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A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL, A PARTIR DA ELABORAÇÃO DE UM NOVO SIGNIFICADO DO SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA.

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SUMÁRIO
41
INTRODUÇÃO
52
DESENVOLVIMENTO
93
CONCLUSÃO
10REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
A proposta da presente pesquisa consiste em conhecer e compreender o trabalho do Serviço Social, e mostrar o percurso do trabalho desenvolvido, com o intuito de propiciar a troca de experiência dos processos feitos e socializar o processo de produção do conhecimento no âmbito do Serviço Social, bem como a fim de colocar em debate para construção coletiva de conhecimento e de novas indagações, é que se apresenta esta breve relação de projeto de pesquisa.
Em tempos atuais, é possível afirmar que o Serviço Social é uma profissão com uma categoria profissional organizada, possuindo um projeto profissional, denominado Projeto Ético-Político profissional, cujas dimensões da formação e do exercício profissional, encontram-se de certa forma consolidadas.
Outro aspecto relevante nesse trabalho é a discussão sobre a importância do Serviço Social como caráter sócio-político, crítico e interventivo nas diversas refrações da “questão social”.
É uma das poucas profissões que possui um projeto profissional coletivo e hegemônico, denominado projeto ético e que expressa o compromisso da categoria com a construção de uma nova ordem societária, mais justa, democrática e que garanta os direitos universais. 
DESENVOLVIMENTO
Como base principal da profissão de Serviço Social, a política social tem se apresentado como uma política fundamental para o “bem-estar dos cidadãos”. Vemos além disso, seu crescimento na sua esfera em constituir como objeto de reivindicação dos mais diferentes movimentos sociais e sindicais. Dando assim a oportunidade de debater a política social como política no âmbito da sociedade capitalista, sempre buscando resgatar seu caráter de classe social, onde obteremos uma política que responde, principalmente, aos interesses das classes políticas e econômicas dominantes.
A política social baseia–se numa política própria das formações econômico-sociais capitalistas contemporâneas, com ações e controle sobre as necessidades sociais básicas das pessoas não exultantes na questão do modo capitalista de produção. É de fato uma política de mediação entre as necessidades de apreciação e acumulação do capital e as necessidades de manutenção da força de trabalho acessível para o mesmo. 
Bom nesta perspectiva, a política social é uma gestão estatal da força de trabalho e do preço da força de trabalho. É evidente o que entendemos, que é na força de trabalho que todos os indivíduos têm a mão de obra ou/e força de trabalho para vender e garantir sua subsistência, independentemente de estarem inseridos no mercado formal de trabalho. 
De fato, os beneficiários diretos da política social, em prática no Brasil, teriam que ser os trabalhadores assalariados. Porém, o Estado, ao garantir o que a classe trabalhadora reivindica como alguns direitos sociais que ele mesmo impôs (através das normas jurídicas), exige que, para tanto, seja efetuada uma contraprestação por parte dos trabalhadores. Com isto posto, denota-se uma verdadeira contradição entre os relevantes fins objetivados pela real política social, em oposição àqueles alcançados pela vigente política de protesto executada, e prontamente, utilizada pelo Estado, e mascarada sob o título de “social”.
No âmbito político, os espaços já existentes como os sindicatos, as associações, os conselhos e a busca incessante de criação de novos espaços de participação, podem se constituir em um caminho possível de fortalecimento dos indivíduos para que se reconheçam como um sujeito coletivo e imponham mudanças importantes em ambas as políticas, mudanças estas que venham a favorecer a maioria da população.
Mesmo com a implantação das políticas públicas, a desigualdade, pobreza, exclusão social, desemprego, preconceito e vários outros substantivos do gênero, ainda é a face do cenário social do país. Com essa realidade, constrói-se uma Política de Assistência Social, tendo como marco legal a Constituição Federal de 1988, tendo como foco o atendimento integral à família e indivíduos a partir de serviços específicos e com moldes contraditórios, com bases para uma intervenção que busca a emancipação social e o investimento nas potencialidades da família, dos indivíduos e das comunidades. Destaca-se Mioto (2004, p. 136): 
[...]A discussão no âmbito das políticas sociais, grosso modo, tem-se encaminhado a partir de duas perspectivas distintas. Uma que defende a centralidade da família, apostando na sua capacidade imanente de cuidado e proteção. Portanto, uma vê a família como o centro no cuidado e da proteção por excelência. A outra entende que a capacidade de cuidado e a proteção da família está diretamente relacionada ao cuidado e à proteção da família que lhes são garantidos através das políticas sociais, especialmente das políticas públicas.
A assistência social brasileira, sendo como uma política pública, tem sua gênese na Constituição Federal de 1988, sendo através de dois artigos apenas, 203 e 204, que resumidamente tem sua conjectura no funcionamento da assistência social. O artigo 206 aponta a importância da família como base da sociedade e enfatiza a necessidade de proteção por parte do Estado.
A assistência social brasileira, hoje, através de um sistema organizado e continuado de ações voltadas para a família, tendo suas diretrizes organizacionais, a partir da Constituição Federal de 1988 e da LOAS/1993, constituindo-se em um dos seus objetivos: “Assegurar que as ações em âmbito da assistência social tenham centralidade na família e que garantam a convivência familiar e comunitária” (BRASIL, 2004, p. 33). 
Para superar os modos tradicionais de se analisar a pobreza e outros desdobramentos da questão social, a Política de Assistência desenvolve dois importantes conceitos: o de vulnerabilidade e de risco social. A vulnerabilidade é definida como indivíduos frágeis, em situação delicada e inferior ás demais. Nessa perspectiva, a vulnerabilidade social é um grupamento de situações precárias de vida, decorrente de processos estruturais e culturais.
A proteção social através da Política de Assistência é pensada a partir da garantia da segurança de sobrevivência e de convívio e vivencia familiar. Ressalta-se que, a família vem sofrendo diversos “ataques” pelo modelo moderno, em que sua prática é desequilibrada pelo desemprego, violência, falta de tempo, sobrecarga de funções e outras questões que trazem sempre a necessidade de mais intervenção do Estado, atuando de forma preventiva, antes da família se tornar incapaz de proteger seus membros. 
A Política é organizada através de um Sistema Único de Assistência Social-SUAS, voltado especificamente para a família, a matricialidade sociofamiliar. O SUAS traz o reconhecimento da necessidade de proteção da família, tendo a certeza dessa fragilidade, para que essa possa exercer o papel essencial e primário de proteção:
 [...] faz-se primordial sua centralidade no âmbito das ações da Política de Assistência Social, como espaço privilegiado e insubstituível de proteção e socialização primários, provedora de cuidados dos seus membros, mas que também precisa ser cuidada e protegida (BRASIL, 2004, p. 41) 
Porém, analisa-se a capacidade da Política de Assistência Social articulada a outras políticas públicas e à rede socioassistencial de oferecer essa proteção social às famílias, pois suas realidades não vêm sendo alterada. Com referência a intervenção profissional, vemos a inclusão da política social no debate da profissão que permitiu situar em maior parte os seus objetivos na sociedade capitalista. Pôde-se aplicar, na área da intervenção, a questão do "por que fazer" e à do "como fazer".
Os argumentos provenientes constituíram as bases de um projeto profissional para os assistentes sociais brasileiros, feito coletivamente e conhecido como Projeto Ético-Político Profissional (MIOTO, 2009, p. 214). Nisso, a partir da Constituição Federal de 1988, foi possível entender, no campo da política social, uma ligação íntegra entreos meios legais que foram sendo criados para a execução do projeto da Seguridade Social brasileiro – Lei Orgânica da Saúde, Lei Orgânica da Assistência Social e o movimento da categoria profissional em torno de seu Projeto Ético-político Profissional. 
Em primícias, ainda na década de 1990, nos assuntos fundamentais da Seguridade Social brasileira, rompem as expectativas de parte da sociedade de ampliação de direitos sociais. Em segundo, a forma complexa das demandas, em termos quantitativos e qualitativos, além da imagem e forma de institucionalização dos programas sociais, influenciados pelos modelos regulamentação das dependências multilaterais de financiamento e estímulos, com condições de avaliação de ordem quantitativa e de intenso controle gerencial-burocrático sobre as ações desenvolvidas e os resultados obtidos.
Essas funções eram centradas de forma intrínseca no interior do Serviço Social, nos processos e métodos de intervenção, independentes das instâncias institucionais. O trabalho desenvolvido pelos profissionais no campo de formulação, gestão e execução da política social é de extrema importância, peça fundamental para o processo de institucionalização das políticas públicas, tanto para a afirmação da garantia dos direitos sociais, como para a consolidação do projeto ético-político da profissão. Em síntese, o confronto nesta área torna-se uma questão fundamental para a legitimidade ética, teórica e técnica da profissão.  
Sobre a autonomia profissional, o progresso do pensamento social crítico e a suposição de que a profissão se adentra na divisão sociotécnica, facilitou o entendimento do avanço no debate relacionado à condição do assistente social como trabalhador assalariado. Tal condição impõe limites à condução de seu trabalho e à implementação do projeto profissional, confirmando sua relativa autonomia, que é condicionada pelas lutas constantes na sociedade entre os diferentes projetos societários. Ou seja, tal autonomia pode ser dilatada ou comprimida, dependendo das bases sociais que sustentam a direção social projetada pelo profissional nas suas ações (IAMAMOTO, 2003, 2007).
Atualmente a profissão está regulamentada pela Lei 8662 de 07 de junho de 1993, legitimando o Conselho Federal de Serviço Social e Conselhos Regionais. E, definindo em seus artigos 4º e 5º, respectivamente, a competência e suas atribuições privativas do assistente social. A profissão também conta, além da lei, com o Código de Ética Profissional que veio se atualizando ao longo da trajetória profissional. 
Em 1993, após um importante e fundamental debate com o conjunto da categoria em todo o país, foi aprovada a quinta versão do Código de Ética Profissional, instituída pela Resolução 273/93 do CFESS. O Código representa a dimensão ética da profissão, tendo caráter normativo e jurídico, definindo parâmetros para o exercício profissional, que define os direitos e os deveres dos assistentes sociais, priorizando a legalização da profissão e a garantia da qualidade dos serviços prestados. Contudo, expressa a renovação e o amadurecimento teórico-político do Serviço Social e enfatiza em seus princípios fundamentais o compromisso ético-político assumido pela categoria. 
CONCLUSÃO
“Quem para, retrocede” 
Friedrich Nietzsche
Podemos concluir que o presente estudo não tem a pretensão de apresentar uma conclusão como um conhecimento acabado e ditando um ponto final de um trabalho social.
Mas esse trabalho trouxe reflexões acerca do trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais no campo das expressões das questões sociais, possibilitando o entendimento sobre a construção do perfil dos profissionais dessa profissão tão importante para a sociedade, bem como a luta pelos mais vulneráveis, independentemente de sua renda, mas vendo o cidadão como individuo de direitos.
O Assistente Social é um profissional qualificado e competente para contribuir na sua concepção e na conexão das políticas sociais públicas, com a organização e a mobilização da sociedade civil, tendo em vista a garantia dos direitos sociais e do exercício da cidadania.
REFERÊNCIAS
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Sistema de Ensino Presencial Conectado
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A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL, A PARTIR DA ELABORAÇÃO DE UM NOVO SIGNIFICADO DO SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA.
CIDADE
2020
A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO PROFISSIONAL, A PARTIR DA ELABORAÇÃO DE UM NOVO SIGNIFICADO DO SERVIÇO SOCIAL NO CONTEXTO DE DEMOCRATIZAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA.
Trabalho interdisciplinar apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, como requisito parcial para a obtenção do grau no curso de Serviço Social.
Professores: Amanda Boza, Patrícia Campos, Maria Angela Santini, Rosane Aparecida Belieiro Malvezzi e Paulo Sérgio Aragão.
CIDADE
2020

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