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1 ESTUDO DIRIGIDO DA DISCIPLINA DIREITOS HUMANOS E CIDADANIA Neste breve resumo, destacamos a importância para seus estudos de alguns temas diretamente relacionados ao contexto trabalhado nesta disciplina. Os temas sugeridos abrangem o conteúdo programático da sua disciplina nesta fase e lhe proporcionarão maior fixação de tais assuntos, consequentemente, melhor preparo para o sistema avaliativo adotado pelo Grupo Uninter. Esse é apenas um material complementar, que juntamente com os livros, vídeos e os slides das aulas compõem o referencial teórico que irá embasar o seu aprendizado. Utilize- os da melhor maneira possível. Bons estudos! *Observação: este material “Estudo Dirigido” é de autoria da Instituição e destinado ao estudo dos alunos a ela vinculados, portanto sua reprodução, divulgação ou uso indevido poderá ser objeto de aplicação dos procedimentos e penas relativas à Lei dos Direitos Autorais. Primeira parte – Teoria da Constituição e do Estado 1. Constituição da Antiguidade ao Estado Moderno Estudamos nesta primeira parte que durante a idade média, a Magna Carta de 1215, representa o grande marco do constitucionalismo medieval, e que neste período surgiu o primeiro limite da atuação do Estado relativo à cobrança de tributos, considerando-se o princípio da legalidade, o qual limitava ou condicionava a cobrança de tributos a uma lei prévia e não mais ao alvitre do rei. Observamos ainda uma pontuação feita no livro didático, qual seja, “Analisando a Antiguidade clássica, Karl Loewenstein identificou, entre os hebreus, timidamente, o surgimento do Constitucionalismo, estabelecendo-se no Estado teocrático limitações ao poder político ao assegurar aos profetas a Legitimidade para fiscalizar os atos governamentais que extrapolassem os limites bíblicos. Destaca o autor, ainda, mais tarde, no século V a.C., a 2 experiência das Cidades-Estados gregas como importante exemplo de democracia constitucional, na medida em que a democracia direta, particular a elas, consagrava “... o único exemplo conhecido de sistema político com plena identidade entre governantes e governados, no qual o poder político está igualmente distribuído entre todos os cidadãos ativos” (Veneral, Junior e Pereira, 2014). Então, no século XV, estas estruturas passaram por uma crise, resultando no absolutismo moderno, que por sua vez foram confrontadas pelos ideais iluministas, que acarretou na Revolução Francesa, surgindo assim os Direitos Fundamentais. 2- Estado Moderno e Movimentos Constitucionalistas Lembramos que os direitos universais e comuns a todas as pessoas (Liberdade, Fraternidade e Igualdade) foram unificados com o surgimento dos Direito Fundamentais de primeira, segunda e terceira geração. Ressaltamos também que o Estado moderno é, assim, um método de organizar a administração da coisa pública de forma impessoal. Esse método se materializa por meio da soberania - interna e externa – outorgada pelo povo dentro de um território específico. Segunda Parte – Direitos e Garantias Fundamentais Nesta segunda parte consideramos que é necessário o conhecimento, por parte dos indivíduos, de seus direitos e garantias fundamentais, para que possam, dessa forma, viver em sociedade e ser providos da identidade da cidadania. Desta forma, é importante termos conhecimento de como são exercidos esses direitos e garantias, ou seja, quais são os seus instrumentos viabilizadores em face da nossa Constituição. Logo é necessário compreendermos como utilizar e identificar esses direitos e garantias, para que seja formado o Estado democrático de direito. Também constatamos que a ampliação e transformação dos direitos fundamentais do homem no envolver histórico dificulta definir- lhes um conceito sintético e preciso. Aumenta essa dificuldade a circunstância de se empregarem várias expressões para designá-los, tais como: direitos naturais, direitos 3 humanos, direitos do homem, direitos individuais, direitos públicos subjetivos, liberdades fundamentais, liberdades públicas e direitos fundamentais do homem. Sendo assim em relação aos direitos fundamentais observamos que constituem uma categoria jurídica, constitucionalmente erigida e vocacionada à proteção da dignidade humana em todas as dimensões. Muito claro também que o termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado, ao passo que a expressão direitos humanos guardaria relação com os documentos de direito internacional, por referir-se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional, e que, portanto, aspiram à validade universal, para todos os povos e tempos, de tal sorte que revelam um inequívoco caráter supranacional (internacional). Além disso examinamos o seguinte: em que pese a semelhança, é necessário verificarmos que o direito fundamental deve ser reconhecido e positivado na Constituição de um Estado, por exemplo: art. 5°, inciso II da CF/1988: "II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei; [...]" (Brasil, 1988). Sendo assim podemos pontuar o seguinte: Quanto aos Direitos fundamentais tratam de: Direitos jurídico-institucionalizadamente garantidos; Direito objetivamente vigentes em uma ordem jurídica concreta; Direito reconhecido e positivado na esfera do direito constitucional positivo de determinado Estado. E quanto aos Direitos humanos observamos que: há relação com documentos de direito internacional; Refere-se a posição jurídica que se conhecem ao ser humanos como tal, independentemente de sua vinculação com determinada ordem constitucional; Validade universal para todos os povos e tempos. Já o Estado trata-se de uma organização ocupante de um território definido, juridicamente organizado - normalmente pela Constituição - e dirigida 4 por um governo que tem soberania interna e externa, bem como a tem a função de reconhecer e garantir os direitos e garantias fundamentais. Os Indivíduos são Titulares dos direitos fundamentais, posto que não basta o reconhecimento pelo Estado de um direito ou de uma garantia fundamental - é necessário que haja o indivíduo, titular dessas prerrogativas. Esses direitos e garantias nascem com os indivíduos, e não sio considerados uma concessão do Estado. E quanto ao Texto Normativo - é necessário que esteja positivado na Constituição, em qualquer de suas formas. Frisamos que para determinado direito fundamental ser reconhecido por um Estado, é necessário que esteja positivado na Constituição, em qualquer de suas formas (escritas e não escritas, ou consuetudinárias). Então para que um direito seja um direito fundamental é necessário que possua os elementos: Indivíduo, Estado e um Texto Normativo. Ainda analisamos em relação aos direitos fundamentais, os quais atualmente inseridos e reconhecidos nas Constituições, são resultado de uma evolução histórica, impulsionada por meio de lutas, revoluções e rupturas sociais que miravam a exaltação da dignidade da pessoa humana, e foram causa de incalculáveis mortes, necessárias para esse reconhecimento. Os direitos e as garantias fundamentais claramente nasceram da universalização de inúmeros direitos humanos que foram fundamentados no direito constitucional das nações. Lembramos então que os direitos e as garantias fundamentais nasceram da universalização dos direitos humanos fundamentados no direito constitucional das nações. O que caracteriza a forma desseEstado é a existência dos direitos fundamentais, além de outros aspectos, quais sejam: a separação dos Poderes, o limite da atuação administrativa, a responsabilidade legal dos administradores e a independência judicial. As alterações tinham a nítida finalidade de suplantar e impedir a arbitrariedade reinante dos governos contra os indivíduos e a sociedade civil, disso concluímos que os direitos e garantias fundamentais surgiram logicamente para limitar o Estado em defesa dos indivíduos. Sendo assim, os direitos fundamentais colocaram-se como um instrumento para limitar o poder do estado em defesa do indivíduo. 5 Estudamos que em relação ao surgimento dos direitos e das garantias fundamentais, é necessário nos fixarmos no momento em que ocorreu a dissolução da sociedade medieval, quando do surgimento do Estado absoluto, o Estado das monarquias (absolutismo) - ou seja, no final da Idade Média e início da Idade Moderna, período caracterizado por um Estado sem limites jurídicos e pela irresponsabilidade legal dos governantes, que impunham uma ordem jurídica à qual não se submetiam, a despeito de sua rigorosa aplicação aos súditos. O Estado absolutista, jurídica e politicamente ilimitado, foi refreado pelo movimento liberal, resultado de uma filosofia burguesa cujo intuito era limitar o poder dos governantes e da Igreja para, dessa forma, alcançar o poder - por meio, portanto da imposição de limites ao mando estatal. Lembramos também o seguinte: Bill of Rights (1689) - Trata-se de um rol de direitos considerados importantes ou essenciais a uma determinada coletividade. A Declaração de Direitos "é um documento feito na Inglaterra pelo Parlamento que determinou, entre outras coisas, a liberdade, a vida e a propriedade privada, assegurando o poder [...] [do Parlamento] na Inglaterra" (Neiva, 2010). Com a Declaração de Direitos, as pessoas passaram a ter liberdade para se expressar, para votar, bem como para exercer a crença religiosa que lhes conviesse. Importante destacarmos que segundo Pereira (2014), a Declaração Universal dos Direitos do Homem da ONU (1948) contém 30 artigos, precedidos de um preâmbulo com 7 considerações. A declaração, como destaca Dalmo de Abreu Dallari (2010, p. 212, grifo nosso) consagrou três objetivos fundamentais, dos quais, em suma, destacamos: • a certeza de direitos, devendo haver uma fixação prévia e clara dos direitos e deveres; • a segurança dos direitos, havendo normas que garantam que, em qualquer circunstância, os direitos fundamentais serão respeitados; • a possibilidade dos direitos, devendo- se assegurar a todos os indivíduos os meios necessários para a fruição dos direitos fundamentais. No que diz respeito aos direitos e garantias fundamentais ainda podemos pontuar que: • criam uma relação entre o indivíduo e o Estado - teoria vertical dos direitos fundamentais, de acordo com a qual o Estado, em condição de superioridade, trava conflito em face do privado, em condição de 6 inferioridade - e também entre os entes privados -teoria da eficácia horizontal dos direitos fundamentais, na qual o conflito se dá entre os entes privados que se encontram no mesmo patamar, ou seja, sem relação de superioridade; • passam a ser considerados como direitos e garantias fundamentais de fato quando constitucionalizados, daí prevalecendo sobre as normas infraconstitucionais; E também pontuamos que quanto às características gerais dos direitos e garantias fundamentais temos: historicidade; fundamentabilidade; universalidade; inalienabilidade, irrenunciabilidade; imprescritibilidade; limitabilidade; vinculação dos poderes públicos; proibição de retrocesso. Especificamos então que: A Fundamentabilidade: Possui como base dois pilares: Sentido material e Sentido formal. A Universalidade: As características ocasionais ou locais não poderiam impedir a obrigação de respeitar os referidos direitos, independente d a cultura e da tradição. A Inalienabilidade: inegociáveis e intransferíveis (inalienáveis), bem como não possuem conteúdo econômico ou patrimonial. A Irrenunciabilidade é uma garantia ao direito fundamental à vida. Esta garantia pode ser explicada por exemplo no caso da Eutanásia, que ocorre quando um paciente gravemente enfermo solicita o desligamento dos aparelhos que o mantêm, vivo. A princípio, tal solicitação não pode ser acatada, em que pesem todos os aspectos humanísticos que envolvem a questão, pois, na questão colocada estar-se-ia renunciando ao direito fundamental à vida. Já em relação à Vinculação dos Poderes Públicos aos direitos fundamentais TODOS os poderes estão vinculados aos direitos fundamentais, no sentido de que não se trata de simples programas ou cartas de intenções, mas de normas revestidas de imediata efetividade: "As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata" (Brasil, 1988, art. 5°, § 1°). 7 Destacamos que a Constituição é principiológica e, sendo assim, o são igualmente os direitos e as garantias fundamentais, principalmente porque representam a pureza da norma que defende as aspirações humanitárias, que foram fruto de muitas lutas e conquistas, um preço alto, mas que culminou na evolução positiva das civilizações contemporâneas. Tema: Os conceitos de direitos humanos e de garantias fundamentais. Há muito tempo se iniciou a preocupação com os direitos individuais, foram inúmeros os documentos de tempos passados que contribuíram de alguma forma para a construção dos direitos humanos atuais. Hoje O Conceito de direitos humanos pode ser definido como o conjunto de regras existentes para salvaguardar as necessidades essenciais da pessoa humana. “Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição” (Declaração Universal dos Direitos Humanos) Há várias denominações que são empregadas quando se fala em direitos essenciais da pessoa humana, no entanto, é preciso diferenciar essas nomenclaturas de acordo com o uso que se faz de cada uma. Identificamos diferenças entre os Direitos Fundamentais e Direitos Humanos: Os direitos fundamentais se aplicam na esfera constitucional positiva de determinado Estado, enquanto os direitos humanos aspiram validade universal, ou seja, internacional. Os direitos fundamentais se aplicam na esfera constitucional positiva de determinado Estado, enquanto os direitos humanos aspiram validade universal, ou seja, internacional. O termo direitos fundamentais se aplica para aqueles direitos do ser humano reconhecidos e positivados na esfera do direito constitucional positivo de cada Estado, enquanto que a expressão direitos humanos guarda relação com os documentos de direito internacional por referir- se àquelas posições jurídicas que se reconhecem ao ser humano como tal, independentemente de sua nacionalidade, [...] portanto, com caráter supranacional (internacional). 8 Tema: Direitos Públicos e Direitos civis Sabemos que o direito civil é o principal ramo do direito privado, verificamos sua importância para o estudo dos direitos humanos, objeto desta disciplina. Os Direitos públicos são os direitos primários reconhecidos somente aos cidadãos, enquanto os Direitos civis são os direitos secundários atribuídos a todas as pessoas humanas capazes de agir. Tema: A Efetivação dos Direitos Humanos Estudamos que em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), órgão que goza de respeito e apelo junto a maioria das nações. Uma das missões mais importantes da ONU é promover o diálogo entre os países, encorajando o respeito dos direitos humanos. Em 1948, foi aprovada pela ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), corroborando como papel de importante órgão de efetivação dos direitos humanos. Tema: Aspectos da Evolução dos Direitos Humanos Identificamos que a nossa civilização está em constante evolução. A humanidade passou por inúmeras fases ao longo da história e dentre essas fases tivemos avanços em questões filosóficas, judiciais, tecnológicas, científicas e muitas outras. A questão dos direitos humanos não podia ser diferente e evoluiu em conjunto com o pensamento das pessoas e nações. Também temos conhecimento que os direitos humanos têm origem nos tempos primitivos e na formação do Estado, quando se observou a necessidade de delimitar o poder estatal. Os aspectos da evolução dos direitos humanos e seus respectivos planos são: o Aspecto filosófico – no plano das cogitações; e o Aspecto normativo – plano dos fatos. 9 Tema: Principais Características dos Direitos Humanos Os direitos humanos, por se referirem à dignidade de qualquer pessoa humana são considerados essenciais e inerentes. Justamente pelo fato de serem direitos inerentes, possuem características diferenciadas dos outros direitos. Essas características influenciaram de alguma forma outras leis que foram surgindo de acordo com a necessidade ao longo do tempo. Existem algumas características que são consideradas principais na composição dos direitos humanos, dentre elas, podemos citar a imprescritibilidade, a irrenunciabilidade, a universalidade, efetividade e limitabilidade, entre outras. Imprescritibilidade – os direitos e garantias fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não se perdem pela ausência de seu exercício por determinado tempo. Irrenunciabilidade – não se pode renunciar a um direito fundamental, ou seja, o ser humano não pode abrir mão de seu direito, por exemplo, à vida (salvo casos de cometimento de eutanásia que suscitam discussões acaloradas); Imprescritibilidade – os direitos e garantias fundamentais são imprescritíveis, ou seja, não se perdem pela ausência de seu exercício por determinado tempo. Universalidade - os direitos fundamentais são universais, uma vez que são inerentes à condição humana. Assim, características ocasionais ou locais não poderiam impedir a obrigação de respeitar os referidos direitos, independentemente da cultura e da tradição, uma vez que, inseridos no texto constitucional pátrio, eles devem ser dirigidos a todos que são afetados pela Norma Maior. Inalienabilidade - os direitos fundamentais são inegociáveis e intransferíveis (inalienáveis), bem como não possuem conteúdo econômico ou patrimonial. Limitabilidade - Os direitos fundamentais estão no patamar do ordenamento jurídico e não podem jamais sofrer restrições ou violações. Entretanto, essa característica não é ilimitada. 10 Tema: As gerações dos direitos humanos Os direitos humanos são divididos em 04 (quatro) gerações, cada uma delas com seu cunho ideológico de liberdade, igualdade e fraternidade. Destacamos que: Os Direitos de Primeira Geração são os Direitos civis e políticos de cunho liberal, onde o Estado deve respeitar a liberdade individual de cada cidadão e bem servi-lo. Os Direitos de Segunda Geração são os direitos sociais, econômicos e culturais, de cunho socialista, onde Estado deve satisfazer as necessidades sociais, econômicas e culturais do cidadão. Os Direitos de Terceira Geração são os direitos de titularidade coletiva, direito de solidariedade e fraternidade, direito ao meio ambiente, direito do consumidor, direito à paz e ao desenvolvimento. Os Direitos de Quarta Geração são os novos direitos sociais decorrentes da evolução da sociedade e da globalização e envolvem questões como: informática, biociência, clonagem, eutanásia, estudo das células tronco, etc. Tema: O Sistema Interamericano de Proteção dos Direitos Humanos O Brasil, como país integrante da ONU, submete-se aos órgãos universais instrumentalizadores dos direitos humanos, assim como aos órgãos regionais, tais como a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Esta Corte tem competência para conhecer de qualquer caso relativo à interpretação e aplicação das disposições da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, desde que os Estados-Partes no caso tenham reconhecido a sua competência. Tema: A Declaração Universal dos Direitos Humanos 11 Destacamos que a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU de 1948 contém 30 artigos, precedidos de um preâmbulo com 07 considerações e consagrou 03 objetivos fundamentais: • A certeza dos direitos devendo haver uma fixação prévia e clara dos direitos e deveres; • A segurança dos direitos, havendo normas que garantam que, em qualquer circunstância, os direitos fundamentais serão respeitados; • A possibilidade dos direitos, devendo-se assegurar a todos os indivíduos os meios necessários para a fruição dos direitos fundamentais. Tema: O Surgimento dos Direitos e Garantias Fundamentais Segundo os conceitos abordados na bibliografia básica da disciplina, é equivocado afirmar que os direitos fundamentais surgiram na Antiguidade já que não se tem comprovação desse surgimento. Os registros existentes e mais remotos estão relacionados mais precisamente aos direitos humanos, como por exemplo os direitos humanos dos fracos registrados no texto bíblico (Isaías, 1: 17-18). “Dessa forma, para entendermos o surgimento dos direitos e das garantias fundamentais, é necessário nos fixarmos no momento em que ocorreu a dissolução da sociedade medieval, quando do surgimento do Estado absoluto, o Estado das monarquias (absolutismo) - ou seja, no final da Idade Média e início da Idade Moderna, período caracterizado por um Estado sem limites jurídicos e pela irresponsabilidade legal dos governantes, que impunham uma ordem jurídica à qual não se submetiam, a despeito de sua rigorosa aplicação aos súditos. O Estado absolutista, jurídica e politicamente ilimitado, foi refreado pelo movimento liberal, resultado de uma filosofia burguesa cujo intuito era limitar o poder dos governantes e da Igreja para, dessa forma, alcançar o poder – por meio, portanto da imposição de limites ao mando estatal.” Tema: Violação dos Direitos Humanos 12 O Brasil está vinculado aos tratados de direitos humanos e como partícipe desses tratados, quando da violação desses direitos, como no caso da freira norte-americana Dorothy Mae Stang abordado nas aulas, poderá o Procurador da República solicitar providências para a devida investigação do ocorrido. Nesse caso houve, por solicitação do Procurador da República, um pedido de federalização da investigação e do julgamento, que permitiria que o caso fosse levado à Corte Internacional dos Direitos Humanos, por julgarem que o estado do Pará já estava sendo omisso e inerte antes mesmo do assassinato da irmã Dorothy, pois ela já havia inclusive notificado as autoridades que vinha recebendo ameaças de morte. Porém o pedido foi indeferido, pois as autoridades locais alegaram estar empenhadas em apurar os fatos que envolviam o crime. Frisamos que segundo a Emenda Constitucional nº 45/2004 da Constituição Federal. "Art. 109, § 5º, CF - Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal." Esta emenda Constitucional no 45/2004 pode ser aplicada no caso de Dorothy Stang, que foi uma freira norte-americana, naturalizada brasileira. Ao longo de sua vida, atuou em prol de diversos movimentos sociais, principalmente na defesa de uma divisão agrária mais justa na região da Transamazônica, no estado do Pará. Dorothyfoi assassinada em 2005, em seu julgamento, houveram alegações de uma grave violação aos direitos humanos. Tema: A Historicidade dos Direitos e Garantias Fundamentais De acordo com a historicidade da criação dos direitos e garantias fundamentais, estes tiveram origem em inúmeras convulsões sociais e, em virtude disso, apresentam variantes conforme as circunstâncias históricas de sua época. 13 Assim, para entendermos a importância dos direitos e das garantias fundamentais, é necessário observar o momento de concepção destes e a visão humanista que se desenvolveu em seu período de surgimento. Em face da evolução do constitucionalismo democrático, é possível concluirmos que na atualidade existem muitos direitos e garantias fundamentais que não eram previstos no passado e muitos outros serão criados no futuro. Tema: A Evolução dos Direitos Humanos A internacionalização dos direitos humanos ganhou grande força por parte dos países, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, devido às atrocidades cometidas nesse período. Essa internacionalização acabou acarretando uma preocupação maior em relação a defesa dos direitos, desde os indivíduos até nas relações entre os Estados. Assim, os direitos humanos podem evoluir e atender às necessidades dos cidadãos de todas as nacionalidades. Os direitos humanos devem visar sempre a proteção dos indivíduos, independentemente de qualquer característica que diferencie uns dos outros. Como as sociedades estão em constante mudança, os direitos humanos também devem evoluir em paralelo, para isso que são feitas novas pactos, convenções e tratados sobre diversas proteções visando garantir e englobar todas as pessoas, independentemente de sua nacionalidade. Desta forma, o fato do Brasil aderir ao Sistema Interamericano de Direitos Humanos, tem a finalidade de garantir aos indivíduos a proteção sempre que as instituições nacionais se mostrarem falhas ou omissas de alguma forma. Tema: A Discriminação Contra a Mulher/Direitos Reprodutivos. “A Convenção para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher é constituída por um preâmbulo e 30 artigos, sendo que 16 deles contemplam direitos substantivos que devem ser respeitados, protegidos, garantidos e promovidos pelo Estado. 14 Sem qualquer dúvida sabemos que é obrigação do Estado eliminar as formas de discriminação e promover a igualdade. No artigo primeiro desta Convenção define-se que: “discriminação contra a mulher” como sendo: “(...) toda distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural e civil ou em qualquer outro campo”. Em 1994, a Conferência do Cairo sobre População e Desenvolvimento, os Estados reconheceram os direitos sexuais e reprodutivos como direitos humanos, afirmando que meninas e mulheres têm o direito a decidir sobre a maternidade, passando o aborto a ser compreendido como uma questão de saúde pública. Com base nos instrumentos internacionais, os direitos reprodutivos incluem: • O direito de adotar decisões relativas à reprodução sem sofrer discriminação, coerção ou violência; • O direito de decidir livre e responsavelmente o número de filhos e o intervalo entre seus nascimentos; • O direito de acesso a informações e meios seguros, disponíveis e acessíveis; • O direito de acesso ao mais elevado padrão de saúde reprodutiva Podemos lembrar também que a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher denominou – se de Convenção do Belém do Pará. O Brasil foi o primeiro Estado a ser acionado perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos por desrespeito à Convenção Belém do Pará, o que originou a criação, em setembro de 2006, da lei 11.340/06, mais conhecida como Lei Maria da Penha. Os direitos humanos, por se referirem à dignidade de qualquer pessoa humana são considerados essenciais e inerentes. Justamente pelo fato de serem direitos inerentes, possuem características diferenciadas dos outros direitos. Essas características influenciaram de alguma forma outras leis que 15 foram surgindo de acordo com a necessidade ao longo do tempo, um exemplo é a Lei nº 11.340, mais conhecida como Lei Maria da Penha. A internacionalização dos direitos humanos ganhou grande força por parte dos países, principalmente após a Segunda Guerra Mundial, devido às atrocidades cometidas nesse período. Essa internacionalização acabou acarretando uma preocupação maior em relação a defesa dos direitos que afeta desde os indivíduos até as relações entre os Estados. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), considerada um marco na história dos direitos humanos, inicialmente estabeleceu a universalidade, a interdependência e a indivisibilidade dos direitos humanos. O Direito Internacional dos Direitos Humanos tem características suplementares e paralelas ao direito nacional, atua como uma garantia adicional em caso de omissão dos instrumentos nacionais. Inseridos no Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos estão os tratados multilaterais que tratam de violações específicas. Conforme Pimentel e Pandjiarjian: “Os abusos contra a população feminina são uma evidência de que o Estado não é o detentor exclusivo do uso da violência. Portanto, além de controlar "o exercício autoritário do Poder do Estado", os direitos humanos devem também coibir o autoritarismo da própria sociedade machista sobre suas mulheres” A história dos Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos tem início junto com a luta das mulheres pela igualdade de Gênero, com ênfase nos direitos à educação e ao voto durante meados do século XIX e primeira metade do século XX. Até a década de 60, persistiu a luta pela igualdade, baseada nas relações sociais de poder entre homens e mulheres, que se fortaleceu nos anos 60 e 70, momento em que os grupos feministas começaram com a luta para romper com a opressão da mulher e com um intenso trabalho para demonstrar as construções sociais dos papeis de mulheres e homens e na sociedade. Destacamos pontuações na Declaração de Pequim (1995): 1. Nós, os Governos, participantes da Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres; 2. Reunidos aqui em Pequim, em setembro de 1995, o ano do 50º aniversário de fundação das Nações Unidas; 16 3. Determinados a promover os objetivos da igualdade, desenvolvimento e paz para todas as mulheres, em todos os lugares do mundo, no interesse de toda a humanidade; 4. Reconhecendo as aspirações de todas as mulheres do mundo inteiro e levando em consideração a diversidade das mulheres, suas funções e circunstâncias, honrando as mulheres que têm aberto e construído um caminho e inspirados pela esperança presente na juventude do mundo; 5. Reconhecemos que o status das mulheres tem avançado em alguns aspectos importantes desde a década passada; no entanto, este progresso tem sido heterogêneo, desigualdades entre homens e mulheres têm persistido e sérios obstáculos também, com consequências prejudiciais para o bem-estar de todos os povos; 6. Reconhecemos ainda que esta situação é agravada pelo crescimento da pobreza que afeta a vida da maioria da população mundial, em particular das mulheres e crianças, tendo origem tanto na esfera nacional, como na esfera internacional; Desta forma, concluímos que os direitos fundamentais da pessoa humana, assim como o direito à vida, à igualdade, à liberdade e à segurança, entre outros, os direitos sexuais e reprodutivos também integram o rol de direitos e merecem proteção constitucional. Todos os direitos fundamentais são importantese devem ser respeitados, sem exceção, pois só assim será possível a construção de uma sociedade livre, justa e solidária, com respeito à cidadania e à dignidade da pessoa humana. O respeito aos direitos sexuais e reprodutivos é, inclusive, uma questão de saúde pública, razão pela qual o Ministério da Saúde, preocupado com o tema, criou uma lista com os principais direitos sexuais e reprodutivos da pessoa humana; A sistemática de monitoramento internacional se restringe ao mecanismo de relatórios, a serem elaborados pelos Estados-partes e, por vezes, ao mecanismo das comunicações interestatais e petições individuais a serem consideradas pelos Comitês ou Comissões (órgãos não-jurisdicionais) criados especialmente para fiscalizar o cumprimento de convenções internacionais. 17 Em relação aos Direitos Reprodutivos (DR) compreendem o direito básico de todo casal e de todo indivíduo de decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de ter filhos/as e de ter a informação e os meios de assim o fazer, gozando do mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva. Incluem o direito: de tomar decisões sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência; ao serviço de saúde pública de qualidade e acessível, durante todas as etapas da vida; na plataforma de ação adotada por 189 delegações participantes da IV Conferência Internacional da Mulher, realizada em Beijing na China em 1995, na qual o Brasil participou, reafirmou-se a definição de saúde sexual e reprodutiva que se estabelece no seu parágrafo 96. “Os direitos humanos das mulheres incluem seu direito de controle e decisão, de forma livre e responsável, sobre questões relacionadas à sexualidade, incluindo-se a saúde sexual e reprodutiva, livre de coerção, discriminação e violência. A igualdade entre mulheres e homens no que diz respeito à relação sexual e reprodutiva, incluindo-se o respeito à integridade, requer respeito mútuo, consentimento e divisão de responsabilidades pelos comportamentos sexuais e suas consequências”. Tema: Órgãos Competentes para Julgar a Questões dos Direitos Humanos Para que os direitos elencados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e garantidos por meio das convenções e pactos assinados pelos países componentes dos órgãos internacionais sejam respeitados, é preciso que haja uma fiscalização que vise garantir o respeito e o cumprimento desses direitos. Também observamos que o Sistema Interamericano de Direitos Humanos é o órgão competente para julgar as questões dos direitos humanos e se constitui de outros dois órgãos integrados, portanto, ele é bifásico, integrado por dois órgãos distintos: A Comissão Interamericana de Direitos Humanos – CIDH; Órgão principal e autônomo da OEA (criada em 1959) e também, a Corte Interamericana de Direitos Humanos. 18 Vale lembrar que tanto a Comissão quanto a Corte Interamericana não são órgãos permanentes, reunindo-se, portanto, em períodos pré-determinados de sessões ao longo do ano. Tema: Tipos de violações cometidas pelo Estado Há alguns tipos de violações dos direitos humanos que podem ser protagonizados pelo próprio Estado. Dentre eles podemos citar: • Ação (ato praticado pelo Estado ou por seus agentes; • Omissão (ausência da ação do Estado ou de seus agentes quando deveriam ter agido); • Aquiescência: concordância tácita do Estado ou de seus agentes • Responsável: será sempre do Estado-membro da OEA Tema: As Medidas Cautelares e os Direitos Humanos A busca da aplicabilidade dos direitos humanos se dá por intermédio dos mecanismos demonstrados e por petição aos órgãos competentes para se manifestarem sobre tais violações, desde que devidamente comprovadas. As condições para que se apresente uma petição aos órgãos internacionais são: • Esgotamento de todas as vias judiciais e de recursos internos; • Decisão transitada em julgado; • Os recursos internos devem ser adequados e eficazes Não há como negar a importância dos direitos humanos no mundo atual; é legítima a exigência da humanidade em barrar as violações dos direitos fundamentais do homem, compromisso este de aspiração moral e que para ter validade jurídica e política no direito internacional é necessário que cada Estado procure respeitar os tratados e convenções que anuiu, sob pena de imposição de medidas pré-estabelecidas no ordenamento internacional. Temas Complementares: Artigos Indicados 19 De acordo com o artigo UMA BREVE HISTÓRIA DOS DIREITOS HUMANOS: Link:-http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/brief- history/cyrus-cylinder.html), observou-se o seguinte: O primeiro rei da antiga Pérsia libertou os escravos, declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria religião, e estabeleceu a igualdade racial. Os primeiros decretos foram registados em um cilindro de argila denominado Cilindro de Ciro. E, com o início na Babilónia, a ideia de direitos humanos espalhou–se rapidamente para a Índia, Grécia e por fim chegou a Roma. Ali surgiu o conceito de “lei natural”. Nos estudos da Declaração Universal dos Direitos Humanos http://www.dudh.org.br/wpcontent/uploads/2014/12/dudh.pdf), consta que em 1945, após a Segunda Guerra Mundial, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), sendo que uma de suas missões é buscar promover o diálogo entre os países, encorajando o respeito aos direitos humanos. No ano de1948, foi aprovada pela ONU a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Nesta Declaração aprendemos que: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Ninguém será submetido à tortura nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. http://www.dudh.org.br/wpcontent/uploads/2014/12/dudh.pdf 20 Referências: Teoria da Constituição e do Estado e Direitos e Garantias fundamentais. Luiz Carlos Guieseler Junior, José Henrique Cesário Pereira; Débora Cristina Veneral (Org.). Curitiba: lnterSaberes, 2014 (Coleção Direito Processual Civil e Direito Ambiental). Roteiro de estudos (aulas 1 a 6) e slides (aulas 1 a 6). Univirtus Declaração Universal dos Direitos Humanos http://www.dudh.org.br/wpcontent/uploads/2014/12/dudh.pdf). Artigo: Uma breve história dos Direitos Humanos: Link:-http://www.humanrights.com/pt/what-are-human-rights/brief-history/cyrus- cylinder.html). http://www.dudh.org.br/wpcontent/uploads/2014/12/dudh.pdf
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