Buscar

Gabarito questionário - Vícios Redibitórios e Evicção 2020

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Gabarito - Questionário.
1 - Gabarito: Letra A.
 
O enunciado, ao trazer a palavra redibir, já indica que o assunto nele abordado são os chamados vícios redibitórios, cuja previsão encontra-se nos arts. 441-446, CC/2002:
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
 
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
 
Art. 445. O adquirente decai do direito de obter a redibição ou abatimento no preço no prazo de trinta dias se a coisa for móvel, e de um ano se for imóvel, contado da entrega efetiva; se já estava na posse, o prazo conta-se da alienação, reduzido à metade.
 
§ 1° Quando o vício, por sua natureza, só puder ser conhecido mais tarde, o prazo contar-se-á do momento em que dele tiver ciência, até o prazo máximo de cento e oitenta dias, em se tratando de bens móveis; e de um ano, para os imóveis.
 
§ 2° Tratando-se de venda de animais, os prazos de garantia por vícios ocultos serão os estabelecidos em lei especial, ou, na falta desta, pelos usos locais, aplicando-se o disposto no parágrafo antecedente se não houver regras disciplinando a matéria.
 
Art. 446. Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
 
Em suma, vícios redibitórios são aqueles que acarretam a desvalorização da coisa ou a tornam imprópria para o uso.
 
Há posicionamentos na doutrina que divergem quanto à necessidade de tal vício ser oculto, todavia, o entendimento majoritário é que os vícios redibitórios devem ser ocultos. Deve ser destacado que o vício diferencia-se do erro. O primeiro refere-se a um problema que atinge o contrato, enquanto o erro ataca a vontade, sendo, portanto, um vício de consentimento. Desse modo, afirma Flávio Tartuce (Manual de direito civil: volume único. São Paulo: Método, 2011, p. 542) que o vício redibitório atinge o plano da eficácia do contrato (resolução ou abatimento no preço), enquanto o erro alcança o plano de validade (anulabilidade do contrato).
 
Prejudicado pelo vício redibitório, o adquirente poderá fazer uso das ações edilícias (art. 442, CC/2002), cujos prazos são decadenciais, por meio das quais: (i) pleiteará abatimento proporcional no preço (ação quanti minoris ou ação estimatória); ou (ii) requererá a resolução do contrato (com a devolução da coisa e reembolso da quantia em dinheiro despendida), sem prejuízo de eventuais perdas e danos, por intermédio da chamada ação redibitória.
 
No tocante às perdas e danos, torna-se necessária a comprovação de má-fé do alienante, ou seja, deveria este ter conhecimento da existência do vício, consoante art. 443, CC/2002.
 
Sobre tais possibilidades, comenta o professor Tartuce (Op. Cit., pp. 543-543):
 
[Em obediência ao princípio da conservação do contrato], deve-se entender que a resolução do contrato é o último caminho a ser percorrido. Nos casos em que os vícios não geram grandes repercussões em relação à utilidade da coisa, não cabe ação redibitória, mas apenas a ação quanti minoris, com o abatimento proporcional do preço. Anote-se que, segundo a doutrina, se o vício for insignificante ou ínfimo e não prejudicar as finalidades do contrato, não cabe sequer esse pedido de abatimento no preço.
 
O art. 444 do CC/2002 impõe a responsabilidade do alienante pela coisa ainda que a mesma pereça em poder do adquirente, caso o perecimento ocorra em virtude de vício oculto existente à época da tradição.
 
Em relação aos prazos para ajuizamento das ações edilícias temos o seguinte quadro:
 
(i) para vício que possa ser percebido IMEDIATAMENTE (art. 445, caput, CC/2002): 30 (trinta) dias, se coisa móvel; e 1 (um) ano, se imóvel, contado da efetiva entrega. Caso o adquirente já estivesse na posse do bem, o prazo é contado da alienação da coisa, reduzido à metade (15 dias para móvel e seis meses para imóvel); e
 
(ii) para vício que somente possa ser reconhecido a posteriori (art. 445, § 1º, CC/2002): o prazo será contado a partir do momento em que o adquirente tiver ciência do defeito/vício, até o prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, se móvel; e 1 (um) ano, para imóvel.
 
Todavia, há enunciado da III Jornada de Direito Civil que emprega entendimento diverso, como destaca Tartuce (Op. Cit., pp. 544-545):
 
De toda sorte, colaciona-se a existência de um entendimento em sentido diverso. Quando da III Jornada de Direito Civil, do Conselho da Justiça Federal e do Superior Tribunal de Justiça, foi aprovado o Enunciado n. 174, com teor controvertido, a saber: “Em se tratando de vício oculto, o adquirente tem os prazos do caput do art. 445 para obter redibição ou abatimento de preço, desde que os vícios se revelem nos prazos estabelecidos no parágrafo primeiro, fluindo, entretanto, a partir do conhecimento de defeito”.
[...]
Esclarecendo o teor do enunciado doutrinário, ele está prevendo que, nos casos de vícios ocultos, o adquirente terá contra si os prazos de 30 dias para móveis e 1 ano para imóveis (art. 445, caput, do CC), desde que os vícios surjam nos prazos de 180 dias para móveis e 1 ano para imóveis (art. 445, § 1º, do CC), a contar da aquisição desses bens. Parte considerável da doutrina [e da jurisprudência] concorda com a aplicação do raciocínio.
 
O parágrafo 2º do art. 445 remete à lei especial os prazos de garantia relacionados aos vícios redibitórios no caso de venda de animais (que são bens móveis semoventes); sendo que, na falta de previsão local, aplicar-se-ão os usos e costumes locais.
 
Finalizando, o art. 446 do Código vigente enuncia que:
 
Não correrão os prazos do artigo antecedente na constância de cláusula de garantia; mas o adquirente deve denunciar o defeito ao alienante nos trinta dias seguintes ao seu descobrimento, sob pena de decadência.
 
O dispositivo informa que, durante a vigência da garantia convencional, não correrão os prazos legais inscritos no art. 445 (decadência legal); no entanto, em atenção do princípio da informação, intrinsecamente relacionado à boa-fé objetiva, deve o adquirente, no prazo de 30 (trinta) dias contados do seu descobrimento, denunciar o vício, sob pena de decadência (TARTUCE, Flávio. Op. Cit., pp. 545-546).
 
Feitas as breves considerações introdutórias, passemos às assertivas...
 
Maria decide vender sua mobília para Viviane, sua colega de trabalho. A alienante decidiu desfazer-se de seus móveis porque, após um serviço de dedetização, tomou conhecimento que vários já estavam consumidos internamente por cupins, mas preferiu omitir tal informação de Viviane. Firmado o acordo, 120 dias após a tradição, Viviane descobre o primeiro foco de cupim, pela erupção que se formou em um dos móveis adquiridos.
 
Poucos dias depois, Viviane, após investigar a fundo a condição de toda a mobília adquirida, descobriu que estava toda infectada. Assim, 25 dias após a descoberta, moveu ação com o objetivo de redibir o negócio, devolvendo os móveis adquiridos, reavendo o preço pago, mais perdas e danos.
 
 Sobre o caso apresentado, assinale a afirmativa correta.
 
a) A demanda redibitória é tempestiva, porque o vício era oculto e, por sua natureza, só podia ser conhecido mais tarde, iniciando o prazo de 30 (trinta) dias da ciência do vício.
 
CORRETA. Interpretação sistemática do art. 445, caput e § 1°, do CC/2002.
 
b) Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato, deveria a adquirente reclamarabatimento no preço, em sendo o vício sanável.
 
ERRADA. Conforme redação do art. 441, CC/2002, o adquirente pode rejeitar a coisa ou requerer seu abatimento, independentemente da natureza do vício.
 
c) O pedido de perdas e danos não pode prosperar, porque o efeito da sentença redibitória se limita à restituição do preço pago, mais as despesas do contrato.
 
ERRADA. Como Maria conhecia o vício e optou, deliberadamente, por ocultá-lo, ficou caracterizada a má-fé, impondo-se, portanto, a condenação em perdas e danos juntamente com a restituição do quantum recebido, consoante art. 443, CC/2002.
 
d) A demanda redibitória é intempestiva, pois quando o vício só puder ser conhecido mais tarde, o prazo de 30 (trinta) dias é contado a partir da ciência, desde que dentro de 90 (noventa) dias da tradição.
 
ERRADA. Conforme estabelece o § 1° do art. 445 do CC/2002, bem como o entendimento fixado no Enunciado n° 174 do CJF/STJ, o prazo decadencial de 30 (trinta) dias deve ser contado a partir da ciência e desde que o vício oculto, em se tratando de bens móveis, apareça dentro de 180 (cento e oitenta) dias da tradição. Importa ressaltar que o cômputo pela metade, previsto na parte final do art. 445, caput, é aplicável quando o vício for aparente ou de fácil percepção.
2 - Gabarito: Letra B. 
 
Assinale a alternativa correta sobre o erro e o vício redibitório.
a)  O erro e o vício redibitório se confundem, tendo em vista que em ambos o alienante espera que a coisa adquirida tenha uma qualidade que não possui; dessa forma, toda vez que se configurar o vício redibitório, tem-se um caso de erro. INCORRETA. 
 
O erro e o vício redibitório são institutos diferentes (vide comentário da letra "b"). 
b)  O vício redibitório atinge a própria coisa, objetivamente considerada, e não a psique do agente; o erro substancial, por sua vez, alcança a vontade do contratante, operando subjetivamente em sua esfera mental. CORRETA. 
 
O erro é uma falsa noção da realidade que atinge a manifestação de vontade. Trata-se de vício do negócio jurídico que gera a anulação, se for substancial, isso é, se referir-se à natureza do negócio, à pessoa a quem se refira a declaração de vontade, ao objeto principal da declaração, ou, sendo de direito, for o motivo único ou principal do negócio. É o que decorre dos artigos 138 e 139 do CC: 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
 
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
 
O vício redibitório diz respeito vício ou defeito no objeto do contrato, que o torna impróprio ao uso a que é destinado ou lhe diminua o valor, conforme prevê o artigo 441 do CC: 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
 
Os institutos, portanto, não se confundem, conforme ensina Flávio Tartuce (Manual de direito civil - volume único): 
 
"No caso de vício redibitório o problema atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa. No erro o vício é do consentimento, atingindo a vontade, pois a pessoa se engana sozinha em relação a um elemento do negócio celebrado."
c)  O erro atinge a própria coisa, objetivamente considerada, e não a psique do agente; o vício redibitório, por sua vez, alcança a vontade do contratante, operando subjetivamente em sua esfera mental. INCORRETA. 
 
É o contrário, o vício redibitório atinge a coisa, enquanto que o erro se relaciona à manifestação de vontade (vide comentário da letra "b"). 
d)  Tanto no erro como no vício redibitório, pouco importa a esfera mental do contratante, sendo determinante, apenas, a discrepância entre o objeto do contrato e aquele que conste do instrumento que serviu à formalização do negócio jurídico. INCORRETA.  
 
No erro há falsa percepção da realidade, de forma que importa a esfera mental do agente (vide comentário da letra "b"). 
e)  O erro é sempre abrangido pelo vício redibitório, tendo em vista que em ambos necessariamente existe uma vontade dolosa do alienante em transferir ao alienatário uma coisa com qualidades divergentes das constantes do negócio jurídico. INCORRETA. 
 
Em nenhum dos casos - na manifestação de vontade (no erro) ou na transferência de bem com vício ou defeito oculto (no vício redibitório) - necessariamente existe comportamento doloso.   
 
O CC não exige que o erro seja escusável, conforme esclarece o Enunciado 12 das Jornadas de Direito Civil: 
 
Enunciado 12. Na sistemática do art. 138, é irrelevante ser ou não escusável o erro, porque o dispositivo adota o princípio da confiança.
 
E o vício redibitório não pressupõe a vontade do agente de transferir negócio viciado, conforme se depreende do artigo 441 do CC. 
3 - Gabarito: ERRADO
 
Com base nas disposições do Código Civil acerca de contratos, julgue o item subsequente.
Na hipótese de defeito oculto de coisa recebida em decorrência de contrato comutativo, caso o alienante não tenha conhecimento do referido vício, ele deverá restituir o valor recebido do contrato, acrescido de indenização por perdas e danos.
 
Intuitivamente poderíamos pensar: se o agente conhecer o vício oculto, responderá de forma mais agravada (isto é, além de restituir, deverá indenizar por perdas e danos)... agora... e se o agente NÃO conhecer tal vício?? apenas irá restituir o valor e as despesas incorridas no contrato.
 
Art. 443. Se o alienante conhecia o vício ou defeito da coisa, restituirá o que recebeu com perdas e danos; se o não conhecia, tão-somente restituirá o valor recebido, mais as despesas do contrato.
4 - Gabarito: Letra C. 
 
São requisitos necessários à configuração de vício redibitório, EXCETO:
a)  coisa adquirida em virtude de contrato comutativo ou doação onerosa. CORRETA. 
 
É o que estabelece o artigo 441 do CC:
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
b)  vício ou defeito prejudicial à utilização da coisa ou determinante da diminuição de seu valor.  CORRETA. 
 
É o que prevê do artigo 441 do CC: 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
c)  coisa desfalcada em sua quantidade ou que apresente ausência de qualidade em relação ao prometido pelo alienante. INCORRETA. 
 
O vício de quantidade ou qualidade é referido pelo CDC como vício do produto no artigo 18 do CDC: 
 
Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso;
II - a restituição imediatada quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
§ 3° O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1° deste artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto, diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4° Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1° deste artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos II e III do § 1° deste artigo.
§ 5° No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente seu produtor.
§ 6° São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda, aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam.
d)  defeito grave e oculto.  CORRETA. 
 
O artigo 441 do CC menciona vícios ou defeitos que tornem a coisa imprópria ao uso a que é destinada ou lhe diminuam o valor, razão pela qual a doutrina entende que o vício deve ser grave, não sendo qualquer defeito que caracteriza o vício redibitório: 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
e)  defeito já existente no momento da celebração do ato negocial e que perdure até o instante da reclamação.  CORRETA. 
 
É o que decorre do previsto no artigo 444 do CC: 
 
Art. 444. A responsabilidade do alienante subsiste ainda que a coisa pereça em poder do alienatário, se perecer por vício oculto, já existente ao tempo da tradição.
5 - Gabarito: Letra B. 
 
Joana, comerciante, celebra verbalmente com Sapatos e Acessórios Ltda. contrato de compra e venda de lote contendo 105 (cento e cinco) pares de sapatos, no valor total de R$ 4.000,00. Recebidos os sapatos, Joana começa a revendê-los em sua loja, mas percebe que os 6 (seis) primeiros pares vendidos apresentaram defeito (quebra do salto), sendo devolvidos pelos consumidores.
 
Diante desse cenário, é correto afirmar que:
 
a)  se trata de vício do produto, regulado pelo Código de Defesa do Consumidor, sendo garantido a Joana pleitear, à sua escolha, a substituição do produto por outro da mesma espécie, a restituição imediata da quantia paga, sem prejuízo de eventuais perdas e danos, ou o abatimento proporcional do preço; INCORRETA. 
 
A relação não é de consumo, não se aplicando as regras do vício do produto do CDC, mas do vício redibitório do CC (vide comentário da letra "b"). 
 
b)  se trata de vício redibitório, regulado pelo Código Civil, podendo Joana redibir todo o lote, não se sujeitando ao mero abatimento no preço dos sapatos que, comprovadamente, apresentaram vício oculto; CORRETA. 
 
A relação entre a comerciante dos sapatos (Joana) com Sapatos e Acessórios Ltda. não é de consumo, pois Joana não é destinatária final dos produtos, não se enquadrando no conceito de consumidor do art. 2° do CDC, mas de fornecedor, nos termos do art. 3° do mesmo diploma: 
 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
        Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
 
        Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
        § 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
        § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
 
Assim, a relação entre as partes é regulada pelo Código Civil. 
 
O defeito no produto que o tornou inadequado ao uso (quebra do salto) caracteriza vício redibitório que autoriza a redibição (resolução) do contrato, conforme prevê o art. 441 do CC: 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas.
 
O abatimento no preço é apenas uma alternativa, nos termos do art. 442 do CC: 
 
Art. 442. Em vez de rejeitar a coisa, redibindo o contrato (art. 441), pode o adquirente reclamar abatimento no preço.
 
O enunciado se fundamentou em caso decidido pelo STJ e noticiado no Informativo 418: 
 
VÍCIO REDIBITÓRIO. ANULAÇÃO. CONTRATO. A Turma negou provimento ao recurso ao entendimento de que, no caso de ação anulatória cumulada com danos morais referente a contrato de compra e venda de produtos (lote de 105 calçados) para revenda, em que seis pares apresentaram defeitos após a venda (quebra de saltos), é cabível a anulação por vício redibitório, mesmo que o defeito não se tenha verificado no lote todo. Com efeito, mesmo que o vício redibitório diferencie-se do vício de consentimento, considerando a existência de defeito nos atos negociais, ambos possibilitam o desfazimento do negócio (arts. 86 e 1.101 do CC/1916, arts. 138 e 441 do CC/2002). Desse modo, o art. 1.138 do CC/1916, integralmente mantido pelo art. 503 do CC/2002, não se aplica ao caso, já que deve ser interpretado com moderação, tendo em vista a necessidade de se verificar o reflexo que o defeito em uma ou mais coisas singulares tem no negócio envolvendo a venda de coisas compostas, coletivas ou de universalidades de fato. REsp 991.317-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/12/2009.
 
c)  o contrato encontra-se maculado por erro substancial quanto à qualidade essencial do objeto, podendo Joana postular sua anulação, com o retorno à situação original; INCORRETA. 
 
O erro é uma falsa noção da realidade, atingindo, portando, a vontade do contratante. Trata-se de vício do negócio jurídico que gera a anulação, se for substancial, isso é, se referir-se à natureza do negócio, à pessoa a quem se refira a declaração de vontade, ao objeto principal da declaração, ou, sendo de direito, for o motivo único ou principal do negócio, como decorre dos arts. 138 e 139 do CC: 
 
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio.
 
Art. 139. O erro é substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico.
 
O vício redibitório diz respeito vício ou defeito oculto no objeto do contrato,que o torna impróprio ao uso a que é destinado ou lhe diminua o valor, ou seja, atinge a própria coisa objetivamente considerada, conforme prevê o art. 441 do CC: 
 
Art. 441. A coisa recebida em virtude de contrato comutativo pode ser enjeitada por vícios ou defeitos ocultos, que a tornem imprópria ao uso a que é destinada, ou lhe diminuam o valor.
Parágrafo único. É aplicável a disposição deste artigo às doações onerosas. 
 
Os institutos, portanto, não se confundem, conforme ensina Flávio Tartuce (Manual de direito civil - volume único): 
 
"No caso de vício redibitório o problema atinge o objeto do contrato, ou seja, a coisa. No erro o vício é do consentimento, atingindo a vontade, pois a pessoa se engana sozinha em relação a um elemento do negócio celebrado."
 
O caso retrata vício redibitório, não erro. 
 
d)  se trata de vício redibitório, regulado pelo Código Civil, e Joana poderá devolver os 6 (seis) pares de sapatos defeituosos, com o abatimento proporcional do preço, mas não poderá redibir todo o lote, considerando o baixo percentual de pares de sapatos que apresentaram defeito, a atrair a incidência do art. 503 do Código Civil, segundo o qual, “nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas”; INCORRETA. 
 
No vício redibitório é possível a redibição do contrato e Joana poderá redibir todo o lote, pois o STJ entendeu que o art. 503 do CC deve ser interpretado com moderação quando o contrato envolver vários bens: 
 
"(...) Desse modo, o art. 1.138 do CC/1916, integralmente mantido pelo art. 503 do CC/2002, não se aplica ao caso, já que deve ser interpretado com moderação, tendo em vista a necessidade de se verificar o reflexo que o defeito em uma ou mais coisas singulares tem no negócio envolvendo a venda de coisas compostas, coletivas ou de universalidades de fato." REsp 991.317-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 3/12/2009.
 
Veja o teor do art. 503 do CC: 
 
Art. 503. Nas coisas vendidas conjuntamente, o defeito oculto de uma não autoriza a rejeição de todas. 
 
e)  o vício que atinge a relação é o erro, vez que houve falsa percepção da realidade, mas Joana não poderá postular a anulação do contrato, pois, sendo comerciante experiente, deveria conferir as mercadorias antes de efetuar a compra, sendo tal erro inescusável. INCORRETA. 
 
O caso retrata vício redibitório, não erro (vide comentário da letra "c"). 
6 - Gabarito: Letra D. 
 
A respeito da evicção:
I.  Não podem os contratantes, ainda que diante de cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção. FALSA. 
 
A assertiva contraria o artigo 448 do CC:
 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
II.  Se parcial, mas considerável, for a evicção, não é lícito ao evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. FALSA. 
 
A assertiva contraria o artigo 455 do CC:
 
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
III.  Nos contratos de natureza onerosa, o alienante responde pela evicção, persistindo esta garantia, pouco importando que a aquisição, por exemplo, tenha se dado em hasta pública. VERDADEIRA. 
 
É o que estabelece o artigo 447 do CC: 
 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
 
Somente a III é verdadeira (letra "d"). 
7 -Gabarito: Letra A.
 
Joana doou a Renata um livro raro de Direito Civil, que constava da coleção de sua falecida avó, Marta. Esta, na condição de testadora, havia destinado a biblioteca como legado, em testamento, para sua neta, Joana (legatária). Renata se ofereceu para visitar a biblioteca, circunstância na qual se encantou com a coleção de clássicos franceses.
 
Renata, então, ofereceu-se para adquirir, ao preço de R$ 1.000,00 (mil reais), todos os livros da coleção, oportunidade em que foi informada, por Joana, acerca da existência de ação que corria na Vara de Sucessões, movida pelos herdeiros legítimos de Marta. A ação visava impugnar a validade do testamento e, por conseguinte, reconhecer a ineficácia do legado (da biblioteca) recebido por Joana. Mesmo assim, Renata decidiu adquirir a coleção, pagando o respectivo preço.
 
Diante de tais situações, assinale a afirmativa correta.
 
a) Quanto aos livros adquiridos pelo contrato de compra e venda, Renata não pode demandar Joana pela evicção, pois sabia que a coisa era litigiosa.
 
CORRETA. Como Renata foi informada do litígio existente – impugnação da validade do testamento –, não há se falar em evicção (arts. 447-457, CC), ou seja, a perda da coisa em virtude de sentença judicial ou decisão administrativa que a atribui a outrem em decorrência de uma causa jurídica preexistente ao contrato celebrado, por força do quanto disposto no art. 449, parte final, CC:
 
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
 
Percebam que, embora ciente da situação litigiosa, Renata assumiu o risco, pois optou por adquirir a coleção pagando o respectivo preço e no enunciado; por sua vez, não é informado se fora estabelecida a cláusula de irresponsabilidade/exclusão da garantia, de modo que, in casu, é descabida a alegação de evicção.
 
 
b) Com relação ao livro recebido em doação, Joana responde pela evicção, especialmente porque, na data da avença, Renata não sabia da existência de litígio.
 
ERRADA. Embora Renata tivesse ciência da existência do litígio – o que, por si só, já tornaria a questão errada – não há se falar em responsabilidade pela evicção nos contratos gratuitos (doação), exceto quando se tratar de doação modal (onerosa ou gravada de encargo), pois o instituto se volta para os contratos onerosos (Cf. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 3: contratos e atos unilaterais. 14. ed. [livro eletrônico]. São Paulo: Saraiva, 2017).
 
 
c) A informação prestada por Joana a Renata, acerca da existência de litígio sobre a biblioteca que recebeu em legado, deve ser interpretada como cláusula tácita de reforço da responsabilidade pela evicção.
 
ERRADA. Não se admite cláusula tácita de reforço, diminuição ou exclusão de garantia, como se depreende do art. 448 do CC:
 
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
 
d) O contrato gratuito firmado entre Renata e Joana classifica-se como contrato de natureza aleatória, pois Marta soube posteriormente do risco da perda do bem pela evicção.
 
ERRADA. Marta,avó de Joana, já era falecida ao tempo da doação.
8 - Gabarito: CORRETO.
 
CESPE: Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, podem as partes de contrato oneroso pactuar, de forma expressa, pela exclusão de responsabilidade pela evicção, mas, mesmo nessa situação, o evicto terá direito a receber o preço que pagou pela coisa perdida se desconhecia o risco efetivo de evicção à época do contrato.
 
 
EVICÇÃO
 
Seguem breves notas sobre o assunto, a partir da doutrina de Flávio Tartuce¹:
 
A evicção pode ser conceituada como sendo a perda da coisa diante de uma decisão judicial ou de um ato administrativo que a atribui a um terceiro. Quanto aos efeitos da perda, a evicção pode ser total ou parcial.
 
Exemplo: A (alienante) vende um helicóptero para B (evicto); em seguida se descobre que o bem pertencia à C (evictor); B poderá sofrer evicção e perder a coisa em face de C; B não ficará no prejuízo e poderá pleitear indenização de A.
 
São as partes na evicção:
	Alienante
	Evicto (adquirente)
	Evictor (terceiro)
	Transfere onerosamente a coisa viciada
	Perde a coisa adquirida
	Beneficiadocom a decisão judicial/administrativa
 
A evicção, na maioria das vezes, irá decorrer de uma sentença judicial, contudo, o STJ (REsp 259.726/RJ) já se manifestou acerca da possibilidade de estar presente diante de apreensão administrativa.
 
O STJ (informativo 519) entendeu que a evicção não exige o transito em julgado da decisão para fins de exercício do direito.
 
Não corre a prescrição na pendência de ação de evicção (art. 199, inciso III, CC)
 
A responsabilidade por evicção advém da lei, sendo desnecessária sua previsão em contrato. Todavia as partes poderão reforçar contratualmente, atenuando ou agravando os seus efeitos. Além disso, poderão as partes, de forma expressa, convencionar acerca da exclusão da responsabilidadepor evicção (cláusula non praestaenda exctione)
 
 
 
 
Para fins didáticos, vamos fragmentar a assertiva em duas partes:
 
1ª PARTE: Em decorrência do princípio da autonomia da vontade, podem as partes de contrato oneroso pactuar, de forma expressa, pela exclusão de responsabilidade pela evicção (...)
 
O trecho acima corresponde ao seguinte dispositivo do Código Civil:
Art. 448. Podem as partes, por cláusula expressa, reforçar, diminuir ou excluir a responsabilidade pela evicção.
 
2ª PARTE: (...) mas, mesmo nessa situação, o evicto terá direito a receber o preço que pagou pela coisa perdida se desconhecia o risco efetivo de evicção à época do contrato.
 
O trecho acima corresponde ao seguinte dispositivo do Código Civil:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
 
Referência
¹ TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. 7ª Ed. 2017.
Código Civil: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
9 - A questão narra uma hipótese de evicção.
 
A evicção consiste na perda, pelo adquirente (evicto), da posse ou propriedade da coisa transferida, por força de uma sentença judicial ou ato administrativo que reconheceu o direito anterior de terceiro, denominado evictor.
 
Dessa forma, vamos analisar cada alternativa separadamente:
 
(A) ERRADA. Em desacordo com o art. 455 do CC:
Art. 455. Se parcial, mas considerável, for a evicção, poderá o evicto optar entre a rescisão do contrato e a restituição da parte do preço correspondente ao desfalque sofrido. Se não for considerável, caberá somente direito a indenização.
A perda dos acessórios é entendida como não considerável, dando ensejo somente à indenização.
 
	DIREITOS DO EVICTO NA EVICÇÃO PARCIAL
	CONSIDERÁVEL
	1. rescisão do contrato; ou
2. restituição de parte do preço correspondente ao desfalque sofrido.
	
	NÃO CONSIDERÁVEL
	1. só indenização.
 
(B) ERRADA. Em desacordo com o art. 457 do CC:
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia que a coisa era alheia ou litigiosa.
(C) ERRADA. A responsabilidade pela evicção subsiste ainda que a aquisição tenha ocorrido em hasta pública.
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
(D) CERTA. Em conformidade com o art. 449 do CC:
Art. 449. Não obstante a cláusula que exclui a garantia contra a evicção, se esta se der, tem direito o evicto a receber o preço que pagou pela coisa evicta, se não soube do risco da evicção, ou, dele informado, não o assumiu.
(E) ERRADA. A responsabilidade em indenizar a evicção subsiste ainda que a coisa alienada esteja deteriorada.
Art. 451. Subsiste para o alienante esta obrigação, ainda que a coisa alienada esteja deteriorada, exceto havendo dolo do adquirente.
GABARITO: Letra D
10 - CONCEITO DE EVICÇÃO: Dá-se a evicção quando terceiro – titular de direito com causa preexistente ao negócio jurídico celebrado entre alienante e alienatário – se sagra vitorioso de uma intervenção, que pode ser:
 
a. Expropriatória; ou
b. Reivindicatória em face do comprador (alienatário), subtraindo-se deste o direito de aquisição e removendo o efeito translativo de direito já verificado.
 
A evicção ocorre objetivamente, independentemente de boa ou má-fé das partes contratantes.
 
Passada a consideração inicial, vamos às alternativas.
 
ALTERNATIVA CORRETA – LETRA “C”.
 
C) para o exercício do direito de evicção, é suficiente que a parte fique privada do bem em decorrência de ato administrativo.
 
Conforme indicado nas observações iniciais, a evicção pode ocorrer através de uma intervenção EXPROPRIATÓRIA, desse modo, podemos concluir que são três os modos de expropriação: a) judicial; b) administrativa; c) hasta pública.
 
Assim, a afirmação de que um ato administrativo é suficiente para o exercício da evicção é correta, tornando essa a alternativa a ser assinalada.
 
a) é necessária a comprovação do trânsito em julgado da sentença que reconhece a evicção para que o evicto possa exercer os direitos dela resultantes.
 
ALTERNATIVA INCORRETA: Para que o adquirente possa exercer o direito que da evicção resulta não é necessário sequer prévia sentença judicial – muito menos trânsito em julgado –, de modo que é suficiente que o alienatário fique privado do bem por ato de autoridade administrativa.
 
 b) o direito do evicto de recobrar o preço que pagou pela coisa evicta depende do alienante participar na ação em que terceiro reivindique a coisa.
 
ALTERNATIVA INCORRETA: Questão de alta controvérsia jurídica, mas que já está sendo superada com o advento do NCPC/2015, que sedimenta o entendimento do STJ no sentido de que não é obrigatória a denunciação da lide para exercício do direito que da evicção lhe resulta.
 
A despeito de constar no art. 456 do Código Civil e no art. 70, do CPC/1973 que é exigida a denunciação à lide, a doutrina e jurisprudência já entende que essa obrigatoriedade não poderia ocorrer, conforme demonstra o Enunciado n. 434/STJ:
 
ENUNCIADO N. 434 – Art. 456. A ausência de denunciação da lide ao alienante, na evicção, não impede o exercício de pretensão reparatória por meio de via autônoma.
 
Desse modo, finalmente, o entendimento atual é que a denunciação não deve ser obrigatória em nenhuma hipótese, seja porque o art. 456 do Código Civil é obsoleto ou porque se refere ao antigo instituto do chamamento à autoria, desaparecido desde 1973, seja porque essa interpretação facilitava o enriquecimento ilícito de quem alienou indevidamente uma coisa.
 
Assim, o CPC/2015 enterra a discussão e, para não deixar qualquer dúvida, o art. 1.072, II, do CPC revogou expressamente o art. 456, do Código Civil.
 
d) as restrições decorrentes de tombamento do imóvel alienado ensejam evicção, mesmo que a adquirente tenha conhecimento do ato administrativo.
 
ALTERNATIVA INCORRETA: As restrições decorrentes de tombamento não excluem a propriedade do alienatário – apenas restringem o seu uso –, de modo que não há falar em direito de evicção.
 
e) nos contratos onerosos e gratuitos, o alienante responde pela evicção. Subsiste essa garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.
 
ALTERNATIVA INCORRETA. O alienante responde pela evicção apenas nos contratos ONEROSOS (compra e venda, troca, doação com encargo, etc). Se o contrato é gratuito (comodato, doação etc.) não há obrigação de o alienante responder pela evicção. Nesse sentido, art. 447, do Código Civil:
 
Art. 447. Nos contratos onerosos, o alienante responde pela evicção. Subsiste esta garantia ainda que a aquisição se tenha realizado em hasta pública.

Outros materiais