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01 A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE

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Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
1. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE QUALIDADE 
A qualidade de produtos, serviços e processos nos dias atuais deixou de ser um diferencial competitivo e 
transformou-se num critério qualificador, passando a ser item obrigatório para as organizações que desejam se 
manter competitivas em mercados dinâmicos como atualmente. 
Ao longo do tempo, o Conceito de Qualidade evoluiu juntamente com a própria indústria, tornando-se parte do 
cotidiano de empresas e principalmente dos clientes, que a cada dia estão mais exigentes. 
 
O que é qualidade para você?
 
1.1. BREVE HISTÓRICO DA INDÚSTRIA 
 
A indústria mudou toda a sociedade ao seu redor e 
posteriormente o mundo. Hoje a globalização quebra 
muitas barreiras da competitividade, fazendo com 
indústrias busquem cada vez mais aprimorar a 
qualidade de seus produtos e processos. Ao longo da 
história é possível observar este movimento de forma 
gradativa, enquanto nos dias atuais, as mudanças 
ocorrem de forma mais rápida e dinâmica. 
 
1.1.1. Trabalhos Artesanais 
 
Até o século XVII, as atividades de produção de bens 
eram desempenhadas por artesãos. Com inúmeras 
especializações e denominações, essa classe 
abarcava praticamente todas as profissões liberais 
então existentes: pintores, escultores, marceneiros, 
vidraceiros, sapateiros, arquitetos, armeiros e assim 
por diante. 
O mestre artesão, proprietário de uma oficina, recebia 
aprendizes, geralmente membros da família ou, então, 
jovens talentosos da região, para estudarem o ofício. 
Estes permaneciam na oficina por um período de até 
quinze anos, aprendendo a dominar as técnicas da 
profissão. Auxiliavam o mestre em seus trabalhos, 
realizando tarefas que eram posteriormente 
inspecionadas com cuidado. Quando suficientemente 
qualificados, eram registrados e poderiam, só então, 
exercer o ofício de forma autônoma. 
 
Figura 1 - Trabalhos Manuais em uma Sapataria 
Observação: Atualmente, as sapatarias ainda 
possuem essa característica “artesã” e o 
conhecimento é passado de geração para geração. 
 
Os artesãos uniam-se em corporações de ofício, que 
tinham finalidade similar à dos atuais sindicatos e 
conselhos profissionais: regulamentar a profissão, 
impedir o seu exercício ilícito e conter a concorrência 
desleal. Para registrar-se, os candidatos ao ofício 
submetiam-se a um exame em que sua habilidade era 
cuidadosamente avaliada. 
Do ponto de vista da qualidade, os bons artesãos 
eram capazes de realizar obras refinadas e de grande 
complexidade e detinham o domínio completo do ciclo 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
de produção, já que negociavam com o cliente o 
serviço a ser realizado, executavam estudos e provas, 
selecionavam os materiais e as técnicas mais 
adequadas, construíam o bem e o entregavam. Cada 
bem produzido era personalizado e incorporava 
inúmeros detalhes solicitados pelo cliente: o número 
de variações é quase ilimitado. 
O padrão de qualidade do artesão era, em geral, muito 
elevado e resultava na plena satisfação do cliente. A 
sua produtividade era, porém, limitada e a competição 
era mantida sob controle pelas corporações de ofício. 
O grande senão do trabalho artesanal era o preço de 
cada peça ou de um serviço, o que limitava o seu 
acesso a uns poucos consumidores privilegiados. 
Essa situação pouco mudaria até meados do século 
XVII, quando o crescimento do comércio europeu 
alavancou o aumento da produção e o surgimento das 
primeiras manufaturas, nas quais um proprietário, em 
geral um comerciante, dava emprego a certo número 
de artesãos que trabalhavam por um salário e a 
produção era organizada sob o princípio da divisão do 
trabalho. 
 
Figura 2 - Arsenal de Guerra da Idade Média e Épocas Anteriores 
Observação: As guerras sempre foram os maiores 
propulsores da tecnologia, desde armamentos 
medievais até as tecnologias que conhecemos hoje. 
 
1.1.2. I Revolução Industrial 
 
A Primeira Revolução Industrial foi gerada pela 
Revolução Comercial, que ocorreu na Europa, entre 
os séculos XV e meados do século XVIII. A expansão 
do comércio internacional e o aumento da riqueza, 
permitiu o financiamento do progresso técnico e a 
instalação de indústrias. 
Na revolução industrial inglesa a principal manufatura 
era a tecelagem de lã. Mas foi na produção dos 
tecidos de algodão que começou o processo de 
mecanização, isto é, da passagem da manufatura 
para o sistema fabril. A matéria prima vinha das 
colônias (Índia e Estados Unidos). Cerca de 90% dos 
tecidos ingleses de algodão eram vendidos no 
exterior, o que teve papel determinante na arrancada 
industrial da Inglaterra. 
A mecanização se estendeu do setor têxtil para a 
metalurgia, para os transportes, para a agricultura e 
para outros setores da economia. Diversos inventos 
revolucionaram as técnicas de produção e alteraram o 
sistema de poder econômico. A grande fonte de 
riqueza deslocou-se da atividade comercial para a 
industrial. 
Quem desenvolvesse a capacidade de produzir 
mercadorias passaria a ter a liderança econômica no 
mundo. E foi isso o que aconteceu com a Inglaterra, 
foi o primeiro país a se industrializar utilizando a 
máquina na produção. 
 
Máquina de Fiar 
 
Que transforma em fios as fibras têxteis de algodão, 
seda e lã, para o fabrico de tecidos. Essa invenção 
revolucionou a técnica de produção, transformando a 
Inglaterra no maior produtor de fios para tecidos. Essa 
invenção substituiu a roca, um dos mais simples e 
antigos instrumentos de fiar. 
 
Figura 3 - Máquina de Fiar de James Hargreaves 
Tear Mecânico 
 
Inventado em 1785, em substituição ao tear manual, 
aumentou de forma considerável a produção de 
tecidos, colocando a Inglaterra na liderança mundial 
da época. 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
 
Figura 4 - Tear Mecânico de Edmund Cartwright 
Máquina a Vapor 
 
Cujo uso na indústria de tecido, nas usinas de carvão 
mineral, na industrialização do ferro, nas embarcações 
(navios a vapor), nas estradas de ferro (locomotiva a 
vapor), entre outras, representou uma revolução no 
transporte de passageiros e cargas. 
 
Figura 5 - Locomotiva à Vapor, Marca da I Revolução Industrial 
Observação: O motor a vapor pode ser considerado 
uma das 5 invenções mais importantes da história. Ele 
foi o precursor dos demais motores e tornou viável a 
produção e a distribuição em larga escala. 
 
Cenário Pós I Revolução Industrial 
 
A invenção de máquinas, o aproveitamento da energia 
calorífica do carvão mineral e sua transformação em 
energia mecânica para fazer funcionar as máquinas 
representaram um grande avanço nas técnicas 
empregadas para a fabricação de mercadorias e, 
consequentemente no aumento da produção. 
A Inglaterra passou, assim, da manufatura para 
a maquinofatura. Produzia e vendia seus produtos 
industriais em todo o mundo, graças, entre outros 
fatores, à expansão do sistema colonial. Dessa forma, 
no século XVIII, o pais tornou-se a maior nação 
capitalizada do mundo, sendo Londres a capital 
financeira internacional. 
1.1.3. II Revolução Industrial 
 
A Segunda Revolução Industrial nasceu com o 
progresso científico e tecnológico ocorrido na 
Inglaterra, França e Estados Unidos, por volta da 
segunda metade do século XIX. 
Entre 1850 e 1950, a busca por descobertas e 
invenções foi longa, o que representou maior conforto 
para o ser humano, e a dependência dos países que 
não realizaram a revolução científica e tecnológica ou 
industrial. O mundo todo passou a comprar, consumir 
e utilizar os produtos industrializados fabricados na 
Inglaterra, França, Estados Unidos, Alemanha, Itália, 
Bélgica e Japão. 
Entre as várias descobertas e invenções realizadas 
durante a Segunda Revolução Industrial estão: 
 novos processos de fabricação do aço, 
permitindo sua utilização na construção de pontes, 
máquinas, edifícios,trilhos, ferramentas etc; 
 desenvolvimento técnico de produção 
da energia elétrica; 
 invenção da lâmpada incandescente; 
 surgimento e avanço dos meios de transporte 
(ampliação das ferrovias seguida das invenções 
do automóvel e do avião; 
 invenção dos meios de comunicação 
(telégrafo, telefone, televisão e cinema); 
 avanço da química, com a descoberta de 
novas substâncias; a descoberta do múltiplo 
aproveitamento do petróleo e seus derivados como 
fonte de energia e lubrificantes; o surgimento 
dos plásticos; desenvolvimento de armamentos como 
o canhão e a metralhadora; a descoberta do poder 
explosivo da nitroglicerina etc; 
 na medicina surgiram os antibióticos, 
as vacinas, novos conhecimentos sobre as doenças e 
novas técnicas de cirurgia. 
 
Figura 6 - Linha de Produção da Ford 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
Observação: A eletricidade foi na época e ainda é uma 
das fontes de energia mais importantes para a 
sociedade moderna, mas a grande invenção da época 
foi a lâmpada incandescente que fez com que as 
fábricas pudessem produzir durante o turno da noite 
aumentando ainda mais os níveis de produção. 
 
1.1.4. Revolução Tecnológica ou Era da 
Informação 
 
A Terceira Revolução Industrial começou em meados 
do século XX, onde a eletrônica aparece como 
verdadeira modernização da indústria. Para alguns 
iniciou-se nos Estados Unidos e em alguns países 
europeus, quando a ciência descobriu a possibilidade 
de utilizar a energia nuclear, do átomo. Para outros, 
seu início foi por volta de 1970, com o descobrimento 
da robótica, empregada na linha de montagem de 
automóveis. Para outro grupo, iniciou-se a partir dos 
anos 1990, com o uso do computador pessoal e a 
internet. 
Muitas invenções e descobertas no campo da ciência 
e tecnologia ocorreram de 1950 até nossos dias. Entre 
elas estão: 
 novas ligas metálicas que permitiram avanços 
na metalurgia e na construção de aeronaves; 
 progresso na eletrônica, permitindo o 
aparecimento da computação e automação no 
processo produtivo; 
 uso da energia atômica para fins pacíficos, 
como a produção de eletricidade (usinas termo 
nucleares), em equipamentos médicos entre outros; 
 desenvolvimento da biotecnologia e 
da engenharia genética; 
 conquista espacial, com a descida do homem 
na Lua, foguetes, estações espaciais, ônibus, satélites 
artificiais, sondas para estudo de planetas e satélites. 
A Terceira Revolução Industrial ganhou destaque a 
partir dos avanços tecnológicos e científicos na 
indústria, mas também abrange progressos na 
agricultura, na pecuária, no comércio e na prestação 
de serviços. Enfim, todos os setores da economia se 
beneficiaram com as novas conquistas produzidas 
através de grandes investimentos empregados nos 
centros de pesquisas dos países desenvolvidos. 
 
Figura 7 - A Informação como Parte dos Sistemas Produtivos e da 
Sociedade 
 
1.2. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO 
DA PRODUÇÃO 
 
1.2.1. Taylorismo 
 
O termo taylorismo deriva do nome do 
engenheiro estadunidense Frederick 
Winslow Taylor, que trabalhou como 
operário e engenheiro em empresas 
industriais nos EUA. Taylor observava 
atentamente os trabalhadores e 
percebeu que havia um controle dos ritmos nos 
processos de trabalho por parte dos operários mais 
experientes. Eram eles ainda que ensinavam aos 
operários novatos o trabalho a se realizar nas fábricas. 
Essa situação concentrava os conhecimentos 
necessários à fabricação de mercadorias nos 
operários mais experientes, que, para diminuir os 
lucros dos patrões, mantinham um ritmo lento de 
produção, além de dar a eles uma autoridade no 
interior das empresas. 
Para romper com essa situação, Taylor buscou ao 
longo de sua vida retirar esse conhecimento – e 
autoridade – sobre o processo de produção dos 
operários. O caminho encontrado foi observar os 
gestos realizados pelos trabalhadores no processo de 
produção das mercadorias, isolá-los e ensiná-los aos 
operários. Dessa forma, ele evitava que os vícios de 
produção e a diminuição do ritmo de trabalho fossem 
ensinados de um operário a outro. Ao isolar os gestos, 
pôde Taylor torná-los mais eficientes, eliminando 
movimentos desnecessários. 
Munidos de cronômetros, Taylor e seus auxiliares 
estipulavam ainda um tempo mínimo para se realizar 
os gestos e produzir, dessa forma, o mais rápido 
possível as partes das mercadorias a que estavam 
incumbidos de fabricar. Frente à resistência dos 
trabalhadores em seguirem essas orientações, Taylor 
buscou estimular os operários com o pagamento do 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
salário de acordo com a quantidade de peças 
produzidas, intensificando o aumento da produtividade 
dos trabalhadores. 
O resultado alcançado por Taylor foi surpreendente, já 
que conseguiu elevar muito a produtividade, 
intensificando ainda a divisão do trabalho, além de 
diminuir o poder dos trabalhadores no interior das 
empresas. Suas experiências foram registradas em 
algumas obras, dentre as quais se destaca o 
livro Princípios de Administração Científica. O livro 
tornou-se referência para os processos de 
racionalização do trabalho em vários setores 
econômicos, já que seu método poderia ser aplicado 
em qualquer setor, desde a construção civil até o 
trabalho em escritórios. 
 
Figura 8 - Imagem do Filme "Tempos Modernos" Estrelado por 
Charles Chaplin 
 
Observação: O Filme criticava os métodos de trabalho 
empregados nas indústrias e o caos que se instalou 
nas cidades britânicas. 
1.2.2. Fordismo 
 
A produção automobilística, antes 
manual e artesanal, passou a ser 
feita em massa por Henry Ford, o 
norte-americano que desenvolveu o 
Fordismo. O empresário criou esse 
sistema de fabricação em massa no 
ano de 1914 para sua indústria e revolucionou a 
indústria automobilística. O processo era baseado em 
uma linha de montagem e tinha como objetivo 
aumentar a produção por meio da eficiência, e 
também reduzir o preço do produto para que fosse 
mais vendido. A baixa do preço era possível, pois 
entre os objetivos do sistema encontrava-se a redução 
dos custos. 
O sistema baseou-se em uma linha de produção. Era 
composto de uma esteira rolante que conduzia os 
automóveis, e cada um de seus funcionários produzia 
uma parte de cada um dos veículos, sem precisar 
mover-se. Isso, além de acelerar o processo, exigia 
menor capacitação dos funcionários, uma vez que só 
precisavam ser treinados para executar uma única 
tarefa, e não a montagem do carro completa. 
O modelo que primeiro foi produzido por Henry Ford 
em sua indústria automotiva foi o Ford Modelo T, que 
ficou conhecido no Brasil como Ford Bigode. 
O sistema afetou não só a indústria automobilística, 
mas todas as outras. Foram construídas rodovias que 
facilitavam a locomoção, além do surgimento de novos 
polos comerciais ao longo delas. 
 
 
Figura 9 - Estoque do Modelo Ford T 
 
Observação: O Fordismo tinha como característica o 
fato de produzir para estocar. Como vantagem, tinha o 
produto em pronta entrega, em contrapartida ficava 
vulnerável ao mercado. 
 
1.2.3. Toyotismo 
 
Toyotismo, ou acumulação flexível, é 
um modo de produção que sucedeu 
o Fordismo a partir da década de 
1970. Esse modelo industrial foi 
aplicado inicialmente no Japão em 
virtude das limitações territoriais 
existentes nesse país, que é 
extremamente dependente da importação de 
matérias-primas e dispõe de pouco espaço para 
armazenar os seus produtos. 
O Toyotismo é caracterizado por romper com o padrão 
fordista de produção em massa, que se destacava 
pela estocagem máxima de matérias-primas e de 
produtos maquinofaturados. Com esse novo modo de 
produção, a fabricação passou a não prezar mais pela 
quantidade, mas pela eficiência: produz-se dentro dos 
padrões para atender ao mercado consumidor, ou 
seja, a produção varia de acordo coma demanda. 
Com isso, foi implantado o sistema just-in-time (em 
tradução literal: “em cima da hora”). Nesse sistema, a 
importação das matérias-primas e a fabricação do 
produto acontecem de forma combinada com os 
pedidos dos consumidores, com prazo de entrega a 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
ser cumprido. Dessa forma, a oferta de produtos 
nunca será maior do que a demanda, o que acarreta 
na diminuição dos produtos em estoque e dos riscos 
da queda de lucros dos investidores. 
À medida que a implantação do sistema toyotista foi 
se ampliando no mundo do mercado industrial, mais 
notória foi a desregulamentação das condições e dos 
direitos trabalhistas. Ao contrário do fordismo, em que 
um trabalhador realizava somente uma única função, 
agora um mesmo trabalhador é responsável por 
funções diversas, executando-as conforme as 
necessidades da empresa. Em razão dessa 
flexibilidade, o toyotismo passou a ser chamado 
também de acumulação flexível. 
 
 
Figura 10 - Linha de Produção Assistida por Computador 
 
Observação: Os japoneses tiveram uma visão 
diferente dos americanos no que se refere ao uso do 
computador. Os americanos pensavam no 
computador como algo que faz o que o homem faz de 
forma mais precisa e mais rápida. Os japoneses 
pensavam no computador como algo que trabalho em 
rede e é capaz de ter uma visão holística (global) que 
nenhum homem é capaz de ter. 
 Visão Americana: Eficiência de um Processo 
 Visão Japonesa: Eficácia do Todo 
 
Algumas Ferramentas e Programas Desenvolvidos 
pelo STP (Sistema Toyota de Produção) 
 
 Just In Time (JIT) 
 Value Streaming Mapping (VSM) 
 Single Minute Exchange of Die (SMED) 
 Total Productive Maintenance (TPM) 
 5S 
 Kaizen 
 Kanban 
 Poka Yoke 
 Jidoka 
 
1.2.4. Volvismo e Novas Tendências 
O Volvismo foi criado por Emti Chavanmco engenheiro 
da Volvo nos anos 60. Nascido na Índia ele se mudou 
com a família para a Suécia por causa da guerra civil 
que acontecia em seu país natal. 
Em linhas gerais, a indústria sueca é caracterizada 
endogenamente altíssimo grau de informatização e 
automação e exogenamente pela forte presença dos 
sindicatos trabalhistas e mão-de-obra altamente 
qualificada. No caso das fábricas da Volvo, é ainda 
marcada por um alto grau de experimentalismo, sem o 
qual talvez não fosse possível ter introduzido tantas 
mudanças. 
 
Figura 11 - Linha de Produção da Volvo (Homens + Robôs) 
 
A Suécia é um país muito organizado, onde os níveis 
de qualidade de vida e educacionais são sempre uma 
referência mundial e a participação social de seu povo 
é muito maior do que nos outros países. Há uma 
participação efetiva dos trabalhadores, pois eles foram 
treinados para fazerem parte de equipes auto 
gerenciáveis, que tem autonomia e conhecimento para 
identificar oportunidades e experimentá-las. Isso faz 
parte de uma filosofia onde os funcionários se 
comportam como verdadeiros donos do negócio, as 
pessoas é que detém o poder e o conhecimento e 
fazem a tecnologia trabalhar a serviço delas e não ao 
contrario. 
A Indústria 4.0 
Nessa visão de futuro, ocorre uma completa 
descentralização do controle dos processos produtivos 
e uma proliferação de dispositivos inteligentes 
interconectados, ao longo de toda a cadeia de 
produção e logística. 
O impacto esperado na produtividade da indústria é 
comparável ao que foi proporcionado pela internet em 
diversos outros campos, como no comércio eletrônico, 
nas comunicações pessoais e nas transações 
bancárias. 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
 
Figura 12 – Características da Indústria 4.0 
 
1.3. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO MUNDO 
 
1.3.1. Primeiros Relatos da Qualidade 
 
Mesopotâmia 
 
A preocupação com a qualidade é antiga, pelo menos 
do ponto de vista do produto. Por exemplo, por volta 
de 2150 a.C., o código de Hamurábi já demonstrava 
uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade 
das habitações produzidas na época, de tal que, se 
um construtor negociasse um imóvel que não fosse 
sólido o suficiente para atender a sua finalidade e 
desabasse, o construtor seria imolado, ou seja, 
sacrificado. 
 
 
Figura 13 – Tábua do Código de Hamurábi 
 
Observação: A localização da Mesopotâmia na 
antiguidade corresponde hoje ao país Iraque. 
 
Fenícia 
 
Os fenícios amputavam a mão do fabricante de 
determinados produtos que não fossem produzidos de 
acordo com as especificações governamentais. 
 
 
Roma Antiga 
 
Já os romanos desenvolveram técnicas de pesquisa 
altamente sofisticadas para a época e as aplicavam 
principalmente na divisão e mapeamento territorial 
para controlar as terras rurais incorporadas ao 
império. Desenvolveram padrões de qualidade, 
métodos de medição e ferramentas específicas para a 
execução destes serviços. 
 
 
Figura 14 – Território de Domínio Romano no Auge do Império. 
 
 
França pós Feudal 
 
Podem-se citar, os avançados procedimentos durante 
o reinado de Luís XIV, que detalhavam critérios para a 
escolha de fornecedores e instruções para a 
supervisão do processo de fabricação de 
embarcações. 
 
Figura 15 – Ilustração de Construção de Embarcação. 
 
 
 
 
 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
1.3.2. As Eras da Qualidade 
 
Era da Inspeção 
 
Este foi um período que se iniciou antes da Revolução 
Industrial, quando a atividade produtiva ainda estava 
nas mãos dos artesãos, mas foi paulatinamente sendo 
modificada em razão, principalmente, das descobertas 
tecnológicas que mudaram o cenário produtivo na 
época. As principais características foram: 
 
 Final do Séc. XVIII e início do Séc. XIX 
 Produtos são verificados um a um 
 Cliente participa da inspeção 
 Inspeção encontra defeitos, mas não produz 
qualidade 
 
Características 
Foco Verificação 
Visão Problema a ser resolvido 
Ênfase Uniformidade do produto (padrão) 
Método Instrumentos de medição e senso 
crítico 
Papel dos 
Profissionais 
Inspeção, classificação, contagem e 
avaliação 
Responsável Departamento de Inspeção 
Orientação Inspeciona a Qualidade 
 
Era do Controle Estatístico 
 
Com a Revolução Industrial verificou-se um 
considerável aumento da atividade industrial 
principalmente em razão da invenção de máquinas e 
equipamentos que deram suporte à criação do 
conceito de linha de produção. Com aprofundamento 
da teoria estatística apoiando o controle de processos, 
somado ao nascimento dos elementos da 
Administração Científica, foi possível o início da era do 
Controle Estatístico. 
As principais características desta era foram: 
 Década de 1930 e 1940 
 Produtos são verificados por amostragem; 
 Um departamento especializado faz a 
inspeção da qualidade; 
 Ênfase na localização de defeitos. 
 
Características 
Foco Controle dos processos 
Visão Problema a ser resolvido 
Ênfase Uniformidade do produto com 
menos inspeções 
Método Ferramentas e Técnicas 
Estatísticas 
Papel dos 
Profissionais 
Solução de problemas e ampliação 
dos métodos de solução 
Responsável Departamento de Fabricação e 
Engenharia 
Orientação Controla a Qualidade 
 
Era da Garantia da Qualidade 
 
Esta era impulsionada pelo grande desenvolvimento 
tecnológico e industrial vivido no período pós-Segunda 
Guerra. Nesta época verificaram-se o 
desenvolvimento de novos materiais, novas formas de 
geração de energia (como a energia nuclear) e a 
oportunidade de aplicação na prática de teorias 
relacionadas à qualidade que ainda não tinham saído 
da cabeça de alguns gurus. 
 Década de 1950 e 1960 
 Reconstrução da Europa: exigência de 
garantia de especificação técnica – criação da ISO; 
 Cumprimento de contrato com clientes- 
garantia de produto conforme amostra fornecida, no 
prazo, instalação, assistência técnica, etc. 
 
Características 
Foco Coordenação 
Visão Problema a ser resolvido que é 
enfrentadopro ativamente 
Ênfase Toda cadeia de produção do 
produto até o mercado consumidor 
Método Programas e Sistemas 
Papel dos 
Profissionais 
Mensuração da Qualidade, 
Planejamento da Qualidade e 
Projeto de Programas 
Responsável Todos os departamentos e a alta 
administração superficialmente 
Orientação Constrói a Qualidade 
 
 
Era da Qualidade Total 
 
Como o incremento das exportações dos produtos 
japoneses, a consolidação das empresas norte-
americanas e o amadurecimento do conhecimento 
sobre gestão da qualidade permitido pela evolução 
das três eras anteriores, o que começou a acontecer a 
partir da Era da Informação (3ª Revolução Industrial), 
criaram-se bases para o surgimento da qualidade 
total. Suas principais características são: 
 Década de 1970 
 Processo produtivo é controlado; 
 Toda a empresa é responsável; 
 Ênfase na prevenção de defeitos; 
 Qualidade assegurada; 
 TQC – Controle Total da Qualidade. 
 
Características 
Foco Impacto Estratégico 
Visão Diferencial Competitivo 
Ênfase Necessidades do Mercado e do 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
Cliente 
Método Planejamento Estratégico, Objetivos 
e Mobilização 
Papel dos 
Profissionais 
Estabelecimento de objetivos, 
educação e treinamento, trabalho 
consultivo, com outros 
departamentos e delineamento de 
programas 
Responsável Todos os departamentos e a alta 
administração fortemente 
Orientação Gerencia a Qualidade 
 
 
1.4. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO BRASIL 
 
1.4.1. A Produção Industrial no Brasil 
 
A Agricultura como Base da Economia 
 
A base da economia brasileira no final do século XIX e 
início do século XX era a agricultura, e o produto-
chave, o café, responsável por mais de 50% do valor 
das exportações. Além do café, exportávamos 
também cacau, açúcar, algodão e borracha, que era a 
matéria-prima essencial nas operações de guerra. 
Com a Primeira Guerra, nossas exportações de café 
caíram bastante e, apesar do aumento das 
exportações da borracha, o Brasil enfrentou séria crise 
financeira, recuperando-se nas décadas de 1920 e 
1930, quando aumentou suas exportações cafeeiras 
que atingiram 69,5% das exportações brasileiras em 
1930. 
 
O Início da Industrialização 
 
Já na segunda metade do século XIX, o Brasil 
começou a industrializar-se, embora sem o apoio do 
governo – interessado na produção agrícola – e de 
forma bastante tímida. 
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), com 
a falta de produtos importados, que não eram mais 
produzidos pela Europa para exportação, o Brasil 
passou realmente a acelerar seu processo de 
industrialização, que começou com a indústria têxtil. 
Quando a crise econômica de 1929 abalou a 
hegemonia do café, o governo adotou uma política 
protecionista para a indústria, apesar da oposição dos 
grandes fazendeiros de café, que preferiam a situação 
anterior, ou seja, a de um país essencialmente 
agrícola. Nessa época, em São Paulo, houve um surto 
industrial que favoreceu a implantação de várias 
fábricas de tecidos, calçados e chapéus. 
 
 
1.4.2. A Qualidade na Indústria Automobilística 
 
A Ford Dá o Ponta Pé Inicial 
 
A Ford Company inaugurou a indústria automobilística 
no Brasil com a fundação, em 24 de abril de 1919, da 
Ford do Brasil. Em 1º de maio daquele ano era 
montado o primeiro carro no País – o Ford modelo T. 
Em 1921, foi instalada pela Ford a primeira linha de 
montagem de veículos em série no Brasil. A General 
Motors, em 1923, também instalou uma linha de 
montagem, mas produzindo somente veículos 
comerciais. 
 
Figura 16 – A 1ª Fábrica da Ford no Brasil. 
 
A mão de obra do setor automobilístico, a exemplo do 
que ocorreu nos Estados Unidos, não era qualificada, 
mas formada por colonos das fazendas de café 
(imigrantes italianos e espanhóis) que, em virtude da 
crise da cultura cafeeira, a partir de 1930, começaram 
a migrar para a capital paulista à procura de emprego. 
 
Queda nas Importações como Motivação 
 
A crise econômica do café desestimulou o 
crescimento das importações de veículos e não 
permitiu também que fossem criadas as condições 
para o desenvolvimento da produção de automotores 
no Brasil. 
Não havia indústria siderúrgica e as metalúrgicas 
estavam voltadas para a produção de peças de 
reposição das máquinas da indústria têxtil, máquinas 
de beneficiar café, equipamentos de usinas de açúcar, 
implementos agrícolas e utensílios domésticos, entre 
outros produtos simples. As máquinas e equipamentos 
mais sofisticados eram importados, inclusive as 
locomotivas, que eram essenciais para o escoamento 
do café, nossa principal riqueza naquela época. 
Com a Segunda Guerra Mundial cessaram as 
importações de veículos. Como não havia peças de 
reposição, surgiram as pequenas oficinas artesanais, 
que deram origem ao setor nacional de autopeças. 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
Com o fim da guerra, a febre de importações de 
veículos, decorrente de demanda por longo tempo 
reprimida, gerou, em 1947, um desequilíbrio da 
balança de pagamentos. Com isso, o governo 
restringiu as importações e passou a pensar em 
soluções mais duradouras e definitivas para o 
problema de reposição da frota de veículos. Nos 
cinquenta primeiros anos da indústria automobilística, 
o Brasil foi um mero importador, realizando apenas 
atividades simples de montagem e produção de peças 
e componentes para a reposição da frota. Começou a 
surgir, então, a ideia de que o País deveria ter sua 
indústria automobilística. A disposição de implantá-la 
ocorreu no Governo de Getúlio Vargas (1951-1954), 
quando foram empreendidos os esforços para a 
criação de uma indústria de base (CSN, Petrobras 
etc.). 
 
O Início do Desenvolvimento 
 
O Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), 
incorporando algumas das políticas e diretrizes 
delineadas no Período Vargas, deu um passo decisivo 
para a industrialização no Brasil, com a criação, em 
1956, do Grupo Executivo da Indústria Automobilística 
(GEIA). 
Os lemas “queimar etapas” e “50 anos em 5”, 
inseridos no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, 
propunham implicitamente ao país a entrada direta no 
sistema de produção em massa, sem passar, 
portanto, pelo sistema artesanal utilizado no início do 
século para a produção automobilística. O Plano 
estabeleceu metas para a nacionalização da 
produção, acompanhado do fechamento do mercado 
às importações. Cinquenta anos depois do advento da 
produção em massa na indústria automobilística, o 
Brasil finalmente incorporou-se a esse padrão 
produtivo, provando que é possível transpor 
obstáculos entre o Primeiro e o Terceiro Mundo. Em 
cinco anos (1956-1961), as indústrias automobilísticas 
que chegaram ao Brasil realizaram investimentos e 
passaram a produzir os veículos em suas novas 
instalações fabris brasileiras. 
O segredo da produção em massa está na 
intercambiabilidade das peças e na facilidade de 
ajustá-las entre si. Uma vez que a intercambiabilidade 
depende de um rígido controle da qualidade na 
fabricação das peças e componentes, a indústria 
automobilística estabeleceu controles para assegurar 
que os seus fornecedores tivessem um rígido sistema 
de garantia da qualidade. 
No início da década de 90 do século XX, devido à falta 
de concorrência, a qualidade dos carros brasileiros era 
bem inferior à dos produzidos na Europa, Japão e 
Estados Unidos. Os carros nacionais eram 
considerados “verdadeiras carroças” e afirmava-se, na 
época, que isso só seria superado quando houvesse a 
abertura do mercado para forçar o aumento da 
qualidade, produtividade e competitividade dos 
produtos nacionais. 
 
 
Figura 17 – Modelo BR 800X, Exemplo de Automóvel Totalmente 
Nacional Produzido pela Gurgel. 
 
Nos Dias Atuais 
 
Exposta à competição internacional, hoje, a indústria 
automobilística atingiu um padrão de qualidade classe 
mundial, e osseus produtos são iguais ou superiores 
aos similares importados. Utiliza modernos métodos 
de gestão com o objetivo de aprimorar continuamente 
a qualidade dos seus produtos e aumentar a 
produtividade para uma maior competitividade no 
mercado interno e internacional. 
A indústria automobilística desempenhou um papel 
fundamental na formação de uma cultura da qualidade 
na indústria brasileira, cultura que foi absorvida, 
sobretudo, pelas principais indústrias de bens de 
consumo duráveis. 
 
Figura 18 – Algumas das Principais Montadoras Instaladas no Brasil 
Atualmente. 
 
 
1.4.3. A Qualidade na Indústria de Base e de 
Bens de Capital 
 
As Primeiras Indústrias de Base no Brasil 
As primeiras preocupações com a qualidade dos 
equipamentos, visando à segurança pessoal e 
operacional, surgiram na Indústria Siderúrgica, de 
Petróleo e Petroquímica. 
Durante a Segunda Guerra Mundial, foi construída e 
montada, como prioridade de esforço de guerra, a 
Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, 
Rio de Janeiro. Em 1953, com a Lei 2004, foi criada a 
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Controle de Qualidade I 
 
Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras), com o objetivo de 
tornar o País autossuficiente em petróleo. Esses dois 
grandes empreendimentos serviram de base para o 
desenvolvimento industrial do Brasil e integravam o 
plano da construção nacional, que priorizava a criação 
de infraestrutura para o crescimento sustentado do 
País. 
 
Figura 19 – A Companhia Siderúrgica Nacional, um dos Principais 
Fatores que Impulsionaram o Desenvolvimento Industrial Brasileiro 
 
No início dos anos 1960, por iniciativa e incentivo da 
Petrobras, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e 
Biocombustíveis (IBP) criou a primeira de uma série 
de Comissões Técnicas: a Comissão de Inspeção de 
Equipamentos. Pioneira no movimento pela qualidade 
no Brasil, essa Comissão, por meio de cursos, 
seminários e congressos, promoveu a formação de 
uma cultura de qualidade em todos os estágios 
evolutivos: inspeção, controle da qualidade, garantia 
da qualidade e gestão da qualidade. A Comissão de 
Inspeção de Equipamentos até hoje reúne técnicos 
especialistas em inspeção de toda a indústria do 
petróleo e petroquímica do Brasil para tratar de 
assuntos relativos à qualidade. 
 
 
Figura 20 – Movimento “O Petróleo é Nosso!”. Um dos Marcos da 
Criação da Petrobrás. 
 
No caso particular da indústria do petróleo e 
petroquímica, a preocupação com a qualidade dos 
equipamentos das unidades operacionais está ligada 
aos aspectos de segurança das pessoas, do meio 
ambiente e dos equipamentos. Além disso, utiliza 
sistemas de gestão da qualidade para a melhoria 
contínua dos seus produtos, visando à satisfação dos 
seus clientes. 
O movimento da qualidade nas indústrias nucleares, 
de energia elétrica, de petróleo e petroquímica que 
começou com ênfase na inspeção de equipamentos 
evoluiu para controle da qualidade, garantia da 
qualidade, sistemas de gestão da qualidade, e hoje já 
adota os sistemas integrados de gestão – integrando 
Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde 
Ocupacional e Responsabilidade Social. 
 
A Normalização e a Certificação nas Indústrias 
Brasileiras 
 
No Brasil, as primeiras empresas que entraram em 
contato com normas de requisitos de garantia da 
qualidade, no início da década de 1970, foram as 
fornecedoras do setor nuclear que, em virtude das 
exigências regulatórias e contratuais das Indústrias 
Nucleares do Brasil S.A. (INB) – ex-Nuclebras –, 
foram obrigadas a se adaptar às rigorosas normas 
daquele setor para a implementação dos Programas 
de Garantia da Qualidade. 
 
Figura 21 – Atuais Instalações da INB em Resende - RJ 
 
Em 1978, para a construção da Refinaria Henrique 
Laje – Revap, a Petrobras passou a exigir de seus 
fornecedores, por meio de diretrizes contratuais, a 
implantação de sistemas de garantia da qualidade, 
baseados no código nuclear americano 10-CFR-50 e 
adaptados às particularidades da indústria do petróleo. 
Os requisitos do código 10-CFR-50 foram logo 
substituídos pelas normas canadenses de garantia da 
qualidade Z-299, mais adequadas à indústria do 
petróleo. As normas Z-299, em 1987, serviram de 
fundamento para a elaboração das Normas ISO 9000. 
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Controle de Qualidade I 
 
Pouco tempo depois, no início da década de 1980, 
para viabilizar a produção de petróleo na Bacia de 
Campos, a Petrobras enfrentou o desafio de fabricar e 
instalar, em curto prazo, sete plataformas de grande 
porte. O alto investimento e os riscos para o meio 
ambiente e segurança industrial levaram a Petrobras, 
por meio de diretrizes contratuais, a exigir de seus 
fornecedores a implantação de Sistemas de Garantia 
da Qualidade baseados nas normas canadenses Z-
299. 
A aplicação das normas canadenses Z-299 permitiu 
que as sete primeiras plataformas da Bacia de 
Campos fossem projetadas, construídas e instaladas 
por empresas brasileiras de engenharia e por 
fabricantes de bens de capital, rigorosamente dentro 
do curto prazo previsto no planejamento inicial. 
Quando as Normas ISO 9000 ainda estavam em fase 
de votação, a Petrobras adaptou suas diretrizes 
contratuais às exigências dessas normas, incluindo as 
especificidades do setor petrolífero. Tal procedimento 
foi adotado por indústrias automobilísticas 
americanas, que editaram as QS 9000, contendo, 
além dos requisitos das Normas ISO 9000, os 
requisitos específicos da indústria automobilística. Em 
2004, as normas QS 9000 foram substituídas pela 
ISO/TS 16949:2004. 
Outros setores da economia, como telecomunicações, 
aeronáutica, aeroespacial e petróleo começaram a 
usar as Normas ISO 9000, à semelhança do setor 
automobilístico, como fundamento para programas de 
qualificação de fornecedores. 
Em 2003, foi editada a ISO/TS 29001:2003, uma 
norma específica para requisitos de sistemas de 
gestão da qualidade de organizações fornecedoras de 
produtos e serviços para as indústrias de petróleo, 
petroquímica e gás natural. Outras empresas estatais, 
principalmente do setor elétrico, como Eletrobrás e 
CESP, seguindo o exemplo da Petrobras, passaram a 
exigir dos seus fornecedores Sistemas de Garantia da 
Qualidade em conformidade com as Normas ISO 
9000. Em função dessas exigências, as primeiras 
empresas que conseguiram certificações baseadas 
nas normas ISO 9000 no Brasil foram as dos setores 
de petróleo, petroquímico e elétrico. 
 
Nos Dias Atuais 
 
No Brasil, as indústrias de bens de capital, que têm 
como particularidade a produção por encomenda, 
sofreram grande influência, na área da qualidade e de 
tecnologia, das grandes empresas dos setores 
nuclear, elétrico, petroleiro e petroquímico, siderúrgico 
e de telecomunicações. Nessas indústrias, como regra 
geral, prevalecem os sistemas de gestão da 
qualidade. 
 
Figura 22 – Selo de Certificação ISO 9001 
 
Observação: certificações não só de qualidade, mas 
outras como ISO 14000 (Meio Ambiente) e OHSAS 
18000 (Higiene, Saúde e Segurança do Trabalho), 
deixaram de ser um diferencial competitivo e 
passaram a ser obrigatórias para indústrias de base 
poderem fornecer em nível nacional e principalmente 
internacional. 
 
1.4.4. A Qualidade na Indústria de Bens de 
Consumo 
 
Na área de bens de consumo, a preocupação com a 
qualidade surgiu com a necessidade de melhorar a 
produtividade e aumentar a competitividade das 
empresas. 
 
 
Figura 23 – O 3º Setor Lidando Direto com o Cliente. Exemplo de 
uma Loja de Eletrodomérticos. 
 
A Abertura da Economia 
 
Antes da abertura da economia brasileira, ocorrida no 
início da década de 1990, como não havia 
concorrência externa, atribuía-se pouca importância à 
produtividade, pois os preços eram determinados a 
partir dos custos de produção. 
Conforme Werneck, Dorothea (1992): 
no cenário de substituição de importação, vigente nopaís até o final da década de 80, o preço era 
determinado pelas empresas fornecedoras que 
incluíam ao custo de produção a margem de lucro que 
desejavam, pois não havia concorrência externa. 
Quanto maior o custo de produção, maior seria o 
lucro. Portanto, sem a concorrência externa, não havia 
nenhum interesse, por parte das empresas, em reduzir 
o custo de produção através da melhoria da qualidade 
Profº Túlio de Almeida 
Controle de Qualidade I 
 
e aumento da produtividade. O preço era determinado 
pelas empresas conforme indica a fórmula: 
Preço Custo) do (% Lucro Custo  (1) 
Com a abertura econômica, o consumidor passou a 
ter alternativas de escolha. No cenário de inserção 
competitiva, em que o preço é fixado pelo mercado, as 
empresas passaram a dar prioridade à qualidade e à 
produtividade para reduzir os custos e, 
consequentemente, aumentar os lucros. Com o preço 
fixado pelo mercado, o lucro passou a depender da 
redução do custo de produção, conforme a fórmula: 
Custo - Preço Lucro  (2) 
 
Alta Competitividade 
 
O consumidor sempre se preocupa com três 
condicionantes quando vai comprar um bem de 
consumo: preço, prazo de entrega e qualidade. Ele 
quer o produto certo, na hora certa e pelo menor 
preço. Tanto a qualidade quanto a produtividade são 
vitais para as indústrias de bens de consumo 
enfrentarem a concorrência. Por essa razão, como 
regra geral, as indústrias de bens de consumo 
(automobilística, eletroeletrônica, têxtil, moveleira, de 
couros e calçados, de brinquedos, de bebidas, 
alimentos etc.) e os setores de serviços (bancário, 
turismo, hotelaria etc.) adotam a Gestão pela 
Qualidade Total. 
Da mesma forma que as grandes empresas de base 
influenciaram as indústrias de bens de capital, a 
indústria automobilística teve uma enorme influência 
não só nas indústrias de autopeças, mas em todas as 
indústrias de bens de consumo. 
 
Figura 24 – Ser Competitivo é Equilibrar estas 3 Variáveis 
 
1.5. PERGUNTAS A SEREM RESPONDIDAS 
 
1. Como ocorreu a evolução da indústria e 
principalmente dos métodos de produção? 
2. Quais foram as principais correntes de 
pensamento no que se refere a gestão e controle 
da produção? 
3. Como a qualidade evoluiu ao longo do tempo? 
4. Quais foram as Eras da Qualidade? Quais as 
principais diferenças entre elas? 
5. Qual o estado atual da qualidade no mundo? 
6. Qual o estado atual da qualidade no Brasil? 
 
6.1. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS 
 
[1] TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de 
Administração Científica. 8ª Edição. 6ª tiragem. São 
Paulo: Atlas, 1995. 
[2] OHNO, Taiichi. Sistema Toyota de Produção – 
Além da Produção em Larga Escala. Bookman. 
[3] OLIVEIRA, Otávio José. Curso Básico de Gestão 
da Qualidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014. 
[4] FERNANDES, Waldir Algarte. O Movimento da 
Qualidade no Brasil. INMETRO. Essential Publishing, 
2011. 
[5] GARVIN, David. Gerenciando a Qualidade. 2ª 
Edição. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992 
[6] TODA MATÉRIA. www.todamateria.com.br. 
Acessado em julho de 2016. 
[7] HISTÓRIA DO MUNDO. 
historiadomundo.uol.com.br. Acessado em julho de 
2016.

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