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DIREITO CONSTITUCIONAL II - AULA 9 - PARTIDOS POLÍTICOS

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Direito Constitucional II
PARTIDOS POLÍTICOS
Prof. Glauber Coelho Carvalho
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DISPOSITIVO CONSTITUCIONAL 
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes preceitos:         Regulamento
I - caráter nacional;
II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou de subordinação a estes;
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral;
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei.
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de disciplina e fidelidade partidária.         (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
§ 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
Conceitos Iniciais
Os partidos políticos são pessoas jurídicas de direito privado, cuja existência começa com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro. Após adquirirem personalidade jurídica, as agremiações devem registrar seus estatutos no TSE.
A CF assegura liberdade de criação, fusão, incorporação e extinção dos partidos políticos, independentemente de autorização por parte do Estado.
Os partidos políticos devem respeito à soberania nacional, ao regime democrático, ao pluripartidarismo e aos direitos fundamentais.
Além do mais, alguns requisitos devem ser observados, tais como: devem ter caráter nacional e funcionamento parlamentar de acordo com a lei (a lei 9.096/95 – dispõe sobre os partidos políticos), ainda, devem prestar contas à Justiça Eleitoral e estão proibidos de receber recursos financeiros de entidade ou governos estrangeiros ou de se subordinar a estes (art. 17).
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Partidos Políticos podem receber recursos de Pessoas Jurídicas?
Por considerar inadequado ao regime democrático em geral e à cidadania, em particular, o Supremo declarou a inconstitucionalidade do modelo de autorização de doações em campanhas eleitorais por pessoas jurídica. O Plenário consignou que as modalidades de exercício da cidadania, quais sejam: o direito de votar e ser votado, bem como de influir na formação da vontade política, são inerentes ao ser humano e, sendo assim, a participação das pessoas jurídicas no processo eleitoral somente o encareceria, sem oferecer, em contrapartida, uma ampliação e melhora do debate.
Na verdade, a excessiva participação do poder econômico no processo político desequilibraria a competição eleitoral, a igualdade política entre candidatos, de modo a repercutir na formação do quadro representativo (ADI 4.650/DF)
DAS COLIGAÇÕES PARTIDÁRIAS
O TSE utilizando como fundamento o caráter nacional dos partidos políticos instituiu a regra da verticalização.
Nos termos da Resolução 21.002/02 (a regra não se aplicava aos municípios, que podiam formar coligações partidárias diferenciadas) os partidos políticos que ajustassem coligação pra eleição de Presidente da República não poderiam formar coligações para eleição de Governador, Senador e Deputado com outros partidos políticos que tivesse, isoladamente ou em aliança diversa, lançado candidato à eleição presidencial.
Contudo, em 2006, por meio da EC/52 alterou-se o dispositivo constitucional, prevendo nova regra, que privilegiava os partidos políticos, ou seja, não havia obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital e municipal.
Por fim, adveio a EC/97, em 2017, que manteve o fim da verticalização, contudo, vedou a celebração de coligações partidárias nas eleições proporcionais, regra que será aplicada pela primeira vez, nestas eleições de 2020, tendo em vista a observância a regra da anualidade. 
Essa modificação ocorre objetivando uma redução do número das legendas partidárias. Pois, a regra era que os partidos de menor expressão uniam-se a outros para aumentar sua força, sendo que parlamentares eram eleitos aproveitando-se das sobras dos votos dos outros partidos eventualmente unidos em uma disputa. 
CLÁSULA DE BARREIRA
	Conceito	Traduz-se em norma impeditiva ou restritiva da atuação parlamentar de partidos políticos que não conseguirem alcançar determinado percentual de votos e/ou eleger determinado número de parlamentares.
	Crítica	Haveria diminuição da representatividade política e as opções ideológicas à disposição do eleitor, suprimindo partidos com posições políticas marcantes, mas com desempenho insuficiente.
	Argumento Favorável	A cláusula proporciona melhores condições de governabilidade, além de reduzir a pressão pela compra de apoio parlamentar e a criação de legendas de aluguel.
O §3º DO ART. 17 DA CF
O dispositivo constitucional mencionado estabelece as regras para que os partidos políticos tenha acesso ao recursos do fundo partidário e a propaganda gratuita no rádio e na TV, sendo que serão aplicadas a partir das eleições de 2030 (daqui 10 anos). Nos pleitos anteriores será seguida a seguinte regra de transição:
Na legislatura seguinte às eleições de 2018:
Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos nove Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação;
Na legislatura seguinte às eleições de 2022:
Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2% (dois por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1% (um por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos onze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação;
Na legislatura seguinte às eleições de 2026:
Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos que:
a) obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 2,5% (dois e meio por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 1,5% (um e meio por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
b) tiverem elegido pelo menos treze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.
Na legislatura seguinte às eleições de 2030:
Terão acesso aos recursos do fundo partidário e à propaganda gratuita no rádio e na televisão os partidos políticos que:
I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos válidos em cada uma delas; ou
II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em pelo menos um terço das unidades da Federação.
FUNDO PARTIDÁRIO
Trata-se de um Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos que tenham seu estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral e prestação de contas regular perante a Justiça Eleitoral.
O “Fundo Partidário” é constituído por dotações orçamentárias da União, multas, penalidades, doações e outros recursos financeiros previstos noart. 38 da Lei nº 9.096/95.
Os valores contidos no Fundo Partidário são repassados aos partidos políticos por meio de um cálculo previsto no art. 41-A, da Lei nº 9.096/95.
Consiste na principal fonte de verbas dos partidos.
Para que serve o dinheiro do fundo partidário?
Segundo o art. 44 da Lei nº 9.096/95, os recursos oriundos do Fundo Partidário serão utilizados pelos partidos políticos para:
I - manutenção das sedes e serviços do partido, permitido o pagamento de pessoal, a qualquer título, observado neste último caso o limite máximo de 50% (cinquenta por cento) do total recebido;
II - a propaganda doutrinária e política;
III - o alistamento e campanhas eleitorais;
IV - a criação e manutenção de instituto ou fundação de pesquisa e de doutrinação e educação política, sendo esta aplicação de, no mínimo, vinte por cento do total recebido.
V - a criação e manutenção de programas de promoção e difusão da participação política das mulheres conforme percentual que será fixado pelo órgão nacional de direção partidária, observado o mínimo de 5% (cinco por cento) do total.
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FIDELIDADE PARTIDÁRIA
FIDELIDADE PARTIDÁRIA é o compromisso de lealdade entre o parlamentar e o partido, impõe o dever de cumprimento integral do mandato na legenda pelo qual foi eleito, sob pena de perda do mandato, salvo nas hipóteses juridicamente permitidas. 
O TSE assegurou aos partidos políticos e às coligações partidárias o direito de preservar a vaga obtida pelo sistema proporcional (Deputados e Vereadores), quando, sem justa causa, houver pedido de cancelamento de filiação partidária ou de transferência do candidato eleito por um partido para legenda diversa, decisão esta que foi também aplicada pelo STF (MS 26.603).
Conforme a jurisprudência do STF a vaga do titular do mandato parlamentar pertence à coligação e não aos partidos políticos (MS 30260/DF e 30272/MG).
Além do mais, importante destacar que em relação aos cargos de presidente, governador, prefeito e senador, por ter a eleição lógica e dinâmica diversas do sistema proporcional, o STF fixou a tese de que a perda do mandato em razão da mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário, sob pena de violação da soberania popular e das escolhas feitas pelo eleitor (ADI 5081).
SISTEMAS ELEITORAIS
Os sistemas eleitorais são técnicas e procedimentos utilizados na realização das eleições, ou seja, na transformação da vontade popular em mandato. Os dois sistemas básicos existentes são o majoritário e o proporcional.
O sistema majoritário é o mais antigo e simples. Por ele, são eleitos, num determinado território, os candidatos que obtiverem o maior número de votos. Seu traço característico é o princípio majoritário, que exige maioria absoluta, ou seja, que o candidato obtenha mais de 50% dos votos para ser eleito, sob pena de se realizar 2º turno.
Esse sistema, por expressa previsão constitucional, é adotado para as eleições dos cargos do Poder executivo: Presidente da República, Governador de Estado e do DF, Prefeito de município com mais de 200mil eleitores.
A maioria relativa (simples), por sua vez, é aquela que se exige do candidato, apenas que obtenha o maior número de votos. Há apenas um turno. Se aplica às eleições para Prefeito (até 200mil) e para o Senado.
SISTEMA PROPORCIONAL
O sistema proporcional, utilizado nas eleições para o legislativo, tem como principal finalidade permitir que todos os partidos sejam representados no Parlamento na proporção mais próxima possível do número de votos obtidos. 
No Brasil o sistema proporcional é usado nas eleições para a Câmara dos Deputados, Assembleias Legislativas, Câmara Legislativa e Câmaras Municipais.
O cálculo para a distribuição das cadeiras leva em conta a votação total na legenda, em seguida, para definição das candidaturas individuais passa-se por um sistema de listas, sendo que no nosso país é adotado o sistema de lista aberta, ou seja, permite que a escolha, pelos eleitores, de um candidato dentre os vários integrantes da lista, pois, em um primeiro momento o número de votos dado aos candidatos e à legenda é computado para o cálculo do número de cadeiras de cada partido ou coligação e, em seguida, o número de votos nominais recebidos pelos candidatos é considerado para definir a ordem dos eleitos.

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