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TEATRO DE SOMBRA - TEXTOS CURTOS

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Prévia do material em texto

RATO
RATO: A parede? Vou andar um pouquinho pra ver se encontro uma parede... Mas, Obrigada Brisa.
(Rato anda e esbarra na parede...)
RATO E PAREDE falam: OOPS!
Oi parede! Vim de tão longe pra lhe falar algo. Escuta só...!
Parede parada
Que barra a brisa que destrói a nuvem
Que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
E com você eu quero me casar
Fazer da terra o nosso altar.
5 - PAREDE: Rato, meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar este contrato
Meus tijolos são de barro
Mas não é difícil me esburacar
Mesmo sendo bem segura
Vem a ratinha me cavoucar
Só a ratinha bem dentuça
Saberá como te amar.
RATO: Uma ratinha! Como não pensei nisso antes? Mas onde vou encontrar uma ratinha que queira casar comigo? Vou continuar a andar. Obrigada parede, muito obrigada.
RATO e RATINHA andam de costa e esbarra os dois...
6 - RATINHA: Ouuu! Olha pra onde anda seuuuu...
(Aparece vários coraçãozinhos...)
RATO: Ratinha eu vim de tão longe só pra te encontrar. Ouça só o que tenho a lhe dizer: 
Ratinha dentuça
Que cavouca a parede, que barra a brisa
Destrói a nuvem, que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante.
E com você eu quero me casar.
Fazer da natureza o nosso altar.
RATINHA: Rato, meu querido rato
Eu que sou assim de fino trato
Pra selar esse contrato
O meu faro é tão certeiro
Com você vou ser feliz
Mesmo não sendo perfeita
Eu sou a ratinha eleita
Fico toda aqui sem jeito
Esperando um grande queijo.
Ops!
Esperando um grande beijo
(Aparece a sombra da igreja, os outros personagens e os dois ratinhos e corações...)
FIM!!!
 (Palavra Cantada)
(Inicia a cena com o Rato e a Lua...)
1 - RATO: Olá pessoal! Eu sou o rato Raul.
Estou procurando uma namorada. 
Mas como está difícil encontrar namorada por aqui...
Vou falar com a lua, talvez ela queira casar comigo. 
- Lua minguante, Lua crescente
Declaro ser o seu mais lindo amante
Com você eu quero me casar
Fazer da noite escura
O nosso altar...
2 - LUA: Rato, meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar este contrato.
Minha luz é passageira
Fico sempre por um triz.
Mesmo quando estou inteira
Vem a nuvem me cobrir
Ela sim, nuvem faceira
É que lhe fará feliz.
RATO: Tá bom! Vou falar pra nuvem. Obrigada Lua!
(Nuvem aparece) 
- Nuvem redonda que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante
Com você eu quero me casar
Fazer do céu imenso o nosso altar...
3 - NUVEM: Rato, meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar este contrato.
Minha sombra é tão nublada
Fico sempre por um triz.
Mesmo quando estou parada
Vem a brisa a me diluir
Ela sim, brisa danada
É que lhe fará feliz
RATO: A brisa! Mas aqui não está passando nenhum 
Ventinho... Vou esperar um pouquinho então. Obrigada
Nuvem!
(Som de vento, aparece a brisa)
RATO: Ei Brisa! Escuta só o que eu tenho para lhe falar.
Brisa macia, que destrói a nuvem que cobre o luar
Declaro ser o seu mais lindo amante.
E com você eu quero me casar.
Fazer do vento nosso altar.
4 - BRISA: Rato, meu querido rato
Eu não sou assim de fino trato
Pra selar este contrato.
Mesmo quando sopro forte
Vem a parede a me barrar
Só a parede de uma casa
Não deixa a brisa passar
Ela sim, dura parede
É que aprenderá te amar.
ASSEMBLÉIA NA CARPINTARIA
Alexandre Rangel
1 - NARRADOR: Contam que na carpintaria houve uma vez uma estranha reunião das ferramentas para tirar as suas diferenças. Estavam reunidos o martelo, a lixa, o serrote, o parafuso e o metro.
(Ouve se barulho de martelo...)
2 - MARTELO: Vamos por ordem nisso aqui! 
NARRADOR: O martelo exerceu a presidência, mas os participantes lhe notificaram que teria que renunciar. 
MARTELO: Mas Porquê? 
NARRADOR: Porque, fazia demasiado barulho e, além do mais, passava todo o tempo golpeando. 
MARTELO: Esta bem, eu aceito minha renuncia, mas que também fosse expulso o parafuso, pois é enrolado e dá muitas voltas para conseguir algo. 
3 - PARAFUSO: Olha só, quanta injustiça! Mas se todos concordam eu aceito minha demissão, mas por sua vez, que seja expulsa também a lixa. Pois ela é muito áspera no tratamento com os demais, entrando sempre em atritos. 
4 - LIXA: Hora quanta injustiça! Eu aceito minha demissão desde que se expulse, também, o metro, que sempre mede os outros segundo a sua medida, como se fora o único perfeito.
(Entra o carpinteiro, ouve-se sons das batidas do martelo, som da lixa e barulho do serrote...) 
NARRADOR: O carpinteiro iniciou o seu trabalho. Utilizou o martelo, a lixa, o metro e o parafuso. Finalmente, a rústica madeira se converteu num fino móvel. 
(Aparece o móvel.... logo em seguida saem o carpinteiro e o móvel....)
Quando a carpintaria ficou novamente só, a reunião recomeçou a discussão. 
Foi então que o serrote tomou a palavra e disse:
5 - SERROTE: “Senhores, foi demonstrado que todos temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades. Isso é o que nos faz valiosos. Assim, não pensemos em nossos pontos negativos, e concentremo-nos na utilidade de nossos pontos positivos.”
(Ouvem-se sons de palmas...) 
Todos concluíram, então, que o martelo era forte, o parafuso unia e dava força, a lixa era especial para limar e afinar asperezas, e o metro era preciso e exato. 
Sentiram-se uma equipe capaz de produzir móveis de qualidade. Sentiram felizes com suas qualidades e por trabalharem juntos.
(saem os personagens...) 
 
FIM!!!
GALINHA RUIVA
Cenário pé de milho.
Ouvi-se sons de pintinhos e galinha...
1 - NARRADOR: Era uma vez uma galinha ruiva, que morava com seus pintinhos numa fazenda. Um dia ela percebeu que o milho estava maduro, pronto para colher e virar um bom alimento. A galinha ruiva teve a ideia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar! Mas era muito trabalhoso… ela precisava de bastante milho para o bolo. Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé? Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho? Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha de milho para o bolo? Foi pensando nisso, que a galinha ruiva procurou seus amigos:
2 - GALINHA: Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?
3 - GATO: (sonolento) Eu não. Estou com muito sono. (miauuu)
4 - CACHORRO: Eu não. (latindo AU-AU-AU) Estou muito ocupado.
5 - PORCO: (oinc! oinc!) Eu não. Acabei de almoçar.
6 - CAVALO: Eu não. Está na hora de brincar. (sai correndo)
NARRADOR: Todos disseram não. Então, a galinha ruiva ficou triste e foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno. Quando o bolo ficou pronto… Aquele cheirinho bom de bolo foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca. (ouvem-se sons dos bichos)
Então a galinha ruiva disse:
GALINHA: (co-co-co) Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo? Todos ficaram bem quietinhos. (Ninguém tinha ajudado.)
GALINHA: Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem continuar olhando. E assim foi: a galinha e seus pintinhos aproveitaram a festa, e nenhum dos preguiçosos foi convidado.
FIM!!!
O PESCADOR, O ANEL E O REI
1 - NARRADOR: Era uma vez um velho pescador que vivia contando:
2 - VELHO: (cantando)
Viva Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer
Ninguém nada faz.
NARRADOR: Mesmo quando a pesca não era boa, ele cantava com muita fé e alegria a sua cantiga.
VELHO: (cantando)
Viva Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer
Ninguém nada faz.
NARRADOR: Um dia, o rei daquele lugar soube da existe do pescador e quis que ele fosse à sua presença, por não admitir que Deus podia mais que tudo no mundo... Esse rei era tão poderoso e orgulhoso, que achava que podia até mais que o próprio Deus!
E lá foi o pescador, subindo as escadas de tapete vermelho do palácio, cantando:
Viva Deus e ninguém mais ...
Diante do rei, o pescador não mostrou medo algum, e ainda reafirmou sua fé, cantando a mesma cantiga. Então o rei disse:
3 - REI: Vamos ver se Deus pode mais que eu, pescador! Eis aqui o meu anel. Vou entrega-lo aos seus cuidados! Sedentro de quinze dias você me devolver o anel, intacto, você ganhará um enorme tesouro, e não precisará mais trabalhar para viver. Porém, se no décimo quinto dia você não voltar com o anel, mando cortar a sua cabeça! Agora vá embora...
NARRADOR: O pescador foi embora e quando chegou em casa entregou o anel para a mulher, que prometeu guarda-lo a sete chaves.
Deixe estar que isso não passava de um plano do rei, que logo mandou um criado, disfarçado de mercador, bater na casa do pescador, quando este já havia saído para pescar.
4 - MERCADOR: (Toc-Toc) Ô de casa!
NARRADOR: A velha senhora abriu a porta.
MERCADOR: Minha senhora, sou mercador. Vendo e compro anéis. A senhora não teria aí pelas gavetas um anelzinho para me vender? Pago bem!
E mostrou muito dinheiro.
5 - VELHA: Não tenho, não, senhor. Aqui é casa de pobre. Não tem anel nenhum, não.
NARRADOR: Mas a velha ficou surpresa com tanto dinheiro que o homem mostrou. Acabou caindo na tentação, e vendeu o anel!
Quando o pescador voltou cantando:
VELHO: Viva o Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer
Ninguém nada faz.
NARRADOR: ... Soube do que havia acontecido e ficou desesperado...
VELHO: Mulher! Você não vendeu o anel, não; você vendeu a minha cabeça!
NARRADOR: E foram correndo procurar o mercador por toda parte... (saem gritando: mercador... mercador...) nada encontraram. Claro! A essa altura, o criado disfarçado de mercador já estava longe, e havia jogado o anel em alto-mar, a mando do rei, para que nunca mais ninguém pudesse encontrá-lo. 
E o tempo foi passando...
Décimo dia...
O pescador, triste, continuava cantando: (mais lento e triste) Viva o Deus e ninguém mais...
Décimo primeiro dia...
E o pescador cantando e pescando... (ainda mais lento e triste) Viva o Deus e ninguém mais...
Até que, no penúltimo dia, o pescador chamou a mulher e disse:
VELHO: Mulher, eu vou morrer... Amanhã, minha cabeça vai rolar. Vamos nos despedir, com uma última refeição. Farei uma boa pescaria.
NARRADOR: E lá foi o pescador, tristemente, cantando sem parar sua cantiga.
Pescou cinquenta peixes, quarenta e nove ele vendeu no mercado, e um levou para a mulher preparar. 
Ela caprichou no tempero e fez no fogão de lenha aquele peixe que seria sua última ceia junto com o marido depois de tantos anos.
Mastiga daqui, chora dali, pensa de lá, e de repente...
VELHO: (se engasgando) O que é isso? Mulher! (Cospe o anel).
Eu não disse que Deus pode mais que todo o mundo?
(bem animado)
 Viva Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer
Ninguém nada faz.
NARRADOR: O pescador limpou o anel, e correu em direção ao palácio. Subiu as escadas de tapete vermelho cantando, fez uma reverência para o rei, que perguntou todo poderoso:
REI: E então, pescador? Onde está o meu anel?
VELHO: Está aqui, meu rei!
NARRADOR: O rei ficou boquiaberto! Não conseguia acreditar... Teve de entregar o tesouro para o pescador. E até o rei cantou: (rei e velho pescador cantam) 
Viva Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer
Ninguém nada faz. 
FIM!!!
LENDA DO BOI-BUMBÁ
PERSONAGENS: 
Catirina
Chico
Coronel
Pajé 
Boi
Filho de Catirina e pai Chico
Boi está na cena, entra Catirina gritando...
CATIRINA: (Ouve-se os gritos de Catirina) Chico! Hô, Chico! Chega aqui homi.
CHICO: Que foi muiê. Que sangria desatada foi essa, quem morreu?
CATIRINA: Morreu ninguém ainda não, mas seu filho que ainda nem nasceu vai morrer se eu não comer uma língua de boi. Estou num desejo danado de comer língua de boi. 
CHICO: Por que não disse antes muié. Vou ali comprar e já volto.
CATIRINA: Mas meu desejo não é de comer qualquer língua de boi. É daquele boi moreno, o mais bonito da fazenda.
CHICO: Cê tá doida muié? Aí quem morre sou eu.
CATIRINA: Dá seu jeito homi, pelo bem do nosso filho.... 
Chico anda de um lado pro outro preocupado. Entra Coronel chamando Chico.
CHICO: Chamou patrão.
CORONEL: Preciso ir à cidade Chico. Você é meu funcionário de confiança. Cuida dos meus bichos, em especial do meu boi moreno. Você sabe que é meu preferido. Daqui uma semana eu estarei de volta. 
CHICO: Pode ir despreocupado patrãozinho.
Coronel sai...
CHICO: Vou aproveitar que o patrão vai viajar, arranco a língua do boi moreno, salvo meu filho, compro outro boi, patrãozinho não irá nem perceber com tanto boi na fazenda. Deus, ao certo, me perdoaria, visto que seria para salvar seu filho.
Chico arranca a língua do boi leva para Catirina... 
CHICO: E agora muié, como vou fazer para arrumar outro boi pro patrãozinho? 
Saem... entra Coronel e deita (sentimento de tristeza).
NARRADOR: Os dias foram passando e Chico não conseguiu outro boi parecido para substituir o boi moreno. Então Chico foi para bem longe com sua esposa até seu filho nascer. 
Sabe como é! Notícias corre rápido, foi logo Chico ficou sabendo que o coronel havia caído em profunda tristeza. Desesperado e sentindo-se culpado. Chico decidiu: 
CHICO: O jeito é voltar e assumir o que fiz. Pelo bem do meu filho que nasceu forte e saudável, patrãozinho irá me entender. Mas antes, irei tentar a ultima solução. Chamarei o Pajé para trazer de volta o boi moreno. 
Entra Chico, Pajé e Catirina...
Chico levanta o Coronel.(faz gesto de pedir perdão...)
Todos ao redor do boi...
PAJÉ: Para trazer o boi moreno do sono profundo é preciso que uma criança pura de coração sopre três vezes o rabo do boi.
Todos procuram uma criança da plateia para sopra o rabo do boi. Quando soprar o rabo, o boi levanta...
TODOS CANTAM:
Saiu, saiu, saiu daqui agora
Saiu meu boi moreno
Nesse instante, nessa hora
Todo mundo me dizia que este boi não saia
Meu boi está na rua com prazer e alegria. (2x)
Saem... Boi na frente
FIM!!!
O GALO QUE CANTAVA PARA FAZER O SOL NASCER
1 - NARRADOR: Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada do galinheiro.
2 - GALO: Vou cantar para fazer o sol nascer…
NARRADOR: Ato contínuo, subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e ordenava, definitivo:
GALO: Có-có-ri-có-có…
NARRADOR: E ficava esperando.
Dali a pouco a bola vermelha começava a aparecer, até que se mostrava toda, acima das montanhas, iluminando tudo.
O galo se voltava, orgulhoso, para os bichos e dizia:
GALO: Eu não falei?
3 - CACHORRO: (au – au) Queria eu ser o cantor. 
4 - GALINHA: E eu que só sei botar. (voz de triste. Có-có-có)
NARRADOR: E todos ficavam abismado e respeitosos diante poder tão extraordinário conferido ao galo: cantar para fazer o sol nascer. Ninguém duvidava. Tinha sido sempre assim. Também o 
galo-pai cantara para fazer o sol nascer, e o galo-avô. Tal poder extraordinário provocava as mais 
variadas reações.
Quando a cantoria começava, de madrugada, ela ia se repetindo pelos vales e montanhas. Em cada galinheiro havia um galo que pensava a mesma coisa e julgava todos os outros uns impostores invejosos. Além do que não havia acordo sobre a partitura certa para fazer o sol nascer. Cada um dizia que a única verdadeira era a sua. Em cada galinheiro imperava o terror.
Os galos jovens tinham de aprender a cantar do jeitinho do galo velho, e se houvesse algum que desafinasse ou trocasse bemóis por sustenidos, era imediatamente punido. Por vezes, a punição era um ano de proibição de cantar. 
Sendo mais grave o desafino, ameaçava-se com o caldeirão de canja do fazendeiro, fervendo sobre o fogão de lenha.
[…]
Depois havia grande ansiedade entre os moradores do galinheiro. Que diziam:
5 - CAVALO: E se o galo ficasse rouco? (Som de cavalo)
6 - PATO: E se esquecesse da partitura? Quem cantaria para fazer nascer o sol? O dia não amanheceria. 
NARRADOR: E por causa disso cuidavam do galo com o maior cuidado.
Ele, sabendo disso, sempre ameaçava a bicharada, para ser mais bem tratado ainda.
— Olha que eu enrouqueço!, dizia.
E todos se punham a correr, para satisfazer as suas vontades.
[…]
Aconteceu, como era inevitável, que certa madrugada (aparecer a lua/noite) o galo perdeu a hora por dormir demais (som de ronco do galo. Z Z Z). Não cantou para fazer o sol nascer.
E o sol nasceu sem o seu canto. (sai o a lua eentra o sol. Ouve-se sons do ronco do galo e sons dos outros bichos ).
O galo acordou com o rebuliço no galinheiro. Todos falavam ao mesmo tempo.
CACHORRO, PATO, GALINHA e CAVALO: O sol nasceu sem o galo… O sol nasceu sem o galo…
NARRADOR: O pobre galo não podia acreditar naquilo que os seus olhos viam: a enorme bola vermelha, lá no alto da montanha. Como era possível? Teve um ataque de depressão ao descobrir que o seu canto não era tão poderoso como sempre pensara. E a vergonha era muita.
Os bichos, por seu lado, ficaram felicíssimos. Descobriram que não precisavam do galo para que o sol nascesse. O sol nascia de qualquer forma, com galo ou sem galo. 
Passou-se muito tempo sem que se ouvisse o cantar do galo, de deprimido e humilhado que ele estava. O que era uma pena: porque é tão bonito. Canto de galo e sol nascente combinam tanto. Parece que nasceram um para o outro.
Até que, numa bela manhã, o galinheiro foi despertado de novo com o canto do galo. Lá estava ele, como sempre, no alto do cercado, peito estufado.
GALO: (cantando: c oco ri coooooo)
CAVALO: Está cantando para fazer o sol nascer?, perguntou o cavalo em meio a uma gargalhada.
GALO: Não. Antes, quando eu cantava para fazer o sol nascer, eu era doido varrido. Mas agora eu canto porque o sol vai nascer. O canto é o mesmo. E eu virei poeta.
FIM!!!

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