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NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Didatismo e Conhecimento 1 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Prof. Guilherme M. Cardoso Advogado, Consultor Jurídico e Professor Universitário. Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Univer- sitário Eurípides de Marília e graduado pela mesma instituição. Prezado (a) Candidato (a): Obrigado por adquirir a apostila da Editora Nova. Para nós é uma imensa satisfação tê-lo como nosso leitor. Graças a sua confiança nosso trabalho vem se expandindo por todo o país. Esperamos atender suas expectativas e auxilia-lo em seu estudo; oferecemos suporte para dúvidas que porventura venham surgir. O estudo desta disciplina, definida por alguns como maté- ria instrumental (pelo fato de apresentar os instrumentos que darão efetividade ao direito material) tem por indispensável a leitura dos artigos solicitados; seja do código de processo civil seja de leis esparsas. O assunto discorrido no corpo da apostila serve tanto como embasamento para a resolução de questões de múltipla escolha como de questões discursivas. Nosso objetivo foi o de destacar os principais tópicos que merecem atenção especial, uma vez que em outros concursos a cobrança de tais tópicos é corriqueira. Obviamente nossa pre- tensão não foi a de esgotar os assuntos aqui abordados. Portanto, não deixe de fazer a leitura minuciosa de toda a legislação pelo fato de que muitos artigos são autoexplicati- vos; tentar explica-los ou comenta-los poderia não ser didático. Acredite em sua aprovação! Acreditar em um sonho é o pri- meiro passo para conseguir conquista-lo! 1 PARTES E PROCURADORES. 1.1 CAPACIDADE PROCESSUAL. 1.2 DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES. 1.3 PROCURADORES. TÍTULO II DAS PARTES E DOS PROCURADORES CAPÍTULO I DA CAPACIDADE PROCESSUAL Art. 7º Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Art. 8º Os incapazes serão representados ou assistidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. Art. 9º O juiz dará curador especial: I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os inte- resses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este competirá a função de curador especial. Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliá- rios. § 1º Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: I - que versem sobre direitos reais imobiliários; II - resultantes de fatos que digam respeito a ambos os cônju- ges ou de atos praticados por eles; III - fundadas em dívidas contraídas pelo marido a bem da família, mas cuja execução tenha de recair sobre o produto do tra- balho da mulher ou os seus bens reservados; IV - que tenham por objeto o reconhecimento, a constituição ou a extinção de ônus sobre imóveis de um ou de ambos os côn- juges. § 2º Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do autor ou do réu somente é indispensável nos casos de composse ou de ato por ambos praticados. Art. 11. A autorização do marido e a outorga da mulher po- dem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la. Parágrafo único. A falta, não suprida pelo juiz, da autorização ou da outorga, quando necessária, invalida o processo. Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pessoa a quem couber a administração dos seus bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, represen- tante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. § 1º Quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros e sucessores do falecido serão autores ou réus nas ações em que o espólio for parte. § 2º As sociedades sem personalidade jurídica, quando demandadas, não poderão opor a irregularidade de sua constituição. § 3º O gerente da filial ou agência presume-se autorizado, pela pessoa jurídica estrangeira, a receber citação inicial para o processo de conhecimento, de execução, cautelar e especial. Art. 13. Verificando a incapacidade processual ou a irregula- ridade da representação das partes, o juiz, suspendendo o processo, marcará prazo razoável para ser sanado o defeito. Não sendo cumprido o despacho dentro do prazo, se a provi- dência couber: Didatismo e Conhecimento 2 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - ao autor, o juiz decretará a nulidade do processo; II - ao réu, reputar-se-á revel; III - ao terceiro, será excluído do processo. CAPÍTULO II DOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCU- RADORES Seção I Dos Deveres Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qual- quer forma participam do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé; III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou desne- cessários à declaração ou defesa do direito. V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de na- tureza antecipatória ou final. Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujeitam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violação do disposto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exercício da juris- dição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não supe- rior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado. Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empregar ex- pressões injuriosas nos escritos apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem pro- feridas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra. Seção II Da Responsabilidade das Partes por Dano Processual Art. 16. Responde por perdas e danos aquele que pleitear de má-fé como autor, réu ou interveniente. Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; II - alterar a verdade dos fatos; III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; IV - opuser resistência injustificada ao andamento do proces- so; V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; Vl - provocar incidentes manifestamente infundados. VII - interpuser recurso com intuito manifestamente prote- latório. Art. 18. O juiz ou tribunal, de ofício ou a requerimento, con- denará o litigante de má-fé a pagar multa não excedente a um por cento sobre o valor da causa e a indenizar a parte contrária dos prejuízos que esta sofreu, mais os honorários advocatícios e todas as despesas que efetuou. § 1º Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária. § 2º O valor da indenização será desde logo fixado pelo juiz, em quantianão superior a 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, ou liquidado por arbitramento. Seção III Das Despesas e das Multas Art. 19. Salvo as disposições concernentes à justiça gratuita, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizam ou reque- rem no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até sentença final; e bem ainda, na execução, até a plena satisfação do direito declarado pela sentença. § 1º O pagamento de que trata este artigo será feito por ocasião de cada ato processual. § 2º Compete ao autor adiantar as despesas relativas a atos, cuja realização o juiz determinar de ofício ou a requerimento do Ministério Público. Art. 20. A sentença condenará o vencido a pagar ao ven- cedor as despesas que antecipou e os honorários advocatícios. Esta verba honorária será devida, também, nos casos em que o advoga- do funcionar em causa própria. § 1º O juiz, ao decidir qualquer incidente ou recurso, conde- nará nas despesas o vencido. 2º As despesas abrangem não só as custas dos atos do proces- so, como também a indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente técnico. § 3º Os honorários serão fixados entre o mínimo de dez por cento (10%) e o máximo de vinte por cento (20%) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de zelo do profissional; b) o lugar de prestação do serviço; c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço. § 4º Nas causas de pequeno valor, nas de valor inestimável, naquelas em que não houver condenação ou for vencida a Fazenda Pública, e nas execuções, embargadas ou não, os honorários serão fixados consoante apreciação equitativa do juiz, atendidas as nor- mas das alíneas a, b e c do parágrafo anterior. § 5º Nas ações de indenização por ato ilícito contra pessoa, o valor da condenação será a soma das prestações vencidas com o capital necessário a produzir a renda correspondente às prestações vincendas (art. 602), podendo estas ser pagas, também mensal- mente, na forma do § 2o do referido art. 602, inclusive em consig- nação na folha de pagamentos do devedor. Art. 21. Se cada litigante for em parte vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados entre eles os honorários e as despesas. Didatismo e Conhecimento 3 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Parágrafo único. Se um litigante decair de parte mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e honorá- rios. Art. 22. O réu que, por não arguir na sua resposta fato impe- ditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, dilatar o jul- gamento da lide, será condenado nas custas a partir do saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na causa, o direito a haver do vencido honorários advocatícios. Art. 23. Concorrendo diversos autores ou diversos réus, os vencidos respondem pelas despesas e honorários em proporção. Art. 24. Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as des- pesas serão adiantadas pelo requerente, mas rateadas entre os in- teressados. Art. 25. Nos juízos divisórios, não havendo litígio, os interes- sados pagarão as despesas proporcionalmente aos seus quinhões. Art. 26. Se o processo terminar por desistência ou reconhe- cimento do pedido, as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou reconheceu. § 1º Sendo parcial a desistência ou o reconhecimento, a res- ponsabilidade pelas despesas e honorários será proporcional à par- te de que se desistiu ou que se reconheceu. § 2º Havendo transação e nada tendo as partes disposto quan- to às despesas, estas serão divididas igualmente. Art. 27. As despesas dos atos processuais, efetuados a reque- rimento do Ministério Público ou da Fazenda Pública, serão pagas a final pelo vencido. Art. 28. Quando, a requerimento do réu, o juiz declarar ex- tinto o processo sem julgar o mérito (art. 267, § 2o), o autor não poderá intentar de novo a ação, sem pagar ou depositar em cartório as despesas e os honorários, em que foi condenado. Art. 29. As despesas dos atos, que forem adiados ou tiverem de repetir-se, ficarão a cargo da parte, do serventuário, do órgão do Ministério Público ou do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à repetição. Art. 30. Quem receber custas indevidas ou excessivas é obri- gado a restituí-las, incorrendo em multa equivalente ao dobro de seu valor. Art. 31. As despesas dos atos manifestamente protelatórios, impertinentes ou supérfluos serão pagas pela parte que os tiver promovido ou praticado, quando impugnados pela outra. Art. 32. Se o assistido ficar vencido, o assistente será conde- nado nas custas em proporção à atividade que houver exercido no processo. Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técni- co que houver indicado; a do perito será paga pela parte que hou- ver requerido o exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de ofício pelo juiz. Parágrafo único. O juiz poderá determinar que a parte respon- sável pelo pagamento dos honorários do perito deposite em juízo o valor correspondente a essa remuneração. O numerário, recolhido em depósito bancário à ordem do juízo e com correção monetária, será entregue ao perito após a apresentação do laudo, facultada a sua liberação parcial, quando necessária. Art. 34. Aplicam-se à reconvenção, à oposição, à ação decla- ratória incidental e aos procedimentos de jurisdição voluntária, no que couber, as disposições constantes desta seção. Art. 35. As sanções impostas às partes em consequência de má-fé serão contadas como custas e reverterão em benefício da parte contrária; as impostas aos serventuários pertencerão ao Es- tado. CAPÍTULO III DOS PROCURADORES Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado le- galmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver. §§ 1o e 2o. Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nes- tes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz. Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão ha- vidos por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas e danos. Art. 38. A procuração geral para o foro, conferida por instru- mento público, ou particular assinado pela parte, habilita o advoga- do a praticar todos os atos do processo, salvo para receber citação inicial, confessar, reconhecer a procedência do pedido, transigir, desistir, renunciar ao direito sobre que se funda a ação, receber, dar quitação e firmar compromisso. Parágrafo único. A procuração pode ser assinada digitalmente com base em certificado emitido por Autoridade Certificadora cre- denciada, na forma da lei específica. Art. 39. Compete ao advogado, ou à parte quando postular em causa própria: I - declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço em que receberá intimação; II - comunicar ao escrivão do processo qualquer mudança de endereço. Parágrafo único. Se o advogado não cumprir o disposto no no I deste artigo, o juiz, antes de determinar a citação do réu, mandará que se supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob pena de indeferimento da petição; se infringir o previsto no no II, reputar-se-ão válidas as intimações enviadas, em carta registrada, para o endereço constante dos autos. Didatismo e Conhecimento 4 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 40. O advogado tem direito de: I - examinar, em cartório de justiça e secretaria de tribunal, autos de qualquer processo, salvoo disposto no art. 155; II - requerer, como procurador, vista dos autos de qualquer processo pelo prazo de 5 (cinco) dias; III - retirar os autos do cartório ou secretaria, pelo prazo legal, sempre que Ihe competir falar neles por determinação do juiz, nos casos previstos em lei. § 1º Ao receber os autos, o advogado assinará carga no livro competente. § 2º Sendo comum às partes o prazo, só em conjunto ou mediante prévio ajuste por petição nos autos, poderão os seus procuradores retirar os autos, ressalvada a obtenção de cópias para a qual cada procurador poderá retirá-los pelo prazo de 1 (uma) hora independentemente de ajuste. CAPÍTULO IV DA SUBSTITUIÇÃO DAS PARTES E DOS PROCURA- DORES Art. 41. Só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das partes nos casos expressos em lei. Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das partes. § 1º O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o consinta a parte contrária. § 2º O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, intervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente. § 3º A sentença, proferida entre as partes originárias, estende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário. Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 265. Art. 44. A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo ato constituirá outro que assuma o patrocínio da causa. Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para Ihe evitar prejuízo. Partes são aqueles que compõem a relação jurídica processual que se desenvolve perante o juiz. Comumente as partes são deno- minadas de Autor e Réu. Conforme já lecionado, Autor é aquele que leva a conheci- mento do juiz a lesão de um direito ou a iminência de que essa le- são ocorra. Réu é aquele que deve responder as alegações demons- trando suas razões de defesa quanto aos fatos alegados pelo autor. Não podemos esquecer que o ministério público também pode atuar como parte na relação processual ou apenas como fiscal da lei (também chamado de custus legis) Como parte, atua na defesa de interesse coletivo, difuso ou individual homogêneo. Como custus legis atua apoiando pessoa sem discernimento completo (interesse de menor) Capacidade Processual CPC - Art. 7o Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo. A regra geral é autoexplicativa. Conforme o referido artigo 7º, toda pessoa que acredite estar no pleno exercício de seu direito pode litigar em juízo, ou seja, pode ser parte. No entanto, para evitar confusões ou litígios onde determi- nada pessoa resolve atuar em nome de terceiro, a lei estabeleceu aqueles que têm capacidade processual para compor uma relação jurídica. Logo, o terceiro nunca poderá ocupar o trono de parte principal dentro do processo. Por capacidade processual entendemos como um pressuposto de validade da relação jurídica. Como assim? Um menor, ou ainda um incapaz poderia litigar em juízo se o objeto desse litígio versasse sobre seu interesse. No entanto, pelo fato do menor, assim como do incapaz não terem discernimento para decidir por sua livre vontade, se acaso estes vierem a litigar sozinhos, a relação jurídica não será válida, não será possível. Estaria então correto dizer que a o menor e o absolutamente incapaz não podem litigar em juízo? Sim e não. Se estiverem litigando sozinhos, a afirmação está correta. No entanto, se estiverem litigando sob a representação daqueles que são legitimadas pela lei para isso, a afirmação está incorreta. Resumindo! Não basta a simples capacidade de ser parte (tendo em vista que a demanda versa sobre direito próprio) sendo necessário ter CAPACIDADE PROCESSUAL. Portanto, capacidade processual está relacionada com as dis- posições oriundas do Código Civil que prevê aqueles que devem ser representados no litígio que estabelece a relação processual. Assim, nos termos da legislação civil e processual civil, os absolutamente incapazes, bem como os relativamente incapazes não podem litigar sozinhos em juízos, por lhes faltar a capacidade processual. CPC - Art. 8o Os incapazes serão representados ou assis- tidos por seus pais, tutores ou curadores, na forma da lei civil. A capacidade será, portanto, reconhecida àqueles que têm ca- pacidade plena para o exercício dos seus direitos e podem decidir na plenitude de sua consciência. Já que estamos falando do absolu- tamente e do relativamente incapaz. Vamos relembrar? CC - Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pes- soalmente os atos da vida civil: Didatismo e Conhecimento 5 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não ti- verem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. CC - Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental comple- to; IV - os pródigos. Parágrafo único. A capacidade dos índios será regulada por legislação especial. O CPC, confirmando a legislação civil, procurou disciplinar aqueles que não têm capacidade processual e que por essa razão não podem demandar em juízo. São eles: CPC - Art. 9o O juiz dará curador especial: (Sugestão!!! Ler em conjunto com o artigo 3º inciso I e II) I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele; II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa. ATENÇÃO! A capacidade processual do cônjuge não pode ser tratada como absoluta. Em determinados casos, para que possa litigar é necessário que tenha o consentimento do outro. O objetivo dessa condição para capacidade processual é a proteção de interesse que seja comum a ambos os cônjuges. Do contrário, o cônjuge poderia por mera liberalidade vender bens do casal. CPC - Art. 10. O cônjuge somente necessitará do consen- timento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários. (A autorização de que fala este artigo é cha- mada de OUTURGA UXÓRIA) Não obstante as pessoas acima citadas não poderem litigar sem a devida representação em juízo, o CPC definiu em seu artigo 9º outras pessoas que também não possuem capacidade proces- sual. Vejamos CPC - Art. 12. Serão representados em juízo, ativa e pas- sivamente: I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Territórios, por seus procuradores; II - o Município, por seu Prefeito ou procurador; III - a massa falida, pelo síndico; IV - a herança jacente ou vacante, por seu curador; V - o espólio, pelo inventariante; VI - as pessoas jurídicas, por quem os respectivos estatutos designarem, ou, não os designando, por seus diretores; VII - as sociedades sem personalidade jurídica, pela pes- soa a quem couber a administração dos seus bens; VIII - a pessoa jurídica estrangeira, pelo gerente, repre- sentante ou administrador de sua filial, agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil (art. 88, parágrafo único); IX - o condomínio, pelo administrador ou pelo síndico. Capacidade Postulatória CPC - Art. 36. A parte será representada em juízo por advogado legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimentodos que houver. Conforme já estudamos, um direito lesado ou sua possível le- são é levado a conhecimento do Estado (representado na figura do juiz) por intermédio de uma ação. Para fins didáticos podemos chamar esta ação de processo. Ou seja, por meio do processo a parte demonstra sua intenção de litigar em juízo com o fito de ter solucionado o conflito da qual é uma das partes. O processo é, portanto, o instrumento hábil para conduzir a pretensão da parte ao conhecimento do juiz. Por ser um modelo positivado (regras técnicas específicas), somente aqueles que de- têm conhecimento sobre tais regras podem atuar em conformidade com as disposições previstas em lei. A capacidade postulatória é a conferida pela lei aos ad- vogados (devidamente aprovados no exame proposto pela Or- dem dos Advogados do Brasil) para praticar atos processuais em juízo, sob pena de nulidade do processo. Em regra, somente poderá litigar em juízo aquele que além de ser capaz, de ter capacidade processual, esteja representado por um ADVOGADO, visto que a capacidade postulatória é indispensável (resguardadas as exceções) e exclusiva deste profissional. Nossa Constituição Federal aborda o assunto: CF - Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. Falamos que a regra da capacidade postulatória resguarda al- gumas exceções. Quais são elas? a) Advogado que demanda em causa própria CPC - Art. 36. A parte será representada em juízo por advoga- do legalmente habilitado. Ser-lhe-á lícito, no entanto, postular em causa própria, quando tiver habilitação [...] Didatismo e Conhecimento 6 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL b) Inexistência de Advogado Mesmo não sendo advogado, em razão da inexistência desse profissional ou ainda a negativa em patrocinar a ação pelos advo- gados existentes, a lei possibilita e reconhece a figura do RÁBU- LA1. (Atualmente essa figura é tida por pejorativa, desqualificando aqueles que não foram aprovados no exame da OAB). CPC - Art. 36. A parte será [...] quando tiver habilitação legal ou, não a tendo, no caso de falta de advogado no lugar ou recusa ou impedimento dos que houver. c) Juizados Especiais Nas ações de competência da lei 9.099/95 (lei dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais), cujo valor não exceda vinte salários mínimos, o interessado poderá demandar sem estar representado por um advogado. O autor tem a possibilidade de optar ou não pela assistência deste profissional: Lei 9.099/95 - Art. 9º Nas causas de valor até vinte salários mínimos, as partes comparecerão pessoalmente, podendo ser as- sistidas por advogado; nas de valor superior, a assistência é obri- gatória. Dos deveres das partes e procuradores Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo: I - expor os fatos em juízo conforme a verdade; II - proceder com lealdade e boa-fé; III - não formular pretensões, nem alegar defesa, cientes de que são destituídas de fundamento; IV - não produzir provas, nem praticar atos inúteis ou des- necessários à declaração ou defesa do direito. V - cumprir com exatidão os provimentos mandamentais e não criar embaraços à efetivação de provimentos judiciais, de natureza antecipatória ou final. Parágrafo único. Ressalvados os advogados que se sujei- tam exclusivamente aos estatutos da OAB, a violação do dis- posto no inciso V deste artigo constitui ato atentatório ao exer- cício da jurisdição, podendo o juiz, sem prejuízo das sanções criminais, civis e processuais cabíveis, aplicar ao responsável multa em montante a ser fixado de acordo com a gravidade da conduta e não superior a vinte por cento do valor da causa; não sendo paga no prazo estabelecido, contado do trânsito em julgado da decisão final da causa, a multa será inscrita sempre como dívida ativa da União ou do Estado. Os deveres das partes e seus procuradores são autoexplicati- vos pelo próprio CPC. A não observância dessas condições pode- rão acarretar penalidades bem como a obrigação de ressarcimento (pelo dano causado) daqueles que os descumprirem. 1 RÁBULA: Rábula ou provisionado, no Brasil, era o advogado que, não possuindo formação acadêmica em Direito (bacharelado), obtinha a autorização do órgão competente do Po- der Judiciário (no período imperial), ou da entidade de classe (pri- meiro do Instituto dos Advogados; a partir da década de 1930 da OAB), para exercer, em primeira instância, a postulação em juízo. (FONTE: Wikipedia) Apesar do CPC ter definido várias hipóteses identificadas como deveres das partes, filiamo-nos a corrente que defende se tratar de um dever geral, como uma verdadeira premissa: CPC – Art. 14 inciso II proceder com lealdade e boa fé O artigo 15 traz para seu texto além das partes a figura do ADVOGADO, uma vez que todas as manifestações escritas são, em regra, produzidas por este profissional. CPC - Art. 15. É defeso às partes e seus advogados empre- gar expressões injuriosas nos escritos apresentados no proces- so, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do ofendido, mandar riscá-las. Parágrafo único. Quando as expressões injuriosas forem proferidas em defesa oral, o juiz advertirá o advogado que não as use, sob pena de Ihe ser cassada a palavra. Da substituição das partes e procuradores A substituição das partes é possível naqueles casos em que a lei determine ou possibilite que seja dessa maneira. Trata-se da le- gitimação extraordinária. A lei autoriza que terceiro demande em juízo por direito alheio. O litigante atuará na defesa de interesse de terceiro com a autorização da lei. (Regra Geral) CPC - Art. 41. Só é permitida, no curso do processo, a substituição voluntária das partes nos casos expressos em lei. CPC - Art. 42. A alienação da coisa ou do direito litigioso, a título particular, por ato entre vivos, não altera a legitimidade das partes. § 1o O adquirente ou o cessionário não poderá ingressar em juízo, substituindo o alienante, ou o cedente, sem que o con- sinta a parte contrária. § 2o O adquirente ou o cessionário poderá, no entanto, in- tervir no processo, assistindo o alienante ou o cedente. § 3o A sentença, proferida entre as partes originárias, es- tende os seus efeitos ao adquirente ou ao cessionário. CPC - Art. 43. Ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a substituição pelo seu espólio ou pelos seus sucesso- res, observado o disposto no art. 265. Os procuradores também podem ser substituídos quando a parte decida, por vontade própria, constituir um novo advo- gado ou, o advogado pode renunciar/desistir do patrocínio da causa. CPC - Art. 44. A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo ato constituirá outro que assuma o patrocínio da causa. CPC - Art. 45. O advogado poderá, a qualquer tempo, renunciar ao mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie substituto. Durante os 10 (dez) dias seguintes, o advogado continuará a representar o mandante, desde que necessário para Ihe evitar prejuízo. Didatismo e Conhecimento 7 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL QUESTÕES 01) FCC - 2013 - TJ-PE – Juiz. Em relação à capacidade processual, é correto afirmar que a) nas ações possessórias é sempre indispensável a participa- ção no processo de ambos os cônjuges. b) para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliá- rios necessita o cônjuge do consentimento do outro, exceto no caso de regime de separação absoluta de bens, sem no entanto exigir-se a formação de litisconsórcio necessário. c) vindo o autor ao processo sem o consentimento do cônju- ge, em caso no qual esse consentimento era necessário, deverá o juiz extinguir o processo de imediato, por ausência de pressuposto processual essencial. d) a presença de curador especial no processo torna prescin- dível a participação do Ministério Público, estando em causa inte- resses de incapazes. e) ambos os cônjugesserão necessariamente citados para ações que digam respeito a direitos reais mobiliários. 02) CESPE - 2012 - DPE-AC - Defensor Público. Com re- lação à capacidade postulatória e aos atos processuais, assinale a opção correta. a) O julgamento de recurso interposto por defensor público estadual deve ser acompanhado no STJ exclusivamente pela DPU, que deve ser intimada das decisões e acórdãos proferidos, consti- tuindo a atuação da DPU impedimento à ação da respectiva DPE. b) Outorgado mandato por menor devidamente representa- do, o instrumento permanece válido até que o mandante atinja a maioridade e, se ainda em curso o processo após o aniversário de dezoito anos do mandante, nova procuração deverá ser juntada aos autos, sob pena de se considerar inadmissível eventual recurso in- terposto. c) O pleito de fornecimento de medicamentos a menor carente deve ser postulado pela DP, em ação individual, ou pelo MP, em ação civil pública. d) O pedido de assistência judiciária gratuita formulado no curso da ação deve ser deduzido em petição a ser proposta em separado e autuada em apenso aos autos principais, podendo a proposição no corpo de petição de recurso ser considerada erro grosseiro. e) Conforme súmula do STJ, os honorários advocatícios não são devidos à DP quando ela atua contra qualquer pessoa jurídica de direito público. GABARITO 01) B 02) D 2 MINISTÉRIO PÚBLICO. TÍTULO III DO MINISTÉRIO PÚBLICO Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mes- mos poderes e ônus que às partes. Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes; II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Públi- co: I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade. Art. 84. Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, a parte promover-lhe-á a intimação sob pena de nulidade do processo. Art. 85. O órgão do Ministério Público será civilmente responsável quando, no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude. Comentário Doutrinário Com a Constituição Federal de 1988 o Ministério Público passou a ser reconhecido como uma das funções essenciais à jus- tiça cabendo-lhe a defesa da ordem pública, da democracia e do fortalecimento dos direitos sociais e individuais, tidos por indis- poníveis. CF - Art. 127. O Ministério Público é instituição perma- nente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo- -lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. Conforme preceitua o artigo 129 da Constituição Federal, o Ministério Público tem por atribuição: Didatismo e Conhecimento 8 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público: I - promover, privativamente, a ação penal pública, na for- ma da lei; II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição, promovendo as medidas necessárias a sua ga- rantia; III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou repre- sentação para fins de intervenção da União e dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição; V - defender judicialmente os direitos e interesses das po- pulações indígenas; VI - expedir notificações nos procedimentos administrati- vos de sua competência, requisitando informações e documen- tos para instruí-los, na forma da lei complementar respectiva; VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior; VIII - requisitar diligências investigatórias e a instauração de inquérito policial, indicados os fundamentos jurídicos de suas manifestações processuais; IX - exercer outras funções que lhe forem conferidas, desde que compatíveis com sua finalidade, sendo-lhe vedada a representação judicial e a consultoria jurídica de entidades públicas. Princípios Institucionais Nos termos do §1º do Artigo 127 da Constituição Federal, ficam consagrados os respectivos princípios institucionais que orientam a atuação do Ministério Público: A atuação do Ministério Público prevista pela Constituição Federal aborda as atribuições institucionais de uma forma gené- rica; portanto, para o estudo da atuação do Ministério Público no âmbito do processo civil, destaca-se dos artigos 81 a 85 do referido código processual. O Ministério Público como Parte Nos termos da lição de Marcus Vinícius Rios Gonçalves, O membro do Ministério Público tem capacidade postu- latória, e pode propor ações no âmbito de suas atribuições. O art. 129 III, da CF, autoriza o Parquet a “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio pú- blico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”. CF - Art. 129. São funções institucionais do Ministério Pú- blico: III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos; CPC - Art. 81. O Ministério Público exercerá o direito de ação nos casos previstos em lei, cabendo-lhe, no processo, os mesmos poderes e ônus que às partes. Pelo artigo 81 do CPC, ao Ministério Público é conferido o “direito de ação”, prevendo a capacidade dos membros desta ins- tituição atuar como parte no processo dentro dos casos previstos em lei, com os mesmos poderes e deveres comuns as partes. As hipóteses de atuação do Ministério Público estão dispostas tanto de forma expressa como também esparsa dentro da legislação civil e processual. O Ministério Público como Fiscal da Lei Trata-se da outra atribuição conferida pela Constituição Fe- deral para o Ministério Público: atuar como fiscal da lei; ou como alguns preferem escrever: custos legis. Pelo artigo 82 do CPC podemos identificar em forma de exemplo, um rol de hipóteses em que esse órgão pode atuar: (Abaixo, artigo de lei com nosso comentário). CPC - Art. 82. Compete ao Ministério Público intervir: I - nas causas em que há interesses de incapazes; Nesse caso não importa ser a capacidade absoluta ou relativa assim como não necessita que o incapaz seja autor ou réu no pro- cesso, podendo ser apenas um interessado. II - nas causas concernentes ao estado da pessoa, pátrio poder, tutela, curatela, interdição, casamento, declaração de ausência e disposições de última vontade; Tratam-se de ações entre o estado e a capacidade da pes- soa no que tange a sucessão testamentária, assim como ações que abordem a união estável. III - nas ações que envolvam litígios coletivos pela posse da terra rural e nas demais causas em que há interesse público evidenciado pela natureza da lide ou qualidade da parte. Sempre que houver interesse público. Também chamado de custus legis, o ministério público atuará como fiscal da lei sempre que o interesse público demandar a cor- reta interpretação da lei adequada ao caso. Vantagens Processuais Apesar da igualdade estabelecida entre o ministério público e as partes, algumas vantagens são conferidas a instituição com a finalidade de possibilitar uma melhor defesa do interesse público. Didatismo e Conhecimento 9 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL São elas:a) Intimação pessoal do representante do Ministério Públi- co de todos os atos processuais. b) Não pagamento antecipado de custas, bem como conde- nação em honorários de sucumbência. c) Possibilidade de se manifestar em último lugar. d) Prazo quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. e) Outras Vantagens CPC - Art. 83. Intervindo como fiscal da lei, o Ministério Público: I - terá vista dos autos depois das partes, sendo intimado de todos os atos do processo; II - poderá juntar documentos e certidões, produzir prova em audiência e requerer medidas ou diligências necessárias ao descobrimento da verdade. Observação: a ausência do ministério público em atos obri- gatórios, assim definidos por lei pode acarretar a nulidade do pro- cesso. QUESTÕES 01) MPE-SP - 2012 - MPE-SP - Promotor de Justiça. A propósito do Ministério Público no Direito Processual Civil, é correto afirmar: a) Cabe ao Ministério Público exercer o direito de ação nos casos previstos em lei, militando em seu favor a inversão do ônus da prova. b) Nas causas em que a intervenção do Ministério Público se dá como fiscal da lei, não lhe é permitido aditar a inicial ou produzir prova em audiência, em razão do princípio dispositi- vo do processo. c) Quando a lei considerar obrigatória a intervenção do Ministério Público, deixando de se manifestar, quando intima- do, haverá nulidade do processo. d) Cabe ao Ministério Público intervir nas causas que en- volvam litígios coletivos pela posse da terra rural, como nas causas em que haja interesse público demonstrado pela qua- lidade da parte. e) Intervindo como fiscal da lei, o órgão do Ministério Pú- blico terá vista dos autos depois das partes não sendo necessá- ria sua intimação dos atos das partes. 02) CESPE - 2012 - MPE-TO - Promotor de Justiça. É nulo o processo quando o MP não é intimado para se manifes- tar nos casos em que deveria intervir. A respeito dessa nulida- de, assinale a opção correta. a) A intervenção do MP em segundo grau não supre a au- sência de sua intimação em primeiro grau, quando for obriga- tória, implicando a nulidade do processo. b) A manifestação do MP como custos legis não enseja o direito ao contraditório pelas partes, ainda que haja manifesta contrariedade à tese jurídica defendida por uma delas. c) O fato de o parecer apresentado pelo MP estar sem as- sinatura implicará a impossibilidade de aproveitamento da re- ferida manifestação. d) Se, regularmente intimado, o MP não se fizer presente a audiência, essa ausência acarretará a nulidade do ato. e) Julgada a causa em benefício de incapaz, sem a inter- venção do MP, mesmo assim deve ser reconhecida a nulidade do processo. QUESTÕES 01) D 02) 3 ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA. TÍTULO IV DOS ÓRGÃOS JUDICIÁRIOS E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA CAPÍTULO I DA COMPETÊNCIA Art. 86. As causas cíveis serão processadas e decididas, ou simplesmente decididas, pelos órgãos jurisdicionais, nos li- mites de sua competência, ressalvada às partes a faculdade de instituírem juízo arbitral. Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da hierarquia. CAPÍTULO II DA COMPETÊNCIA INTERNACIONAL Art. 88. É competente a autoridade judiciária brasileira quando: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. Didatismo e Conhecimento 10 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 90. A ação intentada perante tribunal estrangeiro não induz litispendência, nem obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que Ihe são conexas. CAPÍTULO III DA COMPETÊNCIA INTERNA Seção I Da Competência em Razão do Valor e da Matéria Art. 91. Regem a competência em razão do valor e da matéria as normas de organização judiciária, ressalvados os casos expressos neste Código. Art. 92. Compete, porém, exclusivamente ao juiz de direi- to processar e julgar: I - o processo de insolvência; II - as ações concernentes ao estado e à capacidade da pes- soa. Seção II Da Competência Funcional Art. 93. Regem a competência dos tribunais as normas da Constituição da República e de organização judiciária. A com- petência funcional dos juízes de primeiro grau é disciplinada neste Código. Seção III Da Competência Territorial Art. 94. A ação fundada em direito pessoal e a ação fun- dada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu. § 1º Tendo mais de um domicílio, o réu será demandado no foro de qualquer deles. § 2º Sendo incerto ou desconhecido o domicílio do réu, ele será demandado onde for encontrado ou no foro do domicílio do autor. § 3º Quando o réu não tiver domicílio nem residência no Brasil, a ação será proposta no foro do domicílio do autor. Se este também residir fora do Brasil, a ação será proposta em qualquer foro. § 4º Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicí- lios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor. Art. 95. Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entre- tanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, pos- se, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova. Art. 96. O foro do domicílio do autor da herança, no Bra- sil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecada- ção, o cumprimento de disposições de última vontade e todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocor- rido no estrangeiro. Parágrafo único. É, porém, competente o foro: I - da situação dos bens, se o autor da herança não possuía domicílio certo; II - do lugar em que ocorreu o óbito se o autor da herança não tinha domicílio certo e possuía bens em lugares diferentes. Art. 97. As ações em que o ausente for réu correm no foro de seu último domicílio, que é também o competente para a arrecadação, o inventário, a partilha e o cumprimento de dis- posições testamentárias. Art. 98. A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante. Art. 99. O foro da Capital do Estado ou do Território é competente: I - para as causas em que a União for autora, ré ou inter- veniente; II - para as causas em que o Território for autor, réu ou interveniente. Parágrafo único. Correndo o processo perante outro juiz, serão os autos remetidos ao juiz competente da Capital do Es- tado ou Território, tanto que neles intervenha uma das entida- des mencionadas neste artigo. Excetuam-se: I - o processo de insolvência; II - os casos previstos em lei. Art. 100. É competente o foro: I - da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento; II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos; III - do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos extraviados ou destruídos; IV - do lugar: a) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa jurídica; b) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às obriga- ções que ela contraiu; c) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em que for ré a sociedade,que carece de personalidade jurídica; d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se Ihe exigir o cumprimento; V - do lugar do ato ou fato: a) para a ação de reparação do dano; b) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de negócios alheios. Parágrafo único. Nas ações de reparação do dano sofrido em razão de delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor ou do local do fato. Art. 101 (Revogado) Seção IV Das Modificações da Competência Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes. Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quan- do Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. Didatismo e Conhecimento 11 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das ou- tras. Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofí- cio ou a requerimento de qualquer das partes, pode ordenar a reunião de ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. Art. 106. Correndo em separado ações conexas perante juízes que têm a mesma competência territorial, considera-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Art. 107. Se o imóvel se achar situado em mais de um Estado ou comarca, determinar-se-á o foro pela prevenção, estendendo-se a competência sobre a totalidade do imóvel. Art. 108. A ação acessória será proposta perante o juiz competente para a ação principal. Art. 109. O juiz da causa principal é também competente para a reconvenção, a ação declaratória incidente, as ações de garantia e outras que respeitam ao terceiro interveniente. Art. 110. Se o conhecimento da lide depender necessa- riamente da verificação da existência de fato delituoso, pode o juiz mandar sobrestar no andamento do processo até que se pronuncie a justiça criminal. Parágrafo único. Se a ação penal não for exercida den- tro de 30 (trinta) dias, contados da intimação do despacho de sobrestamento, cessará o efeito deste, decidindo o juiz cível a questão prejudicial. Art. 111. A competência em razão da matéria e da hie- rarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do terri- tório, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. § 1º O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. § 2º O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Seção V Da Declaração de Incompetência Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa. Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu. Art. 113. A incompetência absoluta deve ser declarada de ofício e pode ser alegada, em qualquer tempo e grau de jurisdi- ção, independentemente de exceção. § 1º Não sendo, porém, deduzida no prazo da contestação, ou na primeira oportunidade em que Ihe couber falar nos au- tos, a parte responderá integralmente pelas custas. § 2º Declarada a incompetência absoluta, somente os atos decisórios serão nulos, remetendo-se os autos ao juiz compe- tente. Art. 114. Prorrogar-se-á a competência se dela o juiz não declinar na forma do parágrafo único do art. 112 desta Lei ou o réu não opuser exceção declinatória nos casos e prazos legais. Art. 115. Há conflito de competência: I - quando dois ou mais juízes se declaram competentes; II - quando dois ou mais juízes se consideram incompe- tentes; III - quando entre dois ou mais juízes surge controvérsia acerca da reunião ou separação de processos. Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. Parágrafo único. O Ministério Público será ouvido em to- dos os conflitos de competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar. Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no pro- cesso, ofereceu exceção de incompetência. Parágrafo único. O conflito de competência não obsta, porém, a que a parte, que o não suscitou, ofereça exceção de- clinatória do foro. Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tri- bunal: I - pelo juiz, por ofício; II - pela parte e pelo Ministério Público, por petição. Parágrafo único. O ofício e a petição serão instruídos com os documentos necessários à prova do conflito. Art. 119. Após a distribuição, o relator mandará ouvir os juízes em conflito, ou apenas o suscitado, se um deles for susci- tante; dentro do prazo assinado pelo relator, caberá ao juiz ou juízes prestar as informações. Art. 120. Poderá o relator, de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, determinar, quando o conflito for positi- vo, seja sobrestado o processo, mas, neste caso, bem como no de conflito negativo, designará um dos juízes para resolver, em caráter provisório, as medidas urgentes. Parágrafo único. Havendo jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscitada, o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo agravo, no prazo de cinco dias, contado da intimação da decisão às partes, para o órgão recursal competente. Art. 121. Decorrido o prazo, com informações ou sem elas, será ouvido, em 5 (cinco) dias, o Ministério Público; em seguida o relator apresentará o conflito em sessão de julga- mento. Art. 122. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente, pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juiz incompetente. Parágrafo único. Os autos do processo, em que se manifes- tou o conflito, serão remetidos ao juiz declarado competente. Didatismo e Conhecimento 12 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Art. 123. No conflito entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da Magistratura, juízes de segundo grau e desembargadores, observar-se-á o que dispuser a respeito o regimento interno do tribunal. Art. 124. Os regimentos internos dos tribunais regularão o processo e julgamento do conflito de atribuições entre auto- ridade judiciária e autoridade administrativa. Comentário Doutrinário Competência Internacional Antes de iniciarmos o estudo pertinente a competência, sendo especificamente sobre a competência internacional, oportuno tra- zermos a baila o termo JURISDIÇÃO. O que vem a ser jurisdição? A palavra jurisdição tem sua origem no latim e significa, numa tradução rudimentar, juris dicere ou “dizer o direito”. Trata-se, portanto, do poder que o Estado, enquanto garantidor da ordem social, “dizer” o direito que necessita ser cumprido, ser respeitado. Giuseppe Chiovenda, expoente doutrinador processualista, define jurisdição como: Pode definir-se a jurisdição como a função do Estado que tem por escopo a atuação da vontade concreta da lei por meio da substituição, pela atividade de órgãos públicos, da atividade de particulares ou de outros órgãos públicos, já no afirmar a existência da vontade da lei, já no torná-la, praticamente efe- tiva. Logo, por jurisdição podemos entender como os limites que o Estado possui no exercício de sua força ao determinar o cum- primento de deveres estabelecendo também os direitos de cada indivíduo. Para o Professor Fredie Didier, Jurisdição é o poder a terceiro imparcial para, mediante um processo, reconhecer, efetivar ou proteger, situações jurí- dicas concretamente deduzidas, de modo imperativo e criati- vo, em decisão insuscetível de controle externo, e com aptidão para a coisa julgada material. Em se tratando de competência internacional podemos com- preender como o estudo dos limites da jurisdição brasileira, ou seja, quais são as questões em âmbito internacional que o Brasil tem competência ou não para dirimi-las, examina-las.Pela lógica, o Brasil não pode utilizar de sua soberania e atra- vés do uso da força, fazer valer um direito em outro determinado país; logo, sua jurisdição passa a sofrer limites. Em sentido inverso a afirmativa também se faz verdadeira de modo que outros países não podem dirimir questões cuja competência é exclusiva da le- gislação pátria. Nesse sentido, leciona o Professor Marcus Vinícius Rios Gon- çalves que: A jurisdição brasileira encontra óbice na soberania de outros países. O Brasil não pode usar meios de coerção para impor o cumprimento de suas decisões fora do território nacio- nal. Da mesma forma, a jurisdição de outros países encontra óbice na soberania nacional. Há certas ações que só podem ser julgadas pela justiça brasileira, em caráter de exclusividade, por força de lei. Se forem julgadas por outro país, não serão exequíveis em território nacional. E há outras que não se jus- tificam sejam julgadas entre nós, pois não nos dizem respeito. Elas envolvem apenas pessoas estrangeiras ou versam sobre obrigações que devem ser cumpridas no exterior, ou se refe- rem, ainda, a atos praticados no estrangeiro. Complementando o estudo, orienta Enrico Tullio Liebman que: O mesmo interesse próprio bem entendido, adicionado a evidentes considerações de ordem prática, conduz o Brasil a desinteressar-se de todas as controvérsias não relevantes para a própria ordem jurídica, e a recusar-se, consequentemente, a atribuir a seus órgãos judiciários a tarefa de ter conhecimento das mesmas. Qualquer forma de autolimitação de cada país na extensão que atribui à própria jurisdição é o pressuposto da possibilidade de reconhecer o exercício das jurisdições es- trangeiras. Daí admitir em certas condições, no seio do próprio ordenamento, a eficácia das sentenças pronunciadas pelos tri- bunais estrangeiros. Sentença Estrangeira e sua homologação As sentenças estrangeiras não tem o condão de estabelecer o cumprimento de determinações, produzir efeitos, dentro do nosso país. Para que esta sentença emane os efeitos pretendidos é neces- sário que o Brasil homologue essa sentença. Nos termos da EC/45 a competência para homologar sentenças passou a ser do STJ. Por meio da Resolução 9/2005, artigo 5º, confeccionada pelo STJ é possível identificar os requisitos para que uma sentença estrangei- ra seja homologada pelo país. RESOLUÇÃO 9 – 04/05/2005 – STJ Art. 5º Constituem requisitos indispensáveis à homologa- ção de sentença estrangeira: I - haver sido proferida por autoridade competente; II - terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado a revelia; III - ter transitado em julgado; e, IV - estar autenticada pelo cônsul brasileiro e acompanha- da de tradução por tradutor oficial ou juramentado no Brasil. Pelas explicações acima não é possível visualizar o que pode e o que não pode ser julgado, ou melhor, apreciado pelo Poder Ju- diciário, razão pela qual o legislador para suprir esta lacuna estabe- leceu aquilo que é ou não de competência do judiciário brasileiro. Antes, importante ressalva do Professor Marcus Vinícius: Didatismo e Conhecimento 13 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL O CPC enumera quais as causas que são de competência da justiça brasileira. Ao fazê-lo, permite apurar, por exclu- são, quais as que não são. É preciso não confundir as regras de competência internacional, formuladas pelo CPC, com regras de aplicação de direito material estrangeiro, formuladas, por exemplo, na Lei de introdução as normas do Direito Brasileiro. Ações que podem ser propostas no Brasil - Competência Concorrente Trata-se de competência concorrente entre o Brasil e outro país, ou seja, se a ação for proposta aqui, será devidamente apre- ciada e julgada; assim como se admite que a justiça de outro país, se requisitada for, pronunciar e julga. CPC - Art. 88. É competente a autoridade judiciária bra- sileira quando: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - a ação se originar de fato ocorrido ou de ato praticado no Brasil. Parágrafo único. Para o fim do disposto no I, reputa-se domiciliada no Brasil a pessoa jurídica estrangeira que aqui tiver agência, filial ou sucursal. - Competência Exclusiva Assim como o próprio nome pressupõe, o artigo abaixo infor- ma os casos em que o Brasil tem competência exclusiva no julga- mento da ação, sem a possibilidade de atuação de outro país. CPC - Art. 89. Compete à autoridade judiciária brasilei- ra, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - proceder a inventário e partilha de bens, situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional. Portanto, por exclusão, tudo aquilo que não esteja disciplina- do nos artigos 88 e 89 não serão analisados pela justiça brasileira; e se acaso forem propostas, deverão ser extintas sem apreciação do mérito. Competência Interna Conceito Inicialmente, de maneira simplificada podemos conceituar competência como o critério de distribuição das pretensões jurídi- cas invocadas dentre os vários órgãos do judiciário. A competência determina se um processo deverá ser ajuizado neste ou naquele lugar em razão do valor da demanda, ou ainda em razão da matéria que está sendo julgada. Se a pretensão é trabalhista, a reclamação deverá ser ajuizada na justiça do trabalho por se tratar de matéria especializada; se a questão litigiosa envolver a União, deverá esta ser ajuizada na justiça federal. Enfim, a competência é o critério que determina o órgão judi- ciário que possui as atribuições necessárias para o desate da lide, cumprindo assim com a expectativa do cidadão. Critérios de Distribuição Segundo o Professor Humberto Theodoro Junior, as regras que estabelecem a competência são definidas pelas normas consti- tucionais, pelas leis processuais ou ainda pelas leis da organização judiciária. Os critérios para a distribuição da competência levam em con- sideração: - a soberania nacional, - o espaço territorial, - a hierarquia dos órgãos jurisdicionados, - a natureza ou o valor das causas, e também, - as pessoas envolvidas no litígio. Assim, uma pretensão somente poderá ser deduzida em juízo se houver previsão legal para isso; em regra, não cabe a parte esco- lher demandar nesta ou naquela competência (ressalvados os casos em que a lei oferece a opção de escolha para a parte), ou seja, não pode uma reclamação trabalhista ser ajuizada na justiça comum; não pode uma ação de cobrança ser ajuizada no STJ. A Constituição Federal definiu as competências de cada um dos órgãos do Poder Judiciário: atribuição do STF, do STJ, da Jus- tiça Federal e das justiças especiais (militar, eleitoral e trabalhista) A competência da justiça local ou estadual se define pelo cri- tério residual, ou seja, tudo aquilo que não for pertinente a justiça federal ou de cada uma das justiças especiais, será de competência da justiça estadual. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Superior Tribunal de Justiça Tribunais de Justiça Estaduais Juízes Estaduais Tribunal de Justiça Militar Juízes e Conselhos de justiça Tribunais Regionais Federal Juízes Federais Tribunal Superior Eleitoral Tribunais Regionais Eleitoral Juízes Eleitorais Tribunal Superior do Trabalho Tribunais Regionais do Trabalho Juízes do Trabalho Superior Tribunal Militar Conselhos de Justiça COMPETÊNCIAS / ATRIBUIÇÕES (recomendamos a leitura dos artigos citados) STF • CF/88 • Art. 102 STJ • CF/88 • Art. 105 Justiça Federal • CF/88 • Art. 108 e 109 Didatismo e Conhecimento 14 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL JUSTIÇA ESPECIAL (recomendamos a leitura dos artigos citados) Justiça do Trabalho •CF/88 •Art. 114 Justiça Eleitoral •CF/88 •Art. 121 Justiça Militar •CF/88 •Art. 124 Considerações iniciais Nossa proposta quando da confecção deste material não é es- gotar o assunto nem tampouco apresentartodos os posicionamen- tos doutrinários existentes no cotidiano jurídico. A finalidade é a de apresentar as principais nuances de cada tópico com definições, artigos e comentários doutrinários que são sob nossa ótica são pertinentes. Por esta razão, o presente será apresentado da forma mais didática possível para que a matéria seja compreendida e me- morizada e que, se assim interessar, recomendamos aprofundar o estudo do tema em outros materiais. Competência Absoluta e Relativa Dentre as regras para se determinar o Foro competente para apreciação e julgamento de determinada demanda podemos apre- sentar a divisão entre: regras de competência absoluta e regras de competência relativa. - As regras de competência absoluta: Conforme o próprio nome nos informa, não permite qualquer alteração em sua forma, em suas regras; se a lei assim definiu, não poderá sofrer qualquer alteração. Tais regras levam em considera- ção a ordem pública e por assim ser, tornam-se absolutas. - As regras de competência relativa: Leva em consideração o interesse das partes e por esta razão tem seus critérios distribuídos de forma relativa; no caso concreto as regras serão assim apresentadas. Critérios para fixação da competência Para a identificação do foro competente, nossa doutrina se uti- liza dos critérios estabelecidos por Chiovenda definidos por: crité- rio objetivo, funcional e critério territorial. Critério Objetivo: Leva em consideração o valor da causa, a natureza da causa ou ainda a qualidade das partes. Critério Funcional: pelo critério funcional a competência será definida levando em consideração as normas que regulamen- tam as atribuições dos diversos órgãos jurídicos; hierarquia de tri- bunais. Critério Territorial: a competência definirá os limites de atuação (jurisdição) de cada um dos órgãos judiciários previstos Dentro desses critérios, a doutrina identifica as seguintes mo- dalidades de competência interna: competência em razão do valor da causa, da matéria, competência funcional ou competência ter- ritorial. Dica! Para se identificar a competência é importante tra- çar um itinerário de consulta, ou seja, primeiro analisar a CF/88; em seguida, as leis federais e por fim as leis estaduais: Constitução Federal •Verificar se a ação que se pretende propor não se trata de matéria cuja competência para sua apreciação é de algum Tribunal Superior ou se, por exemplo, é da justiça Especial. Leis Federais •A utilização do Código de Processo Civil pode se apresentar como suficiente, salvo assuntos específicos e disciplinados por lei específica. Apuração do Foro Competente. Lei Estadual ● Se assim for necessário. Apuração do juízo competente. O professor Marcus Vinicius Rios Gonçalves apresenta 06 regras criadas pelo ilustre Dr. Nelson Nery Junior, processualista companheiro dos estudantes de processo civil. Vamos observar: A competência é de alguma das Justiças Especiais Consultar as regras dos arts. 114, 121 e 124 da CF/88 Se positiva, é de competência Absoluta Consultar as regras dos arts. 102 inciso I e 105 inciso I da CF/88 A ação pode ou não ser proposta perante a Justiça Brasileira? Consultar as regras dos arts. 88 e 89 do CPC Qual o juizo competente? Analisar as normas estaduais de organização judiciária Qual o Foro competente? Consultar o CPC ou a lei Especial em questão Se não se trata da Justiça Especial, trata-se de competência da Justiça comum Federal ou Estadual? Consultar a regra do art. 109 da CF, se não preencher, critério residual, Competência em Razão do Valor e Da Matéria - Competência em razão do valor Apesar de ser um critério muito pouco utilizado atualmente, tem por finalidade limitar certas demandas em razão do valor dado a causa. Como exemplo, podemos citar a Lei 9.099/95 ao afirmar que sua competência está limitada a quantia de 40 salários mínimos: Lei 9099/95 – Art. 3º O Juizado Especial Cível tem com- petência para conciliação, processo e julgamento das causas cíveis de menor complexidade, assim consideradas: I - as causas cujo valor não exceda a quarenta vezes o sa- lário mínimo; - Competência em razão da matéria Surge de uma melhor atuação e adequação do direito ao caso concreto. Pela complexidade da matéria, ou ainda para prestar com maior qualidade a tutela jurisdicional, se fez necessária a criação de varas especializadas, como é o caso de varas do trabalho, varas criminais, varas da fazenda pública, entre outras Didatismo e Conhecimento 15 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL Competência Funcional e Territorial - Competência funcional Como o próprio nome já nos sugere, leva em consideração a função exercida pelo juiz. Segundo CHIOVENDA, o critério funcional é extraído da natureza e das exigências especiais das funções exercidas pelo juiz no processo, isto é, tem ele preponde- rância quando: a) as diversas funções desenvolvidas no mesmo processo ou destinadas à atuação da mesma vontade da lei são atribuídas a juí- zes ou órgãos jurisdicionais diversos; b) uma causa é destinada ao órgão jurisdicional de determina- do território, considerando-se, para tanto, o fato de assim tornar-se mais fácil ou mais eficaz sua função. CPC - Art. 93. Regem a competência dos tribunais as nor- mas da Constituição da República e de organização judiciária. A competência funcional dos juízes de primeiro grau é discipli- nada neste Código. A competência territorial Leva em consideração o tipo da demanda, limitada territorial- mente em função da divisão judiciária atualmente em vigência. Disciplinada pelo CPC dos artigos 94 ao artigo100 (recomenda- mos consultar estes artigos para fixação do conteúdo que está sen- do explorado). Para Chiovenda, o critério territorial leva em conta a distri- buição da massa de demandas a órgãos jurisdicionais do mesmo tipo, mas cada qual limitado territorialmente em função da divisão judiciária existente. Modificações da Competência Como não poderiam ser diferentes, as regras previstas para a modificação de competência permitem sua divisão em absolutas e relativas e, assim como na determinação da competência, seja absoluta ou relativa, apenas a relativa permite sua modificação. Ocorrerá a modificação da competência nas hipóteses em que a lei prevê que a competência é A, mas que por determinada situa- ção essa competência passa a ser de B. A competência, em razão do valor e do território, poderá ser modificada em razão da conexão ou continência. (tem por escopo evitar que sejam proferidos julgamentos diferentes em ações que apresentem a mesma causa do pedido) CPC - Art. 102. A competência, em razão do valor e do território, poderá modificar-se pela conexão ou continência, observado o disposto nos artigos seguintes. - Conexão Por conexão entende-se a existência de duas ou mais ações com o objeto e causa de pedir comuns. Segundo Marcus Vinícius Rios Gonçalves, A conexão é um mecanismo processual que permite a reu- nião de duas ou mais ações em andamento, para que tenham um julgamento conjunto. A principal razão é que não haja de- cisões conflitantes. CPC - Art. 103. Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir. - Continência Ocorrerá continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir. O objeto de uma, por ser mais extenso, abrange o das outras. Para Marcus Vinícius Rios Gonçalves, A continência é a relação entre duas ou mais ações quando houver identidade de partes e de causa de pedir, sendo que o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. CPC - Art. 104. Dá-se a continência entre duas ou mais ações sempre que há identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o objeto de uma, por ser mais amplo, abrange o das outras. Regras - A conexão ou continência podem ser declaradas de ofício ou por requerimento das partes; CPC - Art. 105. Havendo conexão ou continência, o juiz, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pode or- denar a reuniãode ações propostas em separado, a fim de que sejam decididas simultaneamente. - Ações já em andamento (no mesmo território) que apresente a conexão ou continência será julgada pelo juiz prevento, aquele que primeiro despachou. CPC - Art. 106. Correndo em separado ações conexas pe- rante juízes que têm a mesma competência territorial, conside- ra-se prevento aquele que despachou em primeiro lugar. Prevenção Por prevenção entende-se como o fenômeno pelo qual, em razão da existência de vários juízes competentes para processar e julgar um determinado fato será considerado competente aquele que em primeiro lugar tomar conhecimento da causa. Na prática, considera-se prevento aquele juiz que em primeiro lugar promove a citação válida. CPC - Art. 219. A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando or- denada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição. A competência em razão da matéria e da hierarquia são in- derrogáveis por convenção das partes. No entanto, estas podem modificar a competência em razão do valor e do território, ele- gendo o foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. Didatismo e Conhecimento 16 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL O acordo só produzirá efeito, quando constar de contrato es- crito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. CPC - Art. 111. A competência em razão da matéria e da hierarquia é inderrogável por convenção das partes; mas estas podem modificar a competência em razão do valor e do terri- tório, elegendo foro onde serão propostas as ações oriundas de direitos e obrigações. § 1o O acordo, porém, só produz efeito, quando constar de contrato escrito e aludir expressamente a determinado negócio jurídico. § 2o O foro contratual obriga os herdeiros e sucessores das partes. Conflito de Competência Estamos diante de um conflito de competência quando dois ou mais juízos se apresentam como competentes (conflito positivo) ou incompetentes (conflito negativo) para julgar uma determinada demanda; Também ocorrerá o conflito quando divergem acerca da reu- nião ou separação de processos que possam conter elementos que sejam comuns: tanto pela ocorrência da conexão, como pela con- tinência. Quem poderá suscitar o conflito? CPC - Art. 116. O conflito pode ser suscitado por qualquer das partes, pelo Ministério Público ou pelo juiz. E se o Ministério Público não for parte? CPC – Art. 116 [...] Parágrafo único. O Ministério Públi- co será ouvido em todos os conflitos de competência; mas terá qualidade de parte naqueles que suscitar. Pode o Réu suscitar o conflito se houver sido acolhida ou não a pretensão invocada na exceção de incompetência? CPC - Art. 117. Não pode suscitar conflito a parte que, no processo, ofereceu exceção de incompetência. Qual a competência para apreciar e julgar o conflito suscita- do? CPC - Art. 118. O conflito será suscitado ao presidente do tribunal Exemplo: se o conflito ocorreu entre juízes de primeira instância, o conflito será julgado pelo Presidente do Tribunal de Justiça do Estado. Qual o procedimento? CPC - Art. 119. Após a distribuição, o relator mandará ouvir os juízes em conflito, ou apenas o suscitado, se um deles for suscitante; dentro do prazo assinado pelo relator, caberá ao juiz ou juízes prestar as informações. Qual o conteúdo do julgamento? CPC - Art. 122. Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente, pronunciando-se também sobre a vali- dade dos atos do juiz incompetente. Parágrafo único. Os autos do processo, em que se manifes- tou o conflito, serão remetidos ao juiz declarado competente. QUESTÕES 1) CESPE - 2007 - TSE - Analista Judiciário - Área Admi- nistrativa – TRE. A respeito da competência, assinale a opção incorreta. A) O foro de eleição vincula as partes e determina a compe- tência do juiz para solucionar o litígio gerado pelo contrato. Assim, a ação será proposta perante o foro eleito; caso isso não ocorra, o juiz deverá, de ofício, declinar de sua competência. B) O juiz competente para processar e julgar as ações reais imobiliárias, ainda que não fundadas em direito de propriedade ou posse, é o da situação do imóvel. No entanto, por se tratar de competência relativa, podem as partes contratar o foro de eleição ou o réu opor exceção de incompetência. C) A competência é um pressuposto da regularidade do pro- cesso, bem como de admissibilidade da tutela jurisdicional. O juiz pode decidir sobre sua competência, sem, no entanto, vincular ou- tro juiz a essa decisão. D) O juiz poderá declarar, de ofício, a incompetência relativa, desde que o faça no primeiro momento em que atue no processo, pois, do contrário, ocorrerá a prorrogação da competência, ainda que se trate de eleição de foro, em contrato de adesão. 2) CESPE - 2007 - TRT-9R - Analista Judiciário - Área Ad- ministrativa. Quanto a competência, julgue os itens a seguir. A competência funcional é de natureza absoluta e, portanto, improrrogável. Os atos decisórios emanados de órgão jurisdicio- nal absolutamente incompetente padecem de nulidade insanável. Contudo, se uma sentença resolver o mérito e transitar em julgado, obedecido o prazo legal, poderá ser impugnada por meio da ação rescisória. A) Certo B) Errado 3) FCC - 2012 - TJ-RJ - Analista Judiciário - Execução de MandadosA incompetência absoluta (A) uma vez declarada, leva à nulidade somente dos atos deci- sórios, remetendo-se os autos ao juiz competente. (B) uma vez declarada, sempre leva à extinção do processo, sem resolução do mérito. (C) deve ser levantada por meio de exceção, a ser apensada aos autos principais. (D) deve ser declarada após arguição preliminar, levando à nulidade de todo o processo. (E) pode ser prorrogada, se o réu não opuser exceção declina- tória nos casos e prazos legais. GABARITO 1) C 2) A 3) A Didatismo e Conhecimento 17 NOÇÕES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL CAPÍTULO V DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA Art. 139 - São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atri- buições são determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial de justiça, o perito, o depositário, o adminis- trador e o intérprete. SEÇÃO I DO SERVENTUÁRIO E DO OFICIAL DE JUSTIÇA Art. 140 - Em cada juízo haverá um ou mais oficiais de justi- ça, cujas atribuições são determinadas pelas normas de organiza- ção judiciária. Art. 141 - Incumbe ao escrivão: I - redigir, em forma legal, os ofícios, mandados, cartas preca- tórias e mais atos que pertencem ao seu ofício; II - executar as ordens judiciais, promovendo citações e inti- mações, bem como praticando todos os demais atos, que Ihe forem atribuídos pelas normas de organização judiciária; III - comparecer às audiências, ou, não podendo fazê-lo, de- signar para substituí-lo escrevente juramentado, de preferência da- tilógrafo ou taquígrafo; IV - ter, sob sua guarda e responsabilidade, os autos, não per- mitindo que saiam de cartório, exceto: a) quando tenham de subir à conclusão do juiz; b) com vista aos procuradores, ao Ministério Público ou à Fa- zenda Pública; c) quando devam ser remetidos ao contador ou ao partidor; d) quando, modificando-se a competência, forem transferidos a outro juízo; V - dar, independentemente de despacho, certidão de qualquer ato ou termo do processo, observado o disposto no art. 155. Art. 142 - No impedimento do escrivão, o juiz convocar-lhe-á o substituto, e, não o havendo, nomeará pessoa idônea para o ato. Art. 143 - Incumbe ao oficial de justiça: I - fazer pessoalmente as citações, prisões, penhoras, arrestos e mais diligências próprias do seu ofício, certificando no mandado o ocorrido, com menção de lugar, dia e hora. A diligência, sempre que possível, realizar-se-á na presença de duas testemunhas; II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado; III - entregar, em cartório, o mandado,
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