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1 Aula 1: 1o Lei da Termodinâmica Físico-Química Prof. André Pimentel 2 Sumário • Calor e Trabalho • Energia interna, U • Entalpia, H • Lei de Hess • Exercícios 3 Objetivo • Entender o que é calor e trabalho • Aprender sobre energia interna • Aprender sobre entalpia 4 Termodinâmica: Conceitos O universo é formado por um sistema e uma vizinhança Sistema aberto – troca matéria e energia com a vizinhança Ex.: Motor de automóvel e corpo humano Sistema fechado – troca de energia com a vizinhança Ex.: bolsa de gelo Sistema isolado – não tem contato com a vizinhança Ex.: garrafa térmica 5 Termodinâmica: Conceitos Trabalho, w, é o movimento contra uma força oposta w = força × distância 1 J = 1 kg m2 s−2 Trabalho, w, é a transferência de energia de um sistema por um processo contra uma força oposta Energia interna, U, é a capacidade de um sistema realizar trabalho, w ∆U = w desde que nenhuma outra transferência de energia esteja ocorrendo 6 Termodinâmica: Conceitos Trabalho de expansão contra uma força externa constante w = F . d = F . d . cos180o = − Pext . A . d = − Pext . ∆V (Produto escalar) Quando um sistema se expande sob uma pressão constante Pext, ele perde energia como trabalho por convenção “aquisitiva”: w = − Pext . ∆V Se w < 0, o sistema realiza trabalho na vizinhança e a energia interna do sistema diminui Trabalho não-expansivo é realizado por uma reação química 7 Termodinâmica: Conceitos Processo reversível é uma mudança que pode ser revertida por uma mudança infinitesimal de uma variável Um sistema está em equilíbrio com a sua vizinhança se uma mudança infinitesimal em direção oposta resulta em uma mudança oposta no seu estado. Ex.: O equilíbrio térmico entre dois sistemas ocorre pela transferência de energia entre os dois sistema com a mesma temperatura No equilíbrio térmico, a transferência é reversível pois: Se a temperatura de um dos sistemas for abaixada infinitesimalmente, então a energia flui para dentro do sistema com temperatura mais baixa. Se a temperatura do outro sistema é aumentada infinitesimalmente, então a energia flui para fora do sistema mais quente. 8 Processo reversível Para uma expansão reversível e isotérmica de n mols de um gás ideal com pressão P e temperatura T: dw = − Pext . dV = − P . dV dw = −(nRT/V) dV w = −nRT ln(Vf/Vi) 9 Expansão contra P constante versus Expansão Reversível 10 Termodinâmica: Conceitos Calor, q, é a energia transferida em conseqüência de uma diferença de temperatura Se o sistema está mais frio do que a vizinhança, a energia flui da vizinhança para o sistema e a energia interna do sistema aumenta Quando a energia interna do sistema se altera por transferência de energia na forma de calor q, temos que: ∆U = q 11 Convenção Neste curso, é utilizada a convenção aquisitiva, onde: w > 0 e q > 0 se a energia é transferida da vizinhança para o sistema (o sistema ganha energia) w < 0 e q < 0 se a energia é transferida do sistema para a vizinhança (o sistema perde energia) 12 Termodinâmica: Conceitos Capacidade calorífica, C, do sistema é a razão entre o calor fornecido e o aumento de temperatura que ele provoca: C = q/∆T Capacidade calorífica específica, c, é: c = q/m∆T Capacidade calorífica molar, cm, é: cm =q/n∆T 13 1o Lei da Termodinâmica “A energia interna de um sistema é constante” A única forma de mudar a energia interna de um sistema fechado é transferir energia para ele como calor ou trabalho: ∆U = q + w Se o sistema possui paredes adiabáticas: ∆U = w Se o sistema possui paredes diatérmicas: ∆U = q 14 Trabalho X Calor 15 Energia Interna A partir de um estado inicial, a mesma quantidade de trabalho precisa ser realizada em um processo adiabático (q = 0) para alcançar um estado final através de caminhos diferentes Esta independência de caminho implica na existência de uma função de estado, a energia interna. 16 Transferência de Calor sob Pressão Constante A propriedade termodinâmica que permite obter informações a pressão constante é chamada de entalpia, H: H = U + pV A variação de entalpia de um sistema é igual ao calor liberado ou absorvido em pressão constante: dH = dU + d(pV) = dq + dw + pdV + Vdp dH = dq −pdV + pdV + Vdp dH = dq + Vdp = dq 17 Calorimetria Um calorímetro de volume constante mede a mudança de energia interna CV = ∆U/∆T Um calorímetro de pressão constante mede a mudança de entalpia Cp = ∆H/∆T V V T U C ∂ ∂ = p p T H C ∂ ∂ = 18 Bomba Calorimétrica a V constante 19 Calorímetro de Chama a P cosntante 20 Relação de CV e Cp Para n mols de um gás ideal a uma temperatura T passar para uma temperatura T + ∆T: H = U + PV = U + nRT ∆H = ∆U + nR ∆T ∆H/∆T = ∆U/∆T + nR Cp = Cv + nR Cp,m = Cv,m + R 21 Teorema da Equipartição de Energia A energia média associada a cada grau de liberdade é kT/2 onde k é a constante de Boltzmann R = NAk A energia cinética de um gás monoatômico livre para se movimentar em três dimensões é mvx 2/2 + mvy 2/2 + mvz 2/2 = kT/2 + kT/2 + kT/2 = 3kT/2 A energia total de 1 mol deste gás é 3NAkT/2=3RT/2 A energia interna de 1 mol deste gás é Um = Um 0 + 3RT/2 22 Gás Ideal Monoatômico Se a equação anterior for derivada com relação a temperatura com V constante, tem-se que: (dUm/dT)V = CV = 3R/2 Cp = R + 3R/2 = 5R/2 Cp = 20.786 J K -1 mol-1 Cp (Ar, He, Ne, ...) = 20.786 J K -1 mol-1 23 Gás Ideal Poliatômico Linear Graus de liberdade: 3N Translação: 3 (cada um contribui com ½ kT: energia cinética apenas) Rotação: 2 (cada um contribui com ½ kT: energia cinética apenas) Vibração: 3N – 5 (cada um contribuindo com kT pois a vibração tem dois componentes: cinética e potencial) E = 3kT/2 + 2kT/2 + (3N – 5)kT Molécula diatômica: E = 3kT/2 + kT + kT = 7kT/2 Molécula triatômica: E = 3kT/2 + kT + 4kT = 13kT/2 24 Gás Ideal Poliatômico Não-linear Graus de liberdade: 3N Translação: 3 (cada um contribui com ½ kT: energia cinética apenas) Rotação: 3 (cada um contribui com ½ kT: energia cinética apenas) Vibração: 3N – 6 (cada um contribuindo com kT) E = 3kT/2 + 3kT/2 + (3N – 6)kT Molécula diatômica: Não existe Molécula triatômica: E = 3kT/2 + 3kT/2 + 3kT = 6kT 25 Gás Ideal Poliatômico Linear considerando a vibração Molécula diatômica: CV = 7R/2 Cp = 9R/2 Molécula triatômica: CV = 13R/2 Cp = 15R/2 Linear excluindo a vibração Molécula diatômica: CV = 5R/2 Cp = 7R/2 Molécula triatômica: CV = 5R/2 Cp = 7R/2 Não-linear considerando a vibração Molécula diatômica: Não existe Molécula triatômica: CV = 6R Cp = 7R Não-linear excluindo a vibração Molécula diatômica: Não existe Molécula triatômica: CV = 3R Cp = 4R 26 Capacidade Calorífica Cp (Exp) Cp (Teoria) c/ vibração Cp (Teoria) s/ vibração N2 29.13 37.40 29.10 O2 29.36 37.40 29.10 CO 29.14 37.40 29.10 CO 2 37.11 62.32 37.40 H2 O 33.58 58.17 33.24 27 Capacidade Calorífica A capacidade calorífica originada pela vibração é Cv,m é zero quando T = 0 K Cv,m é R quando kT>>hv A contribuição da vibração de uma molécula no CV é zero em T = 0 K e aumenta na direção de R quando a temperatura aumenta kThv kThv mV e e kT hv RC − − − = 1 2 , 28 Entalpia de Reação Química A variação de entalpia é igual ao calor absorvido ou liberado por uma reação química em pressão constante Processo endotérmico (absorve): ∆H > 0 (q > 0) Processo exotérmico (libera): ∆H < 0 (q < 0) 29 Variação da Entalpia com a Temperatura a P constante A capacidade calorífica a P constante é usada para relacionar a mudança da entalpia com a temperatura. Para uma mudança infinitesimal, tem-se que: dH = CpdT Se Cp for constante dentro de uma faixa de temperatura ∆T, então: qp = ∆H = Cp ∆T A variação da capacidade calorífica pode ser ignorada para faixas pequenas de temperatura. No entanto, a expressão empírica aproximada para Cp em função da temperatura é: 2 T c bTaC p ++= 30 Variação da Entalpiacom a Temperatura a P constante a (J K-1 mol- 1) b (10-3 K- 1) c (105 K2) C(s) 16.86 4.77 -8.54 CO2(g ) 44.22 8.79 -8.62 H2O(l) 75.29 0 0 N2(g) 28.58 3.77 -0.50 ( ) −−−+∆=∆ 12 2 1 2 2 11 2 TT cTT b TaH 31 Entalpia de Reação Química Qual será a relação de ∆H e ∆U de uma reação química a T e P constantes? Hi = Ui + PiVi = Ui + niRT Hf = Uf + PfVf = Uf + nfRT ∆H = Hf − Hf = Uf + nfRT − (Ui + niRT) ∆H = ∆U + RT∆n ∆H é maior do que ∆U em reações que geram gases ∆H é praticamente igual a ∆U nas reações em que a quantidade de gases não varia 32 Entalpia de Reação Química Entalpia de reação, ∆Hr, é a variação de entalpia por mol de moléculas (kJ mol−1) expressa pelos números estequiométricos da equação química Entalpia padrão de reação, ∆Hr 0, é definida a T = 298 K e P = 1 bar, e os reagentes e produtos estão nas suas formas padrões ∆Hr 0 = Σ ∆Hf 0 (Produtos) − Σ ∆Hf 0 (Reagentes) Entalpia padrão de formação, ∆Hf 0, de uma substância é a entalpia padrão da reação de formação de uma substância a partir de seus elementos na sua forma mais estável 33 Lei de Hess Entalpia é uma função de estado (Independe do caminho) A + B → C ou A + B → D D → C “A entalpia total da reação é a soma das entalpias de reação das etapas em que a reação pode ser dividida” C(s) + ½ O2(g) → CO(g) ∆H 0 = −110,5 kJ CO(g) + ½ O2(g) → CO2(g) ∆H 0 = −283,0 kJ C(s) + O2(g) → CO2(g) ∆H 0 = −393,5 kJ 34 Entalpia de Reação Por definição: Cp = dH/dT Quando uma substância é aquecida de T1 para T2, sua entalpia muda de H(T1) para: Como esta equação se aplica a cada substância na reação, tem-se que: onde (Lei de Kirchhoff) ( ) ( ) ∫+= 2 1 12 T T pdTCTHTH ( ) ( ) ∫∆+∆=∆ 2 1 ,12 T T rprr dTCTHTH ∑∑ −=∆ reag mp prod mprp CCC ,,, νν 35 Grupos Termoquímicos de Benson A entalpia de formação de um composto complexo pode ser estimada a partir da combinação da entalpia de formação de grupos termoquímicos. Grupo termoquímico é um átomo ou um grupo físico de átomos ligados a, no mínimo, dois átomos. A entalpia de formação do composto é então expressa como a soma das contribuições associadas com todos os grupos termoquímicos com os quais a molécula pode ser dividida. Ex.: n-hexano = 2 grupos C(H)3(C) + 4 grupos C(H)2(C)2 36 Grupos Termoquímicos de Benson ∆H0f (kJ mol- 1) Cp,m (J K-1 mol- 1) C(H)3(C) -42.17 25.9 C(H)2(C) 2 -20.7 22.8 C(H)(C)3 -6.91 18.7 C(C)4 +8.16 18.2 Ex.: ∆Hf (hexano) = 2x(-42.17) + 4x(-20.7) = -167.1 kJ mol -1 37 Resumo • Definição de Energia interna • 1o Lei da Termodinâmica • Definição de Entalpia • Calorimetria • Lei de Hess 38 Matéria da Aula P. Atkins, Physical Chemistry, 6th Ed., W. H. Freeman and Company: New York, 2002 (Capítulo 2) P. Atkins e J. de Paula , Físico-Química, 7o Ed., LTC, 2006
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