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Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU Curso de Educação Física Atividade Física e Saúde da Mulher Musculação para Gestantes no primeiro trimestre Danielle Cardoso de Oliveira Isadora Rufato de Souza Lucas da Silva Lima Mariana Valério Simanavicius Rafael Rizzo Pinheiro Thamires Cristina Gomes 14.208-A Silvio Luiz Pecoraro São Paulo Abril, 2020 Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU Curso de Educação Física Atividade Física e Saúde da Mulher Musculação para Gestantes no primeiro trimestre Danielle Cardoso de Oliveira Isadora Rufato de Souza Lucas da Silva Lima Mariana Valério Simanavicius Rafael Rizzo Pinheiro Thamires Cristina Gomes Trabalho elaborado para Disciplina de Atividade física e saúde da mulher, do Curso de Graduação em Educação Física, sob orientação do Prof° Silvio Luiz Pecoraro. São Paulo Abril, 2020 Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 4 NOSSO AVATAR: ............................................................................................................................ 4 ORIENTAÇÕES DE TREINAMENTO: ................................................................................................ 5 PRÉ-ECLAMPSIA ............................................................................................................................. 6 PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO: ................................................................................................... 6 PERIODIZAÇÃO – MICROCICLO (01 SEMANA): .............................................................................. 8 CONCLUSÃO: ................................................................................................................................. 9 REFERENCIAS: .............................................................................................................................. 10 4 INTRODUÇÃO Discussões acerca da correta prescrição de treinamentos e atividades físicas para gestantes, nos mais variados momentos da gravidez, tem sido tema de discussão entre as áreas da saúde. Filho (2012) cita, através de Robergs e Robergs (2000), a não recomendam exercícios físicos na gestação acreditando ser uma atividade que oferece risco de lesões músculosesquelético e alterações fisiológicas como hipopressão e hipoglicemia, que poderiam ser prejudiciais a mãe ou ao feto. Autores como Artal, Clapp e Vigil (2000); Santarém (1999); Matsudo (2004); ACSM (2007) e Leitão et.al. (2000) tratam a musculação como “uma atividade de médio risco, podendo ser praticada, desde que sejam tomados alguns cuidados.” Porém, a principal discussão se dá através da capacidade técnica e competências do profissional responsável pela prescrição. O mesmo estudo realizado por Filho (2012) cita ferramentas que devem ser de conhecimento do profissional de Educação física no acompanhamento da mãe em cada período de gestação. Exemplo: Citomegalovírus: Sorologia que indica infecção ativa ou pregressa pelo contato com o vírus. A necessidade do conhecimento multifatorial do profissional fica evidente através da citação de Filho (2012): “temos que nos atentar a esse importante item ao prescrever um programa de musculação para gestantes, pois o período de recuperação modifica significativamente as respostas metabólicas, hormonais e cardiovasculares.” Desta forma, este trabalho tem como objetivo, evidenciar através de estudos científicos, a possibilidade da realização de exercícios e treinos de musculação para gestantes no primeiro trimestre de gravidez. NOSSO AVATAR: Mulher, com idade de 30 anos, fisicamente ativa que acabou de obter conhecimento sobre sua gravidez e terá o primeiro filho. 5 ORIENTAÇÕES DE TREINAMENTO: O American College of Obstetricians and Gynecology (ACOG, 2003) relata que a gestante só poderá continuar ou começar uma atividade física se estiver com consentimento do médico. Existem dúvidas relacionadas a realização de exercícios abdominais durante a gestação. Filho (2012) evidência durante o estudo bibliográfico que, no primeiro trimestre de gestação, podem ser realizados exercícios para essa região. Guyton e Hall (2006) descreve que as mulheres devem evitar os exercícios em posição supina e pronada depois do primeiro trimestre, pois essa posição compromete o débito cardíaco. Todas as gestantes devem ser orientadas a realizar diariamente o treinamento dos músculos do assoalho pélvico (MAP), com contrações sustentadas e rápidas, desde o primeiro trimestre. Também não há contraindicação para as mobilizações articulares e relaxamento. Uma revisão sistemática realizada por Schreiner et al. (Citado por Mazzarino, 2018) concluiu que após avaliar 22 estudos que o fortalecimento dos MAPs durante a gravidez é benéfico para o parto e para reduzir a incontinência urinária. Outra ferramenta que ocupa espaço nos treinamentos para gestantes é a Ginastica hipopressiva. A ginástica hipopressiva tem como objetivo, fortalecer a musculatura ou os músculos do assoalho pélvico – MAP - através da manipulação da respiração diafragmática, como descrito por Latorre et al. (2011). Costa et al. (2011) separa a realização de exercícios hipopressivos em 03 fases sendo elas: “1) inspiração diafragmática lenta e profunda, 2) expiração completa e, 3) aspiração diafragmática, em que ocorre progressiva contração dos músculos abdominais profundos, intercostais e elevação das cúpulas diafragmáticas.” Lima e Oliveira (2005) orienta atentar-se aos seguintes fatores na prescrição de treino para gestantes no primeiro trimestre, sendo eles: 6 Evitar exercícios extenuantes e que possam ocasionar traumas. Evitar a posição supina. Evitar exercícios que possam afetar o equilíbrio. Evitar locais quentes. Atentar-se a hidratação. Preferência aos exercícios de grandes grupos musculares de baixo impacto. A preocupação com exercícios para a região pélvica e respiratória é importante devido às alterações posturais causadas pela gestação. PRÉ-ECLAMPSIA Nascimento et al. (2012) diz que gestantes com diagnóstico ou suspeita de pré- eclâmpsia devem evitar a prática de exercício físico, visto que o exercício aumenta ainda mais a pressão arterial e reduz o fluxo uteroplacentário que já está deficiente. Em gestantes de baixo risco, estudos observacionais sugerem que a prática regular de exercício antes e ao início da gestação está associada à diminuição do risco de desenvolvimento de pré-eclâmpsia. Em metanálise realizada por Kasawara em 2012 (citado por Nascimento et al, 2012) mostrou-se que, mulheres ativas antes da gestação têm 44% menos chance de desenvolver pré-eclâmpsia, enquanto que gestantes que se envolvem em atividades físicas têm 23% menos chance. PRESCRIÇÃO DE TREINAMENTO: De acordo com American College of Sports Medicine as gestantes podem realizar 1 a 3 séries com 10 a 12 repetições para atividades dos membros superiores e 10 a 15 repetições para exercícios dos membros inferiores, com intensidade a partir da percepção subjetiva de esforço (PSE) (9-14). As atividades devem ser em dias alternados e com o avanço da gestação reduzir a carga e/ou as repetições. Segundo o trabalho elaborado por Filho (2012), temos como recomendações: Exercícios multiarticulares para grandes grupos musculares, com alvo de 01 exercício por grupo muscular, com estimulação de até 10 grupos musculares por sessão, entre 7 10 repetições com 2-3 séries por exercício em até 3x por semana com intensidade moderada e tempo de recuperação entre 1-5 minutos de acordo com a recuperação da gestante. Pereira e Aguiar (2016) cita que autores como Giacopini e cols (2015), Neto e Gama (2014),Chistófalo e cols (2003), Nascimento e cols (2014), Botelho e Miranda (2012) consideram a prescrição para gestantes no primeiro trimestre: Duas vezes por semana; estimulando de 10 a 15 grupamentos musculares; com séries de 3 a 5 repetições; intensidades em torno de 30-40% da carga máxima; intervalo de 2 a 4 minutos entre os exercícios Pereira e Aguiar (2016) dizem ainda que as atividades devem ser paralisadas ao sinal de: perda de líquido amniótico; contrações uterinas; hemorragia vaginal; fraqueza muscular. Runge et al. (2013) ofereceu resultados bastante interessantes ao analisar os dados de 62.000 mulheres dinamarquesas. Ele relatou uma relação dose-resposta entre a carga diária total elevada e a prematuridade com cargas superiores a 1.000 kg por dia. Neste estudo, o levantamento de cargas pesadas (mais de 20 kg) mais de 10 vezes por dia foi associado a um aumento do risco de parto prematuro. 8 Adaptado: ACOG Committee Obstetric Practice e Royal College of Obstetricians and Gynaecologists PERIODIZAÇÃO – MICROCICLO (01 SEMANA): Embasado na temática e parâmetros descritos neste trabalho, sugere-se o modelo de microciclo descrito abaixo, seguindo as orientações do ACOG e demais referencial aqui presente: DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO TR TR TR LEGENDA TR TREINO RESISTIDO Intensidade da sessão: PSE entre 9-14 de Acordo co a Escala de Borg - Número de repetições: 10 - Número de séries: 02. Exercícios realizados: Cadeira extensora; Pulley frente; Remada Alta; Gemeos Livre; Cadeira abdutora; Cadeira Adutora; Elevação Pélvica. Realizar manobra de respiração diafragmática, seguindo protocolo descrito por Latorre et al. (2011). Tempo de descanso entre séries - 4 min. Tempo total de sessão: 40 - 60 min. http://www.scielo.br/img/revistas/rbgo/v36n9/0100-7203-rbgo-0100-720320140005030-gf01.jpg 9 CONCLUSÃO: Através dos estudos utilizados na elaboração deste trabalho, fica clara a necessidade do aprofundamento em períodos específicos do processo de gravidez, a fim de isolar acontecimentos e compreender variáveis que se correlacionam a cada momento da gravidez. O receio médico quanto a prescrição de atividade física, se deve, em grande parte, pela qualidade profissional dos profissionais responsáveis, uma vez que, tal prescrição incorreta, não levando em consideração os conceitos e embasamentos científicos, poderá resultar na perda de uma vida que ainda se encontra em desenvolvimento no feto. Tal receio fica implícito na citação de Lima (2012): “Portanto, as restrições aos exercícios físicos em gestantes baseiam muito mais no costume dos médicos em não prescrevê-los com receio de complicações durante a gestação do que propriamente uma contraindicação formal, notadamente no primeiro trimestre, quando o risco de aborto é maior” 10 REFERENCIAS: ACOG COMMITTEE OBSTETRIC PRACTICE. ACOG Committee opinion. Number 267, January 2002: exercise during pregnancy and the postpartum period. Obstet Gynecol. 2002;99(1):171-3. ROYAL COLLEGE OF OBSTETRICIANS AND GYNAECOLOGISTS [INTERNET]. Exercise in pregnancy (RCOG Statement No 4). 2006 FILHO. P, G, S. PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS DE MUSCULAÇÃO PARA GESTANTES DE BAIXO RISCO FISICAMENTE ATIVAS. Saber Aberto. Universidade do estado da Bahia. 2012. LATORRE. G. F, S. SELEME. M, R. RESENDE. A, P, M., BERGHMANS. B. Ginástica hipopressiva as evidências de uma alternativa ao treinamento da musculatura do assoalho pélvico de mulheres com déficit proprioceptivo local. Fisioterapia Brasil - Volume 12 - Número 6 - novembro/dezembro de 2011. Mazzarino M, Kerr D. Morris ME.Pilates program design and health benefits for pregnant women: A practitioners' survey. J Bodyw Mov Ther. 2018;22(2):411-417 NASCIMENTO. S, L. GODOY. A, C. SURITA. F, G. SILVA. J, L, P. Recomendações para a prática de exercício físico na gravidez: uma revisão crítica da literatura. Rev. Bras. Ginecol. Obstet. vol.36 no.9 Rio de Janeiro Sept. 2014 Epub Sep 08, 2014. PEREIRA. J, F. AGUIAR. V, L, S. Atividade física e gestação: Uma breve revisão de literatura. Universidade Federal do Espírito Santo centro de educação física e desportos bacharelado. 2016. Disponível em: <http://www.cefd.ufes.br/sites/cefd.ufes.br/files/field/anexo/Jocilene%20e%20Victor%20 -%20ATIVIDADE%20F%C3%8DSICA%20E%20GESTA%C3%87%C3%83O%20- %20UMA%20BREVE%20REVIS%C3%83O%20DE%20LITERATURA.pdf> RUNGE SB, PEDERSEN JK, SVENDSEN SW, JUHL M, BONDE JP, NYBO ANDERSEN AM. Occupational lifting of heavy loads and preterm birth: a study within the Danish National Birth Cohort. Occup Environ Med . 2013;70:782–8.