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TRABALHO TEORIA DO DIREITO PENAL

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1- Crimes que não admitem tentativa e por quê
Existem infrações penais que não admitem a figura da tentativa. São elas:
· Crimes Culposos;
· Crimes Preterdolosos;
· Crimes Omissivos Próprios;
· Crimes Unissubsistentes;
· Crimes Habituais;
· Crimes de Atentado;
· Contravenções Penais.
Crime Culposo
Os crimes culposos não admitem a tentativa.
O crime culposo é caracterizado quando o agente não quer o resultado e nem assume o risco de produzir o resultado. No entanto, o resultado acaba ocorrendo pela inobservância de um dever de cuidado (imprudência, negligência ou imperícia).
Se o indivíduo agir sem observar um dever de cuidado, mas não ocorrer nenhum resultado, não haverá tentativa de crime culposo. 
Assim, não há que se falar em tentativa em crimes de natureza culposa, pois nestes o agente não tem a intenção de produzir nenhum resultado criminoso. 
Ou seja:
Se não ocorrer um resultado previsto como crime, decorrente de uma conduta culposa do agente, não haverá tentativa de crime.
Na tentativa há intenção de praticar o crime, mas não há resultado. No crime culposo há resultado, mas não há intenção de praticar o crime.
Crimes Preterdolosos 
Crime preterdoloso é aquele em que o agente atua com dolo em sua conduta e culpa no resultado agravador. Ou seja, o resultado preterdoloso vai além do resultado pretendido pelo agente.
No crime de lesão corporal seguida de morte, por exemplo, o agente tem dolo na prática da lesão corporal, mas tem culpa no resultado morte. Quis bater na vítima, não quis matá-la, mas esta acabou morrendo por causa da lesão.
Não há que se falar em tentativa de lesão corporal seguida de morte, uma vez que o resultado morte não é querido pelo agente. E, como visto anteriormente, a vontade do agente (dolo) é um dos elementos necessários para a configuração da tentativa.
No entanto, se o resultado morte for a intenção do agente (querer matar por meio da lesão corporal), ele não responderá por lesão corporal seguida de morte e sim por homicídio ou tentativa de homicídio.
Crimes Omissivos Próprios
No crime omissivo próprio o agente não atua conforme uma imposição legal. É consumado pela simples omissão do agente.
Como exemplo de crime omissivo próprio podemos citar o crime de omissão de socorro.
CP. Art.135. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública.
Ou seja, quando alguém deixa de prestar socorro ou deixa de pedir socorro à autoridade pública, para salvar uma pessoa que acabou de sofrer um acidente, pode incorrer no crime de omissão de socorro. 
No entanto, o crime omissivo próprio não admite a tentativa, uma vez que não há um resultado naturalístico produzido pela omissão.
Ocorre a consumação do crime com a simples abstenção do comportamento imposto ao agente. 
Se ainda dá tempo de o agente agir, não há crime. Se o agente deixar passar o momento em que deveria agir, ocorre a consumação do delito.
Ou seja, não há espaço para a tentativa. Ou haverá crime ou não haverá crime.
Crimes  Unissubsistentes
Crime unissubsistente é o crime em que a conduta do agente é exaurida em um único ato. 
Nesse tipo de infração o iter criminis - caminho do crime - não pode ser fracionado, e por isso não admite a tentativa. 
A título de exemplo de crime unissubsistente, podemos citar o crime de injúria verbal (CP. Art.140).
Perceba que, ao ofender verbalmente uma pessoa, o crime é consumado. Um ato único consumou o delito, no caso, a ofensa verbal. 
Se o agente não proferir uma ofensa verbal à vítima, não há que se falar em crime de injúria. Se o agente proferir uma ofensa verbal à vítima há que se falar em crime de injúria.
Assim como no crime omissivo próprio, não há espaço para a tentativa. Ou haverá crime ou não haverá crime.
Crimes Habituais
Crime habitual é aquele que, para se chegar à consumação, é preciso que o agente pratique, de forma reiterada e habitual, a conduta criminosa. 
O que caracteriza o crime habitual é a prática reiterada de atos que, se fossem praticados de forma isolada, seria um indiferente penal. 
Como exemplo de crime habitual podemos citar o crime de curandeirismo (art.284, CP.).
Conforme previsto no art.284, inciso I, configura crime de curandeirismo a prescrição habitual de qualquer substância, sem habilitação médica.
Se o agente praticou a conduta apenas uma vez (prescreveu apenas uma vez), tal conduta não será crime. 
Se o agente praticar a conduta de forma reiterada e habitual, incorrerá no crime de curandeirismo.
Não há que se falar em tentativa. Ou haverá crime ou não haverá crime.
Crimes de Atentado
Crimes de atentado são crimes nos quais a simples prática da tentativa é punida com as mesmas penas do crime consumado. 
A tentativa não é admitida nos crimes de atentado, uma vez que não se admite tentativa de tentativa.
Um exemplo de crime de atentado é o crime de evasão mediante violência contra pessoa, previsto no art.352 do Código Penal.
CP. Art.352. Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido à medida de segurança detentiva, usando de violência contra pessoa.
Nesse caso, tanto a evasão quanto a tentativa de evasão são situações equiparadas e são punidas da mesma forma.
Na verdade, pode se falar que existe a tentativa. Mas não aquela tentativa apta a reduzir a pena do agente.
A pena aplicada a essa tentativa seria a mesma do crime consumado, sem conduzir a qualquer redução de pena.
Contravenções Penais
Conforme o art.4˚ da Lei de Contravenções Penais, "não é punível a tentativa de contravenção".
Nesse caso, embora seja teoricamente possível a ocorrência da tentativa, ela é afastada pela supracitada disposição legal.
Assim, o agente será responsabilizado pela contravenção penal apenas quando alcançar a sua consumação.
Mesmo tendo dado início aos atos de execução, a conduta será um indiferente penal (fato atípico) se não houver a consumação da infração.
2- DISTINÇÃO ENTRE: 
a) Tentativa Perfeita 
Na tentativa perfeita o agente executa por completo seus atos, mas crime não é consumado. 
Diferentemente da tentativa imperfeita, a execução ocorre integralmente. Mas, o resultado pretendido pelo agente não ocorre, por circunstâncias alheias à sua vontade.
Exemplo: o agente descarrega a arma contra a vítima, atingindo-a, mas esta é levada ao hospital, por outras pessoas, e acaba sendo socorrida por intervenção médica.
Sendo assim, na tentativa perfeita a execução se completa, mas o resultado não
b) Tentativa Imperfeita
Tentativa Imperfeita
Na tentativa imperfeita a conduta do agente é interrompida durante a execução do crime. Ocorre quando o agente não consegue praticar todos os atos necessários para a consumação do delito, por circunstâncias alheias à sua vontade.
Exemplo: o agente começa a desferir golpes na vítima, com intenção de matá-la, mas acaba sendo impedido de continuar na ação por uma outra pessoa, que o segura.
Sendo assim, na tentativa imperfeita a execução não se completa
c) Crime Falho 
Crime falho é sinônimo de tentativa perfeita ou acabada. É uma forma de tentativa na qual o agente esgota todo o caminho executório para o crime, de acordo com seu planejamento, mas não ocorre a consumação. O sujeito realiza uma conduta que objetivamente poderia causar um resultado lesivo, ou seja, uma ação com efetiva potencialidade lesiva.
d) Tentativa Falha
TENTATIVA FALHA: é a interrupção dos atos executórios por falha interna do agente, que acredita não poder prosseguir, quando, em verdade, poderia. Ex.: o autor da subtração, ouvindo o barulho da sirene de uma ambulância, acredita tratar-se da polícia, largando o furto em andamento.

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