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AVULSA-DIREITO_EMPRESARIAL_II-CAD_-_APOSTILA_OAB-Modulo_03

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1	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
TÍTULOS	
  DE	
  CRÉDITO	
  
	
  
INTRODUÇÃO	
  
	
  
O	
  direito	
  cambiário	
  é	
  o	
  que	
  tem	
  por	
  objeto	
  o	
  estudo	
  dos	
  títulos	
  de	
  crédito.	
  Estes	
  títulos	
  são	
  
documentos	
   representativos	
   da	
   obrigação	
   de	
   pagar	
   uma	
   determinada	
   quantia	
   em	
   dinheiro,	
  
dotados	
  de	
  dois	
  atributos,	
  a	
  executividade	
  e	
  a	
  negociabilidade.	
  Desde	
   já	
  cumpre	
  ressaltar	
  que	
  os	
  
títulos	
  de	
  crédito	
  propriamente	
  ditos	
  não	
  se	
  prestam	
  para	
  representar	
  uma	
  obrigação	
  de	
  fazer,	
  não	
  
fazer	
   ou	
   outro	
   tipo	
   de	
   obrigação	
   de	
   dar.	
   Quanto	
   aos	
   títulos	
   de	
   crédito	
   impróprios,	
   alguns	
   deles	
  
representam	
  direitos	
  diversos	
  do	
  recebimento	
  de	
  dinheiro.	
  Exemplo:	
  Warrant	
  e	
  conhecimento	
  de	
  
depósito,	
  representam	
  a	
  posse	
  e	
  propriedade	
  de	
  mercadorias	
  depositadas	
  em	
  armazéns	
  gerais.	
  
No	
  tocante	
  aos	
  seus	
  atributos,	
  o	
  primeiro,	
  que	
  é	
  a	
  executividade,	
  é	
  consagrado	
  no	
  art.	
  784,	
  I,	
  
do	
  CPC/2015,	
  que	
  o	
  considera	
  título	
  executivo	
  extrajudicial,	
  agilizando-­‐se,	
  destarte,	
  a	
  cobrança	
  do	
  
débito,	
  mediante	
  a	
  supressão	
  da	
  fase	
  de	
  conhecimento	
  do	
  processo	
  judicial.	
  Quem	
  está	
  munido	
  de	
  
um	
  título	
  de	
  crédito	
  pode,	
  entretanto,	
  optar	
  em	
  mover	
  ação	
  de	
  cobrança.	
  Com	
  efeito,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  
785	
  do	
  CPC/2015:	
  “A	
  existência	
  de	
  título	
  executivo	
  extrajudicial	
  não	
  impede	
  a	
  parte	
  de	
  optar	
  pelo	
  
processo	
  de	
  conhecimento,	
  a	
   fim	
  de	
  obter	
   título	
  executivo	
   judicial”.	
  No	
  CPC	
  anterior,	
  o	
  processo	
  
seria	
  extinto	
  sem	
  resolução	
  do	
  mérito,	
  por	
  falta	
  de	
  interesse	
  de	
  agir.	
  	
  
O	
   segundo	
   atributo,	
   a	
   negociabilidade,	
   lhe	
   é	
  muito	
  mais	
   peculiar,	
   posto	
   que	
   o	
   primeiro	
   é	
  
ostentado	
  por	
  outros	
  diversos	
  documentos.	
  A	
  negociabilidade	
  é	
  a	
  possibilidade	
  de	
  se	
  transmitir	
  o	
  
seu	
   domínio	
   com	
   facilidade,	
   assemelhando-­‐se,	
   nesse	
   aspecto,	
   ao	
   dinheiro,	
   permitindo-­‐se	
   a	
  
concretização	
  do	
  elemento	
  temporal	
  do	
  crédito,	
  consistente	
  na	
  troca	
  de	
  um	
  bem	
  presente	
  por	
  um	
  
bem	
   futuro,	
   porquanto	
   o	
   sistema	
   legal	
   dos	
   títulos	
   de	
   crédito	
   é	
   dotado	
   do	
   elemento	
   confiança,	
  
consubstanciado	
  no	
  fato	
  de	
  o	
  direito	
  encontrar-­‐se	
  aparelhado	
  para	
  a	
  efetivação	
  do	
  recebimento	
  do	
  
valor	
  do	
  título.	
  
Outros	
   documentos	
   representativos	
   de	
   créditos	
   como	
   é	
   o	
   caso	
   da	
   sentença	
   judicial,	
   dos	
  
contratos	
   e	
   da	
   confissão	
   de	
   dívida	
   não	
   gozam	
   dessa	
   simplificação	
   de	
   negociabilidade.	
   Aliás,	
   o	
  
contrato	
  e	
  a	
  confissão	
  de	
  dívida	
  não	
  são	
  sequer	
  títulos	
  executivos	
  extrajudiciais,	
  salvo	
  se	
  subscritos	
  
por	
  duas	
  testemunhas.	
  
	
  
LEGISLAÇÃO	
  APLICÁVEL	
  
	
  
Os	
   títulos	
  de	
   crédito	
   são	
  disciplinados	
  pelo	
  Código	
  Civil	
   (arts.	
   887	
  a	
  926).	
   Essas	
  normas,	
  no	
  
entanto,	
   são	
  aplicáveis	
  apenas	
  supletivamente	
  para	
  suprir	
  as	
   raras	
   lacunas	
  da	
   legislação	
  especial.	
  
Com	
  efeito,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  903	
  do	
  CC:	
  “Salvo	
  disposição	
  diversa	
  em	
  lei	
  especial,	
  regem-­‐se	
  os	
  títulos	
  
de	
  crédito	
  pelo	
  disposto	
  neste	
  Código”.	
  
Na	
  verdade,	
  letra	
  de	
  câmbio	
  e	
  a	
  nota	
  promissória	
  são	
  regidas	
  pela	
  Lei	
  Uniforme	
  de	
  Genebra	
  e	
  
Decreto	
   2.044/1908.	
   O	
   cheque	
   é	
   disciplinado	
   pela	
   Lei	
   nº	
   7.357/1985	
   e	
   a	
   duplicata	
   pela	
   Lei	
   n°	
  
5.474/68.	
  Quanto	
  ao	
  Código	
  Civil,	
  só	
  é	
  aplicado	
  subsidiariamente,	
  incidindo	
  apenas	
  nas	
  lacunas	
  do	
  
diploma	
  normativo	
   específico.	
   Se,	
   porém,	
  no	
   futuro,	
   uma	
   lei	
   limitar-­‐se	
   a	
   criar	
   um	
  novo	
   título	
  de	
  
crédito,	
  mas	
  sem	
  discipliná-­‐lo,	
  o	
  Código	
  Civil	
  será	
  sua	
  fonte	
  normativa	
  reguladora.	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
Tornou-­‐se	
   clássico	
   o	
   conceito	
   de	
   Cesare	
   Vivante,	
   segundo	
   o	
   qual	
   “título	
   de	
   crédito	
   é	
   o	
  
documento	
  necessário	
  ao	
  exercício	
  do	
  direito	
  literal	
  e	
  autônomo	
  nele	
  mencionado”.	
  	
  
O	
   Código	
   Civil	
   Brasileiro	
   de	
   2002	
   adotou	
   conceito	
   similar,	
   mas	
   não	
   abraçou	
   na	
   íntegra	
   a	
  
Vedada a transmissão e reprodução deste material (art. 184 CP).
Aluno Willian Erivan da Silva
CPF - ###.###.###-##
 
	
  
	
  
	
   2	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
definição	
  proposta	
  por	
  Vivante.	
  
Com	
  efeito,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  887	
  do	
  Código	
  Civil:	
  “O	
  título	
  de	
  crédito,	
  documento	
  necessário	
  ao	
  
exercício	
  do	
  direito	
  literal	
  e	
  autônomo	
  nele	
  contido,	
  somente	
  produz	
  efeito	
  quando	
  preencha	
  os	
  
requisitos	
  da	
  lei”.	
  
Abstraindo-­‐se	
  essa	
  última	
  expressão	
  “somente	
  produz	
  efeitos	
  quando	
  preencha	
  os	
  requisitos	
  
legais”	
  é	
  o	
  conceito	
  de	
  Vivante	
  consagrado	
  pelo	
  direito	
  pátrio.	
  
	
  
PRINCÍPIOS	
  CAMBIÁRIOS	
  
	
  
Estes	
  princípios	
  são	
  os	
  postulados	
  básicos	
  que	
  regem	
  os	
  títulos	
  de	
  crédito.	
  
Do	
  conceito	
  de	
  Vivante,	
  irradiam	
  os	
  seguintes	
  princípios:	
  
→	
  cartularidade;	
  
→	
  literalidade;	
  
→	
  autonomia.	
  
Alguns	
   juristas	
   ainda	
   apontam	
   os	
   princípios	
   da	
   abstração	
   e	
   inoponibilidade	
   das	
   exceções	
  
pessoais	
   a	
   terceiros	
   de	
   boa-­‐fé,	
   mas,	
   na	
   verdade,	
   são	
   meros	
   desdobramentos	
   do	
   princípio	
   da	
  
autonomia.	
  
	
  
PRINCÍPIO	
  DA	
  CARTULARIDADE	
  
	
  
O	
   título	
  de	
  crédito,	
   segundo	
  o	
  conceito	
  acima,	
  é	
  um	
  documento	
  necessário	
  ao	
  exercício	
  do	
  
direito	
  nele	
  mencionado,	
  logo	
  é	
  preciso	
  apresentá-­‐lo	
  à	
  pessoa	
  indicada	
  para	
  efetuar	
  o	
  pagamento.	
  
Assim,	
  o	
  princípio	
  da	
  cartularidade	
  é	
  o	
  que	
  exige	
  a	
  exibição	
  original	
  do	
  título	
  de	
  crédito	
  para	
  
exercer	
  o	
  direito	
  dele	
   resultante.	
  Na	
  cobrança	
   judicial,	
  por	
  exemplo,	
  o	
  original	
  do	
   título	
  deve	
  ser	
  
juntado	
  com	
  a	
  petição	
  inicial.	
  Igualmente	
  para	
  fundamentar	
  requerimento	
  de	
  falência	
  com	
  base	
  na	
  
impontualidade.	
  
A	
   posse	
   do	
   título	
   é	
   o	
   pressuposto	
   para	
   alguém	
   exercer	
   o	
   direito	
   nele	
   contido.	
   Não	
   basta,	
  
porém,	
   a	
   apresentação	
   da	
   fotocópia,	
   ainda	
   que	
   autenticada,	
   é	
   preciso	
   a	
   exibição	
   do	
   título	
   de	
  
crédito	
  original,	
  pois	
  só	
  assim	
  se	
  tem	
  a	
  garantia	
  de	
  que	
  não	
  houve	
  a	
  sua	
  circulação.	
  
Vale	
  ainda	
  ressaltar	
  que	
  o	
  título	
  de	
  crédito	
  é	
  documento,	
  isto	
  é,	
  um	
  papel	
  escrito,	
  dotado	
  de	
  
conteúdo	
  e	
   identificaçãodo	
  signatário	
  com	
  valor	
  probatório.	
  O	
  escrito,	
  para	
  ser	
  título	
  de	
  crédito,	
  
deve	
  ser	
  lançado	
  em	
  papel,	
  não	
  se	
  admitindo	
  gravações,	
  filmagens	
  e	
  tampouco	
  pen	
  drive	
  ou	
  similar.	
  
Não	
  existe	
  também	
  título	
  de	
  crédito	
  oral.	
  
Sobre	
   as	
   exceções	
   ao	
   princípio	
   da	
   cartularidade,	
   cumpre	
   mencionar	
   três.	
   A	
   primeira	
   é	
   o	
  
protesto	
  por	
  indicações	
  da	
  duplicata	
  ou	
  letra	
  de	
  câmbio,	
  a	
  segunda	
  é	
  a	
  possibilidade	
  de	
  se	
  mover	
  
ação	
  de	
  execução	
  com	
  base	
  em	
  fotocópia,	
  comprovando-­‐se	
  que	
  o	
  original	
  encontra-­‐se	
  apreendido	
  
em	
  inquérito	
  policial	
  ou	
  processo-­‐crime,	
  aguardando	
  a	
  realização	
  da	
  perícia.	
  A	
  terceira	
  é	
  o	
  aceite	
  
por	
  comunicação,	
   isto	
  é,	
   lançado	
  fora	
  do	
  título,	
  que	
  é	
  possível	
  na	
  duplicata,	
  em	
  que	
  a	
  cobrança	
  é	
  
feita	
   por	
   Instituição	
   Financeira,	
   sendo	
   que	
   referida	
   comunicação	
   que	
   o	
   sacado	
   faz	
   a	
   Instituição	
  
Financeira	
   é	
   um	
   documento	
   passível	
   de	
   protesto	
   e	
   que	
   ainda	
   funciona	
   como	
   título	
   executivo	
  
extrajudicial	
  (§§1º	
  e	
  2º	
  do	
  art.7º	
  da	
  Lei	
  nº	
  5.474/68).	
  
	
  
PRINCÍPIO	
  DA	
  LITERALIDADE	
  
	
  
O	
  direito,	
  que	
  por	
  meio	
  do	
  título	
  de	
  crédito	
  se	
  pretende	
  exercer,	
  deve	
  estar	
  literalmente	
  nele	
  
mencionado.	
   Aliás,	
   qualquer	
   relação	
   jurídica	
   relacionada	
   com	
  o	
   título	
   de	
   crédito	
   só	
   é	
   levada	
   em	
  
consideração	
  quando	
  nele	
  constar	
  expressamente.	
  
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Aluno Willian Erivan da Silva
CPF - ###.###.###-##
 
	
  
	
  
	
   3	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
O	
  princípio	
  da	
   literalidade	
   significa	
  que	
  os	
  direitos	
   e	
  obrigações	
   só	
   são	
   regidos	
  pelo	
  direito	
  
cambiário	
   quando	
   constar	
   expressamente	
   no	
   título	
   de	
   crédito.	
   O	
   aval,	
   por	
   exemplo,	
   quando	
  
lançado	
  fora	
  do	
  título	
  de	
  crédito,	
  ainda	
  que	
  por	
  escritura	
  pública,	
  não	
  tem	
  a	
  natureza	
   jurídica	
  de	
  
aval,	
  embora	
  possa	
  valer	
  como	
  fiança.	
  A	
  quitação	
  lançada	
  em	
  documento	
  separado,	
  isto	
  é,	
  fora	
  do	
  
título,	
  não	
  produz	
  efeitos.	
  Igualmente,	
  o	
  endosso	
  em	
  separado	
  não	
  surte	
  efeito	
  algum.	
  
Pelo	
   princípio	
   da	
   literalidade	
   só	
   é	
   levado	
   em	
   consideração	
   o	
   que	
   está	
   escrito	
   no	
   título	
   de	
  
crédito,	
  e,	
  por	
  consequência,	
  as	
  obrigações	
  inseridas	
  em	
  separado	
  a	
  ele	
  não	
  se	
  integram.	
  
Exceção	
  a	
  esse	
  princípio	
   verifica-­‐se	
  na	
  duplicata,	
  pois	
  o	
  §1º	
  do	
  art.9º	
  da	
   Lei	
  nº	
  5.474/1968	
  
admite	
  a	
  quitação,	
  pelo	
  legítimo	
  possuidor	
  do	
  título,	
  em	
  documento	
  separado.	
  Outra	
  exceção	
  é	
  o	
  
aceite	
  por	
  comunicação	
  que	
  o	
  sacado	
  da	
  duplicata	
  faz,	
  em	
  documento	
  separado,	
  que	
  é	
  entregue	
  à	
  
Instituição	
  Financeira	
  (art.7º,	
  §1º	
  da	
  LD).	
  
	
  
PRINCÍPIO	
  DA	
  AUTONOMIA	
  
	
  
O	
   princípio	
   da	
   autonomia	
   consagra	
   a	
   independência	
   das	
   relações	
   jurídicas	
   constantes	
   no	
  
título	
  de	
  crédito.	
  Se,	
  por	
  exemplo,	
  o	
  emitente	
  da	
  letra	
  de	
  câmbio	
  for	
  incapaz,	
  ainda	
  assim	
  o	
  credor	
  
poderá	
  exigir	
  o	
  pagamento	
  do	
  devedor,	
   isto	
  é,	
  do	
  aceitante,	
  sendo	
  que	
  este	
  último,	
  em	
  razão	
  do	
  
princípio	
  da	
  autonomia,	
  não	
  poderá	
  alegar	
  a	
  nulidade	
  do	
   título	
  pelo	
   fato	
  de	
   ter	
   sido	
  emitido	
  por	
  
incapaz.	
  
Assim,	
   a	
   nulidade	
  de	
   uma	
  obrigação	
   lançada	
  no	
   título	
   não	
   contamina	
   as	
   outras	
   obrigações	
  
nele	
   contidas,	
   porque	
   elas	
   são	
   autônomas,	
   propiciando-­‐se,	
   destarte,	
   que	
   o	
   possuidor	
   de	
   boa-­‐fé	
  
execute	
   um	
   direito	
   próprio,	
   que,	
   conforme	
   salienta	
   Fran	
   Martins,	
   não	
   pode	
   ser	
   restringido	
   ou	
  
destruído	
  em	
  virtude	
  das	
  relações	
  entre	
  os	
  anteriores	
  possuidores	
  e	
  o	
  devedor,	
  pois	
  cada	
  obrigação	
  
que	
  deriva	
  do	
  título	
  é	
  autônoma	
  em	
  relação	
  às	
  demais.	
  
As	
   implicações	
   do	
   princípio	
   da	
   autonomia,	
   como	
   bem	
   esclarece	
   Fábio	
   Ulhoa	
   Coelho,	
  
“representam	
  a	
  garantia	
  efetiva	
  de	
  circulabilidade	
  do	
  título	
  de	
  crédito.	
  O	
  terceiro	
  descontador	
  não	
  
precisa	
   investigar	
  as	
   condições	
   em	
  que	
  o	
   crédito	
   transacionado	
   teve	
  origem,	
  pois	
  ainda	
  que	
  haja	
  
irregularidade,	
   invalidade	
   ou	
   ineficácia	
   na	
   relação	
   fundamental,	
   ele	
   não	
   terá	
   o	
   seu	
   direito	
  
maculado”	
  (Curso	
  de	
  Direito	
  Comercial,	
  v.	
  1,	
  p.	
  378,	
  editora	
  Saraiva).	
  
Do	
   princípio	
   da	
   autonomia	
   são	
   extraídos	
   outros	
   dois	
   subprincípios,	
   o	
   da	
   abstração	
   e	
   o	
   da	
  
inoponibilidade	
  das	
  exceções	
  pessoais	
  ao	
   terceiro	
  de	
  boa-­‐fé.	
  O	
  primeiro	
   revela	
  o	
  desdobramento	
  
do	
  princípio	
  da	
  autonomia	
  no	
  direito	
  material;	
  o	
  segundo	
  é	
  a	
  sua	
  aplicação	
  no	
  campo	
  processual.	
  
	
  
PRINCÍPIO	
  DA	
  ABSTRAÇÃO	
  
	
  
O	
  princípio	
  da	
  abstração	
  consagra	
  a	
  irrelevância	
  da	
  causa	
  que	
  deu	
  origem	
  ao	
  título	
  em	
  relação	
  
ao	
   terceiro	
   de	
   boa-­‐fé	
   para	
   o	
   qual	
   este	
   fora	
   transferido.	
   Se,	
   por	
   exemplo,	
   um	
   cheque	
   obtido	
  
mediante	
  extorsão	
  é	
  transferido	
  pelo	
  extorsionário	
  a	
  um	
  terceiro	
  de	
  boa-­‐fé,	
  este	
  poderá	
  descontá-­‐
lo	
  validamente.	
  Outro	
  exemplo:	
  se	
  o	
  vendedor	
  de	
  carro	
  roubado	
  transfere	
  a	
   terceiro	
  de	
  boa-­‐fé	
  o	
  
título	
   de	
   crédito	
   que	
   recebera	
   em	
   pagamento,	
   este	
   poderá	
   cobrar	
   o	
   título	
   do	
   comprador	
   que	
  
desconhecia	
  a	
  origem	
  criminosa	
  do	
  bem	
  adquirido.	
  
O	
  princípio	
  da	
  abstração,	
  porém,	
  só	
  é	
  aplicado	
  em	
  relação	
  ao	
  terceiro,	
  que	
  de	
  boa-­‐fé	
  adquiriu	
  
o	
   título	
   de	
   crédito	
   de	
   um	
   dos	
   contratantes.	
   Não	
   é	
   aplicado	
   entre	
   os	
   contratantes,	
   pois	
   eles	
   se	
  
obrigam	
  pelo	
  contrato,	
  e,	
  por	
  consequência,	
  o	
  vício	
  que	
  o	
  contamina	
  é	
  uma	
  defesa	
  pessoal	
  alegável	
  
para	
  inibir	
  o	
  pagamento	
  do	
  título	
  de	
  crédito.	
  Nos	
  exemplos	
  acima,	
  o	
  contratante	
  que	
  fora	
  vítima	
  de	
  
extorsão	
   e	
   o	
   que	
   emitiu	
   o	
   título	
   de	
   crédito	
   para	
   comprar	
   o	
   carro	
   roubado	
   podem	
   se	
   recusar,	
  
perante	
  o	
  outro	
  contratante,	
  a	
  efetuar	
  o	
  pagamento	
  do	
  título	
  de	
  crédito,	
  invocando,	
  para	
  tanto,	
  a	
  
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   4	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  IIPROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
nulidade	
  da	
  obrigação	
  fundamental	
  que	
  originou	
  a	
  sua	
  emissão.	
  
Força	
   convir,	
   portanto,	
   que	
   o	
   princípio	
   da	
   abstração	
   só	
   entra	
   em	
   cena	
   quando	
   o	
   título	
   de	
  
crédito	
  é	
  posto	
  em	
  circulação,	
  aplicando-­‐se,	
   tão	
  somente,	
  entre	
  as	
  pessoas	
  que	
  não	
  contrataram	
  
entre	
   si.	
   Ao	
   ser	
   posto	
   em	
   circulação	
   o	
   título	
   de	
   crédito	
   se	
   desvincula	
   da	
   relação	
   jurídica	
  
fundamental	
  que	
  lhe	
  deu	
  origem.	
  
	
  
PRINCÍPIO	
  DA	
  INOPONIBILIDADE	
  DAS	
  EXCEÇÕES	
  PESSOAIS	
  AOS	
  TERCEIROS	
  DE	
  BOA-­‐FÉ	
  
	
  
Dispõe	
  o	
  art.	
  17	
  da	
  Lei	
  Uniforme	
  de	
  Genebra:	
  “As	
  pessoas	
  acionadas	
  em	
  virtude	
  de	
  uma	
  letra	
  
não	
  podem	
  opor	
  ao	
  portador	
  exceções	
  fundadas	
  sobre	
  as	
  relações	
  pessoais	
  delas	
  com	
  o	
  sacador	
  
ou	
   com	
  os	
   portadores	
   anteriores,	
   a	
  menos	
   que	
   o	
   portador	
   ao	
   adquirir	
   a	
   letra	
   tenha	
  procedido	
  
conscientemente	
  em	
  detrimento	
  do	
  devedor”.	
  
	
  
Assim,	
  o	
  princípio	
  da	
  inoponibilidade	
  consiste	
  na	
  proibição	
  de	
  o	
  devedor,	
  no	
  plano	
  processual,	
  
alegar,	
  em	
  face	
  do	
  portador	
  do	
  título	
  de	
  crédito,	
  as	
  defesas	
  pessoais	
  que	
  poderia	
  sustentar	
  contra	
  
os	
  coobrigados	
  anteriores.	
  
Vê-­‐se	
  assim	
  que	
  o	
  terceiro	
  de	
  boa-­‐fé,	
  quando	
  adquire	
  o	
  título	
  de	
  crédito,	
  o	
  recebe	
  purificado,	
  
não	
  tendo,	
  pois,	
  que	
  se	
  preocupar	
  com	
  os	
  fatos	
  modificativos	
  ou	
  extintivos	
  atinentes	
  aos	
  direitos	
  de	
  
seus	
  antecessores.	
  Se,	
  por	
  exemplo,	
  a	
  relação	
  fundamental,	
   isto	
  é,	
  que	
  originou	
  a	
  emissão	
  de	
  um	
  
título	
  de	
   crédito	
  envolvendo	
  “A”	
  e	
   “B”,	
  diz	
   respeito	
  à	
   venda	
  de	
  um	
  automóvel,	
   e	
  este	
  apresenta	
  
algum	
  vício	
  redibitório,	
  referido	
  fato	
  não	
  poderá	
  ser	
  alegado	
  pelo	
  devedor	
  ao	
  terceiro	
  que,	
  de	
  boa-­‐
fé,	
  houver	
  adquirido	
  o	
  título.	
  
Em	
   três	
   hipóteses,	
   no	
   entanto,	
   o	
   devedor	
   poderá	
   alegar	
   as	
   exceções	
   visando	
   inibir	
   o	
  
pagamento	
  do	
  título.	
  
A	
   primeira	
   refere-­‐se	
   às	
   exceções	
   comuns,	
   que	
   são	
   defesas	
   pertinentes	
   à	
   inexistência,	
  
invalidade	
   ou	
   inexigibilidade	
   do	
   título	
   de	
   crédito.	
   Exemplos:	
   falsificação,	
   nulidade	
   por	
   falta	
   de	
  
requisito	
  essencial	
  e	
  prescrição	
  do	
  título.	
  
A	
  segunda	
  refere-­‐se	
  às	
  exceções	
  pessoais	
  envolvendo	
  diretamente	
  o	
  devedor	
  e	
  o	
  portador	
  do	
  
título.	
  Se,	
  por	
  exemplo,	
  o	
   terceiro	
  de	
  boa-­‐fé	
   for	
   cobrar	
  o	
   título	
  do	
  devedor,	
  este	
  poderá	
  arguir	
  a	
  
compensação	
  da	
  importância	
  que	
  este	
  terceiro	
  também	
  lhe	
  deve.	
  
A	
   última	
   verifica-­‐se	
   quando	
   o	
   terceiro	
   adquire	
   o	
   título	
   de	
   crédito	
   de	
   má-­‐fé,	
   vale	
   dizer,	
  
consciente	
   do	
   fato	
   que	
   poderia	
   ser	
   alegado	
   em	
   face	
   do	
   credor	
   anterior.	
   Não	
   se	
   exige,	
   para	
   a	
  
caracterização	
   da	
   má-­‐fé,	
   o	
   conluio	
   entre	
   o	
   terceiro	
   adquirente	
   e	
   a	
   pessoa	
   que	
   lhe	
   transferiu	
   a	
  
cártula,	
   pois	
   é	
   suficiente	
   para	
   a	
   torpeza	
   a	
   aquisição	
   do	
   título	
   com	
   conhecimento	
   das	
   defesas	
  
pessoais	
   que	
   o	
   devedor	
   poderia	
   opor	
   contra	
   o	
   credor	
   anterior.	
   Se,	
   no	
   exemplo	
   citado	
  
anteriormente,	
  o	
  terceiro	
  adquirisse	
  o	
  título	
  de	
  crédito	
  ciente	
  do	
  vício	
  redibitório	
  que	
  maculava	
  o	
  
automóvel,	
   ao	
   devedor,	
   que	
   havia	
   adquirido	
   o	
   carro	
   com	
   defeito,	
   será	
   facultado	
   defender-­‐se	
  
mediante	
   arguição	
  da	
  ocorrência	
   de	
   vício	
   redibitório,	
   opondo-­‐se,	
   destarte,	
   ao	
  pagamento.	
  Outro	
  
exemplo:	
  “A”	
  é	
  o	
  devedor	
  de	
  um	
  título	
  de	
  crédito	
  em	
  face	
  de	
  “B”,	
  mas	
  como	
  este	
  também	
  é	
  seu	
  
devedor	
  não	
  pretende	
  efetivar	
  o	
  pagamento	
  direto	
  e	
  sim	
  compensar	
  as	
  dívidas.	
  Diante	
  disso,	
  “B”	
  
resolve	
  transferir	
  a	
  cártula	
  a	
  “C”,	
  que	
  apresenta	
  a	
  “A”	
  para	
  cobrança.	
  
Indaga-­‐se:	
  “A”	
  poderá	
  se	
  opor	
  ao	
  pagamento,	
  alegando	
  a	
  tal	
  compensação?	
  Depende.	
  Se	
  “C”	
  
estava	
  de	
  boa-­‐fé,	
  entra	
  em	
  cena	
  o	
  princípio	
  da	
   inoponibilidade	
  das	
  exceções	
  pessoais	
  como	
  fator	
  
impeditivo	
  da	
  dita	
  defesa.	
  Se,	
  ao	
  revés,	
  “C”	
  procedeu	
  de	
  má-­‐fé,	
  tinha	
  consciência	
  da	
  dívida	
  de	
  “B”	
  
em	
  relação	
  à	
  “A”,	
  este	
  último	
  poderá	
  arguir	
  como	
  defesa	
  a	
  compensação	
  esquivando-­‐se,	
  assim,	
  de	
  
efetuar	
  o	
  pagamento	
  direto	
  do	
  título.	
  
Convém	
  ainda	
  esclarecer	
  que	
  a	
  má-­‐fé,	
   conforme	
   se	
  depreende	
  da	
  análise	
  do	
  art.	
   17	
  da	
   Lei	
  
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   5	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
Uniforme,	
   é	
   analisada	
   no	
   tempo	
  da	
   aquisição	
   do	
   título	
   pelo	
   terceiro.	
   Se	
   este,	
   após	
   adquiri-­‐lo	
   de	
  
boa-­‐fé,	
  vem	
  a	
  tomar	
  conhecimento	
  das	
  relações	
  pessoais	
  arguíveis	
  perante	
  o	
  seu	
  antecessor,	
  esse	
  
fato	
  posterior	
  não	
  impede	
  a	
  aplicação	
  do	
  princípio	
  da	
  inoponibilidade.	
  
Sobre	
   o	
   princípio	
   em	
   estudo,	
   dispõe	
   o	
   art.915	
   do	
   CC:	
   “O	
   devedor	
   além	
   das	
   exceções	
  
fundadas	
   nas	
   relações	
   pessoais	
   que	
   tiver	
   com	
   o	
   portador,	
   só	
   poderá	
   opor	
   a	
   este	
   as	
   exceções	
  
relativas	
  à	
  forma	
  do	
  título	
  e	
  ao	
  seu	
  conteúdo	
  literal,	
  à	
  falsidade	
  da	
  própria	
  assinatura,	
  a	
  defeito	
  
de	
  capacidade	
  ou	
  de	
  representação	
  no	
  momento	
  da	
  subscrição,	
  e	
  à	
  falta	
  de	
  requisito	
  necessário	
  
ao	
  exercício	
  da	
  ação”.	
  
O	
  art.916	
  do	
  CC	
  ainda	
  acrescenta	
  que:	
  “As	
  exceções,	
  fundadas	
  em	
  relação	
  do	
  devedor	
  com	
  
os	
  portadores	
  precedentes,	
  somente	
  poderão	
  ser	
  por	
  ele	
  opostas	
  ao	
  portador,	
  se	
  este,	
  ao	
  adquirir	
  
o	
  título,	
  tiver	
  agido	
  de	
  má-­‐fé”.	
  
	
  
TÍTULOS	
  DE	
  CRÉDITO	
  ELETRÔNICOS	
  
	
  
Referidos	
   títulos	
   de	
   crédito	
   são	
   os	
   emitidos	
   através	
   do	
   computador	
   ou	
   meio	
   técnico	
  
equivalente.	
  Substitui-­‐se	
  o	
  papel	
  pelo	
  meio	
  magnético.	
  
É	
   admitido	
   pelo	
   §3º	
   do	
   art.889	
   do	
   CC,	
   desde	
   que	
   conste	
   da	
   escrituração	
   do	
   emitente	
   e	
  
observe	
  os	
  demais	
  quesitos	
  legais.	
  
Atualmente,	
   apenas	
   a	
   duplicata	
   pode	
   ser	
   emitida	
   de	
   forma	
   virtual,	
   pois	
   o	
   seu	
   aceite	
   é	
  
presumido	
   e	
   a	
   sua	
   escrituração	
   é	
   obrigatória	
   no	
   livro	
   de	
   registro	
   de	
   duplicata.Ademais,	
   na	
  
duplicata,	
  o	
  protesto	
  pode	
  ser	
  por	
  indicações,	
  isto	
  é,	
  o	
  vendedor	
  envia	
  ao	
  Tabelionato	
  de	
  Protesto	
  
um	
   boleto	
   contendo	
   os	
   dados	
   do	
   título.	
   Assim,	
   o	
   saque	
   da	
   duplicata	
   pode	
   ser	
   via	
   e-­‐mail	
   e	
   o	
  
pagamento	
  por	
  transferência	
  bancária	
  eletrônica.	
  Se	
  não	
  houver	
  pagamento,	
  o	
  protesto	
  pode	
  ser	
  
providenciado	
  via	
  e-­‐mail,	
  enviando-­‐se	
  ao	
  Cartório	
  os	
  dados	
  da	
  duplicata,	
  pois	
  o	
  aceite	
  é	
  presumido.	
  
Vê-­‐se	
  assim	
  que	
  é	
  dispensável	
  a	
  cártula	
  (o	
  papel).	
  
	
  
CLASSIFICAÇÃO	
  DOS	
  TÍTULOS	
  DE	
  CRÉDITO	
  
	
  
INTRODUÇÃO	
  
	
  
Os	
  títulos	
  de	
  crédito	
  podem	
  ser:	
  
	
  
Ø de	
  modelo	
  livre	
  e	
  vinculado;	
  
Ø ordem	
  ou	
  promessa	
  de	
  pagamento;	
  
Ø causais,	
  abstratos	
  e	
  limitados;	
  
Ø portador	
  e	
  nominativos;	
  
Ø próprios	
  e	
  impróprios;	
  
Ø típicos	
  e	
  atípicos.	
  
	
  
TÍTULOS	
  DE	
  CRÉDITO	
  DE	
  MODELO	
  LIVRE	
  E	
  VINCULADO	
  
	
  
O	
  título	
  de	
  crédito	
  de	
  modelo	
  livre	
  é	
  o	
  que	
  pode	
  adotar	
  qualquer	
  formato	
  e	
  ter	
  os	
  requisitos	
  
legais	
  lançados	
  sob	
  qualquer	
  tipo	
  de	
  papel.	
  Ingressam	
  nessa	
  categoria,	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  e	
  a	
  nota	
  
promissória.	
  
O	
   título	
   de	
   crédito	
   de	
   modelo	
   vinculado	
   é	
   o	
   que	
   deve	
   observar	
   o	
   formato	
   normativo,	
  
lançando-­‐se	
  os	
  requisitos	
  legais	
  somente	
  no	
  tipo	
  de	
  papel	
  aceito	
  pelo	
  legislador.	
  É	
  o	
  caso	
  do	
  cheque	
  
e	
   da	
   duplicata.	
   Com	
   efeito,	
   no	
   cheque,	
   por	
   exemplo,	
   a	
   assinatura	
   do	
   emitente	
   deve	
   constar	
  
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   6	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
necessariamente	
  no	
  canto	
  inferior	
  direito	
  e	
  o	
  papel	
  admitido	
  é	
  aquele	
  fornecido	
  pelo	
  banco	
  sacado	
  
no	
   formato	
   retangular.	
   A	
   duplicata	
   deve	
   ser	
   confeccionada	
   segundo	
   os	
   padrões	
   do	
   Conselho	
  
Monetário	
  Nacional	
  (art.	
  27	
  da	
  LD	
  –	
  Lei	
  nº	
  5.474,	
  de	
  18.07.1968).	
  
Atente-­‐se,	
  porém,	
  que	
  todos	
  os	
  títulos	
  de	
  crédito,	
  sejam	
  eles	
  de	
  modelo	
   livre	
  ou	
  vinculado,	
  
devem	
  preencher	
  os	
   requisitos	
   fixados	
  na	
   lei,	
  de	
  modo	
  que	
  essa	
  classificação	
  quanto	
  ao	
  modelo,	
  
refere-­‐se	
  apenas	
  ao	
  aspecto	
  estético	
  da	
  cártula.	
  
	
  
ORDEM	
  E	
  PROMESSA	
  DE	
  PAGAMENTO	
  
	
  
Quanto	
  à	
  estrutura,	
  os	
   títulos	
  de	
  crédito	
  podem	
  envolver	
  uma	
  ordem	
  ou	
  uma	
  promessa	
  de	
  
pagamento.	
  
Na	
  ordem	
  de	
  pagamento,	
  estruturam-­‐se	
  três	
  partes,	
  a	
  saber:	
  a	
  parte	
  que	
  dá	
  a	
  ordem,	
  a	
  parte	
  
que	
  deve	
   cumprir	
   a	
   ordem	
  e	
   a	
   parte	
   que	
   é	
   a	
   beneficiária	
   da	
   ordem.	
  Nada	
  obsta	
   que	
  uma	
  única	
  
pessoa	
   assuma	
   simultaneamente	
   o	
   papel	
   de	
   duas	
   partes.	
   No	
   cheque,	
   por	
   exemplo,	
   que	
   é	
   uma	
  
ordem	
  de	
  pagamento,	
  o	
  beneficiário	
  pode	
  ser	
  o	
  próprio	
  emitente.	
  
Na	
  promessa	
  de	
  pagamento,	
  estruturam-­‐se	
  apenas	
  duas	
  partes:	
  a	
  parte	
  que	
  promete	
  efetuar	
  
o	
  pagamento	
  e	
  a	
  parte	
  que	
  é	
  a	
  beneficiária	
  dessa	
  promessa.	
  
A	
  nota	
  promissória	
  é	
  uma	
  promessa	
  de	
  pagamento,	
  ao	
  passo	
  que	
  o	
  cheque,	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  
e	
  a	
  duplicata	
  encerram	
  uma	
  ordem	
  de	
  pagamento.	
  
	
  
TÍTULOS	
  DE	
  CRÉDITO	
  CAUSAIS,	
  ABSTRATOS	
  E	
  LIMITADOS	
  
	
  
Referentemente	
   à	
   hipótese	
   de	
   emissão,	
   os	
   títulos	
   de	
   crédito	
   classificam-­‐se	
   em	
   causais,	
  
abstratos	
  e	
  limitados.	
  
Os	
  títulos	
  causais	
  só	
  podem	
  ser	
  emitidos	
  a	
  partir	
  da	
  ocorrência	
  de	
  determinado	
  fato	
  previsto	
  
na	
   lei,	
   estando,	
   pois,	
   vinculado	
   à	
   sua	
   origem.	
   É	
   o	
   caso	
   da	
   duplicata,	
   cuja	
   emissão	
   só	
   é	
   possível	
  
quando	
  houver	
  uma	
  compra	
  e	
  venda	
  mercantil	
  ou	
  prestação	
  de	
  serviço.	
  Aludido	
  título	
  de	
  crédito	
  
não	
  pode	
  ser	
  utilizado	
  para	
  outros	
  fins.	
  Outro	
  título	
  de	
  crédito	
  causal	
  é	
  o	
  warrant,	
  cuja	
  emissão	
  só	
  é	
  
possível	
  para	
  representar	
  o	
  contrato	
  de	
  depósito	
  de	
  mercadorias	
  em	
  armazéns	
  gerais.	
  
Já	
  os	
   títulos	
  de	
   crédito	
  abstratos	
  ou	
  não-­‐causais	
  podem	
  ser	
  emitidos	
   a	
  partir	
   da	
  prática	
  de	
  
qualquer	
  ato	
  lícito.	
  É	
  o	
  caso	
  do	
  cheque	
  e	
  da	
  nota	
  promissória.	
  
Os	
  títulos	
  de	
  crédito	
   limitados,	
  por	
  sua	
  vez,	
  são	
  aqueles	
  cuja	
  emissão	
  é	
  vedada	
  em	
  algumas	
  
situações	
   legais.	
   É	
   o	
   caso	
   da	
   letra	
   de	
   câmbio,	
   que	
   não	
   pode	
   ser	
   sacada	
   para	
   representar	
   uma	
  
compra	
   e	
   venda	
   mercantil	
   ou	
   uma	
   prestação	
   de	
   serviços	
   de	
   empresas	
   individuais	
   ou	
   coletivas,	
  
fundações	
  ou	
  em	
  sociedades	
  civis,	
  que	
  se	
  dediquem	
  à	
  prestação	
  de	
  serviços.	
  (art.	
  2º	
  e	
  §3º	
  do	
  art.20	
  
da	
  LD).	
  
Convém	
  não	
  confundir	
   títulos	
  de	
  crédito	
  abstratos,	
  que	
  se	
   referem	
  à	
   liberdade	
  de	
  emissão,	
  
diante	
  de	
  qualquer	
  fato	
  lícito,	
  com	
  o	
  princípio	
  da	
  abstração,	
  aplicável	
  a	
  todos	
  os	
  títulos	
  de	
  crédito,	
  
inclusive	
   aos	
   abstratos,	
   que	
   se	
   traduz	
   na	
   desvinculação,	
   após	
   a	
   circulação,	
   da	
   relação	
   jurídica	
  
fundamental	
  que	
  lhe	
  deu	
  origem.	
  
	
  
TÍTULOS	
  DE	
  CRÉDITO	
  AO	
  PORTADOR	
  E	
  NOMINATIVOS	
  
	
  
Quanto	
  à	
  circulação,	
  isto	
  é,	
  à	
  forma	
  de	
  serem	
  transferidos,	
  os	
  títulos	
  de	
  crédito	
  podem	
  ser	
  ao	
  
portador	
  e	
  nominativos.	
  
Os	
  títulos	
  de	
  crédito	
  ao	
  portador	
  são	
  aqueles	
  que	
  não	
  identificam	
  o	
  nome	
  do	
  credor,	
  e,	
  por	
  
isso,	
  circulam-­‐se	
  com	
  a	
  tradição,	
  isto	
  é,	
  com	
  a	
  mera	
  entrega	
  da	
  cártula.	
  Quem	
  a	
  detém	
  presume-­‐se	
  
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   7	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
ser	
  o	
  seu	
  legítimo	
  proprietário.	
  
Os	
   títulos	
   de	
   crédito	
   nominativos,	
   por	
   sua	
   vez,	
   são	
   os	
   que	
   identificam	
   expressamente	
   na	
  
cártula	
   o	
   nome	
   do	
   credor,	
   e,	
   sendo	
   assim,	
   exigem	
   uma	
   transferência	
   solene,	
   por	
   escrito,	
   não	
  
bastando	
  a	
  mera	
  tradição.	
  
	
  
Os	
  títulos	
  de	
  crédito	
  nominativos	
  subdividem-­‐se	
  em:	
  
a)	
  nominativos	
  à	
  ordem:	
  são	
  os	
  que	
  se	
  transferem	
  por	
  endosso;	
  
b)	
  nominativos	
  não	
  à	
  ordem:	
  são	
  os	
  que	
  se	
  transferem	
  por	
  cessão	
  civil	
  de	
  crédito.	
  
A	
   notapromissória,	
   a	
   letra	
   de	
   câmbio	
   e	
   a	
   duplicata	
   são	
   títulos	
   de	
   crédito	
   nominativos,	
  
porquanto	
  não	
  podem	
  ser	
  sacados	
  ao	
  portador.	
  O	
  cheque,	
  até	
  um	
  determinado	
  valor	
  (R$100,00),	
  
admite	
  o	
  saque	
  ao	
  portador,	
  mas	
  acima	
  desse	
  valor	
  deve	
  ser	
  nominativo.	
  
O	
  Código	
  Civil	
  de	
  2002,	
  no	
  entanto,	
  fornece	
  outro	
  conceito	
  de	
  título	
  nominativo.	
  Com	
  efeito,	
  
dispõe	
  o	
  art.	
  921	
  do	
  Código	
  Civil	
  que	
  “é	
  título	
  nominativo	
  o	
  emitido	
  em	
  favor	
  de	
  pessoa	
  cujo	
  nome	
  
conste	
   no	
   registro	
   do	
   emitente”.	
   E,	
   no	
   art.	
   922,	
   salienta	
   que	
   “transfere-­‐se	
   o	
   título	
   nominativo	
  
mediante	
   termo,	
   em	
   registro	
   do	
   emitente,	
   assinado	
   pelo	
   proprietário	
   e	
   pelo	
   adquirente”.	
   Este	
  
conceito	
   não	
   se	
   aplica	
   aos	
   títulos	
   de	
   crédito,	
   pois	
   estes	
   se	
   transferem	
   independentemente	
   de	
  
qualquer	
  registro,	
  aplicando-­‐se,	
  tão	
  somente,	
  às	
  ações	
  nominativas	
  das	
  sociedades	
  anônimas.	
  	
  
	
  
LETRA	
  DE	
  CÂMBIO	
  
	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
A	
   letra	
  de	
  câmbio	
  é	
  uma	
  ordem	
  de	
  pagamento,	
  à	
  vista	
  ou	
  a	
  prazo,	
  que	
  o	
  sacador	
  dirige	
  ao	
  
sacado	
  para	
  que	
  este	
  pague	
  o	
  beneficiário.	
  
Há,	
  em	
  regra,	
  uma	
  relação	
  entre	
  3	
  (três)	
  pessoas:	
  
	
  
a)	
  sacador:	
  é	
  o	
  que	
  emite	
  a	
  Letra	
  de	
  Câmbio;	
  
b)	
  sacado:	
  é	
  o	
  destinatário	
  da	
  ordem,	
  sendo,	
  pois,	
  na	
  hipótese	
  de	
  aceitá-­‐la,	
  o	
  responsável	
  pelo	
  
pagamento;	
  
c)	
   beneficiário	
   ou	
   tomador:	
   é	
   o	
   credor,	
   isto	
   é,	
   a	
   pessoa	
   a	
   quem	
   o	
   pagamento	
   deve	
   ser	
  
efetuado.	
  
	
  
Tomemos	
  o	
  seguinte	
  exemplo:	
  “A”	
  saca	
  uma	
  letra	
  de	
  câmbio	
  em	
  favor	
  de	
  “B”	
  no	
  valor	
  de	
  R$	
  
500,00	
  (quinhentos	
  reais),	
  nela	
  ordenando	
  que	
  o	
  pagamento	
  seja	
  efetuado	
  por	
  “C”.	
  Este	
  último,	
  ao	
  
aceitar	
  a	
  ordem,	
  passa	
  a	
  ser	
  o	
  devedor	
  principal	
  do	
  título.	
  
É	
   possível	
   que,	
   ao	
   invés	
   de	
   três,	
   hajam	
   apenas	
   duas	
   pessoas,	
   porquanto	
   a	
   Lei	
   Uniforme	
  
permite	
   que	
   a	
   letra	
   de	
   câmbio	
   seja	
   emitida	
   em	
   favor	
   do	
   próprio	
   sacador,	
   assumindo	
   ele	
  
simultaneamente	
  a	
  posição	
  de	
  sacador	
  e	
  tomador	
  (credor),	
  outrossim,	
  permite	
  que	
  o	
  sacador	
  seja	
  o	
  
sacado,	
   sendo	
   que,	
   nesse	
   caso,	
   	
   a	
   ordem	
   de	
   pagamento	
   é	
   dirigida	
   a	
   ele	
   mesmo	
   para	
   pagar	
   o	
  
terceiro	
  beneficiado.	
  
	
  Conquanto	
  não	
  usual	
  no	
  direito	
  brasileiro,	
  sobretudo	
  porque	
  a	
  duplicata	
  tomou-­‐lhe	
  o	
   lugar	
  
de	
  preferência	
  dos	
  empresários,	
  a	
  ponto	
  de	
  a	
   legislação	
  até	
  proibir	
  a	
  emissão	
  da	
   letra	
  de	
  câmbio	
  
para	
  representar	
  a	
  compra	
  e	
  venda	
  mercantil	
  e	
  prestação	
  de	
  serviços,	
  o	
  certo	
  é	
  que	
  o	
  seu	
  estudo	
  
ainda	
  revela-­‐se	
  útil	
  didaticamente	
  à	
  medida	
  em	
  que	
  franqueia	
  um	
  estudo	
  mais	
  amplo	
  acerca	
  dos	
  
principais	
  institutos	
  do	
  direito	
  cambial.	
  
	
  	
  
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   8	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
REQUISITOS	
  
	
  
	
  É	
  sabido	
  que,	
  dentre	
  os	
  requisitos	
  dos	
  atos	
  jurídicos	
  em	
  geral,	
  destacam-­‐se	
  os	
  seguintes:	
  
	
  
a)	
  agente	
  capaz;	
  
b)	
  objeto	
  lícito;	
  
c)	
  consentimento.	
  
	
  
A	
  afronta	
  a	
  esses	
  requisitos,	
  no	
  entanto,	
  não	
  tem	
  o	
  condão	
  de	
  anular	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio,	
  tendo	
  
em	
  vista	
  que	
  sobre	
  os	
  títulos	
  de	
  crédito	
  incide	
  o	
  princípio	
  da	
  autonomia	
  das	
  obrigações	
  cambiais.	
  
Com	
  efeito,	
  de	
  acordo	
  com	
  o	
  princípio	
  da	
  autonomia	
  não	
  se	
  pode	
  anular	
  a	
   letra	
  de	
  câmbio	
  
pelo	
  fato	
  de	
  ter	
  sido	
  emitida	
  por	
  incapaz	
  ou	
  conter	
  vício	
  de	
  consentimento	
  ou	
  ainda	
  adulteração	
  ou	
  
falsificação	
  de	
  alguma	
  assinatura.	
  	
  	
  
De	
  fato	
  dispõe	
  o	
  art.	
  7º	
  da	
  Lei	
  Uniforme:	
  
	
  
“Se	
  a	
   letra	
  contém	
  assinaturas	
  de	
  pessoas	
   incapazes	
  de	
  se	
  obrigarem	
  por	
   letras,	
  assinaturas	
  
falsas,	
  assinatura	
  de	
  pessoas	
   fictícias,	
  ou	
  assinaturas	
  que	
  por	
  qualquer	
  outra	
   razão	
  não	
  poderiam	
  
obrigar	
  as	
  pessoas	
  que	
  assinaram	
  a	
  letra,	
  ou	
  em	
  nome	
  das	
  quais	
  ela	
  foi	
  assinada,	
  as	
  obrigações	
  dos	
  
outros	
  signatários	
  nem	
  por	
  isso	
  deixam	
  de	
  ser	
  válidas”.	
  	
  
	
  
Igualmente,	
   quando	
   o	
   objeto	
   for	
   ilícito,	
   como	
   a	
   dívida	
   de	
   jogo,	
   a	
   letra	
   de	
   câmbio	
   não	
   é	
  
contaminada,	
   porque	
   sendo	
   ela	
   um	
   título	
   abstrato	
   não	
   há	
   que	
   se	
   perquirir,	
   após	
   ser	
   posta	
   em	
  
circulação,	
  da	
  causa	
  que	
  lhe	
  deu	
  origem,	
  limitando-­‐se	
  a	
  nulidade	
  à	
  relação	
  jurídica	
  envolvendo	
  as	
  
partes	
  originárias,	
  mas	
  sem	
  estender	
  esse	
  vício	
  aos	
   terceiros	
  de	
  boa-­‐fé,	
   relativizando-­‐se,	
  assim,	
  a	
  
importância	
  do	
  objeto	
  lícito	
  para	
  a	
  validade	
  das	
  obrigações	
  cambiais.	
  
Do	
  exposto	
  se	
  conclui	
  que	
  os	
  requisitos	
  aplicáveis	
  aos	
  atos	
  jurídicos	
  em	
  geral	
  não	
  se	
  amoldam	
  
na	
  integridade	
  aos	
  títulos	
  de	
  crédito,	
  pois	
  estes	
  possuem	
  requisitos	
  específicos.	
  
Referentemente	
  à	
  letra	
  de	
  câmbio,	
  os	
  requisitos	
  desdobram-­‐se	
  em	
  essenciais	
  e	
  facultativos.	
  
	
  
REQUISITOS	
  ESSENCIAIS	
  
	
  
Os	
  requisitos	
  essenciais	
  são	
  aqueles	
  necessários	
  à	
  constituição	
  válida	
  da	
  letra,	
  de	
  modo	
  que	
  a	
  
sua	
   falta	
  a	
  desconfigura	
  como	
  título	
  de	
  crédito,	
   inviabilizando	
  o	
  ajuizamento	
  da	
  ação	
  cambial,	
  do	
  
endosso,	
  do	
  aval	
  e	
  de	
  outros	
  atos	
  exclusivos	
  do	
  direito	
  cambiário.	
  
Esses	
  requisitos	
  essenciais	
  da	
  letra	
  de	
  câmbio	
  são	
  os	
  seguintes:	
  
	
  
a)	
  a	
  denominação	
  da	
  expressão	
  “letra	
  de	
  câmbio”	
  no	
  texto	
  do	
  título,	
  no	
  idioma	
  utilizado	
  para	
  
a	
  sua	
  redação.	
  Não	
  basta	
  que	
  conste	
  “letra	
  de	
  câmbio”	
  como	
  sendo	
  o	
  título	
  do	
  documento,	
  pois	
  a	
  
lei	
  exige	
  que	
  esta	
  expressão	
  conste	
  no	
  próprio	
  texto	
  da	
  cambial	
  (exemplo:	
  no	
  dia	
  10	
  de	
  janeiro	
  de	
  
2010,	
  Vossa	
  Senhoria	
  pagará	
  o	
  valor	
  contido	
  nesta	
  letra	
  de	
  câmbio	
  etc”).	
  Fran	
  Martins	
  não	
  aceita	
  a	
  
abreviatura	
  “letra”,	
  mas,	
  em	
  Portugal,	
  o	
  título	
  é	
  denominado	
  também	
  “letra”,	
  e,	
  por	
  consequência,	
  
já	
  que	
  a	
  língua	
  portuguesa	
  é	
  a	
  mesma,	
  nada	
  obsta	
  essa	
  forma	
  abreviada.	
  
b)	
  a	
  quantia	
  determinada	
  que	
  deve	
  ser	
  paga	
  em	
  dinheiro.	
  Se	
  houver	
  divergênciaentre	
  o	
  valor	
  
numérico	
  e	
  o	
  escrito	
  por	
  extenso,	
  este	
  último	
  é	
  o	
  que	
  prevalece.	
  No	
  Brasil,	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  deve	
  
ser	
  paga	
  em	
  real,	
  que	
  é	
  a	
  moeda	
  de	
  curso	
  forçado,	
  sendo	
  nulo,	
  em	
  regra,	
  pagamento	
  estipulado	
  em	
  
ouro	
  ou	
  outra	
  moeda	
  estrangeira,	
  salvo	
  quando	
  o	
  sacada	
  por	
  devedor	
  ou	
  credor	
  que	
  resida	
  fora	
  do	
  
Brasil	
  ou	
  quando	
  o	
  saque	
  da	
  letra	
  decorrer	
  de	
  obrigação	
  assumida	
  no	
  exterior.	
  
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   9	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
	
  
Quanto	
  à	
  cláusula	
  de	
   juros,	
  o	
  sacador	
  só	
  poderá	
  estipular	
  nas	
   letras	
  de	
  câmbio	
  à	
  vista	
  ou	
  a	
  
certo	
   termo	
   de	
   vista,	
   fluindo	
   da	
   data	
   do	
   título,	
   se	
   outra	
   data	
   não	
   for	
   indicada	
   (art.	
   5º	
   da	
   Lei	
  
Uniforme).	
  Logo,	
  para	
  essa	
  letra	
  de	
  câmbio	
  não	
  se	
  aplica	
  o	
  art.890	
  do	
  CC,	
  que	
  reputa	
  não	
  escritas	
  
no	
   título	
   a	
   cláusula	
   de	
   juros.	
   Nas	
   letras	
   de	
   câmbio	
   em	
   dia	
   certo	
   ou	
   a	
   certo	
   termo	
   da	
   data,	
   a	
  
estipulação	
  de	
  juros	
  será	
  considerada	
  não	
  escrita.	
  A	
  taxa	
  de	
  juros,	
  diante	
  da	
  reserva	
  prevista	
  no	
  art.	
  
13	
  do	
  anexo	
  II,	
  não	
  é	
  a	
  prevista	
  na	
  Lei	
  Uniforme	
  e	
  sim	
  a	
  devida	
  em	
  caso	
  de	
  mora	
  no	
  pagamento	
  de	
  
tributos	
  devidos	
  à	
  Fazenda	
  Pública.	
  
Quanto	
   à	
   correção	
   monetária,	
   por	
   ser	
   mera	
   atualização	
   do	
   débito,	
   incide	
   a	
   partir	
   do	
  
vencimento,	
  nos	
  termos	
  da	
  Lei	
  nº	
  6.899/81.	
  
Por	
   outro	
   lado,	
   a	
   cláusula	
   à	
   ordem	
   encontra-­‐se	
   implícita	
   na	
   letra	
   de	
   câmbio,	
   pois	
   esta	
   diz	
  
respeito	
   ao	
   pagamento	
   de	
   quantia	
   determinada,	
   prescindindo-­‐se	
   de	
   menção	
   expressa.	
   Não	
  
obstante	
  implícita	
  essa	
  cláusula	
  à	
  ordem,	
  o	
  art.	
  11	
  da	
  Lei	
  Uniforme	
  admite	
  a	
  inserção	
  expressa	
  da	
  
cláusula	
  “não	
  à	
  ordem”,	
   inclusive	
  no	
  momento	
  do	
  saque,	
   lançando	
  mão	
  desse	
  artifício	
  o	
  sacador	
  
impede	
  que	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  se	
  transmita	
  pelo	
  endosso.	
  
A	
   expressão	
   “quantia	
   determinada”	
   confere	
   à	
   letra	
   de	
   câmbio	
   o	
   caráter	
   de	
   ordem	
   de	
  
pagamento	
   incondicional,	
   isto	
   é,	
   pura	
   e	
   simples,	
   caso	
   nela	
   conste	
   alguma	
   condição	
   como,	
   por	
  
exemplo,	
   o	
   pagamento	
  mediante	
   a	
   contraprestação	
   da	
   entrega	
   da	
  mercadoria,	
   o	
   título	
   não	
   será	
  
uma	
   letra	
   de	
   câmbio,	
   mas	
   outro	
   documento	
   qualquer.	
   Quanto	
   à	
   fixação	
   do	
   valor	
   em	
   índice	
  
indexador,	
  ao	
  tempo	
  das	
  extintas	
  ORTNs,	
  decidem-­‐se	
  que	
  o	
  valor	
  do	
  débito	
  expresso	
  em	
  ORTN	
  é	
  
determinado,	
   pois	
   basta	
   uma	
  mera	
   conversão	
   (RT	
   579/113),	
  mas	
   há	
   posicionamento	
   no	
   sentido	
  
contrário,	
  descaracterizando	
  o	
  documento	
  como	
  título	
  de	
  crédito	
  (RT	
  604/188),	
  porquanto	
  a	
  Lei	
  nº	
  
6.899/81,	
  que	
  é	
  de	
  ordem	
  pública,	
  só	
  permite	
  a	
  correção	
  monetária	
  após	
  o	
  vencimento.	
  
c)	
   nome	
   do	
   sacado,	
   que	
   é	
   a	
   pessoa	
   que	
   deve	
   pagar,	
   contra	
   o	
   qual	
   a	
   ordem	
   é	
   dirigida.	
   De	
  
acordo	
  com	
  a	
  Lei	
  nº	
  6.268/75,	
  ele	
  deve	
  ser	
  identificado	
  pelo	
  número	
  do	
  CPF,	
  RG,	
  Título	
  de	
  Eleitor	
  e	
  
Carteira	
  de	
  Trabalho	
  e	
  Previdência	
  Social	
  (CTPS);	
  
d)	
  nome	
  do	
  tomador,	
  que	
  é	
  o	
  credor,	
  a	
  pessoa	
  a	
  quem	
  deve	
  ser	
  efetuado	
  o	
  pagamento.	
  Vê-­‐se	
  
assim	
  que,	
  no	
  momento	
  do	
  saque,	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  não	
  pode	
  ser	
  ao	
  portador.	
  Conquanto	
  o	
  saque	
  
seja	
  sempre	
  nominativo,	
  o	
  endosso,	
  isto	
  é,	
  a	
  transferência	
  do	
  título,	
  pode	
  ser	
  em	
  branco,	
  vale	
  dizer,	
  
sem	
  que	
  haja	
  necessidade	
  de	
  se	
  identificar	
  o	
  endossatário.	
  	
  Se	
  o	
  saque	
  for	
  ao	
  portador,	
  o	
  título	
  não	
  
será	
   uma	
   letra	
   de	
   câmbio.	
   Após	
   o	
   saque	
   nominativo	
   pode	
   ocorrer	
   o	
   endosso	
   em	
   branco	
  
transmudando-­‐se	
  o	
  título	
  em	
  ao	
  portador.	
  
e)	
  assinatura	
  do	
  sacador,	
  a	
  pessoa	
  que	
  dá	
  a	
  ordem.	
  A	
  assinatura	
  por	
  rubrica	
  mecânica	
  só	
  é	
  
possível	
   no	
   cheque	
   e	
   na	
   duplicata,	
   sendo	
   vedada	
   para	
   a	
   letra	
   de	
   câmbio	
   e	
   nota	
   promissória.	
  
Referentemente	
  ao	
  analfabeto	
  e	
  a	
  pessoa	
  que	
  não	
  pode	
  assinar,	
  para	
  sacar	
  uma	
   letra	
  de	
  câmbio	
  
terá	
  que	
  constituir	
  procurador	
  por	
   instrumento	
  público,	
   conferindo-­‐lhe	
  poderes	
  especiais,	
  não	
  se	
  
admitindo	
   a	
   assinatura	
   a	
   rogo	
   e	
   nem	
  por	
  meio	
  de	
   impressão	
  digital.	
   Justificam-­‐se	
   essas	
   cautelas	
  
porque	
  o	
  sacador,	
  quando	
  o	
  sacado	
  não	
  aceita	
  a	
  letra,	
  torna-­‐se	
  o	
  devedor	
  principal	
  do	
  título.	
  
f)	
  data	
  do	
  saque.	
  A	
   letra	
  quando	
  é	
  sacada	
  é	
  denominada	
  de	
   letra	
  passada.	
  Trata-­‐se	
  de	
  uma	
  
terminologia	
   às	
   vezes	
   usada	
   pela	
   Lei	
   Uniforme.	
   É	
   pela	
   data	
   do	
   saque	
   que	
   é	
   possível	
   aferir	
   se	
   o	
  
sacador	
  era	
  menor	
  ou	
  falido.	
  	
  
	
  
REQUISITOS	
  FACULTATIVOS	
  
	
  
Os	
  requisitos	
  facultativos	
  ou	
  supríveis	
  são	
  aqueles	
  cuja	
  ausência	
  não	
  desconfigura	
  a	
  letra	
  de	
  
câmbio	
  como	
  título	
  de	
  crédito,	
  pois	
  a	
  própria	
  Lei	
  Uniforme	
  se	
  encarrega	
  de	
  supri-­‐los.	
  
Aludidos	
  requisitos	
  são	
  os	
  seguintes:	
  
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CPF - ###.###.###-##
 
	
  
	
  
	
  10	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
	
  
a)	
  lugar	
  do	
  saque.	
  Se	
  não	
  constar	
  o	
  lugar	
  do	
  saque,	
  a	
  Lei	
  Uniforme	
  considera	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  
sacada	
  no	
  lugar	
  mencionado	
  ao	
  lado	
  do	
  nome	
  do	
  sacador,	
  mas	
  se	
  este	
  lugar	
  também	
  não	
  constar	
  
na	
  cártula,	
  o	
  documento	
  não	
  será	
  uma	
  letra	
  de	
  câmbio,	
   logo,	
  pelo	
  menos	
  um	
  desses	
  dois	
   lugares	
  
deve	
  constar	
  na	
  letra	
  de	
  câmbio;	
  
b)	
  lugar	
  do	
  pagamento.	
  Se	
  não	
  constar	
  o	
  lugar	
  do	
  pagamento,	
  a	
  Lei	
  Uniforme	
  preceitua	
  que	
  o	
  
lugar	
   do	
   pagamento	
   é	
   aquele	
   que	
   consta	
   ao	
   lado	
   do	
   nome	
   do	
   sacado	
   e,	
   caso	
   nada	
   conste,	
   o	
  
documento	
  não	
   será	
   uma	
   letra	
   de	
   câmbio,	
   e,	
   por	
   isso,	
   um	
  desses	
   dois	
   lugares	
   devem	
   figurar	
   na	
  
cártula.	
   Ainda	
   no	
   tocante	
   ao	
   lugar	
   do	
   pagamentoquando	
   for	
   um	
   lugar	
   diverso	
   do	
   domicílio	
   do	
  
sacado,	
  o	
  título	
  denomina-­‐se	
  letra	
  domiciliada.	
  	
  
c)	
  época	
  do	
  pagamento.	
  Em	
  faltando	
  o	
  tempo	
  do	
  pagamento,	
  a	
  Lei	
  Uniforme	
  reputa	
  a	
  letra	
  de	
  
câmbio	
  à	
  vista,	
  pagável	
  tão	
  logo	
  seja	
  apresentada	
  ao	
  devedor.	
  Alguns	
  autores	
  classificam	
  apenas	
  a	
  
época	
  do	
  pagamento	
  como	
  requisito	
  facultativo,	
  porque	
  o	
   lugar	
  do	
  saque	
  ou	
  do	
  pagamento	
  ou	
  o	
  
lugar	
  mencionado	
  ao	
  lado	
  do	
  nome	
  do	
  sacador	
  ou	
  do	
  sacado,	
  respectivamente,	
  devem	
  constar	
  no	
  
título,	
  um	
  ou	
  outro,	
  sob	
  pena	
  de	
  o	
  mesmo	
  se	
  desconstituir	
  como	
  título	
  de	
  crédito.	
  	
  
	
  
MOMENTO	
  DO	
  PREENCHIMENTO	
  DOS	
  REQUISITOS	
  
	
  
Sobre	
  o	
  assunto,	
  dispõe	
  a	
  súmula	
  387	
  do	
  STF:	
  
“A	
  cambial	
  emitida	
  ou	
  aceita	
  com	
  omissão	
  ou	
  em	
  branco,	
  pode	
  ser	
  completada	
  pelo	
  credor	
  de	
  
boa-­‐fé,	
  antes	
  da	
  cobrança	
  ou	
  do	
  protesto”.	
  
O	
   art.891	
   do	
   CC	
   também	
   reza	
   que:	
   “O	
   título	
   de	
   crédito,	
   incompleto	
   ao	
   tempo	
   da	
   emissão,	
  
deve	
  ser	
  preenchido	
  de	
  conformidade	
  com	
  os	
  ajustes	
  realizados”.	
  
Vê-­‐se	
  assim	
  que	
  é	
  inadmissível	
  a	
  cobrança,	
  a	
  execução	
  ou	
  o	
  protesto	
  de	
  título	
  de	
  crédito	
  que	
  
não	
  esteja	
  devidamente	
  preenchido.	
  
	
  
ACEITE	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
O	
  aceite	
  é	
  o	
  ato	
  cambial	
  pelo	
  qual	
  o	
  sacado	
  de	
  uma	
  ordem	
  de	
  pagamento	
  à	
  prazo	
  concorda	
  
em	
  se	
  obrigar	
  a	
  efetuar	
  o	
  pagamento,	
  no	
  vencimento	
  do	
  título	
  que	
  lhe	
  é	
  apresentado.	
  
O	
  sacado,	
  antes	
  do	
  aceite,	
  não	
  é	
  ainda	
  devedor	
  da	
  letra.	
  Aliás,	
  na	
  letra	
  de	
  câmbio	
  o	
  aceite	
  é	
  
facultativo.	
   Mas,	
   ao	
   aceitá-­‐la,	
   o	
   sacado	
   passa	
   a	
   se	
   chamar	
   aceitante,	
   tornando-­‐se	
   o	
   devedor	
  
principal	
  do	
  título.	
  Assim,	
  a	
  letra	
  de	
  câmbio	
  à	
  prazo	
  é	
  apresentada	
  ao	
  sacado	
  duas	
  vezes.	
  A	
  primeira	
  
é	
  para	
  o	
  aceite,	
  a	
  segunda,	
  para	
  o	
  pagamento.	
  
	
  
FORMA	
  DO	
  ACEITE	
  
	
  
É	
  denominado	
  “vista”	
  ou	
  “vista	
  para	
  aceite”	
  ou	
  apresentação	
  o	
  ato	
  pelo	
  qual	
  o	
  portador	
  da	
  
letra	
  a	
  apresenta	
  ao	
  sacado	
  para	
  que	
  este	
  dê	
  sua	
  anuência	
  ao	
  pagamento.	
  
O	
  aceite	
  é	
  escrito	
  na	
  própria	
  letra.	
  Exprime-­‐se	
  pela	
  palavra	
  “aceite”	
  ou	
  qualquer	
  outra	
  palavra	
  
equivalente	
  como,	
  por	
  exemplo,	
  a	
  expressão	
  “de	
  acordo”.	
  
Vale	
  também	
  como	
  aceite	
  a	
  simples	
  assinatura	
  do	
  sacado	
  aposta	
  no	
  anverso	
  da	
  letra.	
  	
  	
  
Em	
  resumo,	
  o	
  aceite,	
  no	
  anverso,	
  pode	
  se	
  expressar	
  com	
  a	
  mera	
  assinatura	
  do	
  sacado,	
  mas,	
  
no	
   verso,	
   além	
   dessa	
   assinatura	
   é	
   preciso	
   a	
   inserção	
   escrita	
   da	
   palavra	
   “aceite	
   ou	
   outra	
  
equivalente”.	
  
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   11	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
	
  
EFEITOS	
  DO	
  ACEITE	
  
	
  
O	
  aceite	
  produz	
  dois	
  efeitos:	
  	
  
O	
   primeiro	
   é	
   meramente	
   formal,	
   pois	
   consiste	
   no	
   fato	
   de	
   sacado	
   passar	
   a	
   se	
   chamar	
  
aceitante.	
  
O	
   segundo	
   é	
   que	
   o	
   aceitante	
   torna-­‐se	
   o	
   devedor	
   principal	
   do	
   título.	
   Sendo	
   assim,	
   com	
   o	
  
vencimento	
  do	
  título,	
  o	
  aceitante	
  é	
  o	
  que	
  deve	
  ser	
  cobrado	
  em	
  primeiro	
  lugar.	
  Quanto	
  aos	
  outros	
  
coobrigados,	
   ostentam	
   responsabilidade	
   subsidiária	
   ou	
   indireta,	
   de	
  modo	
   que	
   cobrança	
   só	
   pode	
  
recair	
  sobre	
  eles	
  quando	
  houver	
  a	
  inadimplência	
  do	
  aceitante.	
  	
  	
  
	
  
PRAZO	
  DE	
  APRESENTAÇÃO	
  PARA	
  ACEITE	
  
	
  
Quanto	
  ao	
  prazo	
  de	
  apresentação	
  para	
  aceite,	
  cumpre	
  distinguir	
  as	
  seguintes	
  modalidades	
  de	
  
letra	
  de	
  câmbio:	
  
	
  
a)	
   letra	
  de	
  câmbio	
  à	
  vista:	
  é	
  a	
  que	
  se	
  vence	
  com	
  a	
  sua	
  apresentação	
  ao	
  sacado,	
  e,	
  por	
   isso,	
  
nessa	
   letra,	
   não	
   há	
   aceite,	
   porque	
   ela	
   é	
   apresentada	
   ao	
   sacado	
   para	
   pagamento.	
   A	
   propósito	
   o	
  
aceite	
   é	
   o	
   ato	
   típico	
   de	
   ordem	
   de	
   pagamento	
   à	
   prazo.	
   Quanto	
   a	
   letra	
   à	
   vista,	
   é	
   pagável	
   à	
  
apresentação.	
   Deve	
   ser	
   apresentada	
   para	
   pagamento	
   dentro	
   do	
   prazo	
   de	
   um	
   ano,	
   a	
   contar	
   do	
  
saque,	
   mas	
   o	
   sacador	
   pode	
   reduzir	
   este	
   prazo	
   ou	
   estipular	
   um	
   outro	
   mais	
   longo.	
   Estes	
   prazos	
  
podem	
  ainda	
  ser	
  encurtados	
  pelo	
  endossante,	
  beneficiando-­‐se,	
  nesse	
  caso,	
  somente	
  ele.	
  Depois	
  de	
  
expirado	
  esses	
  prazos	
  o	
  portador	
  perde	
  o	
  direito	
  de	
  ação	
  contra	
  o	
  sacador,	
  endossantes	
  e	
  avalistas,	
  
mas,	
  mantém-­‐se	
  intacto	
  o	
  seu	
  direito	
  contra	
  o	
  aceitante.	
  
b)	
   letra	
  de	
  câmbio	
  a	
  certo	
  termo	
  da	
  vista:	
  é	
  a	
  que	
  se	
  vence	
  num	
  determinado	
  período	
  cujo	
  
termo	
  inicial	
  é	
  a	
  data	
  do	
  aceite	
  ou	
  do	
  protesto.	
  Deve	
  ser	
  apresentada	
  ao	
  aceite	
  dentro	
  do	
  prazo	
  de	
  
um	
  ano	
  a	
  contar	
  do	
  saque,	
  sob	
  pena	
  de	
  o	
  portador	
  perder	
  o	
  direito	
  de	
  regresso	
  contra	
  o	
  sacador,	
  
endossantes	
  e	
  avalistas,	
  exceto	
  contra	
  o	
  aceitante	
  (art.	
  53	
  da	
  Lei	
  Uniforme).	
  O	
  sacador	
  pode	
  reduzir	
  
este	
  prazo	
  ou	
  estipular	
  outro	
  maior;	
  esses	
  prazos	
  podem	
  ser	
  reduzidos	
  pelo	
  endossante	
  (art.22	
  da	
  
Lei	
   Uniforme),	
   mas	
   só	
   aproveita	
   ao	
   respectivo	
   endossante	
   (art.	
   53,	
   último	
   parágrafo,	
   da	
   Lei	
  
Uniforme).	
  
c)	
   letra	
  de	
  câmbio	
  a	
  certo	
  termo	
  de	
  data:	
  é	
  aquela	
  cujo	
  prazo	
  de	
  vencimento	
  opera-­‐se	
  num	
  
determinado	
  período	
  que	
  é	
  contado	
  a	
  partir	
  da	
  data	
  do	
  saque.	
  Deve	
  ser	
  apresentada	
  para	
  aceite	
  
até	
  o	
  vencimento,	
  mas	
  o	
  portador	
  só	
  perderá	
  o	
  direito	
  de	
  regresso	
  contra	
  o	
  sacador,	
  endossantes	
  e	
  
avalistas	
  depois	
  de	
  expirados	
  o	
  prazo	
  para	
  se	
  fazer	
  o	
  protesto,	
  mantendo-­‐se,	
  no	
  entanto,	
  o	
  direito	
  
de	
  cobrar	
  o	
  aceitante	
  (art.	
  53	
  da	
  Lei	
  Uniforme).	
  
d)	
   letra	
  de	
  câmbio	
  em	
  data	
  certa:	
  é	
  a	
  pagável	
  num	
  dia	
   fixado.	
  Deve	
  ser	
  apresentada,	
  até	
  o	
  
vencimento,	
   ao	
   aceite	
   do	
   sacado	
   (art.	
   21	
  da	
   Lei	
  Uniforme),	
  mas	
  o	
  portador,	
   tal	
   qual	
   na	
   situação	
  
acima,	
   só	
   perderá	
   o	
   direito	
   de	
   regresso	
   contra	
   o	
   sacador,	
   endossantes	
   e	
   avalistas	
   depois	
   de	
  
expirado	
   o	
   prazo	
   fixado	
   para	
   se	
   fazer	
   o	
   protesto,	
   mantendo-­‐se,	
   contudo,	
   odireito	
   de	
   cobrar	
   o	
  
aceitante	
  (art.	
  53	
  da	
  Lei	
  Uniforme).	
  
	
  
RECUSA	
  AO	
  ACEITE	
  
	
  
A	
  recusa	
  de	
  aceite	
  gera	
  o	
  vencimento	
  antecipado	
  do	
  título,	
  autorizando-­‐se,	
  desde	
  logo,	
  cobrá-­‐
lo	
  dos	
  demais	
  coobrigados	
  (sacador,	
  endossantes	
  e	
  avalistas),	
  liberando-­‐se	
  o	
  sacado.	
  
A	
  recusa	
  de	
  aceite	
  deve	
  ser	
  comprovada	
  por	
  um	
  ato	
  formal	
  (protesto	
  por	
  falta	
  de	
  aceite),	
  sob	
  
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  12	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
pena	
   de	
   o	
   portador	
   também	
   perder	
   os	
   seus	
   direitos	
   de	
   ação	
   contra	
   os	
   endossantes,	
   contra	
   o	
  
sacador	
  e	
  contra	
  os	
  outros	
  coobrigados	
  (art.	
  53	
  da	
  Lei	
  Uniforme).	
  
	
  
ACEITE	
  LIMITADO	
  OU	
  PARCIAL	
  
	
  
Aceite	
  limitativo	
  ou	
  parcial	
  é	
  aquele	
  em	
  que	
  o	
  sacado	
  reduz,	
  na	
  letra,	
  a	
  quantia	
  que	
  concorda	
  
em	
  pagar.	
  Numa	
  letra	
  de	
  câmbio	
  de	
  cinco	
  mil	
  reais,	
  por	
  exemplo,	
  ele	
  aceita	
  apenas	
  três	
  mil	
  reais.	
  
Nesse	
   caso,	
   o	
   aceitante	
   responsabiliza-­‐se	
   pelo	
   pagamento,	
   no	
   vencimento	
   normal,	
   até	
   o	
  
limite	
  do	
  valor	
  aceito.	
  
ACEITE	
  MODIFICATIVO	
  
	
  
No	
  aceite	
  modificativo,	
  o	
  sacado	
  altera	
  as	
  condições	
  do	
  pagamento.	
  Exemplo:	
  numa	
  letra	
  de	
  
câmbio	
  em	
  data	
  certa,	
  o	
  sacado	
  aceita	
  pagá-­‐la	
  em	
  determinado	
  dia,	
  diverso	
  do	
  fixado.	
  
Conquanto	
  o	
  aceitante	
  se	
  vincule	
  ao	
  pagamento	
  total,	
  nos	
  termos	
  do	
  seu	
  aceite,	
  o	
  certo	
  é	
  que	
  
semelhante	
  comportamento	
  equivale	
  à	
  recusa	
  do	
  aceite	
  em	
  relação	
  às	
  cláusulas	
  originais	
  do	
  título,	
  
provocando,	
  por	
   isso,	
  o	
  vencimento	
  antecipado	
  de	
  todo	
  o	
  débito	
  quanto	
  aos	
  demais	
  coobrigados	
  
(sacador,	
  endossantes	
  e	
  avalistas).	
  
A	
  propósito,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  26	
  da	
  Lei	
  Uniforme:	
  
	
  
“O	
   aceite	
   é	
   ato	
   puro	
   e	
   simples,	
   mas	
   o	
   sacado	
   pode	
   limitá-­‐lo	
   a	
   uma	
   parte	
   da	
   importância	
  
sacada.	
  Qualquer	
  outra	
  modificação	
  introduzida	
  pelo	
  aceite	
  no	
  enunciado	
  da	
  letra	
  equivale	
  a	
  uma	
  
recusa	
  de	
  aceite.	
  O	
  aceitante	
  fica,	
  todavia,	
  obrigado	
  nos	
  termos	
  do	
  seu	
  aceite”.	
  
	
  
CLÁUSULA	
  SEM	
  ACEITE	
  OU	
  NÃO	
  ACEITÁVEL	
  
	
  
Por	
  meio	
   desta	
   cláusula,	
   o	
   sacador	
   proíbe,	
   na	
   própria	
   letra,	
   que	
   esta	
   seja	
   apresentada	
   ao	
  
sacado	
  para	
  aceite	
  antes	
  do	
  vencimento.	
  E,	
  com	
   isso,	
  evita-­‐se	
  o	
  vencimento	
  antecipado	
  do	
  título	
  
pela	
  recusa	
  do	
  aceite.	
  Referida	
  cláusula,	
  que	
  faz	
  com	
  que	
  a	
  letra	
  seja	
  apresentada	
  ao	
  sacado	
  apenas	
  
para	
  pagamento,	
  não	
  pode,	
  nos	
  termos	
  do	
  art.	
  22	
  da	
  Lei	
  Uniforme,	
  ser	
  inserida	
  em	
  duas	
  situações:	
  
a)	
  letra	
  domiciliada,	
  isto	
  é,	
  pagável	
  em	
  domicílio	
  de	
  terceiro,	
  vale	
  dizer,	
  em	
  localidade	
  diversa	
  
da	
  do	
  domicílio	
  do	
  sacado;	
  
b)	
  letra	
  de	
  câmbio	
  a	
  certo	
  termo	
  de	
  vista,	
  que	
  é	
  aquela	
  em	
  que	
  o	
  termo	
  inicial	
  do	
  vencimento	
  
é	
  a	
  data	
  do	
  aceite.	
  
	
  
O	
  sacador	
  pode	
  também	
  estipular	
  que	
  a	
  apresentação	
  ao	
  aceite	
  não	
  poderá	
  efetuar-­‐se	
  antes	
  
de	
  determinada	
  data.	
  Esta	
  medida	
  é	
  similar	
  à	
  cláusula	
  sem	
  aceite.	
  
	
  	
  
CANCELAMENTO	
  DO	
  ACEITE	
  
	
  
Dispõe	
  o	
  art.	
  29,	
  1ª	
  parte,	
  da	
  Lei	
  Uniforme:	
  
“Se	
   o	
   sacado,	
   antes	
   da	
   restituição	
   da	
   letra,	
   riscar	
   o	
   aceite	
   que	
   tiver	
   dado,	
   tal	
   aceite	
   é	
  
considerado	
  como	
  recusado”.	
  
	
  
Esta	
  norma,	
   como	
  se	
  vê,	
  autoriza	
  o	
   cancelamento	
  do	
  aceite	
  pelo	
   sacado,	
  desde	
  que	
  este	
  o	
  
risque	
  antes	
  de	
  devolver	
  o	
  título	
  ao	
  tomador	
  (credor),	
  pois,	
  após	
  a	
  restituição	
  da	
  letra,	
  já	
  não	
  é	
  mais	
  
possível	
  cancelá-­‐lo.	
  
A	
  2ª	
  parte	
  do	
  citado	
  art.	
  29	
  presume,	
  até	
  prova	
  em	
  contrário,	
  que	
  o	
  cancelamento	
  do	
  aceite	
  
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   13	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
considera-­‐se	
  feito	
  antes	
  da	
  restituição	
  da	
  letra.	
  O	
  cancelamento	
  é	
  uma	
  espécie	
  de	
  recusa	
  do	
  aceite,	
  
e,	
   por	
   consequência,	
   produz	
   o	
   vencimento	
   antecipado	
   do	
   título,	
   e,	
   por	
   isso,	
   essa	
   norma	
   facilita	
  
cancelamentos	
   fraudulentos	
   emanados	
   do	
   portador,	
   mas	
   atribuídos	
   por	
   presunção	
   ao	
   sacado,	
  
feitos	
  com	
  o	
  objetivo	
  exclusivo	
  de	
  provocar	
  o	
  vencimento	
  extraordinário	
  da	
  letra.	
  
Se,	
  porém,	
  o	
  sacado	
  tiver	
   informado	
  por	
  escrito	
  o	
  portador	
  ou	
  qualquer	
  outro	
  signatário	
  da	
  
letra	
  de	
  que	
  aceita,	
  fica	
  obrigado	
  para	
  com	
  estes,	
  nos	
  termos	
  do	
  seu	
  aceite,	
  ainda	
  que	
  cancelado.	
  	
  
	
  
PRAZO	
  DE	
  RESPIRO	
  
	
  
O	
  prazo	
  de	
  respiro	
  é	
  o	
  pedido	
  pelo	
  sacado	
  para	
  que	
  a	
  letra	
  lhe	
  seja	
  apresentada	
  uma	
  segunda	
  
vez	
  no	
  dia	
  seguinte	
  ao	
  da	
  primeira	
  apresentação.	
  
Tal	
  ocorre	
  quando	
  a	
  dúvida	
  acomete	
  o	
  sacado,	
  levando-­‐o	
  a	
  refletir	
  antes	
  de	
  aceitar	
  a	
  letra.	
  O	
  
portador,	
  diante	
  da	
  solicitação	
  do	
  prazo	
  de	
  respiro,	
  que	
  ele	
  deve	
  atender,	
  não	
  é	
  obrigado	
  a	
  deixar	
  
na	
  mão	
  do	
  sacado	
  a	
  letra	
  apresentada	
  ao	
  aceite.	
  
O	
  prazo	
  de	
  respiro	
  não	
  equivale	
  à	
  recusa	
  do	
  aceite,	
  mas	
  sim	
  a	
  reflexão	
  para	
  decidir	
  se	
  aceita	
  
ou	
  não.	
  
Apresentada	
   a	
   letra	
   de	
   câmbio	
   no	
   último	
   dia	
   do	
   prazo,	
   ela	
   deve	
   ser	
   reapresentada	
   no	
  
primeiro	
  dia	
  útil	
  seguinte,	
  se	
  houver	
  prazo	
  de	
  respiro,	
  sob	
  pena	
  de	
  o	
  portador	
  perder	
  o	
  direito	
  de	
  
regresso	
  contra	
  os	
  demais	
  coobrigados	
  
	
  
	
  
ENDOSSO	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
O	
  endosso	
  é	
  o	
  ato	
  cambiário	
  que	
  gera	
  a	
  transmissão	
  da	
  propriedade	
  de	
  um	
  título	
  de	
  crédito.	
  
Endossar	
  significa	
  transferir	
  a	
  propriedade	
  do	
  título.	
  
Na	
  letra	
  de	
  câmbio,	
  o	
  endosso	
  é	
  sempre	
  possível,	
  salvo	
  quando	
  nela	
  o	
  sacador	
  houver	
  inscrito	
  
as	
  palavras	
  “não	
  à	
  ordem”	
  ou	
  expressão	
  equivalente.	
  
Em	
   havendo,	
   porém,	
   a	
   cláusula	
   “não	
   à	
   ordem”,	
   inviabiliza-­‐se	
   o	
   endosso,	
   devendo	
   a	
  
transferência	
   da	
   titularidade	
   da	
   letra	
   de	
   câmbio	
   operar-­‐se	
   pela	
   via	
   da	
   cessão	
   civil	
   de	
   crédito,	
  
conforme	
  preceitua	
  a	
  segundaparte	
  do	
  art.	
  11	
  da	
  Lei	
  Uniforme.	
  
	
  
PARTES	
  NO	
  ENDOSSO	
  
	
  
O	
   endossante	
   ou	
   endossador	
   e	
   o	
   endossatário	
   são	
   as	
   partes	
   envolvidas	
   no	
   endosso.	
   O	
  
primeiro	
  é	
  o	
  proprietário	
  do	
  título	
  de	
  crédito,	
  ostentando,	
  em	
  razão	
  disso,	
  a	
  qualidade	
  de	
  credor	
  da	
  
cártula.	
   O	
   segundo	
   é	
   a	
   pessoa	
   para	
   a	
   qual	
   o	
   título	
   foi	
   transferido,	
   sendo,	
   pois,	
   o	
   seu	
   novo	
  
proprietário,	
  assumindo	
  também	
  a	
  posição	
  de	
  credor.	
  
É	
   claro	
  que	
   só	
  o	
  proprietário	
  do	
   título	
  de	
  crédito	
  desfruta	
  de	
   legitimidade	
  para	
  endossá-­‐lo,	
  
porquanto	
  ninguém	
  pode	
   transferir	
  direitos	
  que	
  não	
  possui,	
  distinguindo-­‐se	
  assim	
  do	
  aval,	
  que	
  é	
  
uma	
  garantia	
  dada	
  por	
  terceiro	
  estranho	
  ao	
  título.	
  
Forçoso	
  reconhecer	
  que,	
  na	
  letra	
  de	
  câmbio,	
  o	
  primeiro	
  endossante	
  necessariamente	
  será	
  o	
  
tomador,	
  isto	
  é,	
  o	
  credor	
  em	
  favor	
  de	
  quem	
  o	
  sacador	
  emitiu	
  a	
  ordem	
  de	
  pagamento.	
  
Não	
   há	
   limite	
   ao	
   número	
   de	
   endosso.	
   Este	
   pode	
   ser	
   feito	
   em	
   favor	
   de	
   qualquer	
   pessoa,	
  
inclusive,	
   do	
   próprio	
   sacado,	
   aceitando	
   ou	
   não,	
   do	
   sacador,	
   ou	
   de	
   qualquer	
   outro	
   coobrigado,	
  
sendo	
  que	
  estas	
  pessoas	
  poderão	
  endossar	
  novamente	
  a	
  letra.	
  
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  14	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
	
  
EFEITOS	
  
	
  
O	
  endosso	
  gera	
  três	
  efeitos:	
  
O	
  primeiro	
  é	
  a	
   transferência	
  da	
  propriedade	
  do	
  título	
  de	
  crédito	
  em	
  favor	
  do	
  endossatário,	
  
que	
   passa	
   a	
   ser	
   o	
   novo	
   proprietário	
   e	
   o	
   novo	
   credor	
   da	
   cártula.	
   Todavia,	
   para	
   que	
   se	
   opere	
   a	
  
transferência	
   da	
   propriedade,	
   não	
   basta	
   o	
   endosso,	
   sendo	
   ainda	
   exigível	
   a	
   tradição,	
   isto	
   é,	
   a	
  
entrega	
   do	
   título,	
   tendo	
   em	
   vista	
   o	
   princípio	
   da	
   cartularidade.	
   Convém,	
   desde	
   já,	
   chamar	
   ainda	
  
atenção	
   para	
   o	
   endosso-­‐mandato	
   e	
   endosso-­‐caução,	
   que	
   representam	
   exceção	
   a	
   essa	
   regra,	
  
transferindo-­‐se	
   em	
   favor	
   do	
   endossatário	
   apenas	
   a	
   posse	
   do	
   título,	
  mantendo-­‐se,	
   no	
   entanto,	
   a	
  
propriedade	
  nas	
  mãos	
  do	
  endossante.	
  
O	
  segundo	
  é	
  que	
  o	
  endossante	
  responde	
  pela	
  existência	
  do	
  título.	
  Se	
  este	
  for	
  falso	
  ou	
  nulo,	
  os	
  
endossatários	
  posteriores	
  terão	
  direito	
  à	
  indenização.	
  
O	
  terceiro	
  efeito	
  do	
  endosso	
  consiste	
  em	
  tornar	
  os	
  endossantes	
  solidariamente	
  responsáveis	
  
para	
  com	
  o	
  pagamento	
  do	
  título	
  (art.	
  47	
  da	
  Lei	
  Uniforme),	
  respondendo	
  pela	
  solvência	
  do	
  devedor.	
  
Abre-­‐se	
  exceção	
  ao	
  endosso	
  sem	
  garantia.	
  Com	
  efeito,	
  o	
  endosso	
  no	
  qual	
  se	
  inseriu	
  esta	
  cláusula,	
  
revelando-­‐se	
   através	
   da	
   expressão	
   “pague-­‐se	
   sem	
   garantia”,	
   isenta	
   o	
   endossante	
   de	
  
responsabilizar-­‐se	
  pelo	
  pagamento	
  do	
   título,	
  produzindo-­‐se,	
   tão	
   somente,	
  o	
  primeiro	
  efeito,	
  qual	
  
seja,	
  a	
  transferência	
  da	
  propriedade	
  da	
  cártula	
  (art.	
  15	
  da	
  Lei	
  Uniforme).	
  
	
  
LOCAL	
  DE	
  ENDOSSO	
  
	
  
O	
  endosso,	
  como	
  os	
  demais	
  atos	
  cambiários,	
  deve	
  ser	
  lançado	
  no	
  próprio	
  título,	
  sendo	
  ainda	
  
assinado	
  pelo	
  endossante,	
  observando-­‐se,	
  destarte,	
  o	
  princípio	
  da	
  literalidade,	
  sendo,	
  pois,	
  nulo	
  o	
  
endosso	
  em	
  documento	
  separado,	
  ainda	
  que	
  por	
  escritura	
  pública.	
  Se	
  não	
  houver	
  mais	
  espaço,	
  é	
  
possível	
  colar	
  no	
  título	
  uma	
  folha	
  de	
  extensão,	
  que	
  é	
  um	
  anexo	
  ou	
  alongue	
  que	
  se	
  acresce	
  à	
  letra	
  
de	
  câmbio	
  para	
  se	
  inserir	
  obrigações	
  cambiais	
  que	
  não	
  caibam	
  no	
  título	
  de	
  crédito.	
  
O	
  endosso,	
  quando	
   lançado	
  no	
  verso	
  ou	
  dorso	
  do	
   título,	
   revela-­‐se	
  pela	
  mera	
  assinatura	
  do	
  
endossante.	
   Se,	
   no	
   entanto,	
   for	
   inserido	
   no	
   anverso,	
   além	
  da	
   assinatura	
   do	
   endossante,	
   é	
   ainda	
  
preciso	
   a	
   expressão	
   “pague-­‐se”	
   ou	
   outra	
   equivalente,	
   pois	
   a	
  mera	
   assinatura	
   no	
   anverso	
   é	
   tida	
  
como	
  aval,	
  nos	
  termos	
  do	
  art.	
  31	
  da	
  Lei	
  Uniforme.	
  
	
  
ESPÉCIES	
  DE	
  ENDOSSO	
  
	
  
O	
  endosso	
  pode	
  ser:	
  
	
  
a)	
  em	
  preto	
  ou	
  nominativo	
  ou	
  pleno:	
  é	
  o	
  que	
  identifica	
  o	
  nome	
  do	
  endossatário,	
  revelando-­‐se	
  
pela	
  expressão	
  “pague-­‐se	
  a	
  fulano	
  de	
  tal”;	
  
b)	
  em	
  branco:	
  é	
  o	
  que	
  não	
  identifica	
  o	
  endossatário,	
  revelando-­‐se	
  por	
  simples	
  assinatura	
  do	
  
endossante	
  no	
  verso	
  do	
  título	
  ou	
  no	
  anverso	
  pela	
  expressão	
  “pague-­‐se”	
  ou	
  outra	
  equivalente.	
  
	
  
Com	
  o	
  endosso	
  em	
  branco,	
  transforma-­‐se	
  o	
  título	
  em	
  “ao	
  portador”,	
  podendo,	
  desde	
  então,	
  
ser	
   transferido	
  com	
  a	
  mera	
   tradição,	
  prescindindo-­‐se	
  de	
  um	
  novo	
  endosso.	
  E,	
   como	
  é	
  sabido,	
  na	
  
transferência	
  pela	
   simples	
   tradição,	
  o	
   transmitente,	
  por	
   força	
  do	
  princípio	
  da	
   literalidade,	
  não	
   se	
  
vincula	
   ao	
   pagamento	
   do	
   título,	
   ao	
   passo	
   que	
   na	
   transmissão	
   por	
   endosso	
   ele	
   se	
   torna	
   devedor	
  
solidário.	
  
No	
  endosso	
  em	
  branco	
  continua,	
  porém,	
  existindo	
  a	
  figura	
  do	
  endossatário,	
  considerando-­‐se	
  
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   15	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
como	
  tal	
  o	
  portador	
  do	
  título.	
  
Não	
  obstante	
  o	
  endosso	
  em	
  branco	
  autorizar	
  a	
  transferência	
  do	
  título	
  pela	
  simples	
  tradição,	
  
transformando-­‐o	
   em	
   “ao	
   portador”,	
   o	
   certo	
   é	
   que,	
   por	
   força	
   do	
   art.	
   1º	
   da	
   Lei	
   nº	
   8.021/90,	
   no	
  
momento	
  do	
  pagamento,	
  é	
  obrigatória	
  a	
  identificação	
  do	
  beneficiado,	
  inserindo-­‐se	
  o	
  seu	
  nome	
  no	
  
espaço	
  em	
  branco	
  em	
  que	
  se	
  lançou	
  o	
  endosso.	
  Essa	
  prática	
  já	
  era	
  possível,	
  nos	
  termos	
  do	
  art.	
  14	
  
da	
   Lei	
   Uniforme,	
   mas	
   tornou-­‐se	
   obrigatória	
   com	
   a	
   Lei	
   nº	
   8.021/90,	
   funcionando	
   como	
   um	
  
mecanismo	
   de	
   controle	
   fiscal.	
   Assim,	
   antes	
   do	
   pagamento,	
   o	
   endosso	
   em	
   branco	
   deve	
   ser	
  
convertido	
  em	
  endosso	
  em	
  preto.	
  	
  
	
  
ENDOSSO	
  PARCIAL	
  
	
  
O	
  endosso	
  parcial	
  é	
  o	
  que	
  transfere	
  apenas	
  uma	
  parcela	
  do	
  valor	
  do	
  título	
  de	
  crédito.	
  
O	
   endosso	
   parcial	
   é	
   nulo	
   (art.	
   12da	
   Lei	
   Uniforme).	
   Por	
   consequência,	
   não	
   se	
   opera	
   a	
  
transferência	
  da	
  propriedade	
  do	
  título.	
  Aliás,	
  não	
  gera	
  efeito	
  algum.	
  
	
  
	
  ENDOSSO	
  CONDICIONAL	
  
	
  
O	
  endosso	
  condicional	
  é	
  o	
  que	
  está	
  subordinado	
  a	
  uma	
  condição.	
  	
  
Sobre	
  o	
  assunto,	
  dispõe	
  o	
  art.	
  12	
  da	
  Lei	
  Uniforme:	
  
“O	
  endosso	
  deve	
  ser	
  puro	
  e	
  simples.	
  Qualquer	
  condição	
  a	
  que	
  ele	
  seja	
  subordinado	
  considera-­‐
se	
  como	
  não-­‐escrita”.	
  
Referido	
  endosso	
  é	
  válido,	
  gerando,	
  pois,	
  a	
  transferência	
  do	
  título	
  de	
  crédito,	
  mantendo-­‐se	
  o	
  
ato	
  puro	
  e	
  simples,	
  reputando-­‐se	
  não-­‐escrita	
  a	
  condição,	
  distinguindo-­‐se,	
  com	
  nitidez,	
  do	
  endosso	
  
parcial,	
  pois	
  este	
  é	
  fulminado	
  com	
  nulidade.	
  
Se,	
   por	
   exemplo,	
   num	
   título	
   de	
   dez	
  mil	
   reais	
   é	
   lançado	
   o	
   endosso	
   de	
   “pague-­‐se	
   cinco	
  mil	
  
reais”,	
   o	
   ato	
   se	
   reveste	
   de	
   nulidade	
   absoluta,	
   pois	
   este	
   endosso	
   é	
   parcial,	
   mantendo-­‐se	
   o	
  
endossante	
  como	
  sendo	
  o	
  proprietário	
  da	
  cártula.	
  Se,	
  ao	
  revés,	
  se	
   inserisse,	
  no	
  mesmo	
  título	
  um	
  
endosso	
   condicional	
   (exemplo:	
   pague-­‐se	
  mediante	
   a	
   entrega	
   da	
  mercadoria),	
   o	
   ato	
   seria	
   válido,	
  
transferindo-­‐se	
   a	
  propriedade	
  do	
   título,	
   podendo	
   se	
   exigir	
   o	
  pagamento,	
   independentemente	
  da	
  
contra-­‐entrega	
  da	
  mercadoria.	
  
	
  
ENDOSSO	
  IMPRÓPRIO	
  
	
  
O	
  endosso	
  impróprio	
  é	
  o	
  que	
  transfere	
  ao	
  endossatário	
  apenas	
  a	
  posse	
  do	
  título	
  de	
  crédito,	
  
cuja	
  propriedade	
  é	
  mantida	
  em	
  poder	
  do	
  endossante.	
  
São	
  duas	
  as	
  modalidades	
  de	
  endosso	
  impróprio:	
  
a) endosso-­‐mandato	
  ou	
  por	
  procuração;	
  
b) endosso-­‐caução.	
  
	
  
ENDOSSO-­‐MANDATO	
  
	
  
O	
   endosso-­‐mandato	
   é	
   o	
   que	
   institui	
   o	
   portador	
   da	
   cártula	
   como	
   sendo	
   o	
   mandatário	
   do	
  
proprietário	
   do	
   título	
   de	
   crédito,	
   autorizando-­‐o	
   a	
   efetuar	
   a	
   cobrança	
   em	
   nome	
   deste.	
   Referido	
  
endosso	
  nada	
  mais	
  é	
  que	
  um	
  simples	
  mandato,	
  e,	
  por	
  isso,	
  não	
  se	
  reveste	
  de	
  efeito	
  translativo	
  da	
  
propriedade	
  do	
  título.	
  	
  O	
  endossatário	
  por	
  mandato	
  também	
  poderá	
  praticar	
  o	
  endosso-­‐mandato,	
  
apenas	
   este	
   endosso,	
   o	
   que	
   equivale	
   a	
   um	
   substabelecimento.	
   Quanto	
   ao	
   valor	
   do	
   título,	
   após	
  
recebê-­‐lo,	
   deverá	
   entregar-­‐lhe	
   ao	
   endossante.	
   Os	
   devedores	
   do	
   título	
   só	
   podem	
   se	
   opor	
   ao	
  
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  16	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
pagamento,	
  invocando	
  as	
  defesas	
  que	
  eram	
  oponíveis	
  ao	
  endossante.	
  	
  
	
  
ENDOSSO-­‐CAUÇÃO	
  
	
  
O	
  endosso-­‐caução	
  é	
  o	
  que	
  propicia	
  a	
  posse	
  do	
  título,	
  como	
  penhor,	
  em	
  favor	
  do	
  credor	
  do	
  
endossante.	
  Tomo,	
  por	
  exemplo,	
  dinheiro	
  emprestado	
  de	
  um	
  amigo,	
  entregando-­‐lhe,	
  como	
  caução,	
  
uma	
  letra	
  de	
  câmbio,	
  que	
  me	
  será	
  devolvida	
  quando	
  eu	
  efetivar	
  o	
  pagamento	
  do	
  débito.	
  
Aludido	
  endosso	
  é	
  exteriorizado	
  quando	
  se	
  contém	
  no	
  título	
  a	
  menção	
  de	
  expressões	
  do	
  tipo	
  
“pague-­‐se	
   por	
   caução”,	
   “valor	
   em	
   garantia”,	
   “valor	
   em	
  penhor”	
   ou	
   qualquer	
   outra	
   que	
   implique	
  
uma	
  caução.	
  
	
  
DISTINÇÃO	
  ENTRE	
  ENDOSSO	
  E	
  A	
  CESSÃO	
  CIVIL	
  DE	
  CRÉDITO	
  
	
  
Endosso	
  é	
  o	
  ato	
  cambiário	
  que	
  opera	
  a	
  transferência	
  de	
  um	
  título	
  de	
  crédito	
  à	
  ordem.	
  
O	
  endosso	
  produz	
  três	
  efeitos:	
  
	
  
1. transferência	
  da	
  titularidade	
  do	
  crédito	
  do	
  endossante	
  para	
  o	
  endossatário;	
  
2. o	
  endossante	
  responde	
  pela	
  existência	
  do	
  título;	
  
3. o	
  endossante	
  se	
  vincula	
  ao	
  pagamento	
  do	
  título,	
  isto	
  é,	
  pela	
  solvência	
  do	
  devedor,	
  salvo	
  se	
  
o	
  endosso	
  contiver	
  a	
  cláusula	
  “sem	
  garantia”.	
  
	
  
Na	
  cessão	
  de	
  crédito,	
  ao	
  revés,	
  o	
  cedente	
  não	
  responde	
  pelo	
  pagamento	
  do	
  título,	
  isto	
  é,	
  pela	
  
solvência	
  do	
  devedor.	
  
Enquanto	
  o	
  cedente	
  só	
  responde	
  pela	
  existência	
  do	
  título	
  perante	
  o	
  cessionário,	
  o	
  endossante	
  
responde	
  pela	
  existência	
  do	
  título	
  perante	
  os	
  demais	
  endossatários	
  subsequentes.	
  
A	
  cessão	
  de	
  crédito	
  deve	
  ser	
  comunicada	
  ao	
  devedor;	
  o	
  endosso	
  não.	
  
O	
  devedor	
  não	
  pode	
  arguir	
   contra	
  o	
  endossatário	
   as	
  defesas	
  pessoais	
   atinentes	
   aos	
  outros	
  
coobrigados	
   do	
   título,	
   por	
   força	
   do	
   princípio	
   da	
   autonomia	
   e	
   independência	
   das	
   obrigações	
  
cambiais.	
   Em	
   contrapartida,	
   o	
   devedor	
   pode	
   arguir	
   contra	
   o	
   cessionário,	
   quando	
   notificado,	
   as	
  
defesas	
  pessoais	
  pertinentes	
  ao	
  cedente.	
  
Finalmente,	
  há	
  dois	
  tipos	
  de	
  endosso,	
  que	
  produzem	
  efeitos	
  de	
  cessão	
  civil	
  de	
  crédito,	
  porque	
  
o	
   endossante	
  não	
   responde	
  pela	
   solvência	
   do	
  devedor.	
  O	
  primeiro	
   é	
   o	
   endosso	
  de	
   título	
   “não	
   à	
  
ordem”;	
  o	
  segundo	
  é	
  o	
  endosso	
  tardio	
  ou	
  póstumo,	
  que	
  é	
  o	
  realizado	
  após	
  o	
  protesto	
  do	
  título	
  ou	
  
após	
  o	
  decurso	
  do	
  prazo	
  do	
  protesto.	
  	
  
	
  
ENDOSSO	
  TARDIO	
  OU	
  PÓSTUMO	
  OU	
  IMPRÓPRIO	
  
	
  
O	
   endosso	
   tardio	
   ou	
   póstumo	
   é	
   o	
   feito	
   após	
   o	
   título	
   já	
   ter	
   sido	
   protestado	
   por	
   falta	
   de	
  
pagamento,	
  ou	
  feito	
  depois	
  de	
  expirado	
  o	
  prazo	
  fixado	
  para	
  se	
  fazer	
  o	
  protesto.	
  
	
  
AVAL	
  
	
  
CONCEITO	
  
	
  
Aval	
  é	
  o	
  ato	
  cambiário	
  pelo	
  qual	
  uma	
  pessoa	
  garante	
  o	
  pagamento	
  do	
  título	
  de	
  crédito	
  em	
  
favor	
  de	
  outro	
  coobrigado.	
  
Esta	
  garantia	
  é	
  dada	
  por	
  um	
  terceiro	
  ou	
  mesmo	
  por	
  signatário	
  da	
  letra	
  de	
  câmbio	
  (art.	
  3º	
  da	
  
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   17	
  
DIREITO	
  EMPRESARIAL	
  II	
  
PROF.	
  FLÁVIO	
  MONTEIRO	
  DE	
  BARROS	
  
Lei	
  Uniforme).	
  Vê-­‐se	
  assim	
  que	
  pessoas	
  já	
  coobrigadas,	
  como	
  o	
  sacador,	
  aceitante	
  e	
  endossantes,	
  
podem	
   avalizar	
   o	
   título,	
  mas,	
   em	
   regra,	
   não	
   se	
   visualiza	
   utilidade	
   prática	
   em	
   semelhantes	
   avais,	
  
porquanto	
  elas	
  já	
  são,	
  por	
  força	
  de	
  lei,	
  devedoras	
  solidárias	
  da	
  cártula;	
  referidos	
  avais	
  só	
  não	
  serão	
  
inócuos	
  quando	
  forem	
  em	
  benefício	
  de	
  um	
  coobrigado	
  mais	
  próximo,	
  porque	
  daí	
  o	
  avalista	
  poderá	
  
ser	
  cobrado	
  com	
  antecedência.	
  Tal	
  ocorre,	
  por	
  exemplo,	
  quando	
  o

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