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Aula contabilidade publica

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Aula 1: O ambiente da Contabilidade Pública
Apresentação
Nesta aula, o ambiente da Contabilidade Pública é revelado. Sob a perspectiva de convergência internacional, a estrutura conceitual desta ramificação das Ciências Contábeis é abordada de forma que possamos compreender as suas especificidades.Inicialmente, analisaremos as entidades públicas obrigadas a registrar seus eventos pela Contabilidade Pública, já que o objetivo principal delas, quanto à atividade econômica, é atender às demandas da sociedade, diferentemente das entidades do setor privado que visam objetivamente o lucro e possuem caráter econômico.O estudo do ambiente da Contabilidade Pública nos proporcionará a familiarização inicial neste contexto, por meio do qual teremos a oportunidade de ter conhecimentos contábeis da área e também condições de exercitar de forma mais técnica e consciente o papel de cidadão em cumprimento à fiscalização das contas públicas.
Conceitos
Para o bom entendimento conceitual, deve-se a priori conhecer, em especial, regras e princípios da Lei nº4.320/64, no seu artigo 85, que define que os serviços de Contabilidade serão organizados de forma a permitir:
· O acompanhamento da execução orçamentária;
· O conhecimento da composição patrimonial;
· A determinação dos custos industriais;
· O levantamento dos balanços gerais;
· A análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.
A Contabilidade Pública é o ramo da Ciência Contábil que aplica na administração pública as técnicas de registro dos atos e fatos administrativos, apurando resultados e elaborando relatórios periódicos, levando em conta as normas de Direito Financeiro, os princípios gerais de finanças públicas e os princípios de contabilidade.
(MOTA, 2009, p.222)
Ainda, deve ser citada a definição de Lima e Castro (2003, p. 13), que a define como:
(...) o ramo da Contabilidade que tem por objetivo aplicar os conceitos, Princípios e Normas Contábeis na gestão orçamentária, financeira e patrimonial dos Órgãos e Entidades da Administração Pública, e como ramo da Contabilidade, oferecer à sociedade, de maneira transparente e acessível, o conhecimento amplo sobre a gestão da coisa pública.
(LIMA e CASTRO, 2003, p.13)
Castro (2008, p. 3) explica muito bem em sua obra que a riqueza individual traz consigo uma novidade histórica: a herança.
Ao morrer, o legado econômico deixado pela pessoa não era dissolvido, mas passado aos filhos ou parentes. A herança recebida dos pais (pater, patris) deu origem ao termo “patrimônio”.
Com o passar dos anos, o termo passou a ser utilizado para quaisquer valores, mesmo que estes não tivessem sido herdados.
A história da Contabilidade aplicada ao setor público, pode ser resumidamente marcada pela edição da Lei nº4.320 de 17 de março de 1964, sendo publicada justamente em plena época da ditadura militar.
Essa Lei traz em seu preâmbulo:
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.
O processo de internacionalização e a estrutura conceitual
Os efeitos da globalização econômica provocaram alterações nos procedimentos da contabilidade do setor privado com o advento da Lei n°11.638/07.
Já no setor público, a Portaria nº184, de 25 de agosto de 2008, da Secretaria do Tesouro Nacional, iniciou também a disposição sobre novas diretrizes a serem observadas pelos entes públicos quanto às práticas contábeis, de forma a torná-las convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.
Contabilidade Pública: linguagem universal
Como partes deste processo evolutivo, foram publicadas pelo Conselho Federal de Contabilidade algumas Resoluções que passaram a esclarecer sobre o conteúdo e abrangência da Contabilidade aplicada ao setor público e editaram onze Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASPs), também identificadas como NBCT 16.
Atenção
Importante verificar que as NBCASP foram analisadas por meio de um processo democrático reunindo vários órgãos:
· Conselho Federal de Contabilidade (CFC);
· Secretaria do Tesouro Nacional (STN);
· Tribunais de Contas;
· Instituições de Ensino Superior;
· Representantes dos governos (federais, estaduais e municipais);
· Partes interessadas.
Após análises, foram submetidas e aprovadas pela Câmara Técnica e Plenário do CFC.
Leitura
Veja no documento do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) a situação das NBCTs.
NBCTs revogadas em 2017
Após análise do documento, você deve ter notado que da 16.1 a 16.5 já foram revogas em 2017 e passaram a ser consideradas como Estruturas Conceituais.
Veja:
	Tabela NBCTs Revogadas (NBCT 16.1 a NBCT 16.5)
	Resolução
	O que aprova?
	Data de revogação
	Resolução CFC nº 1.128/08
	Aprova a NBC T 16.1 – Conceituação, Objeto e Campo de Aplicação
	A partir de 01/11/2017
	CFC nº 1.129/08
	Aprova a NBC T 16.2 – Patrimônio e Sistemas Contábeis
	A partir de 01/11/2017
	CFC nº 1.130/08
	Aprova a NBC T 16.3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o Enfoque Contábil
	A partir de 01/11/2017
	CFC nº 1.131/08
	Aprova a NBC T 16.4 – Transações no Setor Público
	A partir de 01/11/2017
	Resolução 1.132/08
	Aprova a NBC T 16.5 – Registro Contábil
	A partir de 01/11/2017
Fonte: Conselho Federal de contabilidade (CFC) – Adaptada pelo autor
Assim, o Conselho Federal de Contabilidade, por meio da revogação destas NBCTs elencadas (NBCT 16.1 a 16.5), deu início à tradução e convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade aos padrões internacionais, mediante acordo firmado com a IFAC (Federação Internacional de Contadores) autorizando, no Brasil, o CFC como um dos tradutores de suas normas e publicações.
Setor Público versus Setor Privado
Para compreender melhor o processo de convergência, observe a seguir a diferença de tratamento entre o Setor Público e o Setor Privado.
Atualmente, como vimos, acontece o movimento de convergência das normas brasileiras aos padrões internacionais, denominadas Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (IPSAS), elaboradas pela International Federation of Accountants (IFAC), que tomam como referência os padrões aplicados ao setor empresarial.
Setor Público
International Public Sector Accounting Standards (IPSAS) - Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público - Emitidas pela Federação Internacional de Contadores (IFAC).
clear
Setor Privado
International Financial Reporting Standards (IFRS) - Normas Internacionais de Informação Financeira - Emitidas pelo Comitê Internacional de Normas Contábeis (IASB)
Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público (NBC TSP)
A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Informação Contábil de Propósito Geral pelas Entidades do Setor Público (NBC TSP) passa a ser a primeira da área pública a ser convergida internacionalmente, tendo como um dos principais pontos a definição da sociedade como usuária principal da informação contábil.
Submetem-se às Normas:
✔ Os governos nacionais, estaduais, distritais e municipais e seus respectivos poderes, incluindo os Tribunais de Contas, Defensorias e Ministério Público;
✔ Órgãos, secretarias, departamentos, agências, autarquias, fundações instituídas e mantidas pelo poder público;
✔ Fundos, consórcios públicos e outras repartições públicas congêneres da administração direta e indireta, abrangendo aí as empresas estatais dependentes , como, por exemplo, a Embrapa;
✔ Empresa Estatal dependente é a empresa controlada que recebe do ente controlador recursos financeiros para o pagamento de despesas com pessoal ou de custeio em geral ou de capital, definido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
NBCTs revogadas em 2019
Recentemente, houve a revogação das seguintes Normas:
	Tabela NBCTs Revogadas (NBCT 16.9 e NBCT 16.10)
	Resolução
	Destaques
	Data de revogação
	NBC T 16.9 – Depreciação, Amortização e Exaustão
	Desmistifica e obriga a utilização dos métodos de depreciação, amortização e exaustão.
	A partir de 01/01/2019NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público
	Os Ativos e Passivos devem ser devidamente mensurados e avaliados, inclusive os bens de uso comum do Ativo Imobilizado.
	A partir de 01/01/2019
Fonte: Elaborado pelo autor.
NBCTs NÃO revogadas
As NBCTs que não foram ainda revogadas destacam-se em resgatar também alguns itens importantes na Contabilidade Pública, sendo:
	
 Tabela NBCTs 16.6 a 16.11
	Resolução
	Destaque
	
	NBC T 16.7 – Consolidação das Demonstrações Contábeis
	Padroniza os Demonstrativos Contábeis, tornando mais fidedignas as informações consolidadas.
	
	NBC T 16.11 – Sistemas de Informação de Custos do Setor Público
	Insere um processo de apuração e informação de custos.
	
Fonte: Elaborado pelo autor.
O Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP)
Segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, a implantação de um “Novo Modelo de Contabilidade Aplicada ao Setor Público” tem como objetivo convergir às práticas de contabilidade vigentes aos padrões estabelecidos nas Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.
Esse novo modelo visa resgatar a Contabilidade como Ciência, e tem como objeto de estudo o patrimônio da entidade pública.
Nesse sentido, o Decreto nº 6.976, de 7 de outubro de 2009, visa também:
✔ Aprovar e publicar o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP);
✔ Manter e aprimorar o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público;
✔ Padronizar as prestações de contas e os relatórios e demonstrativos de gestão fiscal, por meio da elaboração, discussão;
✔ Aprovar e publicar o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF);
✔ Disseminar, por meio de planos de treinamento e apoio técnico, os padrões estabelecidos no MCASP e no MDF para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
✔ Elaborar as demonstrações contábeis consolidadas da União e demais relatórios destinados a compor a prestação de contas anual do Presidente da República.
Saiba mais
Atualmente, o MCASP já está disponível em sua 8ª edição (a primeira foi editada em 2009). A STN disponibiliza todas as versões em pdf, tornando-se um instrumento valioso de consulta para todos os órgãos alcançados pela Contabilidade Pública.
Baixe a última edição do MCASP. É gratuito.
Estrutura Administrativa do Estado
Este é um assunto tratado especificamente em Direito Público e Administrativo. Portanto, para compreender melhor o campo de atuação da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, alguns conceitos tornam-se importantes.
Vamos analisá-los a partir de agora.
Administração Direta
Consiste no seguimento das atividades e funções do Estado diretamente por órgãos do próprio Estado.
Os três poderes
Vale lembrar ainda que no Brasil o governo é compartimentado em três poderes:
	
	PODER LEGISLATIVO
	PODER JUDICIÁRIO
	PODER EXECUTIVO
	FEDERAL
	Exercido pelo Congresso Nacional
 (constituído pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal) dentro de um modelo bicameral.
	Exercido pelos seguintes órgãos:
• Supremo Tribunal Federal;
• Superior Tribunal de Justiça;
• Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
• Tribunais e Juízes do Trabalho, Eleitorais e Militares;
• Tribunal e Juízes do DF e Territórios.
	Exercido pelo Presidente da República, com auxílio dos Ministros de Estado.
	ESTADUAL
	Unicameral, exercido pelas Assembleias Legislativas.
	Existem os Tribunais de Justiça e os juízes estaduais.
	Nos estados e no Distrito Federal, o chefe do Poder Executivo é o Governador, auxiliado por Secretários Estaduais.
	MUNICIPAL
	Constituído pelas Câmaras de Vereadores.
	Não existe judiciário municipal.
	Exercido pelo Prefeito Municipal, auxiliado por Secretários Municipais.
A divisão dos Três Poderes em cada esfera:
Fonte: Elaborado pelo autor.
Administração Indireta
Administração Indireta, segundo Carvalho Filho (2016), é o conjunto de pessoas administrativas que, vinculadas à Administração Direta, têm o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de forma descentralizada.
Seu objetivo é a execução de algumas tarefas de interesse do Estado por outras pessoas jurídicas.
Quando não pretende executar certa atividade por meio de seus próprios órgãos, o Poder Público transfere a sua titularidade ou execução a outras entidades e surge a Administração Indireta.
No Brasil, a Administração Indireta compreende as seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria:
AUTARQUIA: Na administração pública brasileira, uma Autarquia é uma entidade auxiliar da administração pública estatal autônoma e descentralizada. Seu patrimônio e receita são próprios, porém tutelados pelo Estado.
O Decreto-Lei nº 200 de 1967, no seu artigo 5º, inciso I, define autarquia como:
Serviço autônomo criado por lei, com personalidade jurídica de direito público, patrimônio e receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram para seu melhor funcionamento gestão administrativa e financeira descentralizada.
As autarquias, portanto, são criadas por lei para executar, de forma descentralizada, atividades típicas da administração pública.
Sua organização interna pode vir por meio de:
· Decretos (emanam do poder executivo);
· Portarias (ministérios, secretarias);
· Regimentos ou regulamentos internos.
São autarquias, por exemplo, as universidades federais.
Empresas Públicas: Empresa pública é a pessoa jurídica de capital público, instituído por um ente estatal, com a finalidade prevista em Lei, sempre de natureza econômica.
Tratando-se de “empresa”, ela deve visar ao lucro, ainda que este seja utilizado em prol da comunidade.
No Brasil, as empresas públicas, se subdividem em duas categorias:
· Empresa pública unipessoal - com patrimônio próprio e capital exclusivo da União;
· Empresa pública de vários sócios governamentais minoritários - que unem seus capitais à União, tendo, esta, a maioria do capital votante.
A empresa pública tanto pode ser criada, originariamente, pelo Estado, como ser objeto de transformação de autarquia ou de empresa privada.
Sociedade de Economia Mista é a pessoa jurídica, constituída por algum ente estatal (União, estados ou municípios), sob o regime de Sociedade Anônima, no qual o governo é o principal acionista, e os particulares são sempre minoritários.
Difere-se das Empresas Públicas em que o capital é 100% público. Difere-se também das Sociedades Anônimas em que o governo tem posição acionária minoritária, pois nestas o controle da atividade é privado.
Exemplos de sociedades de economia mista no Brasil são a Petrobras e o Banco do Brasil.
As fundações públicas são organizações dotadas de personalidade jurídica de direito público, sem fins lucrativos, criadas para um fim específico de interesse público — como educação, cultura e pesquisa — sempre merecedoras de um amparo legal.
As fundações públicas possuem uma autonomia administrativa, patrimônio próprio, e funcionamento custeado, principalmente, por recursos do poder público, ainda que sob a forma de prestação de serviços.
Elas são criadas por lei específica e regulamentadas por decreto, independentemente de qualquer registro. Antes do Código Civil de 2002, as fundações públicas eram criadas por Lei e suas competências definidas por Lei Complementar.
Após as alterações do Código Civil, as fundações passaram a ser criadas por Decreto do Executivo, após passarem pelo crivo do Legislativo.
Aula 2: As receitas públicas
Apresentação
A receita pública é a principal fonte de recursos para atendimento das demandas sociais. Nesta aula, analisaremos esta temática sob o enfoque orçamentário das receitas, destacando o planejamento e a execução.
Vamos refletir sobre como são classificados e organizados os tributos recolhidos, por exemplo, junto aos respectivos Tesouros: federal, estaduais e municipais. Veremos também a distribuição das receitas entre os entes federativos, as cotas de participação e a competência de arrecadação estabelecida na Constituição Federal.
A receita pública seria, pois, o recebimentoefetuado pela instituição pertencente ao Estado, com a finalidade de ser aplicado em gastos operativos e de administração.
(LIMA e CASTRO, 2003, p.54)
Já para Andrade (2008, p.51):
Define-se como todo e qualquer recolhimento aos cofres públicos em dinheiro ou outro bem representativo de valor que o governo tem direito de arrecadar em virtude de leis, contratos, convênio e quaisquer outros títulos, de que seja oriundo de alguma finalidade específica, cuja arrecadação lhe pertença ou caso figure como depositário dos valores que não lhe pertençam. É, pois, o conjunto de ingressos financeiros, provenientes de receitas orçamentárias ou próprias e receitas extraorçamentárias ou de terceiros, que produzirão acréscimos ao patrimônio da instituição, seja União, estados, municípios ou Distrito Federal, suas autarquias e fundações.
(ANDRADE, 2008, p.51)
Silva (2009, p.222) esclarece e complementa o conceito da receita pública e seu relacionamento direto com as despesas:
Para fazer face a suas necessidades, o Estado dispõe de recursos ou rendas que lhe são entregues através da contribuição da coletividade.
O conjunto desses recursos constitui a denominada receita pública e com ela o Estado vai enfrentar todos os encargos com a manutenção de sua organização, com o custeio de seus serviços, com a segurança de sua soberania, com as iniciativas de fomento e desenvolvimento econômico e social e com seu próprio patrimônio.
(SILVA, 2009, p.222)
Constata-se em todas as definições dos autores citados, que a receita pública é representada pelos ingressos de recursos financeiros que serão aplicados na aquisição de bens e serviços, visando à prestação de serviços públicos à comunidade.
Tipos de receitas públicas
Primeiramente, em um sentido amplo, os ingressos de recursos financeiros nos cofres do Estado são chamados de receitas públicas. Porém, estas são as receitas orçamentárias, pois representam disponibilidades de recursos financeiros para o erário.
Sendo assim, podemos dividir os ingressos financeiros em:
Ingressos extraorçamentários
Valores não previstos no orçamento. Correspondem a fatos de natureza financeira decorrentes da própria gestão das entidades.
O Estado, neste caso, é simples depositário de valores que serão restituídos na época oportuna aos interessados por decisão administrativa ou sentença judicial. O governo poder beneficiar-se com as prescrições, medidas administrativas e sentenças favoráveis.
Constituem estes tipos de rendas, por exemplo:
· Caução;
· Descontos consignados em folha de pagamento dos servidores.
É muito comum nas contratações de serviços pela Administração Pública a exigência, junto à empresa contratada, de caucionar um determinado percentual sobre o valor global do contrato, e que, ao final da vigência, deverá ser devidamente devolvido à empresa.
Esse valor é um típico exemplo de classificação de uma receita extraorçamentária, no momento de seu depósito.
Veja o exemplo de uma cláusula de uma minuta contratual onde é exigido o depósito de caução.
Receitas orçamentárias É a mais importante, destacando-se, neste contexto, a receita tributária, que se constitui de impostos, taxas e contribuições de melhoria.
São as que foram previstas no orçamento e que efetivamente financiarão os gastos públicos.
Elas serão o destaque desta aula.
Estágios obrigatórios da receita orçamentária
Na Administração Pública, a receita orçamentária obrigatoriamente passa por três etapas, que estudaremos a seguir:
1ª Etapa | Previsão
A previsão começa a partir das definições das estimativas de receitas quando da elaboração do orçamento. É a estimativa de quanto se espera arrecadar durante o exercício.
2ª Etapa | Lançamento
O lançamento é a identificação do devedor ou da pessoa do contribuinte.
A Lei n°4.320/64 define o lançamento da receita como o ato da repartição competente que verifica a procedência do crédito fiscal, a pessoa devedora e inscreve a débito dela.
O Código Tributário Nacional define esta medida como procedimento administrativo que verifica:
· A ocorrência do fato gerador da obrigação correspondente;
· A matéria tributável;
· O cálculo do montante do tributo devido;
· A identificação do respectivo sujeito passivo.
3ª Etapa | Arrecadação e Recolhimento
A arrecadação da receita está ligada aos pagamentos realizados diretamente pelos contribuintes às repartições fiscais e rede bancária autorizada.
Já o recolhimento compreende a entrega do produto da arrecadação pelas referidas repartições e estabelecimentos bancários para crédito da conta do Tesouro.
O Art.56 da Lei 4.320/64 cita:
O recolhimento da receita far-se-á em estrita observância ao princípio da unidade de caixa, sendo proibida a criação de caixas especiais.
Lei 4.320/64
Abaixo, veja o fluxo dos estágio da receita orçamentaria:
Periodicamente, podem ser emitidos os “Balancetes da Receita”, onde o contador acompanha a sua execução, verificando, entre outros pontos:
• Se determinada receita prevista está se realizando conforme a previsão inicial;
• Se determinado tributo está arrecadando acima do valor estimado.
Classificações da receita orçamentária
O Art. 11 da Lei n°4.320/64 classificou a receita orçamentária em duas categorias econômicas:
1. Receitas correntes;
2. Receitas de capital.
Na tabela a seguir podemos visualizar a disposição de todas as receitas orçamentárias, classificadas de acordo com a categoria econômica.
	Receitas correntes
	Receitas de capital
	Receita tributária
	Operações de crédito
	Receita de contribuição
	Alienação de bens
	Receita patrimonial
	Amortização de empréstimos
	Receita agropecuária
	Transferências de capital
	Receita industrial
	Outras receitas de capital
	Receitas de serviços
	
	Transferências correntes
	
	Outras receitas correntes
	
A seguir, veremos as características de cada uma, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Receitas correntes - tributárias
Tributo é uma das origens da receita corrente na classificação orçamentária por categoria econômica.
Já a procedência trata da receita derivada, cuja finalidade é obter recursos financeiros para o Estado custear as atividades que lhe são correlatas.
Sujeitam-se aos princípios da reserva legal e da anterioridade da Lei, salvo exceções.
O art. 3º do Código Tributário Nacional (CTN) define tributo da seguinte forma:
Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
a) Impostos
Os impostos, segundo o art. 16 do CTN, são espécies tributárias cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte, o qual não recebe contraprestação direta ou imediata pelo pagamento.
Exemplo
São exemplos de impostos de competência:
· da União:
• IR - imposto sobre a renda;
• IPI - imposto sobre o produto industrializado.
· dos Estados:
• IPVA - imposto sobre a propriedade de veículos automotores;
• ICMS - imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços.
· dos Municípios:
• IPTU - imposto sobre a propriedade territorial e urbana;
• ISSQN - imposto sobre serviço de qualquer natureza.
OBS: IRRF - imposto de renda retido na fonte - Pertence 100% ao ente político que fez a retenção na fonte.
O art. 5º do CTN e os incisos I, II e III do art. 145 da CF/88 tratam das seguintes espécies tributárias: impostos, taxas e contribuições de melhoria.
b) Taxas
As taxas cobradas pela União, pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios, no âmbito das respectivas atribuições, são, também, espécie de tributo na classificação orçamentária da receita, tendo, como fato gerador, o exercício regular do poder de polícia administrativa, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição.
Veja o art. 77 do CTN:
As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têmcomo fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição.
Art. 77 do CTN
Taxas são tributos vinculados porque o aspecto material do fato gerador é prestação estatal específica diretamente referida ao contribuinte, em forma de contraprestação de serviços.
Porém, podem ser tributos de arrecadação não vinculada, pois as receitas auferidas por meio das taxas não se encontram afetas à determinada despesa, salvo se a lei que instituiu o referido tributo assim determinou.
As taxas estão sujeitas ao princípio constitucional da reserva legal e, sob a ótica orçamentária, classificam-se em:
Taxas de fiscalização ou de poder de polícia
São definidas em lei e têm como fato gerador o exercício do poder de polícia, poder disciplinador, por meio do qual o Estado intervém em determinadas atividades, com a finalidade de garantir a ordem e a segurança.
A definição de poder de polícia está disciplinada pelo art. 78 do CTN:
Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais e coletivos.
Taxas de serviço público
c) Contribuição de melhoria
É espécie de tributo na classificação da receita orçamentária e tem como fato gerador valorização imobiliária que decorra de obras públicas, contanto que haja nexo causal entre a melhoria havida e a realização da obra pública.
De acordo com o art. 81 do CTN:
A contribuição de melhoria cobrada pela União, Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.
Art. 81 do CTN
Receitas correntes - contribuições
Segundo a classificação orçamentária, contribuições são a origem da categoria econômica das receitas correntes.
O artigo 149 da Magna Carta estabelece competir exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de atuação nas respectivas áreas.
O §1º do artigo estabelece que estados, Distrito Federal e municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de regimes de previdência de caráter contributivo e solidário.
As contribuições classificam-se nas seguintes espécies:
Contribuições sociais
Classificada como espécie de contribuição, por força da Lei nº4.320/64, a contribuição social é tributo vinculado a uma atividade Estatal que visa atender aos direitos sociais previstos na Constituição Federal.
Pode-se afirmar que as contribuições sociais atendem a duas finalidades básicas:
· Seguridade social (saúde, previdência e assistência social);
· Outros direitos sociais, como, por exemplo, o salário educação.
Contribuições de intervenção no domínio econômico A contribuição de intervenção no domínio econômico (CIDE) é um tributo classificado no orçamento público como espécie de contribuição que atinge um determinado setor da economia, com finalidade qualificada em sede constitucional — intervenção no domínio econômico — instituída mediante um motivo específico.
Essa intervenção se dá pela fiscalização e atividades de fomento, como:
· Desenvolvimento de pesquisas para crescimento do setor;
· Oferecimento de linhas de crédito para expansão da produção.
Um bom exemplo de contribuição de intervenção no domínio econômico é o Adicional sobre Tarifas de Passagens Aéreas Domésticas, que são voltadas à suplementação tarifária de linhas aéreas regionais de passageiros, de baixo e médio potencial de tráfego.
Contribuição de interesse das categorias profissionais ou econômicas Espécie de contribuição que se caracteriza por atender a determinadas categorias profissionais ou econômicas, vinculando sua arrecadação às entidades que as instituíram. Não transitam pelo orçamento da União.
Estas contribuições são destinadas ao custeio das organizações de interesse de grupos profissionais, como OAB, CREA, CRM etc.
Visam também ao custeio dos serviços sociais autônomos prestados no interesse das categorias, como SESI, SESC e SENAI.
Contribuição de iluminação pública Instituída pela Emenda Constitucional nº39, de 19 de dezembro de 2002, que acrescentou o art. 149-A à Constituição Federal com a finalidade de custear o serviço de iluminação pública. A competência para instituição é dos municípios e do Distrito Federal.
Art. 149-A. Os Municípios e o Distrito Federal poderão instituir contribuição, na forma das respectivas leis, para o custeio do serviço de iluminação pública, observado o disposto no art. 150, I e III.
Parágrafo único. É facultada a cobrança da contribuição a que se refere o caput, na fatura de consumo de energia elétrica.
Receitas correntes – patrimoniais
Receitas provenientes da fruição dos bens patrimoniais do ente público (bens mobiliários ou imobiliários), ou, ainda, de participações societárias.
São classificadas no orçamento como receita corrente e de natureza específica de origem como receita patrimonial.
Receitas correntes - agropecuárias
As receitas agropecuárias estão contempladas no grupo das receitas correntes e são originadas pela entrada de recursos da exploração pelas entidades públicas de atividades desta natureza.
Este tipo de receita é um tanto atípico de exemplificação, mas o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP, 6ª edição) esclarece que decorrem da exploração econômica, por parte do ente público, de venda de produtos, entre produtos:
· Agrícolas (grãos, tecnologias, insumos etc.);
· Pecuários (sêmens, técnicas em inseminação; matrizes etc.);
· Para reflorestamentos.
Receitas correntes - industriais
Receitas originárias das atividades industriais exercidas pelo ente público e que também possuem atipicidade de exemplificação. Portanto, assim como as receitas agropecuárias abordadas no subitem anterior, o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP, 6ª edição) exemplifica, nesta categoria, todas as receitas provenientes de:
· Extração mineral;
· Indústria de transformação;
· Indústria de construção;
· Outras receitas industriais consideradas de utilidade pública e arrecadas pela Administração Pública.
Receitas correntes - serviços
As receitas de serviços estão elencadas no rol das receitas correntes. Desta forma, pode-se afirmar que são originárias de entradas de valores decorrentes de atividades da prestação de serviços pela Administração Pública.
São exemplos destas receitas:
· Serviços hospitalares;
· Serviços de processamento de dados;
· Serviços de saneamento básico.
Receitas correntes – transferências correntes
Bastante comum nos estados e municípios, as receitas de Transferências Correntes referem-se aos valores financeiros esperados (previstos) e arrecadados entre os próprios entes públicos, ou também, de forma menos comum, dos entes do setor privado.
Essas transferências podem ocorrer entre os entes de uma mesma esfera de governo, denominada de transferências intragovernamentais. Já as transferências ocorridas entre diferentes esferas de governo são denominadas de transferências intergovernamentais
Exemplo
Para melhor exemplificar, saiba que a competência de arrecadação do imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA) é do estado. Assim, para o estado, a receita será classificada como uma receita tributária.
Portanto, a Constituição Federal determina que os estados devem transferir 50% do valor arrecadado do IPVA para seus respectivosmunicípios. Então, a receita orçamentária no município será classificada como uma Transferência Corrente Intergovernamental.
As transferências correntes ainda são divididas em:
Transferências voluntárias
Como a própria nomenclatura já revela, não são obrigatórias, assim o gestor público deverá recorrer para a captação destes recursos junto a outros entes públicos.
Exemplos: Receitas de convênios para alguma área específica (convênio de auxílio ao idoso, convênio de auxílio de deficientes físicos, entre outros).
Exemplo
Receitas de convênios para alguma área específica (convênio de auxílio ao idoso, convênio de auxílio de deficientes físicos, entre outros).
Saiba mais
Para auxiliar e melhor explorar as Transferências de Convênios (Transferências Correntes Voluntárias), acesse o Portal de Convênios do Ministério de Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, denominado: SICONV.
Transferências constitucionais
São aquelas arrecadadas por um ente, mas que devem ser transferidas a outros entes por disposição constitucional ou legal.
Exemplo
Exemplos de transferências constitucionais:
· Fundo de Participação dos Municípios (FPM);
· Fundo de Participação dos Estados (FPE);
· IPVA;
· ICMS.
Distribuição aos Municípios
Distribuição aos Estados e Municípios
Receitas correntes – outras receitas correntes
Neste grupo de receitas correntes, intitulado de outras receitas correntes, são registradas todas as receitas orçamentárias que não se classificam nas receitas correntes citadas nos itens anteriores.
Portanto, é neste grupo que se registram:
· Multas e juros tributários ou não;
· Indenizações e restituições recebidas;
· Todas as receitas de dívida ativa tributária ou não.
Atenção
Muitos leigos na Administração Pública confundem a classificação de juros e multas sobre um determinado tributo como uma receita tributária. Porém, nesta análise, deve ser compreendido que apenas o valor principal do tributo é classificado como uma receita tributária. O valor acessório (multas e juros) é classificado no grupo outras receitas correntes.
Agora, veremos as classificações das receitas de capital, de acordo com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN).
Receitas de capital – operações de crédito
As operações de crédito são muito comuns na Administração Pública, portanto neste grupo de receitas de capital são registrados os valores orçamentários que ingressam na forma de recursos de empréstimos obtidos, financiamentos contratados e ainda o retorno sobre os títulos públicos colocados para negociação.
Importante observar que as operações de crédito podem ainda ser de duas espécies:
· Internas – como receitas advindas de um financiamento junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES);
· Externas - como receitas advindas de um empréstimo junto ao Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD).
 (Fonte: MicroOne / Shutterstock)
Receitas de capital – alienação de bens
A palavra alienação nesta classificação pode ser associada ao aspecto de “venda”.
Desta maneira, as receitas de capital referente à alienação de bens no setor público são os ingressos financeiros desta operação, podendo ser de:
· Bens imóveis – como ingressos de venda de um terreno pertencente à prefeitura municipal;
· Bens móveis - como ingressos de venda de um veículo inservível (viatura de saúde/ambulância) pertencente ao um determinado estado.
Receitas de capital – amortização de empréstimos
Alguns órgãos da Administração Pública emprestam dinheiro para pessoas físicas ou pessoas jurídicas. Os valores financeiros referentes a isso são classificados no orçamento nesta rubrica das receitas de capital denominada especificamente de amortização de empréstimos.
Exemplo
Preste bastante atenção neste exemplo para não confundir com as receitas de operações de crédito abordadas anteriormente:
Um banco estadual “Banco do Povo” empresta dinheiro por meio de linha de microcréditos a cidadãos. Ao receber as parcelas, este valor é classificado como uma receita de capital (amortização de empréstimos), neste órgão público.
Receitas de capital – transferências de capital
As receitas orçamentárias denominadas transferências de capital assemelham-se muito com as receitas orçamentárias denominas transferências correntes.
Portanto, o que as diferencia é o destino e também o vínculo em que estas receitas vão ser aplicadas.
Neste aspecto, os ingressos recebidos podem ser de outras esferas de governo (intergovernamentais) e da mesma esfera de governo (intragovernamentais) e são destinados para atender despesas de capital, tal como investimento no setor público.
Receitas de capital – outras receitas de capital
As receitas orçamentárias de capital que não possuem características para serem classificadas como alienação, amortização de empréstimos ou transferências de capital serão registradas nesta rubrica orçamentária.
ESTRUTURA DE CLASSIFICAÇÃO POR NATUREZA DE RECEITA
A classificação orçamentária por natureza de receita é estabelecida pelo § 4º do art. 11 da Lei nº 4.320, de 1964. No âmbito da União, sua codificação é normatizada por meio de Portaria da SOF, órgão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. A normatização da codificação válida para Estados e Municípios é feita por meio de Portaria Interministerial (SOF e STN).
	DÍGITO
	1º
	2º
	3º
	4º a 7º
	8º
	SIGNIFICADO
	Categoria Econômica
	Origem
	Espécie
	Desdobramentos para identificação de peculiaridades da receita
	Tipo
Atenção
Importante destacar que as receitas orçamentárias abordadas neste conteúdo não devem ser confundidas com a classificação e com o plano de contas contábeis. Elas recebem uma classificação e um plano de execução do orçamento público.
Aula 3: Despesas Públicas
O conceito
Define-se como Despesa Pública o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa de direito público, para o funcionamento dos serviços públicos. Neste sentido, a despesa é parte do orçamento, ou seja, aquela parte em que se encontram classificadas todas as autorizações para gastos com as várias atribuições e funções governamentais.
A despesa pública forma o complexo da distribuição e emprego das receitas para custeio de diferentes setores da administração e consiste na aplicação de recursos financeiros de forma direta, na aquisição de meios que possibilitem a manutenção, o funcionamento e a expansão dos serviços públicos, ou de forma indireta, quando da realização de transferências a terceiros, implicando na assunção de compromissos.
Despesa constitui-se de toda saída de recursos ou de todo o pagamento efetuado, a qualquer título, pelos agentes pagadores para saldar gastos fixados na Lei do Orçamento ou em lei especial e destinados à execução dos serviços públicos, entre eles custeios e investimentos, além dos aumentos patrimoniais, pagamentos de dívidas, devolução de importâncias recebidas a títulos de caução, depósitos e consignações.
(ANDRADE, 2008, p.68)
Divisão e classificações das despesas
Podemos afirmar primeiramente que a despesa pública divide-se em:
Extraorçamentária (dispêndios)
Os dispêndios extraorçamentários não pertencem ao orçamento do órgão público analisado. Geralmente são as devoluções de dinheiro de terceiros que foram retidas em outra ocasião e classificadas nas suas entradas como um ingresso extraorçamentário.
Orçamentária
As despesas orçamentárias, foco desta aula, pertencem ao orçamento público, ou seja, foram fixadas na Lei do Orçamento Anual (LOA) para determinado órgão público e para ser executada em determinado exercício financeiro.
Atenção
A evolução do orçamento clássico para o orçamento-programa foi acompanhada por um processo de aperfeiçoamento do sistema de classificação orçamentária. Pode-se afirmar, inclusive, que a primeira exigência para a implantação do orçamento-programa é a existência de um sistema de classificação orçamentária funcional.
Nos próximos subtítulos estudaremos a classificação da despesa orçamentária utilizada no Brasil, tanto para a União quanto para os Estados, Distrito Federal e Municípios.
Classificação institucional ou por órgãos
Oobjetivo desta classificação é demonstrar quanto cada órgão ou unidade organizacional está autorizado a gastar em um determinado exercício.
A classificação institucional ou organizacional apresenta a vantagem de permitir uma comparação imediata, em termos de dotações recebidas, entre os diversos órgãos.
Entende-se por unidade orçamentária a repartição pública da Administração Direta ou Indireta a que o orçamento consigna, especificamente, dotações para execução de seus programas de trabalho e sobre os quais exerce o poder de disposição.
Exemplo
Pode-se citar uma Prefeitura Municipal que, em seu orçamento, é identificada ainda com suas unidades administrativas, conforme a tabela a seguir:
	Códigos
	Tipo
	Nomenclatura
	01.00.00
	Órgão
	Câmara Municipal
	01.01.00
	Unidade Administrativa
	Gabinete da Câmara
	02.00.00
	Órgão
	Prefeitura Municipal
	02.01.00
	Unidade Administrativa
	Gabinete do Prefeito
	02.02.00
	Unidade Administrativa
	Secretaria de Administração
	02.03.00
	Unidade Administrativa
	Secretaria de Finanças
	02.04.00
	Unidade Administrativa
	Secretaria de Saúde
	03.00.00
	Órgão
	Autarquia Y
	04.00.00
	Órgão
	Fundação X
Classificação funcional
A própria nomenclatura deste tipo de classificação da despesa orçamentária já revela que aqui a despesa orçamentária é identificada de acordo com as suas funções que serão realizadas.
Essa classificação funcional, composta por um rol de funções e subfunções prefixadas, servirá como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental, nas três esferas.
Trata-se de uma classificação independente dos programas.
Veja os conceitos:
Função
Consiste no agrupamento das grandes ações do governo em funções, que representam o maior nível de agregação, por meio das quais procura-se alcançar os objetivos nacionais desdobrando-se em subfunções.
Subfunção
Representa uma partição da função, visando agregar determinado subconjunto de despesas do setor público. Nesta classificação, a subfunção identifica a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções.
Classificação programática (por programas)
A partir da Portaria n° 42, de 14/04/1999, os programas deixaram de ter o caráter de classificador e cada nível de governo passou a ter a sua estrutura própria, adequada à solução dos seus problemas, e originária do processo de planejamento desenvolvido durante a formulação do Plano Plurianual.
Os programas são compostos por atividades, projetos e uma nova categoria de programação denominada operações especiais.
A seguir, veja os respectivos conceitos:
Programas
Os programas efetivam a integração entre os planos e os orçamentos e representam os meios e instrumentos de ação organicamente articulados para alcançar os objetivos pretendidos.
Articula um conjunto de ações que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual, visando à solução de um problema ou ao atendimento de uma necessidade ou demanda da sociedade.
Ações As ações de governo possuem três naturezas diferentes que podem ser classificadas como categorias de programação orçamentária:
Atividade: Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, concorrendo para a manutenção da ação do governo, com resultados que geralmente podem ser medidos quantitativa ou qualitativamente.
Projetos: Instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam em um período limitado de tempo, das quais resultam produtos quantificáveis física e financeiramente, que concorrem para a expansão ou para o aperfeiçoamento da ação governamental.
Operação especial: Ações que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.
São despesas passíveis de enquadramento nesta ação:
· Amortizações e encargos;
· Aquisição de títulos;
· Pagamento de sentenças judiciais;
· Transferências a qualquer título;
· Pagamento de inativos;
· Participações acionárias.
As atividades, os projetos e as operações especiais são desdobradas para especificar a localização geográfica integral ou parcial das respectivas ações.
A localização do gasto é o menor nível de detalhamento na lei. Na fase da elaboração, é onde o órgão setorial apropria o valor financeiro da sua proposta orçamentária.
Classificação segundo a natureza da despesa
Na classificação da despesa, quanto a sua natureza, deve ser analisada a categoria econômica, o grupo a que pertence sua modalidade de aplicação, isto é, se vai ser realizada, diretamente ou por meio de transferência a outro organismo ou entidade, e o elemento de despesa, caracterizando o objeto final do gasto.
Para a identificação da despesa quanto a sua natureza, é utilizado um conjunto de seis dígitos, na sequência indicada a seguir:
	1º Dígito
	Categoria Econômica
	2º Dígito
	Grupo da Despesa
	3º e 4º Dígitos
	Modalidade de Aplicação
	5º e 6º Dígitos
	Elemento da despesa (objeto do gasto)
Veja os conceitos de cada dígito citado e suas representações numerais de classificação:
1° Dígito – Categorias Econômicas
Nas despesas correntes, representadas pelo número 3, classificam-se todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, tais como:
· Pessoal e Encargos Sociais;
· Juros e Encargos da Dívida Interna e Externa;
· Outras Despesas Correntes.
Nas Despesas de Capital, representadas pelo número 4, classificam-se aquelas despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital, tais como:
· Investimentos;
· Inversões Financeiras;
· Amortização da Dívida Interna e Externa.
2º Dígito – Grupo de Despesa
Os Grupos da Despesa são representados pelos números abaixo:
1- Pessoal e encargos sociais;
2- Juros e encargos da dívida;
3- Outras despesas correntes;
4- Investimentos;
5- Inversões financeiras;
6- Amortização da dívida.
3º e 4º Dígitos – Modalidade de Aplicação
As Modalidades de Aplicação são representadas por números. Veja os exemplos a seguir:
	MODALIDADE DE APLICAÇÃO
	20
	TRANSFERÊNCIAS À UNIÃO
	30
	TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E AO DISTRITO FEDERAL
	31
	TRANSFERÊNCIAS A ESTADOS E DF – FUNDO A FUNDO
	32
	EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A ESTADOS E DF
	40
	TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS
	41
	TRANSFERÊNCIAS A MUNICÍPIOS – FUNDO A FUNDO
	42
	EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A MUNICÍPIOS
	50
	TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS SEM FINS LUCRATIVOS
	60
	TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES PRIVADAS COM FINS LUCRATIVOS
	70
	TRANSFERÊNCIAS A INSTITUIÇÕES MULTIGOVERNAMENTAIS
	71
	TRANSFERÊNCIAS A CONSÓRCIOS PÚBLICOS
	72
	EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA DELEGADA A MUNICÍPIOS
	80
	TRANSFERÊNCIAS AO EXTERIOR
	90
	APLICAÇÕES DIRETAS
	91
	APLICAÇÃO DIRETA INTRAORÇAMENTÁRIA (OFSS)
5º e 6º Dígitos – Elementos da Despesa (objeto do gasto)
Os Elementos da Despesa são representados pelos números abaixo:
	01 - Aposentadorias e Reformas
	25 - Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita
	03 - Pensões
	26 - Obrigações decorrentes de Política Monetária
	04 - Outros Benefícios Previdenciários
	27 - Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares
	06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso
	28 - Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos
	07 – Contribuições a Entidades Fechadas de Previdência
	30 - Material de consumo
	08 - Outros Benefícios Assistenciais
	31 - Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras
	09 - Salário-Família
	32 - Material de Distribuição Gratuita
	10 - Outros Benefícios de Natureza Social
	33 - Passagens e despesas com locomoção
	11 - Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Civil
	35 - Serviços de Consultoria
	12 - Vencimentos e Vantagens Fixas – Pessoal Militar
	36 - Outros serviços de terceiros PF
	13 - Obrigações Patronais
	37 - Locação de mão de obra
	14 - Diárias - Pessoal Civil
	39 - Outros serviços de terceiros PJ
	15 - Diárias– Pessoal Militar
	41 – Contribuições
	16 - Outras Despesas Variáveis – Pessoal Civil
	42 – Auxílios
	17 - Outras Despesas Variáveis – Pessoal Militar
	43 – Subvenções Sociais
	18 - Auxílio Financeiro a Estudantes
	47 – Obrigações tributárias e contribuições
	19 - Auxílio-Fardamento
	51 - Obras e Instalações
	20 - Auxilio Financeiro a Pesquisadores
	52 - Equipamentos e materiais permanentes
	21 - Juros sobre a Dívida por Contrato
	61 - Aquisição de Imóveis
	22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato
	92 - Despesas de Exercícios Anteriores
	23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária
	93 - Indenização e restituições
	24 - Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária
	99 – A Classificar
Agora veja exemplos de outras classificações:
· 3.1.90.14.00 = Despesa de Diárias Pessoal Civil;
· 3.3.90.39.00 = Outras Despesas Correntes, Serviços de Terceiros - PJ;
· 4.4.90.52.00 = Equipamentos e Material Permanente.
Estágios obrigatórios da despesa orçamentária
Os estágios da despesa orçamentária compreendem uma sequência de atividades desenvolvidas pelos órgãos públicos que inicia com a fixação da despesa indo até o seu pagamento, extinguindo assim a obrigação.
.
1º Estágio - Fixação Fixar a despesa é considerado o primeiro estágio obrigatório para a realização de uma despesa orçamentária.
Este estágio é sinônimo de “planejar” a despesa na Lei do Orçamento Anual (LOA).
2º Estágio - Empenho O empenho é o segundo estágio da despesa e pode ser conceituado conforme prescreve o Art. 58 da Lei nº 4.320/64:
O empenho da despesa é o ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado a obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condição.
Os empenhos ainda são classificados em:
· Estimativo - destinado a atender despesa de valor não quantificável durante o exercício;
· Global - destinado a atender a despesa quantificada e de base liquidável, geralmente em cada mês, durante a fluência do exercício;
· Ordinário - destinado a atender a despesa quantificada e liquidável de uma só vez.
3º Estágio - Liquidação Esse é o terceiro estágio da despesa e consiste na verificação do direito adquirido pelo credor, tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito (Art. 63 da Lei n° 4.320/64).
Vale dizer que é a comprovação de que o credor cumpriu todas as obrigações constantes do contrato e/ou Nota de Empenho.
A liquidação tem por finalidade reconhecer ou apurar:
· A origem e o objeto do que se deve pagar;
· A importância exata a pagar;
· A quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.
O estágio da liquidação da despesa envolve, portanto, todos os atos de verificação e conferência, desde a entrada do material ou a prestação do serviço até o reconhecimento da despesa.
Ressalta-se que na liquidação de despesa, por ocasião do recebimento do material, da execução da obra ou da prestação do serviço, certos cuidados especiais deverão ser observados, tais como:
· Verificação do cumprimento das normas sobre licitação ou documento formalizando a sua dispensa, ou comprovando a sua inexigibilidade;
· Verificação da conformidade com o contrato, convênio, acordo ou ajuste, se houver;
· Exame da nota de empenho;
· Comprovantes da entrega do material ou da prestação efetiva dos serviços, isto é, conferência da nota fiscal ou documento equivalente.
4º Estágio - Pagamento O Art. 62 da Lei n° 4.320/64 estabelece que:
O pagamento da despesa só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.
Já o Art. 64 da citada lei define que:
A ordem de pagamento é o despacho exarado por autoridade competente, determinando que a despesa seja paga.
O pagamento é a última fase da despesa. Este estágio consiste na entrega de recursos equivalentes à dívida líquida, ao credor, mediante emissão de ordem bancária assinada pelo Ordenador de Despesas e pelo responsável pelo setor financeiro.
Atenção
Todos os estágios da despesa podem ser verificados e evidenciados no Balancete Analítico da Despesa, que geralmente são muito utilizados pelos gestores dos entes públicos, como ferramenta de acompanhamento da execução orçamentária. Estes balancetes poderão ser emitidos em qualquer periodicidade: diário, mensal e anual.
Restos a Pagar
Os restos a pagar constituem compromissos financeiros exigíveis que compõem a dívida flutuante e podem ser caracterizados como as despesas empenhadas, mas não pagas até o dia 31 de dezembro de cada exercício financeiro.
Portanto, as despesas empenhadas, não pagas até o dia 31 de dezembro, não canceladas pelo processo de análise e depuração e, que atendam os requisitos previstos em legislação específica, devem ser inscritas em Restos a Pagar, pois se referem a encargos incorridos no próprio exercício
De acordo com o Art. 36 da Lei nº 4.320
De 17 de março de 1964, que estatui normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal, consideram-se Restos a Pagar as despesas, nos seguintes termos:
Art. 36. Consideram-se Restos a Pagar as despesas empenhadas mas não pagas até o dia 31 de dezembro, distinguindo-se as processadas das não processadas.
No final do exercício, as despesas orçamentárias empenhadas e não pagas serão inscritas em restos a pagar e constituirão a dívida flutuante. Pode-se distinguir dois tipos de restos a pagar:
Processados
Decorrentes das despesas liquidadas. São aqueles em que a despesa orçamentária percorreu os estágios de empenho e liquidação, restando pendente, apenas, o estágio do pagamento.
Não Processados
Decorrentes das despesas não-liquidadas ou aquelas que dependem da prestação de serviço ou fornecimento do material.
Aula 4: Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI)
Para que serve o SIAFI?
O Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (SIAFI) é um sistema informatizado, gerenciado pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), que processa e controla, por meio de terminais instalados em todo o território nacional, a execução orçamentária, financeira, patrimonial e contábil dos órgãos da Administração Pública Federal, incluindo as autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista, que estiverem contemplados no Orçamento Fiscal e/ou no Orçamento da Seguridade Social da União.
O SIAFI, concebido pela STN e desenvolvido pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), é um dos principais sistemas estruturadores do governo federal.
Segundo o Serpro, o SIAFI registra cerca de 28 milhões de documentos por exercício e tem aproximadamente 55 mil usuários ativos.
A STN avalia que, desde sua criação, o SIAFI tem alcançado satisfatoriamente seus principais objetivos. Veja quais são:
✔ Prover mecanismos adequados ao controle diário da execução orçamentária, financeira e patrimonial aos órgãos da Administração Pública;
✔ Fornecer meios para agilizar a programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, através da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal;
✔ Permitir que a contabilidade pública seja fonte segura e tempestiva de informações gerenciais destinadas a todos os níveis da Administração Pública Federal;
✔ Padronizar métodos e rotinas de trabalho relativas à gestão dos recursos públicos, sem implicar rigidez ou restrição a essa atividade, uma vez que ele permanece sob total controle do ordenador de despesa de cada unidade gestora;
✔ Permitir o registro contábil dos balancetes dos estados e municípios e de suas supervisionadas;
✔ Permitir o controle da dívida interna e externa, bem como o das transferências negociadas;
✔ Integrar e compatibilizar as informações no âmbito do Governo Federal;
✔ Permitir o acompanhamento e a avaliação do uso dos recursos públicos;
✔ Proporcionar a transparência dos gastos do Governo Federal.
O SIAFI também pode ser utilizado por entidades privadas, mediante autorização da STN e celebração de convênio ou acordo.
Saiba mais
Os estados e municípios dispõem de um sistema semelhante ao SIAFI. Trata-se do SistemaIntegrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (SIAFEM).
O SIAFEM tem como missão uniformizar, simplificar e organizar a execução orçamentária, financeira e contábil dos estados e municípios, de forma integrada.
Histórico do SIAFI
Navegue nas datas abaixo. 1987
1986
Até esta data, o Governo Federal convivia com uma série de problemas que dificultavam a adequada gestão dos recursos públicos:
· Emprego de métodos rudimentares e inadequados de trabalho;
· Falta de informações gerenciais em todos os níveis da administração pública;
· Utilização da contabilidade como mero instrumento de registros formais;
· Defasagem na escrituração contábil de, pelo menos, 45 dias entre o encerramento do mês e o levantamento das demonstrações;
· Inconsistência dos dados utilizados em razão da diversidade de fontes de informações e das várias interpretações sobre cada conceito;
· Despreparo técnico de parte do funcionalismo público;
· Inexistência de mecanismos eficientes que pudessem evitar o desvio de recursos públicos e permitissem a atribuição de responsabilidades aos maus gestores;
· Estoque ocioso de moeda dificultando a administração de caixa, decorrente da existência de inúmeras contas bancárias, no âmbito do governo federal.
· 1987 : O SIAFI foi implantado em janeiro de 1987, dotando o país de um poderoso instrumento para a adequada gestão dos recursos públicos.
· Neste ano, outra importante inciativa adotada para superar os problemas de gestão dos recursos públicos foi a criação da Conta Única do Tesouro Nacional1.
· 
A solução desses problemas representava um verdadeiro desafio, à época, para o Governo Federal, e o primeiro passo dado para solucioná-los foi a criação da Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em 10 de março de 1986, com o objetivo de auxiliar o Ministério da Fazenda na gestão das finanças públicas.
A STN, assim, definiu e desenvolveu o SIAFI em conjunto com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro).
Vantagens do SIAFI
O SIAFI representou um avanço tão expressivo para a contabilidade pública que atualmente é reconhecido no mundo inteiro e recomendado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) como modelo.
A implantação do SIAFI trouxe para a Administração Pública Federal as seguintes melhorias:
Contabilidade
Rapidez, qualidade e precisão na informação.
Finanças
Agilização da programação financeira, otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da unificação dos recursos de caixa do Governo Federal na Conta Única no Banco Central.
Orçamento
A execução orçamentária passou a ser realizada dentro do prazo e com transparência, completamente integrada à execução patrimonial e financeira.
Visão clara de quantos e quais são os gestores que executam o orçamento
São mais de 4.000 gestores cadastrados, que executam seus gastos através do sistema de forma on-line.
Desconto na fonte de impostos
No momento do pagamento, já é recolhido o imposto devido.
Auditoria
Facilidade na apuração de irregularidades com o dinheiro público.
Transparência
Detalhamento total do emprego dos gastos públicos disponível em relatórios publicados no site.
Fim da multiplicidade de contas bancárias
Antes da implantação do SIAFI, o descontrole era tão grande que se estimava que existissem cerca de 3.700 contas bancárias. Com a organização necessária para a implantação do Sistema, constatou-se que existiam em torno de 12.000 contas bancárias. Atualmente quase 100% dos pagamentos são identificados de modo instantâneo na Conta Única.
Além de tudo isso, o SIAFI apresenta outras vantagens:
✔ Sistema disponível 100% do tempo e on-line;
✔ Sistema centralizado, o que permite a padronização de métodos e rotinas de trabalho;
✔ Interligação em todo o território nacional;
✔ Utilização por todos os órgãos da Administração Direta (poderes Executivo, Legislativo e Judiciário);
✔ Utilização por grande parte da Administração Indireta.
Características do SIAFI
O SIAFI é um sistema de informações centralizado em Brasília, que interliga os órgãos do Governo Federal, localizados no País e no exterior, através da rede de telecomunicações do Serpro e também pela conexão a outras inúmeras redes externas.
O SIAFI é estruturado por exercícios: cada ano equivale a um sistema diferente, ou seja, a regra de formação do nome do sistema é a sigla SIAFI acrescida de quatro dígitos referentes ao ano do sistema que se deseja acessar.
Exemplo
· SIAFI2017;
· SIAFI2018;
· SIAFI2019 etc.
Os sistemas são organizados em subsistemas e estes por módulos. Dentro de cada módulo estão agregadas inúmeras transações, que guardam entre si características em comum.
Cada subsistema tem uma função própria e bem delimitada no SIAFI.
Podemos organizá-los informalmente em cinco grupos principais:
1. Controle de Haveres e Obrigações;
2. Administração do Sistema;
3. Execução Orçamentária e Financeira;
4. Organização de Tabelas;
5. Recursos Complementares com Aplicação Específica.
Acesso e conexão
Existem três ambientes disponíveis no SIAFI:
Ambiente de treinamento O acesso ao ambiente de treinamento é liberado a todos os usuários habilitados e está disponível no seguinte endereço: http://www.tesouro.fazenda.gov.br/centro-de-treinamento-virtual.
Ambiente de homologação O acesso ao ambiente de homologação é de uso restrito, sendo permitido apenas a órgãos que estão fazendo integração, sob condições especiais, e a servidores da Secretaria do Tesouro Nacional.
Ambiente de produção O acesso ao SIAFI, em seu ambiente de produção, é feito por meio da Internet, usando os navegadores padrões, no
Existem duas formas de acesso ao SIAFI:
On-line
Permite o acesso direto ao sistema, de aproximadamente 5.000 Unidades Gestoras (UG), via teleprocessamento, para execução das operações diárias, tanto de entrada quanto de consulta de dados.
Off-line
É o acesso indireto ao sistema, por Unidades Gestoras que não possuem ligação com o SIAFI, e que têm seus registros efetuados por outras UG on-line às quais são subordinadas, chamadas UG Polo de Digitação.
Modalidades de uso
São duas as modalidades de uso do SIAFI:
Total Todos os Órgãos da Administração Direta e grande parte dos Órgãos da Administração Indireta utilizam o SIAFI nessa modalidade, que compreende:
· O processamento de todos os atos e fatos de determinada Unidade pelo SIAFI, incluindo-se eventos de receitas próprias;
· A inclusão de todas as disponibilidades financeiras da Unidade no conceito de Conta Única;
· O processamento da contabilidade da Unidade pelo SIAFI;
· A utilização plena dos procedimentos orçamentários e financeiros da Unidade no tratamento-padrão do SIAFI, incluindo o uso do Plano de Contas da Administração Federal.
Parcial Parte dos órgãos da Administração Indireta utiliza o SIAFI apenas para controle financeiro dos recursos destinados às Unidades pelo Orçamento Geral da União (OGU). As características são:
· É limitada aos recursos previstos no OGU;
· Não permite tratar recursos próprios da entidade;
· As informações sobre os eventos realizados são tratadas em arquivos orçamentários e contábeis destinados exclusivamente ao registro desses eventos;
· Não substitui a contabilidade da Unidade, sendo necessário, portanto, o envio de balancetes e balanços para integração pelas Unidades Setoriais do Sistema;
· Permite optar, a critério do Ministério ou órgão respectivo, se suas Unidades devem ou não ficar sujeitas aos limites específicos do OGU na realização de suas despesas.
Aspectos de Segurança
Visando a atender aos critérios de confidencialidade, integridade e disponibilidade da informação, aspectos de segurança foram incorporados ao sistema.
Dentre eles, podemos destacar:
1. O uso do captcha, que tem a função de inibir robôs maliciosos;
2. O protocolo HTTPS, que permite a autenticação do serviço ao usuário e uma conexão segura com confidencialidade.
Eventos do SIAFI
Eventos são instrumentos utilizados pelas unidades gestoras no preenchimento das telas e/ou documentos de entrada no SIAFI para transformar os atos e fatos administrativos rotineiros em registros contábeis automáticos.Os eventos são catalogados na Tabela de Eventos do SIAFI, que é parte integrante do Plano de Contas da Administração Pública Federal (PCASP).
A Coordenação-Geral de Contabilidade da STN é o órgão responsável pela administração da Tabela de Eventos.
Por meio dos eventos, o SIAFI promove, de forma automática, os lançamentos contábeis correspondentes aos registros dos atos e fatos praticados pelos gestores públicos quando do exercício de suas atividades.
Os registros são lançados no mesmo momento em que os fatos ocorrem e não é necessária a existência de um contador em cada Unidade Gestora para efetuar a classificação contábil de cada ato ou fato realizado.
Estrutura
O código do evento é composto de seis números estruturados da seguinte forma:
 Tela de acesso ao SIAFI.
Fundamentos lógicos
Os eventos mantêm correlação com os documentos de entrada do SIAFI, a exceção dos eventos de classe 50, 60, 70 e 80, que podem aparecer indistintamente na NL, OB e GR.
· Os eventos 10.0.xxx são preenchidos de forma individual na NL e se destinam a registrar a provisão da receita;
· Os eventos 20.0.xxx são indicados na ND e objetivam registrar a dotação da despesa. Tais eventos são preenchidos de forma individual, com algumas exceções de utilização conjugada, porém com eventos da mesma classe;
· Os eventos 30.0.xxx são indicados de forma individual na NC e se destinam a registrar a movimentação de créditos orçamentários;
· Os eventos 40.0.xxx são preenchidos na NE ou PE, de forma individual, e objetivam registrar a emissão de empenhos ou pré-empenhos;
· Os eventos 50.0.xxx, quando preenchidos na NL, não podem se apresentar de forma individual, exceto os de classe 54. Isso porque são eventos representativos de partida contábil de débitos (classes 51, 53 e 55) e de créditos (52 e 56).
A combinação natural destes eventos é a seguinte:
✔ Os eventos 51.0.xxx são utilizados sempre que a despesa for reconhecida, esteja ou não em condições de pagamento;
✔ Os eventos 52.0.xxx são utilizados normalmente em conjunto com os 51.0.xxx sempre que houver retenção da obrigação para pagamento posterior;
✔ Os eventos 53.0.3xx são utilizados para liquidar obrigações retidas através dos eventos 52.0.2xx;
✔ Os eventos 54.0.xxx são utilizados de forma individual e se destinam à realização de registros contábeis diversos;
✔ Os eventos 55.0.xxx são utilizados para apropriar os valores representativos de direitos, inclusive por desembolsos efetuados pela própria unidade gestora para prestação de contas posterior;
✔ Os eventos 56.0.6xx são utilizados para liquidar os direitos apropriados pelos eventos 55.0.5xx.
✔ Os eventos 61.0.xxx são utilizados para liquidar os restos a pagar inscritos no final do exercício anterior e exigem, como contrapartida, eventos de saída de bancos;
✔ Os eventos 70.0.xxx são utilizados para realização de transferências financeiras e exigem, como contrapartida, eventos de saída de bancos;
✔ Os eventos 80.0.xxx são utilizados para a apropriação da receita e exigem, como contrapartida eventos de entrada em bancos.
A entrada dos dados no SIAFI, necessários ao registro da execução orçamentária, financeira e contábil, é efetuada através dos seguintes documentos:
	Sigla
	Título
	Descrição
	DF
	Documento de Arrecadação de Receita Federal (DARF Eletrônico)
	Permite registrar a arrecadação de receitas federais efetivadas pelos Órgãos e Entidades, por meio de transferências de recursos intraSIAFI entre a UG recolhedora e a Conta Única do Tesouro Nacional.
	GP
	Guia de Recolhimento da Previdência Social (GRPS Eletrônica)
	Permite registrar o recolhimento das contribuições para a Seguridade Social por meio de transferências de recursos intraSIAFI entre a UG recolhedora e a Conta Única do Tesouro Nacional.
	GR
	Guia de Recebimento
	Destina-se à arrecadação de receitas próprias, ao recolhimento de devolução de despesas ou ao acolhimento de depósitos de diversas origens.
	NC
	Nota de Movimentação de Crédito
	Registro dos eventos vinculados à transferência de créditos, tais como: destaque, provisão, anulação de provisão e anulação de destaque.
	ND
	Nota de Dotação
	Registro de desdobramento, por plano interno e/ou fonte, quando detalhada, dos créditos previstos na Lei Orçamentária Anual, bem como a inclusão dos créditos nela não considerados.
	NE
	Nota de Empenho
	Registro de eventos vinculados ao comprometimento da despesa, na base do empenho.
	NL
	Nota de Lançamento por Evento
	Permite registrar eventos contábeis não vinculados a documentos específicos.
	NS
	Nota de Lançamento de Sistema
	Permite registrar eventos contábeis de forma automática.
	OB
	Ordem Bancária
	Permite registrar o pagamento de compromissos, bem como a transferência de recursos entre UG, liberação de recursos para fins de adiantamento, suprimento de fundos, cota, repasse, subrepasse e afins.
	PE
	Pré-empenho
	Permite registrar créditos orçamentários précompromissados, para atender aos objetivos específicos, nos casos em que a despesa a ser realizada, por suas características, cumpre etapas com intervalos de tempo desde a decisão administrativa até a efetivação da emissão da NE.
Regras básicas de utilização da Tabela de Eventos do SIAFI
As unidades gestoras deverão utilizar, para registro de suas transações diárias, os códigos da Tabela de Eventos.
Caso não seja encontrado, na Tabela, o Evento que expresse com bastante clareza a transação a ser processada, deverá ser contatada a STN para os esclarecimentos necessários.
Somente aos órgãos de contabilidade compete realizar os registros contábeis, sem a indicação de eventos. Neste caso, o tratamento a ser dado aos mesmos será por meio de débito e crédito, desde que não se trate de receitas e/ou despesas.
Aula 5: Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)
Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP)
A necessidade de evidenciar com qualidade os fenômenos patrimoniais e a busca por um tratamento contábil padronizado dos atos e fatos administrativos no âmbito do setor público tornou imprescindível a adoção de um plano de contas com abrangência nacional.
Com o objetivo de uniformizar as práticas contábeis, a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), em conjunto com o Grupo Técnico de Procedimentos Contábeis (GTCON), elaborou o Plano de Contas Aplicado ao Setor Público (PCASP), adequado aos dispositivos legais vigentes:
1. Às Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T SP);
2. Aos padrões internacionais de Contabilidade do Setor Público;
3. Às regras e procedimentos de Estatísticas de Finanças Públicas reconhecidas por organismos internacionais (STN, 2019).
A Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), estabeleceu a exigência de que seja feita a consolidação nacional das contas públicas.
A Secretaria do Tesouro Nacional (STN) exerce esta atribuição por meio da publicação anual do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN)1, previsto no inciso VII do art. 18 da Lei nº 10.180, de 6 de fevereiro de 2001.
Competência da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) para editar o PCASP
O art. 11 do Decreto nº 6.976, de 7 de outubro de 2009, atribui competência à STN para expedir os normativos complementares que se fizerem necessários à implantação e ao funcionamento do Sistema de Contabilidade Federal.
Além disso, o inciso II do art. 7º estabelece que compete à STN manter e aprimorar o PCASP e o processo de registro padronizado dos atos e fatos da administração pública.
Adicionalmente, o art. 1º da Portaria MF nº 184/2008 determina que a STN, como órgão central do Sistema de Contabilidade Federal, desenvolva ações no sentido de promover a convergência às Normas Internacionais de Contabilidade publicadas pela International Federation of Accountants (IFAC) e às Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público, editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), dentre as quais se encontra a de:
✔ Editar normativos, manuais, instruções de procedimentos contábeis;
✔ Editar o Plano de Contas Nacional, objetivando a elaboraçãoe publicação de demonstrações contábeis consolidadas.
Conceito de Plano de Contas
Plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação padronizada de contas contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos praticados pela entidade de maneira padronizada e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis de acordo com as necessidades de informações dos usuários.
Objetivos do PCASP
De uma forma geral, o PCASP tem a finalidade de padronizar os registros contábeis. Isso permite que os diferentes entes públicos elaborem suas demonstrações contábeis utilizando um mesmo padrão, condição fundamental para a posterior consolidação das demonstrações e para a elaboração do Balanço do Setor Público Nacional (BSPN).
Além disso, o PCASP permite que sejam extraídas informações que atendam às necessidades dos diferentes usuários.
A STN cita os seguintes objetivos do PCASP:
1. Padronizar os registros contábeis das entidades do setor público;
2. Distinguir os registros de natureza patrimonial, orçamentária e de controle;
3. Atender à administração direta e à administração indireta das três esferas de governo2, inclusive quanto às peculiaridades das empresas estatais dependentes e dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS);
4. Permitir o detalhamento das contas contábeis, a partir do nível mínimo estabelecido pela STN, de modo que possa ser adequado às peculiaridades de cada ente;
5. Permitir a consolidação nacional das contas públicas;
6. Permitir a elaboração das Demonstrações Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP) e dos demonstrativos do Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF);
7. Permitir a adequada prestação de contas, o levantamento das estatísticas de finanças públicas, a elaboração de relatórios nos padrões adotados por organismos internacionais3;
8. Contribuir para a adequada tomada de decisão e para a racionalização de custos no setor público;
9. Contribuir para a transparência da gestão fiscal e para o controle social.
Estrutura do PCASP
No PCASP, as contas contábeis são segregadas em grandes grupos de acordo com a natureza e a característica dos atos e fatos administrativos, o que permite que os registros contábeis sejam feitos de forma organizada, facilitando a análise das informações.
	NATUREZA DE INFORMAÇÃO
	DESCRIÇÃO
	Orçamentária
	Registra, processa e evidencia os atos e os fatos relacionados ao planejamento e à execução orçamentária.
	Patrimonial
	Registra, processa e evidencia os fatos financeiros e não financeiros relacionados com a composição do patrimônio público e suas variações qualitativas e quantitativas.
	Controle
	Registra, processa e evidencia os atos de gestão cujos efeitos possam produzir modificações no patrimônio da entidade do setor público, bem como aqueles com funções específicas de controle.
Um plano de contas deve ter os seguintes componentes:
1 Elenco de contas
Relação das contas que compõem o plano.
2 Função das contas
Descritivo do que a conta registra.
3 Funcionamento das contas
Refere à descrição das situações nas quais a conta é debitada ou creditada.
No MCASP você encontra o elenco de contas do PCASP, e no Sistema Integrado de Administração Financeira (SIAFI), ou no Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (SIAFEM), você encontra, de forma detalhada, a descrição da função e do funcionamento das contas.
As contas do PCASP são identificadas por códigos com 7 níveis de desdobramento, compostos por 9 dígitos, de acordo com a seguinte estrutura:
 (Fonte: PCASP 7ª Edição)
O PCASP possui a seguinte estrutura básica, em nível de classe (1º nível) e grupo (2º nível):
	1 – Ativo
1.1 – Ativo Circulante
1.2 – Ativo Não Circulante
	2 - Passivo
2.1 – Passivo Circulante
2.2 – Passivo Não Circulante
2.3 - Patrimônio Líquido
	3 – Variação Patrimonial Diminutiva
3.1 – Pessoal e Encargos
3.2 – Benefícios Previdenciários e Assistenciais
3.3 – Uso de Bens, Serviços e Consumo de Capital Fixo
3.4 – Variações Patrimoniais Diminutivas Financeiras
3.5 – Transferências e Delegações Concedidas
3.6 – Desvalorização e Perda de Ativos
3.7 – Variações Patrimoniais Diminutivas Tributárias
3.8 – CMV, CPV e CSP
3.9 – Outras Variações Patrimoniais Diminutivas
	4 – Variação Patrimonial Aumentativa
4.1 – Impostos, Taxas e Contribuições de Melhoria
4.2 – Contribuições
4.3 – Exploração e Venda de Bens, Serviços e Direitos
4.4 – Variações Patrimoniais Aumentativas Financeiras
4.5 – Transferências e Delegações Recebidas
4.6 – Valorização e Ganhos com Ativos e Desincorporação de Passivos
4.9 – Outras Variações Patrimoniais Aumentativas
	5 – Controles da Aprovação do Planejamento e Orçamento
5.1 – Planejamento Aprovado
5.2 – Orçamento Aprovado
5.3 – Inscrição de Restos a Pagar
	6 – Controles da Execução do Planejamento e Orçamento
6.1 – Execução do Planejamento
6.2 – Execução do Orçamento
6.3 – Execução de Restos a Pagar
	7 – Controles Devedores
7.1 – Atos Potenciais
7.2 – Administração Financeira
7.3 – Dívida Ativa
7.4 – Riscos Fiscais
7.5 – Consórcios Públicos
7.8 – Custos
7.9 – Outros Controles
	8 – Controles Credores
8.1 – Execução dos Atos Potenciais
8.2 – Execução da Administração Financeira
8.3 – Execução da Dívida Ativa
8.4 – Execução dos Riscos Fiscais
8.5 – Execução dos Consórcios Públicos
8.8 – Apuração de Custos
8.9 – Outros Controles
Atributos Conceituais da Conta Contábil
Atributos da conta contábil são características próprias que as distinguem de outras contas do plano de contas.
Os atributos podem ser decorrentes de conceitos teóricos, da lei ou do sistema operacional utilizado.
(MCASP 7ª ed., 2017. p.351)
	ATRIBUTOS CONCEITUAIS DA CONTA CONTÁBIL
	Código
	Estrutura numérica que identifica cada uma das contas que compõem o plano de contas.
	
	Título / Nome
	Designação que identifica o objeto de uma conta.
	
	Função
	Descrição da natureza dos atos e fatos registráveis na conta.
	
	Natureza do Saldo
	Identifica se a conta tem saldo devedor, credor ou ambos:
i. Conta Devedora: possui saldo predominante devedor;
ii. Conta Credora: possui saldo predominante credor;
iii. Conta Mista / Híbrida: possui saldo devedor ou credor.
	
Atributos Legais da Conta Contábil
Além dos atributos conceituais, as contas contábeis possuem dois atributos legais:
Indicador do Superávit Financeiro – Atributos Financeiro (F) e Permanente (P) De acordo com o art. 43, da Lei nº 4.320/1964, a classificação do ativo e do passivo em financeiro e permanente permite a apuração do superávit financeiro no Balanço Patrimonial (BP):
Art. 43 [...]
§ 2º Entende-se por superávit financeiro a diferença positiva entre o ativo financeiro e o passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os saldos dos créditos adicionais transferidos e as operações de crédito a eles vinculadas.
Indicador da Dívida Consolidada Líquida – consideradas no cálculo (0) e não consideradas (1) Os passivos considerados no cálculo da Dívida Consolidada Líquida e que não tenham execução orçamentária associada serão controlados por esse indicador desde o momento do registro da obrigação 12.
As obrigações consideradas na Dívida Consolidada Líquida serão controladas pelo atributo com valor zero (0) e as excluídas do cálculo serão controladas pelo atributo com valor um (1).
Regras de Integridade do PCASP
Com o objetivo de garantir a integridade, a qualidade, a consistência e a transparência das informações geradas, o PCASP adota algumas regras, referentes a:
Lançamentos Contábeis O registro contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas e os lançamentos devem debitar e creditar contas que apresentem a mesma natureza de informação.
Assim, os lançamentos estarão fechados dentro das classes 1 a 4 ou das classes 5 e 6 ou das classes 7 e 8, conforme demonstrado na tabela a seguir:
	Natureza do Lançamento
	Apenas debitam e creditam contas das classes
	Patrimonial
	1, 2, 3 e 4
	Orçamentária
	5 e 6
	Controle
	7 e 8
Pagamentos e Recebimentos A natureza de informação patrimonial

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