-estar: 
Engloba a organização e o desenvol-
vimento de atividades físicas espe-
cíicas em locais como academias e 
nos contextos de trabalho.
Reabilitação: Concentra ativida-
des esportivas desenvolvidas para 
reabilitação física e social.
Iniciação esportiva: atuação para 
o desenvolvimento de jovens atletas.
Projetos sociais: auxilia o traba-
lho de atuação psicossocial por meio 
de atividades esportivas.
Transição de carreira: Visa apoiar 
atletas em transição de carreira, ou 
seja, que buscam recolocação prois-
sional em áreas fora da esportiva.
Unidos pela 
loucura do Carnaval
em suas áreas. É um trabalho que 
precisa ser feito com a comissão, 
com as atletas e no grupo como 
um todo, desde a presidência da 
Confederação até a atleta mais no-
vinha da seleção”, airma. Por isso, 
o primeiro passo de alessandra é 
fortalecer ou ajudar a desenvolver 
uma identidade solidiicada, para 
depois trabalhar desdobramentos. 
o resgate da história e, conse-
quentemente, a formação de uma 
identidade forte é relevante, pois 
todos os proissionais devem atuar 
em equipe para a preparação ade-
quada dos atletas. “Quem deve bri-
lhar são as pessoas que serão ser-
vidas, o time em si. Nossa prática 
tem de ter uma linha de trabalho 
que legitime todas as suas ações, 
tem que ter historicidade e lógica. 
E ica mais fácil quando poucos 
integrantes mudam no grupo, já 
que a ilosoia de trabalho ica for-
te e as pessoas que entram enten-
dem e acompanham essa ilosoia. 
a meta de resultados só aparece 
quando a meta de processo ica 
mais sólida”. Como um grupo pro-
issional coeso e grande pode ser 
custoso, alessandra defende uma 
organização mais efetiva das/os 
psicólogas/os para o desenvolvi-
mento de políticas públicas dirigi-
das ao contexto esportivo. 
o trabalho da psicóloga com a Se-
leção Feminina de Handebol é con-
tínuo. Ela estava com a equipe em 
todos os eventos importantes dos 
últimos anos e foi uma das poucas 
proissionais da Psicologia na Vila 
olímpica em 2013 – segundo lem-
bra, além dela havia somente um 
psicólogo francês. agora, o momen-
to é de novos desaios. “a equipe de 
handebol saiu da fase competitiva, 
conquistou títulos importantes, e 
tenho de trabalhar a manutenção 
disso. É outro salto de maturidade. 
É gostoso, mas muito trabalho-
so, pois entram novos conceitos. 
Uma coisa é chegar ao resultado, 
outra é mantê-lo.” 
Atendidos em serviços de saúde mental participam ativamente 
da confecção de fantasias e dos desiles na avenida
o projeto “loucos pela X” é ex-periente tanto na confecção de fantasias carnavalescas 
como em mudanças positivas na 
vida de seus integrantes. Tudo co-
meçou em 2001, no antigo ambu-
latório de saúde mental do bairro 
Jaçanã, em São Paulo, que abrigava 
projeto de geração de renda em 
que os usuários produziam papel 
reciclado – uma das abordagens 
do tema que a escola de samba X-9 
Paulistana apresentou no desile 
daquele ano. À convite do carnava-
lesco da agremiação, lucas Pinto, 
os participantes do projeto compu-
seram uma ala que tratava a fun-
ção do papel como terapia em fan-
tasias que faziam alusão a arthur 
bispo do rosário. assim, ajudaram 
na confecção do Manto da anun-
ciação, obra do bispo, que continha 
lores de papel reciclado formando 
uma cruz, e ganharam a avenida. a 
X-9 gostou do resultado e fez outro 
convite: que a “loucos pela X” se 
tornasse ala permanente da escola 
e desilasse como qualquer outra, 
já que o espaço era de reconheci-
mento, e não de privilégios. 
o projeto se fortaleceu enquan-
to os ambulatórios de saúde men-
tal eram extintos. o do Jaçanã foi 
desmembrado em dois serviços: 
um Centro de atenção Psicossocial 
(Caps) e um Centro de Convivência 
e Cooperativa (Cecco), que acolheu 
as atividades da “loucos pela X”. 
os participantes confeccionavam 
suas fantasias, 25% delas subsidia-
das para que usuários da rede de 
saúde mental pudessem desilar, 
sendo o restante vendido para i-
nanciar o trabalho. Dessa forma, 
passaram-se cinco carnavais no 
Centro de Convivência, até a dei-
nição de que o projeto de geração 
de renda deveria ganhar autono-
mia. Desde então, é autossusten-
tado, ou seja, todos os seus gastos 
são inanciados graças à venda de 
parte das fantasias. a parceria com 
a X-9 continua, mas, no último Car-
naval, foram confeccionadas fan-
tasias também para outra escola. 
Hoje, a “loucos pela X” é um ateliê 
u m d i a n a v i d a p erspectiva do usuário
Grupo coeso e solidário reconhece os benefícios proporcionados pelo trabalho 
Nossa prática tem 
de ter uma linha de 
trabalho que legitime 
todas as suas ações”
alessandra Dutra 
“ 
V
an
es
sa
 M
ar
qu
es
JOãO CARVALHAES,
O PIONEIRO
“o homem”. Era essa a for-
ma como os jogadores da 
Seleção brasileira de Fute-
bol de 1950 se referiam ao 
psicólogo João Carvalhaes, 
em uma demonstração de 
reconhecimento de seu tra-
balho para a manutenção 
do equilíbrio e na motivação 
da equipe – campeã do mun-
do na Suécia. 
Pioneiro da Psicologia do 
Esporte no brasil, Carvalha-
es foi homenageado pela 
Comissão de Psicologia do 
Esporte do CrP SP, em maio 
de 2000, com a elaboração 
de documentário sobre sua 
trajetória, disponível no 
http://www.crpsp.org.br/ 
memoria/joao/videos.aspx.
No vídeo, esportistas e jor-
nalistas que conheceram o 
proissional testemunham o 
estranhamento com que foi 
recebida, no meio, a contra-
tação de um psicólogo para 
acompanhar a Seleção brasi-
leira. Carvalhaes acumulava 
experiência como comen-
tarista de boxe, ministrante 
de cursos para juízes e árbitros 
de futebol, e acompanhante 
 de equipes – começou no 
São Paulo Futebol Clube – 
em campeonatos internacio-
nais. 
Com foco na formação inte-
gral do atleta, o trabalho do 
psicólogo foi gradualmen-
te conquistando respeito. 
assim, em 1976, quando 
faleceu, já havia publicado 
artigos, proferido palestras 
e participado de vários con-
gressos – meios pelos quais 
expôs suas atividades ao 
grande público.
8 psi • CoNSElHo rEGioNal DE PSiColoGia DE São PaUlo psi • Março / abril / Maio 2014 9
de Carnaval como qualquer outro, 
reconhecido por sua especialida-
de, mas que ganhou ainda uma se-
gunda vertente, além da geração 
de renda aos usuários da rede de 
saúde mental: a de promoção da 
inclusão no universo carnavalesco 
pela cultura, alegria e pela organi-
zação de um campo de trocas afe-
tivas. 
a intenção, diz Pedro Gava, um 
dos coordenadores do projeto, é a 
contínua evolução. “Se estamos fe-
lizes com nosso trabalho e num lu-
gar feliz, isso tem repercussões na 
vida, repercussões que podemos 
chamar de terapêuticas. Se traba-
lhamos no que gostamos, investi-
mos, criamos laços afetivos e soli-
dários, isso repercute em alegria 
e bem-estar. os participantes têm 
claro que isso é um investimento 
deles. Eles se apropriaram do es-
paço e do capital gerado, e isso faz 
deles pessoas mais potentes para a 
vida”, airma.
Participantes
Dos 13 atuais participantes do 
projeto, a maior parte está na 
“loucos pela X” desde os primeiros 
anos, como Nirma Sueli dos San-
tos, de 57 anos. Ela conta que o iní-
cio das atividades foi de hesitação. 
“Ficamos meio ansiosos, confusos 
sobre como poderíamos entrar 
nesse negócio de escola. Foi um 
corre-corre danado, surpresas, não 
esperávamos isso, vivíamos de 
medicação de controle”, diz. Com a 
morte da mãe, Nirma foi interna-
da e, após a alta médica, ingressou 
na iniciativa de geração de renda. 
Meses depois, seu pai faleceu, po-
rém, já integrada ao projeto, con-
seguiu lidar melhor com a perda. 
Quem também comemora 
 ganhos é Edite Celeste de Souza, 
de 50 anos, que já passou por in-
ternação e ingestão de altas dosa-
gens de remédios, mas hoje tem 
outra vida. “Eu vim me desenvol-
vendo, aprendendo, e hoje sou 
uma aderecista. aqui no grupo 
somos como irmãos: o que um não 
sabe fazer, o outro ensina. É gosto-
so também quando chega a hora 
da avenida; a gente sente a adre-
nalina subindo e a alegria de saber 
que o mundo inteiroestá vendo. 
Tem psicólogos que vêm de outras 
cidades para brincar com a gente 
e icam encantados. Somos loucos 
entre aspas; a gente faz muita coi-
sa e estamos evoluindo a cada dia. 
Hoje tomo medicamento, mas é 
um miligrama, e a doutora diz que 
estou ótima”, comemora.
Integração
“Não somos mais aquelas pes-
soas deprimidas que só comem, 
bebem e dormem. agora, a gente 
vem e traz marmita, tem horá-
Não somos mais 
aquelas pessoas 
deprimidas que só 
comem, bebem 
e dormem”
Maria Sônia 
de Santana
“ 
p erspectiva do usuário
Ensaio da ala é marcado por descontração
V
an
es
sa
 M
ar
qu
es
me mandaram para o Centro de 
Convivência e eu comecei a fazer 
as fantasias e me senti bem. Eu i-
cava muito em casa mesmo. agora 
eu saio mais, convivo com outras 
pessoas”. 
Orgulho e trabalho
Para os participantes, a forma de 
enxergar o trabalho e lidar com o 
dinheiro também mudou. No ate-
liê há carinho e descontração, mas 
todos sabem que o local é de tra-
balho, e valorizam o dinheiro que 
ali recebem. Enivaldo Jesus Mar-
tim, 48 anos, destaca com orgulho 
tudo que aprendeu. Faz questão 
de reforçar que o grupo apoia os 
novos integrantes. Para ele, “tem 
muito preconceito na rua e gen-
te que não se interessa por esse 
negócio de fantasia, de Carnaval, 
acha que é uma besteira. Mas es-
tão enganados: isso é bom para 
a cabeça, é uma terapia, e a gen-
te ganha um dinheirinho.” Ele é 
o primeiro a reconhecer o papel 
de cada um no processo. Kátia 
aparecida da Silva, 43 anos, tem 
diiculdade em mexer com cola 
quente: “já treinei em casa com 
cola pequena, mas não deu”, diz. 
isso não a impediu de contribuir 
com a “loucos pela X”. Sua função 
é guardar os materiais, arrumar 
as mesas de trabalho, varrer, fazer 
suco e lavar louça. Com o que re-
rio de almoço, café da tarde, tudo 
organizado. Às vezes icamos ir-
ritados, nervosos, mas vem um e 
conversa, vem outro e anima. Esse 
trabalho é muito importante; não 
sou mais aquela que andava com 
muleta, com aparelho. Hoje sou 
outra grande mulher.” a airma-
ção, de Maria Sônia de Santana, de 
51 anos, relete o espírito dos par-
ticipantes da “loucos pela X”. in-
tegração e convivência são funda-
mentais para eles, e citados como 
os grandes diferenciais do projeto.
“Manter a cabeça ocupada”, “ter 
sobre o que conversar”, “sentir or-
gulho de o mundo ver as fantasias” 
estão na boca de todo o grupo. Mãe 
e ilha, Clarice da Silva, de 58 anos, 
e Flávia da Silva arruda, de 31, são 
hoje mais próximas e, segundo 
dizem, amicíssimas. Flávia apren-
deu a colar lantejoulas e fazer cos-
teiros, decora os enredos e gosta 
de ser chamada de passista. Já sua 
mãe, que diz estar no projeto de 
“lambida”, por ser acompanhante, 
conta que a ilha melhorou 100%. 
”antes a gente icava sem assunto, 
olhando uma para a outra. aqui 
foi a regulação de tudo; eu não a 
entendia, e ela não me entendia. 
agora eu sei o que está se passan-
do, sei como ajudar na integração. 
É uma maravilha, a gente não se 
desgruda”, orgulha-se Clarice.
alessandro andrade de lima, 38 
anos, também fez amigos e mu-
dou a forma de se relacionar com 
as pessoas. Muito tímido, ele pou-
co conversava. Depois de ingressar 
no projeto, passou a desilar todos 
os anos e conta que não tem mais 
vergonha de fazer perguntas e 
bater-papo. “Para mim foi bacana 
porque daqui eu arrumei serviço 
fora também, trabalhei sete anos 
num banco. Depois do projeto eu 
não tenho mais vergonha”, reve-
la. Novas convivências mudaram 
também a vida de Sidnei leão, 52 
anos, que ingressou no ateliê de-
pois da insistência de familiares: 
“no começo foi mais pra minha 
família, para minhas irmãs. Elas 
Para acompanhar as atividades e os eventos culturais da “loucos pela X”, acesse a página
Facebook.com/loucospelax ou entre em contato no e-mail alaloucospelax@terra.com.br.
cebe, ajuda a pagar contas de luz e 
água. E Enivaldo elogia: “Se não ti-
vesse a Kátia para guardar o mate-
rial, varrer aqui tudo, a gente não 
ia fazer, a gente não tem tempo. 
Ela é importante”, elogia. 
luis atílio Ximenes, 48 anos, é 
outro a elogiar o grupo que, se-
gundo diz, o acolheu muito bem. 
Para ele, não falta orgulho pelo 
trabalho realizado. Com um sor-
riso no rosto, conta que seu sobri-
nho assistiu ao desile inteiro da 
X-9 Paulistana na esperança de 
vê-lo. “Eu botava empecilho, pen-
sava nos banheiros químicos, em 
chuva, que eu tomava remédio... E 
neste Carnaval eu desilei, e gos-
tei. É prazeroso ver seu trabalho 
se destacar na avenida, aparecer 
para o público, para a imprensa”, 
diverte-se. 
os ganhos e o orgulho não são 
somente dos participantes. a 
dona do espaço onde funciona o 
ateliê, ione Teresinha Prequero, de 
60 anos, diz que a “loucos pela X” 
foi a melhor coisa que podia ter 
acontecido em sua vida. E revela, 
emocionada: “Eu tive um proble-
ma familiar, me prostrei. o pesso-
al aqui é minha família, me autoa-
irmei, passei a ter mais coniança. 
Eles acham que eu ajudo, mas eles 
me ajudam muito mais. Eu estou 
na luta com eles, e espero que por 
muitos e muitos anos.” 
integração e convivência são valores fundamentais para os atendidos 
V
an
es
sa
 M
ar
qu
es
ala “loucos pela X” desilou este ano com fantasias e alegorias feitas 
pelos integrantes do coletivo de geração de trabalho e renda
10 psi • CoNSElHo rEGioNal DE PSiColoGia DE São PaUlo psi • Março / abril / Maio 2014 11
O r i e n t a ç ã o
Na área da saúde, eles são chamados de Projeto Te-rapêutico Singular (PTS); 
no campo da assistência social, de 
Plano de atendimento individual 
(Pia). ambos são elaborados para 
orientar o atendimento prestado 
aos usuários, devem ser construí-
dos de forma coletiva e interdisci-
plinar, pactuados com os sujeitos 
e aplicados singularmente. No en-
tanto, têm suas particularidades. 
o psicólogo ricardo Sparapan 
Pena, apoiador institucional da 
Política Nacional de Humanização 
da atenção e Gestão do Serviço 
Único de Saúde (SUS), deine o PTS 
como uma estratégia de cuidado, 
na qual a equipe de saúde discute 
os casos clínicos e deine a aten-
ção a ser dispensada aos usuários. 
Essa atenção, segundo ele, deve ser 
compartilhada com quem vai re-
cebê-la para que não se torne uma 
prescrição difícil de ser alcançada. 
o projeto terapêutico tem de le-
var em conta ainda as possibilida-
Cuidados devem 
ser singulares, 
porém definidos 
coletivamente
Projetos terapêuticos e planos de atendimento são 
estratégias importantes para nortear o trabalho de 
proissionais da saúde e assistência social 
Shutterstock.com
des dos atendidos para cuidar de 
si, e buscar contribuir com ações 
que aumentem essas possibilida-
des. “É uma estratégia para a am-
pliação da clínica, pois considera o 
sintoma como uma expressão dos 
modos de viver, e não como algo 
isolado, que se apresenta da mes-
ma forma em qualquer pessoa. É a 
singularidade que orienta a cons-
trução das ofertas em um PTS”, re-
força o proissional. 
Tanto que os projetos são pen-
sados para os usuários que de-
mandam mais atenção das equi-
pes interdisciplinares. até porque, 
como explica Pena, em serviços 
de atenção básica ou de saúde da 
família, a procura pelas unidades 
é muito grande, o que exige prio-
rizar os casos em que os PTS são 
construídos. “Um trabalhador 
que faz acompanhamento para 
diabetes, mas consegue ir às con-
sultas, se medicar corretamente, 
negociar com a equipe uma dieta 
adequada, dentro de sua rotina, e 
manter níveis de glicemia estável 
não demanda PTS, pois tem con-
dições de construir possibilidades 
de se cuidar”, exempliica. Já em 
serviços de referência em saúde 
mental, como o Caps, o ideal é que 
todos os usuários tenham PTS 
como estratégia de cuidado, “pois 
há situações em que o sofrimento 
psíquico airma a diferença como 
modo de existir”.
o psicólogo defende que, para a 
elaboração dos projetos, as equi-
pes devem discutir os casos, con-
siderando os sintomas e inves-
tigando como se expressam nos 
usuários e qual a história de pro-
dução das queixas trazidas. Essa 
investigação,de acordo com Pena, 
deve estar articulada ao modo 
como as pessoas vivem, pois isso 
fornece as pistas para entender 
porque, em muitos casos, os sin-
tomas não melhoram e as quei-
xas se tornam constantes. “as 
equipes precisam entender que 
psicólogos, médicos, enfermei-
ros, dentistas, assistentes sociais, 
assim como outros proissionais, 
por mais competentes que sejam, 
não têm domínio da totalidade de 
uma vida, o que necessariamen-
te questiona os limites de seus 
saberes. assim, as informações 
acerca de um caso clínico vêm de 
várias direções.” 
Pena também é supervisor clí-
nico-institucional de serviços de 
saúde mental e da atenção básica, 
como Caps, Unidades básicas de 
Saúde e consultório na rua. Como 
tal, adota o PTS e o fomenta como 
um conceito-ferramenta para os 
planos de ação das Secretarias 
Municipais e Estaduais de Saúde 
e dos coletivos ligados às redes 
de atenção à Saúde (raS). ainda 
assim, diz que não é possível clas-
siicar a experiência como boa ou 
ruim, mas entendê-la em sua for-
ça de transformação das práticas 
em saúde. “apostar no PTS, assim 
como em outras estratégias clí-
nicas e de gestão, tem sido uma 
experiência intensa de vivenciar 
e interferir nas diferentes reali-
dades da saúde em nosso país”, 
testemunha. 
PIA 
Sem foco terapêutico, o Plano 
de atendimento individual (Pia) 
é dispositivo de planejamento das 
ações direcionadas à superação de 
possíveis vulnerabilidades sociais, 
o que contempla diversas políticas 
públicas em áreas como habita-
ção, saúde e educação. assim, cabe 
ao proissional da assistência So-
cial trabalhar em rede com essas 
políticas e com o sistema de ga-
rantia de direito, como observa a 
psicóloga ana Paula Souza romeu, 
técnica da Proteção Social Especial 
da Secretaria de Desenvolvimento 
Social do Estado de São Paulo. 
Ela explica que o Pia é construí-
do em etapas no decorrer dos aten-
dimentos, e envolve identiicação e 
caracterização, diagnóstico, análi-
se técnica, plano de metas e acom-
panhamento e avaliação. Ele é ado-
tado nos trabalhos de atenção aos 
idosos, nos serviços de medidas 
socioeducativas em meio aberto, 
no Centro de referência Especiali-
zado para População em Situação 
Erika
Retângulo
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA FORENSE
nº 184 • Agosto | Setembro • 2015
Data celebrada em 27 de agosto homenageou a categoria que, nesta 
edição especial, mostra onde e como faz Psicologia no dia a dia
por uma sociedade mais 
democrática e igualitária
A Psicologia
2 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de são Paulo, CRP sP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | adriana eiko Matsumoto
secretário | guilherme luz Fenerich
Tesoureira | gabriela gramkow
Conselheiros
alacir Villa Valle Cruces, aristeu Bertelli da silva, 
Bruno simões gonçalves, Camila de Freitas Teodoro, 
Dario Henrique Teófilo Schezzi, Graça Maria 
de Carvalho Camara, gustavo de lima Bernardes 
sales, ilana Mountian, Janaína leslão garcia, 
Joari aparecido soares de Carvalho, Jonathas 
José salathiel da silva, José agnaldo gomes, livia 
gonsalves Toledo, luis Fernando de oliveira saraiva, 
luiz eduardo Valiengo Berni, Maria das graças 
Mazarin de araujo, Maria ermínia Ciliberti, Marília 
Capponi, Mirnamar Pinto da Fonseca Pagliuso, 
Moacyr Miniussi Bertolino neto, Regiane aparecida 
Piva, sandra elena spósito, sergio augusto garcia 
Junior, silvio Yasui.
Realização Linha Fina
Jornalista responsável Milton Bellintani (MT b 18.122)
Reportagens adriana Carvalho, denise Ramiro, 
Milton Bellintani
Direção de arte Cláudio Franchini
Fotos da capa Reprodução site CRP sP
Revisão linha Fina
Impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 89.300 exemplares
Sede CRP SP
Rua arruda alvim, 89, Jardim américa
Cep 05410-020 são Paulo sP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
atendimento | atendimento@crpsp.org.br
diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site 
www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada santista e Vale do Ribeira
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
grande aBC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
são José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e litoral norte | tel. (12) 3631-1315
í n d i c e
184
PROCESSO | ACOLHIMENTO
a psicóloga ana Maria e o estudante Wallace atuam em duas realidades. 
ela na atenção a pessoas com esclerose múltipla e ele, com usuários de crack. 4
PROCESSO | ACOMPANHAMENTO
irineu atua com prevenção de perda de memória de idosos. Marcelo 
promove a religação dos vínculos de pessoas em condições de abandono. 8
PROCESSO | AVALIAÇÃO
Armando introduziu a avaliação psicológica em um hospital para identificar 
níveis de estresse. lúcia analisa casos da justiça de crianças e adolescentes. 11
PROCESSO | EDUCATIVO
Marcos coordena grupos de pesquisa docente na universidade. a estudante ester 
completa sua formação em sintonia com a professora que supervisiona estágios. 14
CAPA | PSICOLOGIA TODO DIA, EM TODO LUGAR E SEUS PROCESSO DE TRABALHO
depoimentos em vídeo recebidos pelo CRP sP já somam mais de 300. Relatos estão 
organizados no site pelos processos da profissão e dão visibilidade às práticas psi. 16
PROCESSOS | FORMATIVO E FORMATIVO DE PSICÓLOGAS/OS
Mariana e ana Cristina são professoras. uma no curso de Psicologia e a outra no de 
serviço social. Pablo fala de suas descobertas no estágio com Reintegração social. 20 
PROCESSOS | GRUPAIS
Marcella e ariadine contam sobre os benefícios da terapia grupal
para promover o bem estar e a qualidade de vida das pessoas. 22
PROCESSO | ORGANIZATIVO
a experiência de dreyf e eduardo passa por palcos distintos, cujo ponto em 
comum é colocar a Psicologia na proteção de quem tem direitos negados. 25
 
PROCESSOS | ORIENTAÇÃO E ACONSELHAMENTO
Maria Celina atua com alunos em projeto de saúde coletiva de um Centro 
universitário. Ricardo com os 250 usuários de um CaPs e seus familiares. 27 
PROCESSO | TERAPÊUTICO
Cássia, Carlos e Wellington atendem estudantess em espaços distintos: consultório, 
clínica particular e serviço público. Veja o que há de comum em seu trabalho. 30 
Capa (a partir da esquerda): dreyf gonçalves, ana Cristina nassif soares, Ma-
ria Celina Trevizan Costa, ariadine Beneton de Campos, Cássia Bighetti, Mariana 
garbin, Wellington Passos, ester aline da silva, ana Maria Canzonieri, irineu Fer-
reira de souza, Marcelo Marques de oliveira, lucia Maria Rodrigues de almeida e 
Marcella Milano. Contracapa (a partir da esquerda): Marcos Roberto Vieira garcia, 
Clélia Prestes, lívia Penteado, Carlos eduardo Mendes, ana Bock, eduardo neves, 
Priscila leite gonçalves, Carlos eduardo Cunha, Mathilde neder, Ricardo José her-
nandes, armando Ribeiro das neves neto, ana Rita de Paula, lilian suzuki.
 psi • agosto / setembro 2015 25
p r o c e s s o : m o b i l i z a ç ã o 
o psicólogo paulistano Dreyf de assis gonçalves trocou a capital pelo extremo oeste do 
estado em 2009, quando mudou-se 
para a cidade de araçatuba, a 525 km 
de são Paulo, para trabalhar no servi-
ço de atenção à população de rua. este 
ano, Dreyf assumiu a coordenação do 
curso de Psicologia da Unip nesta ci-
dade do interior paulista. 
Quando se graduou, em 1997, conta 
que tinha sérias dúvidas se consegui-
ria sobreviver da profissão fazendo 
apenas atendimentos em consultó-
rio. “Percebi que conhecia pouco so-
bre as questões da profissão. Então, 
tomei duas decisões: iniciei o mestra-
do com vistas a atuar na academia e 
me aproximei do sistema Conselhos, 
onde o debate sobre os caminhos da 
Psicologia e o compromisso da profis-
sãocom o interesse público não soa-
vam estranhos ou ameaçadores e sim 
mobilizadores”, conta. “Faço parte de 
uma geração em que a ideia de com-
promisso foi posta em prática.” 
Nessa época, Dreyf diz lembrar de 
discussões que travou com colegas 
que entendiam que ele não estava na 
área por haver optado em atuar no 
serviço público de saúde no Centro 
de referência e treinamento em Dst 
AIDS de São Paulo, em vez de atender 
em consultório próprio. “sempre res-
pondi que estava na Psicologia, sim, 
por considerar que a dimensão social 
do trabalho do psicólogo é insepa-
rável da atuação profissional. Isso é 
mais evidente na saúde pública, mas 
também se liga ao trabalho em espa-
ços privados – seja na universidade, 
em clínicas particulares ou no consul-
tório, o compromisso com as pessoas 
atendidas deve ser o mesmo.” 
Para ele, o reconhecimento de que a 
Psicologia se insere em vários proces-
A experiência de Dreyf gonçalves e eduardo Campos de almeida Neves passa por 
cenários distintos, cujo ponto em comum é colocar a Psicologia na proteção de quem tem 
seus direitos fundamentais desrespeitados e sofre risco de danos psicológicos
Dreyf de assis gonçalves: atendimento a pessoas em situação de rua, em araçatuba
tratando gente como gente
Veja o vídeo de Dreyf gonçalves usando 
o leitor de Qr Code do celular/tablet 
ou clicando com o mouse na foto. 
Na rua ou nas Varas da Justiça,
sos de atuação é também uma neces-
sidade de sobrevivência institucional. 
“Reduzir a profissão a um único cam-
po, a uma teoria, significa não enten-
der a sua inserção social.”
Sujeitos de direitos
ainda em são Paulo, Dreyf atuou 
com a Rede Rua na mobilização de 
pessoas em situação de rua. a oNg, 
localizada no bairro do Brás, promove 
a inclusão social por meio da comuni-
cação e da “busca de cidadania”, pos-
sibilitando a organização dessa popu-
lação na cidade. 
a experiência adquirida no tra-
balho social na capital deu a Dreyf 
a segurança necessária para levar 
atenção psicológica às pessoas em si-
tuação de rua de araçatuba. ele conta 
que não são diferentes das que vivem 
em são Paulo, assim como lá não fal-
ta quem considere exagerado cuidar 
de quem está na rua. “a Psicologia se 
fortaleceu institucionalmente para 
fazer o enfrentamento com que não 
compreende que mesmo aqueles que 
historicamente sempre foram des-
providos da cidadania são sujeitos de 
direitos e que ouvir essa população, 
conhecer suas necessidades e enten-
der como legítimas as suas deman-
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA FORENSE
26 psi • CoNselho regioNal De PsiCologia De são PaUlo
p r o c e s s o : m o b i l i z a ç ã o 
das não é concessão e sim a realização 
de nosso papel institucional.”
Atuação no Judiciário
o psicólogo eduardo Campos de 
almeida Neves atua desde 2010 no 
tribunal de Justiça de são Paulo, nas 
Vara de Família e Vara da Infância e 
Juventude na cidade de Presidente 
Prudente, depois de vinte anos clini-
cando. ele explica que as/os psicólo-
gas/os judiciárias/os não atuam na 
área criminal – a não ser em casos 
referentes à lei maria da Penha, para 
proteção das vítimas. Na Vara de Fa-
mília ele realiza avaliações psicológi-
cas, sobretudo em processos de guar-
da e regulamentação de visitas. 
“Na prática da Psicologia neste con-
texto de trabalho buscamos avaliar 
casos de crianças e adolescentes com 
denúncias de violações de direitos a 
partir de situações de negligência e/
ou violência física, sexual ou psicoló-
gica, que são encaminhados ao Juízo 
pelo Conselho tutelar, ministério Pú-
blico ou por órgãos da rede de atendi-
mento (saúde, educação, segurança 
pública etc)”, explica Eduardo. “Na 
Vara da Infância é aberto um proces-
so no qual o juiz determina que seja 
realizado estudo psicológico do caso 
em questão, com a finalidade de ela-
borar um relatório/laudo – não com 
o objetivo de dar a sentença, mas sim 
fornecer subsídios para a decisão ju-
dicial pelo entendimento da situação 
do ponto de vista psicológico e suges-
tões de encaminhamentos.”
Em seu trabalho, ele mobiliza todos 
os nós dessa rede de proteção. 
em um caso em que atuou, segun-
do conta, uma criança foi colocada 
em acolhimento provisório em uma 
instituição pelo Juiz da Infância como 
medida de proteção por estar sen-
do negligenciada pela mãe, que era 
usuária de drogas ilícitas. “Com a de-
terminação pela perícia psicológica, 
realizamos a interação lúdica com 
a criança, a visita à instituição e reu-
niões com os profissionais da entida-
de de acolhimento e da rede. em ou-
tro momento, entrevistamos a mãe 
buscando avaliar suas condições de 
exercer sua maternagem (cuidados 
desse filho). Com a avaliação, indica-
mos a guarda provisória à avó mater-
na. Contudo, o Código Civil diz que ‘o 
juiz não está adstrito ao laudo peri-
cial’, o que significa que o relatório de 
estudo psicológico é uma referência, 
um dos recursos que o magistrado 
utiliza para formar seu convenci-
mento acerca de um caso. assim, o 
juiz é soberano para acatar ou não as 
sugestões. Felizmente, tenho a felici-
dade de trabalhar com um juiz que 
sempre se mostrou acessível, aberto 
ao diálogo e, neste caso, decidiu com 
base em minhas indicações”, diz ele.
em 2013, eduardo Neves foi elei-
to para compor a atual diretoria da 
associação dos assistentes sociais e 
Psicólogos do tribunal de Justiça de 
são Paulo (aasPtJ-sP). Na entidade, 
seu foco é a defesa dos interesses 
desses profissionais do Judiciário. “O 
trabalho das equipes técnicas do tJ-
sP compreende alto grau de estresse. 
o volume de processos encaminha-
dos para os psicólogos e assistentes 
sociais é elevado e, frequentemen-
te, com prazos exíguos.” Segundo 
relata, as demandas das crianças e 
adolescentes frequentemente acar-
retam nos profissionais sentimentos 
de impotência e sofrimento ético-po-
litico, por atuarem em questões de 
alta complexidade.
“outra questão relevante é a defesa 
de nossa autonomia pela não parti-
cipação de psicólogos e assistentes 
sociais no chamado Depoimento es-
pecial de crianças vítimas de violên-
cia e exploração sexual. Neste proce-
dimento, o psicólogo faz inquirição de 
vítimas cujo depoimento é gravado 
e acompanhado por circuito fechado 
de TV por juiz, promotor, defensor e 
réu, que assistem em outra sala. esta 
metodologia é controvertida do pon-
to de vista científico, além de reviti-
mizante, havendo diversos pareceres 
técnicos contrários de renomados 
pesquisadores da temática por ser 
voltado para a produção de prova em 
Vara Criminal tão somente para a res-
ponsabilização do agressor e não para 
a proteção da criança vítima, a quem 
é imposto o ônus da prova.”
eduardo lembra, ainda, a conquista 
das 30 horas das/dos psicólogas/os do 
TJ-SP. “Foi uma grande vitória da re-
sistência, da defesa de nossos direitos 
profissionais por trabalho protegido 
e digno, assim como da luta contra a 
terceirização”, afirma. eduardo Neves atua no tribunal de Justiça, em Presidente Prudente
Veja o vídeo de eduardo Campos de 
almeida Neves via leitor de Qr Code 
ou clicando com o mouse na foto. 
nº 179 • Junho | Julho | Agosto • 2014
2 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de são Paulo, CRP sP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | Maria ermínia Ciliberti
secretário | luis Fernando de oliveira saraiva
Tesoureira | adriana eiko Matsumoto
Conselheiros
adriana eiko Matsumoto, alacir Villa Valle Cruces, 
ana Paula Porto noronha, aristeu Bertelli da silva, 
Bruno simões gonçalves, Camila de Freitas Teodoro, 
Dario Henrique Teófilo Schezzi, Elisa Zaneratto Rosa, 
gabriela gramkow, graça Maria de Carvalho Camara, 
Guilherme Luz Fenerich, Gustavo de Lima Bernardes 
sales, ilana Mountian, Janaína leslão garcia, Joari 
aparecido soares de Carvalho, Jonathas José salathiel 
da silva, José agnaldo gomes, livia gonsalves Toledo, 
Luis Fernando de Oliveira Saraiva, Luiz Eduardo 
Valiengo Berni, Maria das Graças Mazarin de Araujo, 
Maria ermíniaCiliberti, Marília Capponi, Mirnamar 
Pinto da Fonseca Pagliuso, Moacyr Miniussi Bertolino 
neto, Regiane aparecida Piva, sandra elena spósito, 
sergio augusto garcia Junior e silvio Yasui.
Realização Linha Fina
Jornalista responsável Milton Bellintani (MT b 18.122)
Reportagens denise Ramiro, silvia M. Bellintani, 
Telma Costa
Arte Cláudio Franchini
Foto da capa CRP sP
Revisão linha Fina
Impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 86.000 exemplares
Sede CRP SP
Rua arruda alvim, 89, Jardim américa
Cep 05410-020 são Paulo sP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
atendimento | atendimento@crpsp.org.br
diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
site | www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada santista e Vale do Ribeira | 
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
grande aBC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
são José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e litoral norte | tel. (12) 3631-1315
í n d i c e
179
UM DIA NA VIDA | CONHEÇA MAIS SOBRE A PSICOLOGIA NO JUDICIÁRIO 
Também denominados peritos, cabe às/os psicólogas/os subsidiarem o juiz 
com avaliações e análises que indiquem ações a serem tomadas em decisões 
processuais nas Varas de infância e Juventude e Vara de Família. 4
PERSPECTIVA DO USUÁRIO | O RENASCIMENTO DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA
Saiba como o apoio de psicólogas/os e da comunidade ajudou São Luiz 
do Paraitinga a renascer em tempo recorde após a forte inundação de 2010. 7
PSICOLOGIA E COTIDIANO | “ACHO QUE SOU GAY”
Psicólogas/os indicam caminhos para tratar o tema orientação sexual 
com pessoas que questionam a sua sexualidade. 10
SUBSEDES | OFICINEIROS DO VII PRÊMIO ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO MOSTRAM SUA ARTE
Mais de 500 usuários de serviços de saúde mental do estado de são Paulo 
participaram de oficinas com trocas de vivências e experiências artísticas. 13
MURAL | CONHEÇA O PORTAL DO CRP SP NO YOUTUBE
nova Cartilha Polular do CRP sP sobre o tema ‘Medicalização’ 
está disponível para ser baixada no portal do Conselho. 15
CAPA | NO DIA DA/O PSICÓLOGA/O, UM BALANÇO DAS CONQUISTAS DA PROFISSÃO
Profissão sofreu influência das transformações da sociedade e ganhou relevância 
em temáticas como a universalização dos direitos sociais e direitos humanos. 16 
MUNDO DO TRABALHO | #30H JÁ PSICOLOGIA
Projeto que reduz jornada para profissionais da Psicologia é aprovado em 
Comissão da Câmara Federal. Leia as 30 razões por que o CRP SP apoia. 21
MUNDO MELHOR | CONQUISTA DA TERRA PRÓPRIA E PROTAGONISMO
assentamento dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha, muda a vida 
de 63 famílias após mais de 10 anos de luta pela terra própria. 22 
ORIENTAÇÃO | AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA REQUER TÉCNICA E COMPROMISSO
Psicologia organizacional suscita questões técnicas em relação 
aos processos de avaliação psicológica. 26 
QUESTÕES ÉTICAS | HONORÁRIOS
a maneira como se estabelece o pagamento de honorários na área clínica 
pode influenciar no trabalho e até na imagem profissional. 28 
PROCESSOS ÉTICOS | PENALIDADES
Conselho Regional apresenta reflexão a partir de processo tramitado 
e publica cassação de registro para o exercício profissional de psicólogo. 30
 
ESTANTE | TÍTULOS 
dicas de livros e vídeos sobre temas de interesse da categoria. 31 
 psi • Junho / Julho / agosTo 2014 3
n o dia 27 de agosto comemoramos 52 anos da re-gulamentação da profissão de psicóloga/o no Brasil. É momento, efetivamente, de comemora-
ção para a Psicologia! aquela Psicologia construída pela/o 
profissional, todos os dias e nos mais diversos lugares, em 
resposta às demandas de uma sociedade cujo processo de 
transformação deixa marcas em nossa profissão.
esta edição, ao mesmo tempo em que debate esse 
processo, o reflete. Encontramos aqui a Psicologia inseri-
da nos mais variados contextos, comprometida com os 
princípios éticos e técnicos da profissão, pautada pelas 
demandas complexas de nossa sociedade e avançando 
como categoria organizada de trabalhadoras/es. As expe-
riências e recortes aqui presentes expressam um produto 
importante do projeto 
do compromisso social 
que, acompanhando o 
processo de democrati-
zação do país, foi pauta-
do pela Psicologia. 
Hoje estamos em mui-
tos lugares, ampliamos 
recursos de intervenção, 
diversificamos campos 
de trabalho e respon-
demos a necessidades 
decorrentes dos direitos 
conquistados pela socie-
dade brasileira.
Queríamos trazer, nes­
se dia 27 de agosto, todas 
as experiências reali-
zadas pelas/os psicólogas/os do estado de São Paulo 
para esta edição. Queríamos conhecer todas as suas 
práticas. Queríamos identificar o modo como, em cada 
território, de diferentes maneiras, estamos reinven-
tando a Psicologia como ciência e profissão e fazendo 
a sua história. É para isso que lançamos o projeto “Psi-
cologia, todo dia, em todo lugar. Para uma sociedade 
mais democrática e igualitária”. 
O CRP SP quer chegar mais perto do cotidiano profissio-
nal das psicólogas/os e quer dar visibilidade à Psicologia 
que construímos em nosso estado. Para isso, mantere-
mos no ar um grande portal de apresentação do trabalho 
da categoria no estado de são Paulo, que poderá ser locali-
zado em função da região em que se desenvolve, da área 
a que se refere ou do processo de trabalho realizado para 
a intervenção profissional. Precisamos que as/os psicólo-
gas/os do estado relatem suas práticas por meio de víde-
os e os enviem para o Conselho. a partir desses relatos, o 
CRP SP vai chegar até vocês. Vamos registrar o trabalho 
de algumas/uns profissionais e promover debates em 
sua região e acerca dos desafios e conquistas dessa prá-
tica profissional. Vamos, ainda, identificar, por meio da 
participação de estudantes de nossa área, o modo como o 
campo da formação tem contribuído, com suas experiên-
cias diversas, para a Psicologia que precisamos construir. 
E vamos, finalmente, co-
nhecer a perspectiva dos 
usuários dos nossos ser-
viços e acerca do impacto 
da atuação da Psicologia 
em suas trajetórias. 
Teremos assim uma 
grande mostra de prá-
ticas profissionais que, 
respeitando as diretri-
zes éticas da profissão, 
se realizam a serviço 
de uma sociedade mais 
democrática e iguali-
tária. uma mostra que, 
publicada ao longo de 
um ano, poderá culmi-
nar, no dia 27 de agosto 
de 2015, em um grande painel da Psicologia que temos 
feito no estado. O nosso desejo é conhecer e divulgar o 
trabalho de cada uma/um das/os cerca de 80 mil psicó-
logas/os do nosso estado. 
o recurso que apresentamos é um convite para cami-
nharmos juntos e próximos na construção da Psicologia 
que queremos para o futuro de nosso país. 
Participem!
XIV Plenário do Conselho Regional 
de Psicologia de São Paulo
e d i t o r i a l
Parabéns, psicólogas/os! 
Pelo compromisso com o avanço 
da Psicologia, pelo compromisso 
com a transformação da sociedade
Erika
Retângulo
4 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
u m d i a n a v i d a
Também denominados peritos, cabe às/os psicólogas/os subsidiarem o 
juiz com avaliações e análises que indiquem ações a serem tomadas em 
decisões processuais nas Varas de infância e Juventude e Vara de Família
O papel da Psicologia no 
Tribunal de Justiça
a relação da Psicologia com a Justiça, no contexto dos Tribunais de Justiça, se es-
tabelece a partir das demandas do 
Poder Judiciário. a necessidade de 
conhecer os requisitos subjetivos 
envolvidos em litígios tornou ne-
cessária a presença de psicólogas/os 
nessas instituições para subsidiar as 
decisões de causas em curso.
A psicóloga judiciária Luciana Mat-
tos é uma delas. doutoranda em 
serviço social, ela atua no Tribunal 
de Justiça de Francisco Morato – na 
Região Metropolitana de são Paulo 
– desde2011. “Meu papel é fazer um 
estudo psicológico dos casos a partir 
de conversas com as partes envolvi-
das”, explica. “Essa análise é necessá-
ria para o juiz avaliar, por exemplo, 
que decisão deve tomar em proces-
sos envolvendo pais ou avós que rei-
vindicam a guarda de crianças.” 
a atuação na Vara de Família deu 
a Luciana experiência para lidar com 
casos desse tipo. Toda criança tem di-
reito de ser ouvida nessa decisão e di-
zer com qual familiar quer ficar. Mas 
é importante que seja informada 
que essa decisão é do juiz, não dela, 
para que não arque com o peso da 
responsabilidade da escolha de viver 
com a mãe ou pai – ou avós. 
luciana conta que o pedido da 
guarda por avós é frequente. “Isso 
acontece por vários motivos, mas 
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA FORENSE
 psi • Junho/ Julho / agosTo 2014 5
Tribunal de Justiça
Fo
to
: s
hu
tt
er
st
oc
k
o mais comum é a gravidez na ado-
lescência”, diz ela. “É comum a mãe 
adolescente deixar a criança sob os 
cuidados dos avós, especialmente 
se for solteira. em muitos casos, com 
a avó paterna.” o que começa de 
modo consensual pode virar litígio 
quando a mãe muda de ideia, o que 
acontece depois de ela entrar na ida-
de adulta. “Depois de amadurecer, 
ela quer reaver a guarda concedida à 
avó – que já pode estar viúva, se ape-
gou à criança como se fosse a mãe e 
não quer abrir mão de estar com ela”, 
diz Luciana. Segundo ela, situações 
como essa criam um conflito para a 
própria criança, que se sente dividida 
entre o impulso de viver com a mãe, 
às vezes irmãos e o pai ou padrasto, 
e ficar com a avó que a criou. “Ela 
quer viver numa família como as 
outras, mas ao mesmo tempo cuidar 
da avó para que não fique sozinha”, 
explica. O desejo da criança é levado 
em conta e a família, encaminha-
da para terapia no serviço público. 
O juiz costuma dar um prazo de 
seis meses antes de reunir o grupo 
novamente e tentar a conciliação. 
Quando isso não é possível, decide. 
“Normalmente, seguindo a reco-
mendação do laudo apresentado 
pelo perito”, conta luciana. 
Para ela, ter afinidade com o assun-
to é um requisito que deve nortear a 
escolha profissional pela área. “No 
Judiciário há sempre conflito. Estou 
na profissão há 17 anos e posso dizer 
com segurança: quem busca você 
carrega o status de sofrimento. a/o 
profissional tem de aprender a lidar 
com isso diariamente, sem levar o 
sentimento alheio para casa”, afir-
ma. ela conta que optou pela área, 
depois de quase 15 anos atuando em 
Psicologia, após intenso contato com 
a Justiça em trabalhos anteriores. 
entre eles serviços de acolhimento 
– também conhecidos como abrigos 
– e com a Fundação Casa, autarquia 
ligada à secretaria de estado da Jus-
tiça de são Paulo que tem como fun-
ção aplicar medidas socioeducativas 
em adolescentes e jovens de 12 anos 
a 21 anos incompletos. 
esta relação, contudo, é composta 
de elementos contraditórios. É que 
nem sempre a demanda do Judiciá-
rio pode ser respondida pela ciência 
psicológica a partir dos pressupos-
tos éticos da profissão. Nesse sen-
tido, ela acredita, discutir a psicolo-
gia na interface com a Justiça, mais 
especificamente a atuação das/os 
psicólogas/os em Tribunais de Jus-
tiça exige refletir sobre os avanços 
democráticos e os princípios éticos 
da profissão na realidade brasileira.
Histórico e contexto
no Brasil, a área teve atuação in-
formal, portanto voluntária, mes-
mo após o reconhecimento da pro-
fissão, em 1962. No estado de São 
Paulo, a inclusão profissional da/o 
psicóloga/o jurídica/o nos quadros 
do Tribunal de Justiça foi feita, ain-
da informalmente, por meio de 
trabalhos voluntários com famílias 
em situação de vulnerabilidade 
social e econômica, nos anos 1970, 
nos então denominados “Juiza-
dos de Menores”. apenas em 1985 
houve o primeiro concurso público 
para o cargo, que também é de-
nominado perito de juiz. A/o pro-
fissional participa de audiências, 
perícias e aplica medidas de prote-
ção ou socioeducativas nas Varas 
de infância e Juventude e Vara de 
Família, e elabora laudos direciona-
dos ao juiz, que determina o estudo 
psicossocial de crianças, adolescen-
tes e seus familiares. 
após o processo de redemocra-
tização do país e da construção e 
u m d i a n a v i d a
Psicóloga/o 
e assistente 
social: trabalho 
conjunto nas 
perícias
O juiz da Vara de Infância e Ju-
ventude ou da Vara de Família, 
Conselho Tutelar ou Ministério 
Público determinam judicial-
mente que seja feita uma análise 
psicossocial de envolvidos em 
um processo de guarda ou regu-
lação de visitas. 
o estudo psicossocial é feito 
conjuntamente pela/o psi­
cóloga/o judiciária/o e pelo as-
sistente social.
a psicóloga/o perita/o avalia as 
condições psicológicas da criança, 
da família e se há problemas em 
relação a vínculos, já ponderan-
do sobre alternativas no próprio 
estudo, dentro das possibilidades 
dos pais e da rede de garantias dos 
direitos da criança e adolescente.
Perita/o e assistente técnico
O perito é um profissional concursado do Tribunal de Justiça, também cha-
mado de Psicóloga/o Judiciária/o, a quem cabe realizar avaliações psicoló-
gicas de envolvidos em processo judicial – mediante determinação de um 
juiz. Sua função é emitir laudo com sugestões que possam auxiliar o juiz na 
tomada de decisão.
o assistente técnico é uma/um psicóloga/o contra tada/o pela parte em lití-
gio, para acompanhar o trabalho do perito. Tem como função emitir um lau-
do que avalie a condição da criança e do contexto familiar, questionando ou 
reforçando aspectos presentes na perícia de modo a garantir possibilidades 
de um outro ponto de vista sobre o caso.
Conheça a publicação Psicólogo 
Judiciário nas Questões de Famí-
lia - A Ética própria da Psicologia: 
mudanças na relação Assistente 
Técnico e Perito, da série Cader-
nos Temáticos editada pelo CRP 
SP, que traz artigos sobre a atu-
ação da profissão nesta área e 
está disponível para leitura on-
-line no link http://www.crpsp.
org.br/portal/comunicacao/
cadernos_tematicos/10/frames/
fr_indice.aspx, e para download, 
em formato PdF, no endereço 
http://www.crpsp.org.br/portal/
comunicacao/cadernos_tema-
ticos/10/frames/Psic_Judic_
Quest_Fam.pdf –, para ser lido 
em computador de mesa, note-
book, tablet ou smartphone.
implantação de políticas públicas, 
visando a garantia de direitos, ocor-
re também uma reorganização das 
legislações de modo a atender as 
necessidades atuais do Brasil. É nes-
se contexto que a aprovação do eCa 
– estatuto da Criança e do adoles-
cente, em 1990, suscita a maior con-
tribuição da psicologia no sistema 
de garantia de direitos da Criança 
e do adolescente. dessa forma tam-
bém foi preciso aumentar o número 
de psicólogas/os judiciárias/os nos 
Tribunais de Justiça, por causa da 
expansão da demanda de ações en-
volvendo a psicologia. 
Campo de trabalho
apesar da importância do papel 
desempenhado pelo perito, luciana 
avalia que na estrutura do Judiciário 
o salário da psicóloga/o ainda é bai-
xo, comparável ao de profissional de 
nível médio – entre outros motivos 
porque não recebe adicional de esco-
laride. ela destaca que uma conquis-
ta importante para as/os profissio-
nais que atuam na área foi a jornada 
semanal de 30 horas. 
atualmente são cerca de 600 pro-
fissionais no estado, segundo a Asso-
ciação dos assistentes sociais e Psi-
cólogos do Tribunal de Justiça de são 
Paulo (aasPTJ-sP). na capital, a/o 
psicóloga/o atua separadamente: ou 
nas Varas da infância e Juventude 
ou na Vara de Família. no interior, 
atua simultaneamente em ambas – 
em parceria com assistentes sociais.
o concurso público é o único cami-
nho para atuação nos Tribunais de 
Justiça como perito.
Desejo da criança deve ser ouvido em situações de disputa judicial 
que envolvem sua guarda
Fo
to
: s
hu
tt
er
st
oc
k
6 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
nº 184 • Agosto | Setembro • 2015
Data celebrada em 27 de agosto homenageou a categoria que, nesta 
edição especial, mostra ondee como faz Psicologia no dia a dia
por uma sociedade mais 
democrática e igualitária
A Psicologia
2 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de são Paulo, CRP sP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | adriana eiko Matsumoto
secretário | guilherme luz Fenerich
Tesoureira | gabriela gramkow
Conselheiros
alacir Villa Valle Cruces, aristeu Bertelli da silva, 
Bruno simões gonçalves, Camila de Freitas Teodoro, 
Dario Henrique Teófilo Schezzi, Graça Maria 
de Carvalho Camara, gustavo de lima Bernardes 
sales, ilana Mountian, Janaína leslão garcia, 
Joari aparecido soares de Carvalho, Jonathas 
José salathiel da silva, José agnaldo gomes, livia 
gonsalves Toledo, luis Fernando de oliveira saraiva, 
luiz eduardo Valiengo Berni, Maria das graças 
Mazarin de araujo, Maria ermínia Ciliberti, Marília 
Capponi, Mirnamar Pinto da Fonseca Pagliuso, 
Moacyr Miniussi Bertolino neto, Regiane aparecida 
Piva, sandra elena spósito, sergio augusto garcia 
Junior, silvio Yasui.
Realização Linha Fina
Jornalista responsável Milton Bellintani (MT b 18.122)
Reportagens adriana Carvalho, denise Ramiro, 
Milton Bellintani
Direção de arte Cláudio Franchini
Fotos da capa Reprodução site CRP sP
Revisão linha Fina
Impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 89.300 exemplares
Sede CRP SP
Rua arruda alvim, 89, Jardim américa
Cep 05410-020 são Paulo sP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
atendimento | atendimento@crpsp.org.br
diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site 
www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada santista e Vale do Ribeira
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
grande aBC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
são José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e litoral norte | tel. (12) 3631-1315
í n d i c e
184
PROCESSO | ACOLHIMENTO
a psicóloga ana Maria e o estudante Wallace atuam em duas realidades. 
ela na atenção a pessoas com esclerose múltipla e ele, com usuários de crack. 4
PROCESSO | ACOMPANHAMENTO
irineu atua com prevenção de perda de memória de idosos. Marcelo 
promove a religação dos vínculos de pessoas em condições de abandono. 8
PROCESSO | AVALIAÇÃO
Armando introduziu a avaliação psicológica em um hospital para identificar 
níveis de estresse. lúcia analisa casos da justiça de crianças e adolescentes. 11
PROCESSO | EDUCATIVO
Marcos coordena grupos de pesquisa docente na universidade. a estudante ester 
completa sua formação em sintonia com a professora que supervisiona estágios. 14
CAPA | PSICOLOGIA TODO DIA, EM TODO LUGAR E SEUS PROCESSO DE TRABALHO
depoimentos em vídeo recebidos pelo CRP sP já somam mais de 300. Relatos estão 
organizados no site pelos processos da profissão e dão visibilidade às práticas psi. 16
PROCESSOS | FORMATIVO E FORMATIVO DE PSICÓLOGAS/OS
Mariana e ana Cristina são professoras. uma no curso de Psicologia e a outra no de 
serviço social. Pablo fala de suas descobertas no estágio com Reintegração social. 20 
PROCESSOS | GRUPAIS
Marcella e ariadine contam sobre os benefícios da terapia grupal
para promover o bem estar e a qualidade de vida das pessoas. 22
PROCESSO | ORGANIZATIVO
a experiência de dreyf e eduardo passa por palcos distintos, cujo ponto em 
comum é colocar a Psicologia na proteção de quem tem direitos negados. 25
 
PROCESSOS | ORIENTAÇÃO E ACONSELHAMENTO
Maria Celina atua com alunos em projeto de saúde coletiva de um Centro 
universitário. Ricardo com os 250 usuários de um CaPs e seus familiares. 27 
PROCESSO | TERAPÊUTICO
Cássia, Carlos e Wellington atendem estudantess em espaços distintos: consultório, 
clínica particular e serviço público. Veja o que há de comum em seu trabalho. 30 
Capa (a partir da esquerda): dreyf gonçalves, ana Cristina nassif soares, Ma-
ria Celina Trevizan Costa, ariadine Beneton de Campos, Cássia Bighetti, Mariana 
garbin, Wellington Passos, ester aline da silva, ana Maria Canzonieri, irineu Fer-
reira de souza, Marcelo Marques de oliveira, lucia Maria Rodrigues de almeida e 
Marcella Milano. Contracapa (a partir da esquerda): Marcos Roberto Vieira garcia, 
Clélia Prestes, lívia Penteado, Carlos eduardo Mendes, ana Bock, eduardo neves, 
Priscila leite gonçalves, Carlos eduardo Cunha, Mathilde neder, Ricardo José her-
nandes, armando Ribeiro das neves neto, ana Rita de Paula, lilian suzuki.
 psi • agosTo / seTeMBRo 2015 11
p r o c e s s o : a v a l i a ç ã o
Q uem procura um médico ou um hospital para fazer a avaliação geral de seu 
estado de saúde costuma sair com 
uma receita para check-up que 
inclui inúmeras análises físicas e 
laboratoriais. sentiu falta de algu-
ma coisa? sim, a investigação so-
bre a saúde mental quase sempre 
é deixada de lado. Pensando nisso, 
o psicólogo armando Ribeiro das 
neves neto propôs a criação de 
um Programa de avaliação de es-
tresse à Beneficência Portuguesa, 
em são Paulo, onde trabalha des-
de 2000. a princípio, a avaliação 
foi agregada ao serviço de che-
ck-up que era oferecido por um 
dos hospitais da instituição, o são 
José. desde 2012, porém, o hospital 
deixou de realizar check-ups. Mas 
o programa continuou, de forma 
independente. Considerado iné-
dito na época de sua criação, em 
2010, o objetivo não é apenas o 
de tratar pessoas diagnosticadas 
com estresse, mas principalmente 
identificar os primeiros sinais an-
tes de ele se manifestar. 
“o programa seguiu um modelo 
que eu trouxe dos Estados Unidos e 
que lá é disseminado em hospitais 
modelo, como o de harvard, onde 
fiz estágio. Ele utiliza conceitos do 
check-up médico e permite fazer 
o levantamento de perfis compor-
tamentais que podem sugerir a 
existência de um nível de estresse 
antes que os sintomas da doença 
apareçam”, explica Neto, que coor-
dena o programa. o psicólogo, que 
possui certificação em Diagnóstico 
e gestão do estresse pela harvard armando neto conta que a avaliação identifica níveis de estresse antes das doenças
na justiça
Na saúde e
Avaliação psicológica em um hospital para identificar pacientes com estresse, foi 
uma inovação introduzida por armando. lúcia utiliza o mesmo processo para analisar 
casos na Justiça envolvendo crianças e adolescentes. Conheça essas duas aplicações
Veja o vídeo de armando Ribeiro das 
neves neto usando o leitor de QR 
Code do celular/tablet ou clicando 
com o mouse na foto. 
Fo
to
: a
rq
ui
vo
 p
es
so
al
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA HOSPITALAR
12 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
p r o c e s s o : a v a l i a ç ã o
Medical school, cursou MBa em 
saúde ocupacional pela unifesp. 
a iniciativa de neto mostra 
que, embora a avaliação seja um 
processo assimilado na rotina de 
psicólogas/os das mais diversas 
áreas, há campos em que é pouco 
explorado. Para ele, a avaliação de 
estresse é essencial porque este é 
um fator desencadeador de outros 
problemas de saúde, como aciden-
te vascular cerebral, gastrite e sín-
drome do intestino irritável. 
“devido à falta da cultura de fazer 
avaliações psicológicas para che-
gar a um diagnóstico precoce do 
estresse, os pacientes só chegam ao 
psicólogo muito tempo depois de 
iniciar tratamentos medicamen-
tosos ou cirúrgicos indicados por 
conta desses outros problemas de 
saúde”, afirma o psicólogo, acres-
centando que é comum também 
que nos atendimentos convencio-
nais médicos prescreverem férias 
como terapia. Mas, de acordo com 
Neto, ficar um tempo longe do tra-
balho não é nem uma solução má-
gica e nem curativa. antes, ressalta, 
é necessário fazer uma avaliação 
detalhada. “o diferencial do nosso 
Programa de avaliação deestresse 
é que nós fazemos a mensuração 
da doença para possibilitar uma 
recomendação mais acertada do 
que a pessoa deve fazer para geren-
ciá-la, tornando-se mais resiliente. 
Afinal, algumas causas de estresse, 
como a correria da vida em grandes 
cidades, não podem ser eliminadas 
com férias”, afirma Neto.
Desafios de um 
modelo novo 
introduzir a avaliação psicológica 
para identificação do estresse em 
um grande hospital não foi tarefa 
simples, segundo conta. Quando 
propôs o programa, muitos colegas 
estranharam o fato de o hospital 
incluir um psicólogo em função de 
check-up. Para ele, o papel da/do 
psicóloga/o como avaliador é sub-
dimensionado. Mesmo na comu-
nidade médica resiste a imagem 
desse profissional ligada apenas ao 
atendimento em consultório. 
“essa visão estereotipada e re-
ducionista do papel da Psicolo-
gia precisa mudar”, afirma Neto. 
“Afinal, corpo e mente não são 
dissociados.” ele enfatiza que as 
condições de ambos devem ser 
avaliadas igualmente se o objeti-
vo é prevenir doenças. o psicólogo 
exemplifica dizendo que um usuá-
rio pode se sair bem na avaliação 
cardiológica ou apresentar nível 
adequado de colesterol, mas se 
seu nível de estresse, ansiedade e 
depressão não forem investigados 
ele poderá manifestar em breve 
sintomas físicos de adoecimento. 
“ao incluir a avaliação psicológica 
no programa de check-up, fizemos 
outra constatação interessante: 
muitos pacientes tiveram contato 
ali, pela primeira vez, com psicólo-
gos. alguns jamais haviam se con-
sultado antes, porque ainda há um 
pensamento dominante de que ir 
análise psicólógica para o Judiciário de Bauru, foi o trabalho de lucia Rodrigues de almeida por vinte anos
Veja o vídeo de lucia Maria 
Rodrigues de almeida usando o 
leitor de QR Code do celular/tablet 
ou clicando com o mouse na foto. 
Fo
to
: n
ic
ol
e 
Co
ra
di
/a
rq
ui
vo
 P
es
so
al
 psi • agosTo / seTeMBRo 2015 13
à/ao psicóloga/o é coisa de quem 
tem problema mental.” 
Para viabilizar o programa, 
neto também precisou adaptar o 
que aprendeu em sua experiên-
cia em harvard à realidade bra-
sileira. ele criou um protocolo de 
testes psicológicos de rápida apli-
cação, que oferece indicadores 
sobre o nível de estresse da pes-
soa. A dificuldade nesse ponto foi 
encontrar testes validados pelo 
Conselho Federal de Psicologia, 
já que não era possível simples-
mente traduzir ou reproduzir os 
testes aplicados no exterior. 
Avaliação no 
campo jurídico
Em Bauru, a experiência da psi-
cóloga lucia Maria Rodrigues de 
almeida mostra outro campo im-
portante em que o processo de ava-
liação é utilizado. atualmente ela 
trabalha prestando atendimento 
psicossocial clínico aos funcioná-
rios do Poder Judiciário da cidade e 
região, mas por mais de duas déca-
das se dedicou à análise psicológica 
em processos jurídicos envolvendo 
crianças e adolescentes. 
Depois de uma breve experiên-
cia com avaliação de internos para 
fins de progressão de pena na Pe-
nitenciária 2 de Bauru, em 1994, 
lucia foi chamada para assumir o 
cargo de psicóloga no Tribunal de 
Justiça – para o qual havia presta-
do concurso. “Foi o primeiro gran-
de concurso de psicólogos para o 
interior do estado e minha turma 
foi a que iniciou esse serviço de 
avaliação. Foi um grande desafio, 
pois até então não havia clareza 
entre os funcionários da área de 
direito sobre qual seria o papel de 
psicólogos em um serviço jurídico”, 
explica. A visão de seus colegas no 
Tribunal, assim como acontece em 
outras áreas da sociedade, era a 
do estereótipo de psicóloga/o que 
atende em consultório ouvindo pa-
cientes deitados em um divã.
aos poucos, lucia e sua equipe 
mostraram que seu papel não era o 
de atuação clínica e sim o de avaliar 
os casos que chegavam às varas de 
Família e varas da infância e Juven-
tude com a finalidade de proporcio-
nar aos juízes subsídios para suas 
tomadas de decisão. se a situação 
envolvia, por exemplo, um adoles-
cente que havia cometido um ato 
infracional, a avaliação psicológica 
era fundamental para mostrar ao 
juiz o histórico familiar e social e as 
circunstâncias em que isso havia 
acontecido. “na avaliação também 
apontávamos as falhas e omissões 
que poderiam ter acontecido por 
parte do estado no que diz respeito 
a atender os direitos desse adoles-
cente à saúde, à educação, ao lazer 
etc. Mostrávamos como tudo isso 
pode ter influenciado para que o 
adolescente cometesse o ato infra-
cional”, diz ela. 
Junto com o trabalho de avalia-
ção, segundo lucia, abria-se tam-
bém espaço para intervenções de 
orientação para famílias e escolas 
a respeito do encaminhamento 
que deveria ser dado às crianças e 
adolescentes, ou de direcioná-las 
para tratamento, quando necessá-
rio. em outras situações, segundo a 
psicóloga, o trabalho assumia o ca-
ráter de mediação. se o caso era so-
bre pais que disputavam a guarda 
de um filho, os profissionais faziam 
a avaliação para auxiliar o juiz em 
sua decisão, mas também orienta-
vam o casal que se separara a re-
fletir sobre a situação e, muitas ve-
zes, chegar a um acordo tendo em 
vista o interesse da criança. dessa 
forma procurava-se fazer com que 
as partes se tornassem mais flexí-
veis com o objetivo de alcançar o 
melhor acordo para o filho, tendo 
sempre em mente que o ideal é 
conseguir que a convivência com 
ambos os genitores seja harmonio-
sa. eventualmente podia ser indi-
cada uma terapia familiar, mesmo 
se tratando de um casal desfeito. 
Crianças e adolescentes em situa-
ção de acolhimento, que haviam 
sofrido violência de toda espécie 
ou sido encaminhadas para adoção 
também passavam pela avaliação 
da equipe da qual lucia fez parte. 
“Cada caso podia ser avaliado por 
muitos atores envolvidos no cui-
dado com aquela criança ou ado-
lescente. Fazíamos reuniões para 
discutir cada processo. além dos 
psicólogos judiciários, as institui-
ções de acolhimento e responsáveis 
pelos CAPS, por exemplo, relatavam 
como estava a situação para que se 
pudesse chegar a um consenso de 
encaminhamento”, diz lucia. 
depois de tantos anos trabalhan-
do com foco no processo de avalia-
ção no Poder Judiciário, lucia con-
sidera que a Psicologia tem muito 
a contribuir para um olhar mais 
humanizado da sociedade. a ava-
liação psicológica cumpre o papel 
de ajudar a contextualizar as his-
tórias, situando no mundo aquele 
indivíduo que, antes, representava 
apenas um número em um proces-
so. “Esse trabalho auxiliava os ope-
radores do direito a entender as 
condições de vida e as oportunida-
des que aquelas crianças e adoles-
centes haviam tido. Mostrava que 
elas eram de um mundo diferente 
daquele onde circulam os advo-
gados e juízes. a Psicologia, dessa 
forma, ajudava a humanizar as re-
lações envolvendo a Justiça.” 
Ao incluir a 
avaliação psicológica 
no programa de check-up, 
fizemos outra constatação 
interessante: muitos pacientes 
tiveram contato ali, pela primeira 
vez, com psicólogos”
armando Ribeiro das neves neto
“ 
Na avaliação 
apontávamos as 
falhas e omissões que poderiam 
ter acontecido por parte do Estado 
no que diz respeito a atender os 
direitos desse adolescente à saúde, 
à educação, ao lazer”
lucia Rodrigues de almeida
“ 
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA INSTITUCIONAL
J
O
R
N
A
L
número 173 • abr | mai • 2013
“Ou nós 
formatamos 
ou somos 
formatados. 
Essa é a 
essência da 
estratégia.”
CÉSAR ADES
50 ANOS DA
PSICOLOGIA
NO BRASIL
p
si
 j
o
rn
a
l 
d
e
 p
si
c
o
lo
g
ia
 |
 c
rp
 s
p
 
| 
ju
n
 •
 j
u
l 
| 
2
0
1
2
202
03
04
07 
08
11
12
15
17
18
19
20
23
26
30
31
expedienteíndice
EDITORIAL | 50 ANOS DA PSICOLOGIA NO BRASIL
Muito a comemorar, muito mais a fazer” é o lema que nos tem guiado ao longo de 
todas as atividades relacionadas aos 50 anos da Psicologia no Brasil.
PROFISSÃO | NA PERSPECTIVA DO BEM COMUM
O golpe militar de 1964 impediu que a Psicologia, como proissão, voltasse sua 
atenção às demandas sociaisda população brasileira. Desde 1988, contudo, há um 
importante processo de mudança visando cada vez mais o bem comum. 
PROFISSÃO | PSICOLOGIA CLÍNICA: NO CONSULTÓRIO E ALÉM DELE
Como a Psicologia Clínica tem se reformulado com o correr dos anos. 
FORMAÇÃO | NA ERA DA INCLUSÃO
As mudanças do país na última década permitiram à Psicologia ampliar o seu olhar em 
direção às populações mais vulneráveis e demarcar a sua contribuição social, mas ao 
mesmo tempo exigem novos padrões de qualiicação dos proissionais. 
FORMAÇÃO | NEUROPSICOLOGIA: O DESAFIO DE FAZER CIÊNCIA DE QUALIDADE 
COM COMPROMISSO SOCIAL
Em anos recentes as Neurociências têm se desenvolvido e atraído psicólogos(as) e 
outros (as) especialistas, criando novas possibilidades de atuação. 
FORMAÇÃO | UM ENCONTRO DE GERAÇÕES
As psicólogas Odette de Godoy Pinheiro, 79 e Juliana Thomaz Batista, 27, falam de 
suas experiências e visões sobre a formação em Psicologia. 
INSTITUCIONAL | CRP SP: MAIS PRESENTE E PLURAL
Novo modelo de gestão do CRP SP integra ações por meio da abordagem intersetorial e 
visa reforçar diálogo com os (as) proissionais de Psicologia, os poderes e a sociedade. 
INSTITUCIONAL | UM CRP DE TODOS(AS) PSICÓLOGOS(AS) 
A importância do processo de regionalização por meio das subsedes do CRP SP.
INSTITUCIONAL | PROCEDIMENTOS ÉTICOS: 50 ANOS DE CUIDADOS
Como foram constituídos os Códigos de Ética dos Psicólogos e como eles evoluíram 
ao longo do tempo. 
INSTITUCIONAL | UM CÓDIGO ATUAL E AVANÇADO
O psicólogo Odair Furtado analisa os avanços alcançados com o atual Código de Ética, 
promulgado em 2005. 
COMPROMISSO COM A SOCIEDADE | NA DIRETRIZ DOS DIREITOS HUMANOS
Nos últimos anos a Psicologia consolidou a sua posição em defesa dos setores mais 
vulneráveis da população, colocando-se na linha de frente do debate para a construção 
de uma sociedade que entenda a diversidade como um valor a ser respeitado e 
promovido. 
COMPROMISSO COM A SOCIEDADE | ESPAÇO PARA EXISTIR
Participação como sujeito e convívio social são determinantes para o tratamento de 
pessoas com transtornos mentais. 
FUTURO | QUE PSICOLOGIA TEREMOS?
Por iniciativa do professor César Ades (1943-2012), o workshop Perspectivas 
Estratégicas para a Psicologia reuniu proissionais das mais diversas orientações para 
discutir o futuro da Psicologia. 
PENALIDADE ÉTICA
PROCESSOS ÉTICOS
Psi Jornal de Psicologia CRP SP é uma publicação 
do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, 
CRP SP, 6ª Região
Diretoria
Presidente | Maria de Fátima Nassif
Vice-presidente | Fernanda Bastos Lavarello
Secretária | Ana Ferri de Barros
Tesoureiro | Leandro Gabarra
Conselheiros efetivos
Ana Ferri de Barros, Carla Biancha Angelucci, Carolina 
Helena Almeida de Moraes Sombini, Fernanda Bastos 
Lavarello, Gabriela Gramkow, Graça Maria de Carvalho 
Camara, Janaína Leslão Garcia, Joari Aparecido 
Soares de Carvalho, Leandro Gabarra, Luis Fernando 
de Oliveira Saraiva, Maria de Fátima Nassif, Maria 
Orlene Daré, Mariângela Aoki, Patrícia Unger, Raphael 
Bataglia, Teresa Cristina Lara de Moraes
Conselheiros suplentes
Alacir Villa Valle Cruces, Cássio Rogério Dias Lemos 
Figueiredo, José Ricardo Portela, Leonardo Lopes 
da Silva, Lilihan Martins da Silva, Luiz Eduardo 
Valiengo Berni, Luiz Tadeu Pessutto, Marília Capponi, 
Marly Fernandes dos Santos, Rita de Cássia Oliveira 
Assunção, Roberta Freitas Lemos, Rosana Cathya 
Ragazzoni Mangini
Comissão de Comunicação
Coordenadora Maria de Fátima Nassif
Gerente-geral Diógenes Pepe
Coordenadora de Comunicação Christiane Gomes
Realização Ziroldo Carolino Comunicação
(11) 2579-5079 | (11) 2579-5089
Jornalista Responsável Carlos Carolino (MTb 13.559)
arte Ligia Minami
Revisão Célia Genovez
impressão: Esdeva Empresa Gráica 
Tiragem 79.000 exemplares
Periodicidade bimestral
Sede CRP SP
Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América
cep 05410-020 São Paulo SP
tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
Atendimento | atendimento@crpsp.org.br 
Diretoria | direcao@crpsp.org.br
Informações | info@crpsp.org.br 
Centro de Orientação | orientacao@crpsp.org.br
Administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
Site | http://www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
Assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada Santista e Vale do Ribeira 
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516 
Grande ABC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
São José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
Sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e Litoral Norte | tel. (12) 3631-1315
NEUROPSICOLOGIA: 
O DESAFIO DE FAZER 
CIÊNCIA DE QUALIDADE COM 
COMPROMISSO SOCIAL 
Em anos recentes as Neurociências têm se desenvolvido de forma considerável, 
atraindo especialistas de diversas áreas. Trata-se de uma área que oferece 
oportunidades também para os(as) psicólogos(as). “As Neurociências têm 
possibilitado a compreensão do funcionamento do cérebro e da cognição de 
uma forma jamais vista”, airma Elizeu Macedo, mestre e doutor em Psicologia 
Experimental pela Universidade de São Paulo e professor do Programa de Pós-
Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, da Universidade Presbiteriana 
Mackenzie.
Segundo ele, esse avanço se deve, em parte, à natureza multidisciplinar desse 
ramo da ciência, que vem atraindo de biólogos(as) e geneticistas até ilósofos(as) 
e teólogos(as). “O conhecimento produzido por pesquisadores e clínicos com 
diferentes abordagens teóricas e recursos metodológicos tem permitido uma 
compreensão aprofundada e abrangente da arquitetura cognitiva”, airma Elizeu. 
A Psicologia tem contribuído para isso. “O psicólogo tem um olhar que permite 
contemplar aspectos de comportamento, aspectos sociais e também bases 
neurobiológicas”, diz Elizeu. “No caso de uma criança com diiculdades de 
aprendizagem, por exemplo, você pode pensar a situação levando em consideração 
aspectos neurobiológicos ao lado de fatores sociais, afetivos e emocionais”. 
Atualmente as Neurociências são divididas em seis níveis de análise. O primeiro é 
o molecular, no qual se estuda o papel dos neurotransmissores (na consolidação 
da memória, por exemplo). Um segundo nível é o celular, que identiica os 
diferentes tipos de células nervosas e seu modo de funcionamento. No terceiro 
nível, sistêmico, entra a análise do conjunto de neurônios que formam estruturas 
complexas relacionadas com funções especíicas como a visão ou o movimento 
voluntário.
O quarto nível é o comportamental, no qual se analisam os sistemas neurais que 
produzem comportamentos integrados, por exemplo, identiicando áreas do cérebro 
que podem estar comprometidas em doenças neurodegenerativas. Num quinto 
nível estão as neurociências cognitivas, que estudam as relações entre mecanismos 
neurais e atividades mentais superiores do der humano, como consciência, 
imaginação e linguagem. No sexto e último nível se encontra a neurociência social, 
que analisa como o cérebro funciona em diferentes situações de interação social. 
Segundo Elizeu, estudos nesta última área ajudam a entender, por exemplo, a 
formação de vínculo entre mãe e ilho a partir do estudo de estruturas neurais 
relacionadas com o reconhecimento da voz e do rosto da mãe. “Além disso, temas 
como empatia, preconceito, tomada de decisão, dentre outros, estão sendo estudados 
a partir de uma abordagem neurocientíica”, diz. 
11
Erika
Caixa de texto
NEUROPSICOLOGIA
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 2
n º 1 8 3 • F e v e r e i r o | M a r ç o | A b r i l • 2 0 1 5
nº 185 • Outubro | Novembro | Dezembro • 2015
20 PsicOlOgia e cOtiDiaNONeurocientista carl Hart lança novo olhar sobre 
a questão das drogas
9 MuNDO MelHOrrefugiados: papel da Psicologia em tempos 
de guerra e intolerância
4 OrieNtaçãOAvaliação psicológica para 
obtenção da cNH
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo2
s u m á r i o
4
6
913
16
20
23
25
26
28
30
CAPA | CAmPANHA EsTADuAL DE DirEiTos HumANos
“Violência de Estado ontem e hoje: Da exclusão 
ao extermínio”, tema da campanha lançada pelo 
CrP sP, propõe articular ações em defesa da vida.
QuEsTÕEs ÉTiCAs | ATENDimENTo NÃo EVENTuAL
Psicólogas/os e advogados discutem o dilema ético do 
atendimento de crianças e adolescentes em sofrimento 
sem envolver os responsáveis, sob a ótica do Código de 
Ética das/os Psicólogas/os, o ECA e outras leis.
oriENTAÇÃo | PsiCÓLoGAs/os QuE ATuAm 
Como PEriTos EXAmiNADorEs
Psicóloga mostra como a Psicologia pode ajudar a melhorar 
as condições do trânsito a partir do aprimoramento 
do processo que avalia os candidatos a obter a CNH.
PErsPECTiVA Do usuário | CoNViVENDo 
Com A DEFiCiÊNCiA
Como a conquista da autonomia, a aceitação e o apoio 
da família podem ajudar a encontrar caminhos para lidar 
com a deficiência. 
PsiCoLoGiA E CoTiDiANo | ENTrEVisTA Com CArL HArT
Neurocientista, referência mundial sobre a temática das 
políticas de drogas, fala sobre dependência, preconceito, 
segregação, descriminalização e de como um olhar 
humanizador pode resgatar pessoas da segregação social.
mATÉriA EsPECiAL | DEsPAToLoGiZAÇÃo 
DA sEXuALiDADE
os desafios para que a resolução 001/99 do CFP, que 
estabelece normas profissionais relacionadas com o tema 
da orientação sexual, seja aceita e efetivamente cumprida.
ProCEssos ÉTiCos | VArA DA iNFâNCiA E JuVENTuDE
Debate sobre a laicidade/religiosidade 
no âmbito da Psicologia. 
um DiA NA ViDA | A PsiCoLoGiA 
E As TrANsFormAÇÕEs soCiAis
Psicólogo conta sua experiência em serviços públicos 
e oNGs dedicados à saúde mental. Ele defende o papel 
da Psicologia na luta por direitos sociais.
muNDo mELHor | rEFuGiADos No BrAsiL
Psicólogas/os que atuam no acolhimento de 
solicitantes de asilo por motivos políticos, religiosos 
e de orientação sexual debatem o papel da Psicologia 
em tempos de guerra e intolerância. 
EsTANTE | DirEiTos HumANos No CiNEmA E Nos LiVros
seleção de filmes e livros traz reflexões sobre preconceito, 
violência e violação de direitos humanos.
suBsEDEs | CoNFErÊNCiAs 
muNiCiPAis, EsTADuAL E NACioNAL
Conquistas e desafios do suAs no ano em 
que a política pública completa dez anos
Publicação do Conselho regional de Psicologia 
de são Paulo, CrP sP, 6ª região
Diretoria
Presidenta | Elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | Adriana Eiko Matsumoto
secretário | José Agnaldo Gomes
Tesoureiro | Guilherme Luz Fenerich
Conselheiros
Alacir Villa Valle Cruces, Aristeu Bertelli da 
Silva, Bruno Simões Gonçalves, Camila de 
Freitas Teodoro, Dario Henrique Teófilo Schezzi, 
Gabriela Gramkow, Graça Maria de Carvalho 
Camara, Gustavo de Lima Bernardes Sales, 
Ilana Mountian, Janaína Leslão Garcia, Joari 
Aparecido Soares de Carvalho, Livia Gonsalves 
Toledo, Luis Fernando de Oliveira Saraiva, Luiz 
Eduardo Valiengo Berni, Maria das Graças 
Mazarin de Araujo, Maria Ermínia Ciliberti, 
Marília Capponi, Mirnamar Pinto da Fonseca 
Pagliuso, Moacyr Miniussi Bertolino Neto, 
Regiane Aparecida Piva, Sandra Elena Spósito, 
Sergio Augusto Garcia Junior, Silvio Yasui
realização Linha Fina
Jornalista responsável Denise Ramiro 
(MTB 18581)
Edição Milton Bellintani 
reportagens Adriana Carvalho, 
Denise Ramiro, Milton Bellintani
Direção de arte Cláudio Franchini
Fotos da capa Reprodução site CRP SP
revisão Linha Fina
impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 89.300 exemplares
sede CrP sP
Rua Arruda Alvim, 89, Jardim América
Cep 05410-020 São Paulo SP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
Atendimento | atendimento@crpsp.org.br
Diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
Administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
site 
www.crpsp.org.br
subsedes CrP sP
Assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada santista e Vale do ribeira
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
Grande ABC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
são José do rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 
3235-5047
sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e Litoral Norte | 
tel. (12) 3631-1315
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo4
o r i e n ta ç ã o
Psicologia para um 
trânsito humanizado
Especialista em avaliação psicológica dos candidatos a obter 
habilitação mostra a importância do papel profissional, 
as conquistas e os desafios da função de perito examinador 
a Psicologia passou a exercer papel importante para melhorar as condições do trânsito a partir do apri-
moramento do processo que avalia os candidatos a ob-
ter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), que resultou 
de uma ação conjunta do Conselho Nacional de Trânsito 
(Contran) e do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Há 
sete anos, o Contran determinou, por meio da Resolução 
nº 283/2008, que os testes aplicados aos candidatos se-
jam realizados apenas por psicólogas/os com especiali-
zação em Psicologia do Trânsito. Como desdobramento 
disso, o CFP aprovou normas e procedimentos para a 
avaliação psicológica dos candidatos à CNH e conduto-
res de veículos automotores (Resolução nº 007/2009).
A atuação de psicólogas/os no processo acontece 
em três situações: obtenção da habilitação, adição de 
categoria – por exemplo, mudança da classificação B, 
de condutor amador, para C, de condutor profissional – 
e renovação para habilitação em casos de atividades 
remuneradas com o veículo. 
A avaliação psicológica segue o roteiro proposto pelo 
CFP e é aplicada da mesma forma para todos os pú-
blicos. Primeiro, o candidato passa por entrevista indi-
vidual com uma/um psicóloga/o. A entrevista, extensa, 
visa obter o máximo de informações sobre os traços de 
personalidade e da rotina do candidato, como forma de 
avaliar que tipo de pessoa será autorizada a conduzir. 
Então, a/o psicóloga/o atua para que a pessoa se 
sinta mais à vontade antes de fazer os testes escritos, 
resolvendo eventuais dúvidas que ela manifeste. Essa 
etapa avalia a personalidade, os tipos de atenção do 
candidato, seu raciocínio e capacidade de estabelecer 
relações interpessoais.
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA DO TRÂNSITO
 Conselho Regional de Psicologia de São Paulo • 5
n º 1 8 5 • O u t u b r o | N o v e m b r o | D e z e m b r o • 2 0 1 5
Fo
to
: P
a
n
 A
m
e
ri
ca
n
 H
e
a
lt
h 
O
rg
a
n
iz
a
ti
o
n
-P
A
H
O
 /
 F
lic
kr
 C
re
a
ti
ve
 C
o
m
m
o
n
s A terceira fase do processo compreende a elabora-
ção do laudo psicológico sobre os resultados obtidos 
na entrevista e nos testes, de forma objetiva. Em segui-
da, obrigatoriamente, acontece a entrevista devolutiva. 
Segundo Daniela Bianchi, psicóloga clínica e docente 
do Ensino Superior em São José do Rio Preto e Catandu-
va, é na entrevista devolutiva que se atua para orientar 
a pessoa em relação aos resultados que apresentou, 
mostrando a importância da avaliação psicológica para 
o trânsito. Se no resultado se detectam indícios de de-
pressão ou ansiedade, é necessário fazer o encaminha-
mento clínico do candidato. “A gente pede licença para 
entrar no psiquismo dessa pessoa. Nada mais justo do 
que devolver quais foram os resultados dela”, explica. 
Antes das resoluções do Contran e do Conselho Fe-
deral, a entrevista individual não existia e a devolutiva 
não era obrigatória. Além dessa exigência, a orientação 
do CFP também determina que o laudo da avaliação fi-
que arquivado por cinco anos na clínica. 
Depois de passar sete anos atuando como perita exa-
minadora no trânsito em Catanduva, Daniela ingressou 
no mestrado na área de Saúde e Educação na Universi-
dade de Ribeirão Preto, focado na questão do trânsito. 
Sua pesquisa “Análise da Qualidade do Serviço de Avalia-
ção Psicológica para o Trânsito sob a Ótica do Candidato 
à Obtenção de Habilitação” foi apresentada no início de 
2015. A inspiração pelo tema veio de suas descobertas 
durante o período em que atuoucomo profissional na 
área. “Sentia nos candidatos que estavam insatisfeitos 
com as avaliações anteriores. Durante as entrevistas 
que aplicava, as pessoas queriam saber para o que serve 
a avaliação psicológica”, conta. A proposta da pesquisa 
era descobrir se a avaliação psicológica consegue pro-
mover a essa população um serviço de qualidade ou não. 
Situações especiais
A avaliação é igual em casos em que os candidatos 
possuem algum tipo de limitação física ou sensorial. Da-
niela cita como exemplo o caso de duas pessoas com 
deficiência auditiva que avaliou e foram consideradas 
aptas a conduzir. Ela explica que em situações como 
essas, se necessário, pode-se incluir um intérprete de 
Língua Brasileira de Sinais (Libras), que fará a interme-
diação com a/o psicóloga/o. “De diferente no processo, 
apenas que essa avaliação requer um pouco mais de 
atenção e um tempo maior para a entrevista.”
Apesar de as resoluções do Contran e do CFP terem 
a proposição de incentivar a responsabilidade das/dos 
psicólogas/os na atuação como peritos examinadores, a 
avaliação psicológica não acontece em todos os casos. 
Foi o que Daniela apurou em sua pesquisa acadêmica. 
Após entrevistar 245 candidatos à obtenção da habilita-
ção em Catanduva, ela descobriu que em 62% dos ca-
sos as pessoas não receberam a devolutiva. Ela achou 
preocupante ainda o fato de que nem sempre são as/os 
psicólogas/os que passam as instruções sobre os testes 
aos candidatos – mesmo sendo obrigatório – e que em 
30% dos casos não foi a/o psicóloga/o que fez a avalia-
ção psicológica dos candidatos. 
Desafios
Daniela lembra que quando começou a trabalhar como 
perita examinadora de trânsito não sabia das dificuldades 
que encontraria. A começar pelas pressões tanto por par-
te dos Centros de Formação de Condutores, que pedem 
rapidez no procedimento, quanto da própria população, 
que muitas vezes demonstra desinteresse pelo serviço. “A 
representação social da/do psicóloga/o do trânsito ainda 
é negativa”, diz Daniela. Segundo ela, não é possível fazer 
uma avaliação psicológica bem feita em menos de uma 
hora e meia. “O importante é não ceder às pressões e não 
perder o foco no candidato.” 
Para Daniela, ser um bom perito examinador depende 
de mostrar aos candidatos a importância da avaliação 
e de ser atencioso. Também é fundamental ser solícito 
para responder as dúvidas quantas vezes for necessá-
rio e, no momento da entrevista, ter um espaço privado 
para conversar com a pessoa de forma aberta e, assim, 
acolher as suas respostas. “O acolhimento é feito com 
olhar de acolhimento, no sentido de transmitir que esta-
mos compreendendo o que a pessoa está dizendo, sem 
fazer julgamento precipitado sobre o candidato.”
nº 179 • Junho | Julho | Agosto • 2014
2 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
Publicação do Conselho Regional de Psicologia 
de são Paulo, CRP sP, 6ª Região
Diretoria
Presidenta | elisa Zaneratto Rosa
Vice-presidenta | Maria ermínia Ciliberti
secretário | luis Fernando de oliveira saraiva
Tesoureira | adriana eiko Matsumoto
Conselheiros
adriana eiko Matsumoto, alacir Villa Valle Cruces, 
ana Paula Porto noronha, aristeu Bertelli da silva, 
Bruno simões gonçalves, Camila de Freitas Teodoro, 
Dario Henrique Teófilo Schezzi, Elisa Zaneratto Rosa, 
gabriela gramkow, graça Maria de Carvalho Camara, 
Guilherme Luz Fenerich, Gustavo de Lima Bernardes 
sales, ilana Mountian, Janaína leslão garcia, Joari 
aparecido soares de Carvalho, Jonathas José salathiel 
da silva, José agnaldo gomes, livia gonsalves Toledo, 
Luis Fernando de Oliveira Saraiva, Luiz Eduardo 
Valiengo Berni, Maria das Graças Mazarin de Araujo, 
Maria ermínia Ciliberti, Marília Capponi, Mirnamar 
Pinto da Fonseca Pagliuso, Moacyr Miniussi Bertolino 
neto, Regiane aparecida Piva, sandra elena spósito, 
sergio augusto garcia Junior e silvio Yasui.
Realização Linha Fina
Jornalista responsável Milton Bellintani (MT b 18.122)
Reportagens denise Ramiro, silvia M. Bellintani, 
Telma Costa
Arte Cláudio Franchini
Foto da capa CRP sP
Revisão linha Fina
Impressão Rettec Artes Gráficas
Tiragem 86.000 exemplares
Sede CRP SP
Rua arruda alvim, 89, Jardim américa
Cep 05410-020 são Paulo sP
Tel. (11) 3061-9494 | fax (11) 3061-0306
E-mails
atendimento | atendimento@crpsp.org.br
diretoria | direcao@crpsp.org.br
informações | info@crpsp.org.br
Centro de orientação | orientacao@crpsp.org.br
administração | admin@crpsp.org.br
Comunicação | comunicacao@crpsp.org.br
site | www.crpsp.org.br
Subsedes CRP SP
assis | tel. (18) 3322-6224, 3322-3932
Baixada santista e Vale do Ribeira | 
tel. (13) 3235-2324, 3235-2441
Bauru | tel. (14) 3223-3147, 3223-6020
Campinas | tel. (19) 3243-7877, 3241-8516
grande aBC | tel. (11) 4436-4000, 4427-6847
Ribeirão Preto | tel. (16) 3620-1377, 3623-5658
são José do Rio Preto | tel. (17) 3235-2883, 3235-5047
sorocaba | tel. (15) 3211-6368, 3211-6370
Vale do Paraíba e litoral norte | tel. (12) 3631-1315
í n d i c e
179
UM DIA NA VIDA | CONHEÇA MAIS SOBRE A PSICOLOGIA NO JUDICIÁRIO 
Também denominados peritos, cabe às/os psicólogas/os subsidiarem o juiz 
com avaliações e análises que indiquem ações a serem tomadas em decisões 
processuais nas Varas de infância e Juventude e Vara de Família. 4
PERSPECTIVA DO USUÁRIO | O RENASCIMENTO DE SÃO LUIZ DO PARAITINGA
Saiba como o apoio de psicólogas/os e da comunidade ajudou São Luiz 
do Paraitinga a renascer em tempo recorde após a forte inundação de 2010. 7
PSICOLOGIA E COTIDIANO | “ACHO QUE SOU GAY”
Psicólogas/os indicam caminhos para tratar o tema orientação sexual 
com pessoas que questionam a sua sexualidade. 10
SUBSEDES | OFICINEIROS DO VII PRÊMIO ARTHUR BISPO DO ROSÁRIO MOSTRAM SUA ARTE
Mais de 500 usuários de serviços de saúde mental do estado de são Paulo 
participaram de oficinas com trocas de vivências e experiências artísticas. 13
MURAL | CONHEÇA O PORTAL DO CRP SP NO YOUTUBE
nova Cartilha Polular do CRP sP sobre o tema ‘Medicalização’ 
está disponível para ser baixada no portal do Conselho. 15
CAPA | NO DIA DA/O PSICÓLOGA/O, UM BALANÇO DAS CONQUISTAS DA PROFISSÃO
Profissão sofreu influência das transformações da sociedade e ganhou relevância 
em temáticas como a universalização dos direitos sociais e direitos humanos. 16 
MUNDO DO TRABALHO | #30H JÁ PSICOLOGIA
Projeto que reduz jornada para profissionais da Psicologia é aprovado em 
Comissão da Câmara Federal. Leia as 30 razões por que o CRP SP apoia. 21
MUNDO MELHOR | CONQUISTA DA TERRA PRÓPRIA E PROTAGONISMO
assentamento dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha, muda a vida 
de 63 famílias após mais de 10 anos de luta pela terra própria. 22 
ORIENTAÇÃO | AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA REQUER TÉCNICA E COMPROMISSO
Psicologia organizacional suscita questões técnicas em relação 
aos processos de avaliação psicológica. 26 
QUESTÕES ÉTICAS | HONORÁRIOS
a maneira como se estabelece o pagamento de honorários na área clínica 
pode influenciar no trabalho e até na imagem profissional. 28 
PROCESSOS ÉTICOS | PENALIDADES
Conselho Regional apresenta reflexão a partir de processo tramitado 
e publica cassação de registro para o exercício profissional de psicólogo. 30
 
ESTANTE | TÍTULOS 
dicas de livros e vídeos sobre temas de interesse da categoria. 31 
0 r i e n t a ç ã o
a avaliação psicológica é um recurso comum no mundo do trabalho, utilizada em 
processos de seleção, de orientação 
profissional e de carreira, e, ainda, 
na preparação para a aposentado-
ria. geralmente, ela motiva as/os 
profissionais da Psicologia que a 
empregam a se especializar em te-
mas organizacionais. No segmento 
empresarial, em que o conceito de 
“vestir a camisa da empresa” mui-
tas vezes é entendido como fidelida-
de absoluta à corporação, colocando 
outros valores em segundo plano, é 
preciso ter clareza quanto ao com-
promisso assumido com a profissão 
e as pessoas envolvidas com os ser-
viços da Psicologia para que objeti-
vos de carreira não acarretem em 
desvios de conduta e falhas éticas. 
entretanto, esse tipo de avaliaçãonão é aplicada exclusivamente em 
empresas, como lembra o psicólogo 
e professor Mário Lázaro Camargo, 
do departamento de Psicologia da 
Unesp de Bauru (SP). “Esse tipo de 
demanda também pode vir de situ-
ações como avaliação médica para 
orientar tratamentos e preparação 
de pacientes em fase pré e pós-ope-
ratória (cirurgia bariátrica, de prósta-
ta oncológica e redesignação sexual, 
entre outras), avaliação por questões 
relativas ao contexto escolar/acadê-
mico, na identificação de problemas 
de aprendizagem ou socialização, 
e em situações jurídicas como ava-
liação psicológica de postulantes à 
adoção, crianças e adolescentes em 
Psicologia organizacional suscita questões técnicas e éticas 
em relação aos processos de avaliação psicológica
Avaliação psicológica exige
e compromisso com avaliado
conhecimento 
de ferramentas 
conflitos com a Lei ou instituciona-
lizados e, em alguns casos, acusados 
de responsabilidades por crimes.
Uso exclusivo
Rodolfo ambiel, professor do Pro-
grama de Pós-graduação stricto sen-
su em Psicologia da universidade 
são Francisco, explica que no campo 
empresarial esses instrumentos são 
ferramentas técnicas de uso exclusi-
vo das/os psicólogas/os, cuja credi-
bilidade está baseada em extensas 
pesquisas científicas que atestam 
sua validade e precisão. ele adverte 
que, como ferramentas, cabe à/ao 
profissional selecionar aquele que 
se adequa ao objetivo da avaliação. 
“A/o psicóloga/o deve ser capaz de 
ler os manuais técnicos dos instru-
mentos e extrair dali as informações 
a respeito de sua qualidade técnica, 
alcance e limitações”, afirma.
o sistema de avaliação dos Tes-
26 psi • Conselho Regional de PsiCologia de são Paulo
Erika
Caixa de texto
PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL
O que diz o CRP SP
o CRP sP, por meio da Comissão de 
Orientação e Fiscalização (COF), for-
mada por conselheiros, gestores e psi-
cólogas/os convidadas/os, é um ins-
trumento permanente à disposição 
da categoria para resolver dúvidas e 
salvaguardar o exercício profissional 
segundo o compromisso da psicolo-
gia e o Código de Ética da profissão. 
Sobre o assunto, ela define que ape-
nas a/o psicóloga/o pode fazer uso de 
instrumentos e técnicas psicológicas. 
Isso significa que ela/e não poderá di-
vulgar, ensinar, ceder, dar, emprestar 
ou vender instrumentos ou técnicas 
psicológicas que permitam ou faci-
litem o exercício ilegal da profissão 
(artigo 18 do Código de Ética).
no que se refere à avaliação psicológi-
ca, a CoF indica que se deve também 
verificar se não existem dificuldades 
específicas da pessoa para realizar o 
teste, sejam elas físicas ou psíquicas; 
utilizar o teste dentro dos padrões 
referidos por seu manual e cuidar da 
adequação do ambiente, do espaço fí-
sico, do vestuário dos aplicadores e de 
outros estímulos que possam interfe-
rir na aplicação. 
no site do CRP sP é possível consul-
tar a Resolução n.º 007/2003 do CFP, 
que apresenta o Manual de elabo-
ração de documentos escritos e de-
talha o que deve constar em quatro 
documentos: declaração, atestado 
psicológico, relatório ou laudo psi-
cológico e parecer psicológico. 
acesse: http://www.crpsp.org.br/
portal/orientacao/resolucoes_cfp/
fr_cfp_007-03.aspx. 
tes Psicológicos (satepsi) apresenta 
uma lista com os testes validados 
para utilização por profissionais 
da área, os que receberam parecer 
desfavorável e, finalmente, aqueles 
que ainda estão em avaliação. “No 
Brasil, só se pode utilizar na práti-
ca testes psicológicos com parecer 
favorável, sendo que qualquer ação 
diferente desta constitui falta éti-
ca”, diz Ambiel. “É importante ter 
clareza de que só o fato de um teste 
estar favorável no satepsi não sig-
nifica que deva ser usado sem res-
salvas. Como qualquer ferramenta, 
qualquer teste tem limitações que, 
independentemente da avaliação 
formal, devem ser consideradas 
pelo profissional de acordo com 
sua necessidade.”
o satepsi está disponível para 
consulta no site do Conselho Fe-
deral de Psicologia – http://satepsi.
cfp.org.br – e também na página da 
internet do Conselho Regional de 
Psicologia de são Paulo: www.crpsp.
org.br, no menu orientação / Tes-
tes Psicológicos.
Devolutiva
Mário Lázaro Camargo ressalta 
que a/o psicóloga/o que realizará a 
avaliação deve incluir em seu pla-
nejamento a elaboração de um re-
latório, ou laudo psicológico, para 
apresentar os resultados ao sujeito 
da avaliação. “Lamentavelmente, 
poucos profissionais realizam esta 
etapa do processo de avaliação psi-
cológica, apresentando resultados 
ao solicitante – o empregador, mui-
tas vezes – mas não ao principal in-
teressado, que é o avaliado. Muitos 
desconhecem ter direito ao resulta-
do de sua avaliação e, por isso, mui-
tas vezes nem o solicitam”, explica. 
Mais que um dever ético, a entrega 
da devolutiva é um fundamento da 
própria atividade. O que talvez ainda 
não esteja claro para profissionais 
que ensaiam os primeiros passos na 
psicologia organizacional é a quem 
oferecer esse retorno: à pessoa ava-
liada ou ao empregador. 
Rodolfo Ambiel afirma que não 
pode haver dúvida quanto a isso. 
“Nosso Código de Ética é bastante 
claro quanto ao sigilo em relação às 
informações confidenciais das pes-
soas. Mesmo que o empregador seja 
o solicitante, a devolutiva deve ser 
oferecida na íntegra para a pessoa 
avaliada e as informações que serão 
passadas para o solicitante são ape-
nas as estritamente necessárias para 
o desenvolvimento do trabalho.”
Camargo também é enfático nes-
se sentido. “Estamos diante de um 
contexto lamentavelmente bastan-
te viciado por práticas inadequa-
das, tanto das empresas quanto de 
profissionais que se permitiram – e 
ainda se permitem – empregar mal 
a técnica.” ele destaca que mesmo o 
solicitante da avaliação psicológica 
sendo uma empresa, a pessoa avalia-
da tem o direito de livre acesso aos re-
sultados de sua avaliação psicológica, 
assim como também tem o direito de 
se negar a participar da avaliação. 
“Dizer não à participação é como 
uma desistência no processo. O direi-
to a não participação não é respeita-
do nem por instituições públicas em 
seus processos seletivos/concursos. 
Mas não deveria ser assim.”
Guarda de material
a responsabilidade de guardar 
o material produzido na avalia-
ção psicológica também suscita 
malentendidos. Mário Camargo 
explica que a/o profissional da 
psicologia que faz a avaliação é 
responsável pela guarda do mate-
rial resultante do processo ou pro-
cessos de avaliação. “Estando em 
seu espaço privado de trabalho 
(uma clínica ou consultório, por 
exemplo) ou no contexto de uma 
organização de trabalho onde é 
empregado (empresa, por exem-
plo), deve, para exercer sua pro-
fissão e atribuições funcionais, 
solicitar e construir um espaço 
adequado e reservado tanto para 
o desenvolvimento de suas ativi-
dades de avaliação e devolutiva 
quanto para a guarda protegida e 
sigilosa dos materiais utilizados. 
Vale lembrar que estas orienta-
ções são (ou deveriam ser) parte 
integrante do processo formativo 
das/os psicólogas/os e presença 
textual esclarecedora em nosso 
Código de Ética Profissional.”
o tempo de preservação do ma-
terial na avaliação também deve 
ser observado pela/o psicóloga/o 
que a aplica. “Todo o material 
deve ser guardado por, no míni-
mo, cinco anos. a Resolução CFP 
07/2003 traz detalhes sobre esse 
processo”, diz Ambiel.
 psi • Junho/ Julho / agosTo 2014 27

Mais conteúdos dessa disciplina