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AULA 2 Violência contra a mulher

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Violência contra a mulher
Profª. Drª. Jaqueline O. Santos
Uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo.
Violência contra a mulher
Problema de saúde pública no mundo.
Atinge todas as classes sociais, etnias, religiões e culturas.
“Uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação“.
OMS, 1996
O que é violência?
Fenômeno complexo que envolve diversas áreas: sociais, econômicas, políticas, jurídicas e biológicas.
Violência
“Qualquer ação ou conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado”. 
Convenção de Belém do Pará (1994)
O que é Violência contra a mulher?
Fatores que geram a violência
Desigualdades entre homens e mulheres:
sociais, econômicas e políticas.
Relações de gênero.
Noções de virilidade relacionados ao domínio masculino
Agressões físicas ou ameaças
Maus-tratos psicológicos
Abusos ou assédios sexuais
Desrespeito aos seus direitos na esfera reprodutiva ou cidadania social
Estupro
Abuso sexual de meninas
Assédio sexual no local de trabalho
Violência contra homossexualidade
Tráfico de mulheres
Turismo sexual
Violência étnica e racial
Violência cometida pelo Estado por ação ou omissão
Mutilação genital feminina
Violência e assassinatos ligados ao dote
Formas de violência
Tipos de Violência
(local de ocorrência)
Violência Doméstica
Violência Intrafamiliar
 
Cometida por pessoas íntimas, que vivem na mesma casa, sem função de parentesco, dentro da casa.
 
 
Cometida por algum membro da família, incluindo pessoas que passam a assumir função de parentesco, ainda que sem laços de consanguinidade, dentro ou fora da casa.
Violência Institucional
Praticada em hospitais psiquiátricos, prisões, abrigos, escolas, igrejas e conventos.
Praticada por detentores autorizados de poder e/ou saber, contra pessoas em situação de especial fragilidade, impossibilitadas de defesa.
Tipos de Violência
(local de ocorrência)
Classificação da violência
Psicológica
Exemplos:
Descaso com mulher
Humilhação
Ameaça de agressão
Privação da liberdade
Impedimento ao trabalho, ao estudo e ao contato com família e amigos
Danos a animais de estimação
Danos ou ameaças a pessoas queridas
turmaterceiro.blogspot.com
Classificação da violência
Física
Quando a mulher sofre fisicamente.
Exemplos:
Agressão física
Tentativa de asfixia
Ameaça com faca ou arma de fogo
Tentativa de homicídio
Classificação da violência
Sexual
Exemplos:
Expressão verbal ou corporal que não é do agrado da pessoa
Toques e carícias não permitidas
Voyerismo e exibicionismo
Prostituição forçada
Participação forçada em pornografia
Classificação da violência
Retenção, subtração, destruição parcial ou total dos objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos de outro, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Patrimonial
Calúnia, difamação ou injúria.
Moral
Classificação da violência
Assédio sexual
Assédio moral
A abordagem, não desejada pelo outro, com intenção sexual ou insistência inoportuna de alguém em posição privilegiada que usa dessa vantagem para obter favores sexuais de subalternos ou dependentes.
Causado por um superior hierárquico ou ascendência, inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função
Toda e qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, escritos, comportamento, atitude, etc.) que, intencional e frequentemente, fira a dignidade e a integridade física ou psíquica de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho.
24% das mulheres já foram vítimas de algum tipo de violência doméstica (Fundação Perseu Abramo, 2010.
Uma em cada três ou quatro meninas é abusada sexualmente antes de completar 18 anos (UNESCO, 1999).
Tráfico internacional de pessoas movimenta anualmente US$ 32 bilhões (Organização Internacional do Trabalho, 2005).
Magnitude da violência contra a mulher
(Ministério da Saúde, 2011)
1997 e 2007
41.532 mulheres morreram vítimas de homicídios – índice 4,2 assassinadas por 100.000 mil habitantes. (Instituto Sangari, 2010).
Mulheres são as principais vítimas das violências doméstica e sexual, da infância até a terceira idade (72%). (Vigilância de Violência e Acidentes, 2007). 
Magnitude da violência contra a mulher
(Ministério da Saúde, 2011)
Objetivos:
Estabelecer conceitos, princípios, diretrizes e ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres.
Promover ações para a assistência à mulher em situação de violência.
Garantir os direitos às mulheres em situação de violência.
Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
(Implementada em 2007 pelo Ministério da Saúde. MS, 2011)
Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres
Lei n° 11.340, de 7 de agosto de 2006.
 
Cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher.
Dispõe sobre a criação de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.
Estabelece medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Lei Maria da Penha
Categorização dos tipos de violência doméstica:
física, sexual, patrimonial, psicológica e moral.
Proibição da aplicação de penas pecuniárias aos agressores.
Determinação de encaminhamentos das mulheres em situação de violência, assim como de seus dependentes, a programas e serviços de proteção e de assistência social
Lei Maria da Penha
Permite que agressores sejam presos em flagrante ou tenham a prisão preventiva decretada.
Permite que o juiz determine o comparecimento obrigatório do agressor a programas de recuperação e reeducação.
Possibilita a saída do agressor de casa, a proteção dos filhos e o direito de a mulher reaver seus bens e cancelar procurações feitas em nome do agressor.
Lei Maria da Penha
Um pouco sobre Maria da Penha Maia 
Biofarmacêutica, Maria da Penha Maia, lutou durante 20 anos para ver seu agressor condenado, ela virou símbolo contra a violência doméstica.
Em 1983, o marido de Maria da Penha, um professor universitário, Marco Antonio Herredia, tentou matá-la duas vezes. Na primeira vez, deu um tiro e ela ficou paraplégica. Na segunda, tentou eletrocutá-la.
Na ocasião, ela tinha 38 anos e três filhas, entre 6 e 2 anos de idade.
 
A investigação começou em junho do mesmo ano, mas a denúncia só foi apresentada ao Ministério Público Estadual em setembro de 1984.
Oito anos depois, Herredia foi condenado a oito anos de prisão, foi preso em 28 de outubro de 2002 e cumpriu dois anos de prisão. Hoje, está em liberdade.
Serviços:
Centros de Referência de Atendimento à Mulher.
Núcleos de Atendimento à Mulher.
Casas-Abrigo.
Casas de Acolhimento Provisório.
Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs).
Núcleos ou Postos de Atendimento à Mulher nas Delegacias Comuns Polícia Civil e Militar.
Instituto Médico Legal.
Defensorias da Mulher.
Juizados de Violência Doméstica e Familiar.
Central de Atendimento à Mulher – Ligue 180.
Ouvidorias.
Ouvidoria da Mulher da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
Serviços de Saúde voltados para o atendimento dos casos de violência sexual e doméstica.
Posto de Atendimento Humanizado nos Aeroportos.
Núcleo da Mulher da Casa do Migrante
Rede de Atendimento à Mulher em situação de violência
(Ministério da Saúde, 2011)
Parâmetros para identificação de casos de violência
Busca de ajuda em casos de trauma com frequência.
Lesões múltiplas e/ou bilaterais no corpo.
Explicações inconsistentes para a origem das lesões.
Demora entre a ocorrência da lesão e a busca do serviço de saúde.
Sintomas emocionais:
Depressão
Ideias de suicídio
Ansiedade
Distúrbios do sono
Ataque de pânico
Abuso de drogas, sobretudo do álcool.Dores crônicas de origem não evidente.
Infecção vaginal ou urinária de repetição.
Síndrome do intestino irritável.
Difícil controle no tratamento de doenças crônicas (asma, diabete, artrite, entre outras).
Parceiro extremamente protetor ou controlador.
Parâmetros para identificação de casos de violência
www.nopatio.com.br
Atendimento
“O enfermeiro deve atender a mulher em situação de violência sem prejulgamento, com uma postura de acolhimento, sem demonstrar sentimentos de pena e sem ditar o que deve ser feito”.
Pena e Santos (2007)
Atenção
Olhar nos olhos
Postura adequada
Linguagem não-verbal (emitir julgamento)
Dar tempo e respeitar as manifestações emocionais
Empatia
Colocar-se no lugar da mulher
Sentir e demonstrar sua compreensão
Comunicação
Clareza na linguagem
 
Uso do silêncio
Retroalimentação
Ferramenta para certificar o entendimento da informação
Comunicação
Respeito
Valores religiosos e culturais
Autonomia 
Não obrigá-la a fazer algo que não queira
Não insistir que tome uma atitude indesejável
Sigilo
Comunicação
Central de Atendimento à Mulher-Ligue 180 da Secretaria de Políticas para as Mulheres.
A abertura do Boletim de Ocorrência (B.O.) é decisão da mulher.
A mulher ou seu representante legal devem ser estimulados a comunicar às autoridades policiais e judiciárias, porém cabe a eles a decisão final.
Informar que a consulta ginecológica não substitui o Exame de Corpo de Delito.
O hospital somente comunicará a violência às autoridades nos casos previstos em lei e ao Conselho Tutelar da Infância e Juventude quando menores de 18 anos.
(Higa et al., 2008)
Explicar os riscos de gravidez, infecção por DST e HIV e prevenção disponíveis.
Preparar para consulta médica, exame físico e ginecológico, com possível coleta de material forense (coleta de esperma em papel filtro).
Informar a equipe médica sobre os dados relevantes coletados durante a consulta de enfermagem.
Explicar sobre os medicamentos prescritos, a sua indicação e o tempo de tratamento.
Orientar sobre a coleta de sangue para sorologias de HIV, sífilis, hepatite B e C.
Assistência de Enfermagem
Violência sexual
(Higa et al., 2008)
Atendimento na ocorrência imediata (até o 5º dia após a violência sexual)
Coletar sorologias, administrar medicamentos profiláticos, vacina e gamaglobulina.
Encaminhar ao banho e oferecer troca de roupa, se a cliente desejar.
Explicar que, na ocorrência de vômito até duas horas após a ingestão da medicação, deverá repetir a dose do medicamento.
Iniciar os ARV imediatamente e adequar horário, de acordo com a rotina da cliente, com objetivo de maior adesão ao tratamento.
Orientar os sintomas de intolerância aos ARV prescritos (manifestações gastrintestinais, cutâneas e gerais).
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Atendimento na ocorrência imediata (até o 5º dia após a violência sexual)
Orientar meios para minimizar náuseas ou vômito.
Orientar hiper-hidratação oral e alimentação adequada para minimizar os efeitos colaterais dos ARV (nefropatia, anemia, hepatopatia).
Explicar a importância do uso de preservativo, por seis meses, em razão do risco de transmissão de DST/HIV e como método anticoncepcional (MAC). Orientar como usar e fornecer até o retorno ambulatorial.
Orientar cuidados com ferida, se apresentar lesões.
Orientar a observação de sintomas e manifestações clínicas de infecções geniturinárias.
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Atendimento na ocorrência imediata (até o 5º dia após a violência sexual)
Acolher e orientar familiares e/ou acompanhantes com objetivo de que os mesmos proporcionem apoio no convívio diário.
Fornecer endereço da Delegacia de Polícia, estimular a realização do B.O. e orientar sobre a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) se ocorrer durante e/ou no percurso do trabalho.
Fornecer embalagem e orientar a guarda das roupas, em saco de papel, para ser encaminhado, pela vítima, ao Instituto Médico Legal.
Encaminhar para atendimento social e psicológico e agendar retorno ambulatorial com a enfermeira orientando sobre seguimento com equipe multidisciplinar.
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Atendimento na ocorrência imediata (até o 5º dia após a violência sexual)
Explicar sobre os riscos de gravidez e de DST/HIV.
Fazer teste rápido de HCG na urina se houver suspeita de gravidez. Se positivar, encaminhar ao serviço social para receber orientação sobre o protocolo de interrupção legal da gestação.
Solicitar consulta médica ginecológica imediata na presença de sinais importante de infecção.
Acolher familiares e realizar demais orientações descritas no atendimento imediato.
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Atendimento tardio (a partir do 6º dia após a ocorrência da violência sexual):
Investigar sintomas de intolerância aos ARV e orientar sobre alimentação adequada e não ingestão dos medicamentos em jejum para redução dos sintomas.
Adequar horário da ingestão do ARV de acordo com a rotina, para melhorar a adesão ao tratamento.
Reforçar a orientação de hiper-hidratação.
Investigar uso de medicamentos que interagem com os ARV.
Fazer teste rápido de HCG na urina se houver suspeita de gravidez.
Reforçar sinais e sintomas de infecção geniturinária.
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Seguimento Ambulatorial (após uma semana do atendimento inicial, durante seis meses):
Aferir resultado da primeira sorologia coletada, se negativo, informar o resultado. Qualquer alteração no resultado sorológico (positivo ou não conclusivo) encaminhar para infectologista.
Solicitar consulta imediata com médico infectologista e/ou ginecologista se houver sinais importantes de intolerância ou intoxicação química por ARV, de infecção geniturinária ou gravidez.
Oferecer, estimular e intervir para o seguimento psicológico nos casos de alteração emocional/sexual e encaminhar ao serviço social se identificar problema econômico/social.
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Seguimento Ambulatorial (após uma semana do atendimento inicial, durante seis meses):
Reforçar uso do preservativo.
Reforçar uso de MAC.
Informar sobre a rotina do seguimento ambulatorial com equipe multidisciplinar.
Orientar sobre exame ginecológico, coleta de secreção vaginal e de sorologias para HIV, hepatite B e C e sífilis, durante o atendimento
Orientar família/pessoa significativa para o apoio diário. Solicitar o comparecimento ao serviço se julgar necessário.
Agendar retorno com enfermeira, ginecologista e infectologista.
Assistência de Enfermagem
(Higa et al., 2008)
Seguimento Ambulatorial (após uma semana do atendimento inicial, durante seis meses):
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres. Secretaria de Políticas para as Mulheres. Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2011.
Higa R, Mondaca ADCA, Reis MJ, Lopes MHBM. Atendimento à mulher vítima de violência sexual: Protocolo de Assistência de Enfermagem. Rev Esc Enferm USP 2008; 42(2):377-82.
Penna LHG, Santos NC. Violência contra a mulher. In: Fernandes RAQ, Narchi NZ (org). Enfermagem e saúde da mulher. Barueri: Manole, 2007.
Referências

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