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Universidade Estácio de Sá Professora: Claudia Rodrigues Alunos: Clelma Moraes, Edimilson Guimaraes, Luíz Felipe Rodrigues, Luiz Henrique, Maria Clara, Priscila da Silva Costa TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO A manifestação jurídica, seja qual for a sua forma de pedido, ou mesmo de defesa, está pautada sempre em três bases principais, que vemos como noções rudimentares do Direito, o Fato, o Valor e a Norma, que formam um conjunto de entendimento técnico legal e licito. Criando um núcleo, com os fatos narrados, posteriormente ordenados, e depois de formados, argumentados dentro de uma tese de defesa ou pedido. Destacamos a originalidade de Miguel Reale que conseguiu descrever perfeitamente a relação entre esses três componentes, formulando assim a sua Teoria Tridimensional do Direito, que são o fato, o valor e a norma, demonstrando uma célula dinâmica entre a realidade fático-axiológico-normativa, ou seja, “um elemento de fato, ordenado valorativamente em um processo normativo". Este é um tema que, sem nenhuma sombra de dúvida nos traz grandes contribuições no campo da profissão a qual muitos de nós sonhamos que é o exercício da advocacia. O presente trabalho tem a intenção de analisar “A Teoria Tridimensional do Direito” elaborada pelo jus filósofo brasileiro Miguel Reale em 1968, e posteriormente abordado em diversas obras, pois a sua teoria foi uma forma absolutamente inovadora de se abordar as questões da ciência jurídica. Segundo essa teoria, o Direito é composto por três dimensões: - A dimensão normativa, onde o Direito é entendido como ordenamento -A dimensão fática, onde o Direito é tido como realidade social histórico-cultural e por -A dimensão axiológica, por fim onde o Direito é valorativo. É como Miguel Reale propôs a interação entre esses três fatores que alcançou reconhecimento internacional entre os grandes nomes do Direito atual. A partir da teoria criada por Miguel Reale que pressupõe que fato, valor e norma estão sempre presentes e correlacionados em qualquer expressão da vida jurídica, é possível dizer que os sociólogos, filósofos e juristas não devem estudar o Direito e os seus fatores isoladamente, mas sim de modo conjunto, onde estejam todos relacionados à realidade da vida, ou seja, as análises dos três ramos passam a ter um sentido dialético, uma sentença judicial deve ser apreendida segundo uma experiência axiológica concreta e não apenas como um ato lógico que é resultado de um silogismo. É dessa forma que Reale evidencia que “é necessário aprofundar o estudo dessa “experiência normativa”, para não nos perdemos em cogitações abstratas, julgando erroneamente que a vida do Direito possa ser reduzida a uma simples inferência de Lógica formal, como a um silogismo, cuja conclusão resulta da simples posição das duas premissas. Nada mais ilusório do que reduzir o Direito a uma geometria de axiomas, teoremas e postulados normativos, perdendo-se de vista os valores que determinam os preceitos jurídicos e os fatos que os condicionam, tanto na sua gênese como na sua ulterior aplicação”, a partir daí, é visível que Reale faz questão de evidenciar que o direito é apenas um para todos os ramos que o estudam, não podendo ser analisado de maneira distante entre eles, mais sim de forma que os elementos fato, valor e norma estejam integrados e se envolvendo de maneira dinâmica para se alcançar o resultado científico satisfatório e justo. A maior preocupação do teórico ao criar sua visão tridimensional do Direito foi a de passar a sociedade que não dá para imaginar as leis, o ordenamento que deve ser seguido por um povo, sem levar em conta a cultura, os hábitos, os eventos sociais, o dia a dia social, é indispensável para a criação das leis justas que o Fato Social esteja englobado no processo de aprimoramento das Normas, e tudo isso juntamente com a aplicação valorativa, que pode se dizer que é a Justiça propriamente dita. Ou seja, a dimensão normativa, onde o Direito é entendido como ordenamento, como norma jurídica, a ciência do Direito, no plano epistemológico, pela Filosofia do Direito, em segundo, a dimensão fática, onde o Direito é tido como realidade social histórico- cultural, como fato social (história, sociologia e etnologia) e por fim, sua dimensão axiológica, onde o Direito é valorativo, como valor do justo, pela deontologia. Dessa forma o Direito é o produto direto da dialética desses três componentes. Para Reale, as teorias tridimensionais que antecederão a sua nova visão, o Direito era percebido como se fosse um esboço lógico, uma mera abstração, eram teorias genéricas, onde os componentes fato, valor e norma se vinculavam como uma adição, quase sempre com o destaque de algum deles, a superposição de um dos elementos em relação ao outro, já na sua concepção, que ele chamava de específica ou concreta, a realidade fática-axiológica-normativa se mostrava como uma unidade, onde cada qual se referia aos demais alcançando assim um sentido conjunto e harmonioso, é desse modo que Miguel Reale salienta que “na realidade, porém, fato e valor, fato e fim estão um em relação com outro, em dependência ou implicação recíproca, sem se resolverem um no outro. Nenhuma expressão de beleza é toda a beleza. Uma estátua ou um quadro, por mais belos que sejam não exaurem as infinitas possibilidades do belo. Assim, no mundo jurídico, nenhuma sentença é a Justiça, mas um momento de Justiça. Se o valor e o fato se mantêm distintos, exigindo-se reciprocamente, em condicionalidade recíproca, podemos dizer que há entre eles um nexo ou laço de polaridade e de implicação. Como, por outro lado, cada esforço humano de realização de valores é sempre uma tentativa, numa uma conclusão, nasce dos dois elementos um processo, que denominamos “processo dialético de implicação e polaridade”, ou, mais amplamente, “processo dialético de complementariedade”, peculiar à região ôntica que denominamos cultura.” Sendo assim o Direito seria compreendido pelo resultado de um movimento dialético, de um roteiro que está sendo escrito a cada minuto, submetido as mudanças e aos acontecimentos que oscilam todo tempo. É com esta visão que as normas devem ser analisadas, visando atender as expectativas do universo axiológico e com o objetivo de alcançar o bem comum de toda a sociedade. A tridimensionalidade, ao analisar a experiência jurídica visa atualizar os valores e aperfeiçoar o ordenamento jurídico para adequá-los às novas exigências da sociedade. Portanto a teoria tridimensional do Direito está inserida num processo essencialmente dialético, onde as regras jurídicas são compostas do material vivo da história, pois a realidade cultural e histórica de uma sociedade é resultado das experiências do homem no meio em que vive. Isso significa que, o Direito será a consequências de uma interação, da dialética entre o fato e o valor na busca de soluções racionais para os conflitos. Dessa forma, o texto normativo deve ser valorado pelo juiz, já que a ideia de valor está necessariamente ligada as carências humanas, podendo ser humana e do ponto de vista social, útil ao todo, não sendo analisada de maneira fechado, puramente formal, mas sim com um perfil substancial, aberto, de modo a satisfazer efetivamente o modelo Social e Democrático do Direito, tendo o homem como centro de convergência das atenções. CONCLUSÃO Ao realizar esse artigo verificou-se que a Teoria Tridimensional realeana foi inovadora e importantíssima para a nova visão do Direito em todo mundo. A partir dessa leitura é possível concluir que o Direito não pode ser considerado um sistema meramente lógico, fechado, uma abstração, sem resultado prático. A ordem jurídica só tem seu objetivo alcançado se trouxer soluções práticas ao homem e ao seu cotidiano, criando mais umaforma de interligar os ramos que estudam o Direito para que dessa união cresça a sede de justiça. Esta é mais uma ferramenta que deve estar ao alcance das mãos dos indivíduos, pronta para ser utilizada em benefício do bem-estar social de todos, da evolução do grupo, como uma resposta aos desafios de cada dia. QUANTO AO CASO CONCRETO Nosso trabalho tem como objetivo apresentar de maneira clara, simples e objetiva o que vem a ser a Teoria Tridimensional do Direito, tomando como base a questão da ingestão de bebida alcoólica pelos condutores de veículos automotores no Brasil, questão atual e ainda bastante controvertida no nosso dia a dia, pois grande parte da população e das autoridades faz da norma jurídica uma letra morta: Vamos ao caso, certa autoridade, que totalmente embriagado, sobe na calçada de uma praça e por pouco não atingiu algumas pessoas que se encontravam no local. Questionado por populares sobre a embriaguez, a condução do veículo e a lei sobre o assunto, a autoridade bradou “essa lei não pegou”, voltando ao carro e saindo em disparada pela avenida. Posicionando a Teoria Tridimensional do Direito diante de situações de desobediência civil, generalizada como no caso da lei nº. 11.705/08, que inibe o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor. É graças a essa teoria que temos a certeza de que o direito não é o estudo de elementos desagregados e sim um conjunto formado pelos fatos, valores e normas de uma sociedade, em profunda e constante interação, em busca de uma paz social, conforme entendimento de Miguel Reale (1994, p.92); Então, inicialmente examinaremos isoladamente cada um dos três elementos que compõem a Teoria Tridimensional do Direito em relação ao caso em questão e posteriormente trataremos de discutí-las, de forma unificada, em relação ao caso concreto. SOBRE O FATO Podemos afirmar que o fato, em sentido amplo, é todo acontecimento natural ou humano capaz de criar, modificar, conservar ou extinguir relações jurídicas. O estudo do fato jurídico jamais será simples, pois oferece diversos graus de complexidade e dessa forma é possível concluir que fato jurídico é um acontecimento praticado por uma pessoa física ou jurídica, a partir de uma ação ou omissão e que esses fatos agem diretamente e imediatamente sobre as pessoas, coisas, direitos e obrigações próprias ou de terceiros. Para Miguel Reale (1994, p.92),“... ele envolve tanto aquilo que acontece, independentemente da iniciativa humana, mas que adquire significado “inter homines” (o fato de alguém nascer, p. ex., sem que tenha havido o propósito de gerar), como aquilo que intencionalmente é feito e se refere “as alios”. “Fato é, por conseguinte, uma palavra que corresponde tanto ao particípio passado factum, de fieri (acontecer), como de facere (fazer). Sobre o caso em questão, temos como fato a condução de veículo automotivo por motorista com nível de álcool no organismo acima de determinado limite. SOBRE O VALOR Trata-se do elemento moral do direito, ou seja, é o ponto de vista da maioria da sociedade sobre determinado fato que ocorre em seu meio, tendo como parâmetro o momento histórico e a visão do homem médio. Para Reale, (2004, p.94), trata-se de “... uma “intencionalidade historicamente objetivada no processo da cultura, implicando sempre o sentido vetorial de uma ação possível.” Em relação ao caso analisado, temos que o valor seria a proteção das pessoas, ante a possibilidade de lesão a direitos, tanto pessoais como patrimoniais, em decorrência da condução de veículo automotivo por motorista com níveis de álcool no organismo acima de determinado limite. SOBRE A NORMA Norma, em seu sentido literal, é visto na linguagem jurídica como regra, modelo, paradigma, forma ou aquilo que se estabelece em lei ou regulamento para servir de padrão na maneira de agir de determinado grupo social. Segundo Reale (2004, p.101),“... uma norma jurídica, uma vez emanada, sofre alterações semânticas, pela superveniência das mudanças no plano dos fatos e valores, até se tornar necessária a sua revogação; e, também, para demonstrar que nenhuma norma surge ex hilo, mas pressupõe sempre uma tomada de posição perante fatos sociais, tento em vista a realização de determinados valores..”. Norma, em uma visão genérica, traz a idéia de regra, modelo a ser seguido por todo homem de bem, a ser obedecida na forma da lei, mas não entendido com a norma dura, a norma pura, mas a própria realidade traduzida em uma idéia inovadora que congrega as forças transformadoras de quantos pretendam sua atualização. No nosso caso essa norma social se revela na lei nº. 11.705/08, “Altera a Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro, e a Lei nº 9.294, de 15 de julho de 1996, que dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas, nos termos do § 4º do art. 220 da Constituição Federal, para inibir o consumo de bebida alcoólica por condutor de veículo automotor, e dá outras providências.” A TEORIA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO Assim, a Teoria Tridimensional prova que o Direito é uma ciência dinâmica, que acompanha as transformações dos fatos ocorridos na sociedade, dentro de determinado momento histórico e se adéqua aos valores vividos pela sociedade em constante evolução, onde, segundo Reale (2004, p.106),Se os homens, em suas relações de convivência, não obedecessem a certas linhas de referência, como diretriz provável de conduta; se não houvesse em suma, determinadas “constantes de ação”, pelo menos dentro de certa conjuntura histórica, teria sido impossível cogitar-se de regras jurídicas destinadas a reger e expressar “ a ordem dos atos humanos. Em relação ao caso concreto, temos que se trata de uma transgressão a uma maneira encontrada pela sociedade para proteger seus entes queridos e também suas propriedades em face do grande número de acidentes de trânsito causados pelo binômio álcool e direção, sendo esse um problema que aflige a população brasileira de longa data e ainda se encontra sem solução. CONCLUSÃO Para concluir, devemos analisar a relação entre a Teoria Tridimensional do Direito e a questão da ingestão de bebida alcoólica pelos condutores de veículos automotores, onde o Estado brasileiro, baseado nas terríveis estatísticas de acidentes de trânsitos causadas por motoristas embriagados ao volante, um fato jurídico, diante do clamor popular pela redução do número de acidentes de trânsito, um valor jurídico, instituiu a lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008, uma norma legal, prevendo pesadas sanções para os motoristas A idéia central da teoria tridimensional é que o Direito é integrado por fato, valor e norma. Certos fatos ocorrem, são valorados positiva ou negativamente pela sociedade e daí decorrem normas que os impõem, proíbem ou permitem. O problema começa quando a sociedade, ciente do valor dessas normas, não as cumpre de maneira sistemática. Costuma-se afirmar que, segundo a Teoria Tridimensional do Direito, quando o valor social que "gerou" uma norma se modifica existem razões jurídicas para deixar de aplicar a norma como foi estabelecida e deve-se aplicá-la de outra maneira, conforme o atual valor social sobre o fato, em busca do bem comum. Esse seria, conforme Reale, (1994, p.137), “O “bem comum”, por conseguinte, de que falo, é o bem da comunidade de pessoas”, na harmonia de “valores de convivência”, distintos e complementares, em um processo histórico que tem como fulcro a pessoa, valor-fonte de todos os valores.”. Temos entãoque de acordo com a Teoria Tridimensional do Direito e contrariando a nobre autoridade judiciária do nosso estado, não se pode conviver com “lei que não pegou”, pois somente a sociedade, por meio dos seus representantes, é que pode colocar ou retirar uma norma do nosso ordenamento jurídico e nunca um cidadão qualquer como no caso em questão. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -HERKENHOFF, João Baptista. Introdução ao Direito, síntese de princípios fundamentais. Rio de Janeiro – Thex, 2006. -NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 4. Ed. Rio de Janeiro – Forense, 1987. - REALE, Miguel, Teoria Tridimensional do Direito, São Paulo: Saraiva, 1994. - REALE, Miguel. Lições Preliminares de Direito. 2. Ed. São Paulo – Saraiva, 1976.REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito. 5. Ed. São Paulo – Saraiva, 1994.Aplicando a Teoria Tridimensional do Direito em um caso concreto, dentro da realidade social e jurídica do Brasil PLURALISMO JURIDICO O presente trabalho tem como objetivo dissertar sobre o pluralismo jurídico, baseando- se nas pesquisas encontradas na internet e no momento de pandemia em que estamos vivendo. O pluralismo é um conceito que tem aplicações em diversos âmbitos e que está associado á pluralidade e à convivência de coisas bastante diferentes uma das outras. Definimos pluralismo jurídico como sendo uma composição de diversas normas que surgem na sociedade de forma espontânea e simultânea. Consideramos que o pluralismo vai na contra mão do monismo jurídico, que sempre foi o monopólio das normas jurídicas exercidas pelo estado. O Pluralismo acredita na pluralidade dos grupos sociais, pois através destes é possível acreditar que existem sistemas jurídicos múltiplos, que contam com as relações de colaboração, coexistência, competição e até negação. Nós fazemos parte do pluralismo jurídico, quando determinamos algo em função dos nossos vínculos sociais e jurídicos. “O pluralismo jurídico alude à existência, em determinada sociedade, de mecanismos jurídicos diferentes que se aplicam a situações idênticas. Inspira-se na ideia de que diferentes grupos sociais veem cruzar-se múltiplas ordens jurídicas: o direito estatal, mas também aquele produzido por outros grupos, direitos que podem coincidir ou divergir. Como consequência, as leis do meio, a excisão, a subtração de menores à autoridade paterna, as obrigações contratadas pelos traficantes de droga são contrárias à ordem que o Estado define como pública.” (Jus Brasil- Dandara Felipo) O direito estatal é o único existente em nossa sociedade, no entanto além dessas normas impostas, há regras de condutas que são criadas no meio dos grupos sociais, formando assim um direito alternativo, que tem por característica principal não buscar somente as normas jurídicas estatais já existentes, consequentemente contribuindo para a existência do pluralismo jurídico. Além das normas estatais, podemos perceber que existem diversos ordenamentos jurídicos dentro da sociedade, não para que enfraqueça o estado fazendo com que suas regras sejam desconsideradas, mais por entendermos as limitações do estado em validar essas normas. A sociedade precisa de normas relacionadas a sua realidade social, econômica e cultural, normas que possam ser obedecidas. “Em nossa sociedade contemporânea, o direito corporifica a ideia de ordem, estabelecendo as normas que em seu escopo visam permitir uma melhor e mais harmônica interação entre os indivíduos. Essas normas incorporadas ao direito dogmático, que tem seu fundamento nos juízos prescritivos e inquestionáveis do dever- ser, já não mais efetivamente eficazes e suficientes para alcançarmos todos os patamares sociais, verificando-se a existência de lacunas, contradições e ambiguidades nesse direito oficial. É a crise do Direito dogmático, aqui identificado como o Estado, que retrata um sinal do tempo de mudança e de rupturas em que vivemos, no qual é insuficiente a abrangência das normas jurídicas positivas. Nesse limite, é que se faz refletir sobre a pretensão do monopólio das normas jurídicas pelo Estado, visto que a inércia estatal o impede de impor suas diretrizes e permear seus benefícios a todos, acarretando a necessidade da construção de uma alternativa viável que possibilite a sua recuperação com instância representativa das aspirações sociais.” (JUS.com.br Bernardo Vital) De certo, precisamos de normas jurídicas seguras, afinal o que seríamos de nós sem elas. Mas o que a sociedade busca são leis mais compatíveis com sua realidade e por que não dizer, necessidade. É possível que essas regras coexistam com princípios legais. A sociedade não busca o anti-direito, como disse o autor Bernardo Vital, ela busca “revitalização, substância, vida”, precisamos tornar o direito mais justo e mais moderno., corrigindo as desigualdades sociais e econômicas. Na leitura realizada em “Notas sobre a história jurídico-social de Pasárgada”, podemos analisar que todas as comunidades viveram, e ainda vivem sobre a pressão, opressão e entendido por alguns “proteção” do poder paralelo. Há anos as comunidades crescem seguindo normas impostas pelos mais fortes, a justiça é a lei dos homens. No caso específico de Pasárgada, pode detectar-se a vigência não-oficial e precária de um direito interno e informal, gerido, entre outros, pela associação de moradores, e aplicável à prevenção e resolução de conflitos no seio da comunidade decorrentes da luta pela habitação. Este direito não-oficial - o direito de Pasárgada como lhe poderei chamar - vigora em paralelo (ou em conflito) com o direito oficial brasileiro e é desta duplicidade jurídica que se alimenta estruturalmente a ordem jurídica de Pasárgada. A comunidade cresce absurdamente, entendendo que não tem os mesmos direitos que os cidadão comuns, onde que em um bairro de casas considerado “comum”, temos a invasão da polícia a qualquer momento, não se conta com o básico para sobrevivência. Na expressão perspicaz de um deles, "nós éramos e somos ilegais". Recorrer aos tribunais para resolver conflitos sobre terras e habitações não só era inútil como perigoso. Era inútil porque "os tribunais têm que seguir o código e pelo código nós não tínhamos nenhum direito". "parece que, somente porque a terra não é nossa, o Estado não tem obrigação de nos fornecer água e luz elétrica e a polícia pode invadir nossas casas quando bem entende. Existem mesmo patrões que recusam candidatos a emprego quando estes dão endereço numa favela". O exemplo mais lúcido, é o estamos vivendo agora. Em tempo de corona vírus, onde a higienização é a forma mais correta para combater o vírus, falta água nas comunidades. O isolamento social é a maior arma contra a doença, e como se isolar em um barraco com 17 pessoas dentro? Como deixar de trabalhar sem morrer de fome? O poder do Estado, diante de uma pandemia precisa apelar para o poder paralelo das comunidades, contando com o auxilio e forma de tratativa desse poder a qual sempre lutou contra, para que a comunidade obedeça ao isolamento. Seria esta uma forma de evitar o vírus dentro da comunidade? Ou evitar que o vírus já instalado dentro dela alcance a alta sociedade? Há exemplos nesses últimos dias que o pluralismo jurídico impera, não somente para os menos ou mais favorecidos, as normas criadas em cada grupo social, em cada empresa, em cada bairro, cidade, favela, país, etc , tem sido com um único objetivo: vencer o invisível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS - https://jus.com.br/artigos/34384/pluralismo-e-monismo-juridico - https://jus.com.br/artigos/3751/o-direito-alternativo-e-dogmatico -ERNICCHIARO, Luiz Vicente. Direito alternativo. Disponível em http://campus.fortunecity.com. Acesso em 01 de maiode 2020. - http://www.arcos.org.br/livros/introducao-ao-direito/vi-pluralismo-juridico - http://www.geocities.ws/b3centaurus/livros/s/boavpassar.pdf REPERCURSSÕES SOCIAIS DA NORMA JURIDICA A atividade sobre as repercussões da norma jurídica formalmente válida tem como fonte de estudo o Livro Didático, cuja autora é a Edna Raquel Hogemawn , o livro está disponível pela Estácio no ambiente de estudo do aluno Sava. Antes de tratarmos diretamente sobres essas repercussões sociais são preciso ressaltar que uma norma é considerada socialmente eficaz quando é observada por seus destinatários, apresentando os efeitos esperados quando de sua aplicação, seja porque impediu a instalação do conflito ou quando a sua violação é efetivamente punida pelo Estado. Quanto aos efeitos da norma a socióloga a Lúcia Sabadell afirma 3 dimensões: 1.Qualquer repercussão social provocada pela norma constitui um efeito social. 2. Uma norma é considerada eficaz quando é respeitada por seus destinatários ou quando a sua violação é efetivamente punida. 3.Adequação interna da norma que traz a capacidade de atingir a finalidade social estabelecida pelo legislador. https://jus.com.br/artigos/34384/pluralismo-e-monismo-juridico https://jus.com.br/artigos/3751/o-direito-alternativo-e-dogmatico http://campus.fortunecity.com/ http://www.arcos.org.br/livros/introducao-ao-direito/vi-pluralismo-juridico http://www.geocities.ws/b3centaurus/livros/s/boavpassar.pdf A norma é eficaz quando manifesta efeitos práticos, independentemente da situação a ser analisada. No entanto sua funcionalidade precisa estar adequada à realidade social e necessidade dos grupos. O direito na teoria e o direito na prática tem uma distância enorme, pois os legisladores parecem mutas vezes não se atentarem aos fatos sociais, a impossibilidade de cumprimento daquela norma diante daquela realidade social. Dois fatores podem contribuir para a eficácia da norma. São eles: Fatores Instrumentais (são os que dependem da atuação eficiente dos órgãos do direito), trazendo a população clareza quanto as normas, de forma que possam compreender e aceitar suas obrigações; Fatores referente a situação social(são fatores ligados às condições da vida na sociedade), ou seja, fazer valer a participação de quem está vivendo a realidade daquele grupo social, buscar entender, ouvir, fazer participar desta elaboração quem está dentro do seu contexto. Segundo Cavalieri Filho, a norma quando eficaz, produz normalmente efeitos positivos, e a eficácia é o principal desses efeitos, mas, além dela o autor cita a função social do controle, a função educativa, a função conservadora da norma e a função transformadora da norma. Interessante dar como exemplo que os projetos sociais nas favelas, refletem muito sobre a função educativa, a partir do momento que este projeto visa implantar conhecimento, a comunidade fica mais esclarecida, buscando pra si uma melhoria de vida, um reconhecimento dentro da sociedade, buscam interagir com as normas propostas pelo estado, mesmo estando totalmente fora de sua realidade. Nos dias atuais temos como exemplo, a pandemia. Estamos vivenciando a função transformadora da norma, como cita o livro didático “muitas vezes em função das necessidades objetivas, a norma estabelece novas diretrizes a serem seguidas, fixa novos princípios a serem observados em certas questões, para tanto determina a realização de certas modificações. A sociedade então, a fim de cumprir a lei, tem que se adequar, equipar, aparelhar e assim, aos poucos, vai operando sensíveis transformações em seu meio. Eis aí a função transformadora da lei.” Neste tempo de pandemia observo essa função todos os dias, 24 horas por dia, em todo momento surgem decretos e mais decretos, mudanças para os trabalhadores, que hoje podem ser suspensos e ainda assim se manterem empregados, mudança para os empresários, que podem pagar seus sofridos impostos de forma parcelada, que sofrem perdendo seus contratos, fechando seus comércios, sofrendo com a crise causada por um vírus que transforma normas, estudantes e professores tendo que se reinventar no mundo digital, e muitos , muitos outros exemplos poderíamos citar, pois a uma grande transformação da sociedade. Para preservação da vida temos a aplicação da norma como algo positivo. Podemos citar também, usando os mesmos exemplos acima, os efeitos negativos da norma, conforme cita o texto no livro didático “Como se pode observar a eficácia da norma está ligada ao reconhecimento, aceitação ou adesão da sociedade a essa norma. No entato, quando as leis entram em conflito com os fatos acabam vencidas por estes e findam por desmoralizar-se, provocando desapreço a toda legislação. Assim, a ineficácia se dá em casos nos quais a norma não foi obedecida e não houve imposição de sanção” Estamos vivendo exatamente esse efeito negativo da norma, a falta de aceitação e adesão da sociedade, a política do nosso país causa conflitos enormes diante dos fatos sociais existentes durante a pandemia. As normas aplicadas muitas vezes se tornam ineficazes, pela omissão das autoridades em de fato aplica-las, a exemplo do BRT, mudaram tantas normas no início da pandemia, e pode-se observar que tudo voltou ao normal, mesmo perdendo vidas e mais vidas diariamente, falta estrutura para aplicação das leis aplicadas. Para a sociologia, o Direito tem a sua origem nos fatos sociais, nos acontecimentos da vida em sociedade. Todas as nossas práticas e condutas acabam refletindo nos costumes, valores, tradições, sentimentos e cultura. Essa elaboração do Direito ocorre de maneira lenta e espontânea da vida social. Cada costume diferente implica em fatos sociais diferentes, por isso, pode-se observar a razão pela qual cada povo tem a sua história e seus fatos sociais. A sociedade necessita de uma organização que oriente a vida coletiva, que discipline a atividade dos indivíduos que vivem nela. Esta organização pressupõe regras de comportamento que permitem uma boa convivência social. A função de controle social pode ocorrer de diferentes maneiras uma delas é o incentivo as condutas desejáveis, que se trata de um processo de inserir uma noção, ideia ou valor na consciência do sujeito, de forma que ela passe a fazer parte de seu pensamento. Nesse sentido, doutrina Ana Lucia Sabadell (2002, pág.134) A maior parte do controle social é efetuada de forma interna. O indivíduo é ao mesmo tempo objeto do controle e seu fiscalizador. Ciente da norma e da eventualidade da sanção, ele opta, em geral, por conformar-se aos requisitos sociais. Conhecendo, por exemplo, as regras de trânsito, o indivíduo não estaciona no meio da rua por medo da reação dos outros motoristas a da polícia. As raízes da “autodisciplina” não se encontram na livre vontade do indivíduo, mas sim no condicionamento realizado através de mecanismos de controle social (“socialização”, isto é, aprendizado de regras e submissão a limites). REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS - CARVALHO, Francisco José. A função social do Direito e a efetividade das Normas Jurídicas. Disponível em: http://www.cartaforense.com.br/ conteúdo /artigos/a-funcao-social-do-direitoea-efetividade-das-normas-juridicas/7940. Acesso em: 09 de junho de 2016. - FERREIRA, Amarildo. Max Weber e os três tipos puros de dominação legítima. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/economiaefinancas/max- webereos-tres-tipos-puros-de-dominacao-legitima/43721/. Acesso em: 09 de junho de 2016. - Livro Didático Sociologia Jurídica e Judiciária – Autora Edna Raquel Hogemawn . SOCIOLOGIA JURÍDICA - CCJ0269 Título Caso Concreto 2 Descrição Os conhecimentos apreendidos serão de fundamental importância para a reflexão teórica, envolvendo a compreensão necessáriade que o direito, para ser entendido e estudado como fenômeno cultural e humano, precisa ser tomado como sistema disciplinador de relações de poder, a partir da metodologia utilizada em sala com a aplicação dos casos concretos, a saber: CASO CONCRETO http://www.cartaforense.com.br/ http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas Em ação de arbitragem, AGU evita que cofres públicos percam R$ 6 bi. Decisão colocou fim a nove ações judiciais que poderiam levar ao pagamento de uma indenização ao Grupo Libera, que atua no Porto de Santos. PorAgência Brasil. 9 jan 2019. A AdvocaciaGeral da União (AGU) obteve uma sentença arbitral para determinar que o Grupo Libra, que atua noPorto de Santos, pague R$ 2 bilhões aos cofres públicos. O valor é referente aos repasses previstos no contrato de exploração da área do porto que deixaram de ser pagos pela empresa em função de discordâncias com o contrato de concessão, assinado em 1998, com a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). De acordo com a AGU, foi a primeira vez que o órgão participou voluntariamente de um procedimento arbitral no país, que colocou fim a nove ações judiciais e poderiam levar ao pagamento de uma indenização de aproximadamente R$ 6 bilhões à empresa portuária. Conforme a sentença arbitral, a empresa deixou de pagar a integralidade do contrato durante o período no qual os valores foram questionados. ?É incontroverso que Libra deixou de realizar o pagamento da integralidade do preço ajustado durante toda a vigência do contrato. Para tanto, invocou, em diversas ações judiciais, os alegados descumprimentos de Codesp e as situações de desequilíbrio econômico-financeiro do contrato?, diz o texto da sentença. (Disponível em: https://exame.abril.com.br/economia/em-acao-de-arbitragem-agu- evitaque-cofres-publicos-percam-r-6-bi/ ) Na notícia acima, verifica-se a utilização de um dos meios alternativos de resolução de conflitos que existem no direito brasileiro que é a arbitragem. Face ao exposto, responda as seguintes indagações: Quais são as principais características da arbitragem? R: Principal característica a intervenção de um terceiro, fora do poder judiciário para a resolução do conflito; o consenso entre as partes, pois somente será aplicável quando houver livre escolha dos envolvidos; e a disponibilidade dos direitos envolvidos. O art. 31 dispõe acerca da natureza de uma sentença arbitral B-Trata-se de meio autocompositivo ou heterocompositivo de resolução de conflitos? Justifique. R: Teve intervenção externa no caso AGU ;Trata-se de meio Heterocompositivo de resolução de conflitos, já que tem como característica principal a eleição pelas partes de um terceiro, que vai solucionar o conflito, no caso o Arbitro, e que este tenha poder de decisão. C-Na sua cidade possui câmara arbitral? Em caso positivo, cite dois exemplos. Em caso negativo, pesquise a câmara arbitral mais próxima de sua cidade. R: Sim, Mediações de conflitos em condomínios, e Mediações de conflitos CCMA. https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/porto-de-santos/ https://exame.abril.com.br/noticias-sobre/porto-de-santos/ https://exame.abril.com.br/economia/em-acao-de-arbitragem-agu-evita-que-cofres-publicos-percam-r-6-bi/ https://exame.abril.com.br/economia/em-acao-de-arbitragem-agu-evita-que-cofres-publicos-percam-r-6-bi/ https://exame.abril.com.br/economia/em-acao-de-arbitragem-agu-evita-que-cofres-publicos-percam-r-6-bi/ https://exame.abril.com.br/economia/em-acao-de-arbitragem-agu-evita-que-cofres-publicos-percam-r-6-bi/