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DIREITO CIVIL Professora Christiane C. Marcellos Conceito: É um conjunto de normas que regula os interesses fundamentais do homem, pela simples condição de ente humano. É o ramo do direito privado destinado a reger as relações entre os indivíduos. DIVISÕES DO DIREITO CIVIL : O Código Civil Brasileiro contém 2.046 artigos e divide-se em Parte Geral e Parte Especial, sendo: Parte geral: Contém regras aplicáveis aos institutos disciplinados na parte especial. Trata das pessoas, dos bens e dos fatos jurídicos. PARTE GERAL Sujeito Pessoas (sujeito de direito) Objeto Bens (objeto do Direito) Relação jurídica (fato, ato e negócio jurídico, que é a relação jurídica) Parte Especial: Versa sobre Direito das Obrigações ( trata do vínculo pessoal entre credores e devedores, tendo por objeto uma prestação patrimonial) , Direito da Empresa (trata da figura do empresário e dos diversos tipos de sociedade), Direito das Coisas (trata do vínculo que se estabelece entre as pessoas e os bens) , Direito da Família (disciplina as relações pessoais e patrimoniais da família) e Direito da Sucessões (regula a transmissão dos bens em decorrência de morte). BREVE HISTÓRICO DO CÓDIGO CIVIL: Em 1899, a pedido do Presidente Campos Sales, foi apresentado o Projeto do Código Civil, elaborado pelo grande jurista Clóvis Beviláqua. Este Projeto ficou a mercê de debates por mais de 15 (quinze) anos e somente foi aprovado em 1 de janeiro de 1916, entrando em vigor em 1 de janeiro de 1917. Referido Código refletia as concepções predominantes em fins do século XIX e no início do século XX, em grande parte ultrapassadas, baseadas no individualismo então reinante. Muitas Leis trouxeram modificações ao Código Civil de 1916, sendo o ramo do direito de família o mais afetado. A Constituição Federal de 1988 trouxe importantes inovações ao direito de família, especialmente no tocante à filiação, igualdade entre homens e mulheres. A Lei de Registro Públicos (Lei 6.015/73), a Lei de Locação (Lei 8.245/91), o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90), a Lei do Divórcio (Lei 6.515/77) e outros diplomas revogaram vários dispositivos e capítulos do Código Civil. Durante muitos anos discutiu-se sobre a reforma do Código Civil. Finalmente, a Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em vigor desde 11 de janeiro de 2003, institui o Novo Código Civil. Importante frisar que este Código tramitou no Congresso Nacional por quase trinta anos, inicialmente, este Projeto de Lei recebeu o nº 634/75. O Novo Código Civil revogou integralmente o Código Civil de 1916, porém, muitos artigos do Código de 1916 foram reproduzidos integralmente no Código Civil de 2002. A crítica que se faz ao Novo Código é que, devido a demorada tramitação, muitos artigos já estão a merecer uma reestruturação. PRINCIPIOLOGIA DO NOVO CÓDIGO CIVIL Princípios norteadores do Novo Código Civil: Princípio da Operabilidade (ou operatividade) Este princípio demonstra a preocupação do legislador em elaborar uma norma pragmática, destinada a resolver problemas do homem comum e não apenas dos operadores do direito. A regra tem que ser aplicada de modo simples. Exemplo: CC/2002l: nome = prenome + sobrenome CC/16 :o sobrenome era chamado de patronímico de família Princípio da Socialidade Este princípio demonstra a preocupação do legislador não apenas com o titular do direito, mas também com quem sofre as conseqüências do exercício do direito. Sai da perspectiva individualista para relacional. CC/16 era excessivamente individualista, foi elaborado no último ano do século XIV, sofre influência do CC Francês, que vinha da Revolução Francesa, com o crescimento da burguesia precisa de leis que preservasse a propriedade, o comércio, a autonomia individual etc. CC2002: tem uma preocupação social e não somente individual. Ou seja, impõe a prevalência dos valores coletivos sobre os individuais, respeitando os direitos fundamentais da pessoa humana. Exemplo: princípio da função social do contrato (art. 421) Princípio da Eticidade Este princípio demonstra a preocupação do legislador com a ética nos institutos jurídicos e no seu exercício. O NCC impõe justiça e boa-fé nas relações civis, ou seja, em um contrato as partes devem agir de boa-fé em todas as suas fases. Exemplo: princípio da boa-fé objetiva (art. 422 e art. 187 DA PESSOA NATURAL Conceito: Pessoa física ou pessoa natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações. Em outras palavras, é o sujeito apto a adquirir direito e a exercitá-lo, por si ou por intermédio de alguém. Personalidade: É a aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações. Ou seja, aptidão para se envolver em uma relação jurídica, para contrair direitos e obrigações. Capacidade: é a medida da personalidade. A capacidade que todos possuem é a capacidade de direito ou de gozo, também chamada de aquisição de direitos, mas nem todos possuem a capacidade de fato, também chamada de exercício ou ação, ou seja, não pode exercer, por si só, os atos da vida civil. A pessoa que tem as duas espécies de capacidade (de direito e de exercício), tem capacidade plena; quem só tem a de direito é chamado de incapaz e necessita de outra pessoa que o represente ou o assista. CAPACIDADE De direito ou de gozo (capacidade de aquisição de direitos) Capacidade de fato (de exercício ou de ação) DA INCAPACIDADE Incapacidade: É a restrição legal ao exercício de direitos da vida civil, pode ser relativa ou absoluta. Incapacidade Absoluta: A incapacidade será absoluta quando houver proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação da norma, a nulidade do ato. Os absolutamente incapazes são representados pelo seu representante legal (pais, tutores, curadores), ou seja, eles não participam do ato. Incapacidade Relativa: A incapacidade relativa permite a prática de alguns atos pelo incapaz, desde que assistido por seu representante legal. O efeito da violação desta norma é gerar a anulabilidade do ato jurídico. INCAPACIDADE após a Lei 13.146/2015 (Estatuto do Deficiente), em vigor desde 02/01/2016 Absoluta (art. 3º CC) São: -Os menores de dezesseis anos; Relativa (art. 4º CC) São: - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; - Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos; - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade - Os pródigos. PROTEÇÃO AOS INCAPAZES Realiza-se por meio da representação ou da assistência, o que lhes dá segurança, quer em relação a sua pessoas, quer em relação ao seu patrimônio, possibilitando o exercício de seus direitos. INCAPACIDADE ABSOLUTA – ART. 3º -Os menores de dezesseis anos: São os chamados menores impúberes, que ainda não alcançaram a maturidade suficiente para participar da atividade jurídica, em razão de seu exíguo desenvolvimento mental e de sua reduzida adaptabilidade à vida social. INCAPACIDADE RELATIVA – ART. 4º Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos: São os chamados menores púberes, que possuem algum discernimento. Existem alguns atos que podem ser praticados pelo relativamente incapaz sem a assistência de seu representante legal, tais como: ser testemunha, fazer testamento, ser eleitor etc. Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos: São relativamente incapazes os viciados em substâncias alcoólicas ou entorpecentes, ou seja, de uso permanente. Nos dois casos, o Juiz declarará os limites da incapacidade em processo de interdição, que poderá restringir-se aos atos relacionados ao seu patrimônio. - Aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua sua vontade: Temos como exemplo as pessoas em coma, que transitória ou permanentemente não puderem exprimir sua vontade. Importante salientar que, somente após a entrada em vigor do Estatuto da Pessoa com Deficiência, essas pessoas passaram a fazer parte do rol dos relativamente incapazes, sendo a partir dai incluída a causa “permanente”. Antes eramconsiderados absolutamente incapazes (art. 3º CC). - Os pródigos: É aquele que gasta seu patrimônio desvairadamente, devido a um desvio de personalidade. A interdição fica limitada a atos relacionados ao patrimônio do pródigo, como alienar, emprestar, transigir, dar quitação etc. Os demais atos da vida civil, tais como o casamento, podem se praticados normalmente. DA PROTEÇÃO AOS INCAPAZES Realiza-se por meio da representação ou da assistência, o que lhes dá segurança, quer em relação a sua pessoa, quer em relação ao seu patrimônio, possibilitando o exercício de seus direitos. Nota-se que nosso legislador civil preocupou-se em proteger os interesses dos incapazes em vários dispositivos, tais como nos capítulos referentes ao poder familiar, à tutela, à prescrição, às nulidades e outros. Assim, a incapacidade supre-se pelo instituto da representação, quando absoluta (os absolutamente incapazes são representados) e pela assistência, quando relativa (os relativamente incapazes são assistidos). Tamanha é a importância do tema, que o legislador considerou NULO o negócio jurídico praticado por absolutamente incapaz, sem a devida representação. CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE (art. 5º ) Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil. Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade: I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos; II - pelo casamento; III - pelo exercício de emprego público efetivo; IV - pela colação de grau em curso de ensino superior; V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria. A incapacidade termina: a) Quando cessam as causas que a determinaram, como ocorre, por exemplo, se a causa for a menoridade, cessa quando o menor completar dezoito anos; b) Pela emancipação, que pode ser voluntária, legal e judicial. Emancipação voluntária: É aquela concedida pelos pais, aos filhos maiores de 16 anos. É dada por escritura pública, que deverá ser registrada em livro próprio no Cartório de Registro Civil onde reside o menor e no assento de nascimento. Antes do registro, não produz efeito. A emancipação voluntária é a única que não isenta os pais de responderem civilmente por atos ilícitos causados pelo emancipado. Emancipação legal: Decorre de determinados fatos previstos na Lei, como o casamento, o exercício de emprego público efetivo, a colação de grau em curso superior e o estabelecimento com economia própria, civil ou comercial. Emancipação judicial: Somente para os menores que estão sob tutela, pois, neste caso, o tutor não pode emancipá-lo voluntariamente. A emancipação será declarada por sentença, que deverá ser registrada em livro próprio no Cartório de Registro Civil onde reside o menor e no assento de nascimento. Antes do registro, não produz efeito. EMANCIPAÇÃO voluntária judicial legal Problema: Antonia foi emancipada pelo casamento. Caso o casamento se desfaça pela separação ou divórcio, a emancipação subsiste? COMEÇO DA PERSONALIDADE NATURAL: Inicia-se com o nascimento com vida, que se constata pela respiração. A lei ressalva, desde a concepção, os direitos do nascituro (art. 2º ) Nascituro: É o ser gerado, mas que ainda está por nascer. Não tem personalidade, possui expectativa de direitos, que irão materializar-se quando nascer com vida. O nascituro possui personalidade jurídica? a) teoria conceptualista; b) teoria natalista; c) teoria da personalidade condicionada. (PESQUISAR) EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL A personalidade extingue-se pela morte real, morte civil, morte presumida e pela morte simultânea. Morte real: art. 6º = Prova-se pelo atestado de óbito. Presumida: Art. 6º, segunda parte.: A morte presumida pode ser declarada sem decretação de ausência, se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo; se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra. A declaração de morte presumida só pode ser requerida após esgotadas todas as buscas, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento (art. 7º) . Ex: Alguém que morreu em naufrágio e não foi encontrado, após esgotadas todas as buscas. Morte simultânea ou comoriência: Art. 8º = Se duas ou mais pessoas falecerem ao mesmo tempo, não sendo possível verificar quem morreu primeiro, presumir-se-ão simultaneamente mortas. OBSERVAÇÃO: Morte civil: Nas palavras de Carlos Roberto Gonçalves, A morte civil existiu na Idade Média, especialmente para os condenados a penas perpétuas e para os que abraçavam a profissão religiosa, permanecendo recolhidos, e que permaneceu até a Idade Moderna. As referidas pessoas eram privadas dos direitos civis e consideradas mortas para o mundo. Embora vivas, eram tratadas pela lei como se mortas fossem. Foi, porem, sendo abolida pelas legislações, não logrando sobreviver no direito moderno.” Conclusão, segundo nossa legislação atual, a extinção da personalidade pode ocorrer pela morte real, presumida e simultânea, mas não mais pela morte civil. EXTINÇÃO DA PERSONALIDADE NATURAL Morte real Morte presumida Morte simultânea ou comoriência Problema: Em caso de morte presumida, a esposa é considerada viúva? E se ela contrair novo matrimônio e o primeiro marido aparecer, qual casamento deve ser mantido? INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL A identificação da pessoa na sociedade se dá pelo nome, que individualiza a pessoa; pelo estado, que qualifica a pessoa quanto a idade, sexo, cor, relação matrimonial etc. e pelo domicílio, que é o lugar onde estabelece sua residência com ânimo definitivo (local onde mora). NOME: É o sinal exterior pelo qual se designa, se individualiza e se reconhece a pessoa perante a a família e a sociedade; Elementos do nome: prenome e sobrenome. Temos também o agnome, que distingue a pessoa de uma mesma família (Júnior, Neto, Sobrinho). Ex. Paulo da Silva Neto – prenome, sobrenome e agnome, respectivamente. Regra: O prenome é imutável, salvo em caso de erro gráfico ou se expuser a pessoa ao ridículo. Permite-se a alteração de nome quando: a) houver erro gráfico e mudança de sexo; b) expuser seu portador ao ridículo; c) houve apelido notório público notório; d) houver necessidade de proteger testemunhas; e) houver homonímia; f) houver prenome de uso; g) em caso de adoção, reconhecimento de filho, de casamento ou dissolução de sociedade conjugal. ESTADO: é o modo particular de cada pessoa existir. Aspectos: Individual (ref. Características físicas da pessoa, como idade, cor); Familiar (ref. Indica a situação na família, em relação ao matrimônio e parentesco.); Político ( ref. a posição da pessoa na sociedade política. DOMICÍLIO DA PESSOA NATURAL: Domicílio do pessoa natural: é o local onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. - Mais de uma residência com ânimo definitivo: qualquer delas é considerada domicílio Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. Espécies: a) Necessário ou legal (art. 76); b) voluntário , que pode ser geral ou especial. Mudança de domicílio: art. 74 INDIVIDUALIZAÇÃO DA PESSOA NATURAL nome estado domicílio DIREITOS DA PERSONALIDADE (arts. 11 a 21) Conceito: São direitos essenciais da pessoa humana. São direitos sobre nós mesmos. Conforme ensina Maria Helena Diniz, “são direitos subjetivos de defender o que lhe é próprio, ou seja, a sua integridade física (vida, corpo), intelectual e moral.” Valor fonte: Princípio constitucional da dignidade da pessoa humana. Características(art. 11) : os direitos da personalidade são inalienáveis, irrenunciáveis, imprescritíveis, absolutos (oponíveis erga omnes – contra todos). Disciplina no Código Civil: a) os atos de disposição do próprio corpo (arts. 13 e 14); b) o direito à não submissão a tratamento médico de risco (art. 15); c) o direito ao nome e ao pseudônimo (arts. 16 a 19); d) proteção à palavra e à imagem (art. 20); e ) proteção à intimidade (art. 21). Pseudônimo: nome escolhido para identificação de alguém em atividade específica. Direito à privacidade: é o direito ao controle das informações que digam a respeito exclusivamente do sujeito, Direito à intimidade: é o direito de estar só, ou melhor, direito ao controle absoluto a assuntos que só digam respeito à zona de intimidade de alguém. AUSÊNCIA (arts. 22 a 39) Ausente: é a pessoa que desaparece do seu domicílio sem deixar notícia e sem deixar um procurador a quem caiba administrar-lhe os bens. (art. 22). Fases: a) fase da curadoria (art. 22 a 25); b) fase da sucessão provisória (arts. 26 a 36); c) fase da sucessão definitiva (arts. 37 a 39). REFERÊNCIAS: DINIZ, M. H. CURSO De Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 29. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012. GONCALVES, C. R. DIREITO Civil Brasileiro: Parte Geral. 10. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012. MONTEIRO, W. B.; PINTO, A. C. B. M. F. CURSO De Direito Civil: Parte Geral. 42. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2009. � INCAPACIDADE antes da Lei 13.146/2015 (Estatuto do Deficiente)� � Absoluta (art. 3º CC) São: -Os menores de dezesseis anos; -Os privados do necessário discernimento por enfermidade ou deficiência mental; - Os que, mesmo por causa transitória, não puderem expressar sua vontade� Relativa (art. 4º CC) São: - Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; - Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos e os deficientes mentais de discernimento reduzido; - Os excepcionais sem desenvolvimento mental completo; - Os pródigos:� � Pág 6
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