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Slides Adam Smith - 2019(1)

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Economia Política
Prof.ª Maria Luiza L. Carvalhido
Adam Smith
Ele é considerado o pai da economia política. Com razão, pois até hoje a maioria de suas teorias revolucionárias não perderam em atualidade e relevância. 
Adam Smith é o primeiro representante da globalização. 
Biografia
Com calças amarradas na altura do joelho e um chapéu de abas largas, o professor Adam Smith passeia pelas ruas de Glasgow, imerso em conversas consigo mesmo, sem prestar atenção à sua volta. “Como um maluco como esse pode ficar perambulando por aí sozinho?”, reclamam mulheres do mercado. 
Adam Smith, o fundador da moderna economia política, corresponde exatamente à imagem do professor aloprado: distraído, tímido e as às vezes passeia de pijama pela cidade. 
Muitos de seus contemporâneos o consideram maluco, e Smith tem de ouvir as mulheres do mercado falando mal dele – foi o que disse certa vez a um amigo. 
Mas, como tantas vezes, a genialidade e a loucura são tão próximas. E, dessa maneira, Smith é considerado, com razão, o mais importante dos economistas. 
Smith nasceu em 5 de junho de 1723, em uma pequena cidade costeira da Escócia, Kirkcaldy. Seu pai morreu ainda antes de ele ter nascido. 
Desse modo, Smith cresceu na companhia da mãe, filha de um rico proprietário de terras. O garoto enfermiço e dependente recebe muita atenção. 
Ele mantém esse relacionamento estreito com a mãe até a morte dela. O tímido cientista Smith permanece solteiro por toda a vida. Ele faz diversas propostas de casamento, mas só recebe negativas. 
Depois da morte da mãe, em 1784, uma prima solteira passa a cuidar de Smith – alguém tem de assumir esse papel, pois o professor é notoriamente um desastrado. 
Quando criança, Smith frequenta a escola local de latim, em Kirkcaldy. Mais tarde, estuda latim, grego, matemática e filosofia da moral na Universidade de Glasgow. 
Um de seus docentes é o filósofo Francis Hutcheson, conhecido como brilhante orador e excelente professor. A tese de Hutcheson de que o senso moral do homem leva ao bem impregna as reflexões de economia política de Smith. 
Aos 17 anos, Smith encerra seus estudos em Glasgow com grande sucesso. Ele recebe uma bolsa generosa, que lhe possibilita continuar estudando no Balliol College, em Oxford. 
Lá ele assiste às aulas de línguas clássicas e filosofia. Mas Smith não se sente à vontade na universidade famosa. Em comparação à Universidade de Glasgow, que na época era o centro da cultura escocesa, ele Oxford atrasada. 
Considera os professores da Oxford preguiçosos, incapazes e estúpidos. Além disso, ele é confrontado com os preconceitos antiescoceses de seus colegas. 
Contudo e apesar disso, ele começa logo a falar com o sotaque inglês e passa a falar o inglês de Oxford para o resto de sua vida, o que é de vital importância para o seu reconhecimento social. 
Em 1746, Smith se forma como “Bachelor of Arts”. 
Com certeza ele está feliz em poder retornar a Kirkcaldy e à companhia da mãe, que aciona seus contatos e ajuda o filho a conseguir um emprego na Universidade de Edimburgo. 
Lá, Smith, ministra aulas de literatura inglesa, retórica, filosofia, direito e economia política. Ele é muito querido como professor. Há um enorme interesse por suas aulas, embora elas não façam parte do currículo oficial. 
Um de seus alunos, o escritor James Boswell escreveria mais tarde sobre seu professor: “As opiniões do sr. Smith são consideráveis, profundas e admiráveis. Ele não tem nada da rigidez e do pedantismo tão comum aos professores”. 
O número de seus admiradores só cresceu desde então. Até hoje, Smith tem seguidores no mundo todo, tanto nas faculdades de filosofia quanto nas de economia. 
O bom desempenho de Smith é rapidamente divulgado. Desse modo, no outono de 1751, aos 27 anos, ele se torna professor de lógica na Universidade de Glasgow. Suas aulas são consideradas claras e animadas. O nível aumenta mais uma vez. 
Um ano mais tarde, Smith torna-se professor de filosofia da moral e assume a cátedra de seu antigo mestre, Francis Hutchenson. 
Nessa época, surge uma grande amizade com o filósofo escocês David Hume, doze anos mais velho. 
Esse relacionamento contribui bastante para as teorias éticas e econômicas de Smith. Ambos continuam amigos muito próximos até a morte de Hume, em 1776. 
Smith vela o leito de morte de Hume e escreve um relato emocionante sobre as últimas horas do filósofo. 
Juntamente com Hume e o pintor Allam Ramsay, Smith funda, em 1754, um clube de debates chamado Select Society. Smith adora estar rodeado por pessoas interessantes e cultas. 
Os membros dessa “sociedade seleta” são todos expoentes do saber escocês. Smith também participa de outros clubes, embora ele não se saia muito bem nos debates. 
Diante de estranhos, ele chega a ser tímido. Na presença de seus amigos e com o tema certo, entretanto, ele brilha ao máximo, ensinando com paixão. 
Smith é generoso, participativo de detentor de um saber enciclopédico. Por essa razão, muitos apreciam sua presença. além, disso, ele é um homem respeitado da sociedade. 
Em 1773, ele se torna membro da Royal Society, a mais alta honraria que um cientista podia almejar na época. 
Smith já é famoso aos 36 anos. Sua obra intitulada The Theory of Moral Sentiments [ Teoria dos Sentimentos] é bem recebida em toda a Europa, esgotando-se logo depois de lançada. 
A base do livro são suas aulas de filosofia moral. Ele investiga como se constitui uma sociedade civilizada de homens livres e por que os homens desenvolvem, além de um saudável instinto de sobrevivência, também o amor ao próximo e o altruísmo. 
É incrível que Smith seja sempre apontado como representante de um tipo de pessoa que coloca o egoísmo e a ganância em primeiro lugar. 
Afinal, sua tese diz que a empatia pelo próximo é a base da moral e a mola propulsora do trabalho humano. O livro começa com a seguinte afirmação: 
“Podemos considerar o ser humano egoísta, mas existem alguns princípios em sua natureza que fazem com que ele participe do destino dos outros”. 
A reputação de Smith como docente logo é conhecida em toda a Inglaterra, e ele recebe uma proposta para ser professor particular de Henry Scott, o terceiro duque de Buccleuch. 
Ele deve acompanhar o jovem nobre em uma viagem de dezoito meses pela França e pela Suíça. Naquela época, era costume entre as melhores famílias inglesas que os homens jovens fizessem uma viagem mais longa pela Europa continental depois de encerrada a escola. 
O acadêmico deixa seu posto de professor e aceita a lucrativa proposta. Ele recebe 300 libras por ano e uma pensão vitalícia da mesma ordem. Isso é quase o dobro do seu salário na universidade. 
Durante a viagem, Smith se encontra com importantes pensadores de seu tempo e absorve muitas novas impressões, as quais irá utilizar mais tarde em A riqueza das nações. 
Ele conhece o economista e fundador da escola fisiocrata, François Quesnay. Em Genebra, Smith visita Voltaire, que muito admira. 
A viagem, contudo, é interrompida abruptamente porque o irmão mais jovem do duque, que os acompanhava, adoece gravemente. 
Smith volta à sua cidade natal, a fim de reunir em uma grande obra todas as suas reflexões sobre a riqueza das nações. 
Ele trabalha nisso por dez anos. Durante esse tempo, leva a vida de um quase ermitão. Smith se ocupava da sua pesquisa e se sentia tão feliz como talvez nunca antes na vida. 
O resultado dessa alegria de viver são cinco livros com mais de mil páginas sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. 
A obra intitulada Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações é publicada em 9 de março de 1776. Essa é a data do nascimento da economia política. 
Essa obra é a primeira obra sistemática da economia política e talvez a mais influente. Torna-se um best-seller, a bíblia da economia moderna. 
O editor de Smith e seus amigos duvidam que um livro tão grosso e de título tão pouco animador vá encontrar muitos leitores. 
A primeira ediçãoesgotou-se em seis meses. A primeira tradução aparece ainda no mesmo ano. Sua obra é lida e discutida em toda a Europa. São cinco edições apenas durante a vida de Smith. 
As teorias de Smith sobre o livre mercado, o ciclo econômico e o protecionismo do Estado fazem parte do conhecimento básico atual. Mas quando ele publicou essas teses, em meados do século XVIII, elas eram revolucionárias. 
Temos de situar o tempo no qual o grande economista viveu: um mercado livre, como o conhecemos hoje, ainda não existia, nem mesmo empresas de verdade. A ordem dominante era semifeudal. 
Muitos economistas, empresários e políticos defendem as bandeiras de Smith, cujas teorias são discutidas acaloradamente nas universidades e nos plenários até hoje. 
À época de Smith, a Revolução Industrial já havia começado, mas a agricultura ainda era o setor mais importante. 
O espírito empreendedor começa a germinar, mas é olhado com ceticismo pela nobreza, por políticos e privilegiados. Para eles, trata-se de uma postura egoísta, que quer lucrar às custas dos outros. 
Mas o avanço da divisão de trabalho e o surgimento das fábricas e de um setor monetário e financeiro elevaram a complexidade da vida econômica. 
Smith reconhece a necessidade de uma teoria econômica. Fenômenos como formação de preços, crescimento e divisão precisam ser explicados. 
Com a publicação de A riqueza das nações , como o livro é chamada de maneira abreviada, começa a história das ciências econômicas. 
A fonte da riqueza, segundo Smith, é o fator trabalho. A divisão do trabalho é um meio para o aumento da produtividade. 
Como defensor de um mercado livre e opositor de direitos alfandegários e protecionismos estatais, Smith torna-se o patrono dos que apoiam o livre comércio. 
Suas demandas por uma divisão internacional do trabalho e um livre comércio mundial transformaram-no, em meados do século XVIII, em um dos primeiros representantes da globalização. 
Smith abre sua obra explicando a origem da riqueza: “ O crescente desenvolvimento da produtividade do trabalho, e o aumento do engenho, destreza e discernimento ao qual está ligado, parece ter sido provocado pela divisão do trabalho”. 
A divisão do trabalho
Para Smith, divisão do trabalho significa que cada qual exerça a atividade que melhor domina. Ele apresenta isso no famoso exemplo da manufatura de alfinetes. 
Ao olhar para um alfinete, com certeza todo estudante de economia vai se lembrar, durante toda a sua vida, deste exemplo: “Um trabalhador que nunca fez alfinetes e que também não recebeu nenhum treinamento para tal, conseguiria, mesmo sendo muito esforçado, produzir no máximo um alfinete por dia, mas nunca vinte”. 
Durante uma visita a uma fábrica de alfinetes, Smith, observou que dez trabalhadores, que tinham se especializado cada um em uma etapa da produção, conseguiam produzir até 48 mil alfinetes por dia. 
Segundo sua teoria, as enormes possibilidades de aumento de produção levariam à riqueza generalizada. 
Ainda hoje, Smith é acusado de não se preocupar muito com o destino dos trabalhadores. A esse respeito, Karl Marx também o atacou, mas essa é uma crítica surpreendente e que não se sustenta, pois os perigos da divisão do trabalho são totalmente sabidos por Smith. 
Ele não apenas vê o que os operários produzem, mas também o que sofrem. Assim, muito antes da invenção da linha de produção, ele critica o embotamento dos operários. 
Com grande sagacidade, alerta para uma mutilação física e espiritual. Para tornar a divisão do trabalho mais suportável, ele defende a instrução do povo, o que daria mais sentido às suas vidas. 
Smith afirma que: “a divisão do trabalho, reduzindo a atividade de cada pessoa a alguma operação simples e fazendo dela o único emprego de sua vida, necessariamente aumenta muito a destreza do operário.” 
Além disso, os trabalhadores não perderiam tempo passando de uma atividade a outra – sua cabeça estaria voltada unicamente para aquela simples atividade a ele atribuída. 
Movimento que, inclusive, aumenta as chances de o operário realizar mais rapidamente a tarefa, além de pensar em possíveis soluções como a invenção e o aprimoramento de máquinas, que facilitariam seu trabalho.
Na visão de Adam Smith, a divisão do trabalho em todas as áreas da produção, leva a riqueza universal às camadas mais baixas da população. 
A questão é colocada em nível universal quando Smith afirma que “sem a ajuda e cooperação de muitos milhares não seria possível prover às necessidades, nem mesmo de uma pessoa de classe mais baixa de um país civilizado”. 
O contraponto é que a divisão do trabalho pode não ser importante para muitos reis da África, que são “senhores absolutos das vidas e das liberdades de 10 mil selvagens nus”, pois certamente as necessidades desses reis não seriam maiores do que a de um camponês europeu. 
Entretanto não há dúvidas de que assim que sentidos os benefícios da divisão do trabalho, não pode haver caminho de volta, pois, para Smith, este não é o sentido do desenvolvimento.
A origem da divisão do trabalho estaria na tendência do homem – apresentada de certa forma como natural – de permutar, intercambiar e trocar uma coisa pela outra. 
Além disso, a diferença de talentos – expressa na produção – seria efetivamente útil ao homem, pois qualquer um pode comprar qualquer parcela da produção de outro talento, de acordo com suas necessidades. 
Outra questão importante é a extensão da divisão do trabalho, que nunca irá ultrapassar o poder de troca – pois, efetivamente, a produção não deve ser maior do que a demanda – ou não haverá estímulo a produzir, já que será impossível permutar toda a produção. 
Justamente por isso a extensão do mercado deve ser proporcional à riqueza e a reduzida densidade demográfica da região. Logo, o sentido é que o mercado do mundo todo seja aberto à produção.
Smith afirma que, como indica o próprio título, a divisão do trabalho tem como limitador e, ao mesmo tempo, estimulador, o mercado.
A divisão do trabalho é diretamente proporcional à dimensão do mercado. E essa é diretamente proporcional a dois fatores.
O primeiro é a densidade demográfica. Quanto maior a quantidade de pessoas (ele não usa o termo consumidores), maior a divisão do trabalho. Um carregador, por exemplo, não conseguiria um emprego num vilarejo interiorano.
O segundo é um transporte efetivo. Um transporte é considerado efetivo quando possibilita que a mercadoria seja distribuída de forma rápida, econômica e a um maior número de nações e pessoas. 
Destaca o aquático, que – na época – era, sem dúvida (e fundamenta sua opinião no desenvolvimento das grandes nações do oriente e do ocidente, tanto as da Antiguidade com as da Modernidade), o que assim poderia ser considerado.
Smith, ainda afirma que – com o exemplo da manufatura do alfinete – quis reforçar a sua teoria de que a divisão do trabalho é fundamental ao desenvolvimento adequado de quaisquer nações, mostrando que apenas essa possibilita o enriquecimento das mesmas.
A princípio a teoria de Smith sobre preços e a circulação da economia é simples: cada um deve decidir em que, como e onde trabalhar, o que produzir e por quanto. 
O preço pelo trabalho e pelas mercadorias surge automaticamente. 
Um padeiro vai oferecer pãezinhos pelo preço máximo que seus fregueses estão dispostos a pagar. Se seu preço está muito alto, o padeiro não vai encontrar compradores e ficará em pior situação do que se ele estipulasse um preço mais baixo. 
A imagem que Smith faz da sociedade baseia-se na liberdade. Para ele, a sociedade poderia crescer desse modo e não por meio do protecionismo. A explicação de livre mercado é simples assim. 
Já a teoria de Smith sobre o uso próprio muitas vezes é mal-entendida com avidez. Sua definição, entretanto, não pode ser comparada com insensibilidade: 
“Não podemos esperar que nossa comida venha da boa vontade do açougueiro, do cervejeiro e do padeiro, mas pelo fato de eles perseguirem seus próprios interesses. Nós nãonos dirigimos à sua filantropia, mas ao seu amor-próprio, e não mencionamos as nossas próprias necessidades, mas as vantagens deles”. 
Em momento algum ele fala de avidez por lucros. De acordo com Smith, uma sociedade só é rica quando cada um persegue o objetivo de melhorar. 
A visão de mundo do liberalismo é a base de sua obra; o indivíduo está em primeiro plano. Até hoje, os ensinamentos de Smith têm uma enorme relevância na teoria e na política econômica. Smith aposta na auto responsabilidade. 
“Desse modo, tanto objetivos econômicos quanto sociais podem ser alcançados com eficiência. Isso é muito melhor do que aquilo que é praticado hoje na política, onde reinam a regulação e a intervenção no livre mercado”. Juergen B. Donges. 
A “Mão invisível”
A metáfora da “mão invisível”, criada por Smith, ficou famosa. 
Para este autor todos aplicam o seu capital para que ele renda o máximo possível. A pessoa ao fazer isto não tem em conta o interesse geral da comunidade, mas sim o seu próprio interesse e neste sentido é egoísta. 
O que Adam Smith defende é que ao promover o interesse pessoal, a indivíduo acaba por ajudar na consecução do Interesse Geral e Coletivo. 
Dizia ele, que não é pela benevolência do padeiro ou do açougueiro que nós temos o nosso jantar, mas é pelo egoísmo deles, pois os homens agindo segundo seu próprio interesse é que permitem que todos se ajudem mutuamente. 
Neste caminho ele é conduzido e guiado por uma espécie de Mão Invisível.
Ou seja, ele explicou que, ao perseguirem seus interesses próprios, todos os participantes do mercado contribuem involuntariamente para a riqueza da sociedade como um todo. 
Intervenções estatais nesse sistema evidente e simples da liberdade natural perturbam e levam a maus resultados. 
Graças à mão invisível não há necessidade de fixar o preço. Por exemplo, a Inflação é corrigida por um reequilibro entre Oferta e Procura, reequilíbrio esse que seria atingido e conduzido pela Mão Invisível.
“ O indivíduo, baseado em seus conhecimentos das condições locais, pode julgar melhor que qualquer governante ou jurista qual o investimento em sua região é adequado para o seu capital e qual alcançará um resultado que prometa o maior aumento de valor”. 
Adam Smith acredita então que ao conduzir e perseguir os seus interesses, o homem acaba por beneficiar a sociedade como um todo de uma maneira mais eficaz.
Com suas teorias, Smith também contraria duas noções dominantes de seu tempo: 
 - a escola dos fisiocratas; 
- a escola dos mercantilistas. 
A escola dos fisiocratas vê a agricultura como a única fonte de riqueza, diferentemente de Smith, que considera o fator trabalho e também critica a teoria dos mercantilistas, que dão grande importância ao estoque de dinheiro e às exportações. 
Com suas regulamentações, privilégios estatais e monopólios, os mercantilistas impõem que a economia sirva ao Estado. 
Smith, por sua vez, considera que a atuação estatal na Grã-Bretanha é ampla demais e prejudicial. Ele é contrário às alfândegas* e a favor do livre comércio. 
*Alfândega é uma repartição governamental oficial de controle do movimento de entradas e saídas de mercadorias para o exterior ou dele provenientes, responsável, inclusive, pela cobrança dos tributos pertinentes.
Dessa maneira, entre uma série de grandes economistas políticos, ele é o primeiro que faz do livre comércio um postulado e o primeiro representante da globalização sem fronteiras comerciais. 
Hoje em dia, Smith diria que o comércio aberto ajudaria a todos, principalmente aos países pobres. Muitas vezes é dito que a globalização os prejudica, mas esse não é o caso. Suas forças podem ser construídas apenas com mercados abertos. 
Atualmente, parece que os países ricos querem exportar seus produtos, mas exigem restrições às importações. Um exemplo disso é a discussão sobre importações de produtos têxteis da China. Os produtos têxteis importados da China estão aumentando sua participação no mercado nacional, enquanto as empresas brasileiras estão produzindo menos.
Os países ricos querem o livre comércio apenas em parte, não querem importações. Como Smith, já reconheceu no passado, a coisa só funciona se ambos os lados se mantêm fiéis ao livre comércio. 
Smith, entretanto, não pleiteava a completa retração do Estado, como muitas vezes é dito, e também não defende um capitalismo puro, desregulado. 
Ele explica que o melhor equilíbrio possível acontece quando também o Estado assume suas tarefas, as quais, além da defesa nacional, incluem infraestrutura, educação e proteção de cada membro da sociedade frente a injustiça e à opressão. 
Adam Smith morre em 17 de julho de 1790, aos 67 anos. Como comissário da alfândega e professor particular de um lorde escocês, seus rendimentos são altos, mas ele não deixa uma grande herança. 
Por ter sido um homem benemérito, em parte, até em segredo. É por isso que tantas pessoas acompanham seu enterro, mesmo aquelas que não são vistas normalmente nos círculos dos professores. 
Smith pediu aos seus amigos Joseph Black e James Hutton que queimassem seus manuscritos inéditos. Esse foi um pedido expresso em seu testamento, visto que ele não queria legar ao mundo algo incompleto. 
Referências
SMITH, A. A Riqueza das Nações: investigação sobre sua natureza e suas causas. Série: Os Economistas São Paulo: Nova Cultural, 1988.
Lüchinger, René (Org.). Os doze economistas mais importantes do mundo: de Smith a Stiglitz. Curitiba: IBPEX, 2011. 235 p. Tradução: Claudia Abeling.

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