OQUE É TRABALHO

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Apresento a seguir o resumo do livro “O que é trabalho” que tem por objetivo desmistificar as crenças populares existente sobre trabalho.
No nosso cotidiano a linguagem trabalho tem vários significados. Às vezes carregada de emoção, lembra dor, tortura, suor do rosto, fadiga, também aflições e fardo, esforço e cansaço.
Na cultura européia há varias significações de trabalho:
Grécia: fabricação, esforço, pena;
Latim: ação, obra;
Frances: tarefa;
Italiano: lavorare, operare;
Espanhol: trabajar e obrar;
Inglês: labour e Work;
Alemão: arbeit e werk (esforço e cansaço)
Português: significa a realização de uma obra com reconhecimento social.
No dicionário aparece como aplicação das forças e faculdades humanas para determinado fim, coordenada com caráter físico e intelectual necessária a qualquer tarefa, serviço, como ocupação permanente, oficio, profissão. Particularmente significa um esforço aplicado a produção ou obras de arte, dissertação ou discurso, deliberações de uma sociedade ou assembléia por interesse publico ou particular. Também significa deveres escolares ou o próprio nascimento da criança.
Trabalho se origina do latim tripalium que é o instrumento feito de três paus aguçados, com pontas de ferro, onde os agricultores batiam no trigo, milho, linho para esfiapá-los. Tripalium significa justamente torturar.
No dicionário filosófico trabalho é a atividade espiritual ou corporal com determinados fim. Para muitos trabalho será um esforço físico e para outros um esforço intelectual.
O trabalho humano tem consciência e intencionalidade e os animais trabalham por instinto programado e sem consciência. O homem no seu trabalho tem liberdade.
Natureza e invenção se entrelaçam no trabalho humano desde a ação mecânica e natural ate a ação controlada e consciente. Natureza e cultura se encontram no trabalho de parto, no cultivo do campo, na modelagem da argila, na invenção da eletricidade, entre outros. 
Max Scheler, filosofo alemão distinguiu três sentidos da palavra trabalho: uma atividade humana, animal ou mecânica; produto coisificado de uma atividade; e uma tarefa ou fim apenas imaginativo.
Porem nossa linguagem nem sempre faz as distinções, o trabalho como atividade especificamente humana dos processos condicionados fisiologicamente e de fluxos mecânicos de movimento.
Em física, trabalho é a força e deslocamento de um corpo em movimento no tempo.Na fisiologia um músculo realiza trabalho, seu objetivo consciente do próprio músculo. Em sociologia trabalho esta no contexto social.
Entre o momento da pré-história e os tempos de hoje surgiram distinções clássicas, com palavras diversas, como ocupar-se, produzir, fazer, agir e praticar o trabalho.
O trabalho provem de um esforço coletivo que obedece ou determina ordem de subsistência. É a economia isolada e extrativa, é um esforço complementar ao trabalho da natureza, sendo uma forma primitiva ante a ação da natureza.
Nas comunidades isoladas o trabalho é rígido por um sistema de deveres religiosos e familiares, com relação ao trabalho tribal.
Com a agricultura o equilíbrio da natureza é perturbado, tendo no plantio uma fonte de alimento os se multiplicam e a expansão leva a conquistar novas áreas de florestas para o cultivo.
Com o trabalho do plantio surgiu a noção de propriedade e o produto excedente, criam-se condições para a existência de uma classe social ociosa e por conseqüência as desigualdades sociais.
A propriedade, como se encontra em estágios posteriores da evolução econômica se separa do trabalho, desapropriando o trabalhador do direito de propriedade. 
Um fato com relação a esta evolução da propriedade foi a pratica de guerra,sendo que o povo conquistado nessas guerras permanecem no trabalho e entregam seus excedentes aos novos senhores. Os escravos capturados constituem a base da força do trabalho submentendo-se a categoria mais baixa da hierarquia social do povo conquistador.
Nas linhas principais das relações econômicas o excedente era consumido em parte para manter um aparato militar e parte para manter o padrão de vida da classe ociosa.
O trabalho sobre a terra origina a riqueza dando inicio ao comercio dando imediato uso da moeda.
Em centros disserminados desenvolveu-se a burguesia onde ate hoje é a classe dominadora da sociedade capitalista, determinando em grande parte as formas pelas quais se realiza o trabalho. As características da era moderna distinguem a aplicação da ciência a produção. A burguesia em seu momento criativo tem a idéia de a produção os conhecimentos sobre a natureza e os fenômenos físicos, ciências humanas, psicologia ao controle social.
Com a colonização de novos mundos e com a aplicação da ciência á produção gerou-se a Revolução Industrial.
A revolução industrial, ligada pela ampliação da ciência e desenvolvimento da tecnologia, aumenta a produção capitalista, dividindo-se em três estágios:
1- A invenção da maquina a vapor;
2- Tecnologia moderna pelo uso da eletricidade;
3- O maior de todas as revoluções tecnológica, a invenção do computador.
	O progresso de conhecimento, fruto de muito trabalho humano, este frustrado num uma tecnologia destrutiva da natureza e distanciada da felicidade dos homens. Ernest Bloch faz uma nova interpretação sobre as utopias, chamando de moratória da técnica no capitalismo: quando a técnica da qual a humanidade esperava a abundancia e a felicidade, portanto a paz se aplica especialmente a indústria da guerra.
	A tecnologia começa a se expandir, nem sempre de forma positiva, acumula experiências e possibilidades, no outro lado os homens sonham com terra abençoada onde não precisam trabalhar. O individuo sente dificuldade em dar sentido a sua vida se não for pelo trabalho, afinal cada vez mais pensamos em trabalhar para ter boa qualidade de vida.
	O trabalho é um esforço planejado e coletivo, no contexto do mundo industrial, na era da automação. Estamos vivendo num espaço das organizações multinacionais, cada vez mais passamos a depender das organizações, desse modo cada vez mais deixamos o trabalho autônomo por empregos nas organizações.
	Do século XIX para cá, muitas pessoas estão deixando suas casas no campo e vindo para a cidade, nesse sentido a um crescimento assombroso em busca de emprego nessa produção moderna, com promessas de trabalho menos ariscado, mas não são oferecidos a todos.
	A corrida para as cidades se explica em parte pela natureza do trabalho industrial, pela produção em serie e com auxílio de maquinas, concentrando-os nos grandes centros urbanos. O artesanato não exige a aglutinação dos trabalhadores do mesmo modo que o sistema industrial de produção.
	A modernização, a industria e a cidade não conseguiram terminar com a miséria, a saúde do povo, a felicidade das crianças, a justiça social, que materialmente possibilitava.
As mulheres sempre trabalharam, não só com serviços leves, participavam na agricultura, no artesanato e nos fazeres domésticos, foi sendo modificado. Na era industrial as mulheres mostraram que podiam trabalhar nas indústrias sem nenhuma diferença entre o trabalho masculino e o feminino.
No entanto com a entrada da mulher nas indústrias, acabam se afastando da família e do lar, enquanto que no trabalho artesanal, toda família trabalhava em conjunto e na própria casa, ao contrario da nova era, onde cada um faz uma função. O trabalho é alienado do trabalhador porque o produto o detém, não possui nem domina os meios de produção. Nesse sentido o trabalho separa cada vez mais a família, assim o convívio familiar é cada vez menos.
No trabalho atual também há separação das funções entre os funcionários, assim tornando o trabalhador alienado, não conhecendo mais todo o processo na produção de um determinado objeto, desse modo o trabalhador vende o seu tempo, sua energia, sua capacidade a outrem.
Segundo Marx: como o homem se aliena, ou seja, vende sua força de trabalho a outrem, a quem ele autorga e a quem passa a pertencer o seu trabalho e produto deste- ambos igualmente alienados, assim esta relação alienada do home com seu trabalho e produto gerauma relação correspondente do capitalista com o trabalho, que é a propriedade privada. 
Os mitos sobre o esforço dos homens em busca de seu sustento moldaram os preconceitos das diversas culturas em todas as épocas. Nesse sentido, o trabalho é construído em cima dos preconceitos, e muitos são criados a partir dos mitos. 
Antigamente a divisão de trabalho existia com vistas á qualidade do produto e por causa da diversidade das capacidades e dons, não eram vistas a maior produtividade como hoje. Seu trabalho não se da como criação livre, porque é feito para sobreviver, recebe remuneração e se constitui em serviço ao usuário.
Para os gregos o trabalho do artesão é visto como trabalho escravo. Os gregos diferenciavam as fases do trabalho como:
Labor: trabalho pela sobrevivência e dependente das condições da natureza e biológicas;
Poiesis: é a mão de obra humana, que faz uso de instrumentos. O esforço é individual e depende só do individuo, o esforço é livre.
A Práxis: é a palavra como instrumento, o discurso, a política. Exercer a palavra garante liberdade ao homem e é neste momento que se forma a ética. O trabalho intelectual é o único respeitado como humano.
Na tradição Judaica o trabalho é encarado como labuta penosa, a qual o homem esta condenado pelo pecado. Com a Reforma Protestante, o trabalho sofre uma reavaliação dentro do cristianismo. Para Lutero o trabalho aparece como base e a chave da vida, nesse sentido o trabalho é o caminho religioso pra a salvação.
Segundo a autora, para este cristianismo, a divisão social do trabalho e a diferenciação dos homens em camadas e profissões, estabelecidas através do desenvolvimento histórico, parece ser resultado da vontade divina.
Segundo Hegel, o trabalho é uma relação peculiar entre homens e os objetos, na qual se unem o subjetivo e o objetivo, o particular e o geral, através do instrumento, ferramenta.
O instrumento e a ferramenta são manifestações da racionalidade do homem, manifesta sua vontade, necessidade do reconhecimento, fazendo com que os indivíduos lutem pelo que necessitam.
A produção do objeto pelo homem é ao mesmo tempo um processo de autoprodução do homem. No que produz, o homem se reconhece e é reconhecido; e reconhece a relação social, de dominação de senhor e escravo, em que se da a sua produção. A relação entre os homens e os objetos através do trabalho, do uso dos instrumentos, cria a relação dos homens com os homens mesmo.
No entanto, o trabalho que era para trazer alegrias, prazer, conforto esta desagradando, pois atualmente não esta satisfazendo o trabalhador, afinal, esta gerando cansaço, desgastes, pouca alegria, exploração, não estão sendo reconhecido como gostariam. As empresas não aceitam o senso critico do trabalhador, nas propagandas dos produtos manipulam o trabalhador a comprar, mesmo sem condições, pois estão alienados a consumir cada vez mais.
A integração dos trabalhadores acontece na pressão, com ameaça de perda dos meios de sobrevivência, a distribuição da justiça, a policia, as forças armadas.
Portanto, o trabalho hoje não seria só alienante porque o esforço alienado imbeciliza e reduz a capacidade de opor-se ao sistema e superá-lo. O produto de trabalho e o seu consumo escravizam; terminam o processo de alienação e cooptação do individuo, que não pode mais se destacar e opor. O trabalho torna-se necessário porque o produto é visto como tal, e assim se fecha o circulo da nova dominação.
É preciso refletir um pouco sobre as semelhanças e diferenças eventuais entre trabalho e emprego. Está tão difundida a maneira moderna de trabalho e serviço de uma organização ou um patrão, como assalariado, que ninguém estremece ao ver integralmente identificado os termos emprego e trabalho.
Trabalho e emprego possuem um ponto em comum, a obtenção de renda. A pessoa que trabalha como autônoma pode se contar desempregada. Pois não é reconhecido pelo governo, não possui garantia dos benefícios como no emprego fixo.
Segundo Paul Singer, conhecido economista brasileiro, distingue entre os setores de emprego: o setor de mercado; o setor autônomo e o setor de subsistência. Ainda distingue o trabalho produtivo e o improdutivo, estes ainda são polêmicos. Todo trabalho é produtivo, mas só é produtivo quando cria valor, que de lucro as empresas que o realiza, nesse sentido todo trabalho que criar bens de consumo ou que satisfazem as necessidades humanas é produtivo. Tanto o trabalho produtivo com o improdutivo pode ocorrer de diferentes formas, dependendo do ponto de vista utilizado.
O trabalho domestico não é considerado produtivo, mesmo sendo socialmente produtivo. No trabalho social se inclui toda ação organizada que visa reduzir a inadaptação social, explicita ou implícita. A origem do trabalho social esta nos voluntários de beneficência do passado. Porem o trabalho social ganha desprezo dos que não o faz só da vantagem ao sistema, quando pode modificar o comportamento dos produtores, e assim, afeta a produção.
O trabalho não só é um dever, mas um direito, pois através dele o homem é homem, se faz, aparece: enquanto cria, entra numa relação com os outros, com o seu tempo, cria o seu mundo, se torna reconhecido e deixa sua marca por onde passa.
A cada um segundo sua necessidade, e de cada um conforme a sua capacidade é a regra do socialismo, isto é, deve se tornar a regra da ordem ideal do comunismo. 
O trabalho seria concebido como fonte de prazer, o acento seria posto na criatividade, sobre a produtividade, o trabalho seria o produto da alegria de criar, satisfação análoga à atividade do artista, do pensador, do amador que exerce toda espécie de ofício. 
Numa sociedade feliz, sem classes, o objetivo supremo não será maus o rendimento, o desempenho, mas a criação. O trabalho não será mais uma carga que o homem suporta apesar dele mesmo porque sem ele não sabe do que viver. A vida de todos os membros da sociedade será assegurada independentemente de seus desempregos e façanha. De modo que o trabalho poderá tornar-se enfim, uma atividade com sentido.
O ideal de uma sociedade progressista não deve ser aquele da luta, da concorrência, da inveja e da agressividade. Para ocorrer uma mudança social, é preciso da gestão operaria. Assim a gestão operaria transforma o mundo do trabalho buscando uma sociedade que respeitem as necessidades e capacidades de cada um, isto é, todos os trabalhadores serão respeitados e poderão participar das decisões da empresa onde trabalham.
Portanto, a gestão operaria marcara o fim da dominação do trabalho sobre o homem, e o começo da dominação do homem sobre seu trabalho.
Concluo que o trabalho é um dos valores mais importantes do ser humano, é uma necessidade natural e eterna. Faz parte da identificação de cada um, afinal trabalhar é sinal de caráter, orgulho e satisfação para muitos, por maior que seja o desafio.
São muitos os conceitos sobre o trabalho no decorrer da historia da humanidade, uns positivos outros negativos. O trabalho iniciou com os caçadores, que com seus meios garantiam sua sobrevivência, acontece ate os dias de hoje.
Relacionamos trabalho com esforço físico e mental, dor sofrimento, exploração. O trabalho se tornou essencial nos dias de hoje, um meio de sobrevivência, onde garantimos o nosso sustendo, adquirimos bens, condições de vida melhor, conforto e status.
Vivemos numa sociedade extremamente capitalista, nesse sentido esta cada vez mais difícil ter uma vida confortável, com o surgimento da tecnologia fica cada vez mais distante.
Ao mesmo tempo em que o trabalho é necessário, se torna um fardo, pois este agregado ao cansaço, desgaste e exploração.
No entanto, vemos a necessidade de garantir direitos, benefícios, ter segurança, estabilidade, foi através de reivindicações, lutas e protestos que conseguimos ampliar nossos direitos e garantir benefícios.
Portanto, o trabalho é de suma importância para o ser humano. Ele é uma ação humanizada exercida num contexto social, que sofre influências oriundas de distintas fontes, o que resulta numa ação recíproca entre o trabalhador e os meios deprodução. Além disso, o trabalho é uma fonte de prazer e satisfação e está relacionado com as expectativas de progresso e desenvolvimento pessoal. Visto como um desafio, o trabalho é uma forma de auto-realização. Por fim, é o trabalho uma fonte de sobrevivência e todas as profissões são importantes para nossas vidas.