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Dermatologia em Grandes Animais

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DERMATOLOGIA EM GRANDES ANIMAIS
DOENÇAS CAUSADAS POR BECTÉRIAS 
DERMATOFILOSE
Etiologia
Dermatite bacteriana superficial caracterizada por exsudato e formação de crostas. Os patógenos causadores são Dermatophilus congolensis (bacteria G+).
Patogenia
Dedido a uma proliferação bacteriana e a mesma penetra na pele, umidade excessiva da pele (chuva), abrasões (quebra da barreira protetora), contato direto com portadores, fômites (crostas) ou insetos, manejo inadequado do pelo, imunossupressão.
Sinais clínicos
Formação de crostas, facilmente destacáveis, presença de exsudato amarelado ou acinzentado sob as crostas. Primariamente no dorso de equinos e bovinos, depois em na porção distal dos membros; entre os membros, escroto, períneo e úbere (bovinos); orelhas e base da cauda em caprinos jovens.
Diagnóstico
Lesão de pele característica, esfregaço das crostas seguido de citologia.
Tratamento
Regressão espontânea das lesões em 4 semanas, caso não regridam fazer a remoção das crostas, limpar com Iodo, clorexidine (1-4 %) e uso de antibiótico (Penicilina, Ceftiofur, Sulfa + trimetoprim). 
A prevenção abrange a raspagem e escovação regulares, evitar umidade da pele por longos períodos, higiene, nutrição, controle de insetos, separação dos animais e utensílios afetados (contagiosa).
FOLICULITE
Etiologia
Bactérias Staphylococcus aureus, Staphylococcus hycus. É secundária a um trauma cutâneo.
Sinais Clínicos
Áreas em contato com sela e arreios (equinos); cauda, membros, pescoço e face (bovinos); presença de pápulas, pústulas, nódulos, úlceras, crostas e fístulas; circular com alopecia final (estágio crônico ou processo cicatricial).
Patogenia
Quebra da barreira do folículo piloso, ocorre uma multiplicação bacteriana nos folículos levando a uma inflamação e destruição folículo piloso, ele se rompe e gera uma piodermite profunda.
Diagnóstico
Sinais clínicos, cultura dos nódulos, biópsia e citologia. DD: dermatofilose e necrobiose.
Tratamento
Limpeza das lesões com Iodo ou clorexidine, depois passar pomada de sulfadiazina de prata. Antibióticos em casos mais graves mediante a antibiograma.
LINFANGITE ULCERATIVA
Etiologia
Infecção bacteriana causada por Corynebacterium pseudotuberculosis, Staphilococcus spp., acometendo nódulos linfáticos. O que predispõe a doença é idade, condições ruins de higiene e manejo e insetos.
Sinais Clínicos
Abscesos externos (forma branda), membros pélvicos com edema subcutâneo agudo e doloroso, abscedação dos vasos linfáticos com nódulos firmes em cadeia, que se rompem. Manifestação sistêmica com abscessos internos.
Patogenia
Lesão de pele, Má higiene predispõe crescimento bacteriano e desenvolvimento dos sinais clínicos da doença.
Diagnótico
Cultura de bactérias. DD: esporotricos, linfossarcoma •
Tratamento
Antibioticoterapia (Penicilina ou Ceftiofur), AINES (fenilbutazona associado com dipirona).
DOENÇAS CAUSADAS POR FUNGOS
Micose = Doença causada por fungos. 
Dermatofitose = Infecção do tecido queratinizado, pêlo e estrato córneo que é causado. por dermatófitos (Microsporum, Trichophyton ou Epidermophyton) onde, estes são os únicos fungos capazes de invadir e manter-se em tecidos queratinizados.
Dermatomicose = Infecção fúngica do pêlo, unhas ou pele causado por um não dermatófito. 
DERMATOFITOSE
Etiologia
Trichophyton equinum (comum em equinos), T. verrucosum (comum em ruminantes) e T. mentagrophytes (segundo mais comum em equinos e ruminantes). Ocorrem em locais de clima quente úmido. Fatores predisponentes são superpopulação, insetos, má nutrição, doenças, fármacos imunossupressores. Infecção por contato direto com animais infectados, fômites ou ambiente.
Patogenia
Em situações normais eles invadem tecidos completamente queratinizados mortos, causando uma alopecia circular e inflamação quando começam a liberar substâncias que atingem a vasculatura dérmica e atuam como irritantes.
Sinais Clínicos
Lesões multifocais, diversos tamanhos, crescimento circunferencial. Lesões primarias com alopecia, crostas e escamas e prurido moderado a ausente. Lesão semelhante à urticária. É uma Zoonose.
Diagnóstico
Visualização direta, Lâmpada de wood (M. equinum) e cultura.
Tratamento
Tende a desaparecer sozinho quando o animal tem boa resposta imunológica pela corrigir desequilíbrios nutricionais, encerrar o uso de antiinflamatórios e imunossupressores. Controle do ambiente e de outros animai. 
Luz Solar, uso tópico (em 100% dos casos) de iodo PVPI, glicerina iodada, iodo povidine, clorexidine 1%. Loções e shampoos. Antifúngicos: anfotericina B, miconazole, nistatina, griseofulvin, miconazole, fluconazole, ketoconazole, itraconazole. 
Descontaminação do ambiente com hipoclorito de sódio, formalina, gluteraldeido, amônia quaternária, eliminação de fômites, camas, escovas, baldes, raspadeiras, manta, sela sempre limpas e desinfectadas.
PTIOSE
Etiologia
O pseudofungo Pythium insidiosum vive em plantas e substâncias orgânicas e necessita de água para se transformar na forma infectante. Animais em contato com água contaminada por eles e com lesões abertas ficam sujeitos a penetração e invasão do mesmo em seus tecidos. Comum em regiões quentes e úmidas e pantanosas.
Sinais clínicos
Lesões unilaterais, ulcerativas granulomatosas, contendo canais fistulosos e Kunkers (estruturas formadas por necrose coagulativa com aspecto cinza-esbranquiçado a amarelado, semelhantes a corais) principalmente em membros e abdômen. Elimina uma secreção serosanguinolenta engrossada.
Diagnóstico
Sinais clínicos, histopatológico e isolamento, biópsia, citologia (inflamação granulomatosa e piogranulomatosa), imunohistoquímica e PCR. DD: Tecido de granulação exuberante, granulomas, habronemose e sarcóide.
Tratamento
Não há casos de remissão espontânea. É necessário remoção dos tecidos afetados com margem cirúrgica, tratamento tópico (antifúngicos, iodeto de potássio, iodo PVPI), infusão regional (anfotericina B) e uso da vacinas (curativa apenas quando administrada a cavalos com lesões com < de 2 semanas).
DOENÇAS CAUSADAS POR VÍRUS
PAPILOMATOSE
Etiologia
Papilomavirua Equus cabllus (7 tipos) acomete equinos jovens e imunossuprimidos; nos bovinos existem 6 tipos de Papillomavirus. Transmitido pelo contato direto.
Sinais Clínicos
Nos equinos observa-se verrugas pequenas e benignas (1 a 2 mm, plana), solitárias ou múltiplas na região de focinho, lábios e membros. Nos bovinos observa-se nódulos cinzas corneificados, planos ou pedunculados, sem pelo na região de face, pescoço, paleta, úbere.
Diagnóstico
Biópsia e sinais clínicos. DD: para equinos Sarcóide e carcinoma; para bovinos apenas para carcinoma.
Tratamento
Nos equinos ocorre uma regressão espontânea 1 a 6 meses, caso não da para fazer cauterização química ou térmica. Nos bovinos ocorre regressão espontânea, caso não recomenda-se excisão cirúrgica, vacinas, auto-hemoterapia, cobre, Diaminazina, Levamisol.
Manejo sanitário fazer vacina e Isolar animais afetados.
NEOPLASIAS
SARCOÍDE
Tumor fibroblástico, localmente agressivo. Mais comum nos equinos. Esta associado ao papiloma vírus bovino tipo 1 e 2. Nódulos presentes em qualquer região do corpo podendo ser um ou vários. 
Os nódulos tem 4 apresentações clínicas, a verrucosa, fibroblástica, mista (verrucoso-fibroblástico) e oculta.
O trauma + exposição ao agente + genética leva a sarcóde.
Diagnóstico
Biópsia. DD: papiloma, carcinoma, fibrossarcoma, granulomas (habronema, pitiose, TGE).
Tratamento
Exérese cirúrgica, crioterapia , cauterização, aplicação intralesional drogas citotóxicas, radioterapia, laser, imunoterapia (BCG), quimioterapia tópica (Cisplatina).
CARCINOMA DE CELULAS ESCAMOSAS
Tumor maligno dos queratinócitos de células epiteliais escamosa, mais comum no grandes animais. Bovinos: Hereford e Simental; equinos: Apaloosa. Esta associada a exposição prolongada a luz ultravioleta, falta de pigmento na epiderme, perda de pêlos ou cobertura esparsa.
Sinais Clínicos
Quando o nódulo é produtivo o aspecto papilar de tamanho variável com aspecto de couve-flor, normalmente com superfície ulcerada e sangram com facilidade.Quan é erosivo formam-se úlceras cobertas com crostas, que se tornam profundas e formam crateras. Aparecem em lábios, vulva, olhos , pênis – junções muco-cutânea.
CARCINOMA ESPINO-CELULAR
Tumor por trauma associado com predisposição genética (comum em ovinos Merino, bovinos Hereford), localmente invasivo com metástase em linfonodos regionais. Ocorre no prepucio em equinos levando a metastases sistêmicas.
DD: granulomas e sarcóide.
Tratamento
Excisão cirúrgica com crioterapia e drogas citotóxicas intralesão (cisplatina).
MELANOMA
Comum nos equinos, em 80% dos cavalos tordilhos com mais de 15 anos. 
São nódulos subcutâneos, firmes ou não, único ou múltiplo, marrom a preto, não ulcerado comum em genitais, cauda, membros, pescoço, orelhas, parótida.
Ocorre devido a um distúrbio produção melanina, pode ser benigno ou maligno (prognóstico desfavorável).
Tratamento
Normalmente não tratado. Mas pode fazer excisão, usar cimetidina, vacina autógena, cisplatina intralesional (quando menores que 3 cm de diâmetro) e criocirurgia.
DOENÇAS CAUSADAS POR PARASITAS 
HABRONEMOSE CUTÂNEA
É uma dermatite granulomatosa, comum em equinos. Causada pela larva de Habronema microstoma, H. muscae e Draschia megastoma.
Patogenia
No ciclo natural, as larvas do parasita são eliminadas pelas fezes no ambiente, e são ingeridas pelas moscas Musca domestica (mosca doméstica) ou Stomoxys calcitrans (mosca do estábulo). Após o desenvolvimento do parasita internamente, as moscas atuam como vetores, depositando as larvas próximo à boca do equino, permitindo a deglutição. No estômago do cavalo, as larvas irão se desenvolver e se reproduzir. As fêmeas do parasita eliminam ovos ou larvas imaturas, que serão eliminadas pelas fezes, completando o ciclo.
Dentro desse ciclo natural, a ingestão das larvas pode ser pela eliminação do parasita pelas moscas, ou também pela ingestão acidental de larvas no ambiente, ou até mesmo da própria mosca (que por ventura caia na água, por exemplo).
No caso do ciclo errático, as moscas depositam as larvas em feridas expostas da pele, ou em regiões onde o animal não consegue espantar a mosca (cabeça, abdômen, e pênis), sendo incapazes de completar o ciclo, e morrendo. A presença das larvas gera uma reação inflamatória e de hipersensibilidade (alergia), com lesões ulcerativas e bastante incômodas.
Sinais Clínicos
Granulomas hemorrágicos e ulcerados, foco de necrose, prurido intenso. Comum no canto medial do olho, membros, uretra, prepúcio.
Tratamento
Excisão cirúrgica, proteger a ferida, eliminar o vetor, Ivermectina (1x por sem por 3 sem) e uso tópico de Triclorfon.
FOTOSSENSIBILIZAÇÃO
Etiologia
Sensibilidade exagerada do animal aos raios solares quando ingerem agentes fotodinâmicos com propriedades fototoxicas ou fotoalérgicas. Primária quando a substância é ingerida ou quando se entra em contato; secundária quando é metabolizada pelo fígado e o agente sensibilizador cai na corrente sanguínea.
É mais comum em bovinos e ovinos e a gravidade da enfermidade esta relacionada com concentração e tempo de exposição ao agente fotodinâmico.
Patogenia
A fotossensibilização primária se da por agentes químicos (Fenotiazina, Tetraciclinas, Clopromazina, Furosemida, Corticóides); a fotossensibilização secundária ou hepatógena é mais frequente, o agente fotodinâmico existe em um fungo encontrado em algumas Plantas.
Ocorre que o animal é sensível a esse agente, a filoeritrina, e ao ingeri-la, ela não pode ser metabolizada pelo fígado sobrecarregando-o, cai na corrente sanguínea, permanece em altas concentrações e se instala na pelo, e com os raios solares começam a desenvolver feridas.
Sinais clínicos
Áreas menos pigmentadas e menos protegidas de pêlos ou lã formam eritema, edema inflamatório (cabeça e orelhas em ovinos), exsudação serosa evolui para crostas, necrose, ulcerações ou gangrena seca. Pele com aspecto de casca de árvore. Aminal com inquietação, procurando sombra. Hipertermia, icterícia apenas em fotossensibilização secundária.
Diagnóstico
Histórico, distribuição das lesões, detecção de filoeritrina no soro, função hepática (GGT; FA e bilirrubinas aumentadas).
Tratamento
Tratamento suporte, hidratação, solução glicosada, cuidado com os olhos. Cessar ingestão de agente (pastejo noturno), evitar a exposição solar direta. 
Quando houver infecções secundárias, uso de pomadas com óxido de zinco, anti-histamínicas (Fenergan), corticoides , emolientes tópicos: óleo de fígado de bacalhau e medicamentos sistêmicos como antibióticos (pnicilinas e cefalosporinas) e corticoides (predinisona e predinisolona).

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