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Inadimplemento Absoluto das Obrigações 1) Introdução → A relação obrigacional obedece a um ciclo que se encerra com a sua extinção, que se dá, geralmente, por meio do pagamento. → Pode ocorrer que a obrigação não seja cumprida, em razão de atuação culposa ou de fato não imputável ao devedor. Se o descumprimento decorreu de desídia, negligência ou, mais gravemente, por dolo do devedor: ↳ inadimplemento culposo no cumprimento da obrigação, que determinará o consequente dever de indenizar a parte prejudicada. Se a inexecução obrigacional derivou de fato não imputável ao devedor, enquadrável na categoria de caso fortuito ou força maior: ↳ configurar-se-á o inadimplemento fortuito da obrigação, sem consequências indenizatórias para qualquer das partes. OBS.: a própria lei admite que a ocorrência de evento fortuito não exclui a obrigação de indenizar. Ex.: ocorre quando a própria parte assume a responsabilidade de responder pelos prejuízos, mesmo tendo havido caso fortuito ou força maior (art. 393 do CC/2002). Ex. 2: em caso de mora poderá o devedor responsabilizar-se nos mesmos termos (art. 399 do CC/2002), se retardar, por sua culpa, o cumprimento da obrigação. 2) Descumprimento ● NAS OBRIGAÇÕES DE DAR: opera-se o descumprimento quando o devedor recusa a entrega, devolução ou restituição da coisa. ● NAS OBRIGAÇÕES DE FAZER: quando se deixa de cumprir a atividade devida. ● NAS OBRIGAÇÕES NEGATIVAS: a própria lei dispõe que: Art. 390. Nas obrigações negativas o devedor é havido por inadimplente desde o dia em que executou o ato de que se devia abster. Ex.: É o caso do sujeito que, obrigando-se a não levantar o muro, realiza a construção, tornando-se inadimplente a partir da data em que realizou a obra. LEMBRAR: Art. 391. Pelo inadimplemento das obrigações respondem todos os bens do devedor. ↳ Salvo: instrumentos de trabalho, bens de família, entre outros. 3) O inadimplemento culposo da obrigação. → O desfecho normalmente esperado de uma obrigação dá-se por meio de seu adimplemento (cumprimento) voluntário. → pode ocorrer que a obrigação se frustre por culpa do devedor, que deixa de realizar a prestação pactuada. ↳ Imponha-se, a ele, o dever de indenizar a parte prejudicada. Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado. ↳ O inadimplemento tratado pela norma é o denominado absoluto 3.1) Formas inadimplemento → Impossibilita o credor de receber a prestação devida de maneira total ex.: a destruição do cereal que seria entregue pelo devedor convertendo-se a obrigação, na falta de tutela jurídica específica, em obrigação de indenizar → Impossibilita o credor de receber a prestação devida de maneira parcial Ex.: quando há pluralidade de objetos e apenas parte deles se inviabiliza OBS.: de qualquer forma, convertendo-se a obrigação, na falta de tutela jurídica específica, em obrigação de indenizar. Obs. Não confundir: o inadimplemento relativo: A prestação, ainda possível de ser realizada, não foi cumprida no tempo, lugar e forma convencionados, havendo, por outro lado, o interesse do credor de que seja adimplida, sem prejuízo de exigir uma compensação pelo atraso causado. Esse retardamento culposo no cumprimento de uma obrigação ainda realizável caracteriza a mora. Obs. Importantes: Ex.: quando um sujeito, guiando imprudentemente o seu veículo, choca-se contra um muro, causando danos ao proprietário desse imóvel. ↳ Fica claro que também descumpriu uma obrigação anterior, embora de natureza eminentemente legal (“não causar dano a outrem”). → Quem infringe dever jurídico lato sensu fica obrigado a reparar o dano causado. → Esse dever passível de violação pode ter: ↳ tanto uma obrigação imposta por um dever geral do direito ou pela própria lei quanto por um negócio jurídico preexistente. ↳ O primeiro caso caracteriza a responsabilidade civil aquiliana ↳ o segundo, a responsabilidade civil contratual. ● E quais as diferenças básicas entre essas duas formas de responsabilização? → A necessária preexistência de uma relação jurídica entre lesionado e lesionante; → O ônus da prova quanto à culpa (na responsabilidade civil aquiliana, a culpa deve ser sempre provada pela vítima, enquanto, na responsabilidade contratual, ela é, de regra, presumida); → A diferença quanto à capacidade (o menor púbere só se vincula contratualmente quando assistido por seu representante legal, no caso da responsabilidade aquiliana, incapaz será responsabilizado pelos prejuízos que a sua atuação ilícita causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes) 4) Inadimplemento fortuito da obrigação → Há inadimplemento fortuito da obrigação, quando o fato não resulta de atuação dolosa ou culposa do devedor, que, por isso, não estará obrigado a indenizar. → Fatos da natureza ou atos de terceiro poderão prejudicar o pagamento, sem a participação do devedor, que estaria diante de um caso fortuito ou de força maior respectivamente. Ex.: o sujeito se obrigou a prestar um serviço, e, no dia convencionado, é vítima de um sequestro ou uma arvore caiu em cima dele no caminho para o serviço. Não poderá, em tal hipótese, em virtude de evento não imputável à sua vontade, cumprir a obrigação avençada. Obs.: Caso fortuito: é o acontecimento provindo da natureza, sem qualquer intervenção da vontade humana. ↳ o caso fortuito tem a sua distinção na sua imprevisibilidade, segundo os parâmetros do homem médio. Obs.: Força maior: é a atuação humana, não do devedor, que impossibilita o cumprimento obrigacional” ↳ a característica básica da força maior é a sua inevitabilidade, mesmo sendo a sua causa conhecida (um terremoto ou uma erupção vulcânica, por exemplo); → Em caso de força maior ou caso fortuito: extingue-se a obrigação, sem qualquer consequência para as partes. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Obs.: Por “risco”, expressão tão difundida no meio jurídico, entenda-se o perigo a que se sujeita uma coisa de perecer ou deteriorar, por caso fortuito ou de força maior. ● podemos concluir que apenas o inadimplemento absoluto com fundamento na culpa do devedor impõe o dever de indenizar (pagar as perdas e danos), gerando, por conseguinte, para o devedor inadimplente, a responsabilidade civil por seu comportamento ilícito.
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