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Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I 1. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE A qualidade de produtos, serviços e processos nos dias atuais deixou de ser um diferencial competitivo e transformou-se num critério qualificador, passando a ser item obrigatório para as organizações que desejam se manter competitivas em mercados dinâmicos como atualmente. Ao longo do tempo, o Conceito de Qualidade evoluiu juntamente com a própria indústria, tornando-se parte do cotidiano de empresas e principalmente dos clientes, que a cada dia estão mais exigentes. O que é qualidade para você? 1.1. BREVE HISTÓRICO DA INDÚSTRIA A indústria mudou toda a sociedade ao seu redor e posteriormente o mundo. Hoje a globalização quebra muitas barreiras da competitividade, fazendo com indústrias busquem cada vez mais aprimorar a qualidade de seus produtos e processos. Ao longo da história é possível observar este movimento de forma gradativa, enquanto nos dias atuais, as mudanças ocorrem de forma mais rápida e dinâmica. 1.1.1. Trabalhos Artesanais Até o século XVII, as atividades de produção de bens eram desempenhadas por artesãos. Com inúmeras especializações e denominações, essa classe abarcava praticamente todas as profissões liberais então existentes: pintores, escultores, marceneiros, vidraceiros, sapateiros, arquitetos, armeiros e assim por diante. O mestre artesão, proprietário de uma oficina, recebia aprendizes, geralmente membros da família ou, então, jovens talentosos da região, para estudarem o ofício. Estes permaneciam na oficina por um período de até quinze anos, aprendendo a dominar as técnicas da profissão. Auxiliavam o mestre em seus trabalhos, realizando tarefas que eram posteriormente inspecionadas com cuidado. Quando suficientemente qualificados, eram registrados e poderiam, só então, exercer o ofício de forma autônoma. Figura 1 - Trabalhos Manuais em uma Sapataria Observação: Atualmente, as sapatarias ainda possuem essa característica “artesã” e o conhecimento é passado de geração para geração. Os artesãos uniam-se em corporações de ofício, que tinham finalidade similar à dos atuais sindicatos e conselhos profissionais: regulamentar a profissão, impedir o seu exercício ilícito e conter a concorrência desleal. Para registrar-se, os candidatos ao ofício submetiam-se a um exame em que sua habilidade era cuidadosamente avaliada. Do ponto de vista da qualidade, os bons artesãos eram capazes de realizar obras refinadas e de grande complexidade e detinham o domínio completo do ciclo Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I de produção, já que negociavam com o cliente o serviço a ser realizado, executavam estudos e provas, selecionavam os materiais e as técnicas mais adequadas, construíam o bem e o entregavam. Cada bem produzido era personalizado e incorporava inúmeros detalhes solicitados pelo cliente: o número de variações é quase ilimitado. O padrão de qualidade do artesão era, em geral, muito elevado e resultava na plena satisfação do cliente. A sua produtividade era, porém, limitada e a competição era mantida sob controle pelas corporações de ofício. O grande senão do trabalho artesanal era o preço de cada peça ou de um serviço, o que limitava o seu acesso a uns poucos consumidores privilegiados. Essa situação pouco mudaria até meados do século XVII, quando o crescimento do comércio europeu alavancou o aumento da produção e o surgimento das primeiras manufaturas, nas quais um proprietário, em geral um comerciante, dava emprego a certo número de artesãos que trabalhavam por um salário e a produção era organizada sob o princípio da divisão do trabalho. Figura 2 - Arsenal de Guerra da Idade Média e Épocas Anteriores Observação: As guerras sempre foram os maiores propulsores da tecnologia, desde armamentos medievais até as tecnologias que conhecemos hoje. 1.1.2. I Revolução Industrial A Primeira Revolução Industrial foi gerada pela Revolução Comercial, que ocorreu na Europa, entre os séculos XV e meados do século XVIII. A expansão do comércio internacional e o aumento da riqueza, permitiu o financiamento do progresso técnico e a instalação de indústrias. Na revolução industrial inglesa a principal manufatura era a tecelagem de lã. Mas foi na produção dos tecidos de algodão que começou o processo de mecanização, isto é, da passagem da manufatura para o sistema fabril. A matéria prima vinha das colônias (Índia e Estados Unidos). Cerca de 90% dos tecidos ingleses de algodão eram vendidos no exterior, o que teve papel determinante na arrancada industrial da Inglaterra. A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, para os transportes, para a agricultura e para outros setores da economia. Diversos inventos revolucionaram as técnicas de produção e alteraram o sistema de poder econômico. A grande fonte de riqueza deslocou-se da atividade comercial para a industrial. Quem desenvolvesse a capacidade de produzir mercadorias passaria a ter a liderança econômica no mundo. E foi isso o que aconteceu com a Inglaterra, foi o primeiro país a se industrializar utilizando a máquina na produção. Máquina de Fiar Que transforma em fios as fibras têxteis de algodão, seda e lã, para o fabrico de tecidos. Essa invenção revolucionou a técnica de produção, transformando a Inglaterra no maior produtor de fios para tecidos. Essa invenção substituiu a roca, um dos mais simples e antigos instrumentos de fiar. Figura 3 - Máquina de Fiar de James Hargreaves Tear Mecânico Inventado em 1785, em substituição ao tear manual, aumentou de forma considerável a produção de tecidos, colocando a Inglaterra na liderança mundial da época. Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Figura 4 - Tear Mecânico de Edmund Cartwright Máquina a Vapor Cujo uso na indústria de tecido, nas usinas de carvão mineral, na industrialização do ferro, nas embarcações (navios a vapor), nas estradas de ferro (locomotiva a vapor), entre outras, representou uma revolução no transporte de passageiros e cargas. Figura 5 - Locomotiva à Vapor, Marca da I Revolução Industrial Observação: O motor a vapor pode ser considerado uma das 5 invenções mais importantes da história. Ele foi o precursor dos demais motores e tornou viável a produção e a distribuição em larga escala. Cenário Pós I Revolução Industrial A invenção de máquinas, o aproveitamento da energia calorífica do carvão mineral e sua transformação em energia mecânica para fazer funcionar as máquinas representaram um grande avanço nas técnicas empregadas para a fabricação de mercadorias e, consequentemente no aumento da produção. A Inglaterra passou, assim, da manufatura para a maquinofatura. Produzia e vendia seus produtos industriais em todo o mundo, graças, entre outros fatores, à expansão do sistema colonial. Dessa forma, no século XVIII, o pais tornou-se a maior nação capitalizada do mundo, sendo Londres a capital financeira internacional. 1.1.3. II Revolução Industrial A Segunda Revolução Industrial nasceu com o progresso científico e tecnológico ocorrido na Inglaterra, França e Estados Unidos, por volta da segunda metade do século XIX. Entre 1850 e 1950, a busca por descobertas e invenções foi longa, o que representou maior conforto para o ser humano, e a dependência dos países que não realizaram a revolução científica e tecnológica ou industrial. O mundo todo passou a comprar, consumir e utilizar os produtos industrializados fabricados na Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Bélgica e Japão. Entre as várias descobertas e invenções realizadas durante a Segunda Revolução Industrial estão: novos processos de fabricação do aço, permitindo sua utilização na construção de pontes, máquinas, edifícios,trilhos, ferramentas etc; desenvolvimento técnico de produção da energia elétrica; invenção da lâmpada incandescente; surgimento e avanço dos meios de transporte (ampliação das ferrovias seguida das invenções do automóvel e do avião; invenção dos meios de comunicação (telégrafo, telefone, televisão e cinema); avanço da química, com a descoberta de novas substâncias; a descoberta do múltiplo aproveitamento do petróleo e seus derivados como fonte de energia e lubrificantes; o surgimento dos plásticos; desenvolvimento de armamentos como o canhão e a metralhadora; a descoberta do poder explosivo da nitroglicerina etc; na medicina surgiram os antibióticos, as vacinas, novos conhecimentos sobre as doenças e novas técnicas de cirurgia. Figura 6 - Linha de Produção da Ford Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Observação: A eletricidade foi na época e ainda é uma das fontes de energia mais importantes para a sociedade moderna, mas a grande invenção da época foi a lâmpada incandescente que fez com que as fábricas pudessem produzir durante o turno da noite aumentando ainda mais os níveis de produção. 1.1.4. Revolução Tecnológica ou Era da Informação A Terceira Revolução Industrial começou em meados do século XX, onde a eletrônica aparece como verdadeira modernização da indústria. Para alguns iniciou-se nos Estados Unidos e em alguns países europeus, quando a ciência descobriu a possibilidade de utilizar a energia nuclear, do átomo. Para outros, seu início foi por volta de 1970, com o descobrimento da robótica, empregada na linha de montagem de automóveis. Para outro grupo, iniciou-se a partir dos anos 1990, com o uso do computador pessoal e a internet. Muitas invenções e descobertas no campo da ciência e tecnologia ocorreram de 1950 até nossos dias. Entre elas estão: novas ligas metálicas que permitiram avanços na metalurgia e na construção de aeronaves; progresso na eletrônica, permitindo o aparecimento da computação e automação no processo produtivo; uso da energia atômica para fins pacíficos, como a produção de eletricidade (usinas termo nucleares), em equipamentos médicos entre outros; desenvolvimento da biotecnologia e da engenharia genética; conquista espacial, com a descida do homem na Lua, foguetes, estações espaciais, ônibus, satélites artificiais, sondas para estudo de planetas e satélites. A Terceira Revolução Industrial ganhou destaque a partir dos avanços tecnológicos e científicos na indústria, mas também abrange progressos na agricultura, na pecuária, no comércio e na prestação de serviços. Enfim, todos os setores da economia se beneficiaram com as novas conquistas produzidas através de grandes investimentos empregados nos centros de pesquisas dos países desenvolvidos. Figura 7 - A Informação como Parte dos Sistemas Produtivos e da Sociedade 1.2. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO 1.2.1. Taylorismo O termo taylorismo deriva do nome do engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor, que trabalhou como operário e engenheiro em empresas industriais nos EUA. Taylor observava atentamente os trabalhadores e percebeu que havia um controle dos ritmos nos processos de trabalho por parte dos operários mais experientes. Eram eles ainda que ensinavam aos operários novatos o trabalho a se realizar nas fábricas. Essa situação concentrava os conhecimentos necessários à fabricação de mercadorias nos operários mais experientes, que, para diminuir os lucros dos patrões, mantinham um ritmo lento de produção, além de dar a eles uma autoridade no interior das empresas. Para romper com essa situação, Taylor buscou ao longo de sua vida retirar esse conhecimento – e autoridade – sobre o processo de produção dos operários. O caminho encontrado foi observar os gestos realizados pelos trabalhadores no processo de produção das mercadorias, isolá-los e ensiná-los aos operários. Dessa forma, ele evitava que os vícios de produção e a diminuição do ritmo de trabalho fossem ensinados de um operário a outro. Ao isolar os gestos, pôde Taylor torná-los mais eficientes, eliminando movimentos desnecessários. Munidos de cronômetros, Taylor e seus auxiliares estipulavam ainda um tempo mínimo para se realizar os gestos e produzir, dessa forma, o mais rápido possível as partes das mercadorias a que estavam incumbidos de fabricar. Frente à resistência dos trabalhadores em seguirem essas orientações, Taylor buscou estimular os operários com o pagamento do Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I salário de acordo com a quantidade de peças produzidas, intensificando o aumento da produtividade dos trabalhadores. O resultado alcançado por Taylor foi surpreendente, já que conseguiu elevar muito a produtividade, intensificando ainda a divisão do trabalho, além de diminuir o poder dos trabalhadores no interior das empresas. Suas experiências foram registradas em algumas obras, dentre as quais se destaca o livro Princípios de Administração Científica. O livro tornou-se referência para os processos de racionalização do trabalho em vários setores econômicos, já que seu método poderia ser aplicado em qualquer setor, desde a construção civil até o trabalho em escritórios. Figura 8 - Imagem do Filme "Tempos Modernos" Estrelado por Charles Chaplin Observação: O Filme criticava os métodos de trabalho empregados nas indústrias e o caos que se instalou nas cidades britânicas. 1.2.2. Fordismo A produção automobilística, antes manual e artesanal, passou a ser feita em massa por Henry Ford, o norte-americano que desenvolveu o Fordismo. O empresário criou esse sistema de fabricação em massa no ano de 1914 para sua indústria e revolucionou a indústria automobilística. O processo era baseado em uma linha de montagem e tinha como objetivo aumentar a produção por meio da eficiência, e também reduzir o preço do produto para que fosse mais vendido. A baixa do preço era possível, pois entre os objetivos do sistema encontrava-se a redução dos custos. O sistema baseou-se em uma linha de produção. Era composto de uma esteira rolante que conduzia os automóveis, e cada um de seus funcionários produzia uma parte de cada um dos veículos, sem precisar mover-se. Isso, além de acelerar o processo, exigia menor capacitação dos funcionários, uma vez que só precisavam ser treinados para executar uma única tarefa, e não a montagem do carro completa. O modelo que primeiro foi produzido por Henry Ford em sua indústria automotiva foi o Ford Modelo T, que ficou conhecido no Brasil como Ford Bigode. O sistema afetou não só a indústria automobilística, mas todas as outras. Foram construídas rodovias que facilitavam a locomoção, além do surgimento de novos polos comerciais ao longo delas. Figura 9 - Estoque do Modelo Ford T Observação: O Fordismo tinha como característica o fato de produzir para estocar. Como vantagem, tinha o produto em pronta entrega, em contrapartida ficava vulnerável ao mercado. 1.2.3. Toyotismo Toyotismo, ou acumulação flexível, é um modo de produção que sucedeu o Fordismo a partir da década de 1970. Esse modelo industrial foi aplicado inicialmente no Japão em virtude das limitações territoriais existentes nesse país, que é extremamente dependente da importação de matérias-primas e dispõe de pouco espaço para armazenar os seus produtos. O Toyotismo é caracterizado por romper com o padrão fordista de produção em massa, que se destacava pela estocagem máxima de matérias-primas e de produtos maquinofaturados. Com esse novo modo de produção, a fabricação passou a não prezar mais pela quantidade, mas pela eficiência: produz-se dentro dos padrões para atender ao mercado consumidor, ou seja, a produção varia de acordo coma demanda. Com isso, foi implantado o sistema just-in-time (em tradução literal: “em cima da hora”). Nesse sistema, a importação das matérias-primas e a fabricação do produto acontecem de forma combinada com os pedidos dos consumidores, com prazo de entrega a Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I ser cumprido. Dessa forma, a oferta de produtos nunca será maior do que a demanda, o que acarreta na diminuição dos produtos em estoque e dos riscos da queda de lucros dos investidores. À medida que a implantação do sistema toyotista foi se ampliando no mundo do mercado industrial, mais notória foi a desregulamentação das condições e dos direitos trabalhistas. Ao contrário do fordismo, em que um trabalhador realizava somente uma única função, agora um mesmo trabalhador é responsável por funções diversas, executando-as conforme as necessidades da empresa. Em razão dessa flexibilidade, o toyotismo passou a ser chamado também de acumulação flexível. Figura 10 - Linha de Produção Assistida por Computador Observação: Os japoneses tiveram uma visão diferente dos americanos no que se refere ao uso do computador. Os americanos pensavam no computador como algo que faz o que o homem faz de forma mais precisa e mais rápida. Os japoneses pensavam no computador como algo que trabalho em rede e é capaz de ter uma visão holística (global) que nenhum homem é capaz de ter. Visão Americana: Eficiência de um Processo Visão Japonesa: Eficácia do Todo Algumas Ferramentas e Programas Desenvolvidos pelo STP (Sistema Toyota de Produção) Just In Time (JIT) Value Streaming Mapping (VSM) Single Minute Exchange of Die (SMED) Total Productive Maintenance (TPM) 5S Kaizen Kanban Poka Yoke Jidoka 1.2.4. Volvismo e Novas Tendências O Volvismo foi criado por Emti Chavanmco engenheiro da Volvo nos anos 60. Nascido na Índia ele se mudou com a família para a Suécia por causa da guerra civil que acontecia em seu país natal. Em linhas gerais, a indústria sueca é caracterizada endogenamente altíssimo grau de informatização e automação e exogenamente pela forte presença dos sindicatos trabalhistas e mão-de-obra altamente qualificada. No caso das fábricas da Volvo, é ainda marcada por um alto grau de experimentalismo, sem o qual talvez não fosse possível ter introduzido tantas mudanças. Figura 11 - Linha de Produção da Volvo (Homens + Robôs) A Suécia é um país muito organizado, onde os níveis de qualidade de vida e educacionais são sempre uma referência mundial e a participação social de seu povo é muito maior do que nos outros países. Há uma participação efetiva dos trabalhadores, pois eles foram treinados para fazerem parte de equipes auto gerenciáveis, que tem autonomia e conhecimento para identificar oportunidades e experimentá-las. Isso faz parte de uma filosofia onde os funcionários se comportam como verdadeiros donos do negócio, as pessoas é que detém o poder e o conhecimento e fazem a tecnologia trabalhar a serviço delas e não ao contrario. A Indústria 4.0 Nessa visão de futuro, ocorre uma completa descentralização do controle dos processos produtivos e uma proliferação de dispositivos inteligentes interconectados, ao longo de toda a cadeia de produção e logística. O impacto esperado na produtividade da indústria é comparável ao que foi proporcionado pela internet em diversos outros campos, como no comércio eletrônico, nas comunicações pessoais e nas transações bancárias. Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Figura 12 – Características da Indústria 4.0 1.3. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO MUNDO 1.3.1. Primeiros Relatos da Qualidade Mesopotâmia A preocupação com a qualidade é antiga, pelo menos do ponto de vista do produto. Por exemplo, por volta de 2150 a.C., o código de Hamurábi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender a sua finalidade e desabasse, o construtor seria imolado, ou seja, sacrificado. Figura 13 – Tábua do Código de Hamurábi Observação: A localização da Mesopotâmia na antiguidade corresponde hoje ao país Iraque. Fenícia Os fenícios amputavam a mão do fabricante de determinados produtos que não fossem produzidos de acordo com as especificações governamentais. Roma Antiga Já os romanos desenvolveram técnicas de pesquisa altamente sofisticadas para a época e as aplicavam principalmente na divisão e mapeamento territorial para controlar as terras rurais incorporadas ao império. Desenvolveram padrões de qualidade, métodos de medição e ferramentas específicas para a execução destes serviços. Figura 14 – Território de Domínio Romano no Auge do Império. França pós Feudal Podem-se citar, os avançados procedimentos durante o reinado de Luís XIV, que detalhavam critérios para a escolha de fornecedores e instruções para a supervisão do processo de fabricação de embarcações. Figura 15 – Ilustração de Construção de Embarcação. Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I 1.3.2. As Eras da Qualidade Era da Inspeção Este foi um período que se iniciou antes da Revolução Industrial, quando a atividade produtiva ainda estava nas mãos dos artesãos, mas foi paulatinamente sendo modificada em razão, principalmente, das descobertas tecnológicas que mudaram o cenário produtivo na época. As principais características foram: Final do Séc. XVIII e início do Séc. XIX Produtos são verificados um a um Cliente participa da inspeção Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade Características Foco Verificação Visão Problema a ser resolvido Ênfase Uniformidade do produto (padrão) Método Instrumentos de medição e senso crítico Papel dos Profissionais Inspeção, classificação, contagem e avaliação Responsável Departamento de Inspeção Orientação Inspeciona a Qualidade Era do Controle Estatístico Com a Revolução Industrial verificou-se um considerável aumento da atividade industrial principalmente em razão da invenção de máquinas e equipamentos que deram suporte à criação do conceito de linha de produção. Com aprofundamento da teoria estatística apoiando o controle de processos, somado ao nascimento dos elementos da Administração Científica, foi possível o início da era do Controle Estatístico. As principais características desta era foram: Década de 1930 e 1940 Produtos são verificados por amostragem; Um departamento especializado faz a inspeção da qualidade; Ênfase na localização de defeitos. Características Foco Controle dos processos Visão Problema a ser resolvido Ênfase Uniformidade do produto com menos inspeções Método Ferramentas e Técnicas Estatísticas Papel dos Profissionais Solução de problemas e ampliação dos métodos de solução Responsável Departamento de Fabricação e Engenharia Orientação Controla a Qualidade Era da Garantia da Qualidade Esta era impulsionada pelo grande desenvolvimento tecnológico e industrial vivido no período pós-Segunda Guerra. Nesta época verificaram-se o desenvolvimento de novos materiais, novas formas de geração de energia (como a energia nuclear) e a oportunidade de aplicação na prática de teorias relacionadas à qualidade que ainda não tinham saído da cabeça de alguns gurus. Década de 1950 e 1960 Reconstrução da Europa: exigência de garantia de especificação técnica – criação da ISO; Cumprimento de contrato com clientes- garantia de produto conforme amostra fornecida, no prazo, instalação, assistência técnica, etc. Características Foco Coordenação Visão Problema a ser resolvido que é enfrentadopro ativamente Ênfase Toda cadeia de produção do produto até o mercado consumidor Método Programas e Sistemas Papel dos Profissionais Mensuração da Qualidade, Planejamento da Qualidade e Projeto de Programas Responsável Todos os departamentos e a alta administração superficialmente Orientação Constrói a Qualidade Era da Qualidade Total Como o incremento das exportações dos produtos japoneses, a consolidação das empresas norte- americanas e o amadurecimento do conhecimento sobre gestão da qualidade permitido pela evolução das três eras anteriores, o que começou a acontecer a partir da Era da Informação (3ª Revolução Industrial), criaram-se bases para o surgimento da qualidade total. Suas principais características são: Década de 1970 Processo produtivo é controlado; Toda a empresa é responsável; Ênfase na prevenção de defeitos; Qualidade assegurada; TQC – Controle Total da Qualidade. Características Foco Impacto Estratégico Visão Diferencial Competitivo Ênfase Necessidades do Mercado e do Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Cliente Método Planejamento Estratégico, Objetivos e Mobilização Papel dos Profissionais Estabelecimento de objetivos, educação e treinamento, trabalho consultivo, com outros departamentos e delineamento de programas Responsável Todos os departamentos e a alta administração fortemente Orientação Gerencia a Qualidade 1.4. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO BRASIL 1.4.1. A Produção Industrial no Brasil A Agricultura como Base da Economia A base da economia brasileira no final do século XIX e início do século XX era a agricultura, e o produto- chave, o café, responsável por mais de 50% do valor das exportações. Além do café, exportávamos também cacau, açúcar, algodão e borracha, que era a matéria-prima essencial nas operações de guerra. Com a Primeira Guerra, nossas exportações de café caíram bastante e, apesar do aumento das exportações da borracha, o Brasil enfrentou séria crise financeira, recuperando-se nas décadas de 1920 e 1930, quando aumentou suas exportações cafeeiras que atingiram 69,5% das exportações brasileiras em 1930. O Início da Industrialização Já na segunda metade do século XIX, o Brasil começou a industrializar-se, embora sem o apoio do governo – interessado na produção agrícola – e de forma bastante tímida. Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com a falta de produtos importados, que não eram mais produzidos pela Europa para exportação, o Brasil passou realmente a acelerar seu processo de industrialização, que começou com a indústria têxtil. Quando a crise econômica de 1929 abalou a hegemonia do café, o governo adotou uma política protecionista para a indústria, apesar da oposição dos grandes fazendeiros de café, que preferiam a situação anterior, ou seja, a de um país essencialmente agrícola. Nessa época, em São Paulo, houve um surto industrial que favoreceu a implantação de várias fábricas de tecidos, calçados e chapéus. 1.4.2. A Qualidade na Indústria Automobilística A Ford Dá o Ponta Pé Inicial A Ford Company inaugurou a indústria automobilística no Brasil com a fundação, em 24 de abril de 1919, da Ford do Brasil. Em 1º de maio daquele ano era montado o primeiro carro no País – o Ford modelo T. Em 1921, foi instalada pela Ford a primeira linha de montagem de veículos em série no Brasil. A General Motors, em 1923, também instalou uma linha de montagem, mas produzindo somente veículos comerciais. Figura 16 – A 1ª Fábrica da Ford no Brasil. A mão de obra do setor automobilístico, a exemplo do que ocorreu nos Estados Unidos, não era qualificada, mas formada por colonos das fazendas de café (imigrantes italianos e espanhóis) que, em virtude da crise da cultura cafeeira, a partir de 1930, começaram a migrar para a capital paulista à procura de emprego. Queda nas Importações como Motivação A crise econômica do café desestimulou o crescimento das importações de veículos e não permitiu também que fossem criadas as condições para o desenvolvimento da produção de automotores no Brasil. Não havia indústria siderúrgica e as metalúrgicas estavam voltadas para a produção de peças de reposição das máquinas da indústria têxtil, máquinas de beneficiar café, equipamentos de usinas de açúcar, implementos agrícolas e utensílios domésticos, entre outros produtos simples. As máquinas e equipamentos mais sofisticados eram importados, inclusive as locomotivas, que eram essenciais para o escoamento do café, nossa principal riqueza naquela época. Com a Segunda Guerra Mundial cessaram as importações de veículos. Como não havia peças de reposição, surgiram as pequenas oficinas artesanais, que deram origem ao setor nacional de autopeças. Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Com o fim da guerra, a febre de importações de veículos, decorrente de demanda por longo tempo reprimida, gerou, em 1947, um desequilíbrio da balança de pagamentos. Com isso, o governo restringiu as importações e passou a pensar em soluções mais duradouras e definitivas para o problema de reposição da frota de veículos. Nos cinquenta primeiros anos da indústria automobilística, o Brasil foi um mero importador, realizando apenas atividades simples de montagem e produção de peças e componentes para a reposição da frota. Começou a surgir, então, a ideia de que o País deveria ter sua indústria automobilística. A disposição de implantá-la ocorreu no Governo de Getúlio Vargas (1951-1954), quando foram empreendidos os esforços para a criação de uma indústria de base (CSN, Petrobras etc.). O Início do Desenvolvimento O Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), incorporando algumas das políticas e diretrizes delineadas no Período Vargas, deu um passo decisivo para a industrialização no Brasil, com a criação, em 1956, do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA). Os lemas “queimar etapas” e “50 anos em 5”, inseridos no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, propunham implicitamente ao país a entrada direta no sistema de produção em massa, sem passar, portanto, pelo sistema artesanal utilizado no início do século para a produção automobilística. O Plano estabeleceu metas para a nacionalização da produção, acompanhado do fechamento do mercado às importações. Cinquenta anos depois do advento da produção em massa na indústria automobilística, o Brasil finalmente incorporou-se a esse padrão produtivo, provando que é possível transpor obstáculos entre o Primeiro e o Terceiro Mundo. Em cinco anos (1956-1961), as indústrias automobilísticas que chegaram ao Brasil realizaram investimentos e passaram a produzir os veículos em suas novas instalações fabris brasileiras. O segredo da produção em massa está na intercambiabilidade das peças e na facilidade de ajustá-las entre si. Uma vez que a intercambiabilidade depende de um rígido controle da qualidade na fabricação das peças e componentes, a indústria automobilística estabeleceu controles para assegurar que os seus fornecedores tivessem um rígido sistema de garantia da qualidade. No início da década de 90 do século XX, devido à falta de concorrência, a qualidade dos carros brasileiros era bem inferior à dos produzidos na Europa, Japão e Estados Unidos. Os carros nacionais eram considerados “verdadeiras carroças” e afirmava-se, na época, que isso só seria superado quando houvesse a abertura do mercado para forçar o aumento da qualidade, produtividade e competitividade dos produtos nacionais. Figura 17 – Modelo BR 800X, Exemplo de Automóvel Totalmente Nacional Produzido pela Gurgel. Nos Dias Atuais Exposta à competição internacional, hoje, a indústria automobilística atingiu um padrão de qualidade classe mundial, e osseus produtos são iguais ou superiores aos similares importados. Utiliza modernos métodos de gestão com o objetivo de aprimorar continuamente a qualidade dos seus produtos e aumentar a produtividade para uma maior competitividade no mercado interno e internacional. A indústria automobilística desempenhou um papel fundamental na formação de uma cultura da qualidade na indústria brasileira, cultura que foi absorvida, sobretudo, pelas principais indústrias de bens de consumo duráveis. Figura 18 – Algumas das Principais Montadoras Instaladas no Brasil Atualmente. 1.4.3. A Qualidade na Indústria de Base e de Bens de Capital As Primeiras Indústrias de Base no Brasil As primeiras preocupações com a qualidade dos equipamentos, visando à segurança pessoal e operacional, surgiram na Indústria Siderúrgica, de Petróleo e Petroquímica. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi construída e montada, como prioridade de esforço de guerra, a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Em 1953, com a Lei 2004, foi criada a Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras), com o objetivo de tornar o País autossuficiente em petróleo. Esses dois grandes empreendimentos serviram de base para o desenvolvimento industrial do Brasil e integravam o plano da construção nacional, que priorizava a criação de infraestrutura para o crescimento sustentado do País. Figura 19 – A Companhia Siderúrgica Nacional, um dos Principais Fatores que Impulsionaram o Desenvolvimento Industrial Brasileiro No início dos anos 1960, por iniciativa e incentivo da Petrobras, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) criou a primeira de uma série de Comissões Técnicas: a Comissão de Inspeção de Equipamentos. Pioneira no movimento pela qualidade no Brasil, essa Comissão, por meio de cursos, seminários e congressos, promoveu a formação de uma cultura de qualidade em todos os estágios evolutivos: inspeção, controle da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade. A Comissão de Inspeção de Equipamentos até hoje reúne técnicos especialistas em inspeção de toda a indústria do petróleo e petroquímica do Brasil para tratar de assuntos relativos à qualidade. Figura 20 – Movimento “O Petróleo é Nosso!”. Um dos Marcos da Criação da Petrobrás. No caso particular da indústria do petróleo e petroquímica, a preocupação com a qualidade dos equipamentos das unidades operacionais está ligada aos aspectos de segurança das pessoas, do meio ambiente e dos equipamentos. Além disso, utiliza sistemas de gestão da qualidade para a melhoria contínua dos seus produtos, visando à satisfação dos seus clientes. O movimento da qualidade nas indústrias nucleares, de energia elétrica, de petróleo e petroquímica que começou com ênfase na inspeção de equipamentos evoluiu para controle da qualidade, garantia da qualidade, sistemas de gestão da qualidade, e hoje já adota os sistemas integrados de gestão – integrando Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional e Responsabilidade Social. A Normalização e a Certificação nas Indústrias Brasileiras No Brasil, as primeiras empresas que entraram em contato com normas de requisitos de garantia da qualidade, no início da década de 1970, foram as fornecedoras do setor nuclear que, em virtude das exigências regulatórias e contratuais das Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB) – ex-Nuclebras –, foram obrigadas a se adaptar às rigorosas normas daquele setor para a implementação dos Programas de Garantia da Qualidade. Figura 21 – Atuais Instalações da INB em Resende - RJ Em 1978, para a construção da Refinaria Henrique Laje – Revap, a Petrobras passou a exigir de seus fornecedores, por meio de diretrizes contratuais, a implantação de sistemas de garantia da qualidade, baseados no código nuclear americano 10-CFR-50 e adaptados às particularidades da indústria do petróleo. Os requisitos do código 10-CFR-50 foram logo substituídos pelas normas canadenses de garantia da qualidade Z-299, mais adequadas à indústria do petróleo. As normas Z-299, em 1987, serviram de fundamento para a elaboração das Normas ISO 9000. Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I Pouco tempo depois, no início da década de 1980, para viabilizar a produção de petróleo na Bacia de Campos, a Petrobras enfrentou o desafio de fabricar e instalar, em curto prazo, sete plataformas de grande porte. O alto investimento e os riscos para o meio ambiente e segurança industrial levaram a Petrobras, por meio de diretrizes contratuais, a exigir de seus fornecedores a implantação de Sistemas de Garantia da Qualidade baseados nas normas canadenses Z- 299. A aplicação das normas canadenses Z-299 permitiu que as sete primeiras plataformas da Bacia de Campos fossem projetadas, construídas e instaladas por empresas brasileiras de engenharia e por fabricantes de bens de capital, rigorosamente dentro do curto prazo previsto no planejamento inicial. Quando as Normas ISO 9000 ainda estavam em fase de votação, a Petrobras adaptou suas diretrizes contratuais às exigências dessas normas, incluindo as especificidades do setor petrolífero. Tal procedimento foi adotado por indústrias automobilísticas americanas, que editaram as QS 9000, contendo, além dos requisitos das Normas ISO 9000, os requisitos específicos da indústria automobilística. Em 2004, as normas QS 9000 foram substituídas pela ISO/TS 16949:2004. Outros setores da economia, como telecomunicações, aeronáutica, aeroespacial e petróleo começaram a usar as Normas ISO 9000, à semelhança do setor automobilístico, como fundamento para programas de qualificação de fornecedores. Em 2003, foi editada a ISO/TS 29001:2003, uma norma específica para requisitos de sistemas de gestão da qualidade de organizações fornecedoras de produtos e serviços para as indústrias de petróleo, petroquímica e gás natural. Outras empresas estatais, principalmente do setor elétrico, como Eletrobrás e CESP, seguindo o exemplo da Petrobras, passaram a exigir dos seus fornecedores Sistemas de Garantia da Qualidade em conformidade com as Normas ISO 9000. Em função dessas exigências, as primeiras empresas que conseguiram certificações baseadas nas normas ISO 9000 no Brasil foram as dos setores de petróleo, petroquímico e elétrico. Nos Dias Atuais No Brasil, as indústrias de bens de capital, que têm como particularidade a produção por encomenda, sofreram grande influência, na área da qualidade e de tecnologia, das grandes empresas dos setores nuclear, elétrico, petroleiro e petroquímico, siderúrgico e de telecomunicações. Nessas indústrias, como regra geral, prevalecem os sistemas de gestão da qualidade. Figura 22 – Selo de Certificação ISO 9001 Observação: certificações não só de qualidade, mas outras como ISO 14000 (Meio Ambiente) e OHSAS 18000 (Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho), deixaram de ser um diferencial competitivo e passaram a ser obrigatórias para indústrias de base poderem fornecer em nível nacional e principalmente internacional. 1.4.4. A Qualidade na Indústria de Bens de Consumo Na área de bens de consumo, a preocupação com a qualidade surgiu com a necessidade de melhorar a produtividade e aumentar a competitividade das empresas. Figura 23 – O 3º Setor Lidando Direto com o Cliente. Exemplo de uma Loja de Eletrodomérticos. A Abertura da Economia Antes da abertura da economia brasileira, ocorrida no início da década de 1990, como não havia concorrência externa, atribuía-se pouca importância à produtividade, pois os preços eram determinados a partir dos custos de produção. Conforme Werneck, Dorothea (1992): no cenário de substituição de importação, vigente nopaís até o final da década de 80, o preço era determinado pelas empresas fornecedoras que incluíam ao custo de produção a margem de lucro que desejavam, pois não havia concorrência externa. Quanto maior o custo de produção, maior seria o lucro. Portanto, sem a concorrência externa, não havia nenhum interesse, por parte das empresas, em reduzir o custo de produção através da melhoria da qualidade Profº Túlio de Almeida Controle de Qualidade I e aumento da produtividade. O preço era determinado pelas empresas conforme indica a fórmula: Preço Custo) do (% Lucro Custo (1) Com a abertura econômica, o consumidor passou a ter alternativas de escolha. No cenário de inserção competitiva, em que o preço é fixado pelo mercado, as empresas passaram a dar prioridade à qualidade e à produtividade para reduzir os custos e, consequentemente, aumentar os lucros. Com o preço fixado pelo mercado, o lucro passou a depender da redução do custo de produção, conforme a fórmula: Custo - Preço Lucro (2) Alta Competitividade O consumidor sempre se preocupa com três condicionantes quando vai comprar um bem de consumo: preço, prazo de entrega e qualidade. Ele quer o produto certo, na hora certa e pelo menor preço. Tanto a qualidade quanto a produtividade são vitais para as indústrias de bens de consumo enfrentarem a concorrência. Por essa razão, como regra geral, as indústrias de bens de consumo (automobilística, eletroeletrônica, têxtil, moveleira, de couros e calçados, de brinquedos, de bebidas, alimentos etc.) e os setores de serviços (bancário, turismo, hotelaria etc.) adotam a Gestão pela Qualidade Total. Da mesma forma que as grandes empresas de base influenciaram as indústrias de bens de capital, a indústria automobilística teve uma enorme influência não só nas indústrias de autopeças, mas em todas as indústrias de bens de consumo. Figura 24 – Ser Competitivo é Equilibrar estas 3 Variáveis 1.5. PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS 1. Como ocorreu a evolução da indústria e principalmente dos métodos de produção? 2. Quais foram as principais correntes de pensamento no que se refere a gestão e controle da produção? 3. Como a qualidade evoluiu ao longo do tempo? 4. Quais foram as Eras da Qualidade? Quais as principais diferenças entre elas? 5. Qual o estado atual da qualidade no mundo? 6. Qual o estado atual da qualidade no Brasil? 6.1. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS [1] TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica. 8ª Edição. 6ª tiragem. São Paulo: Atlas, 1995. [2] OHNO, Taiichi. Sistema Toyota de Produção – Além da Produção em Larga Escala. Bookman. [3] OLIVEIRA, Otávio José. Curso Básico de Gestão da Qualidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014. [4] FERNANDES, Waldir Algarte. O Movimento da Qualidade no Brasil. INMETRO. Essential Publishing, 2011. [5] GARVIN, David. Gerenciando a Qualidade. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992 [6] TODA MATÉRIA. www.todamateria.com.br. Acessado em julho de 2016. [7] HISTÓRIA DO MUNDO. historiadomundo.uol.com.br. Acessado em julho de 2016.
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