Buscar

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Prévia do material em texto

CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Eduardo Ferreira Da Silva[footnoteRef:1] [1: Estudante do 9º semestre do curso de direito do Centro Universitário das Américas. Número de RA 013550.
] 
Bruno de Lima Passos
RESUMO
INTRODUÇÃO
Esse trabalho foi desenvolvido no âmbito da matéria de Direito Processual Civil pelos alunos matriculados no 9º semestre do curso de Direito do Centro Universitário das Américas, tendo como objetivo o estudo e a produção de resumo que trata do Cumprimento de Sentença a partir das aulas ministradas pelo professor João Batista Vilhena, aonde utilizaram-se como metodologia a pesquisa doutrinária, em obras que tratam de cumprimento de sentença, jurisprudencial, com o estudo de acórdãos proferidos no âmbito dos Tribunais de Justiça do país e legislativa, especialmente no Código de Processo Civil de 2015. 
Desta forma, a matéria de estudo será tratada pelos seguintes tópicos: Cumprimento de Sentença; Disposições Gerais; Do Cumprimento Provisório da Sentença que Reconhece a Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa; Do Cumprimento Definitivo da Sentença que Reconhece a Exigibilidade de Obrigação de Pagar Quantia Certa; Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Prestar Alimentos; Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Pagar Quantia Certa pela Fazenda Pública; Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Fazer, de Não Fazer ou Entregar Coisa: Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Fazer ou de Não Fazer e, por fim, Do Cumprimento de Sentença que Reconheça a Exigibilidade de Obrigação de Entregar Coisa.
1.CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
O cumprimento de sentença é, pois, uma das fases de maior relevância no processo Judicial
O cumprimento de sentença é contemplado na parte especial do código de processo civil, pelo livro I, título II, capítulos I, II, III, IV, V e VI e seções I e II.
2. DISPOSIÇÕES GERAIS
De acordo com artigo 513 do Código de Processo Civil o cumprimento de sentença deve observar as regras do título II do livro I, bem como, no que couber, o livro II da parte especial do referido código.
Iniciada a fase de cumprimento da sentença e esta reconhecer o dever de pagar quantia provisória ou definitiva, deverá o exequente requerer perante o juízo o seu cumprimento. Após o requerimento do exequente pelo cumprimento da decisão, o devedor será devidamente intimado na pessoa de seu advogado, caso haja algum constituído nos autos, para cumprir a sentença, e em caso de não haver nenhum ou haver defensor público, será intimado por meio de carta com aviso de recebimento, ressalvada a hipótese da citação por edital, caso o devedor tiver sido revel na fase de conhecimento por ser desconhecido ou incerto, quando for ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontra ou nos casos expressos na lei, podendo ainda, ser citado por meio eletrônico, quando não tiver procurador constituído nos autos e for microempresa, empresa de pequeno porte ou empresas públicas e privadas, sendo estas duas obrigadas a manterem cadastro nos sistemas de processo em autos eletrônicos para recebimento de citações e intimações que serão efetuadas preferencialmente por este meio.
Cumpre mencionar que conforme expressa o parágrafo 3º do artigo 513 do supracitado código, considerar-se-á intimado o réu que incorrer nos incisos II e III do mesmo artigo, caso no ato da intimação não mais se encontre no local informado sem que tenha comunicado previamente a mudança de endereço ao juízo, observado o disposto no parágrafo único do artigo 274 do CPC.
Caso o fiador, o coobrigado e/ou corresponsável não tiver participado da fase de conhecimento, o cumprimento de sentença não poderá ser requerido em seu desfavor.
3. DO CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
Após ambas as partes terem efetivamente se manifestado nos autos, respeitando os princípios do contraditório e da ampla defesa, respeitados os parâmetros legais, o juiz, no exercício de suas prerrogativas, resolvera o mérito elaborando a sentença, que deverá respeitar os elementos essenciais do artigo 489 do Novo CPC, conforme:
Art. 489.  São elementos essenciais da sentença:
I – o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II – os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III – o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
Além disso, é sabido que as sentenças são divididas em sentenças terminativas (art. 485 do CPC) e sentenças resolutivas (art. 487 do CPC). Sentenças terminativas são aquelas que tendem apenas a finalizar o processo, não havendo uma apreciação do mérito, apenas existindo o término do processo. São fundamentadas com base no art. 485 do CPC. Não fazem coisa julgada material
Não obstante, as sentenças resolutivas são aquelas que visam definir sobre o mérito existente na relação processual, ou seja, dirimir o conflito de interesse existente entre as partes. São motivadas com base no art. 487 do CPC. Fazem coisa julgada material.
Ademais, após a efetiva elaboração da sentença, transcorre-se o transito em julgado, dando ensejo ao encerramento da fase de conhecimento do processo, iniciando-se a fase da execução.
Com o trânsito em julgado da sentença que conhece o dever de pagar quantia certa, a respectiva obrigação torna-se exigível. Conforme o teor do novo artigo 526, o devedor, antecipando-se, poderá oferecer, mediante petição, o pagamento do valor que crê ser devido, instruindo-a com memória de cálculo. O credor deverá manifestar-se em cinco dias, podendo impugnar a quantia apresentada e levantá-la como parcela incontroversa.
Neste sentido,  o cumprimento da sentença deverá ser feito conforme as regras do Título II, do Novo CPCP, observando-se, no que couber e conforme a natureza da obrigação, o disposto no Livro II da Parte Especial do CPC.
O cumprimento provisório da sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar quantia certa está nos artigos 520 a 522 do CPC, enquanto o cumprimento definitivo vem nos seus artigos 523 a 527. É provisório quando a sentença for impugnada por recurso desprovido de efeito suspensivo e definitivo quando baseado em condenação em quantia certa, ou já estabelecida em liquidação, e no caso de deliberação sobre parcela incontroversa.
O Artigo 513, §2º e incisos I ao IV do CPC apresentam inovações significativas, como o fato de ser intimado o devedor para cumprir a sentença. O parágrafo 2º deste Artigo, coloca à disposição do exequente para intimar o devedor a cumprir a sentença:
I – pelo Diário da Justiça, na pessoa de seu advogado constituído nos autos;
II –  por carta com aviso de recebimento, quando representado pela Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do inciso IV;
III – por meio eletrônico, quando, no caso do §1º do art. 246, não tiver procurador constituído nos autos; e,
IV – por edital, quando, citado na forma do art. 256, tiver sido revel na fase de conhecimento.
Nesse sentido ensina o Mestre Freitas Câmara
Regula-se o cumprimento de sentença pelo disposto nos atrs. 513 a 538, aplicando –se- lhe, subsidiariamente, as disposições referentes ao processo de execução de títulos extrajudiciais (art.513). Trata-se em regra, de uma fase complementar do mesmo processo em que formou o título executivo judicial (motivo elo qual se fala em ‘’ processo sincrético’’, nele se conjugando uma fase cognitiva e outra executiva).Terá, porém, o cumprimento de sentença natureza de processo autônomo quando o título executivo for um dos previstos nos incisos VI a IX, do art. 515 (como se pode verificar pelo parágrafo único do próprio art.515, que fala em citação do devedor), já que nesses casos, como visto anteriormente, a execução não pode se dar em uma mera fase complementardo mesmo processo (uma vez que o processo cognitivo terá se desenvolvido perante juízo criminal,tribunal arbitral ou terá sido destinado,no STJ,a homologar a sentença estrangeira ou conceder exenquatur a carta rogatória). Nos demais casos, porém (dos títulos previstos nos incisos I a IV do art.515), em que o titulo executivo é formado perante o mesmo juízo em se poderá desenvolver a atividade executiva , o cumprimento de sentença será mera fase complementar do mesmo processo em que o titulo se tenha formado [...]
Portanto, a regra geral é que a intimação seja feita por meio do advogado constituído nos autos, por meio do Diário da Justiça, tal como já era previsto no sistema anterior. Igualmente, o Artigo 513, §3º do Novo CPC ainda apresenta outra inovação, Quando se considera realizada a intimação na hipótese do §2º, incs. II e III, caso o devedor tenha mudado de endereço sem prévia comunicação ao juízo, conhecida como presunção da intimação. Tal presunção encontra previsão no artigo 77, inciso V do CPC/2015, sendo uma extensão do dever de boa-fé (artigo 5º).
Outro aspecto é que todos os sujeitos do processo devem colaborar com a administração da Justiça para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva (artigo 6º), aí incluído, também, o seu cumprimento.
O cumprimento da sentença, quando o Juiz decidir relação jurídica sujeita a condição ou termo, continuará dependendo de demonstração de que se realizou a condição ou de que ocorreu o termo.
Portanto, a diferença entre execução definitiva e provisória incide no atributo do título, em regra judicial, sobre o qual ela se baseia. Isto é, o caráter provisional ou definitivo é do título em si, e não da execução. A sentença da qual ainda cabe recurso não é definitiva. Pelo fato da execução provisória basear-se em título incerto e realizar-se em benefício exclusivo do exequente, por sua conta e risco, sendo ele responsável, caso seja provido o recurso recebido, com efeito, devolutivo em favor do executado, por reformar quaisquer danos e prejuízos que este tenha sofrido em virtude da execução provisória, devendo as partes retornar ao status quo ante(voltar ao estado anterior).
Citação de Acordo:
Apelação Cível 1.0000.18.021779-6/001      5118229-60.2016.8.13.0024 (1) 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - CUMPRIMENTO PROVISÓRIO DE SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA - IMPOSSIBILIDADE - REGIME DE PRECATÓRIO/RPV - SENTENÇA MANTIDA 1. Não é possível o cumprimento provisório de sentença que reconhece a exigibilidade de obrigação de pagar pela Fazenda Público, posto que, nessa hipótese, exige-se o trânsito em julgado, sob pena de violação ao disposto no art. 100 da CF/88 (precatório/RPV). 2. O e. STF, quando do julgamento do RE nº. 573.872/RS (Pub. 11/09/2017), com repercussão geral reconhecida, deixou claro que é possível a execução provisória de sentença contra a Fazenda Pública, no caso de obrigação de fazer, mas não de pagar. 3. Negar provimento ao recurso
4. DO CUMPRIMENTO DEFINITIVO DA SENTENÇA QUE RECONHECE A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA
5. DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PRESTAR ALIMENTOS
6. DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA PELA FAZENDA PÚBLICA
7. DO CUMPRIMENTO DE SENTENÇA QUE RECONHEÇA A EXIGIBILIDADE DE OBRIGAÇÃO DE FAZER, DE NÃO FAZER OU DE ENTREGAR COISA: 
CONCLUSÃO
Neste trabalho, realizado a pedido do professor João Batista Vilhena, a respeito do Cumprimento de Sentença, foi possível abordar de modo geral todos os artigos do Código de Processo Civil que versam sobre o assunto, inclusive com o apoio e demonstração de algumas decisões proferidas no âmbito dos Tribunais de Justiça do País e da doutrina majoritária.
Diante do exposto, é possível concluir que o cumprimento de sentença é uma das fases de maior relevância no processo judicial, pois é responsável por indicar os procedimentos a serem adotadas pelos profissionais operadores do direito a fim de que se cumpra com o que fora decidido pela autoridade julgadora.
BIBLIOGRAFIA
BUENO, Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual Civil: Tutela Jurisdicional Executiva. 8ª ed. v 3. São Paulo: Saraiva, 2019.
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de Direito Processual Civil. Volume 1. São Paulo: Editora Atlas, 2012
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de Direito Processual Civil. Volume 1. São Paulo: Editora Saraiva,2004
JR.DIDIER, Fredie. Curso de Processo Civil. 17ª edição. Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015
THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil. Vol. I 53ª edição. Rio de Janeiro: Forense, 2012

Continue navegando