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1 PRÁTICA DE DIREITO TRIBUTÁRIO 2 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br SUMÁRIO 1. Embargos à Execução Fiscal................................................................................….… 3 2. Mandado de Segurança................................................................................................. 15 3. Ação Declaratória de Inexigibilidade de Tributo...................................……………... 23 4. Ação Civil Pública....................................................................................................…. 31 5. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade...................................................................36 6. Execução de Pré-executividade ...............................................................................….. 60 7. Ação popular.............................................................................................................….. 69 8. Ação Anulatória de Lançamento Fiscal....................................................................….. 71 9. Recurso Extraordinário..............................................................................................….. 79 3 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 1. Embargos à Execução Fiscal EXMO. SR. DR. JUIZ DA ..... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE .... - ESTADO DO ...... FULANO DE TAL....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL em face de Estado de ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. I- DOS FATOS O Embargante está sofrendo processo de execução fiscal, e, tendo sido citado, o Juízo restou garantido pelo termo de penhora e depósito, razão pela qual os embargos são admissíveis. 4 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Efetivamente, o Embargante no dia .... de .... de ...., por volta das .... horas, estava procedendo a transferência de .... .... para confinamento, teve seu .... apreendido no trevo de acesso para a Comarca de .... Estado do ...., na BR .... O gado destinava-se a confinamento e não para abate, portanto indevido o ICMS e a multa pretendida. Diante disso, impetrou Mandado de Segurança para a liberação da carga, o que foi deferido inaudita altera parts pelo Exmo. Dr. Juiz de Direito da Comarca de .... Estado do .... (autos de nº ....), conforme cópias anexas. O Mandado de Segurança foi julgado procedente, reconhecendo-se pois a ilegalidade praticada pela autoridade coatora. De forma que o pretendido ICMS é indevido bem como a própria multa. Ademais o Embargante recusou-se a assinar o auto de infração visto que o mesmo encontrava-se erroneamente preenchido, pois que no mesmo constou que o .... destinava-se para abate, quando na realidade eram para confinamento. Assim, porque o representante legal do Estado do .... recusou-se a modificar o auto de infração, tendo inclusive arbitrariamente apreendido os animais e exigindo o pagamento do ICMS e da multa, cometeu atos ilegais quais sejam: a) Apreender animais como meio coercitivo para pagamento de impostos; b) Lavrar auto de infração onde constou que os animais iriam para o abate, sendo que na realidade os mesmos eram destinados à confinamento, de acordo com a Nota Fiscal de Produtor acostada às fls. .... dos autos de Mandado de Segurança nº .... Porém, mesmo que o Poder Judiciário entenda que o ICMS é devido, o que não se espera, a multa deverá ser excluída conforme entendimento doutrinário e jurisprudêncial: 5 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br II- DO DIREITO 1. DA EXCLUSÃO DA MULTA PELO PODER JUDICIÁRIO De conformidade com a lição de Heron Arzua e Dirceu Galdino, em matéria denominada "Multas Fiscais e o Poder Judiciário", veiculado no jornal Gazeta do Povo de 5.5.1996, pág. 5. A exclusão e redução da multa pelo Poder Judiciário é decorrente do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional no sistema jurídico brasileiro, a teor do inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal: "A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito." Aliomar Baleeiro Observa que a equidade permeia o direito tributário, acentuando: "A clausula seja qual for o motivo determinante da falta deve ser atendida em termos, num sistema jurídico que autoriza a equidade na interpretação das leis (CTN, art. 108, IV). Os Tribunais brasileiros, inclusive o Supremo Tribunal Federal, tem excluído multas em casos especiais (Ver STF - RE nº 55.906, Gallotti, 27.5.65, Pleno Turma: Ag. n. 40.319, 22.8.67; RE nº 60.413; Nogueira, 17.10.67; RE nº 60.476, Lins, 28.11.67; RE nº 60.972, Baleeiro, 7.3.67; RE nº 61.160, Lins, 19.3.68, RTJ 44.661; RE nº 60.964, Baleeiro, 7.3.67, RTJ 41/55)". (Direito Tributário Brasileiro, Rio de Janeiro, Forense, 1981 p. 547). A jurisprudência brasileira mais recente mantém a mesma posição: "Não pode subsistir a sentença na parte em que condena o executado na multa de 100% do imposto devido, porque predominante a orientação jurisprudencial no sentido de que fixado nesse percentual ela assume feição confiscatória. Reformada parcialmente a sentença, as despesas e honorários devem ser recíprocos e proporcionalmente distribuídos entre os litigantes" (TJMG Ac. da 4ª Câm. Cível em 10.6.1981, Ap. 55.354, ADV nº 429). "Além dos acórdãos anteriormente citados, que reconhecem ao Poder Judiciário o poder de excluir ou diminuir a multa fiscal imposta pela autoridade, é de se anotar que essa incumbência dos juizes já vem de longe. Assim: Ac. da 4ª C.C. do TJSP, Ap. 94.874, 6 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 11.6.59, Rel. Bandeira de Mello, RT 289/356; Ac. da 1ª CC do TJSP, Agr. 89.957, 3.3.59, Rel. Juarez Bezerra, RT vol. 288/456; Ac. da 3ª CC do TASP, Rec. Ex-Offício nº 252.256, 6.12.58, Rel. Góes Nobre, RT vol. 287/616" (Vejam-se também os julgados nas RT 273/280, RT 264/722 e RT 262/673). Assim é inquestionável que o Poder Judiciário tem competência para reduzir as multas fiscais impostas pela autoridade administrativa. Continuemos na lição dos doutrinadores: "De há muito ao Poder Judiciário se reconhece o direito de excluir ou mitigar a multa fiscal imposta pela autoridade administrativa (STF in RT 44/661, TACSP in RT 372/276; 390/269; 414/236). É facultado ao Poder Judiciário atendendo à circunstância do caso concreto, reduzir multa excessiva aplicada pelo Fisco" (STF, RE 82.150/SP, 2ª Turma, RTJ vol. 78/610). "De outra face, a antiga distinção entre multa fiscal administrativa e multa fiscal moratória, fundada na doutrina que entendia que o Poder Judiciário só poderia atenuar a multa punitiva foi definitivamente afastada pelo Supremo, quando assentou que"a partir do Código Tributário Nacional, Lei nº 5172 de 25.10.1996, não há como distinguir entre multa moratória e administrativa". Para indenização da mora são previstos juros e correção monetária" (RE 79.625/SP, Pleno, RTJ vol. 80/104). Cite-se em especial, as ponderações do Ministro Cordeiro Guerra no aludido arresto: "Em reiterados julgados, os Eg. Tribunais de São Paulo tem entendido, porém como na espécie, que a partir da vigência do Código Tributário Nacional, não obstante o disposto nos arts. 184 e 134, parágrafo único, toda multa fiscal é punitiva, e, conseqüentemente, inexigível em falência. De fato não disciplina o Código Tributário Nacional as sanções fiscais de modo a extremá-las em punitivas ou moratórias, apenas exige a sua legalidade, art. 97, V. Ora, a Súmula nº 191 que se refere à multa fiscal simplesmente moratória tem por base julgados de 1961 a 1964, isto é, anteriores à Lei nº 5172 de 25.10.66 - Código Tributário Nacional. Por isso, entendo como o Eg. Tribunal local, e neste sentido votei no Plenário no RE nº 80.093/SP e mais 80.132, 80.134, 80.147, em 13.12.74, que as sanções fiscais são sempre punitivas, uma vez assegurada a correção monetária e os juros 7 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br moratórios. O princípio da lei de falências é o de que não se deve prejudicar a massa, o interesse dos credores. O que se assegura é o imposto devido, não as sanções administrativas. Esta a inteligência que dou ao art. 184 do Código Tributário Nacional" (Ministro Cordeiro Guerra, in RTJ 80, pág. 104/113). Mas o Ministro Moreira Alves a argumentação definitiva sobre a inexistência de diferença entre a denominada multa moratória e a multa punitiva. Ipsis: "A meu ver, é que preciso, preliminarmente, fazer esta distinção: de um lado, o que realmente é pena, de outro, o que realmente é indenização. Os juros moratórios por exemplo, como indenização que são, se admitem uma vez que, ai, não há caráter, nem sequer remoto, de punição, mas sim de indenização pelo tempo da demora em que se houve o devedor relapso. No entanto, fora daí, toda que, pelo simples inadimplemento, e não mais com caráter de indenização, se cobrar alguma coisa de credor, este algo que se cobra a mais dele, e que não se capitula estritamente como indenização, isso será uma pena." E continua Moreira Alves, ao tipificar a natureza jurídica da multa fiscal dita moratória: "...Ora analogamento (com a pena criminal), quando se refere a pena pecuniária por infração da lei administrativa, será pena de natureza fiscal, não tendo portanto, caráter indenizatório. Assim sendo, e tendo em vista de que essas multas ditas moratórias ou simplesmente moratórias, em sua natureza não o são, tanto que se impõem, às vezes, por arbítrio da autoridade fiscal, outras vezes, por percentuais fixos, que não se alteram sequer com caráter de tributo, essas multas, repito, não se impõem para indenizar a mora do devedor, mas para apená-lo pelo fato de que ele não tenha pago, seja há 10 dias, seja há 10 anos. Conseqüentemente, a conclusão a que chego, e que é concorde com os 3 votos até então proferidos, é no sentido de que só se admite, como acréscimo do crédito fiscal a cobrança do que for puramente indenizatório, assim, os juros pela demora do devedor relapso." Sacha Calmon, o festejado jurisconsulto mineiro, louvando-se na lição de Moreira Alves: 8 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br "A multa moratória não se distingue da punitiva e não tem caráter indenizatório, pois se impõe para apenas o contribuinte, observa o ministro Moreira Alves, seguindo o Rel. Cordeiro Guerra, in verbis: Toda vez que pelo simples inadimplemento, e não mais com o caráter de indenização, se cobrar alguma coisa do credor e que não se capitula estritamente como indenização, isso será uma pena ... e as multas ditas moratórias... não se impõem para indenizar a mora do devedor, mas para apená-lo." (Teoria e Prática das Multas Tributárias, Rio de Janeiro, Forense, 1992, p. 73). E acrescenta: "Concordamos com a Suprema Corte, pelos fundamentos tão bem sintetizados pelo Ministro Moreira Alves, de grande intuição jurídica. De nossa parte, não temos a mais mínima dúvida quanto à natureza sancionatória punitiva, não indenizatória de multa moratória. De confutar o argumento de que a multa moratória, conquanto punitiva é também indenizatória, possuindo uma ambivalente jurídica. A este andragenismo conceitual sequer escapou Ruy Barbosa Nogueira - emérito tributarista paulistano, titular da prestigiosa Escola de Direito do Largo de São Francisco." "A multa tem como pressuposto a prática de um ilícito (descumprimento do devedor legal, estatutário ou contratual). A indenização possui como pressuposto um dano causado ao patrimônio alheio, com ou sem culpa (como nos casos de responsabilidade civil objetiva informada pela teoria do risco). A função da multa é sancionar o descumprimento das obrigações, dos devedores jurídicos. A função da indenização é recompor o patrimônio estatal lesado pelo tributo não recebido a tempo. A multa é para punir, assim como a correção monetária é para garantir, atualizando-o, o poder de compra da moeda. Multa e indenização não se confundem. E verdade que o ilícito pode advir obrigação de indenizar. Isto, todavia só ocorre quando a prática do ilícito repercute no patrimônio alheio, inclusive o estatal, lesando-o . O ilícito não é a causa da indenização; é a causa do dano. E o dano é o pressuposto, a hipótese a que o direito liga o dever de indenizar. Nada tem a ver com a multa que é sancionatória. Debate argüir semelhança entre a multa de mora chamadas 'clausulas 9 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br penais' do direito civil. No campo do direito privado existem multas compensatórias ou indenizatórias e multas punitivas. A diferença é o seguinte: a multa punitiva visa sancionar o descumprimento do dever contratual, mas não o substitui e, a multa compensatória aplica-se para compensar o não- cumprimento do dever contratual principal, a obrigação pactuada, substituindo-a. Por isso mesmo costuma-se dizer que tais multas são 'início de perdas e danos'. Ora, se assim é, já que a multa moratória do direito tributário não substitui a obrigação principal - pagar o tributo - coexistindo com ela, conclui-se que a sua função não é aquela típica da multa compensatória, indenizatória do direito privado (por isso que seu objetivo é tão somente punir). Sua natureza é estritamente punitiva, sancionante. Aliás, o STF alinha-se com a opinião ora expendida como já visto." (op. cit. pg. 71/73). Por essa razão, o IV Simpósio Nacional de Direito Tributário, realizado em São Paulo, em 1979, à unanimidade, que a multa por falta de recolhimento do tributo é sanção de caráter punitivo. (Apud. "Caderno de Pesquisas Tributárias", nº 5, RT, 1980, apêndice, denominado Resoluções do IV Simpósio. E que a multa fiscal tem como premissa maior o descumprimento a dever legal, ou seja, a prática de um ilícito administrativo. A indenização já possui outro pressuposto alheio, com ou sem culpa. A finalidade da multa é sancionar o descumprimento das obrigações e dos deveres jurídicos. O objetivo da indenização é recompor o patrimônio danificado. Em direito tributário, como anota Sacha Calmon, é o juro que recompõe o patrimônio estatal lesado pelo tributo não pago. A multa é para punir, assim como a correção monetária é para garantir o poder de compra da moeda. daí o entendimento do Supremo na direção de não mais terem aplicação as súmulas 191 e 192, que prescreviam respectivamente a exigibilidade das "multas moratórias" e a exclusão das "multaspunitivas" quando a Fazenda Pública demandava a massa falida. Corolário desse magistério é a Súmula 565 do STF, que prescreve constituir a multa fiscal moratória pena administrativa. Na doutrina estrangeira há a mesma ressonância como pondera Hector Villegar: "A multa fiscal em sendo retributiva, assume o caráter de pena, enquanto sua finalidade não se resume a simplesmente ressarcir o fisco, senão também castiga o infrator." (In, Direito Penal Tributário, SP, Educ. 1974, p. 330). 10 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 2. MULTA COMFISCATÓRIA De outra vertente, as multas, então moratórias também se desfiguram em função de seu montante excessivo ou despropositado em razão da infração tributária. Num sistema em que há previsão de juros (para indenizar) e correção monetária (para manter o cunho liberatório da moeda), a imposição de multas elevadas leva o próprio confisco do patrimônio do contribuinte. E o motivo de Aliomar Baleeiro e Bilac Pinto terem execrado penas dessa natureza no RE 80.093/SP, cuja ementa salienta a inexigibilidade de multa diante do abuso de poder fiscal e ocorrência em razão do bis in idem da correção monetária (RTJ 82/809). A respeito das multas confiscatórias, em razão do montante excessivo ou despropositado diante da infração tributária, o prof. Sampaio Doria, citado pelo Ministro Bilac Pinto é incisivo: "Não só o art. 141, parágrafo 31 da Carta Magna (de 1946), impossibilitaria penalidade assim desarrazoadas, mas a própria diretriz da capacidade contributiva obstaria a imposição de penas que exorbitassem da capacidade econômica dos indivíduos. Reconhecida ao judiciário a faculdade de rever e reduzir as multas exigidas pelo fisco, são elas depuradas de seu eventual feito confiscatório com grande facilidade. Aliás, dessa superintendência sobre a ação repressiva da administração, tem nossos tribunais feito largo uso, aparando-lhe os freqüentes excessos na matéria (RTJ vol. 82/815). O princípio da capacidade econômica do contribuinte e a vedação do confisco hoje são princípios constitucionais expressos em matéria tributária (§ 1º, do art. 145, e art. 150, e art. 150, IV da CF de 1988). Embora dirigidos literalmente aos impostos (capacidade contributiva) e aos tributos (utilizá-los com efeito de confisco), tais postulados se espairam por todo o sistema tributário, atingindo por inteiro o crédito tributário na sua acepção mais lata, como conceituado pelo art. 113 e seus parágrafos do CTN. Quer dizer, numa palavra: eles atingem as penas fiscais tanto quanto os tributos." "Devemos deixar claro, que não apenas os tributos, mas também as penalidades fiscais, quando excessivas ou confiscatórias, estão sujeitas ao mesmo tipo de controle jurisdicional." (Ministro Bilac Pinto, op. cit. p. 814). 11 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 3. DA CORREÇÃO MONETÁRIA Ademais, o abuso fiscal que está a ocorrer em matéria de multas fiscais (ditas moratórias ou punitivas) resulta no advento do instituto da correção monetária e sobretudo na estatuição livre dos seus índices (sem observância do princípio da legalidade). Se transformar o débito principal do contribuinte em moeda norte-americana, verificar-se-á que, entre as exigências inicial e a data presente, houve um acréscimo real (em dólares, portanto) desse montante, isso sem considerar a incidência de juros e multas. Quer dizer: se a função da correção monetária era a de manter o poder de compra da moeda, não pode ela extrapolar esse mesmo valor, tornando-o diferente do valor original. E como a correção monetária também "corrige" o valor das multas e os juros incidem sobre os tais valores, então se verificará o efeito cascata da aplicação da correção monetária sobre o crédito tributário, ai incluído o imposto, juros, multa e a própria correção. De conseguinte, a correção monetária, da forma que é calculada e aplicada, também é responsável pelo montante desarrazoado e excessivo do crédito tributário e merece um exame minucioso. Proporcionalmente na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: De conformidade com a doutrina de Gilmar Ferreira Mendes, Mestre em Direito pela Universidade de Brasília, neste sentido: "É interessante notar que a primeira referencia de algum significado ao princípio da proporcionalidade na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - tanto quanto é possível identificar - está intimamente relacionada com a proteção ao direito de propriedade. No RE nº 18.331, de relatoria do eminente Min. Orozimbo Nonato, deixou-se assente, verbis." O poder de taxar não pode chegar à desmedida do poder de destruir, uma vez que aquele somente pode ser exercido dentro dos limites que o tornem compatível com a liberdade de trabalho, comércio e da indústria e com o direito de propriedade. É um poder, cujo exercício não deve ir até o abuso, o excesso, o desvio, sendo aplicável, ainda aqui, a doutrina, fecunda do detournement de pouvoir. Não há que estranhar a invocação dessa doutrina ao propósito da inconstitucionalidade, quando os julgados tem proclamado que o conflito entre a norma 12 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br comum e o preceito da Lei Maior pode se acender não somente considerando a letra do texto, como também, e principalmente, o espírito do dispositivo invocado. E concluindo: Vê-se, pois, que o princípio da proporcionalidade ou da proibição do excesso é plenamente compatível com a ordem constitucional brasileira. A própria jurisprudência do Supremo Tribunal Federal evoluiu para reconhecer que esse princípio tem hoje a sua sedes materiae no art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal. (Gilmar Ferreira Mendes - A Proporcionalidade na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, "Repertório IOB de Jurisprudência" - 1ª Quinzena de dezembro de 1994 nº 23/94, pág. 469). Por outra banda, em respeito ao princípio da proporcionalidade, não é justo numa economia estável decorrente do Plano Real implantado no País, que a Embargante arque com a multa pretendida, mesmo porque e por analogia aplicando-se a Lei nº 9.298 de 1º de agosto de 1996, que modificou o parágrafo 1º do art. 52 do Código de Proteção do Consumidor, vazado nos termos seguintes: "As multas de mora, decorrentes do inadimplemento das obrigações no seu termo, não poderão ser superior a dois por cento do valor da prestação." Portanto, caso seja mantida a multa, o que em hipótese alguma se espera, requer seja a mesma reduzida para 2% em atendimento à Lei nº 9.298/96. Assim no caso dos autos, aplica-se a regra do art. 138 do CTN, que de conformidade com a doutrina de P.R. Tavares Paes, nos seus "Comentários ao Código Tributário Nacional", RT- Legislação, pgs. 336/337: "A exclusão da responsabilidade - Ocorre a exclusão da responsabilidade do contribuinte ou responsável pela denúncia espontânea, sendo esta acompanhada, se cabível, do pagamento do tributo em débito e dos juros de mora. A denúncia espontânea - A denúncia espontânea elisiva da responsabilidade deve ser prévia e qualquer procedimento administrativo ou fiscalização concernente. Se houver necessidade 13 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br de apuração do quantum debeatur do tributo, deve haver um arbitramento pela autoridade administrativa para o depoimento elisivo, no caso. A correção monetária não é sanção penal, e sim sanção civil. O mesmo acontece com os juros de mora. O Código não alude à correção monetária, que é a atualização do débito originário, sendo que a matéria pertine à legislação ordinária. Nos casos de denúncia espontânea há incidênciade correção monetária e juros." De forma que os embargos deverão ser julgados procedentes para o fim de: a) Considerar indevido o ICMS e a própria multa, porquanto o .... que estava sendo transportado destinava-se a confinamento e não para abate; b) Ou não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, reduzir o valor do débito, excluindo-se a multa pretendida; c) Ou finalmente, para reduzir a multa ao patamar de ....% no máximo, e, condenando-se a Embargada ao pagamento das custas processuais e verba honorária de ....% do valor da redução. III- DOS PEDIDOS Assim sendo é a presente para requerer como efetivamente Requer: a) Sejam recebidos os presentes embargos, suspendendo-se o curso da ação de execução de nº .... b) Sejam á final julgados procedentes para o fim de: 1.b.) Considerar indevido o ICMS e a própria multa, porquanto o .... que estava sendo transportado destinava-se a confinamento e não para abate; 2.b) Ou não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, reduzir o valor do débito, excluindo-se a multa pretendida; 14 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 3.b) Ou finalmente, para reduzir a multa ao patamar de ....% no máximo, e, condenando-se a Embargada ao pagamento das custas processuais e verba honorária de ....% do valor da causa. c) De conseqüência seja a embargada condenada ao pagamento das custas processuais e verba honorária de ....% do valor pretendido (multa); d) Protesta provar o alegado por documentos, perícia, e se necessário depoimento pessoal do representante legal da Embargada, e, oitiva de testemunhas cujo rol será apresentado dentro do prazo da lei. Considerando-se ainda a existência do processo de Mandado de Segurança de nº .... quer encontra-se em grau de recurso no Tribunal ad quem, e constando no mesmo documentos essenciais para o deslinde e prova deste procedimento, mister se faz seja suspenso o andamento da execução e dos embargos até o retorno daquele processado. Caso Vossa Excelência não entenda dessa forma, requer a concessão de prazo para a juntada de fotocópias dos documentos, fixando-se em .... dias para tanto. Dá-se à causa o valor de R$ ...... Nesses Termos, Pede Deferimento. [Local], [dia] de [mês] de [ano]. [Assinatura do Advogado] [Número de Inscrição na OAB] 15 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 2. Mandado de Segurança EXMO. SR. DR. JUIZ DA VARA FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA FEDERAL DE ...../..... FULANO DE TAL, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência impetrar: MANDADO DE SEGURANÇA (com pedido de liminar) em face de ato de ....., com endereço para notificação sito na Av. ....., n.º ....., Bairro ...../....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: I- DOS FATOS Através do Auto de Infração lavrado em DATA INCERTA, a fiscalização da Delegacia da Receita Federal de ....., promoveu a cobrança do IRPF que considerou devido sobre rendimentos omitidos do trabalho assalariado nos meses de ..... a ....., assim como 16 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br "acréscimos patrimoniais "a descoberto" apurados nos meses de ..... e ....., todos concernentes ao ano calendário de ..... Não concordando com a forma como foram aplicadas as normas legais que embasaram a autuação retro, em ...../....., resolveu contestá-la perante a Delegacia da Receita Federal de Julgamento em ...../....., órgão ao qual está afeto o julgamento administrativo em primeira instância dos processos fiscais. Tendo apreciado a impugnação, através da ....., de ...../...../..... o Delegado julgou procedente em parte o lançamento do IRPF, conforme íntegra da Decisão/Julgamento, em anexo. Irresignada com o veredicto singular, do prazo legal de ..... dias após a ciência desta decisão, pretendeu exercer o direito de recurso ao Conselho de Contribuintes, vinculado ao Ministério da Fazenda - sediado em ..... - a quem compete, revisar, em segunda instância, os feitos como o presente, nos termos do artigo do artigo 25, inciso 11, do Decreto 70.235/72, que normatiza o processo administrativo fiscal. Para a consecução desse intento, também cumprindo o prazo legal, no final do mês de ...../....., protocolizou seu "Recurso Voluntário" (cópia anexa) junto à Secretaria da Receita Federal de ...../....., oportunidade em que solicitou o devido encaminhamento à autoridade "ad quem", nominada no cabeçalho. Ocorre, todavia, que através de "Despacho" (sem data - conforme cópia anexa), o Delegado titular da Delegacia da Receita Federal de ...../..... negou seguimento ao recurso, ou seja, deixou de encaminhá-lo ao Conselho de Contribuintes. O ora impetrante foi comunicado desta decisão, por meio da intimação (anexa), recebida em .../.../..., enviada pela Secretaria da Receita Federal de ....., a qual informa que o Recurso Voluntário, não teve seguimento pela não comprovação do depósito de 30% do valor da exigência fiscal mantida em 1º instância. Embora não afirmado na "Intimação", sabe-se que a exigência do depósito em questão está previsto no artigo 32, da Medida Provisória 1.973--56, publicada em ...../....., (a qual vem sendo sistematicamente reeditada). 17 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Por entender que a autoridade fazendária local manifestou-se em processo que se encontrava apenas em trânsito na sua unidade administrativa, e, outrossim, que a mesma usurpou competência de autoridade superior, é impetrado o presente Mandado de Segurança, visando a apreciação do Recurso Voluntário pelo ..... Conselho de Contribuintes com sede em ...../...... Sendo certo que a competência para o julgamento dos "recursos voluntários" é do Conselho de Contribuintes, e que, por isso, cabe apenas ao seu Presidente exigir ou dispensar o deposito de 30% preconizado no artigo 32 da MP 1.973-56, inquestionável o cabimento do presente "mandamus" visando corrigir o ato arbitrário do Sr. Delegado da Receita Federal em ...../..... II- DO DIREITO 1. AS CONDIÇÕES IMPOSTAS NO ART. 32 DA MP 1.973-56, DE 10.12.99 Com a edição da Medida Provisória n.º 1.973-56, publicada no DOU de 10.12.99,, a qual, diga-se de passagem, sucedeu as demais que a antecederam, foi acrescentado um novo artigo as anteriores - o (artigo) 32 - alterando a redação, dos artigos 33 e 43 do Decreto n.º 70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. O teor do mesmo é o seguinte, "verbis": "Art. 32 - Os arts. 33 e 34 do Decreto 70.235172, de 06 de março de 1972, que, por delegação do Decreto-Lei n.º 822, de 05 de setembro de 1969, regula o processo administrativo de determinação e exigência de créditos tributários da União, passam a vigorar com a seguinte alteração: "Art. (-Da decisão (em primeira instância) caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão'). (A transcrição é nossa). 18 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informáticawww.provasdaoab.com.br Parágrafo 1º- No caso em que for dado provimento a recurso de ofício, o prazo para a interposição do recurso voluntário começará a fluir da ciência pelo sujeito passivo, de decisão proferida no julgamento do recurso de ofício. Parágrafo 2º - Em qualquer caso o recurso voluntário somente terá seguimento se o recorrente o instruir com prova do deposito de valor correspondente a, no mínimo, trinta por cento da exigência fiscal definida na decisão". (grifou-se). Como se observa, através do criação do parágrafo 2º supra transcrito, o Poder Executivo passou a condicionar o encaminhamento dos recursos administrativos à feitura de um depósito equivalente a 30% do montante discutido. Por considerar que essa imposição colide com diversas normas constitucionais e legais, o Impetrante insurge-se contra a mesma, apontando, num primeiro momento, seus vícios, e, depois, pedindo que seja dispensado do depósito reivindicado pelo Fisco, e, concomitantemente, determinado a apreciação do recurso pela instância administrativa superior (....... Conselho de Contribuinte. 2. A INCONSTITUCIONALIDADE / ILEGALIDADE DO ARTIGO 32, DA MP 1.973- 56. São diversos os Vícios determinantes da inconstitucionalidade do dispositivo retrotranscrito. O detalhamento dos mesmos é feito nos subitens a seguir, pedindo-se ao digno Magistrado que os examine sistematicamente, dada a vinculação lógico/natural existente entre os mesmos. 3. A OFENSA AO ART. 5º, "CAPUT" DA CF/88 No artigo 5º, "caput", da Constituição Federal, está dito que "Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito a vida, a igualdade, a segurança e a propriedade, ... A garantia do direito à igualdade pressupõe que aos desiguais seja dado tratamento desigual. 19 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Sendo aprovado (convertido em lei) o dispositivo em lide, a exigência do depósito indiscutivelmente privilegiará os contribuintes com maior capacidade econômico/financeira, em detrimento dos menos afortunados. No presente caso, a situação atual da Impetrante é de uma aguda dificuldade financeira. Se não for afastada a exigência do depósito, em foco, terá que optar pela alternativa de não ver reexaminado o lançamento com o qual não concorda, encerrando definitivamente suas atividades. 4. A ofensa ao artigo 5º, XXXIV, "a", da CF/88 No artigo 5º inciso XXXIV, "a"', da Constituição Federal, está , dito que independentemente do pagamento de taxas, a todos são assegurados o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. No caso, a exigência do depósito equivalente a 30% do débito discutido, além de, por si só, chocar-se com a inexigibilidade constitucional de qualquer taxa, ao mesmo tempo cria empecilho à apresentação do recurso que pretende interpor contra uma exigência que reputa ilegal e claramente equivocada. 5. A ofensa ao artigo 5º, LV, da CF/88 No artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal está dito que "Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes ". É indiscutível que o estabelecimento do depósito de 30% do valor discutido, limita-lhe o exercício do direito do contraditório e da ampla defesa, assegurados constitucionalmente. 6. A ofensa ao artigo 5º, LIV, da CF/88 No artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, está dito que "Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". 20 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br No presente caso, a atual indisponibilidade financeira da Impetrante, conjugada com a inopinada exigência do depósito em discussão, impede o prosseguimento do "processo legal" tendente a defini-lo, se e quanto é devido do crédito tributário declarado como devido pelo Fisco. 7. A ofensa ao artigo 62 da CF/88 No artigo 62 da Constituição Federal está dito que "Em caso de relevância e urgência, o Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, .... ". Como se sabe, o Decreto 70.235, que regula o processo administrativo fiscal, foi expedido em 06.03.72, tendo, portanto, completado mais de 25 anos. Nesse interregno sofreu apenas as atualizações consubstanciadas na Lei 8.748/93. Dentro desse contexto, não se vislumbra qualquer motivo lógico/jurídico de relevância ou urgência que ampare o Poder Executivo a legislar, por Medida Provisória, sobre essa matéria. Efetivamente, no caso, está-se diante de uma clara usurpação da função legislativa pelo Poder Executivo, o que deve ser repudiado pelo Judiciário. 8. A ofensa ao artigo 151, III, do CTN No artigo 151, inciso III, do Código Tributário Nacional (CTN), está dito que "Suspendem a exigibilidade do crédito, ... as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo administrativo tributário". (Grifou-se). Trata-se, pois, de regra material, embutida no contexto de uma lei complementar (CTN), que atribui ao recurso, sem qualquer exigência de depósito, a prerrogativa de suspender a exigibilidade do crédito tributário. Importa aqui destacar que o deposito, referido no inciso II do mesmo artigo, representa uma opção alternativa, e não concomitante ao mesmo (recurso). 21 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Tendo-se presente, então, que o artigo 32 da MP 1.973-56, de natureza processual, colide com o disposto no artigo 151, III, do CTN, hierarquicamente superior e que dispõe substantivamente acerca da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, lícito é concluir pela sua ilegalidade e conseqüente ineficácia. Neste particular, cumpre informar ao MM. Julgador que em situações idênticas à discutida nestes autos, foram, proferidas 02 (duas) medidas liminares concedidas em Ações de Mandado de Segurança, (ambas já confirmadas no mérito) que versavam sobre matéria semelhante, cujas cópias ora são anexadas, sendo os autos identificados pelos números .......; .........., tendo como impetrantes respectivamente: ......... e ........... e ............, cujas Decisões de 1º Instância foram prolatadas por juizes da Seção Judiciária do Distrito Federal (1a Região). O Pretório Excelso, em matéria tributária, sempre se manifestou deste modo. Para confirmarmos esta assertiva, basta conferirmos os enunciados da, Súmulas 70, 323 e 547, todos harmônicos no sentido de fulminar, por inconstitucionalidade, as chamadas "as sanções administrativas", expedientes em tudo equivalentes aos depósitos ora em análise. Disto se depreende que a exigência do depósito em lide não está calcado numa motivação assentada em dados técnicos, consubstanciando, isto sim, um meio para dificultar o acesso à (segunda) instancia revisora do lançamento. 9. A CARACTERIZAÇÃO DO "FUMUS BONI JURIS" E DO "PERICULUM IN MORA" Com o apontamento da injuridicidade e inconsistência motivacional e fática do "depósito" até aqui efetuadas, caracterizado está o "fumus boni juris". No que tange ao perigo na demora, certo é que, se o Impetrante não efetuar o depósito exigido, não terá seu recurso examinado pelo Conselho de Contribuintes. Não tendo seu recurso encaminhado e apreciado, e não dispondo de recursos suficientes para pagar o crédito tributário exigido, este será objeto de inscrição em dívida ativa (no CADIN), e posterior execução fiscal, com os efeitos danososdecorrentes. Aliás, estas são as medidas claramente enunciadas na "Intimação" (sem data) anexa. 22 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Tudo isto, através desta ação mandamental, o Impetrante está buscando evitar. III- DOS PEDIDOS Diante do exposto, o Impetrante requer 1. LIMINARMENTE, seja determinado ao Sr. Delegado da Receita Federal de ..... (autoridade coatora), que recepcione e encaminhe o "Recurso Voluntário" ao Presidente do ..... Conselho de Contribuintes com sede em ...../....., sem o depósito de 30% do valor impugnado; 2. a concessão da segurança definitiva, com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 32 da Medida Provisória n.º 1.973-56, de 10.12.92 e conseqüente inexigibilidade do depósito exigido para efeitos de interposição de recurso à segunda instancia administrativa; 3. a notificação do Impetrado (Delegado da Receita Federal de...../.....) para prestar as informações de lei, cujo endereço localiza-se na Av. ...../..... Bairro...../....., por meio de carta precatória; 4. Requer, outrossim, a condenação do Impetrado ao pagamento das custas processais, honorários advocatícios e demais cominações legais. Dá-se à causa o valor de R$ ..... Nesses Termos, Pede Deferimento. [Local], [dia] de [mês] de [ano]. [Assinatura do Advogado] [Número de Inscrição na OAB] 23 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 3. Ação Declaratória de Inexigibilidade de Tributo com Repetição do Indébito e Pedido de Tutela Antecipada EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DE ....., ESTADO DO ..... FULANO DE TAL, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor: AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE TRIBUTO C/C REPETIÇÃO DO INDÉBITO E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA em face da UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. I- DOS FATOS O Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP, foi instituído pela Lei Complementar n.º 8, de 3 de dezembro de 1970, cujo artigo 2º, inciso II, estabelece: 24 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br "Art. 2º. A União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios contribuirão para o Programa, mediante recolhimento mensal ao Banco do Brasil das seguintes parcelas: II - Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios: a) 1% (um por cento) das receitas correspondentes próprias, deduzidas as transferências feitas a outras entidades da Administração Pública, a partir de 1º de junho de 1971; 1,5% (um e meio por cento) em 1972 e 2% (dois por cento) no ano de 1973 e subseqüentes; b) 2% (dois por cento) das transferências recebidas do Governo da União e dos Estados através do Fundo de Participações dos Estados, Distrito Federal e Municípios, a partir de 1º de julho de 1971". O PASEP (inicialmente inspirado no PIS - Programa de Integração Social) foi criado para propiciar aos servidores públicos, civis e militares, participação na receita das entidades da administração pública direta e indireta, no âmbito federal, estadual e municipal. A similaridade dos dois programas levou à sua unificação (Lei Complementar n.º 26/75), ficando criado assim o Fundo de Participação do PIS-PASEP. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 (artigo 239), os recursos arrecadados com o PASEP passaram a custear o Programa de Seguro-Desemprego, o Abono Salarial e programas de investimentos (a exemplo do FINAME). Conforme se extrai do artigo 8º, da referida Lei Complementar acima citada, a adesão dos Estados e Municípios ao PASEP depende de previsão legislativa, verbis: "Art. 8º. A aplicação do disposto nesta Lei Complementar aos Estados e Municípios, às suas entidades da administração indireta e fundações, bem como aos seus servidores, dependerá de norma legislativa estadual ou municipal" (grifos nossos). Embora não tenha aderido legalmente ao programa, pois inexiste previsão normativa autorizando-o, o Autor vem contribuindo com expressiva parcela de sua receita à formação do patrimônio do servidor público, conforme fazem prova os anexos Documentos de Arrecadação de Receitas Federais (DARF's). 25 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Além do mais, a finalidade do Programa, ao longo do tempo, foi desvirtuada, pois apenas uma parte, insignificante, diga-se, é destinada aos servidores, na forma de aviltantes abonos salariais. Grande parte dos recursos são alocados para políticas de investimentos que, em regra, atendem a conglomerados empresariais. O Município não pretende com a desvinculação ao Programa interromper os benefícios repassados aos servidores. Pretende, isto sim, através da edição de uma lei municipal, repassar estes benefícios diretamente, sem intermediação. Com isto, o servidor receberá mais e o Município poderá aplicar o restante dos recursos em políticas sociais de grande alcance. II- DO DIREITO A investida arrecadatória da União Federal fere inúmeros princípios consagrados na Constituição Federal, senão vejamos: a) Princípio da Autonomia do Ente Federado: Reza o artigo 18 da Carta Magna que "A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição" (grifos nossos). Este dispositivo deve ser analisado em consonância com os artigos 1º e 29 do Diploma Constitucional. Conforme ensina José Afonso da Silva, invocando Charles Durand, o sistema federativo apresenta-se "num Estado que, embora aparecendo único nas relações internacionais, é constituido por Estados-membros dotados de autonomia, notadamente quanto ao exercício da capacidade normativa sobre matérias reservadas às suas competências" (Curso de Direito Constitucional, RT, São Paulo, 1989, 5ª Ed., p. 90). Autonomia, segundo o eminente constitucionalista, "significa capacidade ou poder de gerir os próprios negócios, dentro de um círculo prefixado por entidade superior. É a Constituição Federal que se apresenta como poder distribuidor de competências exclusivas entre as três esferas de governo" (ob cit p. 538). 26 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Este princípio proclama a inexistência de hierarquia entre os membros da Federação. Por isso, afigura-se arbitrária e ilegal a pretensão da União Federal forçar o Município a recolher o PASEP. b) Princípio da Imunidade Tributária Recíproca: A Emenda Constitucional n.º 1/69, vigente quando da edição da Lei Complementar n.º 8/70, dispunha: "Art. 19 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: III - instituir imposto sobre: a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros". Este dispositivo constitucional contempla a chamada imunidade tributária recíproca entre a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Trata-se de uma limitação ao poder de tributar, pois ainda quehaja uma situação, ato ou fato subsumível à hipótese de incidência, esta não se materializa, não faz nascer a obrigação tributária. A razão disto está no fato de os diversos entes da Federação possuírem a mesma finalidade, que é garantir o bem comum. Os recursos que o Município eventualmente deixar de repassar à União para a formação do patrimônio do servidor público serão destinados à implementação de políticas públicas locais na área de saúde, educação e moradia. Tanto uma quanto outra destinação têm natureza pública, portanto, fere a lógica supor que um ente federado possa tributar o outro. c) Princípio da Legalidade: Uma das maiores expressões do Estado de Direito, o princípio da legalidade, insculpido no artigo 5º, inciso II, do ordenamento constitucional, proclama que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei". No caso, este dispositivo deve ser analisado em consonância com o artigo 150, inciso I, da Constituição, segundo o qual, "...é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributo sem que lei o estabeleça". 27 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Conforme visto, o artigo 8º da Lei Complemenar 8/70 condiciona o recolhimento do tributo à edição de uma norma estadual ou municipal vinculando os Estados ou Municípios ao PASEP. Como não existe disposição legislativa neste sentido, a União não dispõe de título hábil que lhe permita obrigar o Município a efetuar tais pagamentos. A matéria aqui enfocada já foi objeto de pronunciamento no Poder Judiciário. Conforme faz prova a inclusa fotocópia da decisão proferida na Petição n.º 928, o Estado do Paraná, defendendo idêntica tese jurídica, obteve liminar no Supremo Tribunal Federal, assegurando o direito de não mais contribuir para o PASEP. A única particularidade é que o Estado do Paraná, logo após o início de vigência da Lei Complementar n.º 8/70, editou a Lei n.º 6.278/72 aderindo ao programa, mas em 1993, através da Lei n.º 10.533, desvinculou-se do mesmo. A partir daí cessaram os pagamentos e, diante da pressão da Receita Federal, - que ameaçava, como no caso, não mais expedir certidões negativas de tributos e contribuições federais - viu-se na obrigação de propor, no Supremo Tribunal Federal, Medida Cautelar Inominada, logrando a obtenção da liminar. Recentemente a matéria foi julgada no mérito, agasalhando o direito do Estado do Paraná. Quanto à antecipação de tutela, o artigo 273, inciso I, do Código de Processo Civil prescreve: "Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;" À luz deste dispositivo, o pedido principal consiste em obter a declaração de inexigibilidade das contribuições ao PASEP, cumulativamente com a repetição dos pagamentos indevidamente exigidos e efetuados nos últimos 05 (cinco) anos. Tendo em conta que os efeitos da tutela pretendida no pedido principal podem ser antecipados total ou parcialmente, invoca-se o artigo citado para requerer um provimento jurisdicional que imponha à União o dever de abster-se de todo e qualquer ato que objetive 28 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br receber as contribuições do PASEP, até que seja examinado, no mérito, em ampla cognição, a legalidade da cobrança. A prova inequívoca a que faz referência o artigo 273, inciso I do CPC, está cristalizada nos Documentos de Arrecadação da Receita Federal (DARF'S), assim como na certidão expedida pela Prefeitura, noticiando a inexistência de norma vinculando o Município ao Programa. O outro requisito exigido para a concessão da tutela antecipada - verossimilhança da alegação - encontra amparo no citado artigo 8º da Lei Complementar n.º 8/70 e nos princípios examinados no item n.º 2, além da decisão colacionada no item n.º 3, do colendo Supremo Tribunal Federal. Quanto ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, cumpre destacar que o indeferimento da antecipação parcial da tutela acarretará grave prejuízo ao Autor, pois sem a certidão negativa, expedida pela Receita Federal, o Município terá o seu nome lançado na dívida ativa e, com isto, bloqueado o repasse do Fundo de Participação dos Municípios, a obtenção de empréstimos e a assinatura de convênios. O dano, neste caso, seria manifesto, pois com o nome lançado no rol dos devedores, o Município veria negado seu direito enquanto pendente o processo principal, em detrimento da população carente. Esta, sem dúvida, seria a maior prejudicada, vez que os recursos orçamentários são destinados basicamente a programas sociais. A propósito, "A tutela antecipatória do direito subjetivo material deve existir porque se alguém tem o direito de obter exatamente aquilo que tem direito de (CHIOVENDA), o processo há de fornecer-lhe meios para que a entrega do direito ocorra logo, de imediato. O meio processual - tutela antecipatória - tornará possível a pronta realização do direito que o autor afirma possuir". (SANTOS, Antônio J. da Silva, A Tutela Antecipada e a Execução Específica; São Paulo; 1995; Copola Editora, 1ª ed; p. 20). Oportuna, também, a lição do professor paranense Luiz Guilherme Marinoni, quando afirma: "É certo que o 'tempo' despendido para a cognição da lide, através de investigação probatória, é reflexo da própria existência do Estado e da necessidade que o mesmo se impôs de, antes de tutelar situações concretas, conhecer e reconhecer a existência do direito cuja 29 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br titularidade se alega em juízo [...] a necessidade de tutelas rápidas e imediatas apareceu, com certeza, para remediar a ineficiência do procedimento ordinário e da própria administração da justiça [...] ninguém pode negar que determinadas pretensões, quando envolvidas em situações emergenciais, somente podem ser tuteladas com efetividade através de liminares ou mediante execução antecipada". (MARINONI, Luiz Guilherme; Efetividade do Processo e Tutela de Emergência; Sérgio Antônio Fabris Editor; Porto Alegre; 1994; p. 65/66). O doutrinador faz uma feliz abordagem dos malefícios causados pela prestação jurisdicional morosa: "....se o tempo é a dimensão fundamental na vida humana, no processo desempenha ele idêntico papel, não somente porque, como já dizia Carnelutti, processo é vida, mas também, porquanto, tendendo o processo a atingir o seu fim moral com a máxima presteza, a demora na sua conclusão é sempre detrimental, principalmente às partes mais probres ou fracas, que constituem a imensa maioria da nossa população, para as quais a demora em receber a restituição de suas pequenas economias pode representar angústias psicológicas e econômicas, problemas familiares e, em não poucas vezes, fome e miséria". (ob cit. p. 66/7). Havendo fortes indicativos da ilegalidade da cobrança, justo que a União seja compelida a, liminarmente, abster-se de todo e qualquer ato com vistas ao recebimento destas contribuições, até que seja examinado, no mérito, em ampla cognição, a legalidade da pretensão. Enfim, ante a ausência de base legal autorizando a União Federal exigir a contribuição do PASEP, ao Município é assegurado o direito de repetir o indébito dos últimos 05 (cinco) anos. Para tanto, segue abaixo um demonstrativo dos pagamentos efetuados no período prescritivo, envolvendo não apenas as receitas próprias, como também os descontos do Fundo de Participação dosMunicípios (FPM): ANO ....... NATUREZA ..... VALOR ..... 30 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br III- DOS PEDIDOS Do exposto, requer-se: a) o deferimento da antecipação parcial dos efeitos da tutela (CPC - art. 273, I), a fim de determinar que a União se abstenha de todo e qualquer ato destinado a receber as contribuições do PASEP, até que seja examinado, no mérito, em ampla cognição, a legalidade da cobrança; b) a intimação da União Federal para que não mais proceda na fonte o desconto do PASEP, por ocasião do repasse do Fundo de participação do Município; c) a expedição de ofício à Delegacia da Receita Federal, a fim de que nas certidões que lhe forem requeridas, não conste pendências do PASEP no nome do Município de ..........; d) a citação da União Federal, na pessoa de seu Procurador, para, querendo, no prazo legal, apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão; e) a produção de todas as provas em direito admitidas; f) a intimação do douto representante do Ministério Público Federal; g) no mérito, seja julgada procedente a ação, impondo à União que se abstenha de todo e qualquer ato tendente a receber as contribuições do PASEP, bem como seja repetido o indébito do período prescritivo, corrigido monetariamente, acrescido dos juros legais; h) A condenação da União Federal no pagamento das verbas de sucumbência. Dá-se à causa o valor de R$ ..... Nesses Termos, Pede Deferimento. [Local], [dia] de [mês] de [ano]. [Assinatura do Advogado] [Número de Inscrição na OAB] 31 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 4. Ação Civil Pública EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ..... ASSOCIAÇÃO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA em desfavor do ESTADO de ....., pessoa jurídica de direito público interno, com sede nesta Capital, no ....., Praça ......, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. I- DOS FATOS 1. A Constituição Federal, em seu art. 155, ao estabelecer a competência tributária dos Estados, especificamente tratando do ICMS - imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços, inciso II, estabelece, ainda neste artigo, no §2º, III, que este tributo, além de atender aos critérios comuns aos demais tributos, "poderá ser seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços;". 32 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 2. Assim, percebe-se prontamente, que o dispositivo constitucional retrocitado estabelece uma faculdade a ser exercida pelos Poderes Executivo e Legislativo de cada unidade da Federação, de maneira que caso opte por estabelecer o critério da seletividade, fica o Poder Público sujeito aos seus critérios, a constar: a essencialidade ou natureza supérflua dos produtos a serem tributados. 3. Uma vez estabelecido este critério, tributa-se com alíquota menor os produtos e serviços essenciais e com a maior aqueles de natureza supérflua, v. g., cigarro, bebidas alcoólica etc.. 4. Entretanto, não obstante a clara opção do Estado de ...... pela adoção do critério de seletividade, nota-se evidente aberração na adoção de alíquota para energia elétrica, incidindo sobre esta mercadoria o percentual máximo para o ICMS, qual seja 25%. 5. Ora, destoa tal alíquota da lógica tributária, vez que para os produtos "considerados essenciais" - "arroz, feijão, gado vivo, pão francês, ovos, leite, etc., e os relacionados na alínea "a" do inciso II, do artigo 20 do Decreto n.º 4.852/97 (RCTE)", estabeleceu-se a alíquota de 12%, textualmente justificando o texto do quadro a seguir, transcrito do Decreto Estadual n.º......, que tal adoção decorre do fato de serem tais produtos essenciais, vejamos: 6. Diante disso verifica-se que o Estado de ......., tendo a faculdade de adotar ou não o critério da seletividade na aplicação de alíquotas para o ICMS, viu por bem aplica-lo, dessa forma exerceu a faculdade vinculando-se daí por diante com relação ao estabelecimento de alíquotas a esse critério. 7. Aplicando-se uma análise lógica, e até banal, percebe-se que conforme consta do texto legal em vigor, em cujo teor se encontra estipulada a alíquota do ICMS para energia elétrica, que tão importante, fundamental e essencial bem de consumo, mereceu por parte do fisco estadual o mesmo tratamento dispensado aos cigarros, bebidas alcoólicas, etc. 8. Ao estabelecer a alíquota de 12%, para pão, arroz, feijão, gado, ovos, leite, etc., em vista do seu caráter de "produtos considerados essenciais", o Estado de ......... exerceu a faculdade de optar pela adoção do critério da seletividade, estando portanto, doravante a este vinculado, devendo obedecer tal vinculação quando da estipulação de alíquota para, a também essencial, energia elétrica. 33 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 9. Ora, a permanecer como está, tomando-se por base o texto legal, com a aplicação do critério da seletividade, é mais essencial o veículo de luxo importado, ou o perfume francês, que a energia elétrica que serve à indústria, que ilumina os lares, que gera emprego, que faz funcionar praticamente toda a engrenagem tecnológica dos tempos modernos! Uma verdadeira aberração da política tributária! 10. Será que é o perfume francês menos supérfluo que a energia elétrica, ou que esta seja tão supérflua quanto o cigarro? Certamente que não. 11. Cabe, pois, ao Judiciário chamar à realidade o Poder Público, para fazer colocarem-se em seus devidos lugares as alíquotas do ICMS. Pois nos dias atuais, pode-se com toda a tranqüilidade afirmar que a energia elétrica é tão necessária quanto arroz, feijão, carne, leite e pão. II- DO DIREITO É pacífico entre os estudiosos do direito tributário que as alíquotas do ICMS sobre energia elétrica deve ter em conta o princípio da seletividade do imposto, assim é a lição de MARIA LÚCIA AMÉRICO DOS REIS e JOSÉ CASSIANO BORGES: "As alíquotas do ICMS sobre o fornecimento de energia elétrica são as internas (17% ou 18%), conforme dispuser a legislação estadual, mas os Estados e o Distrito Federal, com base no Princípio da Seletividade do Imposto, têm concedido redução da base de cálculo do ICMS para determinadas classes de contribuinte." (O ICMS AO ALCANCE DE TODOS, Editora Forense, 1.992, p. 200). HUGO DE BRITO MACHADO, abordando mais meticulosamente o tema em questão, fez a seguinte constatação: "O constituinte de 1988, ao mesmo tempo em que admitiu tenha o ICMS caráter seletivo, em função da essencialidade das mercadorias e dos serviços (art. 153, §2º, inc. III)...". (CURSO DE DIREITO TRIBUTÁRIO, Editora Malheiros, 12ª edição, 1.997, p. 270). 34 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br Assim, conforme lição dos ilustres juristas: Ada Pellegrini,Antônio Herman, Daniel Fink, José G. Brito Filomeno, Kazuo Watanabe, Nelson Nery Júnior e Zelmo Denari: "Nos interesses ou direitos "difusos", a sua natureza indivisível e a inexistência de relação jurídica-base não possibilitam, como já ficou visto, a determinação dos titulares. É claro que, num plano mais geral do fenômeno jurídico em análise, é sempre possível encontrar-se um vínculo que une as pessoas, como a nacionalidade. Mas, a relação jurídica-base que nos interessa, na fixação dos conceitos em estudo, é aquela da qual é derivado o interesse tutelando, portanto interesse que guarda relação mais imediata e próxima com a lesão ou ameaça de lesão." (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR COMENTADO PELOS AUTORES DO ANTEPROJETO, Forense Universitária, 5ª Edição, 1.998, p. 627). Tratando de matéria relativa a interesses difusos, aplicando-se, portanto o disposto no art. 81, II, do CDC, em questão que guarda certa similitude com a que ora se coloca em debate, assim decidiu o Colendo Superior Tribunal de Justiça: "Ação Civil pública. Taxa de iluminação pública indevidamente cobrada pelo Município. Instituição de tal verba por Lei Municipal editada anteriormente à Constituição Estadual que impossibilita a ação direta de inconstitucionalidade. Interesse que visualizado em seu conjunto transcende à esfera puramente individual. Caracterização de interesse individual homogêneo. Legitimação do Ministério Público para propor ação civil pública, como substituto processual. Inteligência do art. 21 da Lei n.º 7.347/85 c/c art. 117 da Lei n.º 8.078/90. Ementa: "Os interesses individuais, in casu (suspensão do indevido pagamento de taxa de iluminação pública), embora pertinente a pessoas naturais, se visualizados em seu conjunto, em forma coletiva e impessoal, transcendem a esfera de interesses puramente individuais e passam a constituir interesses da coletividade como um todo, impondo-se a proteção por via de um instrumento processual único e de eficácia imediata - a ação coletiva" (STJ, 1ª T., Resp n.º49.272-6-RS, j. Em 21.9.94, rel. min. Demócrito Reinaldo, v.u., RT 720/289-295). Certamente não é este caso de direitos individuais homogêneos, mas direito coletivo ou difuso, posto que de natureza indivisível, do qual são titulares todos aqueles que integram a classe dos consumidores de energia elétrica do Estado de ....... 35 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br III- DOS PEDIDOS Diante do exposto requer: a) a citação do Estado de ......, para responder aos termos da presente ação civil pública; b) dê-se ciência ao Ministério Público do presente feito para as providências de mister; c) determine-se a imediata suspensão da aplicação da alíquota de 25% de ICMS sobre as contas de energia elétrica, estipulando provisoriamente a alíquota em 12%, por simetria com outros bens "considerados essenciais", conforme quadro que integra a presente exordial; d) seja ao final julgada procedente a presente ação civil pública, para definitivamente estabelecer-se alíquota idêntica a dos bens considerados como essenciais, conforme quadro constante do Decreto n.º , para a energia elétrica, condenando-se ao final o requerido ao pagamento das verbas decorrentes da sucumbência. Protesta a requerente pela produção de todos os tipos de prova em direito admitidas, caso necessário, a serem oportunamente especificadas, sem prejuízo daquelas que seguem acostadas à presente inicial. Dá-se à causa o valor de R$ ..... Nesses Termos, Pede Deferimento. [Local], [dia] de [mês] de [ano]. [Assinatura do Advogado] [Número de Inscrição na OAB] 36 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 5. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DA ..... VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ....... FULANO DE TAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor AÇÃO ORDINÁRIA DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO em face de INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 37 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br I- DOS FATOS A autora é empresa sediada na cidade de ........../....., tendo como objetivo social o Comércio de Gêneros Alimentícios em Geral, dentre outras, consoante se vê de cópia do incluso contrato social e sua última alteração (doc. anexo). Nessa condição, é contribuinte, por força de expressa disposição legal, da contribuição social denominada SAT - SEGURO ACIDENTE DE TRABALHO. (comprovantes anexos) Todavia, insurge-se a autora à imposição da contribuição ao SAT - Seguro Acidente do Trabalho exigida pelo Instituto Nacional de Seguro Social, pelas razões que passa a expor: II- DO DIREITO 01 - Com o advento da CF/88 desapareceram as dúvidas que existiam acerca da natureza tributária das contribuições. E nem poderia ser de outra maneira, diante do que dispõe o artigo 149, da Carta Magna de 1988, "Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, observado o disposto nos artigos 146, III, e 150, I e III, e sem prejuízo do previsto no artigo 195, § 6º relativamente à contribuições a que alude o dispositivo". Portanto, as contribuições são, sem sombra de dúvida, tributos, uma vez que devem obedecer ao regime jurídico tributário. 02 - A contribuição ao SAT tem caráter nitidamente tributário. Ela na verdade, está prevista no art. 149, da Carta Suprema. A contribuição ao SAT prevista no artigo 201, I, da Constituição Federal é do tipo de contribuição social para a seguridade social. Deve, portanto, também, ela, obedecer, em tudo e por tudo, ao regime jurídico tributário. (ROQUE ANTONIO CARRAZZA, RDT n.º 70, p.54). 03 - No entender de CELSO RIBEIRO BASTOS, Curso de Direito Constitucional, Saraiva São Paulo, 14ª ed., 1992, p.44, " .. as normas componentes de um ordenamento jurídico encontram-se dispostas segundo uma hierarquia e formando uma espécie de pirâmide, sendo 38 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br que a Constituição ocupa o ponto mais alto, o ápice da pirâmide legal, fazendo com que todas as demais normas que lhe vêm abaixo a elas se encontrem subordinadas". 04 - No caso do SAT, a primeira citação constitucional envolvendo o tema consta do capítulo que trata dos direitos trabalhistas, onde é garantido ao trabalhador um seguro contra acidente do trabalho. Com efeito, a primeira parte do inciso XXVIII do artigo 7° da Carta Magna é clara e contundente no sentido de garantir que todo o empregado tenha um seguro que lhe atenda quando da ocorrência de um acidente do trabalho, ou seja, o empregado é contemplado com um verdadeiro "direito social" consistente no seguro contra acidentes de trabalho. 05 - Já a outra parte do preceito constitucional determinaque o seguro contra acidentes do trabalho seja mantido e pago exclusivamente pelo empregador, sem prejuízo de sua responsabilidade cível quanto ao respectivo evento ilícito. Ora, o texto constitucional, ao impor ao empregador o dever de custear um seguro contra acidente de trabalho, na verdade, lhe impõe uma "obrigação tributária" vinculada a um determinado fim e exigível por um dos órgãos da administração pública direta, no caso o Instituto Nacional do Seguro Social. 06 - Ainda para se formar o perfil constitucional da "obrigação tributária" em baila, tem-se o "caput" do artigo 195 da Carta de 1988, onde é estabelecido que o financiamento da seguridade social está a cargo de toda sociedade, aí incluindo os empregadores, consoante primeira parte do inciso I do artigo citado. Entretanto deve restar claro que a "obrigação tributária" oriunda do inciso XXVIII do artigo 7° da Carta Magna tem sua incidência limitada às bases de cálculo exaustivamente arroladas no citado inciso I do artigo 195, sendo eleita, para o caso em tela, a folha de salários, sobre a qual incide um percentual de acordo com o respectivo grau de risco, ou do estabelecimento. 07 - Prosseguindo-se nas citações o Seguro de Acidente do Trabalho - SAT, é reportado no artigo 201 da Constituição Federal, pelo qual o Estado assume o "dever social" de atender e cobrir os acidentes de trabalho. A cobertura dos acidentes de trabalho é expressamente atribuída a Previdência Social, donde é ratificada a afirmativa de que a concessão do respectivo benefício é um "direito social", financiado pela sociedade para suprir as necessidades dos trabalhadores atingidos por um infortúnio decorrente da prestação de seu labor. 39 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 08 - A CF/88, ao conferir, às pessoas políticas, competências tributárias, teve o cuidado de definir todos os contornos, onde o legislador ordinário federal, ao descrever os vários aspectos da norma jurídica instituidora (ou majoradora) e cada tributo, deve observar os parâmetros constitucionais que disciplinam o exercício de sua competência. 09 - Embora o texto constitucional seja expresso e repetitivo no sentido de oferecer ao trabalhador vítima de infortúnio, e durante o período que perdurar a incapacidade para o trabalho, um seguro social, não pode o INSS exigir das empresas uma contribuição que não atenda aos preceitos constitucionais para sua instituição. 10 - Sucede que o dispositivo instituidor do SAT, não estabeleceu o conceito de atividade preponderante, nem de risco de acidente do trabalho leve, médio ou grave, elementos essenciais e necessários para a cobrança da Contribuição. Dessa forma, enquanto não houver lei determinando a abrangência de aludidas expressões, não é possível a exigência da Contribuição Social para o SAT. A LEI 8. 212/91 11 - A Contribuição Previdenciária para o Seguro Acidente Trabalho - SAT, teve sua sistemática de recolhimento alterada pela Lei n.º 8.212/91, que em seu artigo 22, que revogando a legislação anterior, assim dispõe: Art. 22 - A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do disposto no artigo 23, é de: I-............................... II - para financiamento da complementação das prestações por acidentes de trabalho, dos seguintes percentuais, incidentes sobre (................) : a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes do trabalho seja considerado leve; b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado médio; 40 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja considerado grave. § 3º - O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas estatísticas de acidente do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular investimentos em prevenção de acidentes. 12 . A Lei n° 8.212/91 cuidou da base de cálculo da contribuição social do SAT, bem como estabeleceu as alíquotas progressivas já mencionadas, omitindo-se, contudo, quanto à classificação das atividades econômicas a serem categorizadas em patamares de riscos acidentários, previamente adjetivados em leves, médios e graves. Enfim, o legislador deixou de dizer quais são as atividades consideradas de risco leve e sujeitas à alíquota de 1%, o mesmo ocorrendo com as reputadas como de risco médio e passíveis da percentagem de 2% e as de risco grave susceptíveis à tributação de 3%. 13 - O legislador não preencheu a integralidade do critério quantitativo da norma matriz de tributação, abrindo espaço, por conseguinte, a que o Executivo editasse o respectivo Decreto com o objetivo de implementar o ponto lacunoso contido na lei em comento. A tributação está sujeita ao princípio da legalidade, a teor do artigo 5º da CF/88, segundo o qual ninguém está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 14 - Pelas normas constitucionais vigentes, o Poder Tributante está impedido de exigir ou aumentar tributos sem a devida previsão em lei. O CTN, no artigo 97, dispõe: I- a instituição de tributos, ou a sua extinção; II - a majoração de tributos a sua redução, ressalvado o disposto no arts. 21,26.39, 57 e 65; III - a definição do fato gerador da obrigação principal, ressalvado o disposto no inc. I, § 3º, do art. 52, e do seu sujeito passivo; IV - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa de redução de penalidades. 41 Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br 15 - Na lição de Alberto Xavier, citado na Revista Dialética de Direito Tributário n.º 32, pág. 53, por Marcelo de Aguiar Coimbra: "coloca-nos perante a necessidade de uma lex stricta: a lei deve conter em si mesma todos os elementos da decisão no caso concreto, de tal modo que não apenas o fim, mas também o conteúdo daquela decisão sejam por ela diretamente fornecidos. A decisão do caso concreto obtém-se, assim, por mera decisão a subsumir o fato na norma, independentemente de qualquer livre valoração pessoal". 16 - Afrontando disposição do CTN, a legislação instituidora da nova sistemática de recolhimento da Contribuição para o SAT (Lei 8.212/91) não definiu exaustivamente elementos necessários para a cobrança do tributo - atividade preponderante, risco leve, médio e grave introduzindo, portanto, tipo aberto. 17 - Deveras, o legislador in casu utilizou-se de tipo aberto, que apenas descreve, isto é, faz uma enumeração não exaustiva de suas notas características, utilizando-se para tanto de termos em branco. A tipicidade no Direito Tributário, assim como no Direito Penal, é rígida, cerrada, não sendo lícita a utilização de tipo aberto, impondo-se o emprego de um tipo oposto - o tipo cerrado -, que define de modo exaustivo seus elementos e notas características. Nesse sentido os ensinamentos de Yoshiaki Ichihara, Princípio da Legalidade Tributária na CF/88, Atlas, 1995, p.92 e Yonne Dolacio de Oliveira, Curso de Direito Tributário, Cejup, v.1, 2ª ed.1.993, p.141. 18 - No dizer sempre expressivo de Carlos Mário da Silva Velloso, insigne Ministro do Supremo Tribunal Federal, citado na Revista Dialética n.º 32, p.54 "... a Constituição (art. 6°, parágrafo único; art. 81, 111; art. 153, §2°) impede que o Executivo estabeleça, por fora ou para além das leis, direito ou muito menos obrigações aos indivíduos', certo que nenhuma restrição à liberdade
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