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Pratica de Direito Tributario - OAB segunda fase(1)

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PRÁTICA DE 
DIREITO 
TRIBUTÁRIO 
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SUMÁRIO 
 
1. Embargos à Execução Fiscal................................................................................….… 3 
2. Mandado de Segurança................................................................................................. 15 
3. Ação Declaratória de Inexigibilidade de Tributo...................................……………... 23 
4. Ação Civil Pública....................................................................................................…. 31 
5. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade...................................................................36 
6. Execução de Pré-executividade ...............................................................................….. 60 
7. Ação popular.............................................................................................................….. 69 
8. Ação Anulatória de Lançamento Fiscal....................................................................….. 71 
9. Recurso Extraordinário..............................................................................................….. 79 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Embargos à Execução Fiscal 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DA ..... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE 
.... - ESTADO DO ...... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., 
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante 
procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor 
 
EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL 
 
em face de 
 
Estado de ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos 
motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 
 
 
I- DOS FATOS 
 
O Embargante está sofrendo processo de execução fiscal, e, tendo sido citado, o Juízo restou 
garantido pelo termo de penhora e depósito, razão pela qual os embargos são admissíveis. 
 
4 
 
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Efetivamente, o Embargante no dia .... de .... de ...., por volta das .... horas, estava 
procedendo a transferência de .... .... para confinamento, teve seu .... apreendido no trevo de 
acesso para a Comarca de .... Estado do ...., na BR .... 
 
O gado destinava-se a confinamento e não para abate, portanto indevido o ICMS e a multa 
pretendida. 
 
Diante disso, impetrou Mandado de Segurança para a liberação da carga, o que foi deferido 
inaudita altera parts pelo Exmo. Dr. Juiz de Direito da Comarca de .... Estado do .... (autos 
de nº ....), conforme cópias anexas. 
 
O Mandado de Segurança foi julgado procedente, reconhecendo-se pois a ilegalidade 
praticada pela autoridade coatora. 
 
De forma que o pretendido ICMS é indevido bem como a própria multa. 
 
Ademais o Embargante recusou-se a assinar o auto de infração visto que o mesmo 
encontrava-se erroneamente preenchido, pois que no mesmo constou que o .... destinava-se 
para abate, quando na realidade eram para confinamento. 
 
Assim, porque o representante legal do Estado do .... recusou-se a modificar o auto de 
infração, tendo inclusive arbitrariamente apreendido os animais e exigindo o pagamento do 
ICMS e da multa, cometeu atos ilegais quais sejam: 
 
a) Apreender animais como meio coercitivo para pagamento de impostos; 
 
b) Lavrar auto de infração onde constou que os animais iriam para o abate, sendo que na 
realidade os mesmos eram destinados à confinamento, de acordo com a Nota Fiscal de 
Produtor acostada às fls. .... dos autos de Mandado de Segurança nº .... 
 
Porém, mesmo que o Poder Judiciário entenda que o ICMS é devido, o que não se espera, a 
multa deverá ser excluída conforme entendimento doutrinário e jurisprudêncial: 
 
 
 
5 
 
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II- DO DIREITO 
 
1. DA EXCLUSÃO DA MULTA PELO PODER JUDICIÁRIO 
 
De conformidade com a lição de Heron Arzua e Dirceu Galdino, em matéria denominada 
"Multas Fiscais e o Poder Judiciário", veiculado no jornal Gazeta do Povo de 5.5.1996, pág. 
5. 
 
A exclusão e redução da multa pelo Poder Judiciário é decorrente do princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional no sistema jurídico brasileiro, a teor do inciso 
XXXV do art. 5º da Constituição Federal: 
 
"A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito." 
 
Aliomar Baleeiro Observa que a equidade permeia o direito tributário, acentuando: 
 
"A clausula seja qual for o motivo determinante da falta deve ser atendida em termos, num 
sistema jurídico que autoriza a equidade na interpretação das leis (CTN, art. 108, IV). Os 
Tribunais brasileiros, inclusive o Supremo Tribunal Federal, tem excluído multas em casos 
especiais (Ver STF - RE nº 55.906, Gallotti, 27.5.65, Pleno Turma: Ag. n. 40.319, 22.8.67; 
RE nº 60.413; Nogueira, 17.10.67; RE nº 60.476, Lins, 28.11.67; RE nº 60.972, Baleeiro, 
7.3.67; RE nº 61.160, Lins, 19.3.68, RTJ 44.661; RE nº 60.964, Baleeiro, 7.3.67, RTJ 
41/55)". (Direito Tributário Brasileiro, Rio de Janeiro, Forense, 1981 p. 547). 
 
A jurisprudência brasileira mais recente mantém a mesma posição: 
 
"Não pode subsistir a sentença na parte em que condena o executado na multa de 100% do 
imposto devido, porque predominante a orientação jurisprudencial no sentido de que fixado 
nesse percentual ela assume feição confiscatória. Reformada parcialmente a sentença, as 
despesas e honorários devem ser recíprocos e proporcionalmente distribuídos entre os 
litigantes" (TJMG Ac. da 4ª Câm. Cível em 10.6.1981, Ap. 55.354, ADV nº 429). 
 
"Além dos acórdãos anteriormente citados, que reconhecem ao Poder Judiciário o poder de 
excluir ou diminuir a multa fiscal imposta pela autoridade, é de se anotar que essa 
incumbência dos juizes já vem de longe. Assim: Ac. da 4ª C.C. do TJSP, Ap. 94.874, 
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11.6.59, Rel. Bandeira de Mello, RT 289/356; Ac. da 1ª CC do TJSP, Agr. 89.957, 3.3.59, 
Rel. Juarez Bezerra, RT vol. 288/456; Ac. da 3ª CC do TASP, Rec. Ex-Offício nº 252.256, 
6.12.58, Rel. Góes Nobre, RT vol. 287/616" (Vejam-se também os julgados nas RT 
273/280, RT 264/722 e RT 262/673). 
 
Assim é inquestionável que o Poder Judiciário tem competência para reduzir as multas 
fiscais impostas pela autoridade administrativa. 
 
Continuemos na lição dos doutrinadores: 
 
"De há muito ao Poder Judiciário se reconhece o direito de excluir ou mitigar a multa fiscal 
imposta pela autoridade administrativa (STF in RT 44/661, TACSP in RT 372/276; 390/269; 
414/236). É facultado ao Poder Judiciário atendendo à circunstância do caso concreto, 
reduzir multa excessiva aplicada pelo Fisco" (STF, RE 82.150/SP, 2ª Turma, RTJ vol. 
78/610). 
 
"De outra face, a antiga distinção entre multa fiscal administrativa e multa fiscal moratória, 
fundada na doutrina que entendia que o Poder Judiciário só poderia atenuar a multa punitiva 
foi definitivamente afastada pelo Supremo, quando assentou que"a partir do Código 
Tributário Nacional, Lei nº 5172 de 25.10.1996, não há como distinguir entre multa 
moratória e administrativa". Para indenização da mora são previstos juros e correção 
monetária" (RE 79.625/SP, Pleno, RTJ vol. 80/104). 
 
Cite-se em especial, as ponderações do Ministro Cordeiro Guerra no aludido arresto: 
 
"Em reiterados julgados, os Eg. Tribunais de São Paulo tem entendido, porém como na 
espécie, que a partir da vigência do Código Tributário Nacional, não obstante o disposto nos 
arts. 184 e 134, parágrafo único, toda multa fiscal é punitiva, e, conseqüentemente, 
inexigível em falência. De fato não disciplina o Código Tributário Nacional as sanções 
fiscais de modo a extremá-las em punitivas ou moratórias, apenas exige a sua legalidade, art. 
97, V. Ora, a Súmula nº 191 que se refere à multa fiscal simplesmente moratória tem por 
base julgados de 1961 a 1964, isto é, anteriores à Lei nº 5172 de 25.10.66 - Código 
Tributário Nacional. Por isso, entendo como o Eg. Tribunal local, e neste sentido votei no 
Plenário no RE nº 80.093/SP e mais 80.132, 80.134, 80.147, em 13.12.74, que as sanções 
fiscais são sempre punitivas, uma vez assegurada a correção monetária e os juros 
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moratórios. O princípio da lei de falências é o de que não se deve prejudicar a massa, o 
interesse dos credores. O que se assegura é o imposto devido, não as sanções 
administrativas. Esta a inteligência que dou ao art. 184 do Código Tributário Nacional" 
(Ministro Cordeiro Guerra, in RTJ 80, pág. 104/113). 
 
Mas o Ministro Moreira Alves a argumentação definitiva sobre a inexistência de diferença 
entre a denominada multa moratória e a multa punitiva. Ipsis: 
 
"A meu ver, é que preciso, preliminarmente, fazer esta distinção: de um lado, o que 
realmente é pena, de outro, o que realmente é indenização. 
 
Os juros moratórios por exemplo, como indenização que são, se admitem uma vez que, ai, 
não há caráter, nem sequer remoto, de punição, mas sim de indenização pelo tempo da 
demora em que se houve o devedor relapso. No entanto, fora daí, toda que, pelo simples 
inadimplemento, e não mais com caráter de indenização, se cobrar alguma coisa de credor, 
este algo que se cobra a mais dele, e que não se capitula estritamente como indenização, isso 
será uma pena." 
 
E continua Moreira Alves, ao tipificar a natureza jurídica da multa fiscal dita moratória: 
 
"...Ora analogamento (com a pena criminal), quando se refere a pena pecuniária por infração 
da lei administrativa, será pena de natureza fiscal, não tendo portanto, caráter indenizatório. 
Assim sendo, e tendo em vista de que essas multas ditas moratórias ou simplesmente 
moratórias, em sua natureza não o são, tanto que se impõem, às vezes, por arbítrio da 
autoridade fiscal, outras vezes, por percentuais fixos, que não se alteram sequer com caráter 
de tributo, essas multas, repito, não se impõem para indenizar a mora do devedor, mas para 
apená-lo pelo fato de que ele não tenha pago, seja há 10 dias, seja há 10 anos. 
Conseqüentemente, a conclusão a que chego, e que é concorde com os 3 votos até então 
proferidos, é no sentido de que só se admite, como acréscimo do crédito fiscal a cobrança do 
que for puramente indenizatório, assim, os juros pela demora do devedor relapso." 
 
Sacha Calmon, o festejado jurisconsulto mineiro, louvando-se na lição de Moreira Alves: 
 
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"A multa moratória não se distingue da punitiva e não tem caráter indenizatório, pois se 
impõe para apenas o contribuinte, observa o ministro Moreira Alves, seguindo o Rel. 
Cordeiro Guerra, in verbis: 
 
Toda vez que pelo simples inadimplemento, e não mais com o caráter de indenização, se 
cobrar alguma coisa do credor e que não se capitula estritamente como indenização, isso 
será uma pena ... e as multas ditas moratórias... não se impõem para indenizar a mora do 
devedor, mas para apená-lo." (Teoria e Prática das Multas Tributárias, Rio de Janeiro, 
Forense, 1992, p. 73). 
 
E acrescenta: 
 
"Concordamos com a Suprema Corte, pelos fundamentos tão bem sintetizados pelo Ministro 
Moreira Alves, de grande intuição jurídica. 
 
De nossa parte, não temos a mais mínima dúvida quanto à natureza sancionatória punitiva, 
não indenizatória de multa moratória. 
 
De confutar o argumento de que a multa moratória, conquanto punitiva é também 
indenizatória, possuindo uma ambivalente jurídica. A este andragenismo conceitual sequer 
escapou Ruy Barbosa Nogueira - emérito tributarista paulistano, titular da prestigiosa Escola 
de Direito do Largo de São Francisco." 
 
"A multa tem como pressuposto a prática de um ilícito (descumprimento do devedor legal, 
estatutário ou contratual). A indenização possui como pressuposto um dano causado ao 
patrimônio alheio, com ou sem culpa (como nos casos de responsabilidade civil objetiva 
informada pela teoria do risco). A função da multa é sancionar o descumprimento das 
obrigações, dos devedores jurídicos. A função da indenização é recompor o patrimônio 
estatal lesado pelo tributo não recebido a tempo. A multa é para punir, assim como a 
correção monetária é para garantir, atualizando-o, o poder de compra da moeda. Multa e 
indenização não se confundem. E verdade que o ilícito pode advir obrigação de indenizar. 
Isto, todavia só ocorre quando a prática do ilícito repercute no patrimônio alheio, inclusive o 
estatal, lesando-o . O ilícito não é a causa da indenização; é a causa do dano. E o dano é o 
pressuposto, a hipótese a que o direito liga o dever de indenizar. Nada tem a ver com a multa 
que é sancionatória. Debate argüir semelhança entre a multa de mora chamadas 'clausulas 
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penais' do direito civil. No campo do direito privado existem multas compensatórias ou 
indenizatórias e multas punitivas. A diferença é o seguinte: a multa punitiva visa sancionar o 
descumprimento do dever contratual, mas não o substitui e, a multa compensatória aplica-se 
para compensar o não- cumprimento do dever contratual principal, a obrigação pactuada, 
substituindo-a. Por isso mesmo costuma-se dizer que tais multas são 'início de perdas e 
danos'. Ora, se assim é, já que a multa moratória do direito tributário não substitui a 
obrigação principal - pagar o tributo - coexistindo com ela, conclui-se que a sua função não 
é aquela típica da multa compensatória, indenizatória do direito privado (por isso que seu 
objetivo é tão somente punir). Sua natureza é estritamente punitiva, sancionante. Aliás, o 
STF alinha-se com a opinião ora expendida como já visto." (op. cit. pg. 71/73). 
 
Por essa razão, o IV Simpósio Nacional de Direito Tributário, realizado em São Paulo, em 
1979, à unanimidade, que a multa por falta de recolhimento do tributo é sanção de caráter 
punitivo. (Apud. "Caderno de Pesquisas Tributárias", nº 5, RT, 1980, apêndice, denominado 
Resoluções do IV Simpósio. 
 
E que a multa fiscal tem como premissa maior o descumprimento a dever legal, ou seja, a 
prática de um ilícito administrativo. A indenização já possui outro pressuposto alheio, com 
ou sem culpa. A finalidade da multa é sancionar o descumprimento das obrigações e dos 
deveres jurídicos. O objetivo da indenização é recompor o patrimônio danificado. Em direito 
tributário, como anota Sacha Calmon, é o juro que recompõe o patrimônio estatal lesado 
pelo tributo não pago. A multa é para punir, assim como a correção monetária é para garantir 
o poder de compra da moeda. daí o entendimento do Supremo na direção de não mais terem 
aplicação as súmulas 191 e 192, que prescreviam respectivamente a exigibilidade das 
"multas moratórias" e a exclusão das "multaspunitivas" quando a Fazenda Pública 
demandava a massa falida. 
 
Corolário desse magistério é a Súmula 565 do STF, que prescreve constituir a multa fiscal 
moratória pena administrativa. 
 
Na doutrina estrangeira há a mesma ressonância como pondera Hector Villegar: 
 
"A multa fiscal em sendo retributiva, assume o caráter de pena, enquanto sua finalidade não 
se resume a simplesmente ressarcir o fisco, senão também castiga o infrator." (In, Direito 
Penal Tributário, SP, Educ. 1974, p. 330). 
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2. MULTA COMFISCATÓRIA 
 
De outra vertente, as multas, então moratórias também se desfiguram em função de seu 
montante excessivo ou despropositado em razão da infração tributária. Num sistema em que 
há previsão de juros (para indenizar) e correção monetária (para manter o cunho liberatório 
da moeda), a imposição de multas elevadas leva o próprio confisco do patrimônio do 
contribuinte. E o motivo de Aliomar Baleeiro e Bilac Pinto terem execrado penas dessa 
natureza no RE 80.093/SP, cuja ementa salienta a inexigibilidade de multa diante do abuso 
de poder fiscal e ocorrência em razão do bis in idem da correção monetária (RTJ 82/809). 
 
A respeito das multas confiscatórias, em razão do montante excessivo ou despropositado 
diante da infração tributária, o prof. Sampaio Doria, citado pelo Ministro Bilac Pinto é 
incisivo: 
 
"Não só o art. 141, parágrafo 31 da Carta Magna (de 1946), impossibilitaria penalidade 
assim desarrazoadas, mas a própria diretriz da capacidade contributiva obstaria a imposição 
de penas que exorbitassem da capacidade econômica dos indivíduos. Reconhecida ao 
judiciário a faculdade de rever e reduzir as multas exigidas pelo fisco, são elas depuradas de 
seu eventual feito confiscatório com grande facilidade. Aliás, dessa superintendência sobre a 
ação repressiva da administração, tem nossos tribunais feito largo uso, aparando-lhe os 
freqüentes excessos na matéria (RTJ vol. 82/815). 
 
O princípio da capacidade econômica do contribuinte e a vedação do confisco hoje são 
princípios constitucionais expressos em matéria tributária (§ 1º, do art. 145, e art. 150, e art. 
150, IV da CF de 1988). Embora dirigidos literalmente aos impostos (capacidade 
contributiva) e aos tributos (utilizá-los com efeito de confisco), tais postulados se espairam 
por todo o sistema tributário, atingindo por inteiro o crédito tributário na sua acepção mais 
lata, como conceituado pelo art. 113 e seus parágrafos do CTN. Quer dizer, numa palavra: 
eles atingem as penas fiscais tanto quanto os tributos." "Devemos deixar claro, que não 
apenas os tributos, mas também as penalidades fiscais, quando excessivas ou confiscatórias, 
estão sujeitas ao mesmo tipo de controle jurisdicional." (Ministro Bilac Pinto, op. cit. p. 
814). 
 
 
 
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3. DA CORREÇÃO MONETÁRIA 
 
Ademais, o abuso fiscal que está a ocorrer em matéria de multas fiscais (ditas moratórias ou 
punitivas) resulta no advento do instituto da correção monetária e sobretudo na estatuição 
livre dos seus índices (sem observância do princípio da legalidade). 
 
Se transformar o débito principal do contribuinte em moeda norte-americana, verificar-se-á 
que, entre as exigências inicial e a data presente, houve um acréscimo real (em dólares, 
portanto) desse montante, isso sem considerar a incidência de juros e multas. Quer dizer: se 
a função da correção monetária era a de manter o poder de compra da moeda, não pode ela 
extrapolar esse mesmo valor, tornando-o diferente do valor original. E como a correção 
monetária também "corrige" o valor das multas e os juros incidem sobre os tais valores, 
então se verificará o efeito cascata da aplicação da correção monetária sobre o crédito 
tributário, ai incluído o imposto, juros, multa e a própria correção. 
 
De conseguinte, a correção monetária, da forma que é calculada e aplicada, também é 
responsável pelo montante desarrazoado e excessivo do crédito tributário e merece um 
exame minucioso. 
 
Proporcionalmente na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal: 
 
De conformidade com a doutrina de Gilmar Ferreira Mendes, Mestre em Direito pela 
Universidade de Brasília, neste sentido: 
 
"É interessante notar que a primeira referencia de algum significado ao princípio da 
proporcionalidade na jurisprudência do Supremo Tribunal Federal - tanto quanto é possível 
identificar - está intimamente relacionada com a proteção ao direito de propriedade. No RE 
nº 18.331, de relatoria do eminente Min. Orozimbo Nonato, deixou-se assente, verbis." 
 
O poder de taxar não pode chegar à desmedida do poder de destruir, uma vez que aquele 
somente pode ser exercido dentro dos limites que o tornem compatível com a liberdade de 
trabalho, comércio e da indústria e com o direito de propriedade. É um poder, cujo exercício 
não deve ir até o abuso, o excesso, o desvio, sendo aplicável, ainda aqui, a doutrina, fecunda 
do detournement de pouvoir. Não há que estranhar a invocação dessa doutrina ao propósito 
da inconstitucionalidade, quando os julgados tem proclamado que o conflito entre a norma 
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comum e o preceito da Lei Maior pode se acender não somente considerando a letra do 
texto, como também, e principalmente, o espírito do dispositivo invocado. 
 
E concluindo: 
 
Vê-se, pois, que o princípio da proporcionalidade ou da proibição do excesso é plenamente 
compatível com a ordem constitucional brasileira. A própria jurisprudência do Supremo 
Tribunal Federal evoluiu para reconhecer que esse princípio tem hoje a sua sedes materiae 
no art. 5º, inciso LIV da Constituição Federal. (Gilmar Ferreira Mendes - A 
Proporcionalidade na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, "Repertório IOB de 
Jurisprudência" - 1ª Quinzena de dezembro de 1994 nº 23/94, pág. 469). 
 
Por outra banda, em respeito ao princípio da proporcionalidade, não é justo numa economia 
estável decorrente do Plano Real implantado no País, que a Embargante arque com a multa 
pretendida, mesmo porque e por analogia aplicando-se a Lei nº 9.298 de 1º de agosto de 
1996, que modificou o parágrafo 1º do art. 52 do Código de Proteção do Consumidor, 
vazado nos termos seguintes: 
 
"As multas de mora, decorrentes do inadimplemento das obrigações no seu termo, não 
poderão ser superior a dois por cento do valor da prestação." 
 
Portanto, caso seja mantida a multa, o que em hipótese alguma se espera, requer seja a 
mesma reduzida para 2% em atendimento à Lei nº 9.298/96. 
 
Assim no caso dos autos, aplica-se a regra do art. 138 do CTN, que de conformidade com a 
doutrina de P.R. Tavares Paes, nos seus "Comentários ao Código Tributário Nacional", RT- 
Legislação, pgs. 336/337: 
 
"A exclusão da responsabilidade - Ocorre a exclusão da responsabilidade do contribuinte ou 
responsável pela denúncia espontânea, sendo esta acompanhada, se cabível, do pagamento 
do tributo em débito e dos juros de mora. 
 
A denúncia espontânea - A denúncia espontânea elisiva da responsabilidade deve ser prévia 
e qualquer procedimento administrativo ou fiscalização concernente. Se houver necessidade 
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de apuração do quantum debeatur do tributo, deve haver um arbitramento pela autoridade 
administrativa para o depoimento elisivo, no caso. 
 
A correção monetária não é sanção penal, e sim sanção civil. O mesmo acontece com os 
juros de mora. O Código não alude à correção monetária, que é a atualização do débito 
originário, sendo que a matéria pertine à legislação ordinária. Nos casos de denúncia 
espontânea há incidênciade correção monetária e juros." 
 
De forma que os embargos deverão ser julgados procedentes para o fim de: 
 
a) Considerar indevido o ICMS e a própria multa, porquanto o .... que estava sendo 
transportado destinava-se a confinamento e não para abate; 
 
b) Ou não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, reduzir o valor do débito, 
excluindo-se a multa pretendida; 
 
c) Ou finalmente, para reduzir a multa ao patamar de ....% no máximo, e, condenando-se a 
Embargada ao pagamento das custas processuais e verba honorária de ....% do valor da 
redução. 
 
 
III- DOS PEDIDOS 
 
Assim sendo é a presente para requerer como efetivamente Requer: 
 
a) Sejam recebidos os presentes embargos, suspendendo-se o curso da ação de execução de 
nº .... 
 
b) Sejam á final julgados procedentes para o fim de: 
 
1.b.) Considerar indevido o ICMS e a própria multa, porquanto o .... que estava sendo 
transportado destinava-se a confinamento e não para abate; 
 
2.b) Ou não sendo esse o entendimento de Vossa Excelência, reduzir o valor do débito, 
excluindo-se a multa pretendida; 
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3.b) Ou finalmente, para reduzir a multa ao patamar de ....% no máximo, e, condenando-se a 
Embargada ao pagamento das custas processuais e verba honorária de ....% do valor da 
causa. 
 
c) De conseqüência seja a embargada condenada ao pagamento das custas processuais e 
verba honorária de ....% do valor pretendido (multa); 
 
d) Protesta provar o alegado por documentos, perícia, e se necessário depoimento pessoal do 
representante legal da Embargada, e, oitiva de testemunhas cujo rol será apresentado dentro 
do prazo da lei. 
 
Considerando-se ainda a existência do processo de Mandado de Segurança de nº .... quer 
encontra-se em grau de recurso no Tribunal ad quem, e constando no mesmo documentos 
essenciais para o deslinde e prova deste procedimento, mister se faz seja suspenso o 
andamento da execução e dos embargos até o retorno daquele processado. 
 
Caso Vossa Excelência não entenda dessa forma, requer a concessão de prazo para a juntada 
de fotocópias dos documentos, fixando-se em .... dias para tanto. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ ...... 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura do Advogado] 
[Número de Inscrição na OAB] 
 
 
 
 
 
 
15 
 
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2. Mandado de Segurança 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DA VARA FEDERAL DA CIRCUNSCRIÇÃO JUDICIÁRIA 
FEDERAL DE ...../..... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., 
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante 
procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência impetrar: 
 
MANDADO DE SEGURANÇA 
 
(com pedido de liminar) 
 
em face de ato de ....., com endereço para notificação sito na Av. ....., n.º ....., Bairro ...../....., 
pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos: 
 
 
I- DOS FATOS 
 
Através do Auto de Infração lavrado em DATA INCERTA, a fiscalização da Delegacia da 
Receita Federal de ....., promoveu a cobrança do IRPF que considerou devido sobre 
rendimentos omitidos do trabalho assalariado nos meses de ..... a ....., assim como 
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"acréscimos patrimoniais "a descoberto" apurados nos meses de ..... e ....., todos 
concernentes ao ano calendário de ..... 
 
Não concordando com a forma como foram aplicadas as normas legais que embasaram a 
autuação retro, em ...../....., resolveu contestá-la perante a Delegacia da Receita Federal de 
Julgamento em ...../....., órgão ao qual está afeto o julgamento administrativo em primeira 
instância dos processos fiscais. 
 
Tendo apreciado a impugnação, através da ....., de ...../...../..... o Delegado julgou procedente 
em parte o lançamento do IRPF, conforme íntegra da Decisão/Julgamento, em anexo. 
 
Irresignada com o veredicto singular, do prazo legal de ..... dias após a ciência desta decisão, 
pretendeu exercer o direito de recurso ao Conselho de Contribuintes, vinculado ao 
Ministério da Fazenda - sediado em ..... - a quem compete, revisar, em segunda instância, os 
feitos como o presente, nos termos do artigo do artigo 25, inciso 11, do Decreto 70.235/72, 
que normatiza o processo administrativo fiscal. 
 
Para a consecução desse intento, também cumprindo o prazo legal, no final do mês de 
...../....., protocolizou seu "Recurso Voluntário" (cópia anexa) junto à Secretaria da Receita 
Federal de ...../....., oportunidade em que solicitou o devido encaminhamento à autoridade 
"ad quem", nominada no cabeçalho. 
 
Ocorre, todavia, que através de "Despacho" (sem data - conforme cópia anexa), o Delegado 
titular da Delegacia da Receita Federal de ...../..... negou seguimento ao recurso, ou seja, 
deixou de encaminhá-lo ao Conselho de Contribuintes. 
 
O ora impetrante foi comunicado desta decisão, por meio da intimação (anexa), recebida em 
.../.../..., enviada pela Secretaria da Receita Federal de ....., a qual informa que o Recurso 
Voluntário, não teve seguimento pela não comprovação do depósito de 30% do valor da 
exigência fiscal mantida em 1º instância. 
 
Embora não afirmado na "Intimação", sabe-se que a exigência do depósito em questão está 
previsto no artigo 32, da Medida Provisória 1.973--56, publicada em ...../....., (a qual vem 
sendo sistematicamente reeditada). 
 
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Por entender que a autoridade fazendária local manifestou-se em processo que se encontrava 
apenas em trânsito na sua unidade administrativa, e, outrossim, que a mesma usurpou 
competência de autoridade superior, é impetrado o presente Mandado de Segurança, visando 
a apreciação do Recurso Voluntário pelo ..... Conselho de Contribuintes com sede em 
...../...... 
 
Sendo certo que a competência para o julgamento dos "recursos voluntários" é do Conselho 
de Contribuintes, e que, por isso, cabe apenas ao seu Presidente exigir ou dispensar o 
deposito de 30% preconizado no artigo 32 da MP 1.973-56, inquestionável o cabimento do 
presente "mandamus" visando corrigir o ato arbitrário do Sr. Delegado da Receita Federal 
em ...../..... 
 
 
II- DO DIREITO 
 
1. AS CONDIÇÕES IMPOSTAS NO ART. 32 DA MP 1.973-56, DE 10.12.99 
 
Com a edição da Medida Provisória n.º 1.973-56, publicada no DOU de 10.12.99,, a qual, 
diga-se de passagem, sucedeu as demais que a antecederam, foi acrescentado um novo artigo 
as anteriores - o (artigo) 32 - alterando a redação, dos artigos 33 e 43 do Decreto n.º 
70.235/72, que regula o processo administrativo fiscal. 
 
O teor do mesmo é o seguinte, "verbis": 
 
"Art. 32 - Os arts. 33 e 34 do Decreto 70.235172, de 06 de março de 1972, que, por 
delegação do Decreto-Lei n.º 822, de 05 de setembro de 1969, regula o processo 
administrativo de determinação e exigência de créditos tributários da União, passam a 
vigorar com a seguinte alteração: 
 
"Art. 
(-Da decisão (em primeira instância) caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito 
suspensivo, dentro dos trinta dias seguintes à ciência da decisão'). (A transcrição é nossa). 
 
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Parágrafo 1º- No caso em que for dado provimento a recurso de ofício, o prazo para a 
interposição do recurso voluntário começará a fluir da ciência pelo sujeito passivo, de 
decisão proferida no julgamento do recurso de ofício. 
 
Parágrafo 2º - Em qualquer caso o recurso voluntário somente terá seguimento se o 
recorrente o instruir com prova do deposito de valor correspondente a, no mínimo, trinta por 
cento da exigência fiscal definida na decisão". (grifou-se). 
 
Como se observa, através do criação do parágrafo 2º supra transcrito, o Poder Executivo 
passou a condicionar o encaminhamento dos recursos administrativos à feitura de um 
depósito equivalente a 30% do montante discutido. 
 
Por considerar que essa imposição colide com diversas normas constitucionais e legais, o 
Impetrante insurge-se contra a mesma, apontando, num primeiro momento, seus vícios, e, 
depois, pedindo que seja dispensado do depósito reivindicado pelo Fisco, e, 
concomitantemente, determinado a apreciação do recurso pela instância administrativa 
superior (....... Conselho de Contribuinte. 
 
2. A INCONSTITUCIONALIDADE / ILEGALIDADE DO ARTIGO 32, DA MP 1.973-
56. 
 
São diversos os Vícios determinantes da inconstitucionalidade do dispositivo retrotranscrito. 
O detalhamento dos mesmos é feito nos subitens a seguir, pedindo-se ao digno Magistrado 
que os examine sistematicamente, dada a vinculação lógico/natural existente entre os 
mesmos. 
 
3. A OFENSA AO ART. 5º, "CAPUT" DA CF/88 
 
No artigo 5º, "caput", da Constituição Federal, está dito que "Todos são iguais perante a lei, 
sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito a vida, a igualdade, a segurança e a 
propriedade, ... 
 
A garantia do direito à igualdade pressupõe que aos desiguais seja dado tratamento desigual. 
 
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Sendo aprovado (convertido em lei) o dispositivo em lide, a exigência do depósito 
indiscutivelmente privilegiará os contribuintes com maior capacidade econômico/financeira, 
em detrimento dos menos afortunados. 
 
No presente caso, a situação atual da Impetrante é de uma aguda dificuldade financeira. Se 
não for afastada a exigência do depósito, em foco, terá que optar pela alternativa de não ver 
reexaminado o lançamento com o qual não concorda, encerrando definitivamente suas 
atividades. 
 
4. A ofensa ao artigo 5º, XXXIV, "a", da CF/88 
 
No artigo 5º inciso XXXIV, "a"', da Constituição Federal, está , dito que independentemente 
do pagamento de taxas, a todos são assegurados o direito de petição aos Poderes Públicos 
em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. 
 
No caso, a exigência do depósito equivalente a 30% do débito discutido, além de, por si só, 
chocar-se com a inexigibilidade constitucional de qualquer taxa, ao mesmo tempo cria 
empecilho à apresentação do recurso que pretende interpor contra uma exigência que reputa 
ilegal e claramente equivocada. 
 
5. A ofensa ao artigo 5º, LV, da CF/88 
 
No artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal está dito que "Aos litigantes, em processo 
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla 
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes ". 
 
É indiscutível que o estabelecimento do depósito de 30% do valor discutido, limita-lhe o 
exercício do direito do contraditório e da ampla defesa, assegurados constitucionalmente. 
 
6. A ofensa ao artigo 5º, LIV, da CF/88 
 
No artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, está dito que "Ninguém será privado da 
liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". 
 
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No presente caso, a atual indisponibilidade financeira da Impetrante, conjugada com a 
inopinada exigência do depósito em discussão, impede o prosseguimento do "processo 
legal" tendente a defini-lo, se e quanto é devido do crédito tributário declarado como devido 
pelo Fisco. 
 
7. A ofensa ao artigo 62 da CF/88 
 
No artigo 62 da Constituição Federal está dito que "Em caso de relevância e urgência, o 
Presidente da República poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo 
submetê-las de imediato ao Congresso Nacional, .... ". 
 
Como se sabe, o Decreto 70.235, que regula o processo administrativo fiscal, foi expedido 
em 06.03.72, tendo, portanto, completado mais de 25 anos. Nesse interregno sofreu apenas 
as atualizações consubstanciadas na Lei 8.748/93. 
 
Dentro desse contexto, não se vislumbra qualquer motivo lógico/jurídico de relevância ou 
urgência que ampare o Poder Executivo a legislar, por Medida Provisória, sobre essa 
matéria. 
 
Efetivamente, no caso, está-se diante de uma clara usurpação da função legislativa pelo 
Poder Executivo, o que deve ser repudiado pelo 
Judiciário. 
 
8. A ofensa ao artigo 151, III, do CTN 
 
No artigo 151, inciso III, do Código Tributário Nacional (CTN), está dito que "Suspendem a 
exigibilidade do crédito, ... as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do 
processo administrativo tributário". (Grifou-se). 
 
Trata-se, pois, de regra material, embutida no contexto de uma lei complementar (CTN), que 
atribui ao recurso, sem qualquer exigência de depósito, a prerrogativa de suspender a 
exigibilidade do crédito tributário. Importa aqui destacar que o deposito, referido no inciso II 
do mesmo artigo, representa uma opção alternativa, e não concomitante ao mesmo (recurso). 
 
21 
 
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Tendo-se presente, então, que o artigo 32 da MP 1.973-56, de natureza processual, colide 
com o disposto no artigo 151, III, do CTN, hierarquicamente superior e que dispõe 
substantivamente acerca da suspensão da exigibilidade do crédito tributário, lícito é concluir 
pela sua ilegalidade e conseqüente ineficácia. 
 
Neste particular, cumpre informar ao MM. Julgador que em situações idênticas à discutida 
nestes autos, foram, proferidas 02 (duas) medidas liminares concedidas em Ações de 
Mandado de Segurança, (ambas já confirmadas no mérito) que versavam sobre matéria 
semelhante, cujas cópias ora são anexadas, sendo os autos identificados pelos números .......; 
.........., tendo como impetrantes respectivamente: ......... e ........... e ............, cujas Decisões 
de 1º Instância foram prolatadas por juizes da Seção Judiciária do Distrito Federal (1a 
Região). 
 
O Pretório Excelso, em matéria tributária, sempre se manifestou deste modo. 
 
Para confirmarmos esta assertiva, basta conferirmos os enunciados da, Súmulas 70, 323 e 
547, todos harmônicos no sentido de fulminar, por inconstitucionalidade, as chamadas "as 
sanções administrativas", expedientes em tudo equivalentes aos depósitos ora em análise. 
 
Disto se depreende que a exigência do depósito em lide não está calcado numa motivação 
assentada em dados técnicos, consubstanciando, isto sim, um meio para dificultar o acesso à 
(segunda) instancia revisora do lançamento. 
 
9. A CARACTERIZAÇÃO DO "FUMUS BONI JURIS" E DO "PERICULUM IN MORA" 
 
Com o apontamento da injuridicidade e inconsistência motivacional e fática do "depósito" 
até aqui efetuadas, caracterizado está o "fumus boni juris". 
No que tange ao perigo na demora, certo é que, se o Impetrante não efetuar o depósito 
exigido, não terá seu recurso examinado pelo Conselho de Contribuintes. 
 
Não tendo seu recurso encaminhado e apreciado, e não dispondo de recursos suficientes para 
pagar o crédito tributário exigido, este será objeto de inscrição em dívida ativa (no CADIN), 
e posterior execução fiscal, com os efeitos danososdecorrentes. Aliás, estas são as medidas 
claramente enunciadas na "Intimação" (sem data) anexa. 
 
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Tudo isto, através desta ação mandamental, o Impetrante está buscando evitar. 
 
 
III- DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, o Impetrante requer 
 
1. LIMINARMENTE, seja determinado ao Sr. Delegado da Receita Federal de ..... 
(autoridade coatora), que recepcione e encaminhe o "Recurso Voluntário" ao Presidente do 
..... Conselho de Contribuintes com sede em ...../....., sem o depósito de 30% do valor 
impugnado; 
 
2. a concessão da segurança definitiva, com a declaração de inconstitucionalidade do artigo 
32 da Medida Provisória n.º 1.973-56, de 10.12.92 e conseqüente inexigibilidade do 
depósito exigido para efeitos de interposição de recurso à segunda instancia administrativa; 
 
3. a notificação do Impetrado (Delegado da Receita Federal de...../.....) para prestar as 
informações de lei, cujo endereço localiza-se na Av. ...../..... Bairro...../....., por meio de carta 
precatória; 
 
4. Requer, outrossim, a condenação do Impetrado ao pagamento das custas processais, 
honorários advocatícios e demais cominações legais. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ ..... 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura do Advogado] 
[Número de Inscrição na OAB] 
 
 
 
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3. Ação Declaratória de Inexigibilidade de Tributo com Repetição do Indébito e Pedido 
de Tutela Antecipada 
 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA DA JUSTIÇA FEDERAL DE ....., 
ESTADO DO ..... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., 
portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante 
procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº 
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui 
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor: 
 
AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXIGIBILIDADE DE TRIBUTO C/C REPETIÇÃO 
DO INDÉBITO E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA 
 
em face da 
 
UNIÃO FEDERAL, pessoa jurídica de direito público interno, pelos motivos de fato e de 
direito a seguir aduzidos. 
 
 
I- DOS FATOS 
 
O Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público - PASEP, foi instituído pela 
Lei Complementar n.º 8, de 3 de dezembro de 1970, cujo artigo 2º, inciso II, estabelece: 
 
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"Art. 2º. A União, os Estados, os Municípios, o Distrito Federal e os Territórios contribuirão 
para o Programa, mediante recolhimento mensal ao Banco do Brasil das seguintes parcelas: 
 
II - Estados, Municípios, Distrito Federal e Territórios: 
a) 1% (um por cento) das receitas correspondentes próprias, deduzidas as transferências 
feitas a outras entidades da Administração Pública, a partir de 1º de junho de 1971; 1,5% 
(um e meio por cento) em 1972 e 2% (dois por cento) no ano de 1973 e subseqüentes; 
 
b) 2% (dois por cento) das transferências recebidas do Governo da União e dos Estados 
através do Fundo de Participações dos Estados, Distrito Federal e Municípios, a partir de 1º 
de julho de 1971". 
 
O PASEP (inicialmente inspirado no PIS - Programa de Integração Social) foi criado para 
propiciar aos servidores públicos, civis e militares, participação na receita das entidades da 
administração pública direta e indireta, no âmbito federal, estadual e municipal. 
 
A similaridade dos dois programas levou à sua unificação (Lei Complementar n.º 26/75), 
ficando criado assim o Fundo de Participação do PIS-PASEP. Com a promulgação da 
Constituição Federal de 1988 (artigo 239), os recursos arrecadados com o PASEP passaram 
a custear o Programa de Seguro-Desemprego, o Abono Salarial e programas de 
investimentos (a exemplo do FINAME). 
 
Conforme se extrai do artigo 8º, da referida Lei Complementar acima citada, a adesão dos 
Estados e Municípios ao PASEP depende de previsão legislativa, verbis: 
 
"Art. 8º. A aplicação do disposto nesta Lei Complementar aos Estados e Municípios, às suas 
entidades da administração indireta e fundações, bem como aos seus servidores, dependerá 
de norma legislativa estadual ou municipal" (grifos nossos). 
 
Embora não tenha aderido legalmente ao programa, pois inexiste previsão normativa 
autorizando-o, o Autor vem contribuindo com expressiva parcela de sua receita à formação 
do patrimônio do servidor público, conforme fazem prova os anexos Documentos de 
Arrecadação de Receitas Federais (DARF's). 
 
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Além do mais, a finalidade do Programa, ao longo do tempo, foi desvirtuada, pois apenas 
uma parte, insignificante, diga-se, é destinada aos servidores, na forma de aviltantes abonos 
salariais. Grande parte dos recursos são alocados para políticas de investimentos que, em 
regra, atendem a conglomerados empresariais. 
 
O Município não pretende com a desvinculação ao Programa interromper os benefícios 
repassados aos servidores. Pretende, isto sim, através da edição de uma lei municipal, 
repassar estes benefícios diretamente, sem intermediação. Com isto, o servidor receberá 
mais e o Município poderá aplicar o restante dos recursos em políticas sociais de grande 
alcance. 
 
 
II- DO DIREITO 
 
A investida arrecadatória da União Federal fere inúmeros princípios consagrados na 
Constituição Federal, senão vejamos: 
 
a) Princípio da Autonomia do Ente Federado: 
 
Reza o artigo 18 da Carta Magna que "A organização político-administrativa da República 
Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o distrito Federal e os Municípios, 
todos autônomos, nos termos desta Constituição" (grifos nossos). Este dispositivo deve ser 
analisado em consonância com os artigos 1º e 29 do Diploma Constitucional. 
 
Conforme ensina José Afonso da Silva, invocando Charles Durand, o sistema federativo 
apresenta-se "num Estado que, embora aparecendo único nas relações internacionais, é 
constituido por Estados-membros dotados de autonomia, notadamente quanto ao exercício 
da capacidade normativa sobre matérias reservadas às suas competências" (Curso de Direito 
Constitucional, RT, São Paulo, 1989, 5ª Ed., p. 90). 
 
Autonomia, segundo o eminente constitucionalista, "significa capacidade ou poder de gerir 
os próprios negócios, dentro de um círculo prefixado por entidade superior. É a Constituição 
Federal que se apresenta como poder distribuidor de competências exclusivas entre as três 
esferas de governo" (ob cit p. 538). 
 
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Este princípio proclama a inexistência de hierarquia entre os membros da Federação. Por 
isso, afigura-se arbitrária e ilegal a pretensão da União Federal forçar o Município a recolher 
o PASEP. 
 
b) Princípio da Imunidade Tributária Recíproca: 
 
A Emenda Constitucional n.º 1/69, vigente quando da edição da Lei Complementar n.º 8/70, 
dispunha: 
 
"Art. 19 - É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
III - instituir imposto sobre: 
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros". 
 
Este dispositivo constitucional contempla a chamada imunidade tributária recíproca entre a 
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Trata-se de uma limitação ao poder de 
tributar, pois ainda quehaja uma situação, ato ou fato subsumível à hipótese de incidência, 
esta não se materializa, não faz nascer a obrigação tributária. A razão disto está no fato de os 
diversos entes da Federação possuírem a mesma finalidade, que é garantir o bem comum. 
 
Os recursos que o Município eventualmente deixar de repassar à União para a formação do 
patrimônio do servidor público serão destinados à implementação de políticas públicas 
locais na área de saúde, educação e moradia. Tanto uma quanto outra destinação têm 
natureza pública, portanto, fere a lógica supor que um ente federado possa tributar o outro. 
 
c) Princípio da Legalidade: 
 
Uma das maiores expressões do Estado de Direito, o princípio da legalidade, insculpido no 
artigo 5º, inciso II, do ordenamento constitucional, proclama que "ninguém será obrigado a 
fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude da lei". 
 
No caso, este dispositivo deve ser analisado em consonância com o artigo 150, inciso I, da 
Constituição, segundo o qual, "...é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios exigir ou aumentar tributo sem que lei o estabeleça". 
 
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Conforme visto, o artigo 8º da Lei Complemenar 8/70 condiciona o recolhimento do tributo 
à edição de uma norma estadual ou municipal vinculando os Estados ou Municípios ao 
PASEP. Como não existe disposição legislativa neste sentido, a União não dispõe de título 
hábil que lhe permita obrigar o Município a efetuar tais pagamentos. 
 
A matéria aqui enfocada já foi objeto de pronunciamento no Poder Judiciário. 
 
Conforme faz prova a inclusa fotocópia da decisão proferida na Petição n.º 928, o Estado do 
Paraná, defendendo idêntica tese jurídica, obteve liminar no Supremo Tribunal Federal, 
assegurando o direito de não mais contribuir para o PASEP. A única particularidade é que o 
Estado do Paraná, logo após o início de vigência da Lei Complementar n.º 8/70, editou a Lei 
n.º 6.278/72 aderindo ao programa, mas em 1993, através da Lei n.º 10.533, desvinculou-se 
do mesmo. A partir daí cessaram os pagamentos e, diante da pressão da Receita Federal, - 
que ameaçava, como no caso, não mais expedir certidões negativas de tributos e 
contribuições federais - viu-se na obrigação de propor, no Supremo Tribunal Federal, 
Medida Cautelar Inominada, logrando a obtenção da liminar. 
 
Recentemente a matéria foi julgada no mérito, agasalhando o direito do Estado do Paraná. 
 
Quanto à antecipação de tutela, o artigo 273, inciso I, do Código de Processo Civil 
prescreve: 
 
"Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos 
da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da 
verossimilhança da alegação e: 
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação;" 
 
À luz deste dispositivo, o pedido principal consiste em obter a declaração de inexigibilidade 
das contribuições ao PASEP, cumulativamente com a repetição dos pagamentos 
indevidamente exigidos e efetuados nos últimos 05 (cinco) anos. 
 
Tendo em conta que os efeitos da tutela pretendida no pedido principal podem ser 
antecipados total ou parcialmente, invoca-se o artigo citado para requerer um provimento 
jurisdicional que imponha à União o dever de abster-se de todo e qualquer ato que objetive 
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receber as contribuições do PASEP, até que seja examinado, no mérito, em ampla cognição, 
a legalidade da cobrança. 
 
A prova inequívoca a que faz referência o artigo 273, inciso I do CPC, está cristalizada nos 
Documentos de Arrecadação da Receita Federal (DARF'S), assim como na certidão 
expedida pela Prefeitura, noticiando a inexistência de norma vinculando o Município ao 
Programa. 
 
O outro requisito exigido para a concessão da tutela antecipada - verossimilhança da 
alegação - encontra amparo no citado artigo 8º da Lei Complementar n.º 8/70 e nos 
princípios examinados no item n.º 2, além da decisão colacionada no item n.º 3, do colendo 
Supremo Tribunal Federal. 
 
Quanto ao fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, cumpre destacar que o 
indeferimento da antecipação parcial da tutela acarretará grave prejuízo ao Autor, pois sem a 
certidão negativa, expedida pela Receita Federal, o Município terá o seu nome lançado na 
dívida ativa e, com isto, bloqueado o repasse do Fundo de Participação dos Municípios, a 
obtenção de empréstimos e a assinatura de convênios. 
 
O dano, neste caso, seria manifesto, pois com o nome lançado no rol dos devedores, o 
Município veria negado seu direito enquanto pendente o processo principal, em detrimento 
da população carente. Esta, sem dúvida, seria a maior prejudicada, vez que os recursos 
orçamentários são destinados basicamente a programas sociais. 
 
A propósito, "A tutela antecipatória do direito subjetivo material deve existir porque se 
alguém tem o direito de obter exatamente aquilo que tem direito de (CHIOVENDA), o 
processo há de fornecer-lhe meios para que a entrega do direito ocorra logo, de imediato. O 
meio processual - tutela antecipatória - tornará possível a pronta realização do direito que o 
autor afirma possuir". (SANTOS, Antônio J. da Silva, A Tutela Antecipada e a Execução 
Específica; São Paulo; 1995; Copola Editora, 1ª ed; p. 20). 
 
Oportuna, também, a lição do professor paranense Luiz Guilherme Marinoni, quando 
afirma: "É certo que o 'tempo' despendido para a cognição da lide, através de investigação 
probatória, é reflexo da própria existência do Estado e da necessidade que o mesmo se impôs 
de, antes de tutelar situações concretas, conhecer e reconhecer a existência do direito cuja 
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titularidade se alega em juízo [...] a necessidade de tutelas rápidas e imediatas apareceu, com 
certeza, para remediar a ineficiência do procedimento ordinário e da própria administração 
da justiça [...] ninguém pode negar que determinadas pretensões, quando envolvidas em 
situações emergenciais, somente podem ser tuteladas com efetividade através de liminares 
ou mediante execução antecipada". (MARINONI, Luiz Guilherme; Efetividade do Processo 
e Tutela de Emergência; Sérgio Antônio Fabris Editor; Porto Alegre; 1994; p. 65/66). 
 
O doutrinador faz uma feliz abordagem dos malefícios causados pela prestação jurisdicional 
morosa: 
 
"....se o tempo é a dimensão fundamental na vida humana, no processo desempenha ele 
idêntico papel, não somente porque, como já dizia Carnelutti, processo é vida, mas também, 
porquanto, tendendo o processo a atingir o seu fim moral com a máxima presteza, a demora 
na sua conclusão é sempre detrimental, principalmente às partes mais probres ou fracas, que 
constituem a imensa maioria da nossa população, para as quais a demora em receber a 
restituição de suas pequenas economias pode representar angústias psicológicas e 
econômicas, problemas familiares e, em não poucas vezes, fome e miséria". (ob cit. p. 66/7). 
 
Havendo fortes indicativos da ilegalidade da cobrança, justo que a União seja compelida a, 
liminarmente, abster-se de todo e qualquer ato com vistas ao recebimento destas 
contribuições, até que seja examinado, no mérito, em ampla cognição, a legalidade da 
pretensão. 
 
Enfim, ante a ausência de base legal autorizando a União Federal exigir a contribuição do 
PASEP, ao Município é assegurado o direito de repetir o indébito dos últimos 05 (cinco) 
anos. 
 
Para tanto, segue abaixo um demonstrativo dos pagamentos efetuados no período 
prescritivo, envolvendo não apenas as receitas próprias, como também os descontos do 
Fundo de Participação dosMunicípios (FPM): 
 
ANO ....... NATUREZA ..... VALOR ..... 
 
 
 
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III- DOS PEDIDOS 
 
Do exposto, requer-se: 
 
a) o deferimento da antecipação parcial dos efeitos da tutela (CPC - art. 273, I), a fim de 
determinar que a União se abstenha de todo e qualquer ato destinado a receber as 
contribuições do PASEP, até que seja examinado, no mérito, em ampla cognição, a 
legalidade da cobrança; 
b) a intimação da União Federal para que não mais proceda na fonte o desconto do PASEP, 
por ocasião do repasse do Fundo de participação do Município; 
c) a expedição de ofício à Delegacia da Receita Federal, a fim de que nas certidões que lhe 
forem requeridas, não conste pendências do PASEP no nome do Município de ..........; 
d) a citação da União Federal, na pessoa de seu Procurador, para, querendo, no prazo legal, 
apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão; 
e) a produção de todas as provas em direito admitidas; 
f) a intimação do douto representante do Ministério Público Federal; 
g) no mérito, seja julgada procedente a ação, impondo à União que se abstenha de todo e 
qualquer ato tendente a receber as contribuições do PASEP, bem como seja repetido o 
indébito do período prescritivo, corrigido monetariamente, acrescido dos juros legais; 
h) A condenação da União Federal no pagamento das verbas de sucumbência. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ ..... 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura do Advogado] 
[Número de Inscrição na OAB] 
 
 
 
 
 
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4. Ação Civil Pública 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...... VARA DA 
FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE ..... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASSOCIAÇÃO, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., 
com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada 
neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional 
da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu 
advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório 
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe 
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor 
 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA 
 
em desfavor do ESTADO de ....., pessoa jurídica de direito público interno, com sede nesta 
Capital, no ....., Praça ......, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos. 
 
 
I- DOS FATOS 
 
1. A Constituição Federal, em seu art. 155, ao estabelecer a competência tributária dos 
Estados, especificamente tratando do ICMS - imposto sobre a circulação de mercadorias e 
serviços, inciso II, estabelece, ainda neste artigo, no §2º, III, que este tributo, além de 
atender aos critérios comuns aos demais tributos, "poderá ser seletivo, em função da 
essencialidade das mercadorias e dos serviços;". 
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2. Assim, percebe-se prontamente, que o dispositivo constitucional retrocitado estabelece 
uma faculdade a ser exercida pelos Poderes Executivo e Legislativo de cada unidade da 
Federação, de maneira que caso opte por estabelecer o critério da seletividade, fica o Poder 
Público sujeito aos seus critérios, a constar: a essencialidade ou natureza supérflua dos 
produtos a serem tributados. 
 
3. Uma vez estabelecido este critério, tributa-se com alíquota menor os produtos e serviços 
essenciais e com a maior aqueles de natureza supérflua, v. g., cigarro, bebidas alcoólica etc.. 
 
4. Entretanto, não obstante a clara opção do Estado de ...... pela adoção do critério de 
seletividade, nota-se evidente aberração na adoção de alíquota para energia elétrica, 
incidindo sobre esta mercadoria o percentual máximo para o ICMS, qual seja 25%. 
 
5. Ora, destoa tal alíquota da lógica tributária, vez que para os produtos "considerados 
essenciais" - "arroz, feijão, gado vivo, pão francês, ovos, leite, etc., e os relacionados na 
alínea "a" do inciso II, do artigo 20 do Decreto n.º 4.852/97 (RCTE)", estabeleceu-se a 
alíquota de 12%, textualmente justificando o texto do quadro a seguir, transcrito do Decreto 
Estadual n.º......, que tal adoção decorre do fato de serem tais produtos essenciais, vejamos: 
 
6. Diante disso verifica-se que o Estado de ......., tendo a faculdade de adotar ou não o 
critério da seletividade na aplicação de alíquotas para o ICMS, viu por bem aplica-lo, dessa 
forma exerceu a faculdade vinculando-se daí por diante com relação ao estabelecimento de 
alíquotas a esse critério. 
 
7. Aplicando-se uma análise lógica, e até banal, percebe-se que conforme consta do texto 
legal em vigor, em cujo teor se encontra estipulada a alíquota do ICMS para energia elétrica, 
que tão importante, fundamental e essencial bem de consumo, mereceu por parte do fisco 
estadual o mesmo tratamento dispensado aos cigarros, bebidas alcoólicas, etc. 
 
8. Ao estabelecer a alíquota de 12%, para pão, arroz, feijão, gado, ovos, leite, etc., em vista 
do seu caráter de "produtos considerados essenciais", o Estado de ......... exerceu a faculdade 
de optar pela adoção do critério da seletividade, estando portanto, doravante a este 
vinculado, devendo obedecer tal vinculação quando da estipulação de alíquota para, a 
também essencial, energia elétrica. 
 
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9. Ora, a permanecer como está, tomando-se por base o texto legal, com a aplicação do 
critério da seletividade, é mais essencial o veículo de luxo importado, ou o perfume francês, 
que a energia elétrica que serve à indústria, que ilumina os lares, que gera emprego, que faz 
funcionar praticamente toda a engrenagem tecnológica dos tempos modernos! Uma 
verdadeira aberração da política tributária! 
 
10. Será que é o perfume francês menos supérfluo que a energia elétrica, ou que esta seja tão 
supérflua quanto o cigarro? Certamente que não. 
 
11. Cabe, pois, ao Judiciário chamar à realidade o Poder Público, para fazer colocarem-se 
em seus devidos lugares as alíquotas do ICMS. Pois nos dias atuais, pode-se com toda a 
tranqüilidade afirmar que a energia elétrica é tão necessária quanto arroz, feijão, carne, leite 
e pão. 
 
 
II- DO DIREITO 
 
É pacífico entre os estudiosos do direito tributário que as alíquotas do ICMS sobre energia 
elétrica deve ter em conta o princípio da seletividade do imposto, assim é a lição de MARIA 
LÚCIA AMÉRICO DOS REIS e JOSÉ CASSIANO BORGES: 
 
"As alíquotas do ICMS sobre o fornecimento de energia elétrica são as internas (17% ou 
18%), conforme dispuser a legislação estadual, mas os Estados e o Distrito Federal, com 
base no Princípio da Seletividade do Imposto, têm concedido redução da base de cálculo do 
ICMS para determinadas classes de contribuinte." (O ICMS AO ALCANCE DE TODOS, 
Editora Forense, 1.992, p. 200). 
 
HUGO DE BRITO MACHADO, abordando mais meticulosamente o tema em questão, fez a 
seguinte constatação: 
 
"O constituinte de 1988, ao mesmo tempo em que admitiu tenha o ICMS caráter seletivo, em 
função da essencialidade das mercadorias e dos serviços (art. 153, §2º, inc. III)...". (CURSO 
DE DIREITO TRIBUTÁRIO, Editora Malheiros, 12ª edição, 1.997, p. 270). 
 
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Assim, conforme lição dos ilustres juristas: Ada Pellegrini,Antônio Herman, Daniel Fink, 
José G. Brito Filomeno, Kazuo Watanabe, Nelson Nery Júnior e Zelmo Denari: 
 
"Nos interesses ou direitos "difusos", a sua natureza indivisível e a inexistência de relação 
jurídica-base não possibilitam, como já ficou visto, a determinação dos titulares. É claro que, 
num plano mais geral do fenômeno jurídico em análise, é sempre possível encontrar-se um 
vínculo que une as pessoas, como a nacionalidade. Mas, a relação jurídica-base que nos 
interessa, na fixação dos conceitos em estudo, é aquela da qual é derivado o interesse 
tutelando, portanto interesse que guarda relação mais imediata e próxima com a lesão ou 
ameaça de lesão." (CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR COMENTADO PELOS 
AUTORES DO ANTEPROJETO, Forense Universitária, 5ª Edição, 1.998, p. 627). 
 
Tratando de matéria relativa a interesses difusos, aplicando-se, portanto o disposto no art. 
81, II, do CDC, em questão que guarda certa similitude com a que ora se coloca em debate, 
assim decidiu o Colendo Superior Tribunal de Justiça: 
 
"Ação Civil pública. Taxa de iluminação pública indevidamente cobrada pelo Município. 
Instituição de tal verba por Lei Municipal editada anteriormente à Constituição Estadual que 
impossibilita a ação direta de inconstitucionalidade. Interesse que visualizado em seu 
conjunto transcende à esfera puramente individual. Caracterização de interesse individual 
homogêneo. Legitimação do Ministério Público para propor ação civil pública, como 
substituto processual. Inteligência do art. 21 da Lei n.º 7.347/85 c/c art. 117 da Lei n.º 
8.078/90. Ementa: "Os interesses individuais, in casu (suspensão do indevido pagamento de 
taxa de iluminação pública), embora pertinente a pessoas naturais, se visualizados em seu 
conjunto, em forma coletiva e impessoal, transcendem a esfera de interesses puramente 
individuais e passam a constituir interesses da coletividade como um todo, impondo-se a 
proteção por via de um instrumento processual único e de eficácia imediata - a ação 
coletiva" (STJ, 1ª T., Resp n.º49.272-6-RS, j. Em 21.9.94, rel. min. Demócrito Reinaldo, 
v.u., RT 720/289-295). 
 
Certamente não é este caso de direitos individuais homogêneos, mas direito coletivo ou 
difuso, posto que de natureza indivisível, do qual são titulares todos aqueles que integram a 
classe dos consumidores de energia elétrica do Estado de ....... 
 
 
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III- DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto requer: 
 
a) a citação do Estado de ......, para responder aos termos da presente ação civil pública; 
 
b) dê-se ciência ao Ministério Público do presente feito para as providências de mister; 
 
c) determine-se a imediata suspensão da aplicação da alíquota de 25% de ICMS sobre as 
contas de energia elétrica, estipulando provisoriamente a alíquota em 12%, por simetria com 
outros bens "considerados essenciais", conforme quadro que integra a presente exordial; 
 
d) seja ao final julgada procedente a presente ação civil pública, para definitivamente 
estabelecer-se alíquota idêntica a dos bens considerados como essenciais, conforme quadro 
constante do Decreto n.º , para a energia elétrica, condenando-se ao final o requerido ao 
pagamento das verbas decorrentes da sucumbência. 
 
Protesta a requerente pela produção de todos os tipos de prova em direito admitidas, caso 
necessário, a serem oportunamente especificadas, sem prejuízo daquelas que seguem 
acostadas à presente inicial. 
 
Dá-se à causa o valor de R$ ..... 
 
Nesses Termos, 
Pede Deferimento. 
 
[Local], [dia] de [mês] de [ano]. 
 
[Assinatura do Advogado] 
[Número de Inscrição na OAB] 
 
 
 
 
 
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5. Ação Declaratória de Inconstitucionalidade 
 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR. JUIZ DA ..... VARA DA JUSTIÇA FEDERAL 
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ....... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FULANO DE TAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º 
....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada 
neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional 
da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu 
advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório 
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe 
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor 
 
 
AÇÃO ORDINÁRIA DECLARATÓRIA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
CUMULADA COM REPETIÇÃO DE INDÉBITO 
 
 
em face de 
 
INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS, pelos motivos de fato e de 
direito a seguir aduzidos. 
 
 
 
 
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I- DOS FATOS 
 
A autora é empresa sediada na cidade de ........../....., tendo como objetivo social o Comércio 
de Gêneros Alimentícios em Geral, dentre outras, consoante se vê de cópia do incluso 
contrato social e sua última alteração (doc. anexo). 
 
Nessa condição, é contribuinte, por força de expressa disposição legal, da contribuição 
social denominada SAT - SEGURO ACIDENTE DE TRABALHO. (comprovantes anexos) 
 
Todavia, insurge-se a autora à imposição da contribuição ao SAT - Seguro Acidente do 
Trabalho exigida pelo Instituto Nacional de Seguro Social, pelas razões que passa a expor: 
 
 
II- DO DIREITO 
 
01 - Com o advento da CF/88 desapareceram as dúvidas que existiam acerca da natureza 
tributária das contribuições. E nem poderia ser de outra maneira, diante do que dispõe o 
artigo 149, da Carta Magna de 1988, "Compete exclusivamente à União instituir 
contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias 
profissionais ou econômicas, observado o disposto nos artigos 146, III, e 150, I e III, e sem 
prejuízo do previsto no artigo 195, § 6º relativamente à contribuições a que alude o 
dispositivo". Portanto, as contribuições são, sem sombra de dúvida, tributos, uma vez que 
devem obedecer ao regime jurídico tributário. 
 
02 - A contribuição ao SAT tem caráter nitidamente tributário. Ela na verdade, está prevista 
no art. 149, da Carta Suprema. A contribuição ao SAT prevista no artigo 201, I, da 
Constituição Federal é do tipo de contribuição social para a seguridade social. Deve, 
portanto, também, ela, obedecer, em tudo e por tudo, ao regime jurídico tributário. (ROQUE 
ANTONIO CARRAZZA, RDT n.º 70, p.54). 
 
03 - No entender de CELSO RIBEIRO BASTOS, Curso de Direito Constitucional, Saraiva 
São Paulo, 14ª ed., 1992, p.44, " .. as normas componentes de um ordenamento jurídico 
encontram-se dispostas segundo uma hierarquia e formando uma espécie de pirâmide, sendo 
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que a Constituição ocupa o ponto mais alto, o ápice da pirâmide legal, fazendo com que 
todas as demais normas que lhe vêm abaixo a elas se encontrem subordinadas". 
04 - No caso do SAT, a primeira citação constitucional envolvendo o tema consta do 
capítulo que trata dos direitos trabalhistas, onde é garantido ao trabalhador um seguro contra 
acidente do trabalho. Com efeito, a primeira parte do inciso XXVIII do artigo 7° da Carta 
Magna é clara e contundente no sentido de garantir que todo o empregado tenha um seguro 
que lhe atenda quando da ocorrência de um acidente do trabalho, ou seja, o empregado é 
contemplado com um verdadeiro "direito social" consistente no seguro contra acidentes de 
trabalho. 
 
05 - Já a outra parte do preceito constitucional determinaque o seguro contra acidentes do 
trabalho seja mantido e pago exclusivamente pelo empregador, sem prejuízo de sua 
responsabilidade cível quanto ao respectivo evento ilícito. Ora, o texto constitucional, ao 
impor ao empregador o dever de custear um seguro contra acidente de trabalho, na verdade, 
lhe impõe uma "obrigação tributária" vinculada a um determinado fim e exigível por um dos 
órgãos da administração pública direta, no caso o Instituto Nacional do Seguro Social. 
 
06 - Ainda para se formar o perfil constitucional da "obrigação tributária" em baila, tem-se o 
"caput" do artigo 195 da Carta de 1988, onde é estabelecido que o financiamento da 
seguridade social está a cargo de toda sociedade, aí incluindo os empregadores, consoante 
primeira parte do inciso I do artigo citado. Entretanto deve restar claro que a "obrigação 
tributária" oriunda do inciso XXVIII do artigo 7° da Carta Magna tem sua incidência 
limitada às bases de cálculo exaustivamente arroladas no citado inciso I do artigo 195, sendo 
eleita, para o caso em tela, a folha de salários, sobre a qual incide um percentual de acordo 
com o respectivo grau de risco, ou do estabelecimento. 
 
07 - Prosseguindo-se nas citações o Seguro de Acidente do Trabalho - SAT, é reportado no 
artigo 201 da Constituição Federal, pelo qual o Estado assume o "dever social" de atender e 
cobrir os acidentes de trabalho. A cobertura dos acidentes de trabalho é expressamente 
atribuída a Previdência Social, donde é ratificada a afirmativa de que a concessão do 
respectivo benefício é um "direito social", financiado pela sociedade para suprir as 
necessidades dos trabalhadores atingidos por um infortúnio decorrente da prestação de seu 
labor. 
 
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08 - A CF/88, ao conferir, às pessoas políticas, competências tributárias, teve o cuidado de 
definir todos os contornos, onde o legislador ordinário federal, ao descrever os vários 
aspectos da norma jurídica instituidora (ou majoradora) e cada tributo, deve observar os 
parâmetros constitucionais que disciplinam o exercício de sua competência. 
 
09 - Embora o texto constitucional seja expresso e repetitivo no sentido de oferecer ao 
trabalhador vítima de infortúnio, e durante o período que perdurar a incapacidade para o 
trabalho, um seguro social, não pode o INSS exigir das empresas uma contribuição que não 
atenda aos preceitos constitucionais para sua instituição. 
 
10 - Sucede que o dispositivo instituidor do SAT, não estabeleceu o conceito de atividade 
preponderante, nem de risco de acidente do trabalho leve, médio ou grave, elementos 
essenciais e necessários para a cobrança da Contribuição. Dessa forma, enquanto não houver 
lei determinando a abrangência de aludidas expressões, não é possível a exigência da 
Contribuição Social para o SAT. 
 
A LEI 8. 212/91 
 
11 - A Contribuição Previdenciária para o Seguro Acidente Trabalho - SAT, teve sua 
sistemática de recolhimento alterada pela Lei n.º 8.212/91, que em seu artigo 22, que 
revogando a legislação anterior, assim dispõe: 
 
Art. 22 - A contribuição a cargo da empresa, destinada à Seguridade Social, além do 
disposto no artigo 23, é de: 
 
I-............................... 
 
II - para financiamento da complementação das prestações por acidentes de trabalho, dos 
seguintes percentuais, incidentes sobre (................) : 
 
a) 1% (um por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante o risco de acidentes 
do trabalho seja considerado leve; 
 
b) 2% (dois por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja 
considerado médio; 
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c) 3% (três por cento) para as empresas em cuja atividade preponderante esse risco seja 
considerado grave. 
 
§ 3º - O Ministério do Trabalho e da Previdência Social poderá alterar, com base nas 
estatísticas de acidente do trabalho, apuradas em inspeção, o enquadramento de empresas 
para efeito da contribuição a que se refere o inciso II deste artigo, a fim de estimular 
investimentos em prevenção de acidentes. 
 
12 . A Lei n° 8.212/91 cuidou da base de cálculo da contribuição social do SAT, bem como 
estabeleceu as alíquotas progressivas já mencionadas, omitindo-se, contudo, quanto à 
classificação das atividades econômicas a serem categorizadas em patamares de riscos 
acidentários, previamente adjetivados em leves, médios e graves. Enfim, o legislador deixou 
de dizer quais são as atividades consideradas de risco leve e sujeitas à alíquota de 1%, o 
mesmo ocorrendo com as reputadas como de risco médio e passíveis da percentagem de 2% 
e as de risco grave susceptíveis à tributação de 3%. 
 
13 - O legislador não preencheu a integralidade do critério quantitativo da norma matriz de 
tributação, abrindo espaço, por conseguinte, a que o Executivo editasse o respectivo Decreto 
com o objetivo de implementar o ponto lacunoso contido na lei em comento. A tributação 
está sujeita ao princípio da legalidade, a teor do artigo 5º da CF/88, segundo o qual ninguém 
está obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. 
 
14 - Pelas normas constitucionais vigentes, o Poder Tributante está impedido de exigir ou 
aumentar tributos sem a devida previsão em lei. O CTN, no artigo 97, dispõe: 
 
I- a instituição de tributos, ou a sua extinção; 
 
II - a majoração de tributos a sua redução, ressalvado o disposto no arts. 21,26.39, 57 e 65; 
 
III - a definição do fato gerador da obrigação principal, ressalvado o disposto no inc. I, § 3º, 
do art. 52, e do seu sujeito passivo; 
 
IV - as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa de 
redução de penalidades. 
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15 - Na lição de Alberto Xavier, citado na Revista Dialética de Direito Tributário n.º 32, 
pág. 53, por Marcelo de Aguiar Coimbra: 
 
"coloca-nos perante a necessidade de uma lex stricta: a lei deve conter em si mesma todos os 
elementos da decisão no caso concreto, de tal modo que não apenas o fim, mas também o 
conteúdo daquela decisão sejam por ela diretamente fornecidos. A decisão do caso concreto 
obtém-se, assim, por mera decisão a subsumir o fato na norma, independentemente de 
qualquer livre valoração pessoal". 
 
16 - Afrontando disposição do CTN, a legislação instituidora da nova sistemática de 
recolhimento da Contribuição para o SAT (Lei 8.212/91) não definiu exaustivamente 
elementos necessários para a cobrança do tributo - atividade preponderante, risco leve, 
médio e grave introduzindo, portanto, tipo aberto. 
 
17 - Deveras, o legislador in casu utilizou-se de tipo aberto, que apenas descreve, isto é, faz 
uma enumeração não exaustiva de suas notas características, utilizando-se para tanto de 
termos em branco. A tipicidade no Direito Tributário, assim como no Direito Penal, é rígida, 
cerrada, não sendo lícita a utilização de tipo aberto, impondo-se o emprego de um tipo 
oposto - o tipo cerrado -, que define de modo exaustivo seus elementos e notas 
características. Nesse sentido os ensinamentos de Yoshiaki Ichihara, Princípio da Legalidade 
Tributária na CF/88, Atlas, 1995, p.92 e Yonne Dolacio de Oliveira, Curso de Direito 
Tributário, Cejup, v.1, 2ª ed.1.993, p.141. 
 
18 - No dizer sempre expressivo de Carlos Mário da Silva Velloso, insigne Ministro do 
Supremo Tribunal Federal, citado na Revista Dialética n.º 32, p.54 "... a Constituição (art. 
6°, parágrafo único; art. 81, 111; art. 153, §2°) impede que o Executivo estabeleça, por fora 
ou para além das leis, direito ou muito menos obrigações aos indivíduos', certo que nenhuma 
restrição à liberdade

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