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Sistemas Agroflorestais: Viabilidade e Sustentabilidade

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Índice
INTRODUÇÃO	2
Sistemas agroflorestais (SAF’s)	3
Objectivos dos Sistemas Agroflorestais	3
Vantagens dos sistemas agroflorestais	4
Desvantagens dos sistemas agroflorestais	5
Sucessão vegetal e desenvolvimento dos SAFs	5
Sucessão vegetal	5
Sistemas agroflorestais simples	6
Sistemas agroflorestais complexos	6
Classificação dos sistemas agroflorestais	6
Alley Cropping	6
Taungya	6
Sistema multiestrato	7
Outros sistemas	7
Sistemas silvipastoris	8
Sistemas agrossilvipastoris	8
Sistemas agrissilviculturais	8
Referências bibliográficas	9
INTRODUÇÃO
Actualmente, o grande desafio da agricultura é encontrar formas de uso da terra que sejam viáveis economicamente e, ao mesmo tempo, ecologicamente sustentáveis. Os sistemas agroflorestais podem ser, então, uma boa alternativa para utilizar recursos que aumentam a produtividade, com maior nível de sustentabilidade, devido ao aumento da biodiversidade no sistema de produção. 
Um SAF é composto por duas ou mais espécies, sendo ao menos uma lenhosa e perene. As espécies florestais utilizadas não precisam ter utilidade apenas madeireira. 
A utilização de espécies frutíferas em sistemas agroflorestais é viável desde que sejam manejadas correctamente. Essas espécies, desde que seleccionadas adequadamente, considerando sua integração com os demais componentes do sistema, podem ser utilizadas em SAFs de subsistência e em SAFs comerciais. Na subsistência, a diversificação é um imperativo, e, no comercial, devem ser priorizadas duas ou, no máximo, três espécies frutíferas para que se tenha escala de produção (CARVALHO, 2006). 
Sistemas agroflorestais (SAF’s)
Um sistema agroflorestal é uma forma de produzirmos alimentos ao mesmo tempo em que conservamos ou recuperamos a natureza. Isso é possível porque nessa forma de produção, ao invés de retirarmos toda a vegetação original e plantarmos apenas uma cultura em uma larga extensão de terra, procuramos entender o funcionamento da natureza e imitá-la, utilizando as relações entre os seres vivos a nosso favor e estimulando a biodiversidade.
Nas agroflorestas utilizamos culturas agrícolas, árvores e animais em um manejo que leva em consideração o tempo e o espaço, para o qual é muito importante o conhecimento das características de cada espécie utilizada e sua relação com as demais.
A adubação é feita de forma natural, com os recursos disponíveis e com a dinâmica de ciclagem de nutrientes típica das florestas, através da poda das árvores e da adubação verde. Não utilizamos agrotóxicos nem adubos químicos, pois só causam contaminação química e mais desequilíbrio, indo contra a técnica da agrofloresta (que propõe um controle natural das pragas através do reestabelecimento do equilíbrio ecológico).
Objectivos dos Sistemas Agroflorestais
Os sistemas agroflorestais podem contribuir para a solução de problemas no uso dos recursos naturais, por causa das funções biológicas, e socioeconómicos que podem cumprir. A presença de árvores no sistema traz benefícios directos e indirectos, tais como o controle da erosão e manutenção da fertilidade do solo, o aumento da biodiversidade, a diversificação da produção e o alongamento do ciclo de manejo de uma área.
O objectivo principal dos SAFs é de optimizar o uso da terra, conciliando a produção florestal com a produção de alimentos, conservando o solo e diminuindo a pressão pelo uso da terra para produção agrícola. Áreas de vegetação secundária, sem expressão económica e social, podem ser reabilitadas e usadas racionalmente por meio de práticas agroflorestais. Outro ponto importante é a formação de sistemas ecológicos mais estáveis, com menor input de recursos externos e maior auto-suficiência.
Segundo Huxley, citado por Anonymous (1982), a agrossilvicultura deve ter o objectivo de maximizar o uso da energia radiante, minimizar as perdas de nutrientes pelas plantas do sistema, optimizar a eficiência de uso da água e minimizar o escoamento superficial e perda de solo por erosão.
 O uso de práticas agroflorestais, com o objectivo de diminuir a erosão, manter e aumentar a fertilidade do solo, é detalhadamente discutido em YOUNG (1991), com base na hipótese de que “sistemas agroflorestais apropriados controlam a erosão, mantêm a matéria orgânica do solo e suas propriedades físicas e promovem uma reciclagem de nutrientes eficiente”.
Outros objectivos incluem (Oldeman, apud Anonymous, 1982):
· O aumento da durabilidade ecológica e económica do sistema, em vista de sua arquitectura biológica, incluindo as plantas de ciclo curto, ciclo longo e animais;
· A garantia da aceitabilidade social, por meio de uma sequência de actividades diárias e estacionais de fácil compreensão, moldadas sob a tradição local e concebidas para aumentar sua eficiência;
· A procura pelo uso completo de todos os recursos inorgânicos e em todos os nichos disponíveis para plantas e animais úteis, ao mesmo tempo que se procura maximizar a reciclagem desses recursos;
· A diminuição dos riscos para o agricultor individual por meio de uma maior variedade de plantas e espécies animais úteis e a elevação da qualidade de vida e do ambiente.
Vantagens dos sistemas agroflorestais 
Como vantagens podem-se mencionar: 
· Melhora na utilização do espaço acima e abaixo da superfície do solo, resultando em aumento da produção de biomassa potencial. 
· Melhora das características químicas, físicas e biológicas do solo: as raízes das árvores estendem-se a maiores profundidades no solo, as quais o sistema radicular da maior parte das culturas agrícolas não alcança. Dessa maneira, as árvores extraem nutrientes para a parte aérea das plantas e, através da queda de folhas e galhos e da ação dos organismos decompositores, há o enriqueci-mento do solo. A cobertura provocada pelas árvores e pela cultura agrícola diminui o impacto das gotas de água no solo, atenuando os danos da erosão. 
· Diminui o risco de perda completa da cultura: o risco de completa perda por infestação de doença, praga ou estresse climático é diluído entre as espécies cultivadas. 
· De modo geral, experimentos comparando produção de sistemas agroflorestais com monocultivos mostram que, no primeiro, obtêm-se maiores produtividades conjuntas. 
· Uso positivo da sombra em culturas como cacau e café, principalmente sob condições não muito favoráveis, como luz e temperatura extremas.
Desvantagens dos sistemas agroflorestais
Com relação às desvantagens, podem-se mencionar: 
· As culturas agrícolas e/ou pastagens (animais) podem competir com a(s) espécie(s) arbórea(s) por nutrientes, espaço, energia solar e umidade do solo e pode reduzir o rendimento das culturas. No entanto, isso pode ser minimizado pela escolha de árvores com sistema radicular profundo para evitar competição com as culturas de raízes superficiais, manejo de podas, seleção de componentes com diferentes graus de exigência de recursos etc. 
· Riscos de danos no cultivo e na colheita: operações de cultivo e colheita devem ser planejadas e cuidadosamente executadas, principalmente para sistemas de espécies de alto valor comercial. 
· Alelopatia: germinação de sementes e crescimento de plantas podem ser inibidos pela liberação de compostos naturais (taninos, alcalóides, compostos fenólicos, terpenóides etc.) das raízes e parte aérea para outras plantas. Entretanto, pode ocorrer alelopatia positiva, potencializando o desenvolvimento dos componentes. 
· Habitat ou hospedeiros alternativos para pragas: quando próximas a outras culturas, as espécies arbóreas podem constituir um habitat para pestes de todas as classes. Algumas pragas de árvores também afetam culturas agrícolas e vice- versa.
Sucessão vegetal e desenvolvimento dos SAFs
Sucessão vegetal
Como surge e se desenvolve a vida?
A sucessão vegetal é a sequência de desenvolvimento natural dos seres vivos num ecossistema florestal. Uma espécie prepara o terreno para o desenvolvimento de outra, e assim por diante, até o ambiente atingir o clímax e se estabilizar. É o veículo que a vida utiliza para viajar pelo tempo e pelo espaço, transformando o simples em complexo.1 - Queda natural de uma árvore na floresta (mata atlântica) 
2 - Início da regeneração natural da natureza
3 - Regeneração em estágio avançado 
4 - Retorno ao estado natural (equilíbrio)
Sistemas agroflorestais simples
Sistemas agroflorestais simples são aqueles que contem apenas duas espécies de plantas, como por exemplo, um cultivo anual e uma fileira de árvores.
Um plantio de eucalipto em que no meio das fileiras é plantada uma cultura anual como o milho ou feijão, pode ser considerado como SAF bem simples.
Sistemas agroflorestais complexos
Uma área em que são cultivadas espécies diversas de plantas em conjunto, incluindo espécies arbóreas, pode ser considerado como um sistema agroflorestal complexo.
Na verdade, esta divisão entre sistemas simples e complexos é só para entender melhor. O que de facto existe é uma gradiente de formas de produção que vai desde a mais simplificada e homogénea, com poucas espécies de plantas, até a mais complexa, envolvendo diversas espécies de plantas e/ou animais. Neste intervalo, localizam-se as inúmeras formas de cultivo.
Classificação dos sistemas agroflorestais 
Os Sistemas agroflorestais são classificados segundo sua estrutura no espaço, seu desenho através do tempo e a função dos diferentes componentes, bem como os objetivos da implantação. 
Alley Cropping 
O sistema Alley Cropping surgiu na Ásia e é uma prática empregada em regiões tropicais da Ásia e África. Neste sistema as espécies agrícolas são consorciadas entre as linhas plantadas com espécies florestais. Estas espécies introduzidas nas linhas normalmente são leguminosas fixadoras de nitrogênio ou espécies capazes de produzir grande quantidade de biomassa. Essas espécies são podadas periodicamente com o objetivo de fornecer biomassa e matéria orgânica para o cultivo. O espaçamento utilizado é variado, porém não se recomenda espaçamentos inferiores a 3 metros entre as linhas de árvores. 
As linhas de árvores impedem a erosão superficial, aumentam a infiltração e retenção de água no solo, enquanto as herbáceas leguminosas fixam Nitrogênio do ar e contribuem com a estrutura química do solo, além de reduzir a evaporação na superfície do solo, controlar plantas invasoras e aumentar a matéria orgânica no solo.
Taungya 
Este sistema foi desenvolvido inicialmente na Europa e adaptado para outras regiões. Constitui de um sistema de substituição florestal, formado por dois componentes: um arbóreo (permanente) e outro agrícola (temporário). O componente florestal normalmente possui finalidade comercial (madeira, fibra, carvão), já o componente agrícola é composto por culturas de subsistência, como feijão e milho, mandioca e arroz, que são cultivados durante os dois a três primeiros anos do reflorestamento. Define-se como um sistema que abrange práticas de uso múltiplo do solo, envolvendo as produções conjuntas de culturas florestais e agrícolas. A finalidade inicial deste sistema é diminuir o custo de implantação da floresta comercial, através da produção agrícola, além do plantio florestal se beneficiar de capinas e adubações dos cultivos agrícolas. 
A vantagem deste sistema é a visível redução dos custos iniciais de implantação e manejo. Possibilita também a recuperação de áreas exploradas com baixo custo. As culturas intercalares além de não prejudicarem o crescimento das espécies florestais, em muitos casos têm gerado benefícios às mesmas, contribuindo com a obtenção de melhores estandes de desenvolvimento inicial.
Sistema multiestrato 
Este sistema é definido como policultivos multiestratificados ou simplesmente agrofloresta. É uma mistura de um número limitado de espécies perenes associado a outras espécies vegetais, formando diversos estratos verticais. É um dos modelos mais utilizados nos estados do Acre, Amazônia e Rondônia. As espécies arbóreas não são destinadas somente a comercialização de madeira, mas permanecem no sistema por um longo tempo para produção de frutos e sementes que são comercializados. 
Este sistema busca regenerar um consórcio de espécies que estabeleça uma dinâmica de formas, ciclagem de nutrientes e equilíbrio dinâmico análogos à vegetação original do ecossistema em que será implantado. Para isso, baseia-se em grande parte na própria sucessão de espécies nativas.
Devido aos diversos usos comerciais ao qual este sistema pode estar associado, a produção será de um ciclo de médio a longo prazo quando se introduz espécies madeireiras e frutíferas, com culturas semiperenes e perenes. As espécies arbóreas desenvolvem também um papel de planta sombreadora dos cultivos. 
Em função da diversificação proposta por este sistema, a agrofloresta torna-se mais parecido com o ambiente natural, advindo daí um maior equilíbrio biológico, reduzindo os problemas fitossanitários ocasionados em monocultivos, devido às barreiras entre plantas, mudanças de microclimas e aumento de inimigos naturais de patógenos e pragas, favorecendo seu controle natural. Os vários estratos da vegetação proporcionam uma utilização mais eficiente da radiação solar e da área disponível. Certas espécies agrícolas necessitam de certo grau de sombreamento e, ou proteção contra o vento, frio ou calor excessivo, o que pode ser provido pelas espécies arbóreas. Vários tipos de sistemas radiculares explorando diferentes profundidades determinam um bom uso do solo, e as culturas consorciadas se beneficiam com o enriquecimento da camada superficial do solo, resultante da reciclagem mineral gerada pelas culturas arbóreas.
Outros sistemas 
Quebra – vento: São fileiras de árvores plantadas no sentido de cortar a direção dos ventos dominantes, para diminuir sua velocidade ou modificar a sua direção. Também podem proporcionar um microclima favorável para outras culturas agrícolas, podendo haver um aumento na produção e redução no custo da cultura, além benefícios ambientais, como diminuir o ressecamento do solo, abrigo para animais, auxilio no controle de erosão, auxilio na conservação de lençol freático, beneficio na apicultura, alimento para fauna silvestre e contribuição para a ciclagem de nutriente no solo.
Capoeira melhorada: Consiste no enriquecimento da capoeira por meio da introdução de espécies secundárias e intervenções como desbastes e cortes de cipós, favorecendo a regeneração.
Uma classificação baseada na estrutura do sistema e na natureza de seus componentes subdivide os SAF’s em silvipastoril, agrossilvipastoril e agrossilvicultural.
Sistemas silvipastoris 
São sistemas que integram a produção de árvores com a criação animal. É a combinação intencional de árvores com animais em mesma área, simultaneamente, de forma integrada.
Um plantio de eucalipto, ou outra espécie arbórea, em que nas entrelinhas é plantada uma pastagem para a criação de gado, é um sistema silvipastoril.
A criação de galinhas soltas em que elas pastejam em áreas com árvores, também pode ser considerado como um sistema silvipastoril. 
Sistemas agrossilvipastoris
São os sistemas de produção que combinam em uma mesma área, cultivos anuais, espécies florestais e criação de animais. Estas actividades podem ser simultâneas ou escalonadas ao longo dos anos.
Em uma área em que se cultiva uma lavoura (milho ou arroz) em meio a arvores, e na qual apos a colheita se coloca gado para pastar a resteva, é um exemplo de sistema agrossilvipastoril.
Ou seja, combinam-se diversas actividades na mesma área buscando-se a optimização dos recursos.
Sistemas agrissilviculturais
Os sistemas agrossilviculturais são aqueles que combinam diversas espécies de plantas em uma mesma área,ao mesmo tempo.
Nesta categoria estão os cafezais sombreados, os plantios de cacau e árvores, e os bananais agroflorestais, entre outros.
Em síntese, toda vez que houver mais um cultivo no mesmo período de tempo sobre uma mesma área, com a presença de espécies florestais, pode-se dizer que é um exemplo de agrossivicultura.
Referências bibliográficas
http://www.centroecologico.org.br/cartilhas%5CCartilha_SAFs_web.pdf
https://www.scielo.br/pdf/rbf/v27n3/27769.pdf
http://objdig.ufrj.br/59/teses/725620.pdfhttp://www.biologico.sp.gov.br/uploads/docs/arq/suplementos/v70_3/resumo016.pdf
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