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DIREITO CONSTITUCIONAL II - AULA 10 - PODER LEGISLATIVO

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Direito Constitucional II
PODER LEGISLATIVO
Prof. Glauber Coelho Carvalho
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CONCEITOS INICIAIS
Nos moldes desenvolvidos pelo constitucionalismo, no decorrer dos tempos, os Poderes não apresentam apenas funções típicas, mas também funções atípicas. A nossa atual Constituição segue essa linha de raciocínio, sendo que o Poder Legislativo tem como atribuições típicas as funções de legislar e fiscalizar.
Assim, cabe ao Legislativo, precipuamente, a elaboração de atos normativos primários, bem como fiscalizar a aplicação dos recursos públicos e a atuação das mais diversas autoridades, tendo, inclusive poderes de criar CPI, bem como de convocar titulares de órgãos diretamente vinculados à Presidências da República para que prestem esclarecimentos pessoalmente sobre assunto previamente determinado, sendo que em caso de recusa ou ausência injustificada, responderão por crime de responsabilidade (art. 50 CF).
As funções atípicas dizem respeito às funções administrativas de organização das casas (art. 51, IV e 52, XIII) e funções judiciárias, como por exemplo julgamento, por crimes de responsabilidade, do Presidente da República e dos Ministros do STF (art. 52, I e II).
O Poder Legislativo é tratado na Constituição Federal nos artigos 44 até o 75.
Estrutura e a composição do Poder Legislativo
O Poder Legislativo Federal é representado pelo Congresso Nacional (CN), seguindo o modelo de bicameralismo federativo (art. 44 a 46); Por outro lado nos Estados, DF e municípios o modelo é o unicameral (Assembleia e Câmara Legislativa ou Câmara de Vereadores).
O Congresso Nacional é formado por duas casas: Câmara dos Deputados (CD) e o Senado Federal (SF). Portanto, como são duas casas, ou melhor, duas câmaras, se fala em bicameralismo.
Uma das casas representa o povo (CD)
A outra representa a Federação (SF), mais precisamente, os Estados e o DF.
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CÂMARA DOS DEPUTADOS
A CD é a casa que representa o povo, sendo composta pelos deputados federais (idade mínima de 21 anos; exercem mandato de 4 anos – 1 legislatura; são eleitos pelo sistema proporcional).
Lembrando da aula anterior, como os Deputados Federais são eleitos pelo sistema proporcional, caso alterem seu partido no curso do mandato, sem motivo justificado, perde seu mandato (STF – MS 26.602).
Na Câmara dos Deputados, haverá no mínimo de 8 e o máximo de 70 deputados por unidade da federação, perfazendo um total de 513 deputados.
Vale lembrar que caso existisse território federal este seria representado por 4 (quatro) deputados.
Com relação ao número de deputados por Estado da Federação será feito um cálculo proporcional a população do Estado, quanto mais populoso, mais representantes.
O cálculo é feito no ano anterior à eleição, sendo publicada lei complementar, que será reajustada quando necessário para manter a proporcionalidade com relação à população.
Em algumas oportunidades a CD tendo delegar tal atribuição ao TSE, tendo o STF declarada inconstitucional as resoluções expedidas nesse sentido.
SENADO FEDERAL 
O SF é casa que representa os Estados e o DF. Note que, apesar de representar a Federação, o Senado não representa os municípios (imagine o quão difícil seria eleger senadores para os mais de 5mil municípios brasileiros).
Território não elege senador porque não é ente federado, território é mera descentralização administrativa da União.
O SF é composto por 81 senadores (3 pelo respectivo ente), todos com pelo menos 35 anos; exercendo mandato por 8 anos (duas legislaturas); eleitos pelo sistema majoritário simples (um turno de votação e maioria simples).
A renovação do Senado é feita a cada 4 anos, pelo critério 1/3 e 2/3, sendo cada senador eleito com 2 suplentes (art. 46).
Importante relembrar que a perda de mandato em razão da mudança de partido não se aplica aos candidatos eleitos pelo sistema majoritário (ADI 5081).
Competências do Congresso Nacional 
A CF traz as principais competências do CN nos artigos 48 e 49, sendo certo que tanto a Câmara dos Deputados quanto o Senado Federal possuem suas próprias competências.
Galerinha aqui um aviso esse treco de competência é realmente muito chato!! E pura decoreba!!! Vou tentar dar algumas dicas pra deixar o tema mais leve, mas não tem jeito: para provas objetivas tem que ler, reler “treler” os dispositivos.
O art. 48 estabelece Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República.
Ex: Compete ao CN fixar e modificar o efetivo das Forças Armadas.
JÁ o art. 49 disciplina: É competência exclusiva do Congresso Nacional:
Da leitura do dispositivo podemos afirmar que no artigo 48 estão competências exercidas pelo CN que contam com a participação do Presidente da República, sendo sempre exteriorizada sempre por meio de lei.
Por outro lado, as competências previstas no art. 49 não são exercidas com a participação do Presidente da República. Logo fica fácil concluir que não serão exercitadas por meio de lei, o ato legislativo aqui será o decreto-legislativo.
Ex: Compete ao CN sustar os atos do Poder Executivo que excedam o poder regulamentar ou os limites da delegação legislativa.
COMPETÊNCIA DA CD
As competências da CD não são um rol extenso. Se resumindo a cinco incisos. Vamos ler um a um.
A gente conversou há pouco sobre a questão das competências do Congresso Nacional.
Pois bem. No caso da competência da CD estas não são exteriorizadas por meio de lei.
Mas, também não serão regidas por Decreto-Legislativo, pois, este ato diz respeito aos atos emanados somente pelo CN (necessita da aprovação por ambas casas legislativas).
No caso da CD as competências são instrumentalizadas por resolução.
Exceção: art. 51, IV, pois, a fixação da remuneração depende de fixação por meio de lei observados os parâmetros da LDO. 
EM RESUMO: as competências privativas (art. 51) são exercidas sem participação do PR, sem participação do SF, materializadas por RESOLUÇÃO, a exceção do art. 51, IV, parte final.
COMPETÊNCIA DO SENADO FEDERAL
Ao contrário da CD o SF possui um rol extenso de competências (15 incisos), que para facilitar a compreensão dividiremos em 3 tópicos para facilitar o entendimento.
Além do mais vou passar algumas dicas:
Você sabendo as atribuições da CD com relação à organização saberá a do SF, pois são idênticas, reguladas por resolução.
Vamos dividir as competências nos seguintes tópicos: A) Julgamento de autoridades; B) Aprovação de nomeação de autoridades (III, IV e XI); C) autorização de operações financeiras e fixar montante de dívidas (V, VI, VII, VIII, IX e XV).
DO JULGAMENTO DE AUTORIDADES
No âmbito do Poder Legislativo, só quem julga pessoas é o SENADO FEDERAL. Esse julgamento de pessoas não ocorre pela prática de crimes comuns (como p. ex. homicídio ou roubo), mas, apenas nas hipóteses de crimes de responsabilidade (será nossa última matéria do semestre, quando estudarmos processo de impeachment).
As AUTORIDADES JULGADAS PELO SF serão: Presidente e Vice-Presidente da República; Ministros de Estado e Comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica nos crimes de responsabilidade conexos com o do PR ou do vice-PR; Ministros do STF; membros do CNJ e do CNMP; PGR e AGU.
ATENÇÃO: Caso os ministros ou comandantes pratiquem crimes de responsabilidade sozinhos, serão julgados pelo STF (PET nº 1.656-4)
ATENÇÃO2: O SF só julga pessoas, já o CN julga as contas do Presidente da República (art. 49, IV).
APROVAÇÃO DE NOMEAÇÃO DE AUTORIDADES
Algumas autoridades nomeadas pelo Presidente da República para os cargos de maior relevâncias devem ter a nomeação autorizada pelo SF e isso é comumente chamado de SABATINA.
Por meio da sabatina, o SF irá verificar se a autoridade tem condições de realmente assumir o cargo relevante previsto, podendo a sabatina ocorrer de duas formas: A) voto secreto e sessão secreta: voto e sabatina serão secretas; B) voto secreto e sessão pública: cada senador vota de forma secreta e a sabatina é pública.
SESSÃO SECRETA E VOTO SECRETO serão somente para chefes de missão diplomática de caráter permanente.
Os cargos a seguir são todos desessão pública: A) magistrados (ministros STF, STJ, TST, STM); B) ministros do TCU (3 membros); C) Governador de território; D) Presidente e Diretor do BC; E) PGR (tanto a nomeação quanto a exoneração antes do término do mandato que é de 2 anos); F) titulares de outros cargos que a lei determinar (a lei pode criar novas hipóteses de sabatina para os cargos relativos às autarquia e as fundações públicas).
ATENÇÃO 1: Lei pode condicionar a nomeação de presidente ou diretor de autarquia ou fundação pública, que são pessoas jurídicas de direito público (ADI 2225).
ATENÇÃO 2: Lei não pode condicionar a nomeação de presidente ou diretor de empresa pública ou sociedade de economia mista, pois são pessoas jurídicas de direito privado (ADIs 1281, 1642 e 2225).
Autorizar operações financeiras
As operações financeiras capazes de trazer encargos aos entes federados são, como regra, autorizadas pelo SF.
Ademais, compete ao Senado a avaliação do Sistema Tributário Nacional e o desempenho das administrações tributárias da União, Estados, DF e municípios.
Atenção: Estabelecer os limites globais e condições para o montante da dívida mobiliárias dos Estados, DF e municípios é matéria tratada por resolução do SF.
Agora tratar sobre moeda, os limites da emissão de moeda, bem como o montante da dívida mobiliária federal é competência privativa do CN, que será exercida por meio de LEI.
PARA CASA 10
Já ouviram falar sobre mutação constitucional? E sobre abstrativização do controle de constitucionalidade? Realize pesquisa e responda se houve mutação constitucional do art. 52, X, da CF.
Não entendeu nada da pergunta? Pois é, pesquise que vai aprender. 
Valor 1 ponto.
DO FUNCIONAMENTO DO LEGISLATIVO
Ao falar de funcionamento do Poder Legislativo quero destacar que nossa abordagem ficará restrita ao que dispõe a CF. 
Assim, não trataremos das normas regimentais (regimentos internos, normas interna corporis).
Feita esta observação, vamos ao que interessa:
Todo ano o CN se reúne em dois períodos legislativos que são: 02/02 a 17/07 e 01/08 a 22/12 (art. 57 da CF); 
A cada dois períodos legislativos, temos uma sessão legislativa (soma dos dois períodos), que também é chamado de ano legislativo;
Os períodos de 18/07 a 31/07 e de 23/12 a 01/02, são chamados de recesso legislativo;
Durante os períodos de recesso, haverá servidores trabalhando e, com relação aos parlamentares, será eleita pelas casas do CN, na última sessão ordinária (reunião), uma comissão representativa que irá funcionar, justamente durante o recesso (art. 58, §4º).
ATENÇÃO: Não pode haver a interrupção da sessão legislativa se a LDO não for aprovada. Caso a LDO não fora aprovada até 17/07 (art. 35, §2º - ADCT) o CONGRESSO não poderá entrar em recesso.
e) A LEGISLATURA se refere a soma de quatro sessões legislativas, ou seja, uma legislatura tem a duração de quatro anos (art. 44, parágrafo único), que é a duração do mandato de um deputado federal.
Da reunião preparatória (art. 57, §4º)
No primeiro ano da legislatura, o início da sessão legislativa será antecipada para o dia 01.02 para que seja realizada uma reunião preparatória
MAS PQ? Vocês hão de concordar que os parlamentares antes de iniciarem o desempenho de suas atividades, eles precisam tomar posse, correto? Então nessa reunião preparatória será o momento em que se dará posse ao novos membros, bem como serão compostas as mesas do parlamento.
As mesas da CD e do SF serão eleitas, respectivamente, pelas próprias casas legislativas, ou seja, CD elege sua mesa e SF elege a sua.
JÁ A MESA DO CN não é formada por eleição, mas será composta de acordo com a composição das mesas da CD e do SF.
A mesa do CN seguirá a seguinte composição:
O Presidente do CN será o presidente do Senado;
1º Vice-Presidente do CN será o vice-presidente da Câmara;
2º Vice-Presidente do CN será o vice-presidente do Senado;
1º Secretário do CN será o secretário da Câmara;
2º Secretário do CN será o secretário da Senado;
3º Secretário do CN será o secretário da Câmara;
4º Secretário do CN será o secretário da Senado.
Da recondução para as mesas e das sessões ordinárias
Composta a mesa, qual o prazo do mandato? Permanece durante toda legislatura? – a duração do mandato na mesa diretora do Congresso Nacional é de 2 anos.
É possível a recondução para o mesmo cargo? A recondução é possível, mas não poderá ser para o mesmo cargo.
Atenção: A regra da vedação de recondução só se aplica dentro de uma mesma legislatura. Logo, é possível que haja a recondução para o mesmo cargo na mesa diretora do CN, desde que em legislatura diferente.
SESSÃO ORDINÁRIA: é o dia legislativo. Na CD até 2012 as sessões ordinárias deveriam ser realizadas de segunda a sexta. Contudo, a partir de 17 de outubro de 2012, a CD emitiu resolução determinando que as sessões ordinárias se realizariam de terça a quinta (segunda e sexta seriam apenas pra sessões debates, sem votação). O que se pretendeu aqui foi evitar a perda de mandato por faltas. 
No Senado as sessões se realizam de segunda a sexta (apesar de que na práxis – segunda e sexta são sessões não deliberativas).
Sessão Extraordinária
É aquela que ocorre dentro de um período legislativo, em dia ou hora, diferenciados das sessões ordinárias. As sessões extraordinárias podem ocorrer tanto na CD como no SF.
A sessão extraordinária ocorre no período de recesso, em duas hipóteses:
Pelo Presidente do Senado: no caso de decretação de estado de defesa (art. 136) ou de intervenção federal (art. 36), ou de pedido de autorização para a decretação e estado de sítio (art. 137) e para o compromisso e a posse do Presidente e do vice-Presidente da República.
Obs: Em se tratando de intervenção federal ou estado de defesa o Presidente da República decreta e o CN aprecia a medida já decretada – controle posterior. Já no estado de sítio, por ser mais gravosa, o controle é prévio)
b) Em caso de urgência ou interesse público relevante (art. 57, §6º): a convocação será feita pelo PR, pelos presidentes da CD e do SF ou a requerimento da maioria dos membros de ambas casas.
Nesses casos (urgência ou interesse público) como são conceitos abstratos/subjetivos deve haver aprovação pela maioria absoluta de cada uma das casas do CN.
PODE HAVER CONVOCAÇÃO EXTRAORDINÁRIA PARA VOTAÇÃO DA LDO?
Não, pois, não haverá recesso. Não entra em recesso se a LDO não for votada.
PODE HAVER PAGAMENTO DE PARCELA INDENIZATÓRIA? É vedado pagamento de parcela indenizatória em razão de convocação (art. 57, §7º).
Das Mesas e das Comissões
O que são as mesas? As mesas são os órgãos máximos das Casas, tanto administrativamente como na condução dos trabalhos legislativos. É órgão, eminentemente, estratégico.
No âmbito federal: temos 3 mesas: mesa da CD, mesa do SF e mesa do CN.
As mesas da Câmara e do Senado existem por si mesmas, ou seja, tem existência cotidiana. Todavia, a mesa do CN só aparece em situações especiais nas quais ocorre a reunião conjunta.
E as comissões? Quais são? Permanentes, temporárias e mistas.
Permanentes – comissões, em regra temáticas, que subsistem as legislaturas; Um exemplo citado é a CCJ. Ela existe tanto na CD quanto no SF.
Temporárias – comissões que não subsistem ás legislaturas. Nascem com um objetivo definido, uma vez alcançados, elas finalizam seus trabalhos. Por exemplo: comissão especial: para emitir parecer sobre uma PEC; CPI (vamos estudar logo mais).
Mistas – São as compostas por deputados e senadores. Podem ser permanentes (art. 166 CF – projeto e lei plano plurianual), temporárias (art. 58 CF – CPMI).
Representativa (art. 58, §4º) representa o CN no período de recesso, sendo eleita na última sessão ordinária.
Sobre reuniões 
Para o exercícios das respectivas competência e elaboração dos necessários atos normativos, o Legislativo precisa se reunir em sessões e tais sessões podem ocorrer de algumas formas diferentes e devendo ser respeitados determinados quóruns.
Sessão singular (sessão simples): é a reunião utilizada para tratar das matérias da própria casa legislativa. Dessa forma, a respectivacasa se reúne, delibera e vota sobre o tema.
Ex: votação para autorização de processo contra o PR.
Os projetos de lei, como regra, são tratados em sessões simples, sendo votados separadamente em cada uma das casas legislativas.
Na sessão simples a respectiva casa legislativa se reúne isoladamente, a sessão é presidida pelo presidente da respectiva casa e segundo o regimento da própria casa.
Sessão conjunta: ocorre para as matérias disciplinadas pela própria CF que exige que a matéria seja tratada em conjunto. Aqui o objetivo é que haja uma interlocução entre os membros da CD e do SF. Principais hipóteses de deliberação em conjunto: a) inauguração da sessão legislativa; b) elaboração do regimento interno do CN; c) regular criação de serviços comuns das duas casas; d) receber compromisso do PR e do vice-PR; e) conhecer do veto e sobre ele deliberar. 
OBS: APESAR DA DELIBERAÇÃO SER CONJUNTA OS VOTOS SÃO COLHIDOS SEPARADAMENTE.
Sobre os quóruns
Quórum de instalação: quórum para que uma reunião no âmbito do legislativo se inicie. É a quantidade mínima de parlamentares presentes para começar uma sessão (reunião). O art. 47 estabelece a maioria absoluta (257 deputados e 47 senadores).
Quóruns de aprovação: para aprovação das matérias é necessário atingir um certo número de votos. Esses quóruns se dividem em quóruns de maioria e minoria.
A) MAIORIA SIMPLES: chamada também de maioria relativa, ou seja, a maioria dos presentes na reunião. Quando a CF fala em maioria sem especificar sobre qual maioria é, entende-se maioria simples. 
EM RESUMO: As matérias são aprovadas pela maioria dos presentes, desde que presentes a maioria dos membros.
B) MAIORIA ABSOLUTA: é o primeiro número inteiro superior à metade, considerando-se a quantidade de membros. A maioria absoluta leva em conta não o número de presentes, mas o número inteiro superior à metade dos membros da casa legislativa.
C) MAIORIA QUALIFICADA: é utilizada em situações especificas nas quais se exige um quórum diferenciado para aprovação da matéria.
3/5 – aprovação de EC; 2/3 APROVAÇÃO DE LEIS ORGÂNICAS (DF e municípios); AUTORIZAÇÃO DE ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O PR e CONDENÇÃO DO PR por crime de responsabilidade.
QUÓRUNS DE MINORIA
Algumas matérias são aprovadas por quóruns de minoria, ou seja, mesmo que a maioria não aprove, a matéria estará aprovada.
UAI QUE VIAGEM É ESSA?
	Lógico que a vontade da maioria deve ser respeitada, mas em algumas situações, para o correto conceito de democracia a vontade das minorias deve ser obedecida, de forma a possibilitar que a minoria participe de forma efetiva da vida estatal. Ex: é quórum de instalação das CPI’s é de apenas 1/3 dos membros da casa legislativa. 
	E por falar em CPI vamos falar sobre elas.
Das comissões parlamentares de inquérito e sua função fiscalizadora
Como já dito anteriormente o Poder Legislativo tem como funções: legislar e fiscalizar.
No que se refere a função fiscalizadora, o legislativo averigua os demais poderes no âmbito contábil, orçamentário, financeiro, operacional e patrimonial.
A CPF tem previsão no art. 58, §3º, CF – tendo como elementos: 
ELEMENTO FORMAL: requerimento de 1/3 dos membros da respectiva casa (obs: se for CPI mista deve se obter um terço de cada uma das casas);
ELEMENTO MATERIAL: o fato que vai ser investigado (esse fato, deve ser de interesse público). Se durante uma investigação se descubra outro fato de interesse público, pode ser ampliado o objeto de investigação.
ELEMENTO TEMPORAL: CPI é comissão temporária, tem prazo certo, podendo ser prorrogada, até o prazo final da legislatura. Se não encerrada, no final da legislatura será extinta.
DOS PODERES DA CPI
Consoante a CF a CPI tem poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, o STF, por sua vez, interpretando o dispositivo constitucional estabelece que a CPI tem os poderes que os juízes tem para produzir provas no processo, ou seja, POSSUI PODERES INSTRUTÓRIOS.
Então quer dizer que a CPI pode adotar todas as medidas que um juiz pode para instruir um processo?
Não podemos generalizar assim. Pois existem certas matérias, que a própria CF dispõe que somente poderão ser obtidas por decisão ou autorização judicial (RESERVA DE JURISDIÇÃO).
Nesse sentido importante destacar o que a CPI pode e o que ela não pode:
A CPI PODE DETERMINAR
Condução coercitiva de testemunha;
OBS: Importante lembrar que a atual Lei de Abuso de autoridade prevê pena de detenção e multa para a autoridade que decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabia ou sem prévia intimação de comparecimento ao juízo (Lei 13.869/2019).
B) Prisão em flagrante;
C) Violação de sigilo de dados fiscais, bancários e telefônicos;
D) A CPI pode ainda determinar busca e apreensão de documentos ou equipamentos (STF HC 71039), desde que não se trate de entrada de estabelecimentos privados, não aberto ao público, sem o consentimento do morador (nestes casos a autorização judicial é obrigatória);
E) Pode solicitar ao juízo criminal competente medida cautelar necessária, quando verificada a existência de indícios veementes da proveniência ilícita de bens).
A CPI NÃO PODE:
Determinar violação domiciliar.
Determinar a violação do sigilo das comunicações (interceptação telefônica).
Aplicar penalidades.
Decretar a prisão, salvo a em flagrante.
Determinar a indisponibilidade de bens.
Impedir o indivíduo de ausentar-se do país.
Expedir medidas cautelares.
Determinar o ressarcimento ao erário.
Anular atos e contratos administrativos.
Negar ao investigado o direito ao silêncio.
Impedir que o investigado e seu advogados se comunique e tenham acesso aos autos do inquérito parlamentar.
DAS CPI’S ESTADUAIS E MUNICIPAIS
As assembleias legislativas podem instaurar suas próprias comissões para investigar fatos abrangidos por sua competência fiscalizatória, ou seja, não tem competência para investigar autoridades com prerrogativa de foro na justiça federal (STJ PET 1.611).
Fora isso as comissões estaduais possuem poderes simétricos aos das federais, inclusive, a possibilidade de quebra de sigilo bancário (STF – ACO 730/RJ).
As câmaras municipais não possuem poderes investigatórios tão amplos, como não há Poder Judiciário no município não lhe são atribuídos poderes de investigação prórpios de autoridade judicial, dessa forma as CPI’s municipais não podem quebrar sigilos fiscais, bancários e telefônicos (RE 96.049).
ESTATUTO DOS CONGRESSISTAS
Estudaremos a partir de agora o conjunto de normas jurídicas que estatuem o regime jurídico de deputados e senadores e, que diz respeito, sobretudo, aos direitos e imunidades ou aos deveres e impedimentos dos membros do poder legislativo.
Importante lembrar que as prerrogativas não são privilégios individuais! Elas existem com o fim de possibilitar o livre exercício do mandato, para que o titular não sofra pressões indevidas e possa exercer livremente as suas funções. As prerrogativas possuem como objetivo garantir a independências entre os poderes que é característica básica do princípio da separação dos poderes.
As prerrogativas são irrenunciáveis, pois elas são impessoais e objetivam proteger não o indivíduo em si, mas o próprio mandato, sendo inerentes ao seu exercício.
TANTO ASSIM O É QUE O SUPLENTE NÃO FAZ JUS ÀS PRERROGATIVAS (INQ 3900 STF)
AS IMUNIDADES
As imunidades são:
impessoais;
Objetivam assegurar o livre exercício do mandato, protegendo seu titular de pressões indevidas;
Asseguram a separação dos poderes. Por sua vez, as prerrogativas se subdividem nas imunidades no foro por prerrogativa de função (estabelece que deputados e senadores, a partir da diplomação, serão julgados pelo STF quando da prática de infração penal)
 As imunidades protegem os parlamentares com relação à prática de determinados atos e se subdividem em imunidade material (inviolabilidade) e imunidade formal (processual).
Imunidade material: altera a natureza jurídica do ato praticado. Assim, um ato que naturalmente seria ilícito, quando praticado no âmbito de proteção da imunidadematerial, passa a ser lícito.
Imunidade formal: protegem a autoridade sem alterar a natureza jurídica do ato praticado, ou seja, o ato praticado sob o mato da imunidade formal continua sendo ilícito, entretanto, a autoridade ficará protegida enquanto durar o mandato.
Os deputados e senadores possuem tanto a imunidade material quanto a formal.
A única hipótese de renúncia das imunidades é através da renúncia ao cargo. Então quer dizer que quando assume cargo de Ministro de Estado, perde a imunidade. Perde a imunidade, pois a imunidade não é do parlamentar. A IMUNIDADE É DO CARGO. E assim, quem as terá será o suplente que assumir a vaga de deputado ou de senador. ENQUANTO O SUPLENTE EXERCE O CARGO ele que terá as imunidades (Inq. 3357/PR).
A imunidade material
A imunidade material também chamada de inviolabilidade ou imunidade substantiva, altera a natureza jurídica do ato praticado.
Contudo a proteção não é absoluta, a imunidade material vai abranger apenas as opiniões, palavras e votos e deve ter relação com o mandato.
A inviolabilidade apenas incidirá quando o parlamentar se manifestar em razão do seu mandato, ou seja, os deputados e senadores possuem liberdade para se expressarem no exercício de suas funções ou em razão delas, sem que possam ser responsabilizados por tal ato.
Ex: Quinzim, parlamentar inflamado por paixões políticas, no exercício de suas atribuições profere palavras que ataquem injustamente a honra de alguém. Nesse caso, o nobre parlamentar não poderá ser condenado no âmbito penal pela prática de eventual crime, nem no âmbito cível, com relação, por exemplo, ao pagamento de eventual indenização. É que, como proferiu a palavra no exercício de suas funções ou em razão dela, o ato praticado por Quinzim é um ato ilícito, o que afasta a responsabilização do parlamentar.
A IMUNIDADE PARLAMENTAR ALCANÇA AS ÓRBITAS PENAL, CIVIL E ADMINISTRATIVA (em alguns casos, se configurada situação de quebra de decoro parlamentar, o deputado ou senador poderá vir a perder o mandato, pois, o abuso das prerrogativas configura ato passível desta sanção (art. 55, II e §1º).
Para a perda do mandato por quebra de decoro, será instaurado processo interno, mediante provocação da mesa da casa respectiva ou partido político representado no CN, ASSEGURADA AMPLA DEFESA, por decisão da maioria absoluta dos membros. 
ENTÃO não esqueça que a imunidade material protege o parlamentar nos âmbitos penal cível e administrativo, porém, no âmbito administrativo se quebrar o decoro, poderá perder o mandato.
Algumas observações importantes:
O que a CF exige é que a inviolabilidade material incida somente sobre as opiniões, palavras e votos proferidos em razão ou exercício do mandato.
Quando a manifestação ocorre dentro do recinto do CN, haverá uma presunção de que se deu no exercício do mandato (INQ 1958 – STF).
Porém, é plenamente possível que o parlamentar, mesmo não estando no recinto do CN se manifeste no exercício do mandato ou em razão dele e em tais casos, também estará protegido (INQ 1.024 – STF).
Em conclusão, com relação aos Deputados e Senadores, não há qualquer limitação geográfica para a aplicação da imunidade material, exigindo-se apenas, que a manifestação tenha nexo co o mandato, razão pela qual a inviolabilidade É APLICADA DENTRO E FORA DO RECINTO DO CN E EM QUALQUER LUGAR DO PAÍS.
IMUNIDADE MATERIAL DOS VEREADORES
Durante sessão da Câmara Municipal, após discussão sobre uma representação contra o Prefeito, um Vereador passou a proferir pesadas ofensas contra outro Parlamentar. O Vereador ofendido ajuizou ação de indenização por danos morais contra o ofensor. A questão chegou até o STF que, julgando o tema sob a sistemática da repercussão geral, declarou que o Vereador não deveria ser condenado porque agiu sob o manto da imunidade material. Na oportunidade, o STF definiu a seguinte tese que deverá ser aplicada aos casos semelhantes: Nos limites da circunscrição do Município e havendo pertinência com o exercício do mandato, garante-se a imunidade prevista no art. 29, VIII, da CF aos vereadores. STF. Plenário. RE 600063/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 25/2/2015 (repercussão geral) (Info 775).
Reflexões e requisitos da imunidade material
Antes dos exemplos uma informação importante: não há uma uniformização precisa de entendimento do STF e de suas turmas, a análise sempre desbanca para a circunstâncias fáticas e jurídicas do caso concreto.
A norma constitucional afasta a incidência, por exemplo, da norma penal do art. 138 (crime de calúnia), ou afasta a incidência do ordenamento civil, como, por exemplo, no caso de danos morais, por exemplo.
A grande questão é saber se existem requisitos da imunidade material. Para isso, importante fazermos reflexões sobre as seguintes situações que foram alvo de abordagem por parte do STF.
	Vamos às situações:
A IMUNIDADE MATERIAL, INDEPENDE DO LOCAL OU RECINTO, ou seja, se as opiniões ou palavras forem proferidas fora do recinto parlamentar, ainda assim, estarão os parlamentares acobertados (EXCETO VEREADORES).
A IMUNIDADE MATERIAL SOMENTE INCIDE sobre palavras e opiniões que guardam relação com o mandato, ou seja, devem ser proferidas em função do mandato.
Exemplo: RONALDO CAIADO: Lula tem postura de bandido. E bandido frouxo! Igual à época que instigava metalúrgicos a protestar e ia dormir na sala do delegado Tuma. Lula e sua turma foram pegos roubando a Petrobras e agora ameaça com a tropa MST do Stédile e do Rainha para promover a baderna (Postagem feita pelo senador no Twitter e Facebook). A 1ª Turma decidiu que as declarações estavam acobertadas pela imunidade, pois relacionadas a função fiscalizatória e investigatória da administração publica. Nos dizeres da Corte: Entre um parlamentar acuado pelo eventual receio de um processo criminal e um parlamentar livre para expor suspeitas que pairasse sobre outros homens públicos, mesmo que de forma abusiva, o caminho trilhado pela CF foi de conferir liberdade ao congressista (Inq 4088/DF e Inq 4097/DF).
Reflexões 2
Ocorre que, em outras ocasiões, o STF já afirmou que não era necessário a relação da liberdade de expressão com o exercício do mandato ( RE 463.671), tendo dito que tal prerrogativa seria absoluta, quando as palavras e opiniões fossem proferidas dentro da casa (Inq 3672/RJ – Info 763 STF). Perquirir a respeito da conexão somente é possível com relação aos discursos feitos fora da casa (Decisão de outubro de 2014). 
OLHA COMO A QUESTÃO É CONTROVERSA. Digo isso, pois, em dezembro de 2015 (Inq 4088) afirmou-se que a imunidade material não é absoluta e que, portanto, as opiniões externadas dentro ou fora do recinto do CN, somente estariam acobertadas quando proferidas no exercício do mandato, ou seja, quando proferidas dissociadas do exercício do cargo parlamentar a imunidade não se estenderia (1ª turma).
Daí em junho de 2016, o STF voltou a afirmar que dentro do parlamento a imunidade é absoluta (o proferimento não necessita guardar relação com o mandato) – Info 831 do STF.
NO CASO CONCRETO, na verdade o STF recebeu denúncia e queixa contra o Parlamentar Bolsonaro, que teria dito: Não merece ser estuprada – Jair Bolsonaro afirmou a uma deputaDa federal que ela não merece ser estuprada, por ser muito ruim, muito feia, não fazer o seu gênero e acrescentara que, se fosse estuprador, não iria estuprá-la porque ela não merece. A 1ª Turma decidiu que ele não estaria protegido pela imunidade material, apesar de ter se expressado no desempenho das funções legislativas. Não estaria protegido pois suas declarações não guardavam qualquer relação com o exercício do mandato.
ENTENDERAM QUE no caso específico apesar de num primeiro momento ter proferido as ofensas durante discurso proferido no plenário da CD, depois, veio a repetir as ofensas em entrevistas concedidas e, por conta disso, o inquérito teve prosseguimento (INQ 3932 e PET 5243).
NÃO HÁ CONSENSO. INFELIZMENTE
Como disse para vocês não há um posicionamento uniforme. Tudo recai sobre a situaçãocasuística. UMA PROVA DISSO, MAIS UMA VEZ, foi o discurso de Bolsonaro em evento no auditório do Clube Hebraico no Rio de Janeiro, quando fez críticas e comentários negativos a respeito dos quilombolas e de povos estrangeiros. (INQ 4694/DF - Info 915)
Quilombola de sete arrobas - No trecho mais questionado de sua palestra, ele afirmou: “Eu fui em um quilombola em El Dourado Paulista. Olha, o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Não fazem nada! Eu acho que nem para procriador eles servem mais. Mais de um bilhão de reais por ano gastado com eles. Recebem cesta básica e mais material em implementos agrícolas. Você vai em El Dourado Paulista, você compra arame farpado, você compra enxada, pá, picareta por metade do preço vendido em outra cidade vizinha. Por que? Porque eles revendem tudo baratinho lá. Não querem nada com nada.” O STF entendeu que a conduta de Bolsonaro não configurou o crime de racismo (art. 20 da Lei nº 7.716/89). As palavras por ele proferidas estão dentro da liberdade de expressão prevista no art. 5º, IV, da CF/88, além de também estarem cobertas pela imunidade parlamentar (art. 53 da CF/88). O objetivo de seu discurso não foi o de repressão, dominação, supressão ou eliminação dos quilombolas ou dos estrangeiros. O pronunciamento do parlamentar estava vinculado ao contexto de demarcação e proveito econômico das terras e configuram manifestação política que não extrapola os limites da liberdade de expressão. Além disso, as manifestações de Bolsonaro estavam relacionadas com a sua função de parlamentar. Inclusive, o convite para a palestra se deu em razão do exercício do cargo de Deputado Federal a fim de dar a sua visão geopolítica e econômica do País. Assim, havia uma vinculação das manifestações apresentadas na palestra.
Finalizando as reflexões
3) A divulgação de mensagens contra a honra de alguém via meio eletrônico, para serem acobertadas pela imunidade material, devem guardar relação com o exercício do mandato, mesmo se as mensagens forem produzidas no interior do gabinete parlamentar (Inq 2130/DF). Denúncia rejeitada. Incidência imunidade.
4) A divulgação de vídeo editado não está abrangida pela imunidade parlamentar (Pet 5705/DF - 2017). Queixa-crime recebida em decorrência de publicação de vídeo contendo trecho de discurso feito por outro parlamentar com o objetivo de difamá-lo (só o trecho do vídeo dava a entender, falsamente que o Deputado estaria defendendo afirmações pejorativas contra pessoa negras e pobres.
5) A IMUNIDADE TEM EFICÁCIA TEMPORAL ABSOLUTA, ou seja, após o término do mandato os parlamentares não podem ser processados por palavras e opiniões emitidas no exercício do mandato.
6) A IMUNIDADE NÃO ABRANGE ato do congressista que na condição de candidato a qualquer cargo eletivo, vem a ofender, moralmente, a honra de terceira pessoa, inclusive a de outros candidatos, em pronunciamento motivado por finalidade exclusivamente eleitoral, que não guarda nenhuma relação com o exercício das funções congressistas (STF – PET 4444 AgR/DF).
7) Somente parlamentares são abarcados pela imunidade material, não se estendem às pessoas que participam dos trabalhos legislativos (assessores, por exemplo). A IMUNIDADE É CONCEDIDA A QUEM EXERCE MANDATO.
8) A IMUNIDADE MATERIAL não pode ser renunciada é inerente ao cargo. 
IMUNIDADES FORMAIS
As imunidades formais dizem respeito às prerrogativas processuais, enquanto durar o mandato do parlamentar se subdividem: 1) imunidade quanto à prisão; 2) imunidade quanto à suspensão do processo.
IMUNIDADE QUANTO À PRISÃO
Desde a diplomação os parlamentares federais apenas poderão ser presos em flagrante de crime inafiançável (diplomação nada mais é o ato que antecede a posse, por meio do qual a justiça eleitoral declara que o candidato eleito tem condições de ser empossado).
Para que o parlamentar seja preso, após a diplomação, é necessário o preenchimento de uma dupla condição: haja flagrante e o crime seja inafiançável (art. 53, §2º).
Assim, os parlamentares não podem ser presos em flagrante de crime afiançável, provisoriamente ou temporariamente.
E mais. Ainda que preenchida a dupla condição a casa do qual pertença o parlamentar pode deliberar e determinar sua soltura. 
SÉRIO??????????????
Sim. Sendo o Deputado ou o Senador preso em flagrante de crime inafiançável, os autos do flagrante devem ser remetidos no prazo de 24h para a casa legislativa respectiva para que pelo voto da maioria dos seus membro decida sobre a manutenção da prisão.
Caso Aécio – aplicação artigo 319 CPP
O Poder Judiciário possui competência para impor aos parlamentares, por autoridade própria, as medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP, seja em substituição de prisão em flagrante delito por crime inafiançável, por constituírem medidas individuais e específicas menos gravosas; seja autonomamente, em circunstâncias de excepcional gravidade.
Obs: no caso de Deputados Federais e Senadores, a competência para impor tais medidas cautelares é do STF (art. 102, I, “b”, da CF/88).
Importante, contudo, fazer uma ressalva: se a medida cautelar imposta pelo STF impossibilitar, direta ou indiretamente, que o Deputado Federal ou Senador exerça o seu mandato, então, neste caso, o Supremo deverá encaminhar a sua decisão, no prazo de 24 horas, à Câmara dos Deputados ou ao Senado Federal para que a respectiva Casa delibere se a medida cautelar imposta pela Corte deverá ou não ser mantida. Assim, o STF pode impor a Deputado Federal ou Senador qualquer das medidas cautelares previstas no art. 319 do CPP. No entanto, se a medida imposta impedir, direta ou indiretamente, que esse Deputado ou Senador exerça seu mandato, então, neste caso, a Câmara ou o Senado poderá rejeitar (“derrubar”) a medida cautelar que havia sido determinada pelo Judiciário. Aplica-se, por analogia, a regra do §2º do art. 53 da CF/88 também para as medidas cautelares diversas da prisão. STF. Plenário. ADI 5526/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 11/10/2017 (Info 881).
Observações importantes quanto a imunidade formal relacionada à prisão
Se o parlamentar tiver respondido a um processo criminal e for condenado. Ele poderá ser preso?
	STF entende que nesse caso não se aplica a imunidade. A imunidade existe para que o parlamentar não seja preso por fatos não tão graves. Agora quando há condenação criminal, seja por crime afiançável ou não, poderá ser preso em razão da decisão penal condenatória, pois se trata de cumprimento de pena (AP 396-STF).
	Quando a prisão decorre de decisão penal condenatória, o parlamentar será preso definitivamente para fins de cumprimento de pena, não sendo possível à casa a qual pertence o parlamentar suspender a aplicação da pena. Ou seja, A CASA LEGISLATIVA NÃO TERÁ PODERES PARA DECIDIR SOBRE A MANUTENÇÃO DA PRISÃO.
IMUNIDADE QUANTO À SUSPENSÃO DO PROCESSO
Aqui permite-se que a casa legislativa suspenda o trâmite do processo penal, pois, caso, não haja suspensão e o parlamentar for condenado, não poderá suspender a condenação.
Essa POSSIBILIDADE DE SUSPENSÃO SE APLICA SOMENTE PARA OS CRIMES PRATICADOS APÓS A DIPLOMAÇÃO.
Assim, para os crimes praticados antes da diplomação não é possível a suspensão do processo.
COMO SE DÁ ESSA SUSPENSÃO? Se for recebida a denúncia ou queixa-crime por infração penal praticada pelo Deputado ou Senador após a diplomação, o órgão judicial, após receber a denúncia ou queixa-crime, deve comunicar a casa a qual pertence o parlamentar para que, por partido político nela representado, possa solicitar que seja votado o pedido de suspensão do processo (prazo de 45 dias).
NÃO É NECESSÁRIO QUE HAJA AUTORIZAÇAO DA CASA LEGISLATIVA PARA QUE O ÓRGÃO JUDICIAL RECEBA A DENÚNCIA E PROCESSE O PARLAMENTAR.
Com a suspensão, o parlamentar apenas poderá responder pelo ato praticado após o final do seu mandato e, para que não fique sem responder, a sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
O STF (AP 937-STF) é competente para processar o parlamentar quandoo crime for praticado após a diplomação e este crime for relacionado às atribuições do cargo.
A imunidade dos parlamentares pode ser suspensa??
Caso prático (operação dominó) – em 2006 havia uma situação de absoluta anomalia institucional, já que quase todos os deputados estaduais de Rondônia eram denunciados por crimes relacionados a uma organização criminosa (23 dos 24 membros da casa).
O STF entendeu que no caso era uma verdadeira organização criminosa, chefiada pelo Presidente da Assembleia Legislativa. Aqui a imunidade formal não poderia ser aplicada, pois, praticamente todos estavam corrompidos. Nesse caso a imunidade foi suspensa pelo STF.
Como a Constituição objetiva defender os Poderes e a sua independência, não há como permitir que os membros da Casa Legislativa deliberem sobre a suspensão da prisão, pois, assim seria a mesma coisa que permitir que o Poder pudesse ser utilizado como esteio de atividades ilícitas. 
Prisão do Delcídio Amaral (AC 4039)
Na ação cautelar mencionada determinou-se a prisão do senador por meio de mandado judicial, em situação na qual se havia úvida e sobre a existência ou não de flagrante e de crime inafiançável.
Aqui muito se comentou se o STF havia afastado as imunidades como no caso dominó. Contudo, não foi isso o que aconteceu.
O STF considerou a existência de flagrante.
Delcídio foi acusado de participar de organização criminosa (crime permanente), não seria sequer necessário expedição de mandado, mas a sua expedição também não traz nenhuma nulidade.
MAS ESPERA AÍ, vc não disse a pouco que deve haver flagrante de crime inafiançável? Integrar ORCRIM é crime inafiançável. NÃO. São inafiançáveis: racismo, terrorismo, tortura, tráfico de drogas, crimes hediondos, ação de grupos armados contra a ordem constitucional.
EITA!!! COMO ENTÃO PRENDERAM O DELCÍDIO??
No caso apesar do crime ser afiançável, existia circunstância que vedava a aplicação de fiança – art. 324, IV (presença de requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva).
ASSIM, PARA A SITUAÇÃO ESPECÍFICA NÃO SERIA POSSÍVEL APLICAR FIANÇA.
E mais. Depois que ocorreu a prisão do parlamentar, a casa legislativa foi comunicada em 24h, sendo que, no mesmo dia à noite, o SF realizou a votação e manteve a prisão.
Caso Renan Calheiros – Presidência Senado
O STF recebeu denúncia do PGR em face de Renan Calheiros pela prática de peculato, tendo o Ministro Marco Aurélio deferido liminar determinando o afastamento de Renan do cargo de Presidente do senado (tendo usado como fundamento o julgamento da APF 402 – que objetiva impedir que réu em processo criminal possa assumir, como substituto, o cargo de Presidente da República). O julgamento da ADPF não foi concluído ainda.
Renan agiu contrário a maioria dos votos da ADPF, negando cumprimento a decisão liminar proferida.
O plenário do STF se reuniu, em dezembro de 2016, para referendar ou não a decisão liminar. 
AQUI UMA DECISÃO ESPANTOSA: A corrente majoritária entendeu que os eventuais substitutos do Presidente da República, caso ostentem a posição de réus criminais, ficarão impossibilitados de exercer a função de Presidente da República. Todavia, para a maioria dos Ministros, mesmo sendo réu, o indivíduo pode continuar exercendo os cargos de Presidente da CD e do SF (Info 850 STF).
Outras imunidades dos parlamentares
Imunidade testemunhal (art. 53, §6º): os deputados e senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. Tem que haver nexo de causalidade com o mandato. Se não houver relação com o mandato ele terá que testemunhar (Inq. 2839).
Imunidade à incorporação nas Forças Armadas (art. 53, §7º): ainda que deputados e senadores, sejam militares, ainda que em tempo de guerra, a incorporação dependerá de licença prévia da casa (autorização). Caso queira se incorporar, a única saída se dá com a renúncia do cargo.
Imunidade em Estado de Defesa e Sítio (art. 53, §8º): nas situações de desequilíbrio do Estado, os parlamentares conservarão as imunidades. Há apenas uma exceção, que compreende o preenchimento de 3 requisitos concomitantes: ato praticado fora do CN, ato incompatível com a medida do Estado de Sítio, a perda da imunidade, deve ser aprovada por 2/3 dos membros da casa respectiva.
Prerrogativas de Deputados Estaduais e Vereadores (ADI 5823, 5824, 5825)
Inicialmente, importante frisar que de acordo com o art. 27, §1º, da CF, os Dep.Estaduais gozam das mesmas prerrogativas dos Dep.Federais.
Importante frisar que quando do julgamento da ADI 5526/DF o plenário do STF, que não estava completo, realizou votação tendo 5 ministros se manifestado que as imunidades formais não se estendem aos deputados estaduais, enquanto 4 votaram à favor. O Julgamento foi suspenso pela falta de dois ministros.
OBS: A imunidade se estende por todo país. Os vereadores como falado anteriormente somente haverá imunidade material se a manifestação for proferida na circunscrição do município no qual o vereador exerça o mandato.
OBS2: As opiniões, palavras e votos dos vereadores somente serão protegidos se forem relacionadas ao exercício do mandato.
OBS3: Os vereadores não possuem imunidade formal.
OBS4: Os vereadores não possuem foro por prerrogativa de função, não sendo possível sequer criar tal hipótese em Constituição Estadual ou Lei Orgânica (falaremos de prerrogativa de função qdo estudarmos crime de responsabilidade).
Incompatibilidades
Previstas no art. 54 da Constituição as incompatibilidades na mais são que proibições que existem com o objetivo de preservar a independência do Poder Legislativo e a liberdade dos seus membros para o adequado exercício do mandato.
Elas se subdividem em: A) CONTRATUAIS (art. 54, I, a); B) FUNCIONAIS (art. 54, I, b e II, b); C) PROFISSIONAIS (art. 54, II, “a” e “c”); D) POLÍTICAS (art. 54, II, d).
As incompatibilidades impedem, após a posse ou diplomação, a prática de determinados atos ou exercício simultâneo de determinados cargos, funções ou empregos públicos remunerados. NÃO SE TRATAM DE HIPÓTESES DE INELEGIBILIDADES.
Caso o parlamentar não observe as proibições a sanção aplicável ao caso é a perda do mandato (art. 55, I). As incompatibilidades não se estendem aos suplentes.
As incompatibilidades que se aplicam aos parlamentares federais são normas de reprodução obrigatória nas constituições estaduais, bem como nas leis orgânicas distritais e municipais.
PERDA DO MANDATO
DAS HIPÓTESES QUE NÃO GERAM A PERDA DO CARGO
Antes de falarmos sobre as hipóteses de perda, importante destacarmos quando os parlamentares não perderão o cargo (art. 56).
Investido no cargo de Ministro de Estado, Governador de Território, Secretário de Estado, do Distrito Federal, de Território, de Prefeitura de Capital ou chefes de missão diplomática (deve optar pela remuneração, não recebe pelos dois cargos).
Licenciado pela respectiva casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, nesse caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.
OBS: Em ambas hipóteses o suplente será convocado. E caso não haja suplente far-se-á eleição para preenche-la, exceto quando faltar menos de 15 meses para o final do mandato.
Do dispositivo Constitucional
 Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I - que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior (infringir as incompatibilidades);
II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI - que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
O tal do Decoro Parlamentar
O decoro parlamentar é o conjunto de regras morais e legaisque dizem respeito ao exercício da atividade parlamentar de forma hígida e adequada. Ou seja, ele envolve, sobretudo, as condutas do parlamentar que deve se pautar pela retidão. Nesse sentido, além de casos definidos no regimento interno de cada uma das casas, configura decoro parlamentar o abuso de prerrogativas ou a percepção de vantagens indevidas.
OBS: NÃO É O PODER JUDICIÁRIO QUE DECIDE SOBRE O MÉRITO DA CONDUTA, OU SEJA, SE ESTÁ CARACTERIZADA UMA SITUAÇÃO USURPADORA DO DECORO PARLAMENTAR, ISSO CABE AO PRÓPRIO PODER LEGISLATIVO.
Exemplo: Eduardo Cunha impetrou MS objetivando suspender processo de perda do mandato por quebra de decoro parlamentar, tendo o STF decidido (MS 34.327/DF) que a intervenção do Judiciário só ocorreria para assegurar o cumprimento da constituição, para proteger direitos fundamentais e para resguardas pressupostos de funcionamento da democracia. Ressaltou que em caso de processo de cunho acentuadamente político, como é o caso de cassação de mandato parlamentar, o STF deve e pautar pelo respeito às decisões do Legislativo. 
Decisão criminal transitada em julgado e as decisões do TSE
Com relação as decisões criminais sempre teve muito discussão e debate desde o julgamento do Mensalão. Certo é que o atual entendimento do STF, exarado em 2018 é:
Para a 1ª Turma do STF: a) Se o Deputado ou Senador for condenado a mais de 120 dias em regime fechado, a perda é consequência lógica, a mesa da casa apenas vai declarar que houve perda; b) Agora se o parlamentar for condenado a uma pena em regime aberto ou semiaberto, a condenação criminal não gera a perda automática do cargo, o plenário da casa deverá deliberar se há perda do cargo ou não (Info 903).
Para a 2ª Turma do STF: a) Pouco importa os termos da decisão criminal, o STF apenas deve comunicar, por ofício, a respectiva mesa sobre a condenação do parlamentar e, com isso, a casa irá deliberar se o parlamentar irá perder o mandato, por maioria de votos.
O STF decidiu (Info 565) que as decisões exaradas pelo TSE, que culminam na decretação da perda do cargo do parlamentar, não podem ser revistas pela casa legislativa, sob pena de afronta ao princípio da Separação dos Poderes.
Da corriqueira prática da renúncia
Por várias vezes, em processos que objetivam a decretação da perda do mandato, ouvíamos notícias de renúncia dos parlamentares.
Eles assim agiam pois com a renúncia o processo perdia seu objeto e não eram eles considerados inabilitados para o exercício da função pública.
CONTUDO, essa possibilidade não mais subsiste, pois, desde o advento da lei da ficha limpa (135/2010), os ocupantes de cargos eletivos, que renunciar a seus mandatos desde o oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da Constituição Federal, ficarão inelegíveis para as eleições que se realizarem durante o período do mandato remanescente para o qual eleitos e nos 8 anos subsequentes ao término da legislatura.
Da Fiscalização Orçamentária, Contábil e Financeira
Existem dois tipos de controles das entidades federadas, um sistema interno (realizado por cada um dos poderes, por meio de órgão próprios e dentro da sua própria estrutura, que irão aferir a legalidade, economicidade e renúncias de receitas).
Aqui trataremos do Controle Externo, previsto no art. 74 da CF, que é exercido pelo Poder Legislativo, com auxílio do Tribunal de Contas da União – TCU.
O TCU é órgão de natureza técnica que auxilia o Legislativo na atividade de controle contábil, financeiro, orçamentária, operacional e patrimonial.
Apesar de auxiliar o Poder Legislativo, o TCU não integra o respectivo poder, nem dele é subordinado. A RELAÇÃO EXISTENTE É DE COORDENAÇÃO. 
PORTANTO O TCU é órgão autônomo e independente, a quem compete:
Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, emitindo parecer prévio a ser elaborado em 60 dias do seu recebimento;
Julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros e bens e valores públicos da administração direta e indireta;
Apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, dentre outras atividades;
O TCU
O Tribunal de Contas da União tem sede no DF, quadro próprio de pessoal e jurisdição em todo território nacional, sendo composto por 9 Ministros, que devem ter mais de 35 anos, idoneidade moral e reputação ilibada e notórios conhecimentos jurídicos, contábeis, econômicos e financeiros ou de administração pública; mais de 10 anos de exercício de função ou atividade profissional que exijam os conhecimentos mencionados.
Os Ministros do TCU, que tem as mesmas prerrogativas, vencimentos, impedimentos e vantagens dos Ministros do STF, são escolhidos: um terço pelo Presidente da República, com aprovação do Senado, sendo dois alternadamente entre auditores e membros do Ministério Público junto ao Tribunal de Constas, indicados em listra tríplice pelo Tribunal e dois terços pelo congresso Nacional.
OBSERVAÇÕES IMPORTANTES
O TCU não julga as contas do PR, quem julga as contas é o CN. O TCU emite um parecer prévio sobre as contas, sendo que o CN julga se as contas estão regulares ou não. 
O TCU vai julgar as contas das demais autoridades que lidam com verbas federais, salvo o Presidente da República.
OS TRIBUNAIS DE CONTAS DOS ESTADOS (TCE), por sua vez, julgam as contas dos administradores que lidem com verbas estaduais e municipais, com exceção dos Governadores e Prefeitos, que terão suas contas julgadas, respectivamente, pela Assembleia Legislativa ou pela Câmara de Vereadores. Em ambas as situações, o TCE elabora parecer.
OBS: O STF decidiu que é inconstitucional a norma da Constituição Estadual que prevê que compete privativamente às Assembleias julgar as contas do Poder Legislativo (ADI 3077/SE).
Ainda sobre a fiscalização exercida pelo TCE sobre as contas municipais, importante destacar que a CF em seu art. 31, §2º estabelece que o controle externo dos municípios será exercido pelos Tribunais de Contas, sendo que o parecer prévio sobre as contas do prefeito só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos membros da Câmara Municipal.
O STF (RE 729.744) decidiu que o parecer técnico do TCE tem natureza opinativa, competindo exclusivamente à Câmara de Vereadores o julgamento das constas anuais do prefeito, não havendo possibilidade para julgamento ficto pelo decurso do prazo. Por conta dessa decisão, tanto as contas de governo quanto as de gestão serão exercidas pela Câmara, com auxílio do Tribunal.
Contas de Governo e Contas de Gestão
	CONTA DE GOVERNO	CONTA DE GESTÃO
	Também denominadas de contas de desempenho ou contas de resultado, ligadas a atuação enquanto agente político.	Também chamadas de contas de ordenação de despesas, referente a ação enquanto administrador público
	Ao prestar estas contas, o administrador tem como objetivo demonstrar que cumpriu o orçamento dos planos e programas de governo.
	Esta prestação de contas tem como objetivo avaliar não os gastos globais do governante, mas sim cada um dos atos administrativos que compõem a gestão contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial do ente público.
	A competência para julgar as contas de governo é da respectiva Casa Legislativa (Poder Legislativo), após parecer prévio do Tribunal de Contas.
Ex: no caso dos Prefeitos, a competência para julgar as contas de governo seria da Câmara dos Vereadores, após parecer prévio do Tribunal de Contas.	A competência para julgar em definitivo as contas de gestão seria do Tribunal de Contas, sem a participação da Casa Legislativa.
Assim sendo, se o Prefeito age como ordenador de despesas, suas contas de gestão devem ser julgadas de modo definitivo pelo Tribunal de Contas sem a intervenção da Câmara Municipal.
	Nas contas de governo, o Tribunal de Contas dá um parecer, mas a decisão final é da Casa Legislativa.	Nas contas de gestão, o Tribunal de Contas julga em definitivo a regularidade ou não. Não há participação da Casa Legislativa neste exame.Da negativa do Tribunal e ausência de julgamento pela Câmara
Situação comum recorrente é a de o Tribunal de Contas emitir parecer reprovando as contas do Prefeito e encaminhá-lo à Câmara que pode demorar a julgar as contas. Contudo, advém o período eleitoral e o Prefeito solicita sua candidatura. Pergunta-se: o parecer do tribunal produz efeitos enquanto não rejeitado pela Câmara?
Duas posições: a) Fux e Toffoli defendem que o parecer prévio que rejeita contas deve produzir efeitos até que a Câmara expressamente o afaste. Assim, o Prefeito não poderia concorrer; b) Como o parecer tem natureza opinativa, enquanto não houver julgamento, não existe nenhum impedimento, pois, apesar da demora não existe julgamento ficto das contas, por demora na apreciação (Info 834 STF).
Tribunal de Contas dos Municípios e Tribunal de Contas do Município
São órgãos diferentes: 
O Tribunal de Contas dos Municípios é órgão estadual, que atua na fiscalização de todos os municípios do Estado, auxilia todas as Câmara Municipais daquele Estado. A CF/88 permite que os Estados criem novos Tribunais de Contas dos Municípios. No país existem três: TCM/BA, TCM/GO e TCM/PA.
O Tribunal de Contas do Município é órgão municipal que atua na fiscalização de um único município. A CF/88 proíbe que sejam criados novos. Atualmente, existem dois: TCM/RJ e TCM/SP.

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