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UNIDADE 2 - INQUÉRITO POLICIAL
Conceito
O inquérito policial é um procedimento administrativo informativo e inquisitório, destinado a apurar a existência de infração penal e sua autoria, a fim de que o titular da ação penal disponha de elementos suficientes para promovê-la. 
É procedimento próprio da Polícia Judiciária Comum ou Militar e sua finalidade é meramente informativa, sendo dispensável, no caso da preexistência de provas, documentos e outros indícios suficientes para a abertura imediata do devido processo penal. 
O IP inicia-se na polícia e tem destino ao MP, que é o titular das ações penais públicas (exceção dos crimes de ação penal privada).
Natureza
O inquérito policial é um procedimento de instrução preparatória e informativa, em que se colhem elementos, por vezes, difíceis de obter na instrução judiciária, como o auto de flagrante, exames periciais, apreensão de objetos etc.
Finalidade
O Inquérito Policial é instaurado com o fim exato de apurar a autoria e materialidade de crimes. É dirigido ao Ministério Público (nos crimes de ação penal pública) ou ao ofendido (nos crimes de ação penal privada), e é responsável por constituir uma opinio delicti, auxiliando a propositura da denúncia ou queixa. O inquérito é instrumento importante para que o Juiz descubra a verdade real, no processo-crime.
Dispensabilidade
Diz o artigo 12 do CPP cita que o inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. Analisando isoladamente este artigo, predispõem-se que o IP seja indispensável para o oferecimento da denúncia ou da queixa. Contudo, o artigo 39, § 5º e 46, § 1º, ambos do CPP, esclarecem que o MP pode dispensar o inquérito, quando contar com todos os fundamentos necessários para o oferecimento da denúncia ou queixa. Nesse sentido, reforça essa tese o art. 27 do CPP, que faculta a qualquer um do povo o direito de provocar a iniciativa do MP, relatando informações sobre o fato e a autoria de crime, indicando o tempo, o lugar e os meios de convicção necessários para a denúncia.
Instrução Criminal e Inquérito Policial
O inquérito policial não se confunde com a instrução criminal e, assim, não se aplicáveis ao IP os princípios do processo penal, principalmente o contraditório. Isso decorre do fato de que o IP não tem réu e, assim, natureza punitiva.
 Sua natureza meramente informativa, investigatória, determina que as partes não sofram punições a partir de seu procedimento. Contudo, a vítima e o indiciado podem apresentar requerimentos ao delegado, que não é obrigado a atendê-los.
Início do Inquérito Policia
O inquérito policial pode começar:	
· de ofício, por portaria ou auto de prisão em flagrante;
· requisição do Ministério Público ou do Juiz;
· por requerimento da vítima;
· mediante representação do ofendido
Características do IP
a) Obrigatório: 
Apenas para a Polícia Judiciária, diante da apresentação de legítima notitia criminis, a autoridade deve proceder de ofício a sua instauração, sendo a negativa de sua instauração uma conduta irregular, como ato de prevaricação.
b) Discricionário:
 a autoridade policial (o Delegado de Polícia é o Encarregado do Inquérito Policial) tem a faculdade dirigir o procedimento adotado, na fase investigativa, sendo lícito deferir ou indeferir a produção de provas requeridas pelo indiciado ou pelo ofendido (art. 14/CPP), sem que seja sujeita à suspeição (art. 107/CPP). 
Outrossim, os atos de polícia são autoexecutáveis, independentes de prévia autorização do Poder Judiciário para a sua concretização jurídico material, com exceção daqueles que prescindem de ordem judicial, como no caso da prisão (exceto em flagrante delito)
c) Escrito: 
por ser destinado ao titular da ação penal, as peças do inquérito serão reduzidas a escrito e rubricadas pela autoridade policial (art. 9º /CPP).
d) Sigiloso:
 Não tendo natureza punitiva, meramente informacional, a autoridade policial não está vinculada aos princípios de publicidade do artigo 37 da CF. As diligências necessárias para a elucidação de fatos podem ser reservadas, para evitar a ocultação ou destruição de provas, influência sobre testemunhas e fuga de pessoa procurada. O Art 20 do CPP cita que "a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade “. O sigilo, porém, não é extensível ao MP, que pode acompanhar e fiscalizar os atos de polícia judiciária.
e) Participação de Advogado no IP:
 Conforme o art. 7º, XIII e XIV do Estatuto da OAB, qualquer advogado pode ter acesso aos atos de IP, mas se decretado Segredo de Justiça, apenas aqueles que possuam legimitatio ad procedimentum podem nele atuar, mas não é necessário que participe de atos procedimentais, porque o IP é Inquisitório. O art. 5º, LXIII, da CF, que assegura ao preso a assistência de advogado, que além de consultar os autos do IP, poderá tomar medidas pertinentes em benefício do indiciado. A súmula vinculante nº 14 garante ao advogado o amplo acesso as provas colhidas durante o procedimento investigatório, desde que já documentadas, para que o indiciado possa exercer o direito de defesa.
f) Indisponível:
 Uma vez instaurado regularmente, em qualquer hipótese a autoridade poderá arquivar os autos (art. 17/CPP).
COMPETÊNCIA
Em regra, a competência para instaurar e presidir o inquérito policial é de delegados de polícia de carreira (autoridade policial), de acordo com as normas de organização policial dos Estados. 
A competência geral é distribuída de acordo com o lugar onde se consumou a infração (ratione loci), conforme a disposição das circunscrições policiais. Contudo, o art. 4º do CPP, não impede que a autoridade policial de uma circunscrição (Estado ou Município) investigue os fatos criminosos praticados em outro local, pois os fatos são dinâmicos e podem acarretar resultados e situações em diversos locais. Há, também, a distribuição da competência em razão da matéria (ratione materiae), de acordo com a natureza da infração penal, por meio de delegacias especializadas (homicídios, drogas, da mulher etc).
VALOR PROBATÓRIO
O caráter inquisitivo do inquérito policial oferece valor informativo para a instauração da ação penal. Contudo, certas provas periciais, carregadas de técnica e ciência, contém maior dose de veracidade e têm igual valor a das provas colhidas em juízo, mesmo porque, provavelmente, não poderão ser repetidas.
Contudo, só o IP não se pode fundamentar uma decisão condenatória e isso contrariaria o princípio constitucional do contraditório. O Processo-Crime aperfeiçoa as provas e é o único meio de, em razão do contraditório e da ampla defesa, de condenar ou absolver plenamente uma pessoa acusada de ter cometido um delito.
VÍCIOS
Possíveis vícios no IP não afetam a ação penal. A desobediência às formalidades legais fragilizar e tornarem atos ineficazes, (por exemplo, gerando relaxamento de prisão em flagrante), mas não influi na ação penal, já iniciada, com denúncia.
JUIZADO DE INSTRUÇÃO
Instrumento destinado à apuração das infrações penais sob a presidência de um juiz, ou seja, um juiz instrutor colhe as provas. A função da polícia seria apenas de prender os infratores e apontar os meios de provas. Não é aplicado no país, embora a CF não impeça sua criação pelos próprios estados federados (arts. 24, X e XI, e 98, I).
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
Instauração – via de regra o IP tem duas origens:
1) A noticia de um crime (notitia criminis) ou
2) Em razão de uma prisão em flagrante, formalizado pelo Auto de Prisão em Flagrante Delito (APFD). O documento que marca o inicio a PORTARIA DE INQUERITO POLICIAL, mas também pode começar por meio da PORTARIA DO AURO DE PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO. Nos casos dos crimes de ação penal pública, o CPP prevê , em seu art 5, duas formas de inicio ou mediante requisição da autoridade judiciaria, do mp, ou requerimento do ofendido ou seu defensor.
REQUERIMENTO DO OFENDIDO – Pode ser oral ou escrito (normalmente oral ) e prevê uma narração do fato, com todas as circunstâncias, a identificaçãodo indiciado e razões de convicção e a nomeação de testemunhas
DILIGÊNCIAS – ATOS DE INVESTIGAÇÃO (artigos 6° e 7° do CPP)
· exame do local de crime
· apreensão de provas
· oitivas do ofendido, testemunhas e indiciado
· reconhecimento de pessoas e coisas
· acareações
· exame de corpo de delito e outras perícias
DILIGÊNCIAS – ATOS DE INVESTIGAÇÃO (artigos 6° e 7° do CPP) – Continuação
· Identificação do indiciado pelo processo datiloscópico e juntada da folha de antecedentes
· Questionário de vida pregressa do indiciado
· Reprodução Simulada dos Fatos (desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública)
· Representação por medidas cautelares
· Quebra de sigilo bancário, fiscal, telefônico, telemático
· Interceptação telefônica
· Busca e Apreensão
· Infiltração Policial
· Colaboração premiada
· Ação controlada, ETC
INDICIAMENTO
Quando presentes indícios de autoria e materialidade, nos termos do parágrafo 6° do artigo 2° da Lei 12.830/2013. O Indiciamento é o ato personalíssimo do Delegado de Polícia ou Autoridade de Polícia Judiciária Militar, enquanto presidente da investigação, e procede a individuação do autor. 
Nos casos de crimes hediondos ou delitos praticados com violência, é autorizada a coleta de material genético, para compor banco genético de dados do Ministério da Justiça. 
É uma das etapas da formação da culpa na investigação criminal, quando os elementos do inquérito policial permitem o firmamento da convicção de autoria e materialidade. A partir de então, o indiciado, de suspeito, se torna o provável autor da infração, por isso, o indiciamento deve conter os elementos de convicção que motivaram a autoridade policial em sua indicação. 
Nesse sentido, o Indiciamento é um ato administrativo, com efeitos processuais penais, porque vai influenciar no desenvolvimento do processo criminal e na defesa do indiciado.
ORGANIZAÇÃO DO INQUÉRITO POLICIAL
Os atos do IP são organizados em procedimento único, devidamente encapado e autuado. É dividido em volumes de 200 páginas, que devem ser rubricadas e numeradas pelo escrivão. Não há limites de páginas no IP. Os atos são organizados, em regra, por sua incidência cronológica, ato a ato, documento a documento. Inicia-se pela Portaria e tem o seu final no RELATÓRIO
RELATÓRIO FINAL DO IP
Ato que encerra a atuação de Polícia Judiciária, na atual fase de investigação (o IP pode retornar à polícia, por força de ordem judicial, para cumprimento de cotas ministeriais ou aprofundamento da investigação). Ele marca o encerramento da investigação preliminar e contém todos os fundamentos da autoridade policial, contando com a análise das provas colhidas e suas impressões técnicas, opinando pela instauração ou não da ação penal. 
O relatório final pode prescindir do indiciamento, que somente ocorre quando presente os indícios de materialidade e autoria de infração penal. O MP, com o relatório final, pode requisitar novas diligências, pedir o arquivamento ou oferecer denúncia. 
No caso de arquivamento, caso o juiz discorde é aplicável o artigo 28 do Código de Processo Penal, remetendo-se os autos ao procurador-geral, que ao concordar com juiz, designa novo promotor para o caso. 
UNIDADE 3 - AÇÃO PENAL
CONCEITO
É o meio de provocar a prestação jurisdicional penal por parte do Estado, para a aplicação do direito penal objetivo in concreto. É, ainda, o meio de o Estado exercer o monopólio da força de prender, exercendo o "jus puniendi“ao satisfazer a sua pretensão punitiva. É regulada in totum pelo Direito Público e sua finalidade principal é a de proteger a sociedade.
CLASSIFICAÇÃO
Em regra, a ação penal é pública e a legitimidade para ocupar a defesa da sociedade é o Ministério Público, em razão de que o Direito Penal tutela dos interesses sociais e a manutenção da ordem pública. Por isso, é missão precípua do Ministério Público promover a ação, independentemente da vontade de outrem (AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA). 
O art. 100, do Código Penal cita que “a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido". Contudo, há situações em que o Parquet depende da manifestação do ofendido ou de seu representante legal ofertá-la. 
Esse é o caso da Ação Penal Pública Condicionada, como no art. 100, §1o do CP: "A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, quando a lei o exige, de representação do ofendido ou de requisição do Ministro da Justiça". Nos casos de Ação Penal Pública a ação começa a partir da DENÚNCIA do Ministério Público.
Finalmente, a ação penal pode ser privada, quando a legitimidade para sua propositura, conforme expresso pela lei, for apenas pelo ofendido ou de seu representante legal, posto que infração atinge imediata e profundamente seu interesse particular, podendo optar por preservar sua intimidade e não propor a ação. Nesse caso, a ação começa com a remessa ao Judiciário da QUEIXA-CRIME Contudo, há uma situação sui generis, que é a Ação Penal Privada Subsidiária da Pública, na qual o particular supre ausência do Ministério Público, que deixou de denunciar fato-crime e oferecendo queixa-crime diretamente. É exceção à regra das ações penais.
CONDIÇÕES DA AÇÃO PENAL – GERAIS
1) Possibilidade jurídica do pedido: Tanto a denúncia, quando à queixa-crime devem se pautar por fundamentos estipulados em lei, como por exemplo, um fato típico.
2) Interesse de agir: viabilidade da ação penal a partir da possibilidade do exercício do Jus Puniendi, ou seja, o fato em questão deve ser punível e culpável.
3) Utilidade – a ação penal deve ser eficaz, e isso somente é possível se o fato não incorrer em prescrição e o autor do suposto delito esteja suficientemente determinado para ser acusado.
4) Legitimação para agir: A ação penal deve ser proposta por quem tem a qualidade de agir.
OBS.: A peça processual exordial deve ser recebida pelo juiz, que a analisará e verificará as
condições da ação. Na falta dos requisitos legais, declarará sua inépcia e a rejeitará. A carência da
ação pode ser declarada a qualquer momento do processo, sendo caso de a nulidade absoluta do processo (art. 564, CPP)
CONDIÇÕES ESPECIAIS DA AÇÃO PENAL
• Há ações penais em que, cuja peculiaridade, são absorvidas por condições especiais. São condições especiais, a saber:
• Representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça;
• Entrada do agente em território nacional;
• Autorização do Legislativo para a instauração de processo contra o Presidente e Governadores por crimes comuns;
• Trânsito em julgado de sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento, no crime de induzimento a erro essencial ou ocultamento do impedimento.
Obs. Estudaremos os casos específicos ao final da temática sobre ação penal.
AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA
(art. 129, I CF) É função institucional do Ministério Público promover, privativamente, a ação penal pública na forma da lei. Exceção (Única) está prevista no art. 29 do CPP, que trata da possibilidade do ofendido ou seu representante legal proporem ação penal privada subsidiária. Mesmo assim, em todos os casos, poderá o Ministério Público aditar a queixa, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova, interpor recursos e retomar a ação como parte principal se houver negligência do querelante.
PRINCÍPIOS
1) - Obrigatoriedade: a propositura da ação penal, uma vez preenchidos os requisitos legais, é obrigatória. Não pode, portanto, o Ministério Público recusar-se a dar início à ação. Nos casos em que requerer o arquivamento do inquérito policial, por exemplo, deverá justificar sua opção, que poderá ser negada pelo juiz (art. 28 do CPP).
Comete crime de prevaricação o Promotor de Justiça que deixar de oferecer denúncia para satisfazer interesse ou sentimento pessoal (artigo 319 do CP). Ressalta-se que há possibilidade de transação oferecida pelo Ministério Público ao infrator nas hipóteses de crimes de menor potencial ofensivo (art. 98, I da CF - há, portanto, mitigação do princípio).
2) - Indisponibilidade: Uma vez iniciada a ação penal,não pode o Ministério Público dela desistir (art. 42do CPP). Exceção: tal princípio não é cabível nos casos de crime de menor potencial ofensivo, em que o Ministério Público pode propor a suspensão condicional da pena (art. 89 da Lei no 9.099/95).
3) Oficialidade: a persecução deve ser realizada e fiscalizada pelos órgãos oficiais, que são públicos, tendo em vista que a pretensão punitiva só pode ser satisfeita mediante o devido processo legal. Sendo assim, compete apenas ao órgão do Ministério Público o exercício da ação penal. Porém, a investigação, por exemplo, fica a cargo da autoridade policial. Além disso, a ação privada subsidiária da pública é exceção a tal princípio.
4) Autoritariedade: somente as autoridades públicas são responsáveis pela persecução penal (relacionado ao princípio da oficialidade).
5) Oficiosidade: os encarregados devem agir de ofício para dar andamento da ação penal, salvo no caso de ação penal pública condicionada.
6) Indivisibilidade: a ação penal deve abranger todos aqueles que cometeram a ação penal, sem exceção. Assim, não pode o Ministério Público escolher contra qual suspeito vai intentar a ação, posto que todos suspeitos deverão figurar no pólo passivo conjuntamente. O mesmo acontece na ação penal privada, de acordo com o art. 48 do CPP: "A queixa contra qualquer dos autores do crime obrigará ao processo de todos, e o Ministério Público velará pela sua indivisibilidade".
7) Transcendência: a ação penal será promovida somente contra a pessoa a quem se imputa a prática da infração, não podendo englobar o responsável por eventual indenização, por exemplo, como acontece em ordenamentos jurídicos de outros países.
8) Suficiência da ação penal: mesmo que haja ação pendente na esfera cível, sobre o reconhecimento da existência da infração penal, pode o juiz criminal dar prosseguimento a ação, já que esta é suficiente para resolver questão prejudicial não ligada ao estado de pessoas (art. 93 do CPP). 
INÍCIO DA AÇÃO PENAL
O início da ação penal pública dá-se pelo oferecimento da denúncia no prazo de cinco dias para réu preso, e de quinze dias para réu solto, contados da data em que o Ministério Público receber os autos do inquérito policial (art. 46 do CPP). Ademais, deve a denúncia conter a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas (art. 41 do CPP).
CITAÇÃO NO PROCESSO PENAL
CONCEITO DE CITAÇÃO
É o chamamento da ré ao processo, oferecendo ciência da ação e da imputação de infração penal, propiciando a
oportunidade de se defender pessoalmente e através de advogado. A nulidade ou falta de cidadão tornam o processo absolutamente nulo.
FORMAS DE CITAÇÃO
1) Pessoal por Mandado (art 351CPP) – o Oficial de Justiça entrega o mandado diretamente para o réu. Caso o réu
seja pessoa com insanidade mental, deverá se citada na pessoa de seu curador.
2) Pessoal por Carta Precatória (art. 353CPP – quando fora da comarca onde tramita o processo); por Carta de
Ordem (determinada por órgão de jurisdição superior); e Carta Rogatória (arts. 368 e 369 CPP – para réus fora do
Brasil ou requerida por juiz de outro país para um juiz brasileiro).
3) Citação por Edital
4) Citação por Hora Certa
5) Citação eletrônica – inadmissível no processo penal.
REVELIA
A revelia será decreta nos termos do artigo 367 CPP, apenas se o acusado for citado pessoalmente e deixar de
comparecer ou de se defender sem motivo justificado.
MANDADO DE CITAÇÃO.
É a ordem escrita emitida pelo juiz competente para o chamamento do acusado junto ao processo, entregue pelo
Oficial de Justiça.
REQUISITOS DO MANDADO DE CITAÇÃO (ART 352 CPP)
I - o nome do juiz e do querelante em ações penais privadas; II – Qualificação do réu e sinais característicos,
constando sua residência; III – Finalidade da citação, juízo e o lugar, o dia e a hora em que o réu deverá
comparecer; IV – Subscrição do escrivão e a rubrica do juiz; e V Cópia da Denúcia ou Queixa-Crime.
CUMPRIMENTO DO MANDADO DE CITAÇÃO (Art 357 CPP) – O Oficial de Justiça deve:
1) Ler o mandado e entregar a contrafé, constando dia, hora e local da citação;
2) declarar na certidão a entrega da contrafé, e sua aceitação ou recusa.
3) Pode ser entregue em qualquer tempo, dia e hora, inclusive domingos e feriados, durante o dia ou à noite,
respeitando-se as regras do direito ao domícilio.
CITAÇÃO COM HORA CERTA (362 CPP) – Adotada quando o acusado se oculta para não ser citado. Efetuada
a citação por hora certa, se o acusado não comparecer, o juiz incumbirá sua defesa à defensor dativo.
CITAÇÃO DO MILITAR: Será realizada mediante ofício requisitório ao chefe do serviço onde se encontra o
militar, cabendo a este, e não ao oficial de justiça, a citação do acusado (Art. 358)
CITAÇÃO DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO – ocorrerá por mandado, mas o chefe da repartição do citado deverá
ser comunicado (Art. 359 CPP).
CITAÇÃO DO PRESO – deve ser feita pessoalmente, por mandado, com antecedência para contratar advogado
para se defender. (Art. 360. Se o réu estiver preso, será pessoalmente citado.)
CITAÇÃO POR EDITAL (ART 361 CPP)
É medida excepcional, adotada APENAS depois de esgotados os meios de localização do acusado. O prazo do
edital é de 15 dias e o juiz iniciará o processo quando o réu comparecer. O Edital será afixado na porta do
edifício onde funcionar o juízo competente e será publicado pela imprensa local.
EFEITOS DA CITAÇÃO POR EDITAL (Art 366 CPP)
Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o
curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas
urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312.
UNIDADE 5 - PROCESSO DE CONHECIMENTO
RITO ORDINÁRIO NO PROCESSO PENAL
O art 394 do CPP destaca os tipos processo penal. O processo será comum ou especial. O processo comum, por sua vez, é dividido em ordinário, sumário ou sumaríssimo. O Rito ordinário ocorre na incidência de processo com objeto-crime com sanção máxima igual ou superior à 4 anos de pena privativa de liberdade. O rito sumário quando a pena for inferior à 4 anos de pena privativa de liberdade e, finalmente, o rito sumaríssimo, diante de infrações de menor potencial ofensivo.
RITO ORDINÁRIO NO PROCESSO PENAL
CITAÇÃO
É o chamamento do réu a juízo, para se defender de acusação formal. Por meio de um mandado de citação, o juiz dá ciência ao acusado sobre o processo e sua tramitação, sendo lhe apresentada a sua imputação, oferecendo prazo para efetivar uma defesa sumária e técnica, através de advogado ou defensor público. Quando a citação é apresentada ao réu, já houve apresentação de denúncia e aceitação/recebimento da mesma, bem como, fixação de competência sobre o juízo. A citação inaugura ao acusado a possibilidade de exercício do contraditório e da ampla defesa, pois, ao mesmo tempo em que o réu vem ao processo, pode questionar a imputação do crime e iniciar sua defesa, apresentando requerimentos de provas e arrolando testemunhas, fundamentando suas teses e argumentos, bem como, fazendo suas oposições e exceções.
Em regra, a citação pode ser realizada em qualquer dia e hora, respeitando a inviolabilidade do domicílio. A nulidade da citação é causa nulidade absoluta, como no artigo 564, III e 570 do CPP. O réu deve ser citado, ainda que ciente da denúncia que lhe é proposta, podendo ela ser pessoal ou real e a ficta ou presumida
ESPÉCIES DE CITAÇÃO
Por Mandado
Por mandado cumprido por oficial de justiça, caso o réu resida na comarca do juízo processante. O mandado é ordem escrita do juízo para que o oficial cumpra a determinação. Se for militar, será encaminhada a citação para seu comandante (art. 358, do CPP).
Por Mandado – Requisitos do Mandado
Contorme art. 352 do CPP:
1) Nome do juiz
2) Nome do querelante nas ações iniciadas por queixa
3) Nome do réu e seus sinais característicos
4) Residência do réu
5) Fim para queé feita a citação
6) Juízo competente, lugar, dia e hora em que o réu deverá comparecer
7) Subscrição do escrivão e rubrica do juiz.
8) No artigo 357 – deve ser feita a leitura do mandado ao citando pelo oficial e entrega da contrafé, na
qual se mencionarão dia e hora da citação, bem como, declaração do oficial, na certidão, da entrega
da contrafé, e sua aceitação ou recusa.
FASES DO RITO ORDINÁRIO
O processo comum serve de regra e é aplicado a todos os rito, com exceções dispostas em lei. O rito ordinário é, então, o balizador de todo o processo penal e se divide nas seguintes fases:
1.oferecimento da denúncia ou queixa. Recebimento ou rejeição pelo juiz;
2.citação do réu;
3.resposta à acusação;
4.absolvição sumária (art. 397, CPP);
5.audiência de instrução e julgamento.
RESPOSTA À ACUSAÇÃO – DEFESA PRELIMINAR
A defesa preliminar do art. 396-A é mais complexa do que a antiga Defesa Prévia, pois o advogado do acusado deverá arguir preliminares e todos os argumentos de interesse à defesa, oferecendo documentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolando testemunhas, requerendo sua intimação, contrapondo as alegações do Parquet desde logo, sem poupar argumentação para outro momento. O acusado não é citado para ser interrogado, e sim para apresentar a defesa preliminar.
Com o prazo de 10 dias depois da citação, o acusado terá que constituir defensor ou, não possuindo condições, requerer ser defendido pelo Estado, de forma gratuita. Nomeada sua a defesa, ela tem obrigação de apresentar todos os argumentos válidos e lícitos até então existentes, visando a obtenção de antecipação da tutela absolutória, denominada de absolvição sumária no rito comum (art. 397).
ARGUMENTOS LÓGICOS DA DEFESA PRELIMINAR
1) Preliminares (exceções de incompetência, litispendência e coisa julgada);
2) Teses defensivas levantadas no IP;
3) Contradição dos argumentos da acusação
4) Especificação de provas que serão produzidas na audiência(art 400 CPP),
5) Rol de testemunhas (8 para o rito ordinário e 5 para o rito sumário).
6) Proposta de Absolvição Sumária
7) Incidente de Sanidade Mental
8) Excludentes de ilicitude (art 23 CP)
9) Excludentes de culpabilidade - erros de proibição, de terceiro ou de tipo, coação moral irresistível e
obediência hierárquica, ou ainda, autor menor de idade.
10) Excludente de tipicidade
11) Excludente de punibilidade –como prescrição (art 107 CP)
12) Causas Supralegais de Exclusão, como consentimento do ofendido; de tipicidade, adequação social e a inexigibilidade de conduta diversa.
ARGUMENTOS LÓGICOS DA DEFESA PRELIMINAR
1) Preliminares (exceções de incompetência, litispendência e coisa julgada);
2) Teses defensivas levantadas no IP;
3) Contradição dos argumentos da acusação
4) Especificação de provas que serão produzidas na audiência(art 400 CPP),
5) Rol de testemunhas (8 para o rito ordinário e 5 para o rito sumário).
Obs: As exceções serão processadas em apartado, nos moldes dos arts. 95 e 112 CPP.
Obs II: O prazo para defesa só vale para os casos em que a citação se deu pessoalmente e, se o réu for citado por edital e não comparecer e nem constituir defensor, nos termos do artigo 366 CPP, o processo é suspenso, bem como a a prescrição, até que o réu seja encontrado. Como forma de auxiliar os colegas com exemplos de pedidos de defesa preliminar, podemos apontar:
a) Excludente de ilicitude - a conduta do acusado, apesar de ser típica (conduta dolosa ou culposa,
ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA (Art. 397 do CPP)
É a possibilidade de julgamento antecipado da lide penal, quando o juiz verificar a existência cabal de causa excludente da ilicitude do fato; a existência manifesta de causa excludente da culpabilidade do agente, salvo inimputabilidade; quando o fato narrado evidentemente não constitui crime; ou quando extinta a punibilidade do agente. É aplicável a todos os ritos do processo penal, inclusive no Tribunal do Júri, nos termos do art. 415 do CPP.
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
É a audiência principal do processo, na qual é ouvido em primeiro lugar o ofendido (vítima), seguido das testemunhas da acusação e depois as da defesa. Também serão colhidos os esclarecimentos de peritos, acareações e reconhecimento de pessoas e coisas. No final, ocorre o interrogatório, nos termos do artigo 400 do CPP.
OBS: No caso da Lei 11.343/06 (Lei de Tóxicos), o interrogatório é realizado no início da audiência, seguido das oitivas das testemunhas (artigo 57 da Lei 11.343/06)
DA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO
Não sendo pertinentes outras diligências, o juiz transferirá a palavra à acusação e à defesa, pelo prazo de 20 minutos, prorrogável por mais 10, para que se manifestem em alegações finais orais, devendo o juiz proferir a sentença em seguida. Contudo, diante da complexidade dos fatos, de ofício ou por requerimento do MP ou da parte (oral), o juiz deferirá o prazo de 05 dias para as alegações finais, apresentadas em memorial, sendo recebidas primeiramente as da acusação, depois para as da defesa, com intimação sequenciais.Não é comum o uso das alegações finais orais, mas é importante que o advogado esteja apto a prestá-las, pois pode ser o caso de fazê-las, na própria sessão de instrução.
ALEGAÇÕES FINAIS NO PROCESSO PENAL
As alegações finais em memoriais foram incluídas no CPP pela Lei 11.719/08.
Em regra, as alegações finais deveriam ser oferecidas oralmente, ao final da audiência de instrução (e julgamento), para maior celeridade do processo, mas o costume jurídico determina ao juiz abrirprazo para que as partes ofereçam suas alegações finais por escrito, em memoriais. Em processos com muito réus, é compreensível, pois muitas defesas orais poderiam atrapalhar umas às outras, tanto que §3o do art. 403 do CPP diz: “O juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acusados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença.” As alegações finais, em peça, deverão ser endereçadas ao Juiz da Vara em que o processo está tramitando. Sendo o prazo de 5 cinco dias, mas cuidado, primeiro apresentam suas alegações o MP, depois a defesa.
No Tribunal do Júri, especialmente, na primeira fase, o juiz de primeiro grau deve decidir pela pronúncia ou impronúncia do réu. Os memoriais, antes da sentença de pronúncia deve externar todos argumentos que possam eximir o réu de passar pelo crivo dos jurados. Nos demais casos, os pedidos de absolvição sumária deverão pautar-se no art. 386 do CPP.
Em suma, as principais teses a serem defendidas em memorias são:
1) Inexistência do fato
2) Não haver prova suficiente para condenação - in dubio pro réu.
3) Não consistir o fato infração penal.
4) Excludentes em geral.
5) Não existir prova de que o réu concorreu para a ação penal – negativa de autoria
6) Nulidades (art. 564 do CPP) no processo – em preliminares.
7) Extinção da punibilidade como preliminar.
8) Afastamento de agravantes ou aplicação de atenuantes.
9) Afastamento de qualificadoras ou de causas de aumento de crime
10) Alegar circunstâncias que influam na dosimetria da pena, como a primariedade.
11) Benefícios em caso de condenação, como substituição da pena privativa de liberdade por
restritiva de direitos, sursis, aplicação de regime mais brando e etc.
CONCEITO DE SENTENÇA PENAL (Art 381 ss – CPP)
DA SENTENÇA J UDICIAL EM SENTIDO ESTRITO
Decisão Judicial a partir da qual o juiz, com fundamento na instrução e nas provas colimadas no processo, examinando ou não o meritum causae, põe fim à fase cognitiva do procedimento comum (do processo de conhecimento), sendo terminativa e definitiva, quanto ao mérito, abordando a questão relativa à pretensão punitiva do Estado, para julgar procedente ou improcedente a imputação. É posterior ao curso do percurso do processo, que determina sobre o direito relativo ao fato jurídico que vincula sociedade, ofendido e autor do delito, no caso o réu do processo, bem como sobre a pretensão punitiva do Estado, o seu Ius Puniendi.
DA SENTENÇA JUDICIAL EM SENTIDO AMPLO
Há, contudo,sentenças que em sentido amplo que não encerram o processo, com a sentença de PRONÚNCIA (§ 1o, art. 413 do CPP), que é uma decisão interlocutória mista não terminativa.
CLASSIFICAÇÃO DA SENTENÇA
1) QUANTO À SUA NATUREZA
a) Sentença Declaratória: não necessita de outra providência, contendo força em suas declarações, na qual se alinha a Sentença Absolutória.
b) Sentença Constitutiva: tem eficácia preponderante a modificação de situação jurídica, não impondo ação de execução subsequente.`Pode ser constitutiva positiva, que cria uma nova situação jurídica ou constitutiva negativa, que desconstitui um ato jurídico anterior, até então válido e eficaz.
c) Sentença Executiva: é a que impõe medidas imediatas.
d) Sentença Condenatória: tem lugar quando reconhecida a procedência da inicial acusatória.
2) QUANTO AO SEU CONTEÚDO
a) Decisões interlocutórias simples: que dirimem questões emergentes sobre à regularidade do
processo, sem discutir o mérito da causa.
b) Decisões interlocutórias mistas: também conhecidas como decisões com força definitiva, que
encerram uma etapa do procedimento, tal como a sentença de pronúncia, ou encerram toda a
relação processual, sem a resolução do mérito da causa.
c) Decisões definitivas ou sentenças em sentido próprio: que decidem sobre o mérito da causa,
podendo ser condenatórias, absolutórias e terminativas de mérito.
e) Sentenças não executáveis: aquelas pendentes de recurso com efeito suspensivo.
g) Sentenças condicionais: que carecem de um acontecimento futuro e incerto, como na
suspensão processual do processo.
ESTRUTURA DAS SENTENÇAS PENAIS CONDENATÓRIAS
O Juiz é obrigado a motivar todos os atos interlocutórios ou terminativos do processo. Assim, asentença deve conter essencialmente todos os aspectos relativos ao andamento do processo, relatando o seu andamento, a produção de provas, os argumentos da acusação e da defesa e todos os demais atos produzidos. Em sede de sentença o Juiz de Direito pode exercer em plenitude o princípio do livre convencimento motivado, bem como pela livre apreciação da prova, como regras no direito processual penal, nos termos do art. 93, IX, CF. Assim, a sentença penal deve ser dividida, doutrinariamente em:
1) Relatório (Dispensável nos Juizados Especiais);
2) Fundamentação; e
3) Dispositivo
 ESTRUTURA DAS SENTENÇAS PENAIS CONDENATÓRIAS – art 381 CPP
RELATÓRIO – Resumo do processo, retratando os fatos, a investigação policial, os apontamentos de acusação, as teses da defesa e as provas testemunhais, documentais e periciais produzidas na fase de conhecimento, SEM QUE O JUIZ faça suas considerações e valorações pessoais sobre o que foi produzido.
FUNDAMENTAÇÃO – Na parte da fundamentação, o juiz tece suas considerações pessoais, confere crédito a uma prova, em desdém de outra prova e apresenta seus motivos e argumentos, prevalecendo os princípios de livre apreciação da prova e do livre arbítrio em julgar.
DISPOSITIVO (ou CONCLUSÃO) – parte em que o juiz tece o enquadramento jurídico de suas conclusões, apresentando os artigos das normas jurídicas em que enquadra a conduta do réu, seja ele absolvido ou condenado, ou ainda, sejam adotados outras providências. O dispositivo demonstra os aspectos legais empreendidos pelo julgador a decidir sobre a lide.
NÚCLEOS DE FUNDAMENTOS DE DECISÃO
FUNDAMENTAÇÃO PER RELATIONEM ou ALIUNDE
O STF e o STJ admitem decisões que pautem fundamentos conforme motivações ou sentenças de outros casos, naturalmente semelhantes, ou argumentos que foram produzidos pela própria defesa ou pela acusação. A referência as essas teses é conhecida como fundamentação per relationem, que encontra resistência na doutrina, quando não precedida de alinhamento em relação aos fatos, posto que uma sentença judicial é proferida em razão de fatos jurídicos, não de leis ou doutrinas. Sem esse processo, denominado de INTEGRAÇÃO, não há que se conceber a argumentação per relationem, por si só. Além disso, o juiz deve fazer a SUBSUNÇÃO, que é a integração realizada obrigatoriamente entre o fato jurídico e a norma jurídica aplicada, ou seja, no dispositivo, o Juiz é obrigado a subsumir ou relacionar plenamente o FATO à NORMA, caso contrário, a sentença não será produzida por boa técnica jurídica e poderá ser objeto de recurso, principalmente no Direito Penal, em razão do Princípio da Legalidade Estrita e do Garantismo que protege a defesa.
NÚCLEO DE FUNDAMENTOS DE DECISÃO
EMENDATIO LIBELLI (art. 383 do CPP): sem modificar a descrição dos FATOS, destacada na na denúncia ou na queixa, o juiz poderá atribuir ao ele definição jurídica diversa, mesmo que precise aplicar pena mais grave. O EMENDATIO LIBELLI é a situação jurídica em que o fato foi enquadrado em norma jurídica incompatível, como verificada no procedimento de SUBSUNÇÃO, ou seja, o fato foi enquadrado e maneira defeituosa na imputação, e o juiz apenas corrige o enquadramento jurídico da imputação, o que pode ser feito por ele, inclusive, no momento de proferir à sentença, desde que os fatos não sejam modificados.
OBS: Súmula 337 do STJ; se o novo enquadramento modificar a competência, os autos serão remetidos ao novel juízo competente.
NÚCLEO DE FUNDAMENTOS DE DECISÃO
MUTATTIO LIBELLI (art. 384 do CPP): se ao final da dilação probatória (da fase de conhecimento, o juiz percebe que as provas apontam uma DEFINIÇÃO JURÍDICA DE FATO diferente, e se entender sobre a necessidade de uma nova definição jurídica do FATO DE ACUSAÇÃO, juiz deverá propor que o MP adite a denúncia ou a queixa, o que poderá ser feito em audiência, oralmente, pelo Promotor de Justiça. 
Tal procedimento somente seria possível na primeira instância e devolveria o processo para manifestação da defesa, posteriormente ao Ministério Público, porque a defesa se defende dos fatos, não da imputação penal e, assim, modificados os aspectos fáticos, talvez seja fundamental ouvir novas testemunhas e produzir novas provas, o que pode ser dispensado pelas partes, caso se contentem com as provas produzidas.
Todas, na verdade são válidas, por si só, e apenas pode ser necessário elucidar aspectos que serão inovados na nova denúncia, se ela for aditada – um aditamento importa numa nova denúncia. Novamente, se o novo enquadramento importar em modificação de competência, os autos serão remetidos ao juízo competente.
SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA E SEU EFEITO PRODRÔMICO
A sentença penal condenatória, desde que NÃO HAJA recurso do MP, produz um efeito PRODRÔMICO, ou seja, uma vedação para a aplicação do Reformatio in Pejus. Se, diante de uma sentença, apenas a defesa apresentou recurso, a acusação deixa de se pautar pela imputação in abstrato, expressa no Código Penal e, a partir de então, se regerá pelos fundamentos propostos na própria sentença, que tornou concreta a aplicação de uma pena. Se no primeiro grau a pessoa poderia ter uma pena entre 4 e 10 anos para o crime de roubo (157 CP), ao ser exarada a sentença, com a pena estipulada pelo juiz de 5 anos de reclusão, está determinada a concretude da pena e dos aspectos jurídicos de que se valeu o juiz para dizer sobre o quantum da pena. Se apenas a defesa recorrer, o segundo grau não poderá majorar a pena, pois está vedada a reformatio in pejus. O STF, ainda, decidiu que o efeito prodrômico deve ser aplicado se o julgamento de primeiro grau for anulado
EFEITOS DA SENTENÇA PENA CONDENATÓRIA
EFEITOS PRIMÁRIOS
1) Consequência jurídico-penal direta da sentença condenatória = PENA (privativa de liberdade,
restritiva de direito E/OU multa, possível medida de segurança).
2) Perda da Primariedade (para Crimes Dolosos) – Pressuposto para a Reincidência (art 63 CP)
3) Lançamento do nome no Rol dos Culpados
4) Determinação para cumprimento da pena, se transitada em julgado.
EFEITOS SECUNDÁRIOS
1) São efeitos extrapenais, relacionados ao fato jurídico em apreço (arts 91 e 92 do CP)
2) Obrigação Certa de Indenizar o dano causado (art 91 CP)
3) Confisco de materiais empregados ou relacionados ao crime
4) Perda de Direito a Cargo/Emprego/Função Pública, Perda do Pátrio Poder e Inabilitação do
Direito deDirigir.
EFEITOS DA SENTENÇA ABSOLUTÓRIA (Art 386 CPP)
a) Coloca o réu em liberdade, se estiver preso;
b) Ordena a cessação das medidas cautelares e provisórias aplicadas.
c) Aplica a medida de segurança, se cabível.
SENTENÇA DECLARATÓRIA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE
a) Decisão definitiva que encerra a relação processual, julga o mérito, mas não condena ou absolve o réu
b) Quando a sentença reconhece a prescrição da pretensão punitiva: não opera efeitos na esfera cível e não oferece título hábil para execução.
PUBLICAÇÃO E INTIMAÇÃO DA SENTENÇA
A sentença é publicada pelo escrivão, que lavrará termo nos autos (art. 389 do CPP), e tornará oficial a sentença para toda a sociedade e apta à produção de efeitos jurídicos. A publicação pode ocorrer no próprio termo de audiência, dispensando a certidão ou a lavratura de outro termo. No procedimento do juizado especial, comum sumário e do júri, é publicada a sentença quando o juiz realiza a leitura em plenário, ao final da sessão de julgamento. A publicação interrompe a prescrição em sentença condenatória recorrível.
Além disso, torna imutável a setença para o juízo, salvo se forem acolhidos embargos de declaração (art. 382 CPP) ou em caso de erro de material, situação em que poderá ser alterada ex officio. Nos artigo 391 e 392 CPP predispõe sobre a intimação das partes na ação, que no caso do advogado e do condenado será, em regra, pessoal

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