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02-Considere o caso seguinte: um deputado federal, um deputado estadual e um vereador estão sendo investigados pois há 
indícios de que, sem ligação entre si, cometeram crimes no exercício de suas funções. O Ministério Público pede que os 
parlamentares sejam afastados cautelarmente dos seus mandatos, para evitar que prejudiquem as investigações. 
Como juiz competente para a causa, considerando as regras constitucionais e as funções das imunidades parlamentares, bem 
como as posições do Supremo Tribunal Federal a respeito do tema, decida fundamentadamente sobre a possibilidade de 
afastamento de cada um dos membros do Poder Legislativo, nas três esferas federativas. 
 
RESPOSTA: 
 
A questão envolve a análise do foro por prerrogativa de função em conjunto com a possibilidade de 
afastamento cautelar dos parlamentares. A questão deixou claro que não há ligação entre os 
parlamentares, de modo que a análise deve ser feita separadamente, pois os requisitos quanto às 
cautelares são diversos. Os deputados federais possuem foro por prerrogativa de função no STF, desde que 
tenham cometido crimes durante o mandato e em razão da função. Aliás, é possível aplicar cautelar de 
afastamento ao parlamentar, com fulcro no artigo 319, VI, do CPP, e quem determinará a suspensão é o 
próprio STF. Contudo, conforme expressa a decisão descrita na ADI 5526/DF, caso a medida cautelar 
impeça, direta ou indiretamente, o exercício do mandato, então, nesse caso, a Câmara poderá rejeitar a 
medida determinada pelo Judiciário. Em relação aos deputados estaduais, com fulcro no princípio da 
simetria, o foro por prerrogativa de função é orientado nos moldes das Constituições Estaduais. Em relação 
à cautelar, o STF não apreciou na ADI 5526/DF tal tema. Contudo, o mesmo raciocínio feito aos deputados 
federais pode ser aplicado a eles, nos moldes do artigo 27, § 1º da CF/88. Os vereadores em regra não 
possuem foro por prerrogativa de função. Assim, se a Constituição Estadual não fizer tal previsão, o juiz de 
primeiro grau será competente para analisar eventual pratica delitiva. Ainda, tal juiz será competente para 
determinar o afastamento do vereador sem necessidade de remessa à Casa respectiva para deliberação. 
Portanto, o afastamento dos vereadores não depende de ratificação legislativa. 
 
Nesse sentido, as decisões do STF do STJ: 
 
(...) Não afronta a Constituição da República, a norma de Constituição estadual que, disciplinando 
competência originária do Tribunal de Justiça, lha atribui para processar e julgar vereador. STF. 2ª Turma. 
RE 464935, Rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 03/06/2008. 
 
(...) Os edis, ao contrário do que ocorre com os membros do Congresso Nacional e os deputados estaduais 
não gozam da denominada incoercibilidade pessoal relativa (freedom from arrest), ainda que algumas 
Constituições estaduais lhes assegurem prerrogativa de foro. (...) 
STF. 1ª Turma. HC 94059, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 06/05/2008. 
 
É possível que o Juiz de primeiro grau, fundamentadamente, imponha a parlamentares municipais as 
medidas cautelares de afastamento de suas funções legislativas sem necessidade de remessa à Casa 
respectiva para deliberação. 
 
Portanto, a possibilidade de afastar cautelarmente os parlamentares, desde que seja observada a 
necessidade de eventual ratificação pela casa legislativa, de fundamentação e de observância da 
autoridade competente para analisar a matéria.

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