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PARTE 01 – SEMIÓTICA E TEXTO NÃO-VERBAL – PRINCIPAIS CONCEITOS 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO 
TEXTUAL 
 TEMA 03 
 
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Vamos relembrar um assunto já visto anteriormente, a linguagem e 
sua organização: 
A linguagem acompanha o homem em diversos períodos da história: 
através dos desenhos nas grutas, por meio dos rituais de povos tradicionais, 
das danças, das músicas, das cerimônias e dos jogos; das produções 
arquitetônicas e da arte: desenhos, pinturas, esculturas, poética, cenografia 
etc. (SANTAELLA17, s.a). 
 Juntamente com a linguagem verbal, oral e escrita, temos outras 
linguagens que também representam os sistemas sociais e históricos do 
mundo. (SANTAELLA, s.a). A linguagem abrange um vasto campo, tendo em 
vista que acontece de forma tão intensa na vida em sociedade e de modo 
tão diferenciado. Ela envolve, inclusive, a linguagem dos surdos-mudos, o 
sistema codificado da moda, da culinária e tantos outros (SANTAELLA, s.a). 
Como já vimos anteriormente, sua organização se dá em: 
Linguagem Verbal18 
Dentre as várias formas de comunicação, aquela que utiliza a palavra, 
ou seja, a linguagem oral ou escrita é a linguagem verbal, pois o código usado 
é a palavra. Esse tipo de linguagem está presente quando falamos com 
alguém, quando lemos, quando escrevemos. Pode-se afirmar que é muito 
presente em nosso cotidiano e se apresenta em diversas formas: 
propagandas, reportagens, obras literárias e científicas, comunicação entre 
as pessoas, em discursos e em várias outras situações. 
Linguagem Não Verbal 
Neste tipo de linguagem, não se usa a língua, mas outros símbolos 
que podem significar como: imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, 
 
17 SANTAELLA, Lúcia. O que é semiótica. Coleção primeiros passos, sem ano. 
Digitalizado e formatado por: Projeto de Democratização da Leitura. Acessado in: 
www.portaldetonando.com.br. Acessado em 17/02/2019. 
18 Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. 
14ª reimp. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. 
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: 
Contexto, 2002. 
 
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pintura, música, mímica, escultura e gestos. Dentro do contexto temos a 
simbologia que é uma forma de comunicação não verbal. 
Linguagem Mista 
Esta linguagem utiliza simultaneamente a linguagem verbal e a 
linguagem não verbal, usando palavras escritas e figuras ao mesmo tempo. 
 Agora, que já relembramos como se divide a linguagem, podemos 
traçar os caminhos que nos levarão ao campo da semiótica. Não queremos 
que haja uma base completa da ciência Semiótica, mas uma compreensão 
de como a linguagem em toda a sua plenitude comanda a vida homem e 
para um bom processo de leitura e interpretação não basta apenas dominar 
o campo da linguagem verbal, pois a linguagem não verbal assume papel 
significativo no nosso cotidiano. 
 As informações repassadas nesta parte do estudo são de Fidalgo e 
Gradim (2004/2005)19, que ajudam a compreender a semiótica enquanto 
ciência e como o seu campo de atuação tem base para auxiliar o universitário 
a ter uma formação mais efetiva. 
 A semiótica, quando considerada no plano da comunicação enfatiza 
a criação dos significados e a formação das mensagens a transmitir. Toda vez 
que nos comunicamos, o fazemos a partir dos signos; essa ação levará o 
receptor a elaborar outra mensagem também utilizando signos e assim 
sucessivamente. Isto dito, parece simples e fácil, mas, na verdade, há uma 
série de elementos a se considerar para que esta comunicação se torne 
eficiente e atinja o seu poder de comunicar verdadeiramente, vejamos: 
 Os tipos de signos utilizados para criar mensagens, 
 As regras de formação 
 Códigos que os interlocutores partilham entre si 
 Denotações e conotações dos signos utilizados, 
 Tipo de uso dado aos signos. 
 
19 FIDALGO, António; GRADIM, Anabela. Manual de Semiótica. UBI – 
Portugal. In: www.ubi.pt, 2004/2005. 
 
 
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Santaella traz uma definição de semiótica que pode clarear o 
entendimento: 
A Semiótica é a ciência que tem por objeto de 
investigação todas as linguagens possíveis, ou seja, que 
tem por objetivo o exame dos modos de constituição de 
todo e qualquer fenômeno como fenômeno de produção 
de significação e de sentido. (SANTAELLA, s.a). 
 
É possível observar que a comunicação não acontece em fluxo, numa 
sequência, se dá “como um sistema estruturado de signos e códigos” 
(FIDALGO e GRANDIM, 2005, p. 19) 
 Para que se compreenda o processo de comunicação a partir da 
perspectiva dos signos, dois conceitos serão apresentados: 
 
Esclareçamos: o signo é uma coisa que representa 
uma outra coisa: seu objeto. Ele só pode funcionar como 
signo se carregar esse poder de representar, substituir 
uma outra coisa diferente dele. Ora, o signo não é o 
objeto. Ele apenas está no lugar do objeto. Portanto, ele 
só pode representar esse objeto de um certo modo e 
numa certa capacidade. Por exemplo: a palavra casa, a 
pintura de uma casa, o desenho de uma casa, a fotografia 
de uma casa, o esboço de uma casa, um filme de uma 
casa, a planta baixa de uma casa, a maquete de uma casa, 
ou mesmo o seu olhar para uma casa, são todos signos do 
objeto casa. Não são a própria casa, nem a ideia geral que 
temos de casa. Substituem-na, apenas, cada um deles de 
um certo modo que depende da natureza do próprio 
signo. A natureza de uma fotografia não é a mesma de 
uma planta baixa (SANTAELLA, s.a, p. 12). 
 
Vejamos como Fidalgo e Grandim (2004, 2005) classificaram os 
signos, compreendendo-os na sua diversidade: 
 
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Há muitos e diversos tipos de signos e qualquer 
definição de signo deverá ter em conta não só a 
polissemia20 do termo signo, mas sobretudo a diversidade 
dos próprios signos. Mesmo a definição mais geral de 
signo como algo que está por algo para alguém reclama 
que se especifique melhor essa relação de “estar 
por/para”. Daí que seja extremamente importante 
apontar, ainda que não exaustivamente, diversos tipos de 
signos, sobretudo os mais importantes. 
 
 
Vamos compreender como os autores classificaram os signos: 
 Sinais enquanto signos que levam a uma ação mecânica ou 
convencionalmente pelo receptor. Exemplo: sinais de rádio e 
de televisão provocam nos receptores determinados efeitos. 
Pode-se dizer que há, também, uma aplicação convencional 
dos sinais, como nos casos de “dar o sinal de partida”, “fazer-
lhe sinal para vir”, “dar o sinal de ataque”. Este tipo de signos 
é utilizado em máquinas, e é utilizado por homens e animais. 
Quando toca a campa de uma escola, foi dado o sinal para vir. 
Então, a campa da escola é um signo, no caso, não verbal que 
comunica. Numa luta ou jogo, quando o juiz dá um sinal com 
a mão ou com o apito, os lutadores/jogadores iniciam. O 
gesto e apito são signos. 
Veja baixo uma ilustração de dois tipos de signos: sinais e sintomas 
 
 
20 Vários sentidos de uma palavra. 
 
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 Sintomas são signos compulsivos, não arbitrários, em que o 
significante está associado ao significado por um laço natural. 
Vejamos, a febre está naturalmente ligada a alguma doença, 
é um signo que comunica que há alguma infecção no corpo; 
se ocorreu uma geada, é um sintoma de que a temperatura 
atmosférica desceu até zero graus centígrados, assim, a 
geada é um signo que traz uma comunicação; 
 Ícones são signos baseados na semelhança entre o 
significante e o significado. Se temos uma pintura, até mesmo 
uma fotografia, vamos observar que há semelhança destes 
com o objeto pintado ou fotografado. Neste caso, são ícones. 
Também quando temos a planta de uma casa, a imagem noespelho, as pessoas vistas pela televisão. Vamos observar que 
neste caso, o signo compreende aquilo que tem semelhança 
com o ser ou com o objeto, mas não é o ser-no-mundo ou o 
objeto real. 
 Índices são signos em que o significante é contíguo, ou seja, 
está muito próximo ao significado. Um tipo importante de 
índices são as expressões que referem demonstrativamente, 
como “este aqui”, “esse aí”, “aquele ali”. Quando afirmamos 
“este aqui”, este signo está substituindo ou ser ou objeto. Os 
números nas fardas dos soldados também são índices, pois 
aquele número equivale ao soldado. Mais um exemplo é o 
relógio, como um índice do tempo, o número do relógio 
representa o tempo na realidade. 
Abaixo temos dois exemplos de signos: ícones e índices: 
SIGNOS
Sinais Sintomas
 
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 Símbolos são signos em que há uma relação convencional 
entre representante e representado, sem que haja relação de 
semelhança ou de contiguidade. Convencionou-se associar a 
arara ao supermercado DB; a baleia (considerada peixe) 
representa o Santos; Usain Bolt escolheu como símbolo um 
raio. A relação simbólica é intencional. Cabe ressaltar, que 
para ser símbolo há algo de comum entre o representante e 
o representado. A arara tem em comum com o DB o fato de 
representarem a Amazônia; Bolt é tão rápido quanto o raio; 
Santos e baleia (popularmente chamado pela torcida de 
peixe) se relacionam como símbolo porque o time do Santos 
sempre foi ligado aos mares por um fator de localização 
geográfica. 
 Os nomes são signos que, embora sejam convencionais, não 
há um atributo intencional para aproximá-los. Ex: Maria é um 
nome que vai simbolizar um ser, mas não quer dizer que 
todas as Marias simbolizam a mesma pessoa. Elas apenas têm 
em comum o nome (FIDALGO e GRANDIM, 2005, p. 20-21). 
Para efeito de ilustração, abaixo, mais dois exemplos de signos: 
símbolos e nomes: 
SIGNOS
Ícones Índices
 
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Os signos constituem parte significativa da comunicação humana, 
seja ela verbal ou não verbal. Ao estudarmos os signos, conseguimos ampliar 
nossa visão da linguagem. O apito do juiz, o toque do despertador, o 
vermelho do semáforo são signos que têm significado na vida social e 
comunicam. 
Em síntese, temos vários tipos de signos: 
 
 
 
 
SIGNOS
Símbolos Nomes
TIPOS 
DE 
SIGNOS
Sinais
Sintomas
Ícones
Índices
Símbolos
Nomes

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